SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 5
Downloaden Sie, um offline zu lesen
COMUNICAÇÕES TÉCNICAS
VISA.com12 XII . 1
MARÇO DE 2002
“O RUÍDO LABORAL E A SUA PREVENÇÃO”
Humberto J. P. Guerreiro
Engenheiro de Minas
INTRODUÇÃO
O ruído é um dos agentes físicos que gera mais
incomodidade. É responsável por conflitos entre
pessoas, entre pessoas e empresas, e por
causar problemas de saúde a quem lhe está
exposto. Podendo em casos mais extremos,
muito comuns, causar surdez.
O ruído gerado nos locais de trabalho,
denominado ruído laboral (ou industrial), gera
muitas vezes problemas de saúde e em muitos
casos, mais do que seria desejado, causa a
surdez profissional.
Em Portugal o número de trabalhadores
identificados com doenças profissionais é
bastante elevado, sendo a surdez profissional
uma das doenças profissionais mais frequentes,
embora nem sempre fácil de diagnosticar. A
dificuldade no diagnóstico prende-se com a falta
de provas que comprovem a exposição do
trabalhador a níveis de ruído elevado no trabalho
e que a sua surdez não se deve a outros tipos de
ruído (não originados pelo trabalho).
DEFINIÇÃO
O ruído pode ser definido como um conjunto de
sons desagradáveis e frequentemente
irritantes. Para além de um determinado nível
torna-se incómodo, sendo um obstáculo à
comunicação e contribui para o aumento da
fadiga, podendo provocar alterações no sistema
nervoso e mesmo traumatismos auditivos.
LEGISLAÇÃO
Com o objectivo de prevenir o aparecimento da
surdez profissional e de manter registos do
historial da exposição de cada trabalhador ao
ruído durante o trabalho, existe no nosso país
legislação específica em vigor, nomeadamente, o
Decreto-lei n.º 72/92, de 28 de Abril, que
estabelece o quadro geral de protecção dos
trabalhadores contra os riscos decorrentes da
exposição ao ruído durante o trabalho, e o
Decreto regulamentar n.º 9/92, também de 28
de Abril, que define as normas relativas à
protecção dos trabalhadores contra os riscos
decorrentes da exposição ao ruído durante o
trabalho.
Os referidos diplomas estabelecem que o nível
de acção da "exposição pessoal diária de um
trabalhador ao ruído durante o trabalho" é igual a
85 dB(A), valor a partir do qual o trabalhador já
sofre perturbações devido ao ruído, e que o valor
limite da "exposição pessoal diária de um
trabalhador ao ruído durante o trabalho" é igual a
90 dB(A), o que significa que a partir deste nível
o trabalhador já incorre no risco de surdez
profissional. Por sua vez o valor máximo do pico
de nível de pressão sonora não pode exceder os
140 dB.
As empresas que possuam postos de trabalho
com níveis de ruído iguais ou superiores a
85 dB(A) devem realizar avaliações com
periodicidade mínima anual. Das avaliações
resultam os registos dos valores da exposição
pessoal diária de cada trabalhador ao ruído
(Lep,d) e o valor máximo de pico de ruído
(MaxLpico). Com base nos valores obtidos são
recomendadas medidas de prevenção capazes
de minimizar os riscos gerados pelo ruído.
Para os trabalhadores com níveis de exposição
pessoal diária superior a 85 dB(A) são
preenchidos quadros individuais de avaliação de
exposição pessoal diária de cada trabalhador ao
ruído durante o trabalho (Figura 1). Esses
quadros são posteriormente assinados pelos
trabalhadores e pela empresa, ficando o
trabalhador com uma cópia, a qual serve de
prova da exposição do mesmo a ambientes
ruidosos durante o trabalho.
COMUNICAÇÕES TÉCNICAS
VISA.com12 XII . 2
MARÇO DE 2002
Figura 1- Modelo do quadro individual de avaliação
da exposição pessoal diária de cada trabalhador ao
ruído durante o trabalho.
PRINCIPAIS CAUSAS
Na indústria extractiva e transformadora afim,
existe um conjunto de máquinas pertencentes ao
processo produtivo que se mostram muito
ruidosas, como sejam o recurso a escavadoras
giratórias equipadas com martelos hidráulicos, o
uso de martelos pneumáticos, as britadeiras, os
moinhos, as quedas de pedra dos tapetes, os
engenhos de serragem, as máquinas de corte de
pedra, etc..
Com o passar dos tempos as tecnologias têm
vindo a melhorar os seus níveis de emissão de
ruído e a tendência será para que tais níveis
continuem a baixar. Apesar disso continuam a
existir, actualmente, tecnologias bastante
ruídosas (e.g. máquinas de corte de pedra) para
as quais ainda não existem soluções acústicas
viáveis.
PARÂMETROS
A intensidade das vibrações sonoras ou as
variações de pressão que lhe estão associadas,
são denominadas de pressão sonora, e exprime-
se em Pascal (N/m2).
O ouvido não responde linearmente aos
estímulos provocados pelo ruído, mas sim
logaritmicamente. Como é mais confortável
trabalhar em escalas lineares, e uma vez que
com a pressão sonora teríamos que trabalhar em
escalas logarítmicas, foi encontrada uma unidade
que permite esta conversão, que se chama
décibel (dB)
O décibel é o logaritmo da razão entre o valor
medido e um valor de referência padronizado e
corresponde à mais pequena variação de
pressão sonora que o ouvido humano normal
pode distinguir nas condições normais de
audição. Na figura seguinte é apresentada uma
analogia interessante dos vários níveis de ruído.
Figura 2 - Pressão sonora e nível de pressão
sonora (fonte: Bruel & Kjaer).
COMUNICAÇÕES TÉCNICAS
VISA.com12 XII . 3
MARÇO DE 2002
Quando se realizam avaliações de ruído aos
postos de trabalho utiliza-se uma malha de
ponderação que corresponde à resposta do
ouvido humano ao ruído. Essa malha de
ponderação é denominada de A. Assim, nas
medições efectuadas com essa malha de
ponderação, os valores medidos vêm expressos
em dB(A).
TRANSMISSÃO DO RUÍDO
O ruído é transmitido ao ouvido através de ondas
sonoras que se propagam no ouvido externo em
meio aéreo e se transmitem ao ouvido interno por
meio de vibrações dos ossículos nele existentes,
propagando-se posteriormente em meio líquido
