2. O espaço urbano no mundo
contemporâneo
• A urbanização contemporânea
De acordo com dados do Relatório do desenvolvimento humano 2003, publicado pelo
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a taxa de urbanização
mundial, ou seja, o percentual dos moradores das cidades sobre a população total do
planeta, era de 38% em 1975, 48% em 2001, com previsão de 54% para o ano 2015.
No final do século XVIII, no início da Primeira Revolução Industrial, essa taxa não
passava de 3%.
A urbanização se acelerou com o processo de industrialização. Apesar disso, somente
nesta primeira década do século XXI, a população urbana mundial deverá superar o
índice de 50%. Segundo a ONU, a urbanização será uma das tendências demográficas
mais importantes do século XXI e cada vez mais a população mundial deve se
concentrar em cidades. Entretanto, analisando com mais atenção esse
fenômeno, percebe-se que a urbanização é bastante desigual, uma vez que há regiões
e países muito urbanizados e outros ainda predominantemente rurais. Mesmo nesses
países, porém, o processo de urbanização vem se acelerando. Observe a tabela a
seguir.
3. Chamamos de processo de urbanização a transformação de espaços naturais e rurais
em espaços urbanos, concomitante- mente à transferência em larga escala da
população do campo para a cidade — o êxodo rural —, em razão de diversos fatores.
4. • Desigualdades e segregação espacial
Em qualquer grande cidade do mundo, o espaço urbano é fragmentado. Sua
estruturas semelha-se a um quebra-cabeça em que as peças, embora façam parte
de um todo, têm cada uma sua própria forma e função. As grandes cidades
apresentam centros comerciais, financeiros, industriais, residenciais e de lazer.
Entretanto é comum que funções diferentes coexistam num mesmo bairro. Por isso
essas mesmas cidades estão se tornando policêntricas, ou seja, em cada uma delas
o distrito ou bairro mais importante possui seu próprio centro, suas ruas principais,
que sediam o comércio e os serviços e servem de polos de atração ao fluxo de
pessoas.
Essa fragmentação, quase sempre associada a um intenso crescimento urbano,
impede os cidadãos de vivenciar a cidade por inteiro, atendo-se, em vez disso,
apenas aos fragmentos que fazem parte do seu dia-a-dia e que caracterizam o seu
lugar, ou seja, seu local de moradia, de trabalho, de estudo e de lazer. Pode-se dizer
que a grande cidade não é um lugar, mas um conjunto de lugares, e que as pessoas
a vivenciam parcialmente.
5. As desigualdades sociais se materializam na paisagem urbana. Quanto maiores as
disparidades entre os diferentes grupos e classes sociais, maiores as desigualdades
de moradia, de acesso aos serviços públicos e de qualidade de vida, e maior a
segregação espacial. No entanto, mesmo num bairro de população pobre, essa
qualidade pode ser melhorada caso os serviços públicos de
educação, saúde, transporte coletivo, entre outros, passem a funcionar de forma
adequada. Essas mudanças positivas têm maiores chances de se concretizarem
quando a comunidade se organiza para melhorar o seu cotidiano e reivindicar os
seus direitos. Quando isso não acontece, as desigualdades e a exclusão
socioespacial tendem a se manter e, muitas vezes, a aumentar.
O medo da violência urbana impulsionou a criação dos condomínios fechados.
Buscando segurança e tranquilidade, muitas pessoas de alto poder aquisitivo mudam
para este tipo de moradia,que se multiplicou nos últimos anos sobretudo nas grandes
cidades. Embora seja legítimo, do ponto de vista do indivíduo, buscar maior
segurança para si e para sua família, esse fenômeno acentua a exclusão social e
reduz os espaços urbanos públicos, uma vez que propicia o crescimento de espaços
privados e de circulação restrita.
6. • Subemprego e submoradia
As grandes cidades dos países subdesenvolvidos não têm capacidade de absorver
tamanha
quantidade de migrantes da zona rural e de cidades pequenas e médias; por isso
começa a aumentar o número de desempregados. Para sobreviverem, muitas
pessoas acabam aceitando o subemprego. Como os rendimentos, em geral, são
muito baixos, mesmo para os trabalhadores da economia formal, muitos não têm
condições de comprar sua moradia nem de alugar um imóvel para viver. Por causa
desse entrave, aumentam as favelas e os cortiços. Essa é a face mais visível do
crescimento desordenado das cidades e da segregação espacial urbana. Veja no
texto a seguir uma definição de favela e o número de pessoas que vive nesse tipo de
habitação no mundo e no Brasil.
