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HISTÓRIA DE VIDA: OS ESTUDANTES DA EJA DE DUAS ESCOLAS
MUNICIPAIS DE CAMPO GRANDE-MS
Fernanda de Oliveira Barbosa
e-mail: fernandaoliveiraebarbosa@gmail.com
Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande – Unidade I
Otília da Silva Machado
e-mail: otilia-machado@hotmail.com
Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande – Unidade I
José Flávio Rodrigues Siqueira
e-mail: jose_flavio@anhanguera.com
Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande – Unidade I
Eixo Temático: Sustentabilidade, Diversidade e Direitos Humanos
Categoria: Comunicação Oral
RESUMO
Este artigo buscou compreender melhor o perfil do público que frequenta as salas da EJA
buscando formação educacional e profissional, para isto foram escolhidas duas escolas
municipais da cidade Campo Grandes - MS, no intuito de adquirir material diversificado para
enriquecendo da pesquisa. A partir da revisão bibliográfica constatou-se que a história da
educação de jovens e adultos sofreu diversas mudanças ao longo do desenvolvimento humano
e socioeconômico brasileiro, sempre buscando a melhoria do ensino para as classes menos
favorecidas. Para obter as informações necessárias definiu-se como público-alvo da pesquisa
10 educandos trabalhadores e frequentadores da EJA, sendo 5 de cada escola pesquisada, a
partir disso, foi realizada investigação com o contato direto com estes alunos em sala de aula
e entrevistas em sua residência.Podemos notar que a maioria dos educandos trabalhadores
tiveram que deixar a sala de aula para ajudar sua família na subsistência com a força de seu
trabalho, vieram da zona rural, de famílias abastadas, com uma grande quantidade de
irmãos,onde seus pais não detinham o conhecimento para entender a necessidade do estudo, e
por este motivo escolheram esta modalidade para retornar e concluir seus estudos e assim
qualificar-se para o mercado de trabalho e também para vida.Assim entendemos que a EJA se
faz necessária e ocupa um lugar muito importante em nossa sociedade, pois esta
proporcionando a diversos jovens e adultos a oportunidade de conhecimento, emancipando
este cidadão das amarradas impostas pela sociedade.
Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Educação; Emancipação.
INTRODUÇÃO
O objetivo principal deste trabalho foi analisar o perfil do educando trabalhador da
Educação de Jovens e Adultos, de modo a entender sua trajetória de vida até a sua inserção e
permanência nesta modalidade. Sabemos que a Educação de Jovens a Adultos - EJA é uma
modalidade de ensino que oportuniza aos cidadãos que não puderam ser escolarizados na
idade adequada, ter acesso ao ensino e inclusão social por meio da educação.
Por meio do estágio supervisionado na EJA, e convívio com os estudantes em sala, foi
despertado o desejo desta pesquisa, tivemos a oportunidade de perceber que alfabetizarjovens
e adultos é uma preocupação antiga, mas que pouco é feito para conhecer e auxiliar este
estudante tão carente de atenção pública.
A partir de leituras foi possível conhecer a história brasileira da educação, dada no
início do período colonial, onde os jesuítas acreditavam que só poderiam converter os
indígenas a fé cristã se eles fossem capazes de ler, sendo essa iniciativa sem incentivos do
governo da época.
Em 1824 a Constituição garantiu a todos os cidadãos o direito a instrução primária
gratuita, no entanto somente as classes favorecidas e cidadãos ligados à política e funções
imperiais tinham acesso, mantendo maioria da população em situação de exclusão social.
No decorrer da história do Brasil, essa exclusão se fez constante, afetando
principalmente a classe rural, onde a educação não tinha prioridade, cedendo a necessidade do
trabalho braçal para garantir a subsistência dos indivíduos, que mais tarde migraram para as
grandes cidades e novamente se depararam com a exclusão por falta de ensino e desigualdade
social. Tal como reafirmado por Laffin (2011):
As populações das áreas rurais acabaram sendo a mais prejudicada e o fluxo
populacional que passou a se efetivar no país, com o êxodo rural, a partir da década
de 1950. Com o aumento da migração do campo pra as cidades, o acesso escolar,
pelas próprias dificuldades de infraestrutura e atendimento desses novos centros
urbanos, não foi facilitado, pelo contrario, muitas vezes tornou se ainda mais difícil.
(LAFFIN, 2011, p.23).
O ensino para jovens e adultos sempre foi de pouca qualidade e pouco investimento,
bastando que o educandotrabalhador apenas aprendesse ler e escrever, pois ao governo não
era propício agregar muito conhecimento a essa classe, despertar a criticidade poderia ser
prejudicial aos interesses de domínio e alienação.
Mas os processos de industrialização e urbanização aliados ao interesse do governo em
aumentar o número de eleitores alavancou o número de escolas. Cabe mencionar que apenas
homens alfabetizados tinham direito ao voto, tal como dito por Souza (2010):
O saber ler e escrever foi motivo de maior atenção com a Lei Saraiva, que tornou
proibido o voto do analfabeto a partir de 1882. A constituição de 1824 não fazia
restrição ao voto do analfabeto, embora excluísse a maioria da população do
processo eleitoral, pois os votantes eram selecionados pelos seus rendimentos anuais
líquidos. Já a constituição de 1891 eliminou a seleção Poe renda e acrescentou a
seleção pelo aspecto da instrução escolar. (SOUZA, 2010, p.30).
