SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 10
Primeiro romance do autor,
publicado em 1972.
Biografia
Pepetela (Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos) nasceu em
Angola, na região de Benguela, no ano de 1941.
Concluiu o ensino secundário na sua terra natal e em 1958 veio
estudar para o Instituto Superior Técnico de Lisboa.
Em 1963 tornou-se militante do MPLA (Movimento Popular de
Libertação de Angola) e teve de sair de Portugal.
Durante o exílio, em Argel, licenciou -se em sociologia.
Em 1969 participou diretamente na luta pela independência de
Angola, adotando o nome de guerra de Pepetela, utilizado depois
como pseudónimo literário.
Pepetela desempenhou cargos políticos em Angola, até 1982,
ano a partir do qual se dedica exclusivamente ao ensino e à
escrita.
Foi dirigente de associações culturais, com destaque para a
União de Escritores Angolanos.
Em 1997 foi o 1.º angolano a receber o Prémio Camões,
confirmando o seu local de destaque na literatura lusófona.
Atualmente, é professor de sociologia na Faculdade de
Arquitetura de Luanda.
É, ainda, membro da Academia de Ciências de Lisboa.
Bibliografia do autor
Romances
• 1972 - As Aventuras de Ngunga
• 1978 - Muana Puó
• 1980 - Mayombe
• 1985 - O Cão e os Caluandas
• 1985 - Yaka
• 1990 - Lueji
• 1992 - Geração da Utopia
• 1995 - O Desejo de Kianda
• 1997 - Parábola do Cágado Velho
• 1997 - A Gloriosa Família
• 2000 - A Montanha da Água Lilás
• 2001 - Jaime Bunda, Agente Secreto
• 2003 - Jaime Bunda e a Morte do Americano
• 2005 - Predadores
• 2007 - O Terrorista de Berkeley, Califórnia
• 2008 - O Quase Fim do Mundo
• 2008 - Contos de Morte
• 2009 - O Planalto e a Estepe
• 2011 - A Sul. O Sombreiro
• 2013 - O Tímido e as Mulheres
Peças
. 1978 - A Corda
. 1980 - A Revolta da
Casa dos Ídolos
As aventuras de Ngunga
Tema da
obra
• Luta pela
indepen-
dência de
Angola.
Título
• Baseado na história
de um rapaz, que
segue o percurso de
outros guerrilheiros,
na luta do MPLA
pela libertação do
seu país.
Personagem principal
Ngunga
. Rapaz de 13 anos, órfão;
. Corajoso, honesto, determinado,
modesto, solitário, adora a natureza e
gosta de ser livre.
. Personagem-símbolo da luta pela
independência angolana.
. Tornou-se num homem que aprendeu
a pensar pela sua própria cabeça.
As aventuras de Ngunga
•A intenção do autor foi escrever um livro de texto para ajudar na
alfabetização dos apoiantes da guerrilha. Só mais tarde se tornou
num romance.
•O livro descreve o percurso de Ngunga pelo
interior de Angola, dando uma imagem dos ideias
políticos do MPLA, numa altura em que Angola ainda vivia sob o
colonialismo português.
• Ao longo das aventuras de Ngunga, o autor descreve a geografia, a
fauna e a flora do país, destacando a sua beleza.
“O sol escondia-se por trás das matas (…). A despedir-se,
iluminava o céu de vermelho (…). As árvores pareciam mais altas
e finas e as aves calavam os seus cantos. Ngunga contemplava o
rio, onde se misturava o azul do céu e as cores avermelhadas.”(p.
17).
• A história de Ngunga é uma denúncia à corrupção, à sede de
poder, à ganância instalada no seio dos próprios angolanos,
mostrando que a construção do próprio país não implica apenas a
luta contra o colonizador, mas também um combate interno às
mentalidades.
“Quando chegava um grupo de guerrilheiros ao
kimbo, Kafuxi mandava esconder a fuba. Dizia às
visitas que não tinham comida quase nenhuma.
Se alguma visita trouxesse tecido então ele
propunha a troca. Ngunga pensava: todos os
adultos eram assim egoístas? Ele, Ngunga, nada
possuía. (…) Era generoso. Mas os adultos? Só
pensavam neles. Até mesmo um chefe, escolhido
pelo Movimento para dirigir o povo. Estava
certo?” (p. 30).
• Ngunga vagueia pelos Kimbos de Angola, ora estando com os mais
velhos, ora com os guerrilheiros.
• Aprende a disciplina militar, mas também é vítima da exploração de
trabalho infantil, que na sua cultura é encarado com normalidade que
são as crianças e as mulheres que fazem o trabalho manual, uma vez
que os homens estão ocupados com a guerra.
• Vai para a escola, mas o seu professor é preso pela PIDE. Ngunga ouvia
as pancadas e os berros do chefe da PIDE contra o seu amigo. Estes
factos criam nele mais revolta e, em consequência das aprendizagens
sobre o tiro, consegue heroicamente matar o seu patrão recorrendo a
uma pistola.
• Refugia-se na mata. Fala com as árvores e os pássaros que lhe servem
de abrigo e alimento nas horas difíceis, até chegar ao Kimbo mais
próximo.
“Ngunga só se despediu de Mavinga. (…) Pediu-lhe para não contar a
ninguém onde ia e para não voltar a falar de Ngunga, que tinha morrido
nessa noite inesquecível. E não revelou o seu novo nome ao comandante.
Partiu sozinho para a escola. Um homem tinha nascido dentro do pequeno
Ngunga”. (p. 107).
Ngunga, neste episódio, faz uma avaliação aos princípios e
valores existentes no seu país. Ele entende que o mundo deve
mudar e que ele tem que fazer alguma coisa. Assim,
desiludido pela impossibilidade da sua paixão, parte.
Através de Ngunga, o autor fala dos costumes e tradições de
África. Alguns são criticados, como no episódio em que
Ngunga e Uassamba se apaixonam, mas é um amor
impossível. Ela foi obrigada a casar com um homem mais
velho, sendo a sua quarta mulher.
O pequeno órfão “morreu”, efetuando a
sua passagem para a vida adulta.
Desaparece do cenário de luta,
ressurgindo como um símbolo de
esperança e dos ideais de libertação do
seu povo.

