José Vieira Jordão, Docente na Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto, foi o convidado do Espaço "Debate à Sexta Feira" da Development Workshop Angola, onde dissertou sobre o tema "Da importância das Cooperativas Agrícolas no Desenvolvimento Rural”. Dentre vários assuntos o Prelector, ao longo da sua apresentação destacou aspectos ligados ao conceito das cooperativas e sua importância para o desenvolvimento comunitário, bem como a importância da Cooperação e Competitividade dentro das cooperativas “Coopetição”. Importa fazer aqui menção que a sua apresentação sobre o assunto foi baseado em exemplos internacionais, baseados na sua experiencia de trabalho na área.
2. 1. DA IMPORTÂNCIA DAS COOPERATIVAS
1. Introdução
2. Conceitos
3. Dos Princípios Cooperativos
4. Objectivos Gerais das Cooperativas
5. Objectivos Específicos das Cooperativas
6. Direitos e Deveres dos Cooperadores
2. COOPERAÇÃO E COMPETITIVIDADE
1. Cooperar para Competir
2. Da vantagem Cooperativa
3. CONCLUSÕES
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3. A Cooperação Voluntária e Livre, quando convenientemente
estruturada e prosseguindo objectivos claramente identificados,
◦ pode constituir um instrumento muito válido para ajudar as MPME,
agrícolas ou outras,
a obterem mais facilmente os meios e os serviços necessários ao
aumento e à valorização das suas produções
e a conseguirem melhores Preços para os seus Produtos.
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4. ◦ A Cooperação sob a forma de Cooperativa, propõe-se assim
proporcionar melhores condições económicas, sociais e culturais
aos seus associados,
por meio da acumulação de capital, para aplicação num projecto que assentará
nas disposições legais em vigor e nos sete Princípios Cooperativos (definidos
pela ACI – Aliança Cooperativa Internacional), uns de natureza social e outros
de natureza económica.
◦ Ela pode também constituir um meio para facilitar a participação
efectiva das Comunidades Rurais no Processo de DEMOCRATIZAÇÃO
e para fazer valer os direitos e liberdades dos seus integrantes.
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5. Conceitos de Associação versus Cooperativa:
◦ Associação: Uma organização de pessoas (individuais e/ou colectivas), que se
associam para defender ou reivindicar interesses sociais e/ou profissionais comuns e
procurar através da associação conseguir vantagens ou a solução dos problemas que
os afectam individualmente.
As Associações normalmente não visam a realização de interesses económicos dos sócios mas sim
‘a prossecução de um fim comum sem intuito lucrativo.’
◦ Cooperativa: Uma organização de pessoas (individuais e/ou colectivas), que se
associam para defender interesses sociais e económicos comuns e procurar através da
união, entreajuda e solidariedade a solução dos problemas que afectam a sua
Comunidade.
Contudo, as Cooperativas partilham com as Associações regras de Funcionamento Democrático interno.
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6. Conceitos de Associação versus Cooperativa:
◦ As palavras cooperativismo, cooperação, cooperativa derivam do verbo
“cooperar” que tem origem no Latim (cooperari) e que quer dizer ‘operar
juntamente’ ou ‘trabalhar em conjunto’.
◦ A COOPERAÇÃO significa, portanto, a união e coordenação dos meios e
esforços de cada indivíduo numa actividade comum, com vista à obtenção de
resultados definidos e aceites por todos os componentes de um Grupo ou de uma
Comunidade.
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7. Conceitos de Associação versus Cooperativa:
◦ A declaração sobre a ‘identidade cooperativa’, produzida pela Aliança Cooperativa
Internacional (ACI), define esta forma de organização como sendo:
◦ ‘Uma associação de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer
aspirações e necessidades económicas, sociais e culturais comuns através de uma
empresa de propriedade comum e gerida democraticamente.’
◦ As Cooperativas baseiam-se assim em valores de ajuda mútua e responsabilidade
própria, de democracia, de igualdade, de equidade e de solidariedade.
◦ Mais ainda, as Cooperativas assumem no quadro actual o estatuto de EMPRESAS,
assumindo-se como Sociedades Comerciais dotadas de personalidade jurídica e com
fundo comum próprio, que se dedicam à prática de comércio.
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8. 1.º - Adesão voluntária e livre.
