Este documento analisa as relações entre a biografia do autor e a música "Largo Apassionato" da Sonata Op. 2 No. 2 de Beethoven. O autor explora como esta música reflete seu período da adolescência, correlacionando aspectos da música com este momento de sua vida. Ele também estuda a biografia de Beethoven e o contexto histórico da composição para entender possíveis influências biográficas.
1. Denis Massao Ito
Largo Apassionato da Sonata Op.2 N.2
de L. Van Beethoven - Minha Música
Biográfica:
correlações, processos e significados
Portfólio individual do Módulo V
do curso Antropomúsica - Turma 4
Temática: música biográfica
Antropomúsica
Itatiba, SP – 2015
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2. “Alegrias são dádivas do destino
Que mostram seu valor no momento presente.
Sofrimento, porém, são fontes de cognição,
Cujo significado se mostram no futuro”
(Rudolf Steiner)
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3. APRESENTAÇÃO
A princípio este trabalho tem como objetivo fazer uma reflexão a cerca de minha biografia
de ontem e de hoje, utilizando como referência base, uma música relevante na minha vida.
Naturalmente, espera-se que para isso, utilizemos a mesma música trabalhada durante o
último módulo (Módulo V). Porém, durante o período entremódulos, senti e observei que a música
que havia escolhido dizia muito pouco sobre a época da minha vida que mais me marcou e que mais
veio à tona no processo do módulo. Ao mesmo tempo, ao procurar outra música que representasse
essa época sobre a qual queria falar, não encontrei nenhuma que fosse daquele momento.
Assim, como durante minha vida fui percebendo que meu gosto e admiração por Beethoven
era grande. Parece-me que naturalmente acabei por encontrar a música ideal estudando uma das suas
Sonatas para Piano. O 2º Movimento (o Largo apassionato) da Sonata Op. 2 N. 2 em Lá M da grande
figura humana de Ludwig van Beethoven.
E, para que hoje esta música tenha sua importância, foram essenciais os importantes
encontros e aprendizados desse meus estudos no Antropomúsica. Por isso, também discorri sobre os
processos por quais passei durante esse último módulo, nos quais, a troca entre os colegas (amigos)
foi pessoalmente muito especial, gratificante e fundamental para gerar este trabalho. E desde já deixo
meio profundo agradecimento a todos que fazem parte deste curso tão iluminado.
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4. ÍNDICE
Introdução..................................................................................................... pg. 5
1. Motivações na escolha da música............................................................. Pg. 6
2. Embasamento teórico................................................................................ Pg. 7
2.1Arquétipos dos 4 primeiros setênios da biografia humana Pg. 7
2.1.1 Primeiro setênio (0 a 7 anos) Pg. 8
2.1.2 Segundo setênio (7 a 14 anos) Pg. 8
2.1.3 Terceiro setênio (14 a 21 anos) Pg. 8
2.1.4 Quarto setênio (21 a 28 anos) Pg. 9
2.2 Beethoven Pg. 10
2.2.1 Primeira infância de Beethoven Pg. 10
2.2.2 Segunda década Pg. 11
2.2.3 22 anos – a grande virada Pg. 11
2.2.4 Outras informações biográficas Pg. 12
2.3 Largo Apassionato da Sonata Op.2 nº2 em Lá Maior de Ludwig
van Beethoven
Pg. 13
2.3.1 Apresentação da origem da peça Pg. 13
2.3.2 Análise estrutural geral e hipóteses de relações com
aspectos biográficos do compositor
Pg. 13
3. Impressões do Módulo V........................................................................... Pg. 15
CONCLUSÃO................................................................................................ Pg. 16
BIBLIOGRAFIA........................................................................................... Pg. 17
ANEXOS......................................................................................................... Pg. 18
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5. INTRODUÇÃO
A intenção deste trabalho são a análise e as relações de uma música que considero
biograficamente importante para mim. Para isso, escolhi o Largo apassionato da Sonata para Piano
Op.2 n.2 de Beethoven
Ao executar, sentir e analisar esta obra, observei uma grande analogia dela com a minha
adolescência e mesmo com minha personalidade. Com isso, tive vontade de saber mais sobre as
possiveis motivações da criação desta música de Beethoven, o que me levou a buscar entender um
pouco sobre sua biografia.
Para tal objetivo, utilizei como ferramentas o conhecimento antroposófico dos processos
biográficos e as vivências musicais e pessoais do módulo V; implicitamente, parte de minha própria
biografia ao ser relacionada à música em questão; estudos específicos sobre a biografia humana,
parte da biografia de Beethoven, e alguns estudos de análise musical.
Em anexos, insiro a partitura da obra em quesão e alguns dos rascunhos que deram origem a
este trabalho Pois sei que não só o resultado final é importante, mas todo o processo desenvolvido
antes dele.
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6. 1. MOTIVAÇÕES NA ESCOLHA DA MÚSICA
Antes de tudo, eu precisei de tempo para a escolha da música. Ela foi realmente definida após
2 meses do último módulo (módulo V). Assim, antes de eu identificá-la como a música mais
representativa, eu havia pensado em utilizar a mesma música que foi trabalhada na última prática de
grupos do Antropomúsica, que aliás, era a recomendação inicial da Profª Verônica. Porém,
animicamente e racionalmente eu percebia uma ligação mais forte na prática criativa, na qual
buscamos as sonoridades de nossos setênios anteriores.