A educação pública brasileira sofreu diversas mudanças ao longo de sua implantação,
na segunda década do século 20, muitos movimentos civis, e mesmo oficiais, se empenharam
na luta contra o analfabetismo, considerado “mal nacional” e “uma chaga social [...]”
(BRASIL, 1998, p. 13) e assim começam a surgir escolas profissionalizantes com cursos
técnicos, buscando capacitar este trabalhador.
A partir dos anos 50, alguns movimentos a favor da erradicação do analfabetismo
foram se fortalecendo e dando lugar a outros, sucessivamente com ênfase na qualidade para
este ensino, alguns deles são: atividades pastorais da Igreja Católica, Campanha Nacional de
Educação Rural - CNER, Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo - CNEA,
Movimento de Educação de Base - MEB, Movimentode Cultura Popular - MCP, De pé no
chão também se aprende a ler, Mobral e Fundação Educar, depois de diversas tentativas de
melhorias, muitos avanços, porém sem alcançar sucesso pleno.
Através da Lei n 5.379, de 15 de dezembro de 1967 foi criado o Mobral - Movimento
Brasileiro de Alfabetização, inserido no contexto do regime militar, o movimento tinha
objetivo de erradicar o analfabetismo. Com intuito de fazer o educando aprender ler e escrever
tinha como metodologia ensinar conforme o cotidiano, de suas experiências significativas,
com temas geradores.
O Mobral foi extinto em 1985 e foi substituído pela Fundação Educar, que dava apoio
técnico e financeiro aos movimentos de alfabetização. Com a promulgação da Constituição
Federal de 1988, o Estado assume o seu dever com a EJA, onde destaca-se o artigo 208:
O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I- ensino
fundamental, obrigatório, e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para
todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda
Constitucional n° 14, de1996,p.116).
Após esse período, Paulo Freire junto a outros educadores repensou a EJA, buscando
dar uma intencionalidade a este ensino rompendo com a concepção instrumental que até então
regia esta modalidade. O governo federal por sua vez passa as obrigações da EJA para estados
e municípios. Recorre-se ao ano de 1996 quando foi aprovada a lei n° 9.394, de 20 de
dezembro de 1996 e estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, pois na seção V,
desta lei, encontram-se os artigos 37 e 38 que tratam especificamente da EJA:
Artigo 37: A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram
acesso ou oportunidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que
compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento
de estudos emcaráter regular. (BRASIL, 1996, p.16).
Segundo a LDB a EJA é uma modalidade de ensino voltada para jovens e adultos que
não tiveram acesso à escolarização no tempo adequado, na sua maioria trabalhadora,
aposentados, pessoas com alguma necessidade educativa especial ou jovem e adulta em busca
do primeiro emprego e até especialização para desenvolver suas capacidades.
No decorrer deste trabalho poderá ser notado que a realidade vivida hoje nas salas de
aula não é a mesma exposta nos documentos oficiais e ainda serão apresentados breves relatos
de alguns alunos oriundos de duas escolas municipais da cidade de Campo Grande–MS,
sendo estas localizadas em lados opostos da cidade, será possível assim identificar a presença
ou não de uma diversidade sociocultural e econômica as quais trarão questões diferentes a
este estudo, ampliando ainda o conhecimento para esta modalidade de ensino.
A EJA é um tema muito discutido na sociedade, desde sua criação sempre houve
diversos empecilhos para atender parte desta população que não frequentou a escola no
momento esperado, e partindo do estágio supervisionado na EJA surgiu a vontade de
conhecer o perfil deste aluno. Trazendo questões como: quais são suas perspectivas,
propósitos e anseios? O que o fizeram buscar esta modalidade de ensino?
Foi após o trabalho com investigação de caráter qualitativo, entrevistas e questionários
com estes alunos que encontramos as respostas para compreender por quais motivos não
puderam frequentar a unidade escolar no tempo adequado, além disso, podemos entender de
forma clara como foi a sua trajetória de vida até o momento e de que maneira conseguiram
voltar à sala de aula.
A LDB 9394/96 assegura que a Educação de Jovens e Adultos será destinada aos que
não tiveram acesso ou oportunidade de continuar seus estudos no ensino fundamental e médio
na idade própria. Cabe frisar o art. 4º, pois ele garante que:
O dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia
de ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso
na idade própria; progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio e
oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando. (BRASIL, 1996, p.02).
O objetivo geral deste trabalho foi identificar o perfil do estudante trabalhador de duas
escolas municipal da Cidade de Campo Grande - MS. Tendo como objetivos específicos o
reconhecimento da história de vida destes jovens e adultos em seu contexto social e cultural, a
análise da sua trajetória e dos saberes adquirido e a reflexão do processo de desenvolvimento
da EJA com base em teóricos da educação, assim podendo contribuir com os docentes que
atuam nesta modalidade, haja vista tantas especificidades que há.
Logo este artigo tem a intenção de compreender melhor o perfil do público que
frequenta as salas da EJA buscando formação educacional e profissional.
MÉTODO
Na história da literatura educacional encontramos diversos autores que trazem
pesquisas relacionadas à EJA, onde em sua maioria tem traçado um único perfil a este
estudante trabalhador; nesta pesquisa buscou-se analisar se a realidade atual é a mesma
descritanos livros. Com toda a industrialização, transformação tecnológica, notou-se que é
possível nos dias atuais encontrar aqueles aos quais foi negado o direito de aprender, sendo
estes jovens e adultos, vindos de famílias humildes, moradores da zona rural, entre outras
características típicas das minorias.
