O professor como mediador dos estímulos na aprendizagem
1. INSTITUTO EDUCACIONAL NOVO SABER
DANUSA IUNG DA SILVA
O PROFESSOR COMO MEDIADOR DOS ESTÍMULOS NA APRENDIZAGEM
MARECHAL CANDIDO RONDON
2015
2. INSTITUTO EDUCACIONAL NOVO SABER
DANUSA IUNG DA SILVA
O PROFESSOR COMO MEDIADOR DOS ESTÍMULOS NA APRENDIZAGEM
Trabalho de Conclusão de Curso – Artigo
Científico, apresentado ao Núcleo de
Trabalhos de Conclusão de Curso do
Curso de Pedagogia, como requisito
obrigatório para a obtenção do grau de
licenciado.
MARECHAL CANDIDO RONDON
2015
3. IUNG DA SILVA, Danusa1
RESUMO
Ao longo da história da psicologia já esta clara a importância do desenvolver, do
estimular a criança no ato de brincar. Diferentes autores deste ramo demonstram a
importância de estimular a criança na infância, sendo assim o estímulo é um
caminho para a aprendizagem. O professor se torna mediador deste estímulo, é ele
quem dá ao aluno diversos métodos para que este possa receber estímulos de
diferentes sentidos. Enquanto mediador é ele o responsável pela aprendizagem ou
não do aluno. É preciso que esta mediação se torne assunto central para o
profissional da educação. A mediação deve estar relacionada com a modificabilidade
cognitiva.
Palavras-chave: Mediação, Professor, Estímulos, Aprendizagem.
ABSTRACT
Throughout the history of psychology already clear the importance of developing,
encourage the child in the act of playing. Different authors demonstrate the
importance of this branch of stimulating the child in infancy, therefore the stimulus is
a path to learning. The teacher becomes a mediator of stimulus, it is he who gives
the student several methods so that it can receive stimuli from different senses. While
he is the mediator responsible for the student's learning or not. It is necessary that
this mediation becomes central issue for professional education. Mediation should be
related to cognitive modifiability.
1. INTRODUÇÃO
Pode-se afirmar que não é apenas o substrato biológico que promove em nós
o desenvolvimento e a aprendizagem, mas também a relação que o indivíduo tem
com o ambiente e com outros seres. A mediação feita pelo professor poderá limitar
ou possibilitar ainda mais os estímulos para o desenvolvimento e para a
aprendizagem, então quanto mais áreas sensoriais – tato, olfato, paladar, audição,
visão - estimulada mais fácil a captação daquilo que se quer que a criança aprenda
ou desenvolva, sabemos que em sala de aula há diferentes indivíduos e cada um
aprende de maneira diferente o conteúdo transmitido pelo professor.
O homem é um ser consciente, tem consciência de si e dos outros, na
consciência de si ele se espelha em sua própria atividade, atividade essa que é o
1
Graduada Licenciada em Filosofia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) de Toledo -
PR, Especialista em Educação Para a Inclusão da Diversidade Especial e Social pelo Instituto Superior Tupy
(IST) de Joinville – SC, Pós graduada em Psicopedagogia Práticas Interventivas pela Faculdades Integradas
Camões (FICA) e Neuropedagogia pelo Instituto Rhema Educação de Arapongas. Atua como professora de
filosofia no Colégio Estadual Adroaldo Augusto Colombo. Contato: danusaiung@hotmail.com.
4. processo de transformação entre o sujeito e o objeto, o objeto vira sua forma
subjetiva, ou seja, uma atividade mental, o individuo é capaz de imaginá-lo, criá-lo
em sua mente e a atividade do sujeito transforma em seus resultados objetivos que
os seus produtos de trabalho, etc. O professor como mediador da aprendizagem fica
entre o meio do sujeito e produto, dando ao sujeito possibilidades diversificadas de
criar seu produto, de produzir.