2.º - Gestão democrática pelos membros.
3.º - Participação económica dos membros.
4.º - Autonomia e independência.
5.º - Educação, formação e informação.
6.º - Intercooperação.
7.º - Da solidariedade ou interesse pela Comunidade.
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11. Fomentar o aproveitamento racional e a valorização das produções
(agrícolas ou outras) dos seus membros;
Contribuir para o desenvolvimento técnico e económico das unidades
produtivas ou explorações agrícolas e/ou pecuárias dos cooperadores;
Contribuir para a defesa dos interesses dos seus membros;
Promover a educação e a formação técnico-profissional dos seus
membros;
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12. O sistema a implantar para a constituição e organização da
Cooperativa tem de funcionar como um meio de superação cultural e
técnica dos seus cooperadores (ajudando-os a incentivar a discussão
dos assuntos da sua organização, dos serviços que esta deve prestar,
etc.).
Proporcionar melhores condições económicas, sociais e culturais aos
seus associados;
Contribuir para o desenvolvimento económico, social e cultural das
Comunidades da área em que se encontram inseridas.
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13. 1. A Cooperativa tem como objecto social «a prestação de serviços»
aos seus membros, em especial serviços de apoio ao desenvolvimento
das actividades (agrícolas ou outras) que estes exerçam.
2. Assim, para a realização do seu objecto social a Cooperativa
deverá, em especial, desenvolver as seguintes actividades ou
Objectivos mais Específicos:
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14. ◦ Facilitar a comercialização das produções dos seus associados. Promover e apoiar
a colocação no mercado dos produtos provenientes das unidades produtivas ou
explorações agrícolas dos seus membros, visando a sua máxima valorização.
◦ Adquirir ou facilitar a aquisição de sementes seleccionadas, plantas, fertilizantes
e outros produtos (insumos ou inputs) com garantia de origem e qualidade
necessários aos seus membros.
◦ Adquirir, para fornecer aos cooperadores inputs, como sejam: fertilizantes,
pesticidas, máquinas e alfaias, material agrícola e tudo o mais que directa ou
indirectamente tenha aplicação nas suas explorações.
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15. ◦ Adquirir, para alugar aos cooperadores, máquinas, alfaias e outros equipamentos
agrícolas necessários ao exercício das suas actividades.
◦ Orientar os seus membros na escolha do tipo de empresa/exploração e das
culturas mais adequadas às necessidades dos mercados e facilitar a assistência
técnica à produção dos cooperadores.
◦ Contrair empréstimos, na Banca ou em outras instituições de crédito, para as suas
actividades ou para os seus associados.
◦ Arrendar, adquirir ou construir os edifícios e armazéns indispensáveis à
realização dos seus objectivos.
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16. ◦ Promover o transporte, em comum, dos produtos dos membros.
◦ Constituir fundo para prestação de crédito mútuo destinado ao financiamento das
actividades agrícolas dos seus membros.
◦ Fornecer aos seus associados, sob a forma de crédito, os meios de produção de
que estes necessitam para prossecução das suas actividades.
◦ Promover a realização de Cursos de Formação técnico-profissional para
capacitação dos seus membros.
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17. ◦ Prestar assistência técnica à produção dos pequenos produtores, para que estes
obtenham maiores produtividades e produções de melhor qualidade e
consequentemente maior rendimento.
◦ Desenvolver projectos de promoção social e de diversificação de culturas.
◦ Proporcionar sistemas alternativos de abastecimento ao meio rural (em bens de
consumo e em ferramentas ou utensílios para a produção).
◦ Divulgar nas Comunidades em que se encontram inseridas informações de natureza
técnica, económica e ambiental de interesse para o desenvolvimento dessas
Comunidades.
◦ Coligar-se com outras Cooperativas formando Uniões, Federações e Confederações
de Cooperativas.