7.
8. • Violência urbana
A violência urbana -
roubo, assalto, sequestro, homicídio etc.
Atinge milhares de pessoas todos os
anos, notadamente em países
subdesenvolvidos, fazendo muitas vítimas
e gerando sensação de medo e
insegurança. Entretanto deve ser
destacado que a violência não está
necessariamente associada à pobreza.
Há países bem mais pobres que o Brasil e
com pior IDH, como o Paraguai, a
Nicarágua e a Índia, que apresentam
índices significativamente menores de
violência urbana. Ela é mais acentuada
em países de desenvolvimento
intermediário, como o Brasil, marcados
por acentuada desigualdade
socioeconômica.
9. Mesmo entre os países desenvolvidos, o nível de violência é desigual: os Estados
Unidos apresentam índices de violência mais elevados do que a média. Isso não
ocorre por acaso. Esse país é um dos que apresentam maiores desigualdades no
mundo desenvolvido. Juntando-se a isso a livre comercialização de armas de fogo e
cultura armamentista que impera em amplos setores da população, teremos dois
aspectos que ajudam a compreender por que os níveis de violência na sociedade
norte-americana são tão altos. É claro que dentro de um país, qualquer que seja
ele, a violência também é desigual: há regiões, províncias ou estados mais
violentos, assim como certos grupos sociais estão mais expostos a homicídios. No
Brasil, por exemplo, a violência atinge predominantemente jovens de 15 a 24 anos.
10. • Rede e hierarquia urbanas
A rede urbana é formada pelo sistema de cidades - de um mesmo país ou de
países vizinhos , que se interligam umas às outras pelos sistemas de transportes e
de comunicações, por meio dos quais ocorrem os fluxos de pessoas, mercadorias,
informações e capitais. As redes urbanas dos países desenvolvidos são mais densas
e articuladas por causa dos altos índices de industrialização e de urbanização, da
economia diversificada e dinâmica, dos mercados internos e da alta capacidade de
consumo. De forma geral, quanto mais complexa a economia de um país ou de uma
região, maiores são sua taxa de urbanização e a quantidade de cidades, mais densa
é a sua rede urbana e maiores são os fluxos que as interligam. As redes urbanas de
muitos países subdesenvolvidos, particularmente daqueles de baixo nível de
industrialização e urbanização, são bastante desarticuladas, e as cidades estão
dispersas no território, muitas vezes sem formar propriamente uma rede. O
fenômeno da macrocefalia acentua essa desarticulação, mesmo nos países de maior
grau de industrialização e urbanização, graças à grande concentração das atividades
em uma única cidade, geralmente a capital.
Desde o final do século XIX, muitos autores passaram a utilizar o conceito de rede
urbana para se referir à crescente articulação existente entre as cidades, como
resultado da expansão do processo de industrialização-urbanização. No mesmo
período, na tentativa de apreender as relações que se estabelecem entre as cidades
no interior de uma rede, a noção de hierarquia urbana também passou a ser
utilizada. Esse conceito foi tomado do jargão militar, e se refere a uma rígida
hierarquia, em que cada subordinado se reporta ao seu superior imediato. No
exército, por exemplo, o soldado reporta-se ao cabo, que se reporta ao sargento,
que se reporta ao tenente, e assim sucessivamente até chegar ao general.
11. Fazendo uma analogia, a vila seria um
soldado e a metrópole completa, um
general, a posição mais alta. Logo, a
metrópole seria o nível máximo de poder e
influência econômica e a vila, o nível mais
baixo, que sofreria influência de todas as
outras. Desde o final do século XIX até
meados da década de 1970, foi essa a
concepção de hierarquia urbana utilizada.
Veja o esquema ao lado.