Esta pesquisa foi elaborada entre dezembro de 2015 e fevereiro de 2016, onde foi
aplicado um questionário para coletar informações, a fim de estabelecer o perfil de 10
estudantes trabalhadores, de duas escolas distintas da cidade de Campo Grande- MS. Cabe
dizer que uma destas escolas está localizada no bairro Jardim Aeroporto e outra no bairro
Guanandi. O grupo de 10 estudantes pesquisados é compreendido de 5 estudantes de cada
escola matriculados e frequentes na 1° fase da EJA. Vale ressaltar que, sendo estas salas
seriadas, nelas encontram-se pessoas de vários níveis de conhecimento e aprendizagem, o que
resulta em um público diversificado e com possibilidades de trabalho enriquecido de
vivências.
Sendo esta pesquisa quantitativa e qualitativa buscou-se conhecer o perfil do aluno da
EJA, e isto se deu através de pesquisas de campo. O objetivo foi conhecer este aluno sem que
ele se sentisse constrangido com as perguntas que foram feitas, por este motivo foi traçado
algumas metas: contato direto com os alunos em sala de aula para perceber suas atitudes e
comportamentos frente à instituição escolar e ao saber organizado; e entrevista na própria
residência do estudante.
Destaca-se que para o conhecimento das histórias de vida dos estudantes da Educação
de Jovens e Adultos, valemos mais da pesquisa qualidade, que segundo Dantas e Cavalcante
(2006):
Tem caráter exploratório, isto é, estimula os entrevistados a pensarem livremente
sobre algum tema, objeto ou conceito. Mostra aspectos subjetivos e atingem
motivações não explícitas, ou mesmo conscientes, de maneira espontânea. É
utilizada quando se busca percepções e entendimento sobre a natureza geral de uma
questão, abrindo espaço para a interpretação (DANTAS e CAVALCANTE, 2006,
p.02)
A faixa etária de entrevistados distribuiu-se da seguinte forma: 40% entre 30 e 40
anos, 20% entre 40 e 50 anos e 60 % acima de 51 anos de idade. Quanto ao gênero, 6são do
sexo masculino e 4 do feminino. Quanto a origem: 30% nasceram no município de Campo
Grande, 30% no interior de Mato Grosso do Sul, 30% vieram do interior do Ceará e 10% do
interior do Mato Grosso, todos tem filhos e irmãos.
O roteiro da entrevista foi estruturado a partir de perguntas para traçar o perfil, tais
como: nome, idade, cidade que nasceu quantitativo de irmãos e grau de escolaridade dos pais.
Outras questões buscaram responder as inquietações dos pesquisadores, a saber: motivos de
interrupção dos estudos; motivação do retorno aos estudos; porque da escolha de cursar a
EJA; relevância creditada à educação para melhoria da sociedade e de si próprio; e se houve
discriminação pela ausência de estudos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Analisando a trajetória de vida dos educandos trabalhadores da Educação de Jovens e
Adultos, tendo como base os dados obtidosna pesquisa de campo e demais fontes, constatou-
se diferentes motivos que ocasionaram a interrupção da constância no processo escolar.
Nesse contexto uma série de fatores contribuiu para o abandono ou mesmo sequer a
inserção ao ambiente escolar, a falta de estrutura socioeconômica, regionalidade, cenário
cultural, desamparo as classes menos as favorecidas e omissão por parte do Estado. Nessa
conjuntura é nítida a maioria de indivíduos negros, indígenas e mestiços que, historicamente
sempre tiveram seus direitos negados ou de difícil acesso.
Com os educandos trabalhadores pesquisados não foram diferentes, vejamos o que
dois deles comentam: “Na região onde eu morava não tinha escola por ser longe da cidade”
(JOÃO, 42 anos), e “Eu morava na fazenda e naquela época não tinha como ir para a cidade
estudar”(MARIA,58 anos).
Como relatado pelos educandos trabalhadores nem sempre houve preocupação por
parte do estado em facilitar e dar acesso à educação na zona rural. Felizmente hoje esse
cenário tem melhorado muito, tendo em vista as varias linhas de transporte que são oferecidas
para o deslocamento até as cidades para as regiões que não possuem escola,
A EJA propicia o resgate e acesso a escolarização àqueles que não tiveram
oportunidade de ensino na idade adequada. Isso pode ser constato por meio das entrevistas, tal
como disse:
Parece que agora acordei para a vida, antes vivia num mundinho de rotina
doméstica, agora não, agora é diferente, trabalho, tomo banho e venho para a escola,
vejo pessoas diferentes e aprendo coisas diferentes todos os dias, no meio do ano
quero tirar habilitação e comprar uma moto, meu sonho é entrar na faculdade de
psicologia ou gastronomia. (CIBELIA,31 anos).
Foi observado que a maioria dos educando trabalhadores tiveram a necessidade de
trabalhar na infância para ajudar no sustento da família, pois enfrentavam grandes
dificuldades financeiras, sendo inviável frequentar a escola, pois afetaria diretamente a
própria existência. Confirma-se essa afirmação a partir do dito pelo estudante:
Estudei até a 5ª serie, nunca reprovei, mas precisava caminhar 2 km para chegar a
escola, estudava de manhã e trabalhava na roça o resto do dia, tinha treze anos
quando tive que parar de estudar para ajudar na roça, já que era o mais velho.
