Gestores independentes estão oferecendo fundos de previdência com gestão ativa para compensar os menores ganhos da renda fixa, fechando parcerias com seguradoras. Seguradoras independentes também aproveitam suas experiências em gestão para oferecer fundos de previdência diferenciados. Os fundos de previdência ligados a gestores independentes não cobram taxa de carregamento.
1. Previdência independente
Por Catherine Vieira
31/01/2007
Com o fim da era dos juros em alta e o novo desenho tributário dos fundos de
previdência - em que o investidor pode pagar até 10% de imposto de renda caso
permaneça por mais de dez anos-, os aplicadores buscam cada vez mais produtos
que unam o benefício fiscal a uma gestão ativa e diferenciada, compensando os
ganhos cada vez menores da renda fixa. Por isso, gestores independentes pioneiros
em fundos multimercados, como a Gap Asset Management e a Hedging-Griffo (HG),
se adiantaram na iniciativa de oferecer fundos de previdência com gestão ativa.
Também os "family offices", especializados na gestão de grandes fortunas, como a
carioca Real Assets, já se interessam pelo segmento. As próprias seguradoras
independentes (não ligadas a bancos varejistas) apostam nas parcerias e na
experiência de gestão para aproveitar a tendência.
A Gap e a HG fecharam parceria com a Icatu Hartford e com a Mapfre para oferecer
aos clientes Planos Geradores de Benefícios Livres (PGBL) ou Vida Gerador de
Benefício Livre (VBGL) com gestão própria e venda via seguradoras. É uma
novidade num mercado bastante concentrado nos grandes bancos de varejo. A
carioca Real Assets - instalada no Leblon no mesmo prédio das gestoras ARX e da
Gávea - desenhou em parceria com o Santander o Santander Multimercados Real
Assets. A gestão, no entanto, é do banco, mas com a colaboração de um comitê de
investimentos com integrantes externos, que tem direito a opinar.
Na outra ponta, seguradoras independentes que já possuíam um braço de gestão
com foco em carteiras diferenciadas, como fundos multimercados ou de ações,
aproveitam para enfatizar essa característica. A SulAmérica vem recebendo
consultas de gestores de patrimônio para replicar carteiras de seus multimercados
para fundos de previdência. A Icatu também enfatiza a gestão própria e ainda
oferece a possibilidade de diversificação em outros gestores do mercado.
Na Hedging-Griffo, a idéia foi juntar a filosofia de investimento de longo prazo, que
sempre norteou os investimentos da gestora, com o formato do fundo de
previdência, que é naturalmente de horizonte mais longo. No caso dos planos de
previdência, ainda há um atrativo a mais, que é o menor imposto de renda. No
caso dos PGBLs, há também o benefício tributário, em que o investidor pode
deduzir até 12% da renda tributável. Os dois fundos disponíveis são o HG Mapfre,
mais conservador, e o HG Mapfre Plus, um pouco mais agressivo. A equipe de
gestão é a mesma que cuida dos fundos de investimento da Hedging-Griffo.
Nos produtos de previdência, há outros chamarizes como a ausência do come-cotas
periódico - imposto pago semestralmente sobre os ganhos - e a possibilidade de
usar o fundo para facilitar o planejamento de herança, uma vez que os valores não
entram em inventário. Para começar a investir nos fundos de previdência da HG
Mapfre é preciso ter R$ 30 mil, mas os aportes seguintes podem ser de R$ 1 mil. A
taxa de administração no fundo mais conservador é de 1,5% e, no Plus, de 2,5%.
Outra vantagem desses fundos de previdência ligados aos gestores independentes
é que não há cobrança da taxa de carregamento como na maioria dos planos do
mercado.
O sócio da Gap Emanuel Pereira da Silva explica que o fundo Gap Previdência
nasceu de uma estratégia da gestora de ampliar a grade de investimentos e torná-
la mais completa para os clientes. "Esse segmento tende a crescer muito, pois une
uma gestão ativa com a vantagem tributária", diz. "Num multimercado comum,
mesmo que se permaneça por longo prazo, há o IR de 15%, enquanto no de
previdência, num prazo de dez anos, cai para 10%". O Gap Previdência cobra taxa
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carioca Real Assets, já se interessam pe
carioca Real Assets - instalada no Leblon no mesmo prédio das gestoras ARX e da
Multimercados Real
Assets. A gestão, no entanto, é do banco,
2. de administração de 2% e a aplicação mínima inicial é de R$ 30 mil, com aportes
livres depois disso. Segundo Pereira da Silva, o rendimento do fundo está em
17,34%, ou 118% do CDI nos últimos 12 meses.
O vice-presidente de investimentos da SulAmérica Investimentos, Marcelo Pimentel
Mello, conta que os gestores de patrimônio e de grandes fortunas têm procurado
mais produtos com gestão diferenciada. "Recebemos pedidos para fazer fundos de
previdência espelhos dos nossos multimercados", explica Mello. "Como temos uma
gestora de investimentos e uma seguradora no grupo, podemos oferecer um pacote
mais completo", diz.
O diretor comercial da Icatu Hartford, Agnaldo Andrade, conta que, assim como na
carteira de investimentos comuns, na hora de fazer investimentos previdenciários
os segmentos de private banking e "family office" gostam de diversificação tanto de
ativos quanto de gestores. "Essa demanda é crescente, por isso essas parcerias
vêm se multiplicando, pois são interessantes tanto para a seguradora quanto para
o gestor", diz Andrade, lembrando que há também fundos exclusivos com esse
perfil. "O PGBL e o VGBL não são mais apenas produtos de previdência, são vistos
como investimento de longo prazo", completa.
Já a Real Assets, embora seja uma gestora de patrimônio, decidiu fazer uma
parceria com o Santander. Coordenado pelo gestor Daniel Fuks e pelo ex-Globopar
Mauro Molchansky, a empresa tem hoje foco em previdência. "O fundo cresceu
muito no ano passado, é um veículo de investimento muito interessante", diz Fuks,
que já negocia uma segunda parceria, desta vez com a Icatu Hartford.
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Já a Real Assets, embora seja uma gest