A música da prática de grupo me veio mais espontaneamente. Porém, não vejo agora uma
razão biográfica tão marcante, nem na própria música, nem em seu contexto, quanto a que me surgiu
2 meses depois. Essa peça é o Largo apassionato de Beethoven, o 2º movimento da Sonata Op.2 n.2,
que já estudava há mais de um semestre. Mas que durante este período, me dediquei muito pouco a
ela, me restringindo mais ao 1º e ao 3º movimento, que são exigentes técnicamente quanto a
velocidade e reflexo.
Assim, quando comecei a mostrar com mais frequência essa peça ao meu professor de piano
(Ulisses de Castro), ele, com sensibilidade e musicalidade, atentou-me pela delicadeza e
profundidade da obra. A partir daí fui me identificando cada vez mais com a música. E ao fazer
algumas observações analíticas da peça, comecei a perceber uma certa correlação desta com as
minhas sensações e sentimentos da época do Ensino Médio, da adolescência.
Logo que me veio essa comparação, veio também algumas conceituações para alguns
elementos musicais. Como o fato da melodia ser muito equilibrada e de certa profundidade (em razão
do uso da região grave do piano), mas quase sussurante e com uma expressividade muito sutil. O que
me fez pensar: “Nossa! Eu me vejo nessa melodia!”. Depois disso me vieram muitas coisas mais
com que eu me identificasse.
Mas é claro que existe a possibilidade de que eu esteja fantasiando, em excesso, comparações
sem muito sentido. Mesmo assim, acredito que o fato dessa música ter me ajudado a organizar
sensações, sentimentos e até pensamentos, já é um bom motivo para eu utilizá-la e assim fazer uso de
sua análise um tanto parcial, ou seja, uma análise tendenciosa. Com isso, o que acabo pretendendo
com a música escolhida é desenvolver um processo de transformação do meu conjunto de emoções e
pensamentos do passado em um aprimoramente, amadurecimento, e em algumas superações.
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7. 2. EMBASAMENTO TEÓRICO
Neste capítulo procuro fundamentar meus próprios pensamentos e, mesmo sentimentos e
sensações, em infomações e estudos de diversas origens: livros, artigos, etc. Estes materiais são tanto
da ciência clássica e da academia, como da ciência antroposófica.
Para isso, organizei esta parte traçando inicialmente aspectos gerais da biografia humana na
visão antroposófica. Para em seguida, visualizar e analisar os primeiros setênios de Beethoven, até a
época da composição da obra em questão (1795). E, ao final, desenvolver uma panorâmica análise
deste movimento de sonata que leve em consideração, possíveis motivações biográficas para o
resultado musical obtido em si.
2.1 ARQUÉTIPOS DOS 4 PRIMEIROS SETÊNIOS DA BIOGRAFIA HUMANA
A vida humana é uma sinfonia que o próprio homem compõe. A vida é uma música, uma
composição, esttruturada, cheia de movimentos diferentes e que tem uma unidade e diversidade que
nós mesmos compomos... (Meca Vargas – em aula proferida em 12 de outubro de 2014, Itatiba)
Antes de mais nada, ao observarmos a vida humana podemos distinguir dois dados
fundamentais: as realizações próprias de determinados momentos da vida humana e as realizações
que são únicas de cada indivíduo.
Os arquétipos, são justamente a identificação destes momentos especiais, mas que são típicos
na vida humana e próprios da nossa natureza. E, ao mapearmos esses padrões de acontecimentos e
transformações que ocorrem ao longo de toda nossa vida, ganhamos maior autonomia para encará-
los e utilizá-los na composição da nossa biografia.
Quanto as grandes fases da vida, podemos facilmente identificá-las com as estações do ano.
Em que a Primavera representa o seu início, onde crescemos e amadurecemos fisicamente,
estendendo-se até os 21 anos. O verão seria a fase seguinte, quando expandimos, chegamos ao
máximo de nossa vitalidade, terminando por volta dos 42 anos. O outono, entre os 42 e 63 anos, é
quando amadurecem os frutos e inicia-se o declínio físico. Enquanto que o Inverno, após os 63 anos,
é o momento em que deixamos as sementes, nos doamos para as gerações futuras.
Além dessa grande divisão da biografia, identificamos, como já na Grécia Antiga e retomada
por Steiner, as etapas da vida desenvolvidas em setênios, ou seja, de sete em sete anos. Assim,
passamos por um conjunto de transformações físicas, vitais, anímicas e espirituais que vai se
consolidando de sete em sete anos.
E, como nos restingiremos aqui a apenas aos quatro primeiros setênios, em virtude do foco
deste trabalho se realizar entre o 3º e o 4º setênios, faremos uma análise biográfica até a idade de 28
anos. Desde já, notemos que estamos diante das fases da Primavera e do inicio do Verão da vida de
um homem.
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8. 2.1.1 PRIMEIRO SETÊNIO (0 A 7 ANOS)
Este é o momento do amadurecimento biológico da criança, quando ela necessita de uma
educação receptiva. Pois neste período está-se formando todo o sistema nervoso, aflorando um mar
de sensações e percepções, que são totalmente ingênuas, sem referenciais e que precisam ser
educadas. Por isso é tão importante o que ela olha, o que ela ouve, percebe e pega. Os sentidos
inferiores – o tato, o equilíbrio, o movimento e o sentido vital -, que também afloram na primeira
etapa da vida, devem ser igualmente trabalhados.o tato, o equilíbrio, o movimento, o sentido vital.
Assim, o ambiente e o lar em que a criança vive este momento são fundamentais no seu
desenvolvimento subsequente, já que no 1º setênio ela absorve tudo o que vive e seus órgãos do
sentidos se formam a partir dessas primeiras experiências.
