1) Uma mulher chamada Arlete fabrica vassouras de palha de carnaúba para gerar renda extra para sua família, seguindo o exemplo de sua mãe. 2) A fabricação é feita de forma manual e artesanal, porém é perigosa durante a colheita das palhas. 3) O programa Uma Terra e Duas Águas vai trazer água para a comunidade, permitindo que Arlete e sua família expandam a produção de hortaliças.
1. Palha da carnaúba vira fonte
de renda alternativa
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 7 • nº1164
Junho/2013
Acopiara - CE
Em quase todo o sertão nordestino ainda podemos notar principalmente em regiões
mais isoladas, a preservação da cultura dos povos mais antigos. E na comunidade Areia
dos Guedes a 17 quilômetros de Acopiara - CE não podia ser diferente.
A comunidade ainda cultiva a mandioca para fazer a farinha nos moinhos manuais e na
época da colheita todos se mobilizam no chamado tempo da farinhada, chegando a
durar semanas, todo aquele processo de colher, descascar, triturar e torrar a mandioca
para fazer a farinha e a goma. “É uma grande festa ver todo aquele povo unido e
acordando a velha e quase centenária casa de farinha da
comunidade”, diz um morador da região. Chegando ao local
a sensação é de voltarmos no tempo e de vivenciar algo que
só conhecíamos nos livros da história do Brasil. É algo lindo
e marcante para quem visita a velha casa de farinha e não
pertence aquela cultura.
Porém como a produção da mandioca não é anual, muitos
agricultores precisam realizar outras atividades para suprir as
necessidades de suas famílias nos meses onde a
farinhada não ocorre e Arlete é uma delas. Conta
e l a , que 30 anos atrás, sua mãe, Dona
Maria Salete, percebeu que na
comunidade existia uma vasta
quantidade de carnaubeiras
tendo ela, a idéia de começar a
confeccionar a conhecida
vassoura da palha de carnaúba,
para aproveitar aquela Matéria-
prima que até então, não tinha
nenhuma serventia para aquele
povo.
Ela conta que sua mãe fabricava as
vassouras até pouco tempo atrás, mas
devido ao cansaço, foi diminuindo a produção
até encerrar definitivamente a confecção das tão
famosas vassouras. Assim, para manter a cultura
de sua família e ainda acrescentar uma renda
extra em sua casa, Artele resolveu continuar a
produção das vassouras.
2. Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Ceará
Realização Apoio
E como já esperado, os clientes continuaram Fiéis. Arlete
vende as vassouras nos distritos vizinhos para pequenos
mercadinhos e tira uma renda extra que já tem destino certo
para o sustento da família.
O processo de fabricação é todo manual. Arlete acorda cedo
para cortar as palhas e essa primeira etapa torna-se um
processo muito perigoso, pois como a palha da carnaúba é
bem alta, é preciso um gancho de ferro fixado em uma longa
vara para poder puxá-la e quando a palha é cortada com esse
gancho, ela desce pontiaguda e com muita velocidade,
podendo atingir a pessoa que está embaixo realizando o
serviço.Alguns casos de pessoas que se feriram gravemente
já foram registrados na região.
Arlete lembra que para manter a espécie é preciso deixar
sempre as palhas do centro da carnaubeira, para que ela
venha a brotar novamente e meses depois possam ser
reutilizadas e colhidas.
Após o corte, os espinhos são retirados ali mesmo no local e as palhas são levadas para a
residência onde vão passar por um processo de secagem para só então começar a etapa
artesanal da confecção das vassouras.
Cada vassoura leva no máximo cinco minutos para ser produzida sendo vendia a R$ 1,50 a
unidade. Em quantidades acima de cinqüenta unidades o valor diminui para R$ 1,00 a unidade.
Arlete também cultiva algumas verduras em seu quintal. Ela utiliza o sistema de canteiros
suspensos e produz alface, cebolinha, coentro e pimentão. Na propriedade também
encontramos uma pequena área com feijão e mandioca.Tudo para o próprio consumo da família.
Arlete conta que não produz uma quantidade maior pelo simples fato de não possuir água
suficiente para a produção, mas como ela e muitos de sua comunidade acabam de ser
beneficiados esse ano de 2013 no Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da Articulação
Semiárido Brasileiro (ASA) a expectativa de dias melhores tomou conta daquele povo. Todos
estão muito ansiosos com a chegada do projeto e já fazem planos para o próximo ano.
“Vou plantar feijão até onde não der mais, também vou fazer um monte de canteiros e vou plantar
minhas verduras”, diz Nilson , irmão deArlete.