Este documento apresenta o caso clínico de uma paciente de 47 anos com queixa de baixa acuidade visual em olho direito. Exames revelaram obstrução de ramo da veia central da retina no olho direito, conhecida como doença obstrutiva venosa da retina. A paciente foi diagnosticada e tratada de acordo com os protocolos para esta condição.
5. História da moléstia atual
Paciente relata baixa acuidade visual em olho direito
de longa data (sem definição precisa), mas com
piora nos últimos sete dias.
Nega outros sinais ou sintomas associados
6. Antecedentes oftalmológicos
Glaucoma primário de ângulo aberto em
acompanhamento na sua cidade em clínica privada
Em uso de:
Travatan® 24/24 horas AO
Azorga® 12/12 horas AO
7. Antecedentes gerais
Hipertensão arterial sistêmica
Tempo desde diagnóstico: 2 anos
Medicações em uso: Enalapril 20 mg/dia
Relata controle adequado dos níveis da PAS
Hipercolesterolemia
Medicação em uso: Sinvastatina 20 mg/dia
Relata controle inadequado dos níveis de colesterol
Hipotireoidismo
Medicação em uso: Levotiroxina 50 mcg/dia
Osteoartrose de coluna vertebral
Nega diabetes mellito ou outra comorbidade
sistêmica
8. Exame clínico
Acuidade visual
OD: 20/200 sc 20/80 cc (+ 1,00 – 0,50 x 80)
OE: 20/80 sc 20/30 cc (+ 1,25 – 1,25 x
100)
Pressão intraocular
OD:14 mmHg (8h)
OE: 14 mmHg (8h)
Pupilas
Simétricas, regulares, isocóricas e reativas em AO
Reflexo pupilar direto e indireto preservados em AO
Biomicroscopia
OD: Pálpebras sem alterações. Conjuntiva calma. Córnea
transparente e sem deseptelização. Câmara anterior
formada, sem reação.Íris com área de atrofia em às 6 horas.
Cristalino transparente. Vítreo anterior transparente.
OE: Sem alterações significativas.
55. Introdução
Definição
Obstrução de uma ramificação da veia central da retina
Fisiopatologia
Causa determinante: doença arteriolar
Obstrução de ramo venoso no local de cruzamento artério-venoso (CAV)
Local onde artéria e veia compartilham bainha adventícia comum
Artéria rígida e aterosclerótica causa compressão venosa
Fluxo sanguíneo venoso turbulento e dano endotelial
Trombose venosa e obstrução
Localização
Região temporal superior
Maior concentração de CAV
56. Epidemiologia
Homens e mulheres igualmente afetados
Idade usual de início entre 60 e 70 anos
Tipicamente unilateral – 9% dos casos são bilaterais
Associações sistêmicas
Risco aumentado
HAS
Doença cardiovascular
IMC aumentado
Glaucoma
Níveis séricos aumentados de α₂-globulina
Risco diminuido
Consumo de álcool
Níveis séricos aumentados de HDL
57. Manifestações Oculares
Queixa – BAV súbita ou defeito no campo visual
Hemorragias retinianas em área da veia afetada
Obstrução moderada – raros pontos de hemorragia
Obstrução completa
Extensas áreas de hemorragia intrarretiniana
Exsudatos algodonosos
Não perfusão capilar difusa
Envolvimento macular
Edema macular / isquema / hemorragia
Neovascularização retiniana
Incidência: 20% dos casos
Incidência proporcional à área de não perfusão retiniana
Evolução: primeiros 6-12 meses do evento
58. Manifestações Oculares
Evolução
Desaparecimento dos pontos hemorrágicos
Desenvolvimento de vasos colaterais e anormalidades
microvasculares
Vasos colaterais tipicamente cruzam rafe horizontal
Veia retiniana da zona afetada – esclerose
Artéria retiniana da zona afetada
Estreitamento e embainhamento
Microaneurismas
Exsudação lipídica
Não perfusão capilar a AFG (evento tardio)
Membrana epirretiniana
59. Propedêutica
Angiografia com fluresceína
Diagnóstico e guia para tratamento
Fase aguda
Lentificação preenchimento arteriolar (ORVR severa)
Retardo enchimento venoso de vaso afetado
Hipofluorescência
Hemorragia
Não perfusão capilar
Capilares dilatados e tortuosos
Vasos colaterais cruzam rafe horizontal
Retenção parietal de fluresceína
Tufos neovasculares – extravasamento profuso de fluresceína
Contrasta com o não extravasamento dos vasos colaterais
Edema macular
60. Propedêutica
Tomografia de coerência óptica
Edema macular
Sensibilidade maior que exame clínico ou AFG
Descolamento macular seroso
Hemorragia retiniana
Exsudatos lipídicos
Membrana epirretiniana
61. Diagnóstico Diferencial
Retinopatia hipertensiva
Retinopatia diabética
Síndrome isquêmica ocular
Telangiectasia retiniana justafoveal
Oclusão combinada de ramo venoso e arterial da
retina
Retinopatia por radiação
63. Tratamento
Rotina para a oclusão venosa de ramo e edema
macular
Para edema macular e AV de 20/40 ou pior
Esperar absorção da hemorragia retiniana para permitir
adequada AFG
Determinar se BAV é causada pelo edema macular ou não
perfusão macular
Se edema macular explicar a BAV e nenhuma melhora
espotânea tiver ocorrido por 3 meses, a fotocoagulação
macular é recomendada
Se a não perfusão capilar explicar a BAV, o tratamento a laser
não é recomendado
Vanguarda: Injeção intra-vítrea de corticosteróide
64. Tratamento
Rotina para a oclusão venosa de ramo e
neovascularização
AFG de boa qualidade deve ser obtida depois de
absorvia a hemorragia
Se mais de 5 discos de diâmetro de não perfusão
estiverem presentes realizar avaliações a cada 4 meses
para observação de desenvolvimento de
neovascularização
Se neovascularização se desenvolver deve-se realizar
fotocoagulação pan-retiniana em setor envolvido da
retina (laser de argônio)
Vanguarda: Injeção intravítrea de antiangiogênicos