Para Vygotski (2001), é por meio da interação com seu meio cultural, com os
indivíduos do seu grupo, de sua sociedade e comunidade, que o bebê humano vai
se humanizando, não depende apenas do que foi herdado geneticamente ou
aprendido durante seu desenvolvimento que levará seus processos psicológicos ao
nível mais elevado de conhecimento. Para ele elevar-se a esse nível elevado
depende da relação, do convívio do individuo com o meio sociocultural. Desta forma,
os outros indivíduos mais experientes do convívio da criança irão promover
situações onde o aprendizado vai acontecer e com a aprendizagem vem o
desenvolvimento.
A escola enquanto unidade sociocultural que socializa o conhecimento
construído historicamente é de fundamental importância para o desenvolvimento
infantil. Segundo Vygotski (1988, p.117) “o ‘bom aprendizado’ é somente aquele que
se adianta ao desenvolvimento”.
Nesta discussão Vygotski aborda dois níveis de desenvolvimento, o real e o
proximal, o real é aquele onde o sujeito faz sozinho, sem a ajuda de outro o proximal
se refere ao que ele pode fazer com ajuda de outra pessoa mais experiente do que
ele.
A partir deste desenvolvimento proximal, enfatizaremos o objetivo deste
artigo, demonstrar a importância do professor enquanto mediador no processo de
aprendizagem da criança, acerca de uma reflexão de textos de diversos autores. O
professor enquanto mediador pode planejar a mediação pedagógica, tornando-a
intencional, com isso proporcionando ao sujeito diferentes estímulos, diferentes
mudanças cognitivas, a mediação dá a criança à possibilidade de abrir horizontes
para novos métodos de aprender.
2. O PROFESSOR COMO SUJEITO MEDIADOR DA APRENDIZAGEM
Ao nascermos nosso cérebro possui cerca de 100 bilhões de neurônios, cada
um é capaz de produzir milhares de sinapses – conexões entre um neurônio e outro
5. -, assim ele é capaz de produzir mil trilhões de conexões todas elas com significados
e objetivos. O neurônio tem grande obrigação no processo de recebimento da
informação, é pela rede neural que toda a consciência de informações e os níveis de
conhecimentos são formados. O neurônio tem capacidade tanto de receber como de
responder as mensagens que chegam.
Os neurônios são portadores de sinais carregados de informações e
significados, estes sinais trafegam a mensagem por todo o sistema neuronal
do corpo humano. Isto é realizado graças aos nervos motores que
conduzem seus sinais a centenas de quilômetros por hora. Estas
mensagens são codificadas em padrões flexíveis que são transmitidos por
sinais, visões, sons, movimentos, etc. (McCRONE, 2002).
Assim, o professor enquanto mediador deve proporcionar à criança diferentes
estímulos, que vão lhe dar inúmeras opções de aprendizagem, mas cada estímulo
ligado à sua capacidade cerebral cognitiva, já que a criança possui fases de
desenvolvimento – exemplos de fase são, quando a criança percebe tudo com a
boca, tem mais foco na visão do que em outros sentidos e sucessivamente. Para a
psicologia a aprendizagem é um fator complexo, há diversos fatores que influenciam
uma aprendizagem, apenas o fato de colocarmos uma criança em contato com um
adulto tem se ali perante a criança um fator de aprendizagem.
Ainda de acordo com Piaget, o desenvolvimento cognitivo não se restringe a
uma somatória de aprendizagens. Ao contrário, é ele que explica e impulsiona este
processo. Portanto, a aprendizagem está subordinada ao desenvolvimento e é este
último que “constitui a condição preliminar evidente e necessária para o
desenvolvimento escolar” (Piaget, 1970, p. 340).
De acordo com Piaget, a criança é construtora do seu próprio conhecimento e
esta construção depende da constante interação entre sujeito e meio. No processo
de mediação o professor fica entre o sujeito e o meio, é ele quem observa e busca
meios para o desenvolvimento da criança.
