2. Contexto histórico
• ↑ Influência da burguesia;
• Desenvolvimento mercantilista;
• Reforma protestante:
▫ Movimento político-religioso / Lutero;
▫ Feudalismo → Capitalismo;
• Contrarreforma:
▫ Renovação da igreja católica;
▫ Inquisição, censuras, perseguição a protestantes;
• Razão x Fé;
• Movimento pós-renascentista.
3. Características
• Características renascentistas e medievais;
• Conflito/contraste/contradição/dualidade:
▫ Razão x Fé / Terreno x Celestial;
• Inconstância das coisas;
• Fusão de opostos;
• Linguagem rebuscada, exagerada;
• Teocentrismo x Antropocentrismo;
• Excesso no uso de figuras de linguagem,
principalmente antíteses e inversões.
4. Características
• Cultismo/Gongorismo:
▫ Jogo de palavras: som/forma;
▫ Linguagem culta, extravagante;
▫ Valorização do pormenor, imagens e sensações;
▫ Abuso de figuras de linguagem.
• Conceptismo/Quevedismo:
▫ Jogo de ideias e conceitos: significados;
▫ Racionalidade/Lógica formal;
▫ Retórica/Argumentação;
▫ Essência íntima das coisas.
5. Barroco no Brasil
• “Ecos do Barroco”: país ainda não tinha
condições de desenvolver “consciência literária”;
• Pequenos núcleos urbanos, vida cultural quase
ausente;
• Público leitor também muito pequeno;
• Prosopopeia – Bento Teixeira (1601)
▫ Louvor a Jorge de Albuquerque, donatário da
capitania de Pernambuco (cana-de-açúcar);
▫ Feitos de heróis portugueses em terras brasileiras
e africanas;
▫ Imitação de Os Lusíadas (Camões);
▫ Louvação da terra enquanto colônia.
6. Prosopopeia – Bento Teixeira
XVIII
É este porto tal, por estar posta
Ua cinta de pedra, inculta e viva,
Ao longo de soberba e larga costa,
Onde quebra Netuno a fúria
esquiva.
Entre a praia e pedra
descomposta,
O estranhado elemento se deriva
Com tanta mansidão, que ua
fateixa
Basta ter à fatal Argos aneixa.
XIX
Em o meio desta obra alpestre, e
dura,
Ua boca rompeu o Mar inchado,
Que na língua dos bárbaros
escura,
Pernambuco de todos é chamado.
De Para’ná, que é Mar salgado,
Que sem no derivar cometer
míngua,
Cova do Mar se chama em nossa
língua.
7. Gregório de Matos
• Firmou-se como “primeiro poeta brasileiro”;
• Poesia satírica (“Boca do Inferno”):
▫ Satiriza o brasileiro, o português, o clero, El-Rei e
os costumes da sociedade baiana;
▫ Ambiguidade da vida moral;
▫ “Sentimento nativista”: brasileiro ≠ exploração
lusitana;
• Poesia lírica e religiosa:
▫ Idealismo renascentista;
▫ Conflito entre pecado e perdão;
▫ Pureza da fé x Necessidade da vida mundana.
8. Gregório de Matos
Triste Bahia
Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.
A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.
Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.
Oh se quisera Deus que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!
9. Gregório de Matos
A Jesus Cristo
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque, quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história,
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
10. Gregório de Matos
O poeta muda o soneto pela terceira vez
Discreta, e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo claramente
Na vossa ardente vista o sol ardente,
E na rosada face a Aurora fria.
Enquanto pois produz, enquanto cria
Essa esfera gentil, mina excelente
No cabelo o metal mais reluzente,
E na boca a mais fina pedraria.
Gozai, gozai da flor da formosura,
Antes que o frio da madura idade
Tronco deixe despido, o que é verdura.
Que passado o zenith da mocidade,
Sem a noite encontrar da sepultura,
É cada dia ocaso da beldade
11. Padre Antônio Vieira
• Dominava a oratória → conceptista;
• Defensor dos nativos e dos “novos-cristãos”
(protestantes convertidos);
• Engajado politicamente;
• Forte religiosidade e sólida cultura humanística;
• Ilusão de um Império luso e católico.
“Saiba o mundo, saibam os hereges e os gentios que não se enganou
Deus, quando fez aos Portuguezes conquistadores e pregadores de seu santo
Nome. Saiba o mundo, que ainda há verdade, que ainda há temor de Deus, que
ainda há alma, que ainda há consciência e que não é o interesse tão absoluto e tão
universal senhor de tudo, como se cuida. Saiba o mundo que ainda há quem por
amor de Deus, e da sua salvação, metta debaixo dos pés interesses. Quanto mais,
senhores, que isto não é perder interesses, é multiplicá-los, é acrescentá-los, é
semeá-los, é dá-los à usura” – Trecho de um dos Sermões de Vieira.
12. Padre Antônio Vieira
Mas como eu prego para todos, e nem todos podem
menear estas armas, nem usar destes remédios, é o meu intento
hoje inculcar-vos outras armas mais prontas, e outros remédios
mais fáceis, com que todos possais resistir a todas as tentações.
Na boca da víbora pôs a natureza a peçonha, e juntamente a
triaga. Se quando a semente tentou aos primeiros homens
souberam eles usar bem das suas mesmas palavras, não haviam
mister outras armas para resistir nem outro remédio para se
conservar no paraíso. O mais pronto e mais fácil remédio contra
qualquer tentação do demônio é a mesma tentação. A mesma
coisa oferecida pelo demônio é tentação; bem considerada por
nós, é remédio. Isto hei de pregar hoje. [...] Trecho de “o
Sermão da Primeira Dominga da Quaresma”.
• Tenta persuadir os colonos do Maranhão a libertar os indígenas.