O documento discute um novo projeto ferroviário de transporte de mercadorias em Portugal. O projeto é apoiado pelas principais empresas exportadoras e irá ligar os portos do sul de Portugal à Espanha e ao resto da Europa. O projeto tem como objetivo reduzir custos para exportadores e aumentar a capacidade de carga.
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ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO DIÁRIO ECONÓMICO Nº 5621 DE 27 DE FEVEREIRO DE 2013 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE
PauloFigueiredo
Nova ligação ferroviária
de mercadorias vai impulsionar
exportações
◗ “Alogística é crítica para a competitividade”, diz a presidente da APOL.
◗ Conheça a estratégia das empresas para vencer a crise.
◗ Cinco casos de sucesso de novas empresas que entraram no sector.
Logística &
DISTRIBUIÇÃO
2. II Diário Económico Quarta-feira 27 Fevereiro 2013
Empresas defendem
nova ferrovia para carga
O projecto anunciado pelo Governo de uma Linha de Transporte de
Mercadorias é apoiado pelas empresas que falaram ao Diário Económico.
IRINA MARCELINO
irina.marcelino@economico.pt
o último mês foram anuncia-
dos dois grandes projectos
que podem mudar a face da
distribuição de mercadorias
e da logística em Portugal.
O primeiro será o retomar da
linha de mercadorias ferro-
viária que ligaria os portos do Sul - Lisboa, Se-
túbal e Sines - a Espanha numa primeira fase e
os portos do Norte do país ao resto da Europa
numa segunda fase.
O segundo projecto anunciado na área da lo-
gística foi a nova plataforma de carga na Tra-
faria, Almada, que receberá os contentores
que hoje estão na margem Norte, sob a admi-
nistração do Porto de Lisboa.
Sobre a linha de transporte de mercadorias, as
empresas exportadoras ouvidas pelo Diário
Económico sentem-se, em geral, satisfeitas.
Mesmo que não venham a utilizá-la, conside-
ram que uma melhor ligação ferroviária à Eu-
ropa será sempre vantajosa.
Para quem ainda não usa este tipo de trans-
porte, uma linha a funcionar bem poderá pas-
sar a ser uma opção. É o caso da cortiça, cuja
associação representativa do sector disse ao
Diário Económico que “uma linha que ligue
Portugal ao centro da Europa poderá ser uma
opção viável e alternativo ao transporte rodo-
viário” que utilizam.
Também a Autoeuropa, uma das maiores ex-
portadoras nacionais que já utiliza a ferrovia
para transportar as suas cargas, afirma que “a
existência de uma ligação ferroviária eficiente
que possa estabelecer a ligação de Portugal
com o centro da Europa tem impacto quer na
actividade da Volkswagen Autoeuropa, quer
em todas as empresas portuguesas”. A Side-
rurgia Nacional (SN Longos), por seu turno,
também utiliza este meio de transporte, mas
tem tido dificuldades em operacionalizá-lo
“por razões de preço associado ao trajecto que
os comboios têm de fazer actualmente, por
falta de ligação mais directa e consequente
acréscimo de custo e, noutra parte, pela falta
de operadores ferroviários capazes de organi-
zar o transporte de ambos os lados da frontei-
ra, de modo eficiente e competitivo, quer em
custo quer em tempo”, disse António Carva-
lheiro, da empresa, ao Diário Económico. Uma
nova linha seria muito vantajosa para a em-
presa, já que “iria encurtar significativamente
a distância da fábrica do Seixal a Espanha”.
No dia em que anunciou o projecto, o secretá-
rio de Estado dos Transportes Sérgio Monteiro
N
disse que este iria ajudar a reduzir os custos
para os exportadores em 40% e aumentar a
capacidade de carga para os transportadores
em 80%. Uma nova ferrovia permitiria au-
mentar a capacidade e frequência dos com-
boios de mercadorias, com realização de com-
boios com cerca de 700 metros de compri-
mento, o que actualmente não é possível.
A linha seria construída já em bitola europeia -
em vez da bitola ibérica utilizada actualmente
em Portugal -, que facilitará assim a ligação a
Espanha e, posteriormente, a França e ao resto
da Europa, evitando o transbordo na fronteira.
Ligação é “crucial”, diz Comissão Europeia
Os custos do projecto chegarão aos 700 mi-
lhões de euros. O valor foi comparado ao cus-
to do projecto para o TGV que foi “enterrado”
pelo executivo. “O anterior projecto do TGV,
na ligação a Lisboa, tinha um custo de 4.276
milhões”, disse recentemente o secretário de
Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro.