no ouvido interno. A partir deste os sinais são
transmitidos ao cérebro e descodificados,
provocando todas as sensações auditivas.
Em virtude da estrutura do nosso aparelho
auditivo e das características do sistema nervoso
relacionado com a audição, reagimos de modo
diverso aos sons de diferentes frequências, não
obstante um mesmo nível de pressão sonora.
Na Figura 3 é possível visualizar o
comportamento do ouvido humano em teores de
audibilidade e em função da frequência (Hz) e do
nível de pressão sonora (dB). Do gráfico
apresentado verifica-se que a maior sensibilidade
auditiva se situa entre os 250 Hz e os 5000 Hz.
Relativamente às perdas de audição causadas
pela exposição ao ruído, estas são função da
frequência, da intensidade do ruído e do tempo
de exposição.
AVALIAÇÃO DO RUÍDO
A legislação em vigor exige a avaliação de ruído
nos locais de trabalho, uma vez que níveis
elevados deste agente resultam em danos para o
corpo humano. Deste modo, as medições têm
como objectivos mais frequentes os seguintes :
a) Determinar se os níveis sonoros são
susceptíveis de provocar danos auditivos ou
deterioração de ambiente;
b) Determinar o nível sonoro dos
equipamentos;
c) Obter dados para diagnósticos (e.g. planos
para redução do ruído).
Figura 3 - Representação gráfica das linhas
isofónicas normais para sons puros
(fonte: Miguel, A. S., 1995).
Para realizar as medições de ruído utilizam-se
aparelhos denominados de sonómetros, os
quais são colocados perto do trabalhador. Estes
equipamentos são utilizados para medições em
postos de trabalho fixos.
Os dosímetros são aparelhos de bolso que se
usam quando a exposição ao ruído é variável,
isto é, quando os trabalhadores têm postos de
trabalho móveis, como é o caso dos
encarregados, pois permite uma aplicação
pessoal.
Na Figura 4 é possível observar a fotografia de
um sonómetro e de um dosímetro.
COMUNICAÇÕES TÉCNICAS
VISA.com12 XII . 4
MARÇO DE 2002
Sonómetro Dosímetro
Figura 4 - Ilustração de um dosímetro e de um
sonómetro.
CONSEQUÊNCIAS
Os danos do ruído no homem podem ser
divididos em fisiológicos e psicológicos. Assim, o
ruído pode lesar não só o sistema auditivo, mas
também as diferentes funções orgânicas,
podendo provocar ao ser humano os seguintes
sintomas:
? Perda de audição
? Surdez (longo prazo)
? Distúrbios gastrointestinais
? Afectação do sistema nervoso central
? Aceleração do pulso
? Elevação da pulsação
? Contracção dos vasos sanguíneos
? Contracção dos músculos do estômago
? Alteração do equilíbrio psicológico
PREVENÇÃO E CONTROLO
Para minimizar os riscos associados ao ruído
podem, e devem, ser adoptadas medidas de
prevenção e controlo deste agente. Essas
medidas podem ser de vários tipos:
a) Medidas Técnicas
- Processos de fabrico menos ruidosos;
- Redução do ruído nas máquinas;
- Aplicação de blindagens acústicas.
b) Medidas Acústicas
- Materiais absorventes nas paredes;
- Paredes anti-ruído;
- Isolamento contra os sons sólidos.
c) Medidas Organizacionais
- Separação dos postos de trabalho ruidosos;
- Limitar o tempo de exposição ao ruído;
- Avaliações periódicas de ruído.
d) Medidas Gerais
- Informar e sensibilizar os trabalhadores;
- Sinalizar as zonas ruidosas;
- Limitar o acesso às zonas ruidosas;
- Vigilância audiométrica dos trabalhadores.
d) Medidas de Protecção Individual
- Uso de protectores auriculares adequados.
O uso de protecção auricular, ou seja, o recurso
a uma medida de protecção individual, só deve
ser equacionada em último caso, quando não é
viável a adopção de uma medida de protecção
colectiva (e.g. blindagem, lubrificação da
máquina, etc.), uma vez que traz desconforto ao
trabalhador, podendo originar outros riscos
profissionais.
Todos os postos de trabalho sujeitos a valores de
ruído iguais ou superiores a 85 dB(A) devem
possuir protecções auriculares adequadas
(definidas com base em avaliações de ruído),
fornecidas pela empresa. No caso dos valores de
exposição pessoal diária ao ruído superar os
90 dB(A) é obrigatório o uso de protecção, sendo
COMUNICAÇÕES TÉCNICAS
VISA.com12 XII . 5
MARÇO DE 2002
punida com coima a não utilização dos
protectores auriculares.
CONCLUSÕES
A presença de ruído numa empresa deverá ser
encarada como um problema a solucionar. Será
importante que as empresas, através das suas
administrações, estejam sensibilizadas para os
riscos que a exposição ao ruído pode trazer, quer
para os seus funcionários (mau estar), quer para
as suas famílias (conflitos familiares), quer para
a empresa (diminuição da produtividade e
acidentes), quer, ainda, para o país (custos).
A adopção de políticas de prevenção do ruído
e o cumprimento da legislação vigente,
através da realização de avaliações periódicas,
da sensibilização e protecção adequada dos
trabalhadores e da sujeição destes aos exames
audiométricos, são fundamentais para
combater este factor de risco.
Actuando correctamente e em consciência, nesta
matéria, proporcionam-se melhores condições de
trabalho e incrementa-se a qualidade de vida das
pessoas.
BIBLIOGRAFIA
DECRETO-LEI N.º 72/92, de 28 de Abril –
Estabelece o Quadro Geral de Protecção dos
Trabalhadores contra os Riscos decorrentes da
Exposição ao Ruído durante o Trabalho.
DECRETO-REGULAMENTAR N.º 9/92, de 28 de
Abril – Estabelece as Normas relativas à Protecção
dos Trabalhadores contra os Riscos Decorrentes da
Exposição ao Ruído durante o Trabalho.
GUERREIRO, H., et al. (1998) - “Manual de
Prevenção – Sector das Pedras Naturais” .
Ed. Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das
Condições de Trabalho (IDICT). Junho de 1998,
Lisboa.
MACEDO, R. (1988) - “Manual de Higiene do
Trabalho na Indústria”. Ed. por Fundação Calouste
Gulbenkian. Lisboa.
MIGUEL, A. S. (1995) - “Manual de Higiene e
Segurança no Trabalho”. Ed. por Porto Editora, Lda.
3ª Edição. Porto.