2.1.2 SEGUNDO SETÊNIO (7 A 14 ANOS)
Neste setênio temos o desenvolvimento do sistema rítmico (coração e pulmões), a encarnação
torna-se mais profunda e inicia-se a independência dos pais. Agora, a criança começa a admirar e a
apreender o mundo exterior.
Entre os 7 e os 14 anos, através da maior atividade do coração e dos pulmões, desenvolve-se
nossa capacidade de comunicação. É um período de muitas relações: as relações com os professores,
com os colegas, etc. E é interessante pautar aqui, que as artes podem ajudar muito na educação do
sistema rítmico, e consequentemente na comunicação da criança. Assim, como também o
conhecimento geral do mundo: história, geografia, ciências, etc.
Outro elemento importante neste período, é a criação de hábitos. Pois neste período podem-se
estabelecer hábitos que durarão por toda a vida, tanto bons, como maus.
Um dado interessante, é que aos 9 anos insere-se na criança uma presença do sentimento do
“Eu” (de uma individualidade, de uma espécie de afastamento e não pertencimento à nada) que a faz
se perguntar se ela é realmente filha de seus pais, ou seja, ela se pergunta: “Será que sou adotada?”
2.1.3 TERCEIRO SETÊNIO (14 A 21 ANOS)
É neste setênio que os amigos ganham grande importância, além de sua própria posição social
em seu meio.
O 3º setênio, no qual destaca-se o sistema metabólico-locomotor, é marcado por um rápido e
grande desenvolvimento, no qual inclui-se o amadurecimento sexual. O que provoca uma grande
questão no indivíduo que sente todo o peso terreno de sua coporalidade e indaga-se sobre sua própria
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9. Este processo de amadurecimento gera uma crise de identidade em que o indivíduo se
pergunta: “quem sou eu?”, “o que estou fazendo aqui?”, “por que é que eu vim parar aqui?”. E assim
se estabelece um drama interior, como se o seu póprio corpo aprisionasse seu espírito. Mas o que
acontece é a chegada do ponto máximo da ligação da identidade espiritual com sua própria
corporalidade.
E aos 21 anos chega-se numa possibilidade de liberdade que deve ser trabalhada ao longo da
vida
Assim, essa primeira fase traz esse amadurecimento biológico que se integra com a
individualidade espiritual anímica: a partir dos 3 anos a criança tem o primeiro lampejo da
consciência de si, quando ela fala “eu”; aos 9 anos tem a primeira vivência junto ao sentimento desse
“Eu”; e aos 21 anos, vê-se realmente independente para trilhar seu próprio caminho. Essa é grande
fase do aprender e do corpo: corpo físico, vital, emocional e o espiritual.
2.1.4 QUARTO SETÊNIO (21 A 28 ANOS)
Esta é a primeira fase em que o indivíduo pode trabalhar mais profundamente seu corpo
espiritual. A psique e a ânima já vem dos antepassados, biologicamente através do corpo. Mas agora
tem-se a possibilidade de amadurecê-la.
Assim, no setênio dos 21 aos 28 a alma se expande. É a fase de fazer experiências no mundo,
de experimentar através de viagens, desenvolver-se profissionalmente. Momento em que o “Eu” está
completamente aberto e expandido, além de desenvolver sua beleza máxima – é neste setênio que o
corpo fisiológico está em seu máximo desenvolvimento.
E aos 28 anos, após as experimentações, entra-se numa crise em que o ser se pergunta: “Mas o que é
que eu realmente quero?”, “O que é que eu realmente sei fazer?”.
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10. 2.2 BEETHOVEN: PRIMEIROS SETÊNIOS
2.2.1 PRIMEIRA INFÂNCIA
Ludwig van Beethoven nasceu por volta do dia 17 de dezembro de 1770, em Bonn, em uma
família de músicos e comerciantes de recursos medianos. E, apesar de passar a vida como o irmão
mais velho, os pais de Beethoven tiveram um bebê um ano antes dele, mas que morrera ainda recém
nascido.
O avô de Beethoven, o belga Ludwig, era uma figura bem forte, grande músico - mestre de
capela e Baixo - e empreendedor - dono uma adega. Enquanto o pai, Johan Beethoven, era apenas
um músico mediocre, tenor e professor de filhos de nobres.
A mãe do compositor, Maria Magdalena Leym, já havia se casado antes do seu pai, sendo
viúva. Ela era filha de uma cozinheira também viúva, mas que era descendente de comerciantes
importantes. Maria Magdalena soube ser forte e manter a organização do lar, mesmo com um marido
boêmio. Porém, nunca sorria e andava pela casa a falar mal do casamento, mesmo na presença do
pequeno Beethoven.
O compositor tinha profunda admiração por seu avô. Ele era seu herói. Quanto a sua mãe, ele
a amava mais que seu pai, que por muitas vezes o envergonhava.
O pai de Beethoven, querendo mostrar-se o provedor da família, e não ser obscurecido pelo
avô, tratou de ensiná-lo duramente, com castigos e obrigando-o a estudar por muitas e muitas horas
(a partir dos 4 ou 5 anos). Depois viu-se incapaz de dar prosseguimento aos estudos do filho,
encontrando em outro músico que se tornara se amigo de bar, uma ajuda no desenvolvimento do
pequeno Ludwig.