12. • Cidades na economia global
Na atual etapa informacional do capitalismo, a rede e a hierarquia urbanas se
estruturam em escala mundial, de forma muito mais densa do que em períodos
históricos anteriores. A Revolução Técnico-científica viabilizou um aumento na
velocidade dos transportes e das telecomunicações, reduzindo o tempo de
deslocamento de pessoas, mercadorias e informações entre os lugares. Só para
comparar, no século XVI a viagem da esquadra comandada por Pedro Álvares
Cabral demorou 43 dias para atravessar o Oceano Atlântico desde Lisboa até o
litoral brasileiro, onde hoje está Porto Seguro, na Bahia. Atualmente, de avião o
mesmo percurso é feito em menos de 10 horas. A famosa carta de Pero Vaz de
Caminha, que descrevia suas impressões sobre a nova terra, teve de refazer a
travessia do oceano, a bordo de um navio que retornou à Europa, até chegar às
mãos do rei de Portugal. Podemos dizer que durante longo período da história
humana a informação circulava à mesma velocidade das pessoas e das
mercadorias. A carta de Caminha teve de ser levada por alguém de navio. 0 avanço
tecnológico, além de acelerar todas as modalidades de circulação, diferenciou o
tempo necessário ao transporte da informação (veiculada, por exem-plo, na forma de
bites) do tempo do transporte da matéria. As informações viajam praticamente à
velocidade da luz. Se fosse hoje, Caminha enviaria sua carta por e-mail ou fax. Ela
chegaria ao destino quase que imediatamente ou, como se diz atualmente, em
"tempo real".
13. As cidades e a urbanização
brasileira
• O que consideramos cidade?
Na maioria dos países, sejam subdesenvolvidos ou não, a classificação de uma
aglomeração humana como cidade leva em consideração algumas variáveis básicas:
Densidade demográfica;
Número de Habitantes;
Localização e presença de Equipamentos Urbanos;
Serviços de comunicação,educação e saúde.
Segundo o IBGE, a população urbana é a considerada residente no interior do
perímetro urbano e, por exclusão, a rural é a residente fora deste perímetro. Isso
implica na ampliação do perímetro urbano e a arrecadação crescente do IPTU
(Imposto Predial Territorial Urbano) em detrimento do ITR (Imposto Territorial
Rural), de menor valor.
14. • População urbana, rural e agrícola
Como vimos, a metodologia utilizada na definição das populações urbana e rural
resulta em distorções. É inquestionável, entretanto, que os índices de população
urbana vêm aumentando em quase todo o país (veja o gráfico a seguir) em razão da
migração rural-urbana, embora atual-mente esta seja menos intensa que nas
décadas anteriores.
Embora os números referentes ao processo de
urbanização pos-sam conter algumas
distorções, resultantes das metodologias
utilizadas, é inegável que nas úl-timas décadas o
Brasil vem pas-sando por um intenso processo de
urbanização.
15. Segundo dados do Censo 2000, a região Nordeste, a menos urbanizada, apresentou o
índice de 69% de população urbana, contra 26,4% em 1940. Como a metodologia de
coleta de dados ao longo do período 1940-2000 foi a mesma, o incre-mento urbano é
evidente. Veja a tabela:
Observe que a região Centro-
Oeste apresenta o segundo
maior índice de urbanização
entre as regiões brasileiras. Isso
se explica pela presença do
Distrito Federal, cuja população
(mais de 2 milhões de
habitantes) mora dentro do
perímetro urbano e porque a
abertura de rodovias e
expansão das fron-teiras
agrícolas promoveu forte
crescimento urbano a partir da
década de 1960.
16. • A Rede Urbana Brasileira – processo de
urbanização e Estruturação
Até 1930 – Migrações e o processo de urbanização organizados em escala
regional, onde as metrópoles atuavam como polos de atividades secundárias e
terciárias. Integração econômica entre São Paulo (cafeicultora), Zona da Mata
nordestina (canavieira e cacaueira), Meio-Norte (algodoeira e pecuária) e região Sul
(pecuária e policultora);
Após 1930 – A unificação do mercado se deu pela expansão nacional da infra-
estrutura de transporte e telecomunicações, porém a tendência de concentração de
atividades urbano industriais no Sudeste fez com que o atrativo populacional
extrapolasse a escala regional e se estabelecesse como nacional.
Entre 1950 e 1980 – Intenso êxodo rural e migração inter-regional, com forte
aumento populacional metropolitano no Sudeste, Nordeste e Sul. Nesse período ,o
aspecto mai marcante foi a concentração populacional progressiva e acentuada em
cidades que cresciam velozmente
De 1980 aos dias atuais – Desmetropolização e migração urbana-urbana
(população de cidades pequenas para cidades médias e metrópoles nacionais para
cidades médias)
18. • As Metrópoles Brasileiras
Em 2003 o Brasil possuía 26 regiões metropolitanas (veja a tabela a seguir), envolvendo
413 municípios e cerca de 69 milhões de habitantes (40% da população total do país).