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

Efeitos da exposição ao ruido
Efeitos da exposição ao ruidoEfeitos da exposição ao ruido
Efeitos da exposição ao ruidoCosmo Palasio
 
Exposição ocupacional ao ruído em marmoria localizada no município de uberaba mg
Exposição ocupacional ao ruído em marmoria localizada no município de uberaba mgExposição ocupacional ao ruído em marmoria localizada no município de uberaba mg
Exposição ocupacional ao ruído em marmoria localizada no município de uberaba mgClailon Breno
 
COMPARAÇÃO DA NR-15 (anexo 1 e 2 Ruido) e NHO-1(RUIDO)
COMPARAÇÃO DA NR-15 (anexo 1 e 2 Ruido) e NHO-1(RUIDO)COMPARAÇÃO DA NR-15 (anexo 1 e 2 Ruido) e NHO-1(RUIDO)
COMPARAÇÃO DA NR-15 (anexo 1 e 2 Ruido) e NHO-1(RUIDO)gelcine Angela
 
Agentes físicos - O ruido ocupacional
Agentes físicos - O ruido ocupacionalAgentes físicos - O ruido ocupacional
Agentes físicos - O ruido ocupacionalTânia Silva
 
Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacionalApostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacionalAtento Brasil S/A
 
PCA - Programa de Conservação Auditiva
PCA -  Programa de Conservação AuditivaPCA -  Programa de Conservação Auditiva
PCA - Programa de Conservação AuditivaDevania Silva
 
Ruido específicações
Ruido específicaçõesRuido específicações
Ruido específicaçõesCarla Taxini
 
Apostila de agentes fisicos
Apostila de agentes fisicosApostila de agentes fisicos
Apostila de agentes fisicosJota68
 
5. hst riscos num postbalhoo de tra
5. hst riscos num postbalhoo de tra5. hst riscos num postbalhoo de tra
5. hst riscos num postbalhoo de traGilson Adao
 

Was ist angesagt? (20)

Efeitos da exposição ao ruido
Efeitos da exposição ao ruidoEfeitos da exposição ao ruido
Efeitos da exposição ao ruido
 
Exposição ocupacional ao ruído em marmoria localizada no município de uberaba mg
Exposição ocupacional ao ruído em marmoria localizada no município de uberaba mgExposição ocupacional ao ruído em marmoria localizada no município de uberaba mg
Exposição ocupacional ao ruído em marmoria localizada no município de uberaba mg
 