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt? (20)

Literatura africana
Literatura africanaLiteratura africana
Literatura africana
 
Literatura infantil-juvenil
Literatura infantil-juvenilLiteratura infantil-juvenil
Literatura infantil-juvenil
 
Mayombe
MayombeMayombe
Mayombe
 
O quotidiano na obra de Cesário Verde
O quotidiano na obra de Cesário VerdeO quotidiano na obra de Cesário Verde
O quotidiano na obra de Cesário Verde
 
Cultura japonesa
Cultura japonesaCultura japonesa
Cultura japonesa
 
Ensaio Sobre a Cegueira
Ensaio Sobre a CegueiraEnsaio Sobre a Cegueira
Ensaio Sobre a Cegueira
 
Manuel Bandeira
Manuel BandeiraManuel Bandeira
Manuel Bandeira
 
Mia couto
Mia coutoMia couto
Mia couto
 
Luís Vaz de Camões - Vida e obra
Luís Vaz de Camões - Vida e obraLuís Vaz de Camões - Vida e obra
Luís Vaz de Camões - Vida e obra
 
Amor de perdição - 2ª G - 2011
Amor de perdição - 2ª G - 2011Amor de perdição - 2ª G - 2011
Amor de perdição - 2ª G - 2011
 
O que é literatura
O que é literaturaO que é literatura
O que é literatura
 
A hora-da-estrela (1)
A hora-da-estrela (1)A hora-da-estrela (1)
A hora-da-estrela (1)
 
Gregório de Matos Guerra
Gregório de Matos GuerraGregório de Matos Guerra
Gregório de Matos Guerra
 
Especial Clarice Lispector
Especial Clarice LispectorEspecial Clarice Lispector
Especial Clarice Lispector
 
Amor de perdição
Amor de perdiçãoAmor de perdição
Amor de perdição
 
Trovadorismo
TrovadorismoTrovadorismo
Trovadorismo
 
João guimarães rosa
João guimarães rosaJoão guimarães rosa
João guimarães rosa
 
A moreninha
A moreninhaA moreninha
A moreninha
 
Contos de fadas aula final
Contos de fadas   aula finalContos de fadas   aula final
Contos de fadas aula final
 