(LEONILDO, 42 anos)
Segundo Laffin(2012) o trabalho é um dos principais motivos pelo qual esses
educandos trabalhadores não estudaram na idade adequada.
Convém lembrar que os sujeitos da EJA são vitimas de um ciclo vicioso de
exclusão: frequentemente são acusados pela sociedade de que não têm trabalho ou
têm um salário menor porque não estudaram, porém, na maior parte das vezes, não
estudaramporque trabalharam. (LAFFIN, 2012, p.27)
É fato a grande dificuldade que esses sujeitos enfrentam na sociedade, principalmente
para conseguir um emprego que os faça se sentirem dignos, pois a escolaridade baixa ou a
ausência da mesma proporciona somente empregos braçais ou que exigem muito mais
atividades manuais e/ou de posições desprivilegiadas.
Esse fator é de grande relevância para que os sujeitos procurassem a educação por
meio da EJA, pois acreditam que através da educação conseguirão se colocar melhor perante a
sociedade e as oportunidades de emprego e qualificação profissional serão ampliadas. Isto
evidenciou-se na entrevista, tal como demonstramos por meio do discurso da Kalija de 35
anos:
Sempre sonhei em voltar a estudar, sempre fui curiosa em saber mais, e ficava triste
quando meus filhos perguntavam alguma coisa e eu não sabia. Tambémqueria parar
de limpar chão dos outros, essa vida é muito sofrida e humilhante. (KALIJA, 35
anos)
É de grande valia o sentimento que esses sujeitos apresentam, quando contextualizam
o ambiente educacional como libertador, que possibilita interagir com outras pessoas, criar
novos laços, afirmar a construção de um novo indivíduo, assumir o seu papel de ator social na
sociedade na qual estão inseridos.
Portanto, com acesso a educação, os indivíduos tem a possibilidade de alcançar melhor
lugar no mercado de trabalho, o que provavelmente, os inserirá numa satisfação, tornando os
mais realizados profissionalmente, Laffin (2012) diz que o trabalho não se restringe somente
ao fazer, mas também ao “ser”, a construção de quem o sujeito é para si mesmo.
O processo de trabalho não se restringe à produção de coisas “uteis”(dimensão
econômica).Envolve ao mesmo tempo produção, reprodução e transformação de
relações sociais(dimensão política) e a elaboração de uma experiência sobre
elas(dimensão simbólica). Portanto o processo de trabalho comporta sentidos
distintos: um prático e outro relacional. O prático diz respeitoaquelas atividades que
transformam matérias primas, o relacional refere-se às relações sociais tecidas no
processo de trabalho e se reveste de significados e sentidos partilhados;permite
aproximações e distanciamentos, conformismos e resistências. (LAFFIN,2012, p.30)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De maneira geral, observamos que o público que frequenta a EJA na cidade de Campo
Grande é em sua maioria do sexo masculino com idade acima de 51 anos, vindo da zona rural
de família de classe social e econômica desfavorecida, e que no decorrer de sua formação
humana tiveram que trabalhar para manter seu sustento. Esse público, atualmente,
buscaqualificação e emancipação social e econômica.
Pôde-se notar o grande déficit que a educação brasileira tem em relação a EJA, mesmo
com avanços industriais e humanos e uma diversidade de leis que garantem o acesso escolar
para todos que a ele necessite, demorou para que fossem efetivadas, assim dificultando e
impossibilitando que muitos indivíduos frequentassem a sala de aula. Nos dias atuais ainda
encontramos muitas pessoas que estão completamente a mercê dos recursos tecnológicos, por
falta desta escolarização quando mais jovens, são evidentes notar que buscam se adaptar
constantemente a todas as possibilidades oferecidas para seu crescimento humano e social.
Vale resaltar que apesar da falta de instrução escolar, a vivência histórica que cada
indivíduo trás consigo os tornam únicos diante a sociedade, o conhecimento adquirido ao
longo da vida possibilitou que enfrentassem adversidades, mas sempre com dignidade tendo o
meio social como libertador e gerador de novas capacidades de crescer como ser
transformador.
Diante disto, evidencia-se a necessidade do estado em efetivar políticas públicas que
satisfaçam as necessidades educacionais, na idade adequada, da população brasileira, evitando
assim, adultos e idosos analfabetos.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96.
Brasília: 1996. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>Acessado em 10 de março de 2016.
________. Proposta Curricular para a Educação de Jovens e Adultos. Segundo seguimento
do Ensino Fundamental, 5° a 8° série. Volume 1. Brasília: MEC/SEF, 1998.
________. Emenda Constitucional n. 14, de 12 de setembro de 1996. Disponível em
<ftp://ftp.fnde.gov.br/web/fundef/emenda_n14_12091996.pdf>Acessado em 10 de março de
2016.
DANTAS, Marcelo. CAVALCANTE, Vanessa. Pesquisa Qualitativa e Quantitativa. Recife,
2006. Disponível em <https://pt.scribd.com/doc/14344653/Pesquisa-qualitativa-e-
quantitativa>Acessado em 20 de abril de 2016.
LAFFIN. Maria Herminia Lage Fernandes. Educação de Jovens e Adultos e educação na
diversidade. – Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2011.