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18. ◦ 1. Direito a beneficiar dos serviços prestados pela Cooperativa, mediante pagamento
desses serviços a preços mais baixos que os praticados no mercado;
◦ 2. Direito a receber a sua parte na repartição de resultados, se os houver, nos termos
legais e estatutários;
◦ 3. Direito a participar e beneficiar das actividades da Cooperativa, em especial utilizar
os bens e serviços da Cooperativa destinados ao uso pelos sócios;
◦ 4. Direito a eleger e ser eleito para os Órgãos Sociais da Cooperativa;
◦ 5. Direito a participar nas reuniões da Assembleia Geral, apresentar propostas, discutir
e votar os pontos constantes da Ordem de Trabalhos, bem como de apresentar
reclamações perante a Assembleia Geral, a Direcção e o Conselho Fiscal;
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19. ◦ 6. Direito a requerer a convocação da Assembleia Geral nos termos definidos nos estatutos e
requerer a convocação judicial da Assembleia no caso de, requerida a convocação nos termos
legais e estatutários, tal não vier a acontecer no prazo de oito dias;
◦ 7. Direito de requerer e receber informações dos Órgãos competentes da Cooperativa, em
especial as necessárias ao exercício dos seus direitos e ao cumprimento das suas obrigações, e
de examinar a escrita e as contas da Cooperativa, nos períodos e nas condições definidas na Lei,
nos estatutos ou, ainda, estabelecidas pela Assembleia Geral;
◦ 8. Direito a apresentar sugestões, reclamações e queixas aos órgãos competentes da
Cooperativa;
◦ 9. Direito de requerer a sua demissão de sócio em qualquer data, após cumprimento, nos termos
legais e estatutários, das suas obrigações para com a Cooperativa;
◦ 10. Direito a impugnar as deliberações da Assembleia Geral contrárias à Lei e aos estatutos, nos
casos neles previstos.
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20. ◦ 1. Contribuir para o capital social da Cooperativa, devendo os sócios fundadores
assegurar a realização do capital mínimo;
◦ 2. Respeitar os Princípios Cooperativos, as Leis, os estatutos e os regulamentos
internos da Cooperativa;
◦ 3. Contribuir para o desenvolvimento e o bom nome e reputação da Cooperativa, em
especial participando nas suas actividades e prestando contas das actividades que
realizar;
◦ 4. Participar nas Assembleias Gerais e nas reuniões dos demais órgãos para que sejam
convocados;
◦ 5. Exercer com diligência, dinamismo e competência, os cargos sociais para os quais
seja eleito, salvo no caso de motivo justificado;
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21. ◦ 6. Não prejudicar a Cooperativa por acção ou omissão, em especial cumprindo estritamente a
Lei e os estatutos, bem como as deliberações validamente adoptadas pelos Órgãos Sociais, e
participando à Direcção todas as infracções de que tiver conhecimento, principalmente as que
afectem a responsabilidade da Cooperativa ou ponham em risco os interesses sociais;
◦ 7. Abster-se de exercer actividades económicas em concorrência com a Cooperativa;
◦ 8. Contribuir para o capital da Cooperativa, em especial efectuando pontualmente os
pagamentos devidos à Cooperativa nos termos legais e estatutários, e cumprir pontualmente as
obrigações decorrentes dos seus contratos com a Cooperativa;
◦ 9. Participar nas perdas, pelo menos até ao limite da sua participação no capital da Cooperativa;
◦ 10. Prestar com verdade, verbalmente ou por escrito, os esclarecimentos pedidos pelos Órgãos
Sociais da Cooperativa e guardar segredo sobre as informações de natureza confidencial cuja
divulgação prejudique a realização dos objectivos da Cooperativa.
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22. Jon Azua (AZUA, J. (2000). Alianza competitiva para la nueva economía.
Empresas, gobiernos y regiones innovadoras. Madrid: McGraw-Hill – Arthur
Andersen) salientava o termo coopetitividade para denominar
uma Estratégia Competitiva para as empresas, construída
sobre dois pilares fundamentais:
◦ a Cooperação
◦ e a Competitividade.
◦ - AZUA, J. (2003). “La clusterización de la actividad económica: concepto,
diseño e innovación. Apuntes para su aplicación en la estrategia competitiva de
Euskadi”. Revista Economiaz, n.º 53, 2.º Cuatrimestre (2003), pp. 222-238.
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23. Por outro lado, do ponto de vista Macroeconómico, a literatura económica
incorporou recentemente o termo e o conceito de Capital Social como fonte
de crescimento.