A partir daí, seu pai passou a promover o filho, como músico, na cidade. Chegou a conseguir
um concerto em Colônia para que o jovem Beethoven, aos 8 anos, pudesse mostrar suas habilidades
ao piano. Mas como tinha medo de seu filho tornar-se muito parecido com o avô, do qual tinha
herdado o mesmo nome, tentava controlar o desenvolvimento do menino.
É interessante notar que Beethoven desde muito jovem improvisou ao piano, mas seu pai
sempre repudiava essa atitude, queria que tocasse apenas o que estava nas partituras. Mesmo que na
época, o domínio da improvisação era tido como a consagração do virtuoso.
Beethoven foi criado com certo desleixo, tanto po sua mãe, como por seu pai. Cacilda Fischer
confirma falando que por vezes, o menino parecia sujo e descuidado. Mais tarde, parece que formou-
se um bloqueio na mémoria dos 10 primeiros anos de vida de Beethoven. Com isso, não falava mal
de seus pais, tecendo até elogios a sua mãe – mulher honesta e de bom coração, boa mãe e carinhosa
-, mostrando-se muito grato a ela. E quanto ao pai, falava muito pouco sobre. Sabe-se que por vezes
mostrava certo desgosto, mas também parecia amá-lo.
Com esta situação familiar, Bethoven acabou sempre evitando encontrar os amigos e os
familiares, tornando-se tímido e falando muito pouco. Mas como toda criança, tinha seus momentos
de alegria e travessura: uma vez roubou ovos e uma galinha de um vizinho; e gostava de brincar com
cavalinho de madeira.
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11. Também é interessante notar que ele não ia be nos estudos, e mal sabia aritmética, mas era
muito sonhador – às vezes ficava sonhando acordado à janela, ou observando no telescópio as
montanhas ao longe.
De qualquer forma, seu passatempo favorito era a música. Logo começou a procurar aprender
instrumentos, técnicas (composição) e outros conhecimentos musicais fora de casa. Cedo, foi aluno
de órgão, tocou em missa, estudou um pouco de violino e até estudou trompa.
2.2.2 SEGUNDA DÉCADA DE VIDA
Diferente da primeira infância, agora sente-se mais valorizado, tendo seu talento
engrandecido e ganhando melhores tratos, com roupas nobres e bem cuidadas.
Neste momento passava sentir-se no mesmo nivel profissional do pai. E logo se tornaria
músico da corte – ajudante em 1782, cravista em 1783 e organista em 1784, ganhando 150 florins.
Assim, aos 14 anos marca-se o fim de sua nfância e o início de seus trabalhos como
compositor. É nesta época também que conhece seu único mestre de fato, Christian Gottlob Neefe,
músico da companhia de teatro Grossman e Helmuth e designado na época como organista da corte.
Neefe foi professor de Bethoven de 1780-1781, mas continuou a ser seu mestre até sua saida de
Bonn em 1792.
2.2.3 22 ANOS - A VIRADA NA VIDA DO COMPOSITOR
Aos 21 anos, Beethoven viaja com os músicos da Orquestra da corte de Colônia para
Mergentheim, ficando lá por 2 meses. Nesta viagem conquista muitos amigos, passando por
momentos muito felizes e bonitos.
Aos 22 anos, o artista faz sua viagem para Viena, em 1792. Onde após um primeiro ano
difícil, passa a desfrutar do apoio da nobreza e de grandes artistas, entre eles o compositor Joseph
Haydn. Inicialmente faz muito sucesso como pianista, destacando-se como talvez o maior em dado
momento – pois nesta época, Viena não tinha nenhum grande nome do instrumento, com Clementi e
Cramer em Londres e Mozart falecido. Mas logo começava a ser reconhecido também como
compositor, recebendo elogios do próprio Haydn.
No ano de 1794, sua estadia em Viena torna-se definitiva. Pois as tropas francesas ocupam
sua cidade natal e o Eleitorado de Colônia é extinguido, o que o torna livre das suas obrigações com
sua terra e livre para o desenvolvimento de sua própria carreira.
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12. 2.2.4 OUTRAS INFORMAÇÕES BIOGRÁFICAS
É importante comentar que, os boatos que circulavam na época sobre ele ser filho do rei da
Prússia com sua mãe, não eram rechaçados pelo próprio Beethoven. Talvez alimentasse essa ideia,
pois o tornaria nobre, sua mãe adúltera e seus irmãos ilegítimos. Além de diminuir seu sentimento de
culpa por desejar a morte de seu pai verdadeiro, pois assim passaria a ser uma pessoa qualquer, por
quem ele não alimentava nenhum apreço. Ele também nunca aceitara o ano de seu nascimento como
verídico, duvidando até da certidão de nascimento, e acreditando haver algum mistério maior por traz
disso, muito em razão de seu irmão que morrera ainda bebê.
Uma informação que talvez ajude a entender estas desconfianças do compositor para com sua
família, foi o fato de ele ouvir dizer que o casamento de seus pais era feliz em seu início, quando eles
tiveram o primeiro filho que logo veio a falecer. Assim, Beethoven se sentia o filho “falso” e que não
pôde desfrutar dos momentos felizes de sua família.
Quanto ao seu posicionamento ideológico, por vezes era considerado contraditório –
detestava a tirania, mas não pregava o fim do regime da nobreza. Porém pode-se proferir a seu
respeito uma forte orientação pela liberdade política, pela excelência humana e pela ética. Além de
sua devoção pela arte, pela beleza e pelos princípios fundamentais do Iluminismo: virtude, razão,
liberdade, progresso e fraternidade universal. O que mostra sinais de superação dos sofrimentos
pelos quais o artista passou em relação aos seus pais, dos quais não recebera claramente muitos
desses principios, mas os desenvolveu durante toda sua vida.
