3. OBJETIVO DA PESQUISA:
Identificar o que os moradores entendem como prioritário e importante para a
melhoria da qualidade de vida nas comunidades pacificadas.
LOCAIS DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA:
Equipes de alunos visitaram 8 comunidades pacificadas, sendo:
• Complexo do Alemão;
• Comunidade do Borel;
• Comunidade da Cidade de Deus;
• Comunidade dos Macacos;
• Comunidade da Rocinha;
• Comunidade do São Carlos;
• Comunidade do Tabajara;
• Comunidade do Turano.
4. DATA E HORÁRIOS DE REALIZAÇÃO:
As pesquisas foram realizadas entre os dias 25 e 27 de maio de 2012, nos
períodos da manhã e da tarde.
TOTAL DE RESPONDENTES:
Foram entrevistados um total de 964 moradores das comunidades pacificadas.
INSTRUMENTO DE PESQUISA:
Questionário contendo 5 questões fechadas.
6. SEXO DOS ENTREVISTADOS
As equipes tiveram o cuidado de entrevistar, em igual número, homens e
mulheres.
O objetivo foi obter uma percepção comparativa dos dois gêneros. Como eles
percebem a pacificação e seus efeitos na comunidade onde vivem.
7. QUANTIDADE DE ENTREVISTAS POR COMUNIDADE
13% 13% ALEMÃO
12% 12% BOREL
CIDADE DE DEUS
13% 13% MACACOS
ROCINHA
12% 12% SÃO CARLOS
TABAJARA
TURANO
8. QUANTIDADE DE ENTREVISTAS POR COMUNIDADE
Assim como nos gêneros, houve o cuidado de equilibrar o número de
respondentes por comunidade.
Desta forma todas participaram com 12% ou 13% das respostas. Uma
média de, aproximadamente, 120 entrevistas para cada comunidade (sendo
60 para cada gênero).
Um ponto a ser destacado é que foram entrevistadas pessoas que nasceram
e cresceram nas comunidades ocupadas pelo crime organizado: sem leis e
sem ordem oficial, assim como, pessoas que viveram esta realidade num
espaço bem curto de tempo (mudaram-se para a comunidade). Todos
quiseram opinar se a entrada do Estado, de forma mais incisiva, contribui
ou não para algum tipo de melhoria na comunidade.
9. FAIXA ETÁRIA DOS ENTREVISTADOS
24% 27%
DE 20 A 30 ANOS
DE 31 A 40 ANOS
20%
DE 41 A 50 ANOS
29%
MAIS DE 51 ANOS
10. FAIXA ETÁRIA DOS ENTREVISTADOS
A distribuição de respondentes por faixa etária também seguiu a orientação
de equilíbrio. Uma amostra desequilibrada iria interferir no resultado.
O objetivo foi possibilitar reduzir as diferenças.
Desta forma, as respostas ficaram bem distribuídas
possibilitando, também, uma comparação sobre a forma de pensar de cada
grupo de acordo com a faixa etária.
11. O QUE O GOVERNO PODERIA FAZER PARA MELHORAR A
QUALIDADE DE VIDA NA SUA COMUNIDADE ?
22%
18%
15%
10% 11% 10%
5% 4% 3%
2%
12. MELHORIAS QUE AS COMUNIDADES ESPERAM COM A PACIFICAÇÃO
Entre as opções apresentadas a “Melhoria do atendimento nos postos de
saúde” foi o destaque: 22% dos moradores das comunidades pacificadas
entendem que o governo poderia investir nesta condição.
Foram sinais relatados: ausência de médicos nos postos, serviços como
medicação e receituário, muitas vezes, realizados pelos profissionais de
enfermagem, falta de medicamentos, entre outras.
18% da população cobra uma “Coleta de lixo e varrição mais regular”.
Com a ocupação da comunidade pelo crime organizado, estes serviços não
existiam e, agora, representam uma necessidade, pois, os moradores não
querem ver os espaços como depósitos de lixo sem nenhum critério de descarte.
Serviços essenciais como “Água, luz e esgoto” também foram lembrados.
Representam 15% do clamor dos entrevistados. Este tipo de
serviço, também, era problema para os moradores que entendiam estar
expostos a riscos de vida pela incidência elevada de instalações clandestinas
(apesar de reclamarem dos valores das taxas e da existência, ainda, de esgotos
a céu aberto).
13. MELHORIAS QUE AS COMUNIDADES ESPERAM COM A PACIFICAÇÃO
A “Instalação de creches” e “Melhorias do ensino nas escolas públicas”
ocuparam uma prioridade mediana na prioridade desta população: 10% e 11%
dos respondentes, respectivamente. Se por um lado estes números mostram que
existe uma preocupação com o futuro das crianças, por outro, uma parcela ainda
não consegue enxergar a educação como uma oportunidade de mudar a
realidade.
“Manter a ordem pública” recebeu 10% da atenção dos entrevistados. Bailes
e festas com som alto até a madrugada, estacionamento irregular, descarte de lixo
em locais inadequados etc. são preocupações desta parcela de moradores.