Ruidos
RuidosRuidos
Ruidos
 
Ruido
RuidoRuido
Ruido
 
COMPARAÇÃO DA NR-15 (anexo 1 e 2 Ruido) e NHO-1(RUIDO)
COMPARAÇÃO DA NR-15 (anexo 1 e 2 Ruido) e NHO-1(RUIDO)COMPARAÇÃO DA NR-15 (anexo 1 e 2 Ruido) e NHO-1(RUIDO)
COMPARAÇÃO DA NR-15 (anexo 1 e 2 Ruido) e NHO-1(RUIDO)
 
Agentes físicos - O ruido ocupacional
Agentes físicos - O ruido ocupacionalAgentes físicos - O ruido ocupacional
Agentes físicos - O ruido ocupacional
 
Apostila de ruido i
Apostila de ruido iApostila de ruido i
Apostila de ruido i
 
Manual ruido
Manual ruidoManual ruido
Manual ruido
 
NHO-01
NHO-01NHO-01
NHO-01
 
Apostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacionalApostila sobre higiene ocupacional
Apostila sobre higiene ocupacional
 
PCA - Programa de Conservação Auditiva
PCA -  Programa de Conservação AuditivaPCA -  Programa de Conservação Auditiva
PCA - Programa de Conservação Auditiva
 
Ruído Laboral
Ruído LaboralRuído Laboral
Ruído Laboral
 
PAIR - Perda Auditiva
PAIR - Perda AuditivaPAIR - Perda Auditiva
PAIR - Perda Auditiva
 
Utilizacao creppe
Utilizacao creppeUtilizacao creppe
Utilizacao creppe
 
Ruido específicações
Ruido específicaçõesRuido específicações
Ruido específicações
 
FUNDACENTRO NHO 01/2001
FUNDACENTRO NHO 01/2001FUNDACENTRO NHO 01/2001
FUNDACENTRO NHO 01/2001
 
Programa de conservação auditiva PCA rev.00
Programa de conservação auditiva PCA rev.00Programa de conservação auditiva PCA rev.00
Programa de conservação auditiva PCA rev.00
 
Apostila de agentes fisicos
Apostila de agentes fisicosApostila de agentes fisicos
Apostila de agentes fisicos
 
5. hst riscos num postbalhoo de tra
5. hst riscos num postbalhoo de tra5. hst riscos num postbalhoo de tra
5. hst riscos num postbalhoo de tra
 
Treinamento pca e ppr
Treinamento pca e pprTreinamento pca e ppr
Treinamento pca e ppr
 

Andere mochten auch

C:\documents and settings\owner\my documents\a2 media evaluation jack
C:\documents and settings\owner\my documents\a2 media evaluation jackC:\documents and settings\owner\my documents\a2 media evaluation jack
C:\documents and settings\owner\my documents\a2 media evaluation jackjackwalterssufc
 
Apresentação Trixe Digital
Apresentação Trixe Digital Apresentação Trixe Digital
Apresentação Trixe Digital Trixe Digital
 
Presentation école normale superiore de baranoa
Presentation école normale superiore de baranoaPresentation école normale superiore de baranoa
Presentation école normale superiore de baranoaOtilia Cancino
 
Recours collectif: réponse du CCBE à la consultation de la Commission européenne
Recours collectif: réponse du CCBE à la consultation de la Commission européenneRecours collectif: réponse du CCBE à la consultation de la Commission européenne
Recours collectif: réponse du CCBE à la consultation de la Commission européenneOBFG
 
Cds overview para o SPIN Campinas #56
Cds overview para o SPIN Campinas #56Cds overview para o SPIN Campinas #56
Cds overview para o SPIN Campinas #56Andreyev Dias de Melo
 

Andere mochten auch (8)

MíDia Aula 03
MíDia   Aula 03MíDia   Aula 03
MíDia Aula 03
 
C:\documents and settings\owner\my documents\a2 media evaluation jack
C:\documents and settings\owner\my documents\a2 media evaluation jackC:\documents and settings\owner\my documents\a2 media evaluation jack
C:\documents and settings\owner\my documents\a2 media evaluation jack
 
Gpbasicosutec
GpbasicosutecGpbasicosutec
Gpbasicosutec
 
Apresentação Trixe Digital
Apresentação Trixe Digital Apresentação Trixe Digital
Apresentação Trixe Digital
 
Pag3
Pag3Pag3
Pag3
 
Presentation école normale superiore de baranoa
Presentation école normale superiore de baranoaPresentation école normale superiore de baranoa
Presentation école normale superiore de baranoa
 
Recours collectif: réponse du CCBE à la consultation de la Commission européenne
Recours collectif: réponse du CCBE à la consultation de la Commission européenneRecours collectif: réponse du CCBE à la consultation de la Commission européenne
Recours collectif: réponse du CCBE à la consultation de la Commission européenne
 
Cds overview para o SPIN Campinas #56
Cds overview para o SPIN Campinas #56Cds overview para o SPIN Campinas #56
Cds overview para o SPIN Campinas #56
 