É na relação com o meio que a criança transforma sua cognição, seu
desenvolvimento, nesta relação com o meio mediado pelo professor que ela terá
condições de se auto realizar, de se desenvolver. De acordo o psicólogo israelense
Reuven Feurestein, a mediação precisa ter pelo menos três características
fundamentais para promover a modificabilidade cognitiva do sujeito, ou seja, a
capacidade do indivíduo em modificar-se a partir da flexibilidade da sua estrutura
6. cognitiva, capacidade de encontrar o melhor caminho para realizar atividades do dia
a dia. (GOMES, 2002).
É preciso que o mediador como objeto central, tenha como foco, como o
objetivo principal a cognição da criança, neste foco a mediação deve ser intencional
e recíproca, o mediador deve levar em consideração a relação mediador e mediado
para haver a ajuda necessária ao favorecido. Ainda a mediação deve possuir
significado, onde o mediador mostre o significado do que está sendo ensinado e por
último mediado, o mediador e o mediado, devem caminhar para além da situação
dada.
Deve se pensar a mediação desta maneira, se levar em consideração de que
um aprendizado mediado irá desenvolver diferentes formas cognitivas da criança,
pois se analisarmos a mente do ser humano, ela é flexível a mudanças está aberta a
essas mudanças.
Mediar a aprendizagem da criança significa mostrar a ela diferentes formas de
adquirir conhecimento, quando se aprende com diferentes estímulos mais fácil será
a memorização da criança, tornando mais fácil a vivencia dos conflitos, as
experiências. Passando diferentes formas de aprendizagem, a criança é estimulada
em diferentes receptores, que serão levados aos neurônios, avançando no seu
estado psicológico.
A construção do conhecimento na criança não ocorre de forma solitária,
mas sim, a partir de situações em que a criança tem condições de agir
sobre o objeto de seu conhecimento, pensar sobre ele, recebendo ajuda, e
sendo desafiada a pensar e interagir com outras pessoas (TESSARO, 2004,
p. 146).
Se o professor souber qual á a melhor modalidade de aprendizagem do seu
aluno, ele se tornará um facilitador da aprendizagem, enquanto mediador poderá
buscar atividades que vão estimular a aprendizagem através daquela modalidade.
Quando o professor exige um modelo de aprendizagem padrão do aluno, ele obterá
respostas improdutivas, pois cada aluno é um indivíduo autônomo, possui suas
vontades, seu estado psicológico e ainda possui seu próprio tempo lógico. Assim,
cada um tem seu tempo para o conhecimento. Quando respeitamos essa autonomia
da criança, estamos respeitando o seu tempo, sem enviar ao cérebro uma
sobrecarga de conhecimento, que contribuirá apenas para o desgaste.
Proporcionar aulas trabalhando com as crianças os seus quatro níveis de
aprendizagem sendo eles, organismo, corpo, desejo, inteligência (Fernàndez, 1991),
7. permeado pelos princípios ligados ao ato de aprender que é, atividade, criatividade,
autoridade, liberdade (Borges, 1994), com toda certeza favorecerá uma atuação
neuropedagógica preventiva, onde de forma irá construir nas crianças auxilio para
que possam trabalhar seus problemas de aprendizagem em função do
desconhecimento da relação que há entre cérebro e os modos pelos quais o homem
aprende.
Ensinar necessariamente não significa em aprender, uma das dificuldades
hoje do mediador da aprendizagem é conseguir prender a atenção do aluno.
Dificuldade essa que se dá por fatores externos, onde o aluno busca informação
sobre coisas que ele gosta ou que está mais interessado, busca essas informações
na internet, se prendem à televisão, jogos, livros, revistas, etc. Enquanto sujeitos do
conhecimento dirigimos nossa atenção para o estímulo que julgamos serem
importantes num exato momento, os estímulos que não são importantes são
deixados de lado. É desta forma, enquanto professor e enquanto mediador,
precisamos usar no processo ensino-aprendizagem, diferentes vias de estímulo,
proporcionando ao aluno a forma que ele julga mais agradável, ou mais importante,
de aprender. A atenção é uma função cognitiva muito complexa, diversos
comportamentos requerem um nível de atenção adequado para serem bem
sucedidos, no ensino-aprendizagem acorre da mesma maneira, para haver
aprendizagem precisa-se de um nível de atenção adequada.