Características do Romantismo
Características do RomantismoCaracterísticas do Romantismo
Características do Romantismo
 

Andere mochten auch

Projeto leitura 10ºano
Projeto leitura 10ºanoProjeto leitura 10ºano
Projeto leitura 10ºanoBibliotecaESDS
 
<title> Mayombe, Pepetela </title>
<title> Mayombe, Pepetela </title><title> Mayombe, Pepetela </title>
<title> Mayombe, Pepetela </title>UNISUAM
 
Cláudia nº10 8ºc
Cláudia  nº10 8ºcCláudia  nº10 8ºc
Cláudia nº10 8ºcmissxica
 
língua portuguesa ficha literaria memórias póstumas de brás cubas
língua portuguesa ficha literaria memórias póstumas de brás cubaslíngua portuguesa ficha literaria memórias póstumas de brás cubas
língua portuguesa ficha literaria memórias póstumas de brás cubasWesley Germano Otávio
 
Novo acordo ortografico
Novo acordo ortograficoNovo acordo ortografico
Novo acordo ortograficoSusana Alegria
 
Título ciranda de pedra, personagens e universo feminino
Título ciranda de pedra, personagens e universo femininoTítulo ciranda de pedra, personagens e universo feminino
Título ciranda de pedra, personagens e universo femininoCassia Barbosa
 
A Montanha Da áGua LiláS, Pepetela (2)
A Montanha Da áGua LiláS, Pepetela (2)A Montanha Da áGua LiláS, Pepetela (2)
A Montanha Da áGua LiláS, Pepetela (2)catiasgs
 
Realismo: Retrato da sociedade brasileira com base em obras Machadianas.
Realismo: Retrato da sociedade brasileira com base em obras Machadianas.Realismo: Retrato da sociedade brasileira com base em obras Machadianas.
Realismo: Retrato da sociedade brasileira com base em obras Machadianas.Jose Denilson Figueira
 
Resenha crítica do livro "Linguagem e Ideologia" de José Luiz Fiorin
Resenha crítica do livro "Linguagem e Ideologia" de José Luiz FiorinResenha crítica do livro "Linguagem e Ideologia" de José Luiz Fiorin
Resenha crítica do livro "Linguagem e Ideologia" de José Luiz FiorinJean Michel Gallo Soldatelli
 
Genero textual romance
Genero textual romanceGenero textual romance
Genero textual romanceJomari
 

Andere mochten auch (20)

Projeto leitura 10ºano
Projeto leitura 10ºanoProjeto leitura 10ºano
Projeto leitura 10ºano
 
Quélia II
Quélia IIQuélia II
Quélia II
 
<title> Mayombe, Pepetela </title>
<title> Mayombe, Pepetela </title><title> Mayombe, Pepetela </title>
<title> Mayombe, Pepetela </title>
 
Cláudia nº10 8ºc
Cláudia  nº10 8ºcCláudia  nº10 8ºc
Cláudia nº10 8ºc
 
língua portuguesa ficha literaria memórias póstumas de brás cubas
língua portuguesa ficha literaria memórias póstumas de brás cubaslíngua portuguesa ficha literaria memórias póstumas de brás cubas
língua portuguesa ficha literaria memórias póstumas de brás cubas
 
Ivanhoe
IvanhoeIvanhoe
Ivanhoe
 
A grande familia
A grande familiaA grande familia
A grande familia
 
Novo acordo ortografico
Novo acordo ortograficoNovo acordo ortografico
Novo acordo ortografico
 
Curso de leitura e redação
Curso de leitura e redaçãoCurso de leitura e redação
Curso de leitura e redação
 
Ivanhoe
IvanhoeIvanhoe
Ivanhoe
 
Título ciranda de pedra, personagens e universo feminino
Título ciranda de pedra, personagens e universo femininoTítulo ciranda de pedra, personagens e universo feminino
Título ciranda de pedra, personagens e universo feminino
 
A Montanha Da áGua LiláS, Pepetela (2)
A Montanha Da áGua LiláS, Pepetela (2)A Montanha Da áGua LiláS, Pepetela (2)
A Montanha Da áGua LiláS, Pepetela (2)
 
Realismo: Retrato da sociedade brasileira com base em obras Machadianas.
Realismo: Retrato da sociedade brasileira com base em obras Machadianas.Realismo: Retrato da sociedade brasileira com base em obras Machadianas.
Realismo: Retrato da sociedade brasileira com base em obras Machadianas.
 