Ähnlich wie Prevenção do ruído laboral: legislação e medidas de controle

LV_Ruido Ocupacional_internet.docx
LV_Ruido Ocupacional_internet.docxLV_Ruido Ocupacional_internet.docx
LV_Ruido Ocupacional_internet.docxCarlosAlbertoFroufeS
 
Ri ulc 0402_programa_de_conservacao_auditiva
Ri ulc 0402_programa_de_conservacao_auditivaRi ulc 0402_programa_de_conservacao_auditiva
Ri ulc 0402_programa_de_conservacao_auditivaEdnaldo Carlos Santos
 
DRYWALL ACUSTICA.pdf
DRYWALL ACUSTICA.pdfDRYWALL ACUSTICA.pdf
DRYWALL ACUSTICA.pdfThaisMasutti1
 
PCA-PLANO-DE-CONTROLE-DE-RUIDO-OCUPACIONAL-LEVANTAMENTO-E-MONITORAMENTO-AMBIE...
PCA-PLANO-DE-CONTROLE-DE-RUIDO-OCUPACIONAL-LEVANTAMENTO-E-MONITORAMENTO-AMBIE...PCA-PLANO-DE-CONTROLE-DE-RUIDO-OCUPACIONAL-LEVANTAMENTO-E-MONITORAMENTO-AMBIE...
PCA-PLANO-DE-CONTROLE-DE-RUIDO-OCUPACIONAL-LEVANTAMENTO-E-MONITORAMENTO-AMBIE...Glória Enes
 
agente-fc3adsico-ruido-introduc3a7c3a3o-a-sms.ppt
agente-fc3adsico-ruido-introduc3a7c3a3o-a-sms.pptagente-fc3adsico-ruido-introduc3a7c3a3o-a-sms.ppt
agente-fc3adsico-ruido-introduc3a7c3a3o-a-sms.pptssuser4f703e
 
Trabalho Higiene III - NHO01 (FINALIZADO).pptx
Trabalho Higiene III - NHO01 (FINALIZADO).pptxTrabalho Higiene III - NHO01 (FINALIZADO).pptx
Trabalho Higiene III - NHO01 (FINALIZADO).pptxjessicathaisacm
 
Medição ruido-de-impressoras-de-impacto
Medição ruido-de-impressoras-de-impactoMedição ruido-de-impressoras-de-impacto
Medição ruido-de-impressoras-de-impactoPaulo H Bueno
 
PPRA2008081407081210
PPRA2008081407081210PPRA2008081407081210
PPRA2008081407081210Andrea Galak
 

Ähnlich wie Prevenção do ruído laboral: legislação e medidas de controle (20)

agente-fc3adsico-ruido.ppt
agente-fc3adsico-ruido.pptagente-fc3adsico-ruido.ppt
agente-fc3adsico-ruido.ppt
 
LV_Ruido Ocupacional_internet.docx
LV_Ruido Ocupacional_internet.docxLV_Ruido Ocupacional_internet.docx
LV_Ruido Ocupacional_internet.docx
 
Ruido telemarketing
Ruido telemarketingRuido telemarketing
Ruido telemarketing
 
Prot audit-samir
Prot audit-samirProt audit-samir
Prot audit-samir
 
Ri ulc 0402_programa_de_conservacao_auditiva
Ri ulc 0402_programa_de_conservacao_auditivaRi ulc 0402_programa_de_conservacao_auditiva
Ri ulc 0402_programa_de_conservacao_auditiva
 
Caderno 7 ruido
Caderno 7 ruidoCaderno 7 ruido
Caderno 7 ruido
 
Agentes fisicos
Agentes fisicosAgentes fisicos
Agentes fisicos
 
DRYWALL ACUSTICA.pdf
DRYWALL ACUSTICA.pdfDRYWALL ACUSTICA.pdf
DRYWALL ACUSTICA.pdf
 
PCA-PLANO-DE-CONTROLE-DE-RUIDO-OCUPACIONAL-LEVANTAMENTO-E-MONITORAMENTO-AMBIE...
PCA-PLANO-DE-CONTROLE-DE-RUIDO-OCUPACIONAL-LEVANTAMENTO-E-MONITORAMENTO-AMBIE...PCA-PLANO-DE-CONTROLE-DE-RUIDO-OCUPACIONAL-LEVANTAMENTO-E-MONITORAMENTO-AMBIE...
PCA-PLANO-DE-CONTROLE-DE-RUIDO-OCUPACIONAL-LEVANTAMENTO-E-MONITORAMENTO-AMBIE...
 
