O documento discute a falta de debate aberto e democracia participativa em Portugal. Afirma que sem uma "rebelião de massas" informada, dificilmente haverá mudanças políticas significativas capazes de enfrentar os problemas atuais. Defende mais questionamento e participação cívica em vez de resignação.
1. Facebook _ Debates recentes_ a propósito de caciquismo e
da (des)concertação social (17-18 de jan. de 2012)
Elisio Estanque
(DES)Concertação: O nervosismo do Dr João Proença, ao lado de Passos Coelho (talvez
depois de um pesadelo onde lhe apareceu Angela Merkel toda desgrenhada, a descer de
uma vassoura e a tentar abraçá-lo...) deixou cair a caneta e apagou-se a luz... Realmente, o
guião já está escrito (já se sabe por quem) e a escuridão é o que nos espera durante um
futuro longo, demasiado longo. A UGT tornou-se a metáfora do país: uma concertação a
fingir, um programa já escrito e uma asfixiante falta de luz ao fundo túnel...
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o
o João Carlos Rodrigues Branco, Gil Ferreira, João Francisco e 11 outras pessoas
gostam disto.
o
Óscar Lourenço Falta de luz ao fundo do túnel? Eu diria que há uma luz
muito brilhante ao fundo do túnel, e vem a grande velocidade!
há 6 horas · Gosto · 1
João Carlos Rodrigues Branco e um amen a acordos que já estão
preparados de antecedência à sua apresentação a órgãos de discussão
social. arriscar-me ia a dizer o que um amigo meu me disse: joão proença,
comido de cebolada. concertação social? mais me parece o movimento dos
alinhados.
há 29 minutos · Gosto
Elisio Estanque
2. A minha luta é para que: em vez de "caciquismo" haja mais ideias; em vez de manipulação
mais debate aberto; em vez de resignação, mais busca de informação; em vez de medo ou
idolatria, mais questionamento e ousadia; em vez de ambição ou desejo de protagonismo
pessoal, mais aposta no bem-estar da comunidade; em vez de consumismo/ alienação, mais
solidariedade; em vez de tecnocracia, mais reflexão política; em vez de ignorância, mais
conhecimento; em vez de populismo mais democracia. E se estes princípios estivessem
presentes no seio das associações, das "jotas", dos partidos e das instituições; e se nas
estruturas organizadas (todas elas) houvesse uma genuina vontade de as voltar para fora,
para irem ao encontro das comunidades e da sociedade mais geral, certamentente que
teriamos uma juventude mais consciente, mais informada e politicamente activa; e,
portanto, em melhores condições de lutar por uma sociedade (Portugal e Europa) e um
mundo melhores, mais coesos e mais solidários. Não se trata de procurar o "culpado", mas
apenas de aprender com os erros e a experiência colectiva (e histórica). O mercantilismo e o
neoliberalismo conduziram-nos a isto e a social-democracia, infelizmente, esqueceu o seu
velho legado, não se actualizou e não tem sido capaz de romper com esse paradigma.
Duvido que os actuais partidos consigam (ou queiram) dar a volta a isto. Tenho a profunda
convicção de que jamais o farão sem uma rebelião de massas mais generalizada e
ideologicamente informada. Espero, portanto, que, apesar de tudo, a juventude actual --
organizada -- saiba "virar a agulha" e afastar-se do carreirismo que a vem aliciando; e que
a juventude não organizada que comece a organizar-se e a mostrar o seu potencial criativo e
de irreverência. (um dias destes vou escrever sobre lideranças e renovação das elites...).
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o 6 partilhas
o
António Viriato Caro Elísio : Rebelião de massas, com ou sem ideologia a
esclarecê-la é coisa pouco provável, hoje como ontem. Mais depressa acreditaria
numa acção concertada de elites verdadeiras, no saber, na competência técnica,
na ética e no carácter, capazes de suscitar o apoio dessas mesmas massas. Mas
primeiro haveria que encontrá-las, a essas elites, ou formá-las e esperar que o seu
comportamento criasse adeptos, para depois aspirar à mudança. Isto exige tempo
e paciência, coisas que vão escasseando... Perigosamente, diria. Um abraço.
há 17 horas · Gosto
Marcelo Nuno Gonçalves Pereira Subscrevo inteiramente até à parte em que
parece que a democracia se faz na rua! Os partidos políticos são essenciais à
democracias, porque é neles que esta assenta. A participação cívica dos cidadãos
é fundamental, incluindo a que se expressa “na rua”. Mas a democracia não pode
3. assentar nos movimentos de rua, sob pena de a substituirmos pela anarquia.
O caminho só pode ser o da requalificação dos partidos, abrindo-os à
participação dos cidadãos sob as mais diversas formas. Fazer com que, como diz
no seu post, se preocupem mais com o que se passa à sua volta e que tenham
capacidade para liderar uma sociedade cada vez mais perdida no turbilhão de
acontecimentos que a estão a mudar de forma tão profunda e “inesperada”.