A redução dos custos é assunto importante
quer para o Governo quer para a Comissão Eu-
ropeia (CE). Ao Diário Económico, Carlo de
Grandis, coordenador das políticas europeias
da CE disse que “o projecto evoluiu e foi rede-
senhado para assegurar poupanças substan-
ciais”. O responsável considera ainda que a li-
gação de mercadorias entre Sines/Lisboa e
Madrid como “crucial”, já que está incluída no
Corredor Atlântico e desempenha um papel
muito importante para as economias portu-
guesa e europeia porque “liga o porto mais
ocidental do continente europeu ao coração da
Europa. De facto, os portos portugueses são os
mais próximos do canal do Panamá, que está
actualmente a ser aumentado, e à América do
Sul, ficando na rota Suez-Gibraltar para os
portos nórdicos”. Além disso, diz ainda Carlo
de Grandis, esta linha ligará as duas capitais
ibéricas, cujas ligações deixam a desejar, de
uma forma mais directa.
“O que está agora a ser preparado prevê a liga-
ção entre Évora e a fronteira, que se encontra-
rá depois com uma linha mista na plataforma
da Extremadura e, parte em Castilla la Man-
cha”, afirma. Em Espanha, a linha será “mis-
ta” e evoluirá de bitola ibérica para uma bitola
europeia, que é usada em França. O terreno
plano entre Évora e Caia é adequado para o
transporte de carga, mas também servirá, na
eventualidade de se querer regressar ao com-
boio de alta velocidade.■
LOGÍSTICA & DISTRIBUIÇÃO AÇORES E CABO VERDE querem ligações aéreas directas
entre os dois arquipélagos, visando impulsionar as relações
económicas. “As ligações aéreas e marítimas são fundamentais
para trazer preços mais competitivos.
Falar hoje em turismo e desenvolvimento económico sem haver
ligações competitivas não faz qualquer sentido”, disse João
da Ponte, presidente da Câmara de Lagoa (Açores), à Lusa.
>>90% do que é produzido pela indústria
da cortiça é exportado. Deste valor, 50%
considera os mercados europeus como
locais de destino destesprodutos. França,
Itália, Espanha e Alemanha são os países
prioritários. “Admitimos que a existência
de uma linha ferroviária que ligue
Portugal ao centro da Europa pode ser
uma opção viável e alternativa ao
transporte rodoviário que a indústria
da cortiça considera até à data, afirma
Joaquim Lima, director geral
da Associação Portuguesa da Cortiça
(APCOR).
APCOR
>>A construção duma linha
de mercadorias pelo traçado anterior
previsto para o TGV iria encurtar
significativamente a distância de ligação
da fábrica do Seixal a Espanha, pelo
aumentaria a competitividade do
transporte ferroviário e permitiria
certamente o incremento desse modo
de transporte. A linha ferroviária seria
importante, bem como toda a logística
associada à expedição de mercadorias
aos portos e dos próprios portos,
na medida e possam diminuir
a componente de custos de exportação,
defende António Carvalheiro.
SNLongos
Ao Diário
Económico,
Carlo de Grandis,
coordenador
das políticas
europeias
da CE afirma
que a ligação
de mercadorias
entre
Sines/Lisboa
e Madrid como
“crucial”.
OPoceirão fera uma das doze plataformas
logísticas integradas no Portugal Logístico,
projecto que estará ser reavaliado.
3. Quarta-feira 27 Fevereiro 2013 Diário Económico III
PauloFigueiredo
O GOVERNO DEVE LEGISLAR e fiscalizar, defende fonte oficial
da Prio Energy. “O Governo poderá desenvolver um importante
papel na área da logística e transporte de mercadorias não
necessariamente através de um investimento, mas através
do seu papel legislador e fiscal. Sendo os combustíveis
um dos principais custos do negócio dos operadores,
a equidade fiscal face a Espanha será fundamental.
A CARGA AÉREA nos principais aeroportos da ANA
cresceu 3% em Lisboa e 2,3% no Porto em Janeiro.
Já os números deste tipo de carga nos outros aeroportos
do Grupo cairam. Por tipo de voo, a carga transportada
em cargueiros expresso aumentou 2,7%, em aviões
de passageiros 5,6% e em outros cargueiros caiu 36,6%.
Emirados Arabes Unidos registaram a principal subida.
>>A rodovia é uma solução esgotada com
grandes impactos ambientais que deverá
ser substituída para grandes distâncias
por meios mais sustentáveis.
O investimento numa infraestrutura
ferroviária eficiente será uma prioridade
mas a par com o investimento há que
desbloquear questões técnicas da
operação tal como a impossibilidade de
os maquinistas operarem fora do seu país
de origem por não haver uma língua de
comunicações comum na UE, bem como
os diferente requisitosdocumentais
e legais dos vários países, defende
a directora de logística Sandra Augusto.
Autoeuropa
>>A Sonae Indústria, através
da Euroresinas, não prevê qualquer
impacto” com a linha de mercadorias.
“Iremos continuar a utilizar a solução
rodoviária. Uma vez que os nossos
destinos, quer internamente quer
para exportação, não podem aproveitar
a solução ferroviária, uma das medidas
que consideramos importante seria poder
aumentar a capacidade de carga
dos camiões” em circuitos bem definidos,
como é o caso Mangualde/Porto
de Aveiro e Sines/Mangual, assim como
Lisboa/Porto. Esta solução de transporte
rodoviário existe em vários países.