LAFFIN, Maria Herminia Lage Fernandes, Educação de jovens e adultos, diversidade e o
mundo do trabalho. – Ijuí: Ed. Unijuí,2012.
SOUZA, Maria Antônia de. Educação de jovens e adultos. Curitiba:Ibpex, 2010.

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Fernanda otilia jose flavio

  • 1. HISTÓRIA DE VIDA: OS ESTUDANTES DA EJA DE DUAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE CAMPO GRANDE-MS Fernanda de Oliveira Barbosa e-mail: fernandaoliveiraebarbosa@gmail.com Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande – Unidade I Otília da Silva Machado e-mail: otilia-machado@hotmail.com Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande – Unidade I José Flávio Rodrigues Siqueira e-mail: jose_flavio@anhanguera.com Centro Universitário Anhanguera de Campo Grande – Unidade I Eixo Temático: Sustentabilidade, Diversidade e Direitos Humanos Categoria: Comunicação Oral RESUMO Este artigo buscou compreender melhor o perfil do público que frequenta as salas da EJA buscando formação educacional e profissional, para isto foram escolhidas duas escolas municipais da cidade Campo Grandes - MS, no intuito de adquirir material diversificado para enriquecendo da pesquisa. A partir da revisão bibliográfica constatou-se que a história da educação de jovens e adultos sofreu diversas mudanças ao longo do desenvolvimento humano e socioeconômico brasileiro, sempre buscando a melhoria do ensino para as classes menos favorecidas. Para obter as informações necessárias definiu-se como público-alvo da pesquisa 10 educandos trabalhadores e frequentadores da EJA, sendo 5 de cada escola pesquisada, a partir disso, foi realizada investigação com o contato direto com estes alunos em sala de aula e entrevistas em sua residência.Podemos notar que a maioria dos educandos trabalhadores tiveram que deixar a sala de aula para ajudar sua família na subsistência com a força de seu trabalho, vieram da zona rural, de famílias abastadas, com uma grande quantidade de irmãos,onde seus pais não detinham o conhecimento para entender a necessidade do estudo, e por este motivo escolheram esta modalidade para retornar e concluir seus estudos e assim qualificar-se para o mercado de trabalho e também para vida.Assim entendemos que a EJA se faz necessária e ocupa um lugar muito importante em nossa sociedade, pois esta proporcionando a diversos jovens e adultos a oportunidade de conhecimento, emancipando este cidadão das amarradas impostas pela sociedade. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Educação; Emancipação.
  • 2. INTRODUÇÃO O objetivo principal deste trabalho foi analisar o perfil do educando trabalhador da Educação de Jovens e Adultos, de modo a entender sua trajetória de vida até a sua inserção e permanência nesta modalidade. Sabemos que a Educação de Jovens a Adultos - EJA é uma modalidade de ensino que oportuniza aos cidadãos que não puderam ser escolarizados na idade adequada, ter acesso ao ensino e inclusão social por meio da educação. Por meio do estágio supervisionado na EJA, e convívio com os estudantes em sala, foi despertado o desejo desta pesquisa, tivemos a oportunidade de perceber que alfabetizarjovens e adultos é uma preocupação antiga, mas que pouco é feito para conhecer e auxiliar este estudante tão carente de atenção pública. A partir de leituras foi possível conhecer a história brasileira da educação, dada no início do período colonial, onde os jesuítas acreditavam que só poderiam converter os indígenas a fé cristã se eles fossem capazes de ler, sendo essa iniciativa sem incentivos do governo da época. Em 1824 a Constituição garantiu a todos os cidadãos o direito a instrução primária gratuita, no entanto somente as classes favorecidas e cidadãos ligados à política e funções imperiais tinham acesso, mantendo maioria da população em situação de exclusão social. No decorrer da história do Brasil, essa exclusão se fez constante, afetando principalmente a classe rural, onde a educação não tinha prioridade, cedendo a necessidade do trabalho braçal para garantir a subsistência dos indivíduos, que mais tarde migraram para as grandes cidades e novamente se depararam com a exclusão por falta de ensino e desigualdade social. Tal como reafirmado por Laffin (2011): As populações das áreas rurais acabaram sendo a mais prejudicada e o fluxo populacional que passou a se efetivar no país, com o êxodo rural, a partir da década de 1950. Com o aumento da migração do campo pra as cidades, o acesso escolar, pelas próprias dificuldades de infraestrutura e atendimento desses novos centros urbanos, não foi facilitado, pelo contrario, muitas vezes tornou se ainda mais difícil. (LAFFIN, 2011, p.23). O ensino para jovens e adultos sempre foi de pouca qualidade e pouco investimento, bastando que o educandotrabalhador apenas aprendesse ler e escrever, pois ao governo não era propício agregar muito conhecimento a essa classe, despertar a criticidade poderia ser prejudicial aos interesses de domínio e alienação.