O repensar do papel dos partidos e das suas lideranças é uma das principais
preocupações que temos que trazer para dentro dos partidos e que, no caso do
PSD, dão razão de ser à moção que, em Coimbra, estamos a preparar. É o mote
de um conjunto de conversas/conferências/debates que estamos a organizar com
personalidades nem sempre “alinhadas” com os partidos e, em especial, com o
meu, mas que nos ajudam a pensar melhor a mudança do “paradigma social” e,
sobretudo, o nosso papel nesse contexto.
Em todo o caso, reafirmo: importa requalificar os partidos, melhorá-los na sua
forma de proceder, de pensar, de actuar em função do interesse colectivo. Não
abandoná-los à sua sorte e à crescente desqualificação dos seus “activos” e da sua
intervenção cívica.
há 8 horas · Gosto · 2
Elisio Estanque António: o problema é que as elites não caem do céu. o que tu
chamas elites eu chamo intelectuais; porque são sobretudo estes que, se estiverem
atentos aos processos de mudança (que se constroem a partir do
descontentamento e do protesto) e neles intervierem activamente, poderão colher
aí a inspiração para traçar os caminhos da mudança numa perspectiva
progressista. Porém, a transformação social e cultural, ou seja, das mentalidades,
dos valores e dos comportamentos, não se desenha na paz dos deuses de um
qualquer gabinete, para depois se apresentar ao povo. Também não defendo que a
solução seja "a rua" em si mesma. Simplesmente acredito que sem rebelião e
indignação (a noção de «massas» já não tem o mesmo sentido de há 4 décadas...)
não haverá pensamento novo, ou seja, renovação das elites. Precisamos de novas
elites, sim. Mas para serem «novas» terão, primeiro, de ocorrer rupturas sociais.
E estas não serão certamente promovidas pelas actuais elites, já que, a sua visão
raramente sai dos parâmetros do seu próprio «elitismo». Sempre foi assim na
história: é o descontentamento e as revoluções (ou as reformas) que obrigam à
mudança. E as revoluções surgem quando as instituições reformistas (inclusive
os partidos) deixam de ser capazes de cumprir esse papel, prisioneiros de
interesses e oligarquias instaladas. Por isso, a pressão para a mudança só pode vir
da RUA!! (protestos, petições, debate público, abaixo-assinados, manifestações,
denuncias das ilegalidades, democracia participativa, projectos alternativos, etc.,
etc., é isto que chamo «rua»).
há 7 horas · Gosto
4. Elisio Estanque
Resposta ao Marcelo Nuno (comentário seu em baixo, onde argumenta em favor dos partidos, da
sua renovação e abertura, referindo os debates que estão a preparar no PSD):
Caro Marcelo, dou-lhe inteira razão no que se refere à defesa dos partidos em democracia. No
abstrato isso é inegável e qualquer democrata o subscreve. Também concordo consigo quanto à
necessidade de mais debate interno e mais abertura à sociedade. Mas estou convencido que os vícios
instalados são já demasiado poderosos para que isso tenha consequências significativas. Vejamos:
Como escrevi em comentário anterior (em resposta ao António), não defendo que "a rua" seja uma
solução em si mesma. O problema é que eu, pessoalmente, depois de algum beneficio da dúvida,
durante anos, que dei aos partidos..., deixei de acreditar que eles estejam dispostos ou sejam
capazes de proceder às reformas que o Marcelo refere e que eu subscrevo. Também concordo,
naturalmente, com o papel decisivo que os partidos ocupam numa democracia. Não quero
substituir os partidos por uma qualquer "união nacional". Mas se os atuais partidos não forem
capazes de se abrir à sociedade e de mudarem as suas PRÁTICAS (porque o discurso é sempre
muito bonito, claro, mas não bastam as intenções), serão eles próprios -- e não quem avisa e critica
o carreirismo, o caciquismo e o oportunismo reinantes -- que objetivamente estão a criar as
condições para matar a democracia. A democracia participativa deve ser, portanto, um
«complemento» importante para revitalizar a democracia representativa. Isto parece uma coisa
simples, e tem sido um principio facilmente aceite, nas palavras, por muitos dirigentes partidários
(e até repetido há décadas), mas que não tem tido nenhuma tradução concreta na vida interna dos
partidos (em especial dos dois grandes). O que acontece é exatamente o oposto: o aumento do
manobrismo, da fraude, do tráfico de influencias e dos negócios ilegitimos à custa do eleitor... E,
como toda a gente sabe, para que as agendas e intenções de mudança tenham realmente efeito
prático é preciso que haja coerência entre as palavras e os atos. E isso não é nada fácil, como se vê...
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José Pinto Correia, Marcelo Nuno Gonçalves Pereira, Miguel Cardina e 6 outras pessoas
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