As regiões metropolitanas brasileiras foram criadas por lei aprovada no Congresso Nacional
em 1973, que as definiu como um conjunto de municípios contíguos e integrados
socioeconomi- camente a uma cidade central', com serviços públicos e infra-estrutura
comum, que deveriam ser reconhecidos pelo IBGE. A Constituição de 1988 possibilitou a
estadualização do reconhecimento legal das metrópoles, conforme o artigo 25, parágrafo
3a:
Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios
limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas
de interesse comum.
19. EMPLASA – Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano. Disponível em: <emplasa.sp.gov.br. Acesso em 24/02/2004.
1
As 9 primeiras regiões metropolitanas instituídas no país, em 1973 e 1974.
2
3 A Ride é composta por municípios dos estados de Minas Gerais e Goiás e pelo Distrito Federal.
Não incluem o ―Colar metropolitano da região metropolitana de Belo Horizonte‖, instituído pela Lei Complementar Estadual 56, de 12/01/2000, e o ―Colar metropolitano da região
Metropolitana do Vale do Aço‖, criado pela Lei Complementar Estadual 51, de 30/12/1998.
4
Inclui o núcleo metropolitano e a área de expansão metropolitana .
20. Conurbação – Fenômeno que compreende a expansão horizontal das cidades, de
forma contígua e integrada. Mesmo que uma cidade se destaque no conjunto de
municípios conurbados, seu poder de polarização se estabelece apenas em escala
local.
21. • O Plano Diretor e o Estatuto da Cidade
Plano Diretor é um conjunto de leis que estabelece as diretrizes para o
desenvolvimento socioeconômico e a preservação ambiental dos municípios,
regulamentando o uso e a ocupação do território municipal, especialmente o solo
urbano. Segundo a Constituição Federal de 1988, o Plano Diretor é obrigatório para
cidades que apresentam uma ou mais das seguintes características:
abriga mais de 20 mil habitantes;
integra regiões metropolitanas e aglomerações urbanas;
integra áreas de especial interesse turístico;
insere-se na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo
impacto ambiental de âmbito regional ou nacional.
Os planos são elaborados pelo governo municipal — por uma equipe de profissionais
qualificados, como geógrafos, arquitetos, urbanistas, engenheiros, advogados e
outros. Geralmente se iniciam com um perfil geográfico e socioeconômico do
município. Em seguida apresentam a proposta de desenvolvimento adotada, com
atenção especial para o meio ambiente. A parte final, e mais extensa, detalha as
diretrizes definidas para cada setor da administração pública — habitação,
transporte, educação, saúde etc. —, assim como as normas técnicas para ocupação
e uso do solo, conhecida como Lei de Zoneamento.
Pode alterar ou manter a forma dominante de organização espacial; por-tanto
interfere no dia-a-dia de todos os cidadãos.
22. Impactos ambientais urbanos
• O meio ambiente urbano
Será que podemos falar em "ecossistema urbano"? A rigor, esta é uma expressão
incorreta porque, para existir um ecossistema, é necessário que haja um ambiente
em perfeito equilíbrio, formado pela relação entre plantas, animais, clima e solo.
Além disso, a existência de um ecossistema implica auto suficiência, portanto implica
a existência de organismos produtores de matéria e energia e a presença de
consumidores e decompositores. Pode-se falar apenas em sistema
urbano, considerando que sistema "é um conjunto de partes coordenadas entre si
que concorrem para alguma finalidade". Pode-se falar também em meio ambiente
urbano. Assim, a cidade é um sistema especial composto por apenas uma etapa
consumidora, mas interfere em vários ecossistemas, muitas vezes situados a
milhares de quilômetros de distância.
Estima-se que, em média, o espaço "consumido" pela cidade seja pelo menos dez
vezes maior que aquele ocupado por sua malha urbana. As grandes aglomerações
urbano-industriais consomem enorme quantidade de energia e matérias-primas
e, assim, produzem toneladas de subprodutos — resíduos sólidos (lixo), líquidos
(esgotos) e gasosos (fumaças e gases) — que, por não serem
reaproveitados, acumulam-se no solo, nas águas e no ar, causando uma série de
desequilíbrios no meio ambiente. Alguns desses impactos ocorrem em escala
local, ou seja, na própria cidade; outros em escala regional e global, extrapolando os
limites da cidade que lhes dá origem.