  • 3. Mas os processos de industrialização e urbanização aliados ao interesse do governo em aumentar o número de eleitores alavancou o número de escolas. Cabe mencionar que apenas homens alfabetizados tinham direito ao voto, tal como dito por Souza (2010): O saber ler e escrever foi motivo de maior atenção com a Lei Saraiva, que tornou proibido o voto do analfabeto a partir de 1882. A constituição de 1824 não fazia restrição ao voto do analfabeto, embora excluísse a maioria da população do processo eleitoral, pois os votantes eram selecionados pelos seus rendimentos anuais líquidos. Já a constituição de 1891 eliminou a seleção Poe renda e acrescentou a seleção pelo aspecto da instrução escolar. (SOUZA, 2010, p.30). A educação pública brasileira sofreu diversas mudanças ao longo de sua implantação, na segunda década do século 20, muitos movimentos civis, e mesmo oficiais, se empenharam na luta contra o analfabetismo, considerado “mal nacional” e “uma chaga social [...]” (BRASIL, 1998, p. 13) e assim começam a surgir escolas profissionalizantes com cursos técnicos, buscando capacitar este trabalhador. A partir dos anos 50, alguns movimentos a favor da erradicação do analfabetismo foram se fortalecendo e dando lugar a outros, sucessivamente com ênfase na qualidade para este ensino, alguns deles são: atividades pastorais da Igreja Católica, Campanha Nacional de Educação Rural - CNER, Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo - CNEA, Movimento de Educação de Base - MEB, Movimentode Cultura Popular - MCP, De pé no chão também se aprende a ler, Mobral e Fundação Educar, depois de diversas tentativas de melhorias, muitos avanços, porém sem alcançar sucesso pleno. Através da Lei n 5.379, de 15 de dezembro de 1967 foi criado o Mobral - Movimento Brasileiro de Alfabetização, inserido no contexto do regime militar, o movimento tinha objetivo de erradicar o analfabetismo. Com intuito de fazer o educando aprender ler e escrever tinha como metodologia ensinar conforme o cotidiano, de suas experiências significativas, com temas geradores. O Mobral foi extinto em 1985 e foi substituído pela Fundação Educar, que dava apoio técnico e financeiro aos movimentos de alfabetização. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, o Estado assume o seu dever com a EJA, onde destaca-se o artigo 208: O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I- ensino fundamental, obrigatório, e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional n° 14, de1996,p.116). Após esse período, Paulo Freire junto a outros educadores repensou a EJA, buscando dar uma intencionalidade a este ensino rompendo com a concepção instrumental que até então regia esta modalidade. O governo federal por sua vez passa as obrigações da EJA para estados e municípios. Recorre-se ao ano de 1996 quando foi aprovada a lei n° 9.394, de 20 de
  • 4. dezembro de 1996 e estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, pois na seção V, desta lei, encontram-se os artigos 37 e 38 que tratam especificamente da EJA: Artigo 37: A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou oportunidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos emcaráter regular. (BRASIL, 1996, p.16). Segundo a LDB a EJA é uma modalidade de ensino voltada para jovens e adultos que não tiveram acesso à escolarização no tempo adequado, na sua maioria trabalhadora, aposentados, pessoas com alguma necessidade educativa especial ou jovem e adulta em busca do primeiro emprego e até especialização para desenvolver suas capacidades. No decorrer deste trabalho poderá ser notado que a realidade vivida hoje nas salas de aula não é a mesma exposta nos documentos oficiais e ainda serão apresentados breves relatos de alguns alunos oriundos de duas escolas municipais da cidade de Campo Grande–MS, sendo estas localizadas em lados opostos da cidade, será possível assim identificar a presença ou não de uma diversidade sociocultural e econômica as quais trarão questões diferentes a este estudo, ampliando ainda o conhecimento para esta modalidade de ensino. A EJA é um tema muito discutido na sociedade, desde sua criação sempre houve diversos empecilhos para atender parte desta população que não frequentou a escola no momento esperado, e partindo do estágio supervisionado na EJA surgiu a vontade de conhecer o perfil deste aluno. Trazendo questões como: quais são suas perspectivas, propósitos e anseios? O que o fizeram buscar esta modalidade de ensino? Foi após o trabalho com investigação de caráter qualitativo, entrevistas e questionários com estes alunos que encontramos as respostas para compreender por quais motivos não puderam frequentar a unidade escolar no tempo adequado, além disso, podemos entender de forma clara como foi a sua trajetória de vida até o momento e de que maneira conseguiram voltar à sala de aula. A LDB 9394/96 assegura que a Educação de Jovens e Adultos será destinada aos que não tiveram acesso ou oportunidade de continuar seus estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. Cabe frisar o art. 4º, pois ele garante que: O dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio e oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando. (BRASIL, 1996, p.02).