◦ Assim, os Países ou Regiões com maiores níveis de Capital Social
(resultante da COOPERAÇÃO e da CONFIANÇA entre os indivíduos
e/ou os Agentes Económicos) são capazes de coordenar melhor os seus
recursos e as suas políticas podem ser mais eficientes, ao serem postas em
prática mais facilmente e com menores custos.
◦ A CONFIANÇA e os laços e redes informais de COOPERAÇÃO
facilitam os fluxos de ideias, tornando mais fácil a difusão da inovação e
portanto o crescimento económico.
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24. Parece portanto que emergem novas ideias sobre como se deve
planear e orquestrar a política num contexto como o actual.
Por outro lado, se nos infiltrarmos no mundo da Cooperação
Empresarial, verificamos que onde ocorreu um verdadeiro
Movimento Cooperativo, acabou-se por produzir também algum tipo
de cooperação entre as Empresas Cooperativas e as Instituições
Públicas para o Planeamento e aplicação das Políticas.
Assim, como resultado da interacção e concertação destes dois polos,
geram-se efeitos multiplicadores no todo do tecido social e
económico, conseguindo-se obter Vantagens Competitivas para todos.
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26. O elemento base, diferenciador das Empresas Cooperativas não se
encontra na sua grandeza económica, mas sim na forma como operam
na economia e no relacionamento que estabelecem entre os diversos
agentes económicos.
◦ O respeito pela pessoa humana,
◦ a igualdade reconhecida a cada homem,
◦ a forma de repartição equitativa da riqueza,
◦ a preocupação com a Comunidade,
◦ são os elementos que conferem grandeza às Cooperativas.
Nestes valores está a essência e a validade do Modelo Cooperativo na
construção de uma Sociedade mais justa e solidária.
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27. Desta maneira, a apreciação da «Vantagem Cooperativa», pode ser
feita desde logo sob o ponto de vista dos Valores ou Princípios.
Se a essência do Cooperativismo se concentra
◦ nos valores da Cooperação e da Solidariedade,
◦ em clara oposição aos valores actualmente dominantes do individualismo
(melhor, do egocentrismo!) e da competição, característicos da Globalização,
pode-se considerar que aqueles valores, intrínsecos do
Cooperativismo, constituem uma incontestável Vantagem
Cooperativa (e fonte de Vantagens Competitivas!).
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28. Outro dos aspectos da Vantagem Cooperativa que merece ser
fortemente assinalado,
◦ diz respeito ao grau de Relação ou União ao local ou a “vinculação ao território”
de toda a experiência Cooperativa.
Característica esta que é cada vez mais o traço distintivo entre o
Cooperativismo e o Capitalismo Global.
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29. De facto, num Mundo Globalizado como é o actual, esta dimensão
assume um papel da maior relevância, por duas ordens de razões.
◦ De um lado, por causa dos excessivos graus de liberdade que o
Capitalismo vem tendo no que respeita à inserção espacial de suas
actividades económicas, o que é claramente posto a descoberto pela
proliferação das deslocalizações internacionais;
◦ e, do outro, como resposta, pela positiva, à crescente demanda de
Identidade Local ou Regional que vem emergindo como sendo o
reverso da moeda da Globalização.
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30. As Cooperativas estão vinculadas ao território, e a fixação ao território
significa
◦ Acção sobre o território,
◦ Responsabilidade sobre esse mesmo território
◦ e iniciativa local.
A sua presença é o resultado
◦ da iniciativa,
◦ da responsabilidade
◦ e da acção de homens e mulheres
◦ que em conjunto apostam na melhoria da qualidade de vida pessoal e familiar
◦ e no desenvolvimento do território em que vivem.
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31. Respondendo a prioridades ou a actividades para que se sentem mais
capacitados,
esses homens e mulheres com suas Cooperativas
◦ estruturam o território de forma empresarial nas diversas áreas de actividade
humana,
◦ desde a agricultura, ao comércio, à indústria, aos serviços sociais e educativos, à
cultura.
◦ Transformam o território, tornando-o mais humano, o que significa mais
acolhedor e propício a uma vida de melhor qualidade e a um trabalho mais digno
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32. Com esta atitude, as Cooperativas distinguem-se de outras empresas
cuja relação com o território em que estão localizadas, não é uma
relação de pertença, mas um contacto fortuito, temporário, passageiro
e interessado (atitudes típicas de “Comportamento Beduíno”!).