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13. 2.3 LARGO APASSIONATO
DA SONATA OP.2 Nº2 EM LÁ MAIOR
DE LUDWIG VAN BEETHOVEN
2.3.1 APRESENTAÇÃO DA ORIGEM DA PEÇA
Publicada em 1795, essa sonata foi escrita durante o período de aclamação do público pelo
pianista Beethoven, além de ser um momento significativo de desenvolvimento musical do artista –
época de seus primeiros anos em Viena, chegando na cidade em 1792, e após um período tumultuado
em sua vida pessoal, principalmente o momento da morte de seu pai (1789).
Foi nesse período que Beethoven pode estudar mais propriamente a técnica composicional da
época, principalmente Mozart e Haydn. Escrevendo diversas obras em que ele abertamente declara a
influência desses compositores e até mesmo aproveita-se de seus materiais musicais para exercitar
seu trabalho composicional. Talvez por esse motivo, ele não tenha publicado algumas dessas obras.
Hoje, podemos reconhecer em seus quartetos para piano e cordas (Woo 36) deste período,
onde o compositor utiliza-se de materiais de sonatas para violino de Mozart, elementos que são
reaproveitados em suas Sonatas para Piano Opus 2.
Quanto ao 2º movimento da Sonata Op. 2 nº 2, sobre a qual este trabalho encerra-se,
percebemos uma semelhança com o 2º movimento do Quarteto para Piano e Cordas em Ré Maior
Woo 36 nº2. É interessante notar que suas similaridades estão sutilmente presentes principalmente
em gestos musicais e nas articulações (staccatos e ligaduras de expressão). O que pode significar
uma influência mais inconsciente sobre o autor.
2.3.2 ANÁLISE ESTRUTURAL GERAL E HIPÓTESES DE RELAÇÕES COM
ASPECTOS BIOGRÁFICOS DO COMPOSITOR
A grande estrutura da peça pode ser identificada como um tipo de rondó em que o tema A
insere-se por diversas vezes, alternado por melodias mais curtas ou menos consistentes. Assim, o
tema principal (tema A) ganha uma importância e uma presença de uma ideia fixa.
Mas qual a razão desse tema ser relevante?
Para isso, observermos a própria constituição do tema A: em sua estrutura identificamos uma
grande diferenciação do gesto expressivo da segunda parte em relação à primeira. Pois enquanto nos
3 primeiros compassos temos uma homogênea e clara organização textural e fraseológica, do 5º
compasso até o começo do 8º compasso, temos uma acentuada transformação sonora e expressiva
que traz uma sensação de imprevisibilidade ao tema. Assim, percebemos que na própria constituição
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14. do tema há um desequilíbrio e que, a sua recorrência durante a peça, pode induzir a harmonização
da expressividade desta passagem.
Com isso, este tema pode remeter a um assunto da vida do autor que deve ser, resolvido,
enfrentado e superado. Enquanto que os outros desenhos melódicos podem representar divagações,
pois giram em torno de pequenos motivos que de alguma forma estavam presentes no tema principal,
mas que tomam rumos sem uma direção precisa.
E nestas divagações, a melodia, o ritmo, a harmonia e a expressividade dos gestos ganham
variedade, assemelhando-se a utilização do material musical a uma maneira infantil de manipulá-lo.
O que poderiam representar vivências da infância do autor que não foram de todo transpassadas.
Assim, toda vez que o tema principal se inicia, pode-se imaginar que ele está se
reestruturando para superar estas divagações e transformá-las em um conjunto claro, organizado e
harmonioso, o que resolveria o tema.
É interessante notar que nesta busca por uma resolução, quem acaba sendo decisivo é o
póprio tema. Pois em sua penúltima passagem, ele toma uma forma completamente inesperada e
abrupta: sua entrada é em fortíssimo, o que antes era em piano ou mezzo piano; e em Ré m, o que
sempre fora em Ré M. Assim, ele mantem o gesto um tanto agressivo e grandioso, modulando até a
finalização do tema em Lá M, servindo como uma espécie de redenção para seu longo conflito.
Ao final, o tema retorna em pianíssimo, oitava acima, e com uma delicada linha de
acompanhamento cheia de nuances localizada entre as duas texturas principais. O que pode
representar a sublimação da “questão” apresentada no início pelo tema A, que agora desenvolve um
fraseado mais equilibrado, mais refinado em detalhes e de uma expressividade mais serena.
Concluindo a peça com uma pequena coda que confirma o caráter redentor e suave da última
aparição do tema.
Por conta deste final, podemos levantar a hipótese de que, neste momento, Beethoven já
estava em processo de amadurecimento e superação de seu infeliz e complexo relacionamento com
seu pai e com sua mãe, e de sua própria infância solitária e conturbada. Pois no período em que ele
compõe esta obra, ele está se tornando muito reconhecido como um grande pianista e um respeitado
compositor, formando frutíferas relações pessoais e profissionais.
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15. 3. IMPRESSÕES DO MÓDULO V
Para mim, o grupo mais marcante foi o da criação musical baseada nos setênios. Pois
relembrar os períodos da minha vida, principalmente da adolescência, causou e causa um grande
impacto em mim. Meu 3º setênio foi muito conturbado e devo confessar que talvez nunca tenha
realmente se resolvido.