Tem se a atenção que pode ser seletiva, onde a criança escolhe em qual
estimulo irá prestar atenção ou dividida onde ela irá prestar atenção com mais de um
estímulo. Neste sentido, damos foco novamente para os diversos tipos de estímulos
que o mediador deve usar em sala, - neste projeto veremos apenas alguns destes
estímulos e o conhecimento não se limita apenas neles - o aluno poderá escolher
entre aqueles estímulos um ou mais que é de seu agrado.
O grau de desenvolvimento depende da hereditariedade e do ambiente que
rodeia o indivíduo. O sujeito pode ser estimulado se tiver diferentes áreas de
aprendizagem, mas nunca se saltar etapas. Por exemplo, a criança nunca
conseguirá se sentar, sem antes ter conseguido controlar a cabeça. Veremos a
seguir alguns tipos de estímulos que podemos usar como recurso de
ensino/aprendizagem.
2.1 Dimensão Espacial e sua importância para a Mediação do Desenvolvimento
8. Na escola a dimensão espacial é muito mais que um cenário a ser enfeitado
pelos adultos para ficar mais bonito e agradável para os alunos. Nesta perspectiva,
em vez de ser idealizado e organizado de maneira isolada, o espaço deve estar
articulado aos objetivos da educação infantil e às peculiaridades do desenvolvimento
das crianças. Ele deve ser concebido como um espaço polissensorial, não no
sentido de conter um excesso de elementos estimuladores, mas os elementos
devem estar combinados e articulados para uma proposta pedagógica com vistas ao
desenvolvimento integral das crianças, ou seja, que trata como indivisíveis as
dimensões expressivo-motora, afetiva, cognitiva, lingüística, ética, estética e
sociocultural.
(...) é importante determo-nos na localização das construções escolares:
estes centros de difusão da cultura situavam-se sempre em função do
espaço onde habitava e onde circulava a classe social a ser influenciada. As
escolas (e as igrejas) eram, portanto, construídas nos locais onde residia a
elite político-econômica e, se possível, próximas aos prédios onde o futuro
político, econômico e cultural da cidade, da região e/ou do país era discutido
e decidido - os prédios que sediavam os poderes executivo, legislativo e
judiciário. (Mesquida, 1994, p.132).
Levando em conta que, ao interagir neste meio com outros parceiros, as
crianças aprendem pela interação e imitação, constata-se que a forma de organizar
o espaço interfere significativamente nas aprendizagens infantis. Quanto mais este
espaço for desafiador e promover atividades conjuntas entre parceiros, quanto mais
permitir que as crianças se descentrem da figura do adulto, mais se constituirá como
parte integrante da ação pedagógica. Desta forma, Vicent afirma.
Se a relação da educação escolar com a cidade, com seus espaços,
prédios e população implicou a construção de monumentos que se
impusessem aos demais, a construção dos grupos escolares significou,
também, a estruturação de um espaço específico, adaptado a uma função
especifica. (Vicent, 1980, p.21).
Seguindo esta linha de pensamento, o trabalho de organização do espaço se
opõe às ações de controle externo, enfatizando uma pedagogia em que a criança é
o ator por excelência, ou seja, está no centro do processo educacional. Somado a
isso, implica o entendimento de que o professor não é a figura central nas relações
que se estabelecem em sala de aula – este, por sua vez, entende a organização
espacial como um componente curricular ao qual se aliar. É tarefa do professor
enquanto mediador promover este espaço desafiador.
