1. C1 Araçatuba, quarta-feira, 10 de agosto de 2011
ARTES PLÁSTICAS
Com obras predominantemente
em metal, artista plástico
araçatubense faz sucesso
no exterior e volta à terra
natal, onde pretende
desenvolver projetos
ligados à arte
Paulo
Gonç
alves
/Folh
a da
Regiã
o-0
9/08/2
011
MEIO AMBIENTE Osni com
algumas de suas obras: preocupação
Os metais de
com a sustentabilidade do Planeta está
presente nos temas de seus trabalhos e
na matéria-prima utilizada, que é reciclável
Araçatuba
Talita Rustichelli
Osni Branco o artista plástico Osni Branco, que
tem obras espalhadas pelo mundo
ontem, quando se reuniria com
possíveis interessados em suas pro-
para tentar uma forma de viabilizar
algum projeto artístico no municí-
de São Paulo, além de auxiliar o
pai nas oficinas que ele realiza, tra-
recidos de sua cidade e região.
A sustentabilidade também é
talita.nayla@folhadaregiao.com.br todo e mora em Itapecerica da Ser- postas, e deve ficar cerca de uma pio", afirma Branco, que não visita- balha com fotografia e vai realizar o foco das oficinas teóricas e práti-
ra (SP), retorna à sua cidade natal semana. "Há muito tempo tenho va a cidade havia mais de 15 anos. em Araçatuba um trabalho de res- cas que ele realiza. "Acredito que
le nasceu em Araçatuba, para relembrar suas raízes e na ten- vontade de fazer alguma exposição Ele veio acompanhado da fi- gate histórico de sua família por a arte tem o papel de passar uma
E em 1947. "Na Santa Casa,
quarto 25", como fez ques-
tão de dizer. Ficou aqui até os 20
tativa de realizar um desejo antigo:
desenvolver um projeto artístico
no município onde nasceu e onde
ou oficina em Araçatuba. Estive
aqui pela última vez há muito tem-
po, para expor minhas obras. Ago-
lha mais nova, Yasmin de Liz Bran-
co, de 24 anos, que, influenciada
pelo pai, também atua no campo
meio do registro de imagens.
CARACTERÍSTICAS
mensagem de conscientização.
Além disso, este projeto tem co-
mo proposta proporcionar o co-
anos de idade, quando mudou-se ainda tem laços. ra venho para rever amigos e os lu- das artes. A jovem estudante do Branco trabalha principalmen- nhecimento aliado à sensibilidade,
para São Paulo com a família. Hoje O artista chegou na tarde de gares onde vivi, e quero aproveitar Centro Universitário Belas Artes te com esculturas em alumínio, uti- para criar homens mais sensíveis
lizando ainda outros materiais, co- e menos burros, com melhor capa-
mo bronze, cerâmica e rochas. Se- cidade de absorver as coisas que
Autodidata, artista plástico fez a sua gundo ele, uma das características
fundamentais de sua obra é a preo-
cupação com a sustentabilidade, e
temas como a natureza são fre-
estão em torno deles," diz.
O artista afirma que nestas
oficinas usa como tema o peixe.
"Além de ser relacionado à nature-
primeira escultura profissional aos 25 anos quentes em seus trabalhos. za, é o resgate da dignidade, ou se-
ja, 'não dar o peixe, mas ensinar o
jovem a pescar'. É um repasse de
Osni Branco afirma que MONUMENTOS des, são feitos em faz em peda- Peixes e conhecimento", explica. O projeto
fez sua primeira escultura como De acordo com o artista, pa- ços, que depois são montados e "Encontro de Arte" começou no Ja-
profissional aos 25 anos. "Não Maior ra peças maiores, por exemplo, soldados no local onde ficarão", árvores pão, em 1995, onde Branco mo-
tenho formação acadêmica, sou são necessários conhecimentos de explica. Cada obra pode custar en- estão entre os temas rou durante 20 anos, e teve conti-
autodidata. Porém, posterior- obra cálculo de resistência, precisão de tre R$ 1 mil e R$ 100 mil.
de seus trabalhos
nuidade no Brasil, quando retor-
mente fiz cursos no Japão, EUA está encaixe e química para evitar oxi- nou definitivamente, em 2004.