Ivanhoe
IvanhoeIvanhoe
Ivanhoe
 
Resenha crítica do livro "Linguagem e Ideologia" de José Luiz Fiorin
Resenha crítica do livro "Linguagem e Ideologia" de José Luiz FiorinResenha crítica do livro "Linguagem e Ideologia" de José Luiz Fiorin
Resenha crítica do livro "Linguagem e Ideologia" de José Luiz Fiorin
 
Helena - Machado de Assis
Helena - Machado de AssisHelena - Machado de Assis
Helena - Machado de Assis
 
Genero textual romance
Genero textual romanceGenero textual romance
Genero textual romance
 
O estádio sensório motor
O estádio sensório   motorO estádio sensório   motor
O estádio sensório motor
 
A teoria ética utilitarista de mill
A teoria ética utilitarista de millA teoria ética utilitarista de mill
A teoria ética utilitarista de mill
 
Stuart – mill – ideias básicas
Stuart – mill  – ideias básicasStuart – mill  – ideias básicas
Stuart – mill – ideias básicas
 

Ähnlich wie Pepetela

João de Melo-Gente feliz com lágrimas
João de Melo-Gente feliz com lágrimasJoão de Melo-Gente feliz com lágrimas
João de Melo-Gente feliz com lágrimasMarina Lopes
 
Guia dos livros versão preliminar (1)
Guia dos livros versão preliminar (1)Guia dos livros versão preliminar (1)
Guia dos livros versão preliminar (1)Jeca Tatu
 
18012180 negrinha-resumo-dos-contos[1]
18012180 negrinha-resumo-dos-contos[1]18012180 negrinha-resumo-dos-contos[1]
18012180 negrinha-resumo-dos-contos[1]Tatiane Pechiori
 
O cavaleiro sem cabeça rodrigo
O cavaleiro sem cabeça   rodrigoO cavaleiro sem cabeça   rodrigo
O cavaleiro sem cabeça rodrigofantas45
 
Cão Como Nós
Cão Como NósCão Como Nós
Cão Como NósCoordTic
 
Literaturas africanas contemporâneas: o texto lendo o contexto.
Literaturas africanas contemporâneas: o texto lendo o contexto.Literaturas africanas contemporâneas: o texto lendo o contexto.
Literaturas africanas contemporâneas: o texto lendo o contexto.Viegas Fernandes da Costa
 
Nélida Piñon
Nélida PiñonNélida Piñon
Nélida PiñonIvan Lucas
 
Principais obras de Mia couto
Principais obras de Mia couto   Principais obras de Mia couto
Principais obras de Mia couto Tauana Paixão
 
As lágrimas do assassino
As lágrimas do assassinoAs lágrimas do assassino
As lágrimas do assassinoletrasbriteiros
 
O velho que lia romances de amor- resumo (breve)
O velho que lia romances de amor- resumo (breve)O velho que lia romances de amor- resumo (breve)
O velho que lia romances de amor- resumo (breve)Vanessa Raquel
 
Mayombe - Slides.pptx
Mayombe - Slides.pptxMayombe - Slides.pptx
Mayombe - Slides.pptxVitriaHellen9
 

Ähnlich wie Pepetela (20)

Agualusa 2
Agualusa 2Agualusa 2
Agualusa 2
 
João de Melo-Gente feliz com lágrimas
João de Melo-Gente feliz com lágrimasJoão de Melo-Gente feliz com lágrimas
João de Melo-Gente feliz com lágrimas
 
Guia dos livros versão preliminar (1)
Guia dos livros versão preliminar (1)Guia dos livros versão preliminar (1)
Guia dos livros versão preliminar (1)
 