9. 2.2 Figuras e sua Importância para a Mediação do Desenvolvimento da Visão
A percepção visual, enquanto canal sensorial, composto principalmente pelos
olhos, constitui-se no mais eficiente, veloz, preciso e perfeito canalizador de
informações do qual dispõem o ser humano. A percepção visual é a via de relação
entre o indivíduo e seu ambiente. É a capacidade de receber as impressões
sensoriais captadas do mundo exterior e do próprio corpo e discriminá-las,
selecioná-las e identificá-las, relacionando-as com as experiências anteriores ou
similares, e reconhecendo-as. Por meio da estimulação visual, a criança vai
conhecendo o mundo dos objetos e das pessoas, criando-o através das imagens.
Os estímulos visuais são ferramentas que contribuem sobremaneira para o
início da aprendizagem para qualquer área do conhecimento, pois, é através das
imagens, figuras e objetos concretos que a criança irá desenvolver suas habilidades
em associação ao desenvolvimento da oralidade, do entendimento e a partir de
situações reais de interação com o ambiente poderá criar respostas através do
estímulo.
O sucesso do ensino-aprendizagem na infância depende de aspectos
cronológicos e biológicos, mas, há também outros fatores que influenciam no
sucesso desse processo: “A importância de objetivos condizentes com o contexto, a
promoção de interações condizentes a natureza da criança como aprendiz da língua,
tempo de exposição à língua-alvo, qualidade e a variedade de contato com a
mesma” (ROCHA; BASSO 2008, p. 66). Nesta citação de Rocha e Basso, por
exemplo enfatizam a variabilidade de métodos que podem usados para se ensinar a
língua inglesa para crianças, dão ênfase no uso de imagens, para que assim as
aulas se tornem mais criativas, e as crianças podem fazer assimilação do que está
sendo ensinado com a figura.
Segundo Brown (apud ROCHA; BASSO, 2008), o foco de atenção que a
criança tem curto, sua atenção dura poucos momentos, por esse motivo é
fundamental a utilização de diversos recursos, para que haja dinâmica em sala de
aula.
Mesmo com a motivação dos professores e das aulas, esse foco de atenção
curto, faz com que a criança não consiga manter-se interessada por muito tempo,
dessa forma, as atividades devem ser curtas e variadas, sendo importante o uso de
10. objetos concretos, da imagem e, que haja o engajamento da criança no mundo
imaginário, e da diversão, utilizando jogos e brincadeiras.
De acordo com Vygotsky (apud ROCHA e BASSO, 2008), o indivíduo precisa
emprenhar-se em tarefas que unam a construção ativa do conhecimento e o uso
significativo da linguagem para que a aprendizagem seja bem sucedida. O material
didático voltado para o ensino infantil deverá apelar constantemente aos sentidos
(visão, audição, tato). Dessa forma, a criança está sempre envolvida com alguma
atividade que desenvolva suas habilidades físicas e mentais: colorir, circular,
apontar, etc.
É importante o uso de objetos concretos e/ou da imagem em associação com
a pronúncia dos mesmos, a fim de, não só causar o estímulo, mas também de tornar
o aprendizado relevante explorando e envolvendo principalmente a audição e a
visão das crianças, por meio da qual as crianças irão aprender de forma satisfatória
e alcançar um nível de interesse e de maior produtividade. O engajamento do som e
o estímulo visual, juntamente com as vivências em sala de aula proporcionam maior
interação entre o aluno e o aprendizado com a língua-alvo.
De acordo com Nunes (2010) as atividades lúdicas proporcionam maior
interesse nas aulas, pois o aluno se sente mais envolvido por meio do conteúdo
visual.
As atividades cotidianas como o brincar e o jogar na sala de aula fazem com
que os alunos desenvolvam suas funções mentais relacionadas à aprendizagem
principalmente por serem atividades animadoras.
Como se vê, é papel do professor desenvolver e/ou manter a motivação na
sala de aula, uma vez que este é o elemento chave no processo ensino-
aprendizagem. Colocar a criança diante de situações que propiciem o contato com
o mundo das sensações, levando-a para uma captação ativa do seu meio,
transformando experiência em aprendizagem e esta, em inteligência, são condições
fundamentais para o desenvolvimento e aquisição de conhecimento da criança.