Por outro lado, a presença das Cooperativas num território assume
vários significados.
◦ É sinal do dinamismo empreendedor por parte dos residentes nessa região,
◦ é prova da capacidade de participar em projectos que estão para além do
individualismo e do egocentrismo,
◦ é manifestação de coesão e de consciência cívica,
◦ é investimento em actividades locais promotoras de riqueza para os indivíduos, a
Comunidade e o Território.
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33. A presença das Cooperativas num território é, desta
maneira,
◦ manifestação das potencialidades empreendedoras e da consciência
cívica e solidária de seus habitantes
◦ é garantia de um verdadeiro desenvolvimento sustentável dessa região.
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34. Há que acrescentar que a Vantagem Cooperativa da ligação
ao local,
◦ não obstante ser importante em todas as circunstâncias,
◦ Ganha um relevo especial quando se trata de «zonas desfavorecidas
ou deprimidas».
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35. De facto, as Cooperativas têm também um papel muitíssimo
importante no «Combate à Desertificação».
◦ A desertificação é uma das formas mais preocupantes da
Degradação do Ambiente.
◦ Afecta a saúde e a subsistência de mais de um bilião e meio de
pessoas em todo o mundo,
◦ e é causa de guerras, responsável pelo aumento da emigração e
provoca prejuízos incalculáveis na produção de alimentos.
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36. Por definição, a Desertificação consiste na degradação da terra, fruto
de condições naturais ou por acção do homem.
Contudo, há uma tendência para associar a Desertificação à
deslocalização das Populações.
Todavia, a Deslocalização das Populações é o resultado da
degradação da terra.
◦ E na terra estão os solos, a fauna, a flora, os recursos hídricos, as pessoas e suas
actividades.
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37. Outra Vantagem Cooperativa que importa assinalar
◦ é o apoio das Cooperativas para a sobrevivência das pequenas e
médias empresas (agrárias ou outras) que nunca poderiam,
individualmente, atingir as economias de escala necessárias para
resistir ao ambiente de concorrência acrescido.
◦ Acrescente-se que as Cooperativas ainda podem servir
para reduzir os respectivos custos de transacção e alcançar ganhos de
comercialização,
para melhoria e alcance de ganhos de logística
e também possibilitam o desenvolvimento de esforços de investigação e
experimentação adaptadas às respectivas necessidades.
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38. As Cooperativas servem assim directa e indirectamente para a
manutenção e mesmo criação de emprego (directo como induzido).
E, nos casos em que desenvolvam programas coerentes e consistentes de
desenvolvimento dos Recursos Humanos de seus membros,
◦ podem também ter um papel extraordinariamente positivo na empregabilidade e no
desenvolvimento da capacidade de apreender de inúmeras pessoas
◦ ao dar-lhes conhecimentos e ferramentas para desenvolver trabalho, seja por conta de
outros, seja mesmo em auto emprego.
A organização Cooperativa tem, assim, também influência como elemento
vertebrador, integrador e animador da vida económica e social do espaço.
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39. Outra vantagem, ainda que algo defensiva, mas que provavelmente
tenderá a assumir grande relevo no futuro é o desempenho da
«função de Testemunha no Mercado».
De facto, no ambiente económico onde se move a maioria das
Cooperativas,
◦ encontram-se agentes de pequena dimensão
◦ a par de outros inseridos e suportados por Redes Globais, com enorme peso
económico e prefigurando fenómenos de concentração que ameaçam a
sobrevivência dos mais pequenos.
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40. A acção das Cooperativas em concorrência com esses agentes,
sobretudo quando a fixação dos Preços não é objecto de qualquer
regulação que não seja a do próprio Mercado,
◦ torna-se, assim, muito importante, tanto para os seus membros como para todos
aqueles que estão presentes no Mercado.
De facto, as Cooperativas garantem aquela função de testemunho
capaz de,
◦ por um lado, trazer mais transparência ao Mercado
◦ e, por outro, impor algumas regras e limites às tentações Monopolísticas dos
agentes mais fortes.
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41. Assim, em Mercados cada dia mais Globalizados e
competitivos
◦ a Cooperação e a busca de Sinergias
apresenta-se como uma das fórmulas com as quais conta o empresário,
especialmente aquele que é detentor de uma pequena ou média empresa,
para melhorar e desenvolver a sua actividade e alcançar uma maior dimensão
que lhe permita obter vantagens em aspectos económicos, produtivos,
comerciais e sociais.