18012180 negrinha-resumo-dos-contos[1]
18012180 negrinha-resumo-dos-contos[1]18012180 negrinha-resumo-dos-contos[1]
18012180 negrinha-resumo-dos-contos[1]
 
Aula quarto de despejo
Aula quarto de despejoAula quarto de despejo
Aula quarto de despejo
 
O cavaleiro sem cabeça rodrigo
O cavaleiro sem cabeça   rodrigoO cavaleiro sem cabeça   rodrigo
O cavaleiro sem cabeça rodrigo
 
Presentación pepetela
Presentación pepetelaPresentación pepetela
Presentación pepetela
 
Contacto - dezembro de 2022.pdf
Contacto - dezembro de 2022.pdfContacto - dezembro de 2022.pdf
Contacto - dezembro de 2022.pdf
 
Cão Como Nós
Cão Como NósCão Como Nós
Cão Como Nós
 
Literaturas africanas contemporâneas: o texto lendo o contexto.
Literaturas africanas contemporâneas: o texto lendo o contexto.Literaturas africanas contemporâneas: o texto lendo o contexto.
Literaturas africanas contemporâneas: o texto lendo o contexto.
 
Nélida Piñon
Nélida PiñonNélida Piñon
Nélida Piñon
 
Principais obras de Mia couto
Principais obras de Mia couto   Principais obras de Mia couto
Principais obras de Mia couto
 
Obras de Mia couto
Obras de Mia couto  Obras de Mia couto
Obras de Mia couto
 
Milagrário pessoal
Milagrário pessoalMilagrário pessoal
Milagrário pessoal
 
O narrador exercícios
O narrador exercíciosO narrador exercícios
O narrador exercícios
 
As lágrimas do assassino
As lágrimas do assassinoAs lágrimas do assassino
As lágrimas do assassino
 
Cão como Nós
Cão como NósCão como Nós
Cão como Nós
 
O velho que lia romances de amor- resumo (breve)
O velho que lia romances de amor- resumo (breve)O velho que lia romances de amor- resumo (breve)
O velho que lia romances de amor- resumo (breve)
 
Mayombe - Slides.pptx
Mayombe - Slides.pptxMayombe - Slides.pptx
Mayombe - Slides.pptx
 