Nho01
Nho01Nho01
Nho01
 
Ciencias e ambientes
Ciencias e ambientesCiencias e ambientes
Ciencias e ambientes
 
Edição 9
Edição 9Edição 9
Edição 9
 
agente-fc3adsico-ruido-introduc3a7c3a3o-a-sms.ppt
agente-fc3adsico-ruido-introduc3a7c3a3o-a-sms.pptagente-fc3adsico-ruido-introduc3a7c3a3o-a-sms.ppt
agente-fc3adsico-ruido-introduc3a7c3a3o-a-sms.ppt
 
Poluição sonora
Poluição sonoraPoluição sonora
Poluição sonora
 
Aula 4 - Higiene e Segurança do Trabalho
Aula 4 - Higiene e Segurança do Trabalho Aula 4 - Higiene e Segurança do Trabalho
Aula 4 - Higiene e Segurança do Trabalho
 
10 - NR 15.pdf
10 - NR 15.pdf10 - NR 15.pdf
10 - NR 15.pdf
 
Trabalho Higiene III - NHO01 (FINALIZADO).pptx
Trabalho Higiene III - NHO01 (FINALIZADO).pptxTrabalho Higiene III - NHO01 (FINALIZADO).pptx
Trabalho Higiene III - NHO01 (FINALIZADO).pptx
 
Medição ruido-de-impressoras-de-impacto
Medição ruido-de-impressoras-de-impactoMedição ruido-de-impressoras-de-impacto
Medição ruido-de-impressoras-de-impacto
 
PPRA2008081407081210
PPRA2008081407081210PPRA2008081407081210
PPRA2008081407081210
 
Nho01 tec trabalho livro
Nho01 tec trabalho livroNho01 tec trabalho livro
Nho01 tec trabalho livro
 

Mehr von Fernanda Checchinato (20)

Via jovem
Via jovemVia jovem
Via jovem
 
Valas tacitano
Valas tacitanoValas tacitano
Valas tacitano
 
V10n2a08
V10n2a08V10n2a08
V10n2a08
 
Soldas godoy
Soldas godoySoldas godoy
Soldas godoy
 
Sinaliza godoy
Sinaliza godoySinaliza godoy
Sinaliza godoy
 
Saude noeli
Saude noeliSaude noeli
Saude noeli
 
Saude do trabalhador
Saude do trabalhadorSaude do trabalhador
Saude do trabalhador
 
Sala326
Sala326Sala326
Sala326
 
Ruidos cdkatia70
Ruidos cdkatia70Ruidos cdkatia70
Ruidos cdkatia70
 
Ruido picador
Ruido picadorRuido picador
Ruido picador
 
Ruido conrado (2)
Ruido conrado (2)Ruido conrado (2)
Ruido conrado (2)
 
Ruido avila (1)
Ruido avila (1)Ruido avila (1)
Ruido avila (1)
 
Ruido areli-sagarnaga
Ruido areli-sagarnagaRuido areli-sagarnaga
Ruido areli-sagarnaga
 
Regras
RegrasRegras
Regras
 
Reconhecimento e avaliação das exposições a ruído katita
Reconhecimento e avaliação das exposições a ruído katitaReconhecimento e avaliação das exposições a ruído katita
Reconhecimento e avaliação das exposições a ruído katita
 
Rbso 111 volume_30
Rbso 111 volume_30Rbso 111 volume_30
Rbso 111 volume_30
 
Rbso 119 alterações auditivas
Rbso 119 alterações auditivasRbso 119 alterações auditivas
Rbso 119 alterações auditivas
 
Radiografias fundacentro
Radiografias fundacentroRadiografias fundacentro
Radiografias fundacentro
 
Protecao henrique
Protecao henriqueProtecao henrique
Protecao henrique
 
Programa controle riscos
Programa controle riscosPrograma controle riscos
Programa controle riscos
 