Mas o grupo da prática musical em que criamos arranjos para nossas músicas biográficas
também foi muito poveitoso. Principalmente para uma vivência mais social e para um trabalho
colaborativo. Como tivemos a ilustre presença de um bebê, a pequena Lira, o processo tornou-se
bastante sereno e delicado, com uma alegria quase ingênua e muito reconfortante.
O que mais me marcou no processo da criação musical baseada nos setênios foi o dia em que
formamos um grupo para trabalharmos coletivamente as sensações, emoções e pensamentos que
resgatamos da nossa infância. Este dia foi muito especial, pois acredito que todos nós do grupo
estávamos bastante sensibilizados pelas tarefas anteriores – relembrar o 1º, o 2º e o 3º setênio - e
dispostos a compartilhar os sentimentos e os pensamentos desses períodos da vida.
Foi neste momento que senti o quanto todos nós somos frágeis e ao mesmo tempo poderosos,
pois alguns sofreram muito quando criança e mesmo assim tiveram forças para enfrentar e para
transformar suas próprias vidas ao seus modos. Também neste dia pude me identificar com alguns e
compreender outros com um gostoso sentimento de união. Além de tudo foi um incrível espaço para
desabafar sobre coisas que nunca havia dito antes, sentindo-me muito à vontade para dizer tudo que
até então estava “entalado na garganta”.
Quanto ao processo da prática musical, foi muito bom o clima de amizade e generosidade do
grupo. Os arranjos iam se definindo em conversas e experimentações com muita naturalidade e sem
pressa. Acontecendo de gastarmos mais tempo inicialmente, e tendo que correr à medida que o prazo
para a mostra dos arranjos chegava ao fim. Assim, mesmo que os últimos arranjos ainda estavam um
pouco crus e mesmo estando um pouco inseguros, o grupo se mantinha tranquilo e ao mesmo tempo
concentrado em vivenciar todos os momentos da nossa prática como um verdadeiro conjunto, unido
e generoso. Ao fim, mesmo não acontecendo tudo que havia sido planejado, a apresentação foi muito
alegre, descontraída e muito proveitosa para mim.
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16. CONCLUSÃO
Após diversas pesquisas e a retomada dos estudos antroposóficos após o último módulo, além
de diversas vivências pessoais de além do presente curso que me foram muito marcantes, vejo-me
um pouco mais amadurecido em relação ao entendimento da biografia humana e das forças que nela
atuam. Porém, acredito que muitos dos conhecimentos desenvolvidos até aqui complexificaram
minha visão a respeito dessas relações humanas e divinas, trazendo maiores sutilezas que me exigem
mais responsabilidade e sensibilidade.
Em relação a música escolhida e como me relacionei com ela e com seu estudo, fiquei
bastante satisfeito ao encontrar paralelos da obra com minha própria vida (a qual pouco expus aqui) e
com a vida do autor. Sentindo-me mais em comunhão com todas as pessoas, inclusive ao descobir os
vaores humanos do grande artista Ludwig van Beethoven, tanto os sublimes, como os detestáveis. E,
guardando as devidas poporções, cheguei a me ver em Beethoven, ou talvez seja melhor eu dizer que
reconheci Beethoven em mim.
Quanto aos paralelos com as propriedades do zodíaco e mesmo em relação as forças
plnetárias, vejo que ainda preciso construí-los mais profundamente para poder utilizá-los em minhas
análises. Ainda as forças destes níveis são por vezes incógnitas para mim.
Gostaria de encerrar este trabalho com muitos agradecimentos a todos que fazem ou fizeram
parte de minha vida, tanto os que me auxiliaram direta ou indiretamente, quanto aqueles que se
colocaram em oposição a mim. Pois hoje percebo um pouco melhor que, apesar de o carinho, o apoio
e o conforto serem importantes e saudáveis em nossas vidas, momentos difíceis, decepções e
embates também são muito importantes em nosso desenvolvimento pessoal e para nós como seres
humanos. Pois acredito que são em muitos destes momentos que nossa individualidade e nosso livre
arbítrio podem brilhar em sua luz mais divina. Parafraseando o famoso texto de Goethe: “Agradeço a
Deus quando ele me liberta, e novamente quando ele me aperta.”
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17. BIBLIOGRAFIA
BURKHARD, Gudrun. Biográficos – estudos da biografia humana. São Paulo, 2006.
HATTEN, Robert. Four Semiotic Approaches to Musical Meaning: Markedness, Topics,
Tropes and Gesture. Musicological Annual, Ljubljana, n. 40, p. 5-30, 2004.
SEKEFF, Maria de Lourdes. Beethoven: O Significante Imaginário. OPUS: Revista da
ANPPOM, Campinas, n. 11, p. 37-63, 2005.
SOLOMON, Maynard. Beethoven. New York: Schimer Books, c1977 , 400 p.
SWANWICK, Keith. Música, Mente e Educação. Tradução Marcell Silva Steuernagel. Belo
Horizonte: Autêntica Editora, 2014. 205 p.
.
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23. Rascunhos sobre meus estudos atuais (Beethoven e Keit Swanwick)
O avô de Beethoven (que era belga) era uma figura bem forte, grande músico (mestre de capela e Baixo) e
empreendedor (tinha uma adega). Enquanto o pai era apenas um músico mediocre, tenor e professor de
filhos de nobres. Ficou muito dependente do seu pai (avô de Beethoven) e até da esposa, tornou-se alccolatra
depois da morte dele (avô de Beethoven.