RUY.DOC
RUY.DOCRUY.DOC
RUY.DOC
 

Pepetela

  • 1. Primeiro romance do autor, publicado em 1972.
  • 2. Biografia Pepetela (Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos) nasceu em Angola, na região de Benguela, no ano de 1941. Concluiu o ensino secundário na sua terra natal e em 1958 veio estudar para o Instituto Superior Técnico de Lisboa. Em 1963 tornou-se militante do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) e teve de sair de Portugal. Durante o exílio, em Argel, licenciou -se em sociologia. Em 1969 participou diretamente na luta pela independência de Angola, adotando o nome de guerra de Pepetela, utilizado depois como pseudónimo literário.
  • 3. Pepetela desempenhou cargos políticos em Angola, até 1982, ano a partir do qual se dedica exclusivamente ao ensino e à escrita. Foi dirigente de associações culturais, com destaque para a União de Escritores Angolanos. Em 1997 foi o 1.º angolano a receber o Prémio Camões, confirmando o seu local de destaque na literatura lusófona. Atualmente, é professor de sociologia na Faculdade de Arquitetura de Luanda. É, ainda, membro da Academia de Ciências de Lisboa.
  • 4. Bibliografia do autor Romances • 1972 - As Aventuras de Ngunga • 1978 - Muana Puó • 1980 - Mayombe • 1985 - O Cão e os Caluandas • 1985 - Yaka • 1990 - Lueji • 1992 - Geração da Utopia • 1995 - O Desejo de Kianda • 1997 - Parábola do Cágado Velho • 1997 - A Gloriosa Família • 2000 - A Montanha da Água Lilás • 2001 - Jaime Bunda, Agente Secreto • 2003 - Jaime Bunda e a Morte do Americano • 2005 - Predadores • 2007 - O Terrorista de Berkeley, Califórnia • 2008 - O Quase Fim do Mundo • 2008 - Contos de Morte • 2009 - O Planalto e a Estepe • 2011 - A Sul. O Sombreiro • 2013 - O Tímido e as Mulheres Peças . 1978 - A Corda . 1980 - A Revolta da Casa dos Ídolos
  • 5. As aventuras de Ngunga Tema da obra • Luta pela indepen- dência de Angola. Título • Baseado na história de um rapaz, que segue o percurso de outros guerrilheiros, na luta do MPLA pela libertação do seu país. Personagem principal Ngunga . Rapaz de 13 anos, órfão; . Corajoso, honesto, determinado, modesto, solitário, adora a natureza e gosta de ser livre. . Personagem-símbolo da luta pela independência angolana. . Tornou-se num homem que aprendeu a pensar pela sua própria cabeça.
  • 6. As aventuras de Ngunga •A intenção do autor foi escrever um livro de texto para ajudar na alfabetização dos apoiantes da guerrilha. Só mais tarde se tornou num romance. •O livro descreve o percurso de Ngunga pelo interior de Angola, dando uma imagem dos ideias políticos do MPLA, numa altura em que Angola ainda vivia sob o colonialismo português. • Ao longo das aventuras de Ngunga, o autor descreve a geografia, a fauna e a flora do país, destacando a sua beleza. “O sol escondia-se por trás das matas (…). A despedir-se, iluminava o céu de vermelho (…). As árvores pareciam mais altas e finas e as aves calavam os seus cantos. Ngunga contemplava o rio, onde se misturava o azul do céu e as cores avermelhadas.”(p. 17).
  • 7. • A história de Ngunga é uma denúncia à corrupção, à sede de poder, à ganância instalada no seio dos próprios angolanos, mostrando que a construção do próprio país não implica apenas a luta contra o colonizador, mas também um combate interno às mentalidades. “Quando chegava um grupo de guerrilheiros ao kimbo, Kafuxi mandava esconder a fuba. Dizia às visitas que não tinham comida quase nenhuma. Se alguma visita trouxesse tecido então ele propunha a troca. Ngunga pensava: todos os adultos eram assim egoístas? Ele, Ngunga, nada possuía. (…) Era generoso. Mas os adultos? Só pensavam neles. Até mesmo um chefe, escolhido pelo Movimento para dirigir o povo. Estava certo?” (p. 30).
  • 8. • Ngunga vagueia pelos Kimbos de Angola, ora estando com os mais velhos, ora com os guerrilheiros. • Aprende a disciplina militar, mas também é vítima da exploração de trabalho infantil, que na sua cultura é encarado com normalidade que são as crianças e as mulheres que fazem o trabalho manual, uma vez que os homens estão ocupados com a guerra. • Vai para a escola, mas o seu professor é preso pela PIDE. Ngunga ouvia as pancadas e os berros do chefe da PIDE contra o seu amigo. Estes factos criam nele mais revolta e, em consequência das aprendizagens sobre o tiro, consegue heroicamente matar o seu patrão recorrendo a uma pistola. • Refugia-se na mata. Fala com as árvores e os pássaros que lhe servem de abrigo e alimento nas horas difíceis, até chegar ao Kimbo mais próximo.
  • 9. “Ngunga só se despediu de Mavinga. (…) Pediu-lhe para não contar a ninguém onde ia e para não voltar a falar de Ngunga, que tinha morrido nessa noite inesquecível. E não revelou o seu novo nome ao comandante. Partiu sozinho para a escola. Um homem tinha nascido dentro do pequeno Ngunga”. (p. 107). Ngunga, neste episódio, faz uma avaliação aos princípios e valores existentes no seu país. Ele entende que o mundo deve mudar e que ele tem que fazer alguma coisa. Assim, desiludido pela impossibilidade da sua paixão, parte. Através de Ngunga, o autor fala dos costumes e tradições de África. Alguns são criticados, como no episódio em que Ngunga e Uassamba se apaixonam, mas é um amor impossível. Ela foi obrigada a casar com um homem mais velho, sendo a sua quarta mulher.
  • 10. O pequeno órfão “morreu”, efetuando a sua passagem para a vida adulta. Desaparece do cenário de luta, ressurgindo como um símbolo de esperança e dos ideais de libertação do seu povo.