“A pavimentação de ruas”, o “Alargamentos de vielas e becos”, e a
“Proibição de novas construções” nas comunidades são temas considerados
menos importantes pelos respondentes. A cultura enraizada não impede o olhar
de novos horizontes e reduz a importância de tais condições.
Moradores reclamam da “Falta de área de lazer” e “Espaços de convivência”
aparecem em grande parte da respostas, apesar de não fazer parte da pesquisa.
14.
15. AS PRIORIDADES DO COMPLEXO DO ALEMÃO
28%
20%
13% 14%
10%
4% 5%
2% 2% 2%
16. AS PRIORIDADES DA COMUNIDADE DO BOREL
19%
16%
15%
10%
9% 9%
6% 7%
5%
4%
17. AS PRIORIDADES DA COMUNIDADE DA CIDADE DE DEUS
23%
22%
19%
10%
9% 9%
3% 3%
1% 1%
18. AS PRIORIDADES DA COMUNIDADE DO MORRO DOS
MACACOS
29%
27%
24%
15%
2% 2%
0% 1% 0% 0%
19. AS PRIORIDADES DA COMUNIDADE DA ROCINHA
25%
17% 17%
16%
14%
4%
3%
2% 2%
0%
20. AS PRIORIDADES DA COMUNIDADE DE SÃO CARLOS
20% 20%
18%
14%
6%
6% 5% 5%
4%
2%
21. AS PRIORIDADES DA COMUNIDADE DO TABAJARA
27%
16% 16%
11% 12%
7%
4% 5%
2%
0%
22. AS PRIORIDADES DA COMUNIDADE DO TURANO
25%
23%
14% 14%
10% 9%
2% 1% 2%
0%
23. COMPARATIVO ENTRE COMUNIDADES: o que consideram mais
importante
“Melhorar o atendimento do postos de saúde” aparece como
prioridade para 5 comunidades (Alemão: 28%, Cidade de Deus:
23%, Rocinha: 25%, São Carlos: 20% e Tabajara: 27%).
“Melhorar a coleta de lixo e varrição” para 2 comunidades (Cidade
de Deus: 23% e Turano: 25%).
No Borel, a “Ordem pública” é prioridade para 19% dos respondentes.
Estes índices sinalizam problemas que as comunidades enfrentam na
atualidade e que por razões como: falta de investimento, recursos ou
qualificação de pessoal, além de baixo espírito de cidadania, desrespeito
aos direitos do próximo, educação básica, entre outros, que precisam ser
tratados para dar mais qualidade de vida ao ambiente e alavancar novos
hábitos e atitudes.
24. COMPARATIVO ENTRE COMUNIDADES: o que consideram menos
importante
“Proibir novas construções nos locais” este item não foi elencado
por 4 comunidades (Cidade de Deus, Rocinha, Tabajara e Turano). E para
2 outras aparece com 2% das respostas (Alemão e São Carlos)
“Pavimentação da rua ” e “Alargamento de becos e vielas” também
não foram considerados como importante peles moradores. Assim
como “Instalação de creche” e “Melhorar o prédio da escola
pública” .
Este resultado indica que investimentos de curto prazo estão na pauta dos
moradores. No entanto, os investimentos que trariam melhorias a longo
prazo, ficam para depois. É o eterno conflito: “dar o peixe ou ensinar a
pescar”.
25. VOCÊ TEM ORGULHO EM SER MORADOR DE UMA
COMUNIDADE PACIFICADA ?
14%
SIM
86%
NÃO
26. ORGULHO DE MORAR NUMA COMUNIDADE PACIFICADA
Cidadania é algo que vale mais que ouro.
86% dos entrevistados têm orgulho de morar numa comunidade
pacificada e não pretendem se mudar (criaram raízes).
No entanto, existe uma parcela de 14% “insatisfeita” com a vida na
comunidade, mesmo após a pacificação. Indicam que quase nada mudou
e que, apenas, as armas, saíram de circulação. Os relatos
indicam, também, que moram ali, por falta de opção.
27. OBSERVAÇÕES RELATADAS NAS ABORDAGENS mas que precisam ser
investigadas para confirmar veracidade.
• Aproximadamente 20% dos respondentes aparentaram medo de responder a
pesquisa;
• Existem problemas graves de saneamento
básico, iluminação, educação, saúde, transporte e até mesmo segurança
pública;
• Moradores reclamam dos altos preços de serviços como energia elétrica;
• Segundo uma parcela da população, o tráfico continua, porém, de forma
“discreta”;
• Alguns relataram existir violência por parte dos policiais das UPP's. São
abordados de forma agressiva durante as “diligências”;
• Foi sinalizado um sentimento de insegurança na Rocinha e no Turano;
• Todas as comunidades gostariam de ser mais ouvidas pelos órgãos públicos
(existe o sentimento de abandono e desamparo. Ou, talvez, carência);
• Faltam área de lazer no Borel e cursos profissionalizantes;
• Falta transporte público dentro das comunidades;
• Existe grande necessidade da construção de creches e escolas para PNE's;
• Existe um forte pedido para a criação de cooperativas para cursos
profissionalizantes em todas as comunidades.
• Comerciantes reclamam que, após a pacificação, as vendas reduziram.
Moradores ampliaram suas opções de fornecedores.