etc. Desenvolvi minha técnica e dação. Ele afirma que sua maior OBRAS mais recentes
depois, interessado na produção
instalada obra está instalada na Unicamp Além do Japão, Branco tem PROJETOS
de escultura fundida, fui buscar na Unicamp (Universidade de Campinas), e obras e realizou exposições em vá- Além de produzir esculturas
informações para realizar este ti- mede 5 m por 8 m. "É uma com- rios países. Estados Unidos, França, "Meu foco está no ser huma- particulares para seus clientes, Os-
po de arte", diz. posição de ondas do mar", diz. Itália, Coreia, Suíça e Paraguai es- no e na sustentabilidade do plane- ni Branco está envolvido em ou-
Segundo ele, a escultura mas tem uma parte que envol- Questionado sobre o tempo tão entre os países que compõem a ta; além disso, ultimamente tenho tros projetos. "Vou apresentar o tra-
fundida requer conhecimentos ve tecnologia e trabalho operá- que leva para finalizar uma peça, rota de seu trabalho. Em Araçatu- trabalhado mais com o alumínio, balho desses jovens alunos da ofici-
diversos, desde tecnologia até en- rio, afirma Branco. “É a arte Branco afirma que algumas, de- ba, ele afirma que existem algumas que é um material que pode ser re- na na Feira Latino-americana de
genharia e química em seu pro- do fogo, da temperatura, é ne- pendendo do tamanho e da com- obras, mas não se recorda correta- ciclado eternamente, sem que ele Fundição, onde terei um estande e
cesso de produção. cessário fundir o metal, vazar plexidade, podem levar anos. "Fa- mente quem são os proprietários, perca suas características", explica apresentaremos fundição ao vivo",
"Este tipo de escultura no molde para transformar na ço obras de diversos tamanhos. por terem sido adquiridas em o artista, cuja mais recente exposi- afirma. A feira acontece de 4 a 7
tem uma parte que é criativa, peça desejada", completa. Os monumentos, esculturas gran- 1994, quando esteve na cidade.TR ção teve como tema as árvores. de outubro, em São Paulo.
Ele se prepara ainda para
INCLUSÃO uma mostra de seu trabalho em
Branco conta que desenvolve um estande em outra feira, a
Movimento cultural reforça identidade um projeto de inclusão social cha-
mado "Encontro de Arte", com jo-
vens financeiramente menos favo-
Expô Alumínio, que acontece no
início de 2012, no mês de abril,
também em São Paulo.
brasileira no ‘País do Sol Nascente’
Osni Branco foi morar no Ja- terior, sempre falta algo. Lá, mi- tidade cultural brasileira, além de que antes só falava mal do jo-
pão pela primeira vez em 1972, nha arte era muito valorizada, dar a oportunidade para que es- vem brasileiro", conclui.
movido por um sonho de crian- mas eu estou em um bom mo- tes jovens pudessem fazer um in-
ça. Sua mãe alfabetizava crianças mento aqui no Brasil", conclui. vestimento em si através da ar- INÍCIO
japonesas recém-chegadas ao país te", afirma. Segundo Branco, a O movimento iniciou suas
e como ele descreve, sua casa es- comunidade brasileira que vivia atividades em Nagoya, provín-
tava sempre cheia de japoneses. Projeto no país sofria vários problemas, cia de Aichi, no Japão, em
Esse contato constante fez com entre eles a exclusão por conta 1995. Posteriormente, oficinas
que ele desenvolvesse uma gran- começou da língua e por serem estrangei- foram sendo realizadas durante
de admiração pelo Japão. com 12 pessoas e em 1 ros. "Como cidadão, eu decidi cerca de 10 anos consecutivos,
Em 1975, retornou ao Bra- abrir minha oficina e convidá-los nas cidades de Hamamatsu,
sil, e depois, em 1990, voltou ao
ano contava com mais para participarem das atividades Toyohashi, Toyokawa, Yokoha-
Japão, onde residiu por cerca de de 100 participantes de arte", complementa. ma, Tóquio, Oizumi. As ofici-
20 anos. Em 2004 retornou defi- O artista se mostra satisfei- nas, nas quais eram desenvolvi-
nitivamente para o Brasil com a to com os resultados obtidos. "O das obras nos segmentos da es-
família. "Eu sentia falta do sol, "No Japão, eu atendia jo- projeto começou com 12 pes- cultura, joia, cerâmica, pintura
dos amigos, do espaço. O ser hu- vens brasileiros que trabalhavam soas e depois de um ano havia e fotografia, eram ministradas
mano tem a necessidade de estar nas fábricas japonesas. Era um mais de 100 participantes. Fize- em língua portuguesa, mas aber-
em contato com suas raízes. Por movimento cultural, ou seja, ti- mos 15 exposições, ganhamos tas a todos os interessados em
mais que se tenha sucesso no ex- nha a proposta de reforçar a iden- um espaço positivo na mídia, arte e cultura. TR