1. Pedágio nas rodovias: quem diria que o estado burguês e o
capitalismo dito pós-moderno utilizam práticas feudais...
Na Idade Média com os territórios divididos em feudos, os senhores feudais
estabeleciam a cobrança de pedágio a quem quisesse utilizar as estradas que
passavam nas suas propriedades, o que encarecia os produtos e
desestimulava a prática comercial. O incremento da economia foi uma das
bandeiras das revoluções burguesas que puseram fim ao Absolutismo e aos
resquícios do Feudalismo.
Hoje, durante a chamada terceira revolução industrial e o capitalismo na fase
neoliberal ou rentista, em nome do pragmatismo, da utilização do estado para
fins privados e do lucro fácil, institutos antiquados, medievais da chamada “era
das trevas”, são ressuscitados.
É o que podemos dizer da privatização das rodovias. O estado assume
publicamente a incompetência de administrar as vias terrestres e em nome da
falta de recursos as transfere para os modernos senhores feudais que ficarão
encarregados de cobrar os modernos pedágios, encarecendo produtos e
serviços, além de atacar contra a própria liberdade de ir e vir, condicionada a
quem pode pagar para circular pelas vias privatizadas.
Na última eleição onde a bandeira da privatização foi duramente derrotada,
nenhum candidato a governador atreveu-se a defender a privatização de
rodovias, e, certamente se o fizesse, o outro teria utilizado de forma pejorativa.
Agora, passados apenas três meses de governo, o secretário de infra-estrutura
do governo Wagner anuncia a privatização de três rodovias, dentre elas, a
Ilhéus/Itabuna, uma estrada de rodagem que se transformou em uma
verdadeira avenida entre as duas cidades mais importantes do sul da Bahia e
que provocará imensos impactos na vida de trabalhadores, estudantes,
empresários e turistas, inclusive àqueles humildes que de quando em quando
organizam um especial e por força da necessidade levam também as sua
farofa e o seu isopor de cerveja gelada para as praias de Ilhéus.
O povo brasileiro, historicamente utilizado como massa de manobra da
burguesia e da pequena burguesia, não tem culpa das decisões incorretas
tomadas no passado, principalmente quando o Brasil optou pelo transporte
rodoviário em larga escala, abrindo mão das ferrovias, hidrovias e da
navegação de cabotagem.
Diante deste verdadeiro desrespeito ao povo grapiúna, cabe uma mobilização
ampla de todos os movimentos e segmentos políticos, comprometidos
realmente com os interesses das “terras do sem fim” pela recuperação
completa da rodovia Ilhéus/Itabuna, inclusive com um projeto paisagístico que
valorize ainda mais este nosso cartão postal, tendo em vista que a urbanização
desordenada está poluindo visualmente as suas margens.
Vamos à luta!
Jorge Barbosa, presidente do Sindicato dos Bancários de Itabuna e Região