2.3 Trabalhando o olfato no Desenvolvimento Infantil
O sistema olfativo está associado a situações de prazer e desprazer, e até
mesmo as condições de sobrevivência, considerado um meio de aprendizagem
simbólica. Com relação a odores, o nariz é o principal órgão receptor dos estímulos
olfativos. Sendo ele um dos órgãos fundamentais para o desenvolvimento infantil.
11. A Gestalt e a Fenomenología de Husserl, contrariando os conceitos
empiristas e racionalistas, definem a sensação indistinta da percepção, isto
é, sentimos e percebemos formas em sua totalidade, dotadas de sentido ou
de significação CHAUÍ, Marilena, 2010, p.151.
O professor enquanto mediador poderá fazer a estimulação do sistema
olfativo, ou seja, desenvolver o sistema olfativo de diversas maneiras, com
dinâmicas e atividades interessantes para as crianças, exemplo de brincadeiras,
conhecer diferentes aromas; relacionar os cheiros iguais; diferenciar cheiros
agradáveis a cheiros desagradáveis, etc. podendo ainda relacioná-lo com outros
sentidos, já que percebemos em totalidades organizadas dotadas de sentido.
Para os empiristas o conhecimento tem origem na experiência sensível, nos
sentidos, sensação e percepção; dependem de estímulos externos e, “todas
as idéias derivam da sensação ou reflexo” LOCKE, John, 1978, p. 9-39.
Desde muito cedo, sem dúvida, o professor além de ser educador e
transmissor de conhecimento, ele deve atuar, ao mesmo tempo, como mediador. Ou
seja, o professor deve se colocar como ponte entre o estudante e o conhecimento
para que, dessa forma, o aluno aprenda a “pensar” e a questionar por si mesmo e
não mais receba passivamente as informações como se fosse um depósito do
educador. Enquanto um de nossos órgãos do sentido o olfato também deve ser
desenvolvido, desde muito pequenos temos contato com o cheiro das coisas ao
nosso redor, o cheiro da mãe, etc.
O olfato é o mais direto dos nossos sentidos, segundo Ackerman D (1992),
pois é ele um sentido antigo, é a chave que levou nossos ancestrais a aprenderem a
caçar ou fugir. Ainda assim, o aroma certo pode evocar sensações vívidas e
concretas. As sensações olfativas através das reações de caráter afetivo e
terapêutico como humor, depressão, euforia, irritação, repulsa ou sedução e de
acordo com a percepção subjetiva e a interpretação da memória olfativa do
indivíduo, ele pode diferenciar o odor de ser agradável ou desagradável.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto pode se perceber que em relação à educação, o docente tem nas
mãos a responsabilidade de agir como sujeito em meio ao mundo e de ensinar para
seus educandos o conhecimento acumulado historicamente, dando-lhes a
oportunidade de também atuarem como protagonistas na sociedade, na
comunidade, no mundo.
12. É neste sentido que consiste a mediação e o papel do professor na prática
educativa. Através de suas orientações, intervenções e mediações, o professor deve
provocar e instigar os alunos a pensarem criticamente e a se colocarem como
sujeitos de sua própria aprendizagem. Possibilitar diversos meios de aprendizagem
por meios diferenciados de recepção do conhecimento é tarefa do professor,
observar o meio de aprendizagem que o aluno encontra maior facilidade para
aprender também faz parte desta tarefa, é assim que a aprendizagem será possível.
Segundo Freire (1979), a ação docente é à base de uma boa formação
escolar e contribui para a construção de uma sociedade pensante. Entretanto, para
que isso seja possível, o docente precisa assumir seu verdadeiro compromisso e
encarar o caminho do aprender a ensinar, tomar-se como mediador da
aprendizagem.