23. Fala-se muito dos problemas ambientais das grandes aglomerações
urbanas, mas, muitas vezes, até por falta de documentação, deixa-se de perceber
que as pequenas cidades também estão sujeitas a graves impactos no meio
ambiente. A maioria da população mundial vive em cidades pequenas, e muitas
delas, sobretudo nos países mais pobres, como as da África Subsaariana e as do sul
da Ásia, não têm recursos suficientes para implantar sistemas de saneamento básico
e de coleta de lixo. Além disso, as grandes cidades, de forma geral, são mais
prósperas e recebem mais recursos dos governos do que as pequenas. Assim, não
se pode fazer uma correlação direta entre crescimento da população urbana e
aumento dos impactos ambientais, pois muitas vezes uma cidade pequena pode
apresentar problemas ecológicos mais graves do que uma grande metrópole.
A cidade constitui um sistema especial que consome enor-me
quantidade de matéria e energia, gerando toneladas de resíduos
que, se não receberem destinação ou tratamento adequados,
causarão impacto no meio ambiente. Na foto de 2004, lixo
acumulado em terreno baldio, já quase tomando conta da rua,
no bairro do Eden, em São João do Meriti (RJ). Essa cena é
comum em muitas cidades brasileiras e também de outros
países subdesenvolvidos.
24. • Poluição do ar
A poluição atmosférica é um dos problemas mais sérios das grandes cidades ou mesmo
das pe-quenas e médias que têm indústrias muito po-luentes ao seu redor. Ela é resultado
do lança-mento de enorme quantidade de gases e materiais particulados na
atmosfera, podendo causar pro-blemas na visão e no aparelho respiratório.
25. • Poluição do solo: o lixo sólido
Nos dicionários, o vocábulo lixo é descrito como sinônimo de
sujeira, imundície, coisas inúteis, velhas, sem valor — portanto tudo o que não
presta e se joga fora. Em linguagem técnica, lixo é todo resíduo sólido descartado
pela atividade humana. Como veremos a seguir, a maior parte do lixo tem serventia.
Em geral, trata-se de materiais que podem ser reaproveitados. Em outras palavras, o
lixo tem valor. Se for feita a separação de seus componentes, o que é facilitado pela
coleta seletiva, boa parte do lixo tem pronto reaproveitamento, e mesmo a parte
orgânica, principal responsável pela conotação de "sujeira" da palavra lixo, pode ser
reutilizada como adubo.
Durante muito tempo na história da humanidade, a produção de lixo foi muito
pequena. A partir da primeira Revolução Industrial, com o início dos processos de
industrialização e urba-nização, entretanto, aumentou geometricamente. Hoje em
dia, nas modernas sociedades tecno-lógicas, na era do consumismo, dos modismos
passageiros, da rápida obsolescência tecnológica e dos produtos descartáveis, a
produção de lixo sólido atingiu a cifra de milhões de toneladas diárias. Apenas a
cidade de São Paulo, com seus 10 milhões de habitantes, que constituem 5,6% da
população brasileira, em 2003 produzia 16 mil toneladas de lixo sólido por dia, o que
cor-respondia a 7% das 230 mil toneladas diárias de lixo produzidas no país. Imagine
quanto lixo produzem os países desenvolvidos! E o mundo todo? 0 que fazer com
tanto lixo?
26. • Problemas causados pelo lixo
Tradicionalmente, nos lugares em que há serviço de coleta, o lixo é
depositado em terrenos usados exclusivamente para esse fim, os
chamados lixões (depósitos a céu aberto), ou então enterrado e
compactado em aterros sanitários. É comum também o lixo ser
depositado em terrenos baldios. Essa prática é muito frequente nas
grandes cidades do mundo subdesenvolvido, nos bair-ros onde o serviço
de coleta não é suficiente ou onde a população tem pouco acesso à
informação e pouca consciência ambiental. 0 acúmulo de lixo no solo traz
uma série de problemas. Vejamos os principais:
• proliferação de insetos (baratas, moscas) e ratos, que podem transmitir
várias doenças, como peste bubônica e dengue;
• decomposição bacteriana da matéria orgânica (a fração biodegradável do
lixo, predominante nos países subdesenvolvidos), que, além de gerar um
mau cheiro típico, produz um líquido escuro e ácido denominado
chorume, que, nos grandes lixões, infiltra-se no subsolo conta-minando o
lençol freático;
• contaminação, com produtos tóxicos, do solo e das pessoas que
manipulam o lixo;
• acúmulo de materiais não biodegradáveis.
