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Coletânea: A Estirpe do Barão
Sinopse:
A Maré de sangue
Escalda por Minh „alma
Assim sedenta como Dante
Se cala ao alvorecer da palma
A Coletânea “A Estirpe do Barão” apresenta uma série de poemas com a sutileza da
nobreza e a acidez da realidade intempérie. Seco como o vinho, ardente como o
purgatório. A vida do Barão se torna paradoxal ao descobrir-se vivo, ou mesmo morto
dentro de si e do qualquer.
Por Ernani Valente

O Amante
O Amante
Ele vem, sim ele vem.
Com a descida do crepúsculo ao horizonte
Já sinto o cheiro de rosas e sangue.
A traição é mantida pela palavra,
Só fere a quem se destina
Estando aquém da revolta.

A seda faz música ao andarilhar pelo meu corpo
Me sinto vivo, o topo da parábola da vida.
O sangue é ácido e vívido em minha boca
Seu gosto metálico intercala com o calor retumbante do ser

A luxúria queima em labaredas por nossos corpos.
O calor é intenso até certo ponto, nem mesmo o sol é quente para sempre
O véu de prazer gira em torno do momento, do segundo que
Sequenciado,
Será fatal ao nosso ser.

O candelabro começa a se desfazer,
O sangue esfria e morre a alma
O amor se esvai, ou nunca se presenciou
O Amante se esfacela em sombras e memórias
De um momento morto, que só vive por um segundo e nada mais.
Estamos mortos, sem amor
O sangue é um mero veículo.
Volto a sentir a seda em meu corpo, já não mais com sua fluidez.
Meus sentidos aguçados pelo ápice prazeroso já não mais me respondem
Em banho vermelho me encontro, um manto do que me mantém vivo para viver
É isso que o Amante faz. Ele o ama, por um momento. E amar é destruir.

Cova de Vidro
É tão negro.
Me encontro morto
Num caixão em forma de corpo
Envolto de lamentações fúnebres.
Estou me derramando
O pranto esfria a alma
E o frio aviva a dor.
O banho de pesadelos me possui
Estou me afogando no agouro
O nome da maldição se profere no tom do meu nome.
A aura da lua me conforta na solidão:
“Jamais será o que queres, jazerá em eterna devastação.”
E no silêncio, o sangue se esvai no canto da abnegação.

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  • 2. Volto a sentir a seda em meu corpo, já não mais com sua fluidez. Meus sentidos aguçados pelo ápice prazeroso já não mais me respondem Em banho vermelho me encontro, um manto do que me mantém vivo para viver É isso que o Amante faz. Ele o ama, por um momento. E amar é destruir. Cova de Vidro É tão negro. Me encontro morto Num caixão em forma de corpo Envolto de lamentações fúnebres. Estou me derramando O pranto esfria a alma E o frio aviva a dor. O banho de pesadelos me possui Estou me afogando no agouro O nome da maldição se profere no tom do meu nome. A aura da lua me conforta na solidão: “Jamais será o que queres, jazerá em eterna devastação.” E no silêncio, o sangue se esvai no canto da abnegação.