Este documento resume estudos iniciais sobre a depressão conduzidos por Beck que levaram ao desenvolvimento da teoria cognitiva. Os estudos mostraram que pacientes deprimidos tinham autoconceitos baixos, distorções cognitivas com temas de baixa autoestima e desejos de fuga, mas seu desempenho em testes era similar a não deprimidos. Isso levou Beck a focar nos processos cognitivos distorcidos em vez de motivações inconscientes, dando origem à terapia cognitiva.
2. Estudos Psicológicos – Testes da Teoria Psicanalítica
“Este capítulo resume uma seleção dos primeiros
estudos psicológicos da depressão (...) Os estudos aqui
incluídos são aqueles, constantes na primeira edição,
que possuem ligação conceitual com a investigação
sistemática de depressão empreendida por Beck e que
levaram diretamente ao desenvolvimento da teoria
cognitiva (p. 150).
3. Desempenho psicomotor
Estudos de Beck – Amostra de 178 pacientes
psiquiátricos, submetidos a testes de dígito-símbolo e
de vocabulário.
“Em resumo, embora os pacientes deprimidos
tendessem a reclamar de ineficiências cognitivas, eles
se saíram tão bem nas situais de teste quanto pacientes
não deprimidos” (p. 151).
4. Distorção do julgamento temporal
“Muitos autores descreveram uma distorção na percepção
de tempo nos transtornos afetivos. Os existencialistas em
especial discorreram sobre a relevância da distorção de
tempo para a experiência existencial do paciente (cap 11)”
(...) Os autores constataram que cerca de três quartos dos
pacientes achavam que o tempo estava passando mais
devagar do que o normal, e essa sensação tendia a
desaparecer na recuperação” (p. 152).
5. Autoconceito
Teste de autoconceito por Beck e Stein: avaliação de
características como aparência, inteligência, atração sexual,
egoísmo e crueldade.
“Este estudo indicou que pacientes deprimidos tendiam a
dar a si mesmos notas baixas em traços socialmente
desejáveis e notas altas em traços indesejáveis. Concluímos
que o autoconceito é baixo em pacientes deprimidos
comparados com pacientes não-deprimidos” (p. 155).
6. Desempenho
Estudos realizados por Laxer indicaram que os
pacientes deprimidos subestimam sua capacidade de
real desempenho e que a inércia na depressão está
relacionada mais à falta de motivação do que a inibição
fisiológica
7. Investigação Sistemática da Depressão por Beck
-Começo das pesquisas com Abraham, em 1911.
-“A literatura psiquiátrica inicial contêm uma ampla
variedade de teorias da depressão incluindo maior
oralidade, hostilidade irrefletida e necessidade de
manipulação de pessoas importantes no ambiente” (p.
156).
8. Investigação Sistemática da Depressão por Beck
-Estudos de Beck – pouca investigação anterior sobre
as hipóteses. Além disso, as explicações das causas da
depressão também eram utilizadas para outros
transtornos. Por exemplo, oralidade seria uma possível
causa tanto para alcoolismo como esquizofrenia.
-Hipóteses com a de Freud em Luto e Melancolia são
complicadas de serem testadas.
9. Investigação Sistemática da Depressão por Beck
-Para Beck, havia a necessidade de:
-1) isolar uma determinada constelação ou construto
que seja específico da depressão
-2) Desenvolver métodos para testar as hipóteses no
material clínico.
10. Investigação Sistemática da Depressão por Beck
Estudo 1) Soldados deprimidos depois de terem
matado acidentalmente um colega
Hipótese: tendência de autopunição observável nos
sonhos. Para Freud, o sonho seria a realização de um
desejo. Para Beck, os sonhos de pacientes deprimidos
seriam a realização de um desejo de sofrer (já no
conteúdo manifesto).
11. Referencial teórico para Beck neste momento:
1) Hostilidade inversa: “os pacientes estão
basicamente com raiva de outra pessoa (o objeto
amoroso perdido) mas voltam sua raiva contra si
mesmos
2) A necessidade de sofrer poderia ser vista como uma
expressão direta das tendências de autopunição
12. Referencial teórico para Beck neste momento:
1) Hostilidade inversa: “os pacientes estão basicamente
com raiva de outra pessoa (o objeto amoroso perdido)
mas voltam sua raiva contra si mesmos
2) A necessidade de sofrer poderia ser vista como uma
expressão direta das tendências de autopunição. Na
medida em que algo foi feito contra o seu código moral
(superego) ou há um desejo inaceitável, há culpa. A
culpa leva ao desejo de se punir.
13. Problemas:
-De provar a hostilidade inversa
-De provar a culpa
-Outro problema teórico era comprovar que o sonho é
a realização de um desejo. Como não se pode provar
isto, a teoria se sustenta sob uma base incerta.
14. “Com o enfoque do material em termos da percepção
que os pacientes tinham de si mesmos e da realidade
externa, a ênfase gradualmente mudou de um modelo
motivacional inconsciente para um modelo cognitivo”
(p. 158).
Apesar da mudança, ficou comprovado que os
pacientes deprimidos apresentam maior frequência de
sonhos negativos do que pacientes não deprimidos.
15. Surge, então, um novo objetivo:
-Desenvolvimento de um inventário para mediar a
depressão (e servir de auxílio ao diagnóstico).
-Hipótese seguinte:
-Nos materiais cognitivos (sonhos e outras produções
ideacionais), respostas a testes e situações controladas de
estresse, existe uma associação significativa entre padrões
autoderrotistas e depressão?
16. Mudança teórica:
-Do sonho do depressivo como necessidade de sofrer para
“o sonho como uma manifestação do autoconceito
distorcido do indivíduo, interpretação negativa da
experiência e expectativas desagradáveis” (p. 160).
- Estudos seguintes: padrões de sonhos, testes de
autoconceito, de desempenho, primeiras recordações da
infância, de fantasia focalizada, de inventário negativo e
levantamento da perda paterna e/ou materna antes dos 16
anos.
17. Distorções cognitivas – Uma segunda fase de estudos
Objetivo: determinar a natureza dos processos de
pensamento dos pacientes deprimidos:
1) Conteúdo de pensamento verbalizado que indica
conceptualizações distorcidas irrealistas;
2) Processos envolvidos nos desvios do pensamento lógico
ou realista
3) Características formais da ideação que mostram tais
desvios;
4) Relação entre as distorções cognitivas e os afetos
característicos da depressão
18. Distorções cognitivas – Uma segunda fase de estudos
Resultados: a depressão caracterizava-se por temas de
baixa autoestima, autorrecriminação,
responsabilidades opressivas e desejos de fuga; estado
de ansiedade por temas de perigo pessoal; estado
hipomaníaco por temas de autoengrandecimento;
estado paranoide hostil por temas de acusações contra
os outros.
19. Distorções cognitivas – Uma segunda fase de estudos
Resultados: “a ideação de pacientes deprimidos diferia
da ideação dos não deprimidos na proeminência de
alguns temas típicos, isto é, baixa autoavaliação, ideias
de privação, exagero de problemas e dificuldades,
autocrítica e autocomandos e desejos de fugir ou
morrer” (p. 182).
20. Distorções cognitivas – Uma segunda fase de estudos
Epílogo:
“Os estudos abordados sintetizam os testes originais de
Beck da teoria freudiana. Eles são mais ligados ao
desenvolvimento inicial da teoria cognitiva da
depressão. Como articulada nos capítulos a seguir, a
‘descoberta anômala’ dos estudos dos sonhos por fim
gerou um novo sistema de tratamento, a terapia
cognitiva (p. 182).