  • 5. O objetivo geral deste trabalho foi identificar o perfil do estudante trabalhador de duas escolas municipal da Cidade de Campo Grande - MS. Tendo como objetivos específicos o reconhecimento da história de vida destes jovens e adultos em seu contexto social e cultural, a análise da sua trajetória e dos saberes adquirido e a reflexão do processo de desenvolvimento da EJA com base em teóricos da educação, assim podendo contribuir com os docentes que atuam nesta modalidade, haja vista tantas especificidades que há. Logo este artigo tem a intenção de compreender melhor o perfil do público que frequenta as salas da EJA buscando formação educacional e profissional. MÉTODO Na história da literatura educacional encontramos diversos autores que trazem pesquisas relacionadas à EJA, onde em sua maioria tem traçado um único perfil a este estudante trabalhador; nesta pesquisa buscou-se analisar se a realidade atual é a mesma descritanos livros. Com toda a industrialização, transformação tecnológica, notou-se que é possível nos dias atuais encontrar aqueles aos quais foi negado o direito de aprender, sendo estes jovens e adultos, vindos de famílias humildes, moradores da zona rural, entre outras características típicas das minorias. Esta pesquisa foi elaborada entre dezembro de 2015 e fevereiro de 2016, onde foi aplicado um questionário para coletar informações, a fim de estabelecer o perfil de 10 estudantes trabalhadores, de duas escolas distintas da cidade de Campo Grande- MS. Cabe dizer que uma destas escolas está localizada no bairro Jardim Aeroporto e outra no bairro Guanandi. O grupo de 10 estudantes pesquisados é compreendido de 5 estudantes de cada escola matriculados e frequentes na 1° fase da EJA. Vale ressaltar que, sendo estas salas seriadas, nelas encontram-se pessoas de vários níveis de conhecimento e aprendizagem, o que resulta em um público diversificado e com possibilidades de trabalho enriquecido de vivências. Sendo esta pesquisa quantitativa e qualitativa buscou-se conhecer o perfil do aluno da EJA, e isto se deu através de pesquisas de campo. O objetivo foi conhecer este aluno sem que ele se sentisse constrangido com as perguntas que foram feitas, por este motivo foi traçado algumas metas: contato direto com os alunos em sala de aula para perceber suas atitudes e comportamentos frente à instituição escolar e ao saber organizado; e entrevista na própria residência do estudante.
  • 6. Destaca-se que para o conhecimento das histórias de vida dos estudantes da Educação de Jovens e Adultos, valemos mais da pesquisa qualidade, que segundo Dantas e Cavalcante (2006): Tem caráter exploratório, isto é, estimula os entrevistados a pensarem livremente sobre algum tema, objeto ou conceito. Mostra aspectos subjetivos e atingem motivações não explícitas, ou mesmo conscientes, de maneira espontânea. É utilizada quando se busca percepções e entendimento sobre a natureza geral de uma questão, abrindo espaço para a interpretação (DANTAS e CAVALCANTE, 2006, p.02) A faixa etária de entrevistados distribuiu-se da seguinte forma: 40% entre 30 e 40 anos, 20% entre 40 e 50 anos e 60 % acima de 51 anos de idade. Quanto ao gênero, 6são do sexo masculino e 4 do feminino. Quanto a origem: 30% nasceram no município de Campo Grande, 30% no interior de Mato Grosso do Sul, 30% vieram do interior do Ceará e 10% do interior do Mato Grosso, todos tem filhos e irmãos. O roteiro da entrevista foi estruturado a partir de perguntas para traçar o perfil, tais como: nome, idade, cidade que nasceu quantitativo de irmãos e grau de escolaridade dos pais. Outras questões buscaram responder as inquietações dos pesquisadores, a saber: motivos de interrupção dos estudos; motivação do retorno aos estudos; porque da escolha de cursar a EJA; relevância creditada à educação para melhoria da sociedade e de si próprio; e se houve discriminação pela ausência de estudos. RESULTADOS E DISCUSSÕES Analisando a trajetória de vida dos educandos trabalhadores da Educação de Jovens e Adultos, tendo como base os dados obtidosna pesquisa de campo e demais fontes, constatou- se diferentes motivos que ocasionaram a interrupção da constância no processo escolar. Nesse contexto uma série de fatores contribuiu para o abandono ou mesmo sequer a inserção ao ambiente escolar, a falta de estrutura socioeconômica, regionalidade, cenário cultural, desamparo as classes menos as favorecidas e omissão por parte do Estado. Nessa conjuntura é nítida a maioria de indivíduos negros, indígenas e mestiços que, historicamente sempre tiveram seus direitos negados ou de difícil acesso. Com os educandos trabalhadores pesquisados não foram diferentes, vejamos o que dois deles comentam: “Na região onde eu morava não tinha escola por ser longe da cidade” (JOÃO, 42 anos), e “Eu morava na fazenda e naquela época não tinha como ir para a cidade estudar”(MARIA,58 anos).