A mãe de Beethoven já havia se casado antes do seu pai, mas era viuva. Ela era filha de uma cozinheira que
também era vivuva, mas havia comerciantes importantesem sua própria família. Ela soube ser forte e
manter a organização do lar, mesmo com um marido boemio. Mas ela não sorria e falava mal do casamento
(coisa que o pequeno Beethoven ouvia)
Beethoen tinha profunda admiração por seu avô. Ele era seu herói.
Beethoven amava sua mãe, e mais que seu pai.
O pai de Beethoven, querendo mostrar-se o provedor da família, e não ser obscurecido pelo avô, tratou de
ensiná-lo duramente, com castigos e obrigado a etudar por muitas e muitas horas (a partir dos 4 ou 5 anos).
Depois viu-se incapaz de dar prosseguimento aos seus estudos, encontrando em um músico de 28 anos que
irira ficar uns tempos na cidade, uma ajuda no desenvolvimento do filho. Assim, Johan (pai de Beetoven) fez
amizade com este músico, o Pfeiffer, que passou a acompanhar o aprendizado de Beethoven.
A partir daí, seu pai comprava ingressos para ve-lo tocar e conseguiu até um concerto para ele solar na
prórpia cidade (Colonia) aos 8 aos de idade. Mesmo assim, tinha medo que seu talento se desenvolvesse ao
nivel do avô, pois não queria que seu filho o sulbjugasse. Então, de certa forma controlou a aprendizagem do
próprio filho (ele queria apenas que o filho fosse um grande musico da corte).
É interessante notar que Beethoven desde muito jovem improvisou ao piano e criava no instrumento, mas
seu pai sempre repudiava essa atitude, queria que tocasse apenas o que estava nas partituras. (e na época, o
domínio da imporvisação era a consagração do virtuoso)
Beethoven foi criado com certo desleixo, tanto po sua mãe, como por seu pai.
Cacilda Fischer confirma falando que por vezes, Beethoven parecia “sujo e descuidado”.
Mais tarde, parece que formou-se um bloqueio na mémoria dos 10 primeiros anos de vida de Beethoven. E
não falava mal de seus pais, tecendo até elogios a sua mãe – mulher honesta e de bom coração, boa mãe e
carinhosa -, mostrando-se muito grato a ela,
Quanto ao pai, falava muito pouco sobre. Sabemos que por vezes mostrava certo desgosto, mas também
parecia amá-lo.
Com esta situação familiar, Bethoven acabou sempre evitando encontrar os amigos e os familiares,
tornando-se tímido e falando muito pouco.
Mas como toda criança, tinha ses momentos de alegria e travessura: uma vez roubou ovos e uma galinha de
um vizinho, brincava com cavalinho de madeira.
Também é interessante que ele ia muito mal na Escola, e mal sabia aritmética, mas era muito sonhador – às
vezes ficava sonhando acordado à janela, ou observando no telescópio as montanhas ao longe.
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24. De qualquer forma seu passatempo favorito era a música. Logo começou a procurar aprender instrumentos,
técnicas (composição) e outros conhecimentos musicais fora de casa. Cedo, foi aluno de órgão, tocou em
missa, estudou um pouco de violino e até de trompa.
É importante comentar que os boatos que circulavam na época sobre ele ser filho do rei da Prússia com sua
mãe não eram rechaçados pelo próprio Beethoven. Talvez alimentasse essa ideia, tornando-o nobre, sua
mãe adúltera e seus irmãos ilegítimos. Além de diminuir seu sentimento de culpa por desejar a morte de seu
pai verdadeiro, pois assim passaria a ser uma pessoa qualquer por quem ele não alimentava nenhum apreço.
Ele também nunca aceitara o ano de seu nascimento como verídico, duvidando até da certidão de
nascimento. Acreditando haver algum mistério maior por traz disso.
«¿Quién es mi verdadero padre?» El texto de lo que fue quizá la primera canción de
Beethoven «An einen Säugling» [A un infante], WoO 108
(pg.29, SOLOMON, 1977)
Olhando a citação acima, é interessante observar que aos 12 anos, Beethoven já se interrogava a respeito de
seu verdadeiro pai, não acreditando em Johan como seu provedor.
Um problema que talvez ajuda a responder essa dúvida, foi o fato de ele saber que o casamento de seus pais
era feliz em seu início, quando eles tiveram o primeiro filho que logo veio a falecer. Assim, ele se sentia o
filho “falso” e que não pode desfrutar dos momentos felizes de sua família.
SEGUNDA DÉCADA DE VIDA
Diferente da primeira infância, agora sente-se mais valorizado, tendo seu talento engrandecido e ganhando
melhores tratos, com roupas nobres e bem cuidadas.
Neste momento passava sentir-se no mesmo nivel profissional do pai. E logo se tornaria musico da corte –
ajudante em 1782, cravista em 1783 e organista em 1784, ganhando 150 florins. Assim, aos 14 anos
marcasse o fim de sua nfância e o início de seus trabalhos como compositor.
É nesta época também que conhece seu único mestre de fato, Christian Gottlob Neefe, músico da companhia
de teatro Grossman e Helmuth e designado na época como organista da corte. Neefe foi professor de
Bethoven de 1780-1781, mas continuou a ser seu mestre até sua saida de Bonn em 1792.