Prevenção do ruído laboral: legislação e medidas de controle

  • 1. COMUNICAÇÕES TÉCNICAS VISA.com12 XII . 1 MARÇO DE 2002 “O RUÍDO LABORAL E A SUA PREVENÇÃO” Humberto J. P. Guerreiro Engenheiro de Minas INTRODUÇÃO O ruído é um dos agentes físicos que gera mais incomodidade. É responsável por conflitos entre pessoas, entre pessoas e empresas, e por causar problemas de saúde a quem lhe está exposto. Podendo em casos mais extremos, muito comuns, causar surdez. O ruído gerado nos locais de trabalho, denominado ruído laboral (ou industrial), gera muitas vezes problemas de saúde e em muitos casos, mais do que seria desejado, causa a surdez profissional. Em Portugal o número de trabalhadores identificados com doenças profissionais é bastante elevado, sendo a surdez profissional uma das doenças profissionais mais frequentes, embora nem sempre fácil de diagnosticar. A dificuldade no diagnóstico prende-se com a falta de provas que comprovem a exposição do trabalhador a níveis de ruído elevado no trabalho e que a sua surdez não se deve a outros tipos de ruído (não originados pelo trabalho). DEFINIÇÃO O ruído pode ser definido como um conjunto de sons desagradáveis e frequentemente irritantes. Para além de um determinado nível torna-se incómodo, sendo um obstáculo à comunicação e contribui para o aumento da fadiga, podendo provocar alterações no sistema nervoso e mesmo traumatismos auditivos. LEGISLAÇÃO Com o objectivo de prevenir o aparecimento da surdez profissional e de manter registos do historial da exposição de cada trabalhador ao ruído durante o trabalho, existe no nosso país legislação específica em vigor, nomeadamente, o Decreto-lei n.º 72/92, de 28 de Abril, que estabelece o quadro geral de protecção dos trabalhadores contra os riscos decorrentes da exposição ao ruído durante o trabalho, e o Decreto regulamentar n.º 9/92, também de 28 de Abril, que define as normas relativas à protecção dos trabalhadores contra os riscos decorrentes da exposição ao ruído durante o trabalho. Os referidos diplomas estabelecem que o nível de acção da "exposição pessoal diária de um trabalhador ao ruído durante o trabalho" é igual a 85 dB(A), valor a partir do qual o trabalhador já sofre perturbações devido ao ruído, e que o valor limite da "exposição pessoal diária de um trabalhador ao ruído durante o trabalho" é igual a 90 dB(A), o que significa que a partir deste nível o trabalhador já incorre no risco de surdez profissional. Por sua vez o valor máximo do pico de nível de pressão sonora não pode exceder os 140 dB. As empresas que possuam postos de trabalho com níveis de ruído iguais ou superiores a 85 dB(A) devem realizar avaliações com periodicidade mínima anual. Das avaliações resultam os registos dos valores da exposição pessoal diária de cada trabalhador ao ruído (Lep,d) e o valor máximo de pico de ruído (MaxLpico). Com base nos valores obtidos são recomendadas medidas de prevenção capazes de minimizar os riscos gerados pelo ruído. Para os trabalhadores com níveis de exposição pessoal diária superior a 85 dB(A) são preenchidos quadros individuais de avaliação de exposição pessoal diária de cada trabalhador ao ruído durante o trabalho (Figura 1). Esses quadros são posteriormente assinados pelos trabalhadores e pela empresa, ficando o trabalhador com uma cópia, a qual serve de prova da exposição do mesmo a ambientes ruidosos durante o trabalho.
  • 2. COMUNICAÇÕES TÉCNICAS VISA.com12 XII . 2 MARÇO DE 2002 Figura 1- Modelo do quadro individual de avaliação da exposição pessoal diária de cada trabalhador ao ruído durante o trabalho. PRINCIPAIS CAUSAS Na indústria extractiva e transformadora afim, existe um conjunto de máquinas pertencentes ao processo produtivo que se mostram muito ruidosas, como sejam o recurso a escavadoras giratórias equipadas com martelos hidráulicos, o uso de martelos pneumáticos, as britadeiras, os moinhos, as quedas de pedra dos tapetes, os engenhos de serragem, as máquinas de corte de pedra, etc.. Com o passar dos tempos as tecnologias têm vindo a melhorar os seus níveis de emissão de ruído e a tendência será para que tais níveis continuem a baixar. Apesar disso continuam a existir, actualmente, tecnologias bastante ruídosas (e.g. máquinas de corte de pedra) para as quais ainda não existem soluções acústicas viáveis. PARÂMETROS A intensidade das vibrações sonoras ou as variações de pressão que lhe estão associadas, são denominadas de pressão sonora, e exprime- se em Pascal (N/m2). O ouvido não responde linearmente aos estímulos provocados pelo ruído, mas sim logaritmicamente. Como é mais confortável trabalhar em escalas lineares, e uma vez que com a pressão sonora teríamos que trabalhar em escalas logarítmicas, foi encontrada uma unidade que permite esta conversão, que se chama décibel (dB) O décibel é o logaritmo da razão entre o valor medido e um valor de referência padronizado e corresponde à mais pequena variação de pressão sonora que o ouvido humano normal pode distinguir nas condições normais de audição. Na figura seguinte é apresentada uma analogia interessante dos vários níveis de ruído. Figura 2 - Pressão sonora e nível de pressão sonora (fonte: Bruel & Kjaer).