01.02.2019DWAngola, José Vieira Jordão.. 41
42. Especialização e obtenção de Dimensão são as chaves do êxito
empresarial futuro.
Desta maneira, é tempo de perceber a importância dos Factores
Dinâmicos de Competitividade, tais como
◦ a Qualidade,
◦ o Design
◦ e a imagem de Marca (o MARKETING),
◦ abandonando as Produções de baixa Gama.
01.02.2019DWAngola, José Vieira Jordão.. 42
43. É tempo das empresas avançarem para fases ou estádios superiores,
◦ com Estratégias de Diferenciação ao nível dos Produtos,
◦ Estratégias de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico (I&DT)
◦ e Estratégias de Distribuição,
◦ buscando novos nichos de Especialização
◦ e avançando para Produtos de melhor Qualidade e maior Valor Acrescentado.
Quanto aos problemas de Dimensão
◦ são urgentes as Dinâmicas de Cooperação, sobretudo ao nível das micro,
pequenas e médias empresas (MPME),
◦ de fusão e de Concentração, indispensáveis à obtenção de Dimensão e Massa
crítica face ao desafio do Mercado alargado e cada vez mais Globalizado.
01.02.2019DWAngola, José Vieira Jordão.. 43
44. 3. ESTRATÉGIA COOPETITIVA;
3.2. Da Vantagem Cooperativa:
«Competir e cooperar, e cooperar para competir»
01.02.2019DWAngola, José Vieira Jordão.
44
Em definitivo, são necessários processos de Cooperação Empresarial, através
dos quais se possa:
aglutinar maior Volume de Produção e melhorar o poder de negociação no Mercado,
diversificar os Produtos Ofertados,
conseguir uma abertura para Novos Mercados,
concentrar a Demanda dos Factores (inputs ou insumos),
contratar Serviços de forma associada (de contabilidade, gestão, assistência técnica,…
investir em novos Processos de Industrialização,
melhorar a Gestão Empresarial,
alcançar uma maior Profissionalização,
conseguir melhores condições Financeiras, maiores Economias de Escala e de Gama,
melhorar o domínio das Novas Tecnologias, etc., etc., etc..
Trata-se de compartilhar custos, riscos, informação, etc..
45. 01.02.2019DWAngola, José Vieira Jordão.. 45
Expedição /
Exportação
Certificação
Classificação
Embalament
o
e
acondiciona/
Transporte
para
o Armazém
Colheita
Produtor A Produtor B Produtor C Produtor D Produtor E Produtor F
Produtor
…
alde
Funçõ
es
a
assum
irea
desen
volver
pela
Organi
zação
de
Produt
ores
Armazenagem
e/ou
conservação
Fraccionamento
e/ou
calibragem
Conservação
e/ou
fraccionamento
Industrialização
Comercialização
Diagrama 1: Proposta de INTEGRAÇÃO
para o sector Agro-industrial,
por Produto ou Produção/cultura.
Concentração ou
Integração Horizontal
da Oferta dos Produtores,
por Produto ou Produção.
47. As Vantagens das Cooperativas no meio rural são as
seguintes:
◦ 1. São Sociedades Autónomas com carácter empresarial;
◦ 2. Os seus Quadros Directivos são eleitos pelos sócios cooperadores e não são
impostos por ninguém;
◦ 3. A Cooperativa constitui-se numa propriedade colectiva de todos os associados
e não apenas de um ou de alguns;
◦ 4. Todos os Cooperadores têm iguais direitos e deveres perante a Lei;
◦ 5. Podem constituir um meio para facilitar a comercialização das produções dos
seus associados;
01.02.2019DWAngola, José Vieira Jordão.. 47
48. As Vantagens das Cooperativas no meio rural são as seguintes:
◦ 6. Permitem melhorar o abastecimento quer em ferramentas agrícolas quer em bens de
consumo e reduzir custos com a aquisição desses produtos (compras concentradas);
◦ 7. Podem vir a facilitar o recurso ao crédito junto das Instituições Financeiras;
◦ 8. Permitem a melhoria da assistência técnica prestada pelos diferentes organismos e
serviços;
◦ 9. Elas próprias podem e devem assumir a contratação de técnicos para apoiar e monitorar
o seu desempenho e as actividades dos seus próprios associados (apoio na contabilidade e
gestão, nas escolha e acompanhamento das culturas ou fitotecnias, na gestão e
monitorização do parque de máquinas, etc.);
◦ 10. Permitem a formação e reciclagem permanente dos associados, como factor
determinante que levará os membros a uma visão técnica e económica crescentes e a
melhor contribuir para o incremento e melhoria da produção e do seu nível de vida.