También Beethoven despreciaba la tiranía, pero no visualizaba -y menos aún preconizaba-
la abolición de la realeza. Su reverencia a Schiller conespondía esencialmente al autor de
Die Räuber y Don Carlos, cuya temática se centra en los conflictos de clase y edípicos entre
el príncipe y el monarca. Entre los héroes del Schiller de Beethoven se incluyen los
príncipes que luchan contra el absolutismo opresor en su carácter de representantes de la
monarquía ilustrada, y su meta no es la conquista sino la reconciliación... (SOLOMON, 1977,
pg.45)
Y en el fondo, el Schiller de Beethoven es el Schiller de «An die Freude», ese elevado
Trinklied de 1785 y que dominó la imaginación del compositor tan profundamente que se
propuso ponerlo en música incluso antes de partir de Bonn. En 1793 Fischenich escribió a
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25. Charlotte, esposa de Schiller: «Se propone componer el «Freude» de Schiller verso por
verso.» Tuvo que recorrer un largo camino desde la concepción hasta la realización del
proyecto de la «Oda a la Alegría», cuyo marco musical en la Novena Sinfonía quizá
representa la más clara formulación del deseo de armonía y reconciliación de Beethoven.
(SOLOMON, 1977, pg.45 pg.46)
A lo largo de toda su vida se orientó siempre por una creencia consciente en los principios
de la libertad política, la excelencia personal y la acción ética. Su devoción al arte y la
belleza y su aceptación de las principales ideas del Iluminismo -la virtud, la razón, la libertad,
el progreso, la fraternidad universal- sirvieron quizá para contener la erupción de las fuerzas
íntimas engendradas por las condiciones de su niñez y las graves dificultades de su
adolescencia.
(SOLOMON, 1977, pg.46 pg.47)
...Parece propio del carácter de la adolescencia que la personalidad sufra un proceso de
licuefacción, en el curso del cual el individuo trata de descubrir nuevas metas creadoras e
intenta realizarlas. Se liberan las fuerzas previamente contenidas en la estructura de la
personalidad, se forman nuevas identificaciones y diferentes intereses y emergen
posibilidades ocultas. Al mismo tiempo, es posible que aparezcan rasgos regresivos, y que
se manifieste una desconcertante disolución de las identificaciones y las creencias previas.
Seguramente podemos delinear la silueta de Beethoven, ya que no su retrato, en el boceto
que ofrece Anna Freud de las variaciones del humor que caracterizan al adolescente
creador: «La cumbre de la exaltación o la profundidad de la desesperanza, los entusiasmos
que se avivan rápidamente, la absoluta desesperanza, las ardientes... preocupaciones
intelectuales y filosóficas, el anhelo de libertad, el sentimiento de soledad, el sentimiento de
la opresión ejercida por los padres, las cóleras impotentes o los odios activos dirigidos
contra el mundo adulto, las ansias eróticas... las fantasías suicidas.»
(SOLOMON, 1977, pg.47)
No puede pasar inadvertido el aspecto conflictuado del carácter de Beethoven durante su
adolescencia. «Desde mi regreso a Bonn he gozado de muy pocas horas felices», escribió a
von Schaden en setiembre de 1787. «He padecido de melancolía, lo cual en mi caso es una
tortura casi tan grave como la enfermedad.» Reveló a Frau von Breuning «sus humores
obstinados y apasionados», su capricho o su irracionalidad ocasionales
(SOLOMON, 1977, pg.47)
Durante la estada de dos meses de la orquesta del electorado en Mergentheim, en el otoño
de 1791, Beethoven, que tenía veintiún años, y el violoncelista Bernhard Romberg de buena
gana fueron servidores de sus colegas de la orquesta y el viaje fue para Beethoven una
«fecunda fuente de hermosas visiones». Una expresión del cálido afecto que sus amigos
sentían por él son las quince entradas en un álbum de autógrafos que corresponde al
período del 24 de octubre al 1º de noviembre de 1792, en vísperas de la partida de Beethoven
para Viena.
(SOLOMON, 1977, pg.48)25
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26. Trecho interessante do livro Música, Mente e Educação de Keith Swanwick:
“o estado de extrem inibição, diz Wolf, é muitas vezes caracterizado por movimentos extensores,
retração, movimentos estereotipados e arrítmicos, inquietação motora, velocidade motora lenta e
movimentos desnecessário” [pg. 48, 2º parágrafo]
As características musicais citadas no trecho acima me faz lembrar o tema pincipal do Largo Apassionato de
Beethven
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27. Primeiros pensamentos sobre o Largo Apassionato
Beethoven, nascido em 1770 em Bonn, compôs esta sonata entre os anos de 1794 e 1796 (entre 24 e 25
anos). Ele passava por seu 4º setênio, aquele das experimentações, mas também das apurações das
emoções e da criação de sutiliezas, além da busca pelo equilíbrio entre o pensamento e o sentimento.
A peça trabalha preponderantemente a região médio-grave do piano, e isso traz essa seriedade da idade, a
interioridade e o seu meditar profundo. Vale destacar que, durante o tema principal da música, a região
ritmicamente mais intensa é justamente a mais grave.
A peça desenvolve-se aos moldes de um Rondó, em que sua estrutura principal constitui-se de Seção de um
único tema que é bastante equilibrado e de uma expressividade especialmente contida.
Além disso, este tema tem uma organização textural muito clara e própria: reconhecemos uma linha
melódica muito articulada e ritmicamente muito regular na região grave do piano, enquanto na região
média temos um acompanhamento em longos acordes homofônicos e menos regulares tanto ritmicamente,
quanto em relação as acentuações harmônicas.
Como imagens para essa combinação textural, pode-se associar a melodia a um discurso fortemente
racional, enquanto que os acordes seriam o elemento emocional, em que a expressividade da sutil variação
do ritmo harmônico promovesse uma mudança na respiração da música e desse vida a melodia que parece
inicialmente tão acéptica.
Porém, ainda nesta seção,...
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