  • 7. Como relatado pelos educandos trabalhadores nem sempre houve preocupação por parte do estado em facilitar e dar acesso à educação na zona rural. Felizmente hoje esse cenário tem melhorado muito, tendo em vista as varias linhas de transporte que são oferecidas para o deslocamento até as cidades para as regiões que não possuem escola, A EJA propicia o resgate e acesso a escolarização àqueles que não tiveram oportunidade de ensino na idade adequada. Isso pode ser constato por meio das entrevistas, tal como disse: Parece que agora acordei para a vida, antes vivia num mundinho de rotina doméstica, agora não, agora é diferente, trabalho, tomo banho e venho para a escola, vejo pessoas diferentes e aprendo coisas diferentes todos os dias, no meio do ano quero tirar habilitação e comprar uma moto, meu sonho é entrar na faculdade de psicologia ou gastronomia. (CIBELIA,31 anos). Foi observado que a maioria dos educando trabalhadores tiveram a necessidade de trabalhar na infância para ajudar no sustento da família, pois enfrentavam grandes dificuldades financeiras, sendo inviável frequentar a escola, pois afetaria diretamente a própria existência. Confirma-se essa afirmação a partir do dito pelo estudante: Estudei até a 5ª serie, nunca reprovei, mas precisava caminhar 2 km para chegar a escola, estudava de manhã e trabalhava na roça o resto do dia, tinha treze anos quando tive que parar de estudar para ajudar na roça, já que era o mais velho. (LEONILDO, 42 anos) Segundo Laffin(2012) o trabalho é um dos principais motivos pelo qual esses educandos trabalhadores não estudaram na idade adequada. Convém lembrar que os sujeitos da EJA são vitimas de um ciclo vicioso de exclusão: frequentemente são acusados pela sociedade de que não têm trabalho ou têm um salário menor porque não estudaram, porém, na maior parte das vezes, não estudaramporque trabalharam. (LAFFIN, 2012, p.27) É fato a grande dificuldade que esses sujeitos enfrentam na sociedade, principalmente para conseguir um emprego que os faça se sentirem dignos, pois a escolaridade baixa ou a ausência da mesma proporciona somente empregos braçais ou que exigem muito mais atividades manuais e/ou de posições desprivilegiadas. Esse fator é de grande relevância para que os sujeitos procurassem a educação por meio da EJA, pois acreditam que através da educação conseguirão se colocar melhor perante a sociedade e as oportunidades de emprego e qualificação profissional serão ampliadas. Isto evidenciou-se na entrevista, tal como demonstramos por meio do discurso da Kalija de 35 anos: Sempre sonhei em voltar a estudar, sempre fui curiosa em saber mais, e ficava triste quando meus filhos perguntavam alguma coisa e eu não sabia. Tambémqueria parar de limpar chão dos outros, essa vida é muito sofrida e humilhante. (KALIJA, 35 anos)
  • 8. É de grande valia o sentimento que esses sujeitos apresentam, quando contextualizam o ambiente educacional como libertador, que possibilita interagir com outras pessoas, criar novos laços, afirmar a construção de um novo indivíduo, assumir o seu papel de ator social na sociedade na qual estão inseridos. Portanto, com acesso a educação, os indivíduos tem a possibilidade de alcançar melhor lugar no mercado de trabalho, o que provavelmente, os inserirá numa satisfação, tornando os mais realizados profissionalmente, Laffin (2012) diz que o trabalho não se restringe somente ao fazer, mas também ao “ser”, a construção de quem o sujeito é para si mesmo. O processo de trabalho não se restringe à produção de coisas “uteis”(dimensão econômica).Envolve ao mesmo tempo produção, reprodução e transformação de relações sociais(dimensão política) e a elaboração de uma experiência sobre elas(dimensão simbólica). Portanto o processo de trabalho comporta sentidos distintos: um prático e outro relacional. O prático diz respeitoaquelas atividades que transformam matérias primas, o relacional refere-se às relações sociais tecidas no processo de trabalho e se reveste de significados e sentidos partilhados;permite aproximações e distanciamentos, conformismos e resistências. (LAFFIN,2012, p.30) CONSIDERAÇÕES FINAIS De maneira geral, observamos que o público que frequenta a EJA na cidade de Campo Grande é em sua maioria do sexo masculino com idade acima de 51 anos, vindo da zona rural de família de classe social e econômica desfavorecida, e que no decorrer de sua formação humana tiveram que trabalhar para manter seu sustento. Esse público, atualmente, buscaqualificação e emancipação social e econômica. Pôde-se notar o grande déficit que a educação brasileira tem em relação a EJA, mesmo com avanços industriais e humanos e uma diversidade de leis que garantem o acesso escolar para todos que a ele necessite, demorou para que fossem efetivadas, assim dificultando e impossibilitando que muitos indivíduos frequentassem a sala de aula. Nos dias atuais ainda encontramos muitas pessoas que estão completamente a mercê dos recursos tecnológicos, por falta desta escolarização quando mais jovens, são evidentes notar que buscam se adaptar constantemente a todas as possibilidades oferecidas para seu crescimento humano e social. Vale resaltar que apesar da falta de instrução escolar, a vivência histórica que cada indivíduo trás consigo os tornam únicos diante a sociedade, o conhecimento adquirido ao longo da vida possibilitou que enfrentassem adversidades, mas sempre com dignidade tendo o meio social como libertador e gerador de novas capacidades de crescer como ser transformador.
  • 9. Diante disto, evidencia-se a necessidade do estado em efetivar políticas públicas que satisfaçam as necessidades educacionais, na idade adequada, da população brasileira, evitando assim, adultos e idosos analfabetos. REFERÊNCIAS BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96. Brasília: 1996. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>Acessado em 10 de março de 2016. ________. Proposta Curricular para a Educação de Jovens e Adultos. Segundo seguimento do Ensino Fundamental, 5° a 8° série. Volume 1. Brasília: MEC/SEF, 1998. ________. Emenda Constitucional n. 14, de 12 de setembro de 1996. Disponível em <ftp://ftp.fnde.gov.br/web/fundef/emenda_n14_12091996.pdf>Acessado em 10 de março de 2016. DANTAS, Marcelo. CAVALCANTE, Vanessa. Pesquisa Qualitativa e Quantitativa. Recife, 2006. Disponível em <https://pt.scribd.com/doc/14344653/Pesquisa-qualitativa-e- quantitativa>Acessado em 20 de abril de 2016. LAFFIN. Maria Herminia Lage Fernandes. Educação de Jovens e Adultos e educação na diversidade. – Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2011. LAFFIN, Maria Herminia Lage Fernandes, Educação de jovens e adultos, diversidade e o mundo do trabalho. – Ijuí: Ed. Unijuí,2012. SOUZA, Maria Antônia de. Educação de jovens e adultos. Curitiba:Ibpex, 2010.