27. Acrescente-se, ainda, os danos de ordem estética causados à paisagem. Mais grave,
porém, é o fato de que os lixões tornaram-se palco de cenas degradantes para a
condição humana: todos os dias, milhares de pessoas, os catadores de lixo, para ali
afluem, em várias cidades do mundo subdesenvolvido, em busca de restos de alimentos
e de objetos com algum uso para seu miserável dia-a-dia.
Cenas como esta repetem-se diariamente em vários
locais do mundo, notadamente nos lixões das grandes
cidades dos países subdesenvolvidos. Na foto de
2004, lixão em Belford Roxo (RJ).
28. • Poluição das águas em sistemas urbanos
Nas cidades, sobretudo nas grandes aglomerações urbanas, o problema da poluição das
águas assume proporções catastróficas. Isso é fácil de entender: as cidades concentram
os maiores contingentes populacionais e a maioria das indústrias e dos serviços. Nelas,
portanto, há um elevado consumo de água e uma infinidade de fontes poluidoras, tanto na
forma de esgotos domés-ticos como de efluentes industriais. Imagine o volume de água
con-sumido diariamente por uma grande metrópole, como São Paulo,
Tóquio, Cidade do México, Nova York, Paris ou mesmo pelas milhares de cidades médias
e pequenas espalhadas por todo o planeta.
Na maioria dos países desenvolvidos, o consumo doméstico médio de água é da ordem de
150 litros per capita ao dia. Na França, por exemplo, o consumo está dentro dessa média:
20% desses 150 litros escoam pelos vasos sanitários, 40% abastecem chuveiros e
banheiras, 22% são utilizados para lavar louças e roupas e 18% são destinados para
comida, bebida, rega etc. Somando-se a esse consumo as necessidades comunitárias —
hospitais, escolas, comércio, lavagem de ruas, rega de espaços verdes etc. — chega-se
facilmente a 200 litros diários por habitante. A população da Grande Paris — quase 10
milhões de habitantes — consome em torno de 2 bilhões de litros de água por dia.
Volumosa quantidade de água é consumida também pelas atividades industriais: no
trans-porte de calor (nos processos de resfriamento ou de aquecimento), na lavagem de
equipamentos e de instalações, no transporte de resíduos industriais nos efluentes
(esgotos), na fabricação de produtos das indústrias químicas, de bebidas etc.
29. Toneladas de poluentes são lançadas diaria-mente nas
águas dos rios, lagos e mares em muitos países. Por
exemplo, os rios Tietê e Pinheiros (foto), que atravessam a
cidade de São Paulo, transformaram-se em esgotos a céu
aberto.
A rigor, essa enorme quantidade de água utilizada pelas atividades domésticas e industriais
não é propriamente consumida, mas retirada da natureza e depois novamente devolvida, já
que faz parte do ciclo hidrológico. É exatamente aí que está o problema: a maior parte dessa
água, depois de utilizada, é devolvida ao meio ambiente parcial ou totalmente poluída, ou
seja, car-regada de substâncias químicas tóxicas não biodegradáveis ou de matérias
orgânicas acima da capacidade de absorção dos córregos, rios, lagos e mares.
A poluição orgânica desequilibra o ecossistema aquático que a recebe matando, por
exem-plo, os peixes por asfixia, em conseqüência do processo de eutrofização (excesso de
nutrientes, que leva ao aumento desmesurado de algas que consomem o oxigênio
disponível), enquanto a poluição tóxica mata por envenenamento. Provindo exclusivamente
dos efluentes industriais, a poluição tóxica, metade dela lançada pelas indústrias químicas e
cerca de um terço pelas fábri-cas de metais, é a mais perigosa.
30. A solução para o problema da poluição das águas nos centros urbano-industriais se
resume em uma palavra: tratamento. Torna-se necessário implantar sistemas de
coleta e tratamento dos esgotos domiciliares e industriais para que, depois de
utilizada, a água retorne limpa aos cursos de água. No entanto isso não é tarefa tão
simples, como veremos pelos dados a seguir.
Estação de tratamento de esgoto no Rio
Hudson, em Nova York.
31. Fim.
Alunos:
Carlos Eduardo № 07
Denner Edson № 08
Dimas Emerson № 09
Rodrigo Sobreira № 39
2º ano turma:2 sala :9 turno: vesp.