01.02.2019DWAngola, José Vieira Jordão.. 48
49. As Vantagens das Cooperativas no meio rural são as seguintes:
◦ 11. Permitem e facilitam o acesso à informação, formação, cultura e lazer (recreio ou
desporto) dos seus associados e suas famílias.
◦ 12. Permitem a ocorrência de encontros, reuniões, ou grupos de discussão informal,
independentemente da Assembleia Geral anual, com a finalidade de avaliar a execução
dos planos de actividades e tomar decisões de fundo, passar a informação sobre o
andamento das actividades, aumentar a percepção dos cooperadores sobre os actos
correntes de gestão e formar e capacitar os membros dos Órgãos Directivos da
Cooperativa.
◦ 13. As Cooperativas actuando em conjunto podem reduzir os custos das mercadorias e dos
serviços destinados aos seus sócios e podem melhorar os resultados da venda das suas
produções, por permitir procurar mercados com melhores preços e baixar os custos
logísticos.
◦ 14. São reconhecidas de facto com base na legislação em vigor, acautelando os seus
direitos.
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50. Em definitivo e em termos práticos, são necessários processos de
Cooperação Empresarial, através dos quais se possa:
◦ 1. Aglutinar maior Volume de Produção (concentrar Oferta), subir na “Cadeia de
Valor da Qualidade” (só com Quantidade poderemos então buscar Qualidade!) e
assim melhorar o poder de negociação no Mercado,
◦ 2. Melhorar a comercialização das produções, facilitar o acesso dos seus membros aos
meios de produção, aos serviços para a sua actividade de produção e ainda aos meios
de consumo para o seu agregado familiar;
◦ 3. Diversificar os produtos produzidos (buscar Economias de Gama!),
◦ 4. Conseguir uma abertura para novos mercados,
◦ 5. Concentrar a demanda dos factores ou insumos (inputs) de produção,
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51. ◦ 6. Contratar Serviços de forma associada (prestação de serviços aos associados),
◦ 10. Defender-se (os pequenos produtores e artesãos) da marginalização
económica. A concentração crescente do poder económico nas mãos de grandes
grupos capitalistas, não deixa espaço para que os pequenos e médios produtores
tenham acesso ao mercado, provocando desta forma o seu desaparecimento ou o
seu endividamento permanente.
◦ 9. Alcançar uma maior profissionalização,
◦ 7. Investir em novos processos de industrialização,
◦ 8. Melhorar a gestão empresarial,
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52. ◦ 11. Através da formação e reciclagem permanentes dos seus associados, permitir que estes
paulatinamente alcancem uma visão técnica e económica crescentes de forma a contribuir
para a melhoria das suas produções e do seu nível de vida.
◦ 12. Por exemplo perante a actual crise financeira global e atendendo às suas características
(de democracia interna, solidariedade, actuação primordial em mercados locais, menor
assunção de riscos e menor exposição a movimentos especulativos), as Cooperativas
estão numa situação mais estável que as empresas capitalistas.
◦ 13. Aplicar um modelo empresarial baseado na unidade de acção comercial, conseguindo
a unificação da Oferta como único interlocutor das Cooperativas no mercado, e a
integração de produtos diferenciados sob a mesma Marca ou Insígnia, onde a Cooperativa
(de 1.º, 2.º ou ulterior grau), controle todo o processo: desde a produção até à
comercialização, expedição e entrega.
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53. ◦ 14. Por exemplo, a principal chave do êxito do modelo empresarial Cooperativo da ANECOOP
(Valência, Espanha) ‘é a concentração como soma das diferentes partes cooperativas (EAF ou
outras Cooperativas), baseado na unidade de acção comercial e a integração de produtos
diferenciados sob uma mesma Marca, onde a Cooperativa ANECOOP controla todo o
processo, desde a produção até à comercialização e entrega do produto ao cliente.’