  • 3. COMUNICAÇÕES TÉCNICAS VISA.com12 XII . 3 MARÇO DE 2002 Quando se realizam avaliações de ruído aos postos de trabalho utiliza-se uma malha de ponderação que corresponde à resposta do ouvido humano ao ruído. Essa malha de ponderação é denominada de A. Assim, nas medições efectuadas com essa malha de ponderação, os valores medidos vêm expressos em dB(A). TRANSMISSÃO DO RUÍDO O ruído é transmitido ao ouvido através de ondas sonoras que se propagam no ouvido externo em meio aéreo e se transmitem ao ouvido interno por meio de vibrações dos ossículos nele existentes, propagando-se posteriormente em meio líquido no ouvido interno. A partir deste os sinais são transmitidos ao cérebro e descodificados, provocando todas as sensações auditivas. Em virtude da estrutura do nosso aparelho auditivo e das características do sistema nervoso relacionado com a audição, reagimos de modo diverso aos sons de diferentes frequências, não obstante um mesmo nível de pressão sonora. Na Figura 3 é possível visualizar o comportamento do ouvido humano em teores de audibilidade e em função da frequência (Hz) e do nível de pressão sonora (dB). Do gráfico apresentado verifica-se que a maior sensibilidade auditiva se situa entre os 250 Hz e os 5000 Hz. Relativamente às perdas de audição causadas pela exposição ao ruído, estas são função da frequência, da intensidade do ruído e do tempo de exposição. AVALIAÇÃO DO RUÍDO A legislação em vigor exige a avaliação de ruído nos locais de trabalho, uma vez que níveis elevados deste agente resultam em danos para o corpo humano. Deste modo, as medições têm como objectivos mais frequentes os seguintes : a) Determinar se os níveis sonoros são susceptíveis de provocar danos auditivos ou deterioração de ambiente; b) Determinar o nível sonoro dos equipamentos; c) Obter dados para diagnósticos (e.g. planos para redução do ruído). Figura 3 - Representação gráfica das linhas isofónicas normais para sons puros (fonte: Miguel, A. S., 1995). Para realizar as medições de ruído utilizam-se aparelhos denominados de sonómetros, os quais são colocados perto do trabalhador. Estes equipamentos são utilizados para medições em postos de trabalho fixos. Os dosímetros são aparelhos de bolso que se usam quando a exposição ao ruído é variável, isto é, quando os trabalhadores têm postos de trabalho móveis, como é o caso dos encarregados, pois permite uma aplicação pessoal. Na Figura 4 é possível observar a fotografia de um sonómetro e de um dosímetro.
  • 4. COMUNICAÇÕES TÉCNICAS VISA.com12 XII . 4 MARÇO DE 2002 Sonómetro Dosímetro Figura 4 - Ilustração de um dosímetro e de um sonómetro. CONSEQUÊNCIAS Os danos do ruído no homem podem ser divididos em fisiológicos e psicológicos. Assim, o ruído pode lesar não só o sistema auditivo, mas também as diferentes funções orgânicas, podendo provocar ao ser humano os seguintes sintomas: ? Perda de audição ? Surdez (longo prazo) ? Distúrbios gastrointestinais ? Afectação do sistema nervoso central ? Aceleração do pulso ? Elevação da pulsação ? Contracção dos vasos sanguíneos ? Contracção dos músculos do estômago ? Alteração do equilíbrio psicológico PREVENÇÃO E CONTROLO Para minimizar os riscos associados ao ruído podem, e devem, ser adoptadas medidas de prevenção e controlo deste agente. Essas medidas podem ser de vários tipos: a) Medidas Técnicas - Processos de fabrico menos ruidosos; - Redução do ruído nas máquinas; - Aplicação de blindagens acústicas. b) Medidas Acústicas - Materiais absorventes nas paredes; - Paredes anti-ruído; - Isolamento contra os sons sólidos. c) Medidas Organizacionais - Separação dos postos de trabalho ruidosos; - Limitar o tempo de exposição ao ruído; - Avaliações periódicas de ruído. d) Medidas Gerais - Informar e sensibilizar os trabalhadores; - Sinalizar as zonas ruidosas; - Limitar o acesso às zonas ruidosas; - Vigilância audiométrica dos trabalhadores. d) Medidas de Protecção Individual - Uso de protectores auriculares adequados. O uso de protecção auricular, ou seja, o recurso a uma medida de protecção individual, só deve ser equacionada em último caso, quando não é viável a adopção de uma medida de protecção colectiva (e.g. blindagem, lubrificação da máquina, etc.), uma vez que traz desconforto ao trabalhador, podendo originar outros riscos profissionais. Todos os postos de trabalho sujeitos a valores de ruído iguais ou superiores a 85 dB(A) devem possuir protecções auriculares adequadas (definidas com base em avaliações de ruído), fornecidas pela empresa. No caso dos valores de exposição pessoal diária ao ruído superar os 90 dB(A) é obrigatório o uso de protecção, sendo
  • 5. COMUNICAÇÕES TÉCNICAS VISA.com12 XII . 5 MARÇO DE 2002 punida com coima a não utilização dos protectores auriculares. CONCLUSÕES A presença de ruído numa empresa deverá ser encarada como um problema a solucionar. Será importante que as empresas, através das suas administrações, estejam sensibilizadas para os riscos que a exposição ao ruído pode trazer, quer para os seus funcionários (mau estar), quer para as suas famílias (conflitos familiares), quer para a empresa (diminuição da produtividade e acidentes), quer, ainda, para o país (custos). A adopção de políticas de prevenção do ruído e o cumprimento da legislação vigente, através da realização de avaliações periódicas, da sensibilização e protecção adequada dos trabalhadores e da sujeição destes aos exames audiométricos, são fundamentais para combater este factor de risco. Actuando correctamente e em consciência, nesta matéria, proporcionam-se melhores condições de trabalho e incrementa-se a qualidade de vida das pessoas. BIBLIOGRAFIA DECRETO-LEI N.º 72/92, de 28 de Abril – Estabelece o Quadro Geral de Protecção dos Trabalhadores contra os Riscos decorrentes da Exposição ao Ruído durante o Trabalho. DECRETO-REGULAMENTAR N.º 9/92, de 28 de Abril – Estabelece as Normas relativas à Protecção dos Trabalhadores contra os Riscos Decorrentes da Exposição ao Ruído durante o Trabalho. GUERREIRO, H., et al. (1998) - “Manual de Prevenção – Sector das Pedras Naturais” . Ed. Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho (IDICT). Junho de 1998, Lisboa. MACEDO, R. (1988) - “Manual de Higiene do Trabalho na Indústria”. Ed. por Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa. MIGUEL, A. S. (1995) - “Manual de Higiene e Segurança no Trabalho”. Ed. por Porto Editora, Lda. 3ª Edição. Porto.