Com toda certeza ensinar é uma responsabilidade que precisa ser trabalhada
e desenvolvida a todo o momento da vida de um educador. Um educador precisa
sempre, a cada dia, renovar sua forma pedagógica para, da melhor maneira, atender
a seus alunos, pois é por meio do comprometimento pela profissão e pela educação
que o educador pode, verdadeiramente, assumir o seu papel se interessando assim
realmente pelo aprender e ensinar.
Deste modo, o que o professor deve fazer é levar as crianças a
desenvolverem um tipo de atividade intelectual que elas ainda não realizam por si
mesmas. É neste sentido que consiste a intervenção e o papel do professor na
prática educativa. Sem dúvida, através de suas orientações, intervenções e
mediações, o professor deve provocar e instigar os alunos a pensarem criticamente
e a se colocarem como sujeitos de sua própria aprendizagem.
Assim sendo, na relação de ensino estabelecida na sala de aula entre
professor e aluno, o professor precisa ter a compreensão de que ensinar não é
apenas transferir o conhecimento ao aluno, mas, pelo contrário, deve possibilitar ao
aluno momentos onde reelaborarão o saber transmitido pelo professor, permitindo
acesso critico a esses saberes, contribuindo para sua atuação como ser ativo e
crítico no processo histórico-cultural da sociedade.
De fato, este é o verdadeiro papel do professor mediador, aquele que deseja
através da sua ação pedagógica, ensinar os conhecimentos construídos ao longo da
sua jornada de trabalho, conhecimentos que foram elaborados pela humanidade ao
longo da história e assim contribuem para a formação de uma sociedade pensante.
13. REFERÊNCIAS
ACKERMAN, D. Uma história natural dos sentidos. São Paulo: Bertrand; 1992.
BORGES, A L. “O Movimento Cognitivo – Afetivo – Social na Construção do
Ser” In Sargo, Claudete. A Práxis Psicopedagógica Brasileira. São Paulo. ABPp,
1994.
BROWN, H. D. Teaching by principles: an interactive approach to language
pedagogy. New York: Longman, 2001, cap.2.
FERNÀNDEZ, A. A Inteligência Aprisionada – abordagem psicopedagógica
clínica da criança e sua família. Porto Alegre. Artes Médicas, 1991.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.
30. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
GOMES, Cristiano Mauro Assis. Feuerstein e a construção mediada do
conhecimento. Porto Alegre: Artmed, 2002.
CHAUÍ, Marilena. Um convite à filosofia. São Paulo: Editora Ática; 2010.
LOCKE, John. Carta acerca da tolerância. 2a ed. São Paulo: Abril Cultural; 1978
MESQUIDA, Peri. Hegemonia norte-americana e educação protestante no
Brasil. Juiz de Fora: Editora da UFJF/EDITEO, 1994.
McCRONE, John. Como o cérebro funciona. São Paulo: Publifolha, 2002.
NUNES, A. R. S. C. A. O lúdico na aquisição da segunda língua. Disponível em:
<http://www.linguaestrangeira.pro.br/artigos_papers/ludico_linguas.htm>. Acesso em
12 de fev. de 2014.
PIAGET, Jean. A Construção do Real na Criança. Trad. Álvaro Cabral. Rio de
Janeiro: Zahar, 1970. 360 p
ROCHA, C. H.; BASSO, E. A. (Org.). Ensinar e aprender língua estrangeira nas
diferentes idades: reflexões para professores e formadores. São Carlos:
Claraluz, 2008.
TESSARO, Nilza Sanches. Mediação no processo de construção do
conhecimento infantil. In: CAPOVILLA, Fernando César (Org.) Neuropsicologia e
aprendizagem: uma abordagem multidisciplinar. 2 ed. São Paulo: Memnon, 2004.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos
processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
VYGOTSKY, L. S.; LURIA, A. R. Estudos sobre a história do comportamento: o
macaco, o primitivo e a criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
VYGOTSKY, L. S. Psicologia pedagógica. São Paulo: Martins Fontes, 2001.