◦ ‘(…) a sua actuação baseia-se em compras e vendas centralizadas através da Cooperativa
ANECOOP, critérios de convergência empresarial e homogeneidade funcional,
desenvolvimento de critérios de qualidade, classificação e liquidações comuns, planificação de
campanhas e investimentos de forma conjunta e optimização no uso de instalações e meios
produtivos.’ (José Mª Planells, Director Geral de ANECOOP, «VI Meeting Bouquet»,
30.04.2009).
◦ 15. Conseguir melhores condições financeiras, maiores economias de escala, melhorar o
domínio das novas tecnologias, etc., etc., etc..
◦ 16. Trata-se de compartilhar custos, riscos, informação, etc..
01.02.2019DWAngola, José Vieira Jordão.. 53
54. 01.02.2019DWAngola, José Vieira Jordão.. 54
Expedição /
Exportação
Certificação
Classificação
Embalament
o
e
acondiciona/
Transporte
para
o Armazém
Colheita
Produtor A Produtor B Produtor C Produtor D Produtor E Produtor F
Produtor
…
alde
Funçõ
es
a
assum
irea
desen
volver
pela
Organi
zação
de
Produt
ores
Armazenagem
e/ou
conservação
Fraccionamento
e/ou
calibragem
Conservação
e/ou
fraccionamento
Industrialização
Comercialização
Diagrama 1: Proposta de integração
para o sector Agro-
industrial,
por produto ou
produção/cultura.
Concentração ou
Integração Horizontal
da Oferta dos Produtores,
por produto ou produção.
55. O Cooperativismo é um caminho trilhado por milhões de homens e
mulheres em todo o mundo.
Para todos, esse caminho é afirmação de entreajuda e solidariedade.
Para muitos é caminho fácil, porque outros o hão desbravado e
preparado. Para alguns é caminho resultado do esforço e da coragem
com que venceram distâncias, aplanaram dificuldades, impulsionaram
vontades e semearam valores.
01.02.2019DWAngola, José Vieira Jordão.. 55
56. O reconhecimento que universalmente se faz do Cooperativismo como
factor de coesão social, de inclusão, de desenvolvimento e garante da paz e
democracia, tem levado os Governos a prestar grande atenção às condições
em que estão organizadas e funcionam as Cooperativas em seus países,
criando serviços públicos para apoiá-las, cultivando e difundindo os valores
e princípios que as caracterizam.
Não é suficiente que haja Cooperativas, é necessário que as Cooperativas
vivam a sua Cultura Cooperativa para que seja real a sua influência,
económica e social, na Sociedade.
De facto, há que ter consciência de que os negócios em colaboração com
os nossos semelhantes têm muito mais possibilidades de ter êxito que
aqueles que apostam no isolamento.
01.02.2019DWAngola, José Vieira Jordão.. 56
57. 3. ESTRATÉGIA COOPETITIVA;
3.2. Alfred Marshall: uma referência:
«Competir e cooperar, e cooperar para competir»
01.02.2019DWAngola, José Vieira Jordão.
57
Com efeito, relendo os Princípios de Economia de Alfred
Marshall (reedição de 2005),
verificamos que já ele, em 1890, falava da necessidade de
Competir e Cooperar, ou seja, já nessa altura este ilustre
economista nos alertava da importância e pertinência da
Estratégia Coopetitiva!
63. CDI de Luanda
CDI do Lobito
CDI de Namibe
Quanto à
Cobertura
do Solo:
Dominado pela Floresta
do Miombo
(Brachystegia).
01.02.2019 63DWAngola, José Vieira Jordão.
64. Quanto ao
Tipo de
Solos:
Corredor do Lobito
(CDI Trans-Africano?)
Cobertura
das Areias
do Kalahari
Potencial Corredor de
Luanda
Potential Corredor do
Namibe
01.02.2019 64DWAngola, José Vieira Jordão.
66. Principais CDI’s em desenvolvimento ou análise
na África Austral:
Usar os recursos para catalisar sectores sustentáveis
de alto impacto, especial/a Agricultura & Agro-01.02.2019 66
DWAngola, José Vieira Jordão.