Sonae Indústria
>>Apesar de não virem a ser utilizadores
da linha Sines-Madrid, a Palmetal
considera que a construção de unma
ligação deste tipo tem “todo o interesse
nacional”, principalmente para viabilizar
o Porto de Sines, “que tem imensa
concorrência dos portos do Sul
de Espanha”. A empresa especializada
em logística automóvel trabalha
com a Autoeuropa e tem no seu terminal
ferroviário um serviço bi-semanal
de Espanha para as suas instalações.
A Palmetal, sediada em Palmela,
é fornecedora da Autoeuropa,
que também funciona naquele concelho.
Palmetal
>>Considerando que o transporte
marítimo de mercadorias longe do litoral
Europeu é muito pouco competitivo,
o transporte ferroviário surge como
a melhor alternativa ao rodoviário para
a entrega de mercadorias no centro
da Europa. O Grupo considera que a linha
ferroviária que ligará os portos a Sul
de Portugal é positiva mas insuficiente
por haver obstáculos a resolver. Além
desta medida, devia haver um outro
grande eixo a partir do centro do País,
via Vilar Formoso em bitola Europeia,
com ligação ao porto da Figueira da Foz.
Portucel Soporcel
4. IV DiárioEconómico Quarta-feira27Fevereiro2013
“A logística é crítica
para a competitividade do país”
A preocupação do executivo devia estar em acabar com os entraves aos operadores logísticos, defende a APOL.
RAQUEL CARVALHO
raquel.carvalho@economico.pt
actividade dos operadores
logísticos não vive uma fase
positiva. Em entrevista ao
Diário Económico, Carla
Fernandes, presidente da
Associação Portuguesa de
Operadores Logísticos,
aponta o dedo à elevada burocracia, aos pre-
ços pouco competitivos e às SCUT, que diz es-
tarem a prejudicar o sector.
Como é que a crise está a afectar o sector?
O desinvestimento no tecido económico e a
diminuição do consumo interno, leva a menos
volume nas operações logísticas. Existe tam-
bém uma grande redução das margens e uma
elevada dificuldade de acesso ao crédito para
obter financiamento.
Mas os operadores logísticos têm toda uma
experiência de resiliência e de adaptação às
necessidades de cada cliente, que fazem com
que a sub-contratação logística seja de facto
uma oportunidade para as empresas, sobretu-
do, num cenário económico adverso.
Em 2013 não se esperam grandes alterações ou
melhorias pelo que defendemos que as em-
presas estejam atentos à sub-contratação lo-
gística de forma a estarem mais concentrados
no seu ‘core business’.
Qual tem sido a estratégia seguida pelas empre-
sas para contornar os efeitos da crise?
A maioria dos operadores logísticos tem em
Portugal o grosso da sua actividade e dos seus
investimentos, e a situação económica desfa-
vorável determina uma elevada pressão sobre
as empresas. A internacionalização tem sido
uma das opções para ultrapassar os efeitos da
crise, até porque muitas das empresas são
multinacionais e já operam noutros países.
Desta forma, os operadores logísticos já pos-
suem uma vasta experiência que decorre da
pré-existência de plataformas logísticas em
países estrangeiros nomeadamente em Espa-
nha, com quem mantém relações comerciais
muito fortes. Brasil, Angola e alguns países do
Magreb são outros países com quem os opera-
dores mantém relações comerciais.
No sector da logística seremos mais bem suce-
didos no processo de internacionalização se
optarmos por mercados com proximidade
cultural e linguística à portuguesa.
O que pode ser feito pelo Executivo, por exem-
plo a nível fiscal para tornar o sector mais com-
petitivo?
Consideramos que a preocupação do execu-
tivo devia ser a eliminação de entraves à
vida das empresas. E esse é o principal pro-
blema. A logística é um factor crítico para a
competitividade de um país e Portugal tem
fotocedidaporAPOL
A
ENTREVISTA CARLA FERNANDES, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE OPERADORES LOGÍSTICOS (APOL)
Carla Fernandes,presidente da APOL, acredita
que o Governo não facilita a vida aos operadores logísticos.
LOGÍSTICA & DISTRIBUIÇÃO
Em 1 de Maio entram
em vigor as alterações
ao Regime de Bens em
Circulação, as quais Carla
Fernandes diz “suscitarem
várias dúvidas, por serem
dúbias e pouco
esclarecedoras, e que
podem comprometer
a entrega de mercadorias
e de bens de consumo
aos portugueses”. Uma das
alterações, é a necessidade
de se fazer uma
comunicação prévia
à Autoridade Tributária
de qualquer transporte
de mercadoria, que depois
emitirá um código a figurar
no documento de transporte
respectivo. Carla Fernandes
comentou ainda a
estagnação do projecto
das plataformas logísticas.
Para a presidente da APOL,
“era expectável que
ficassem em ‘stand by’
pois a forma como foram
estruturadas e pensadas
não se adequa à realidade
actual”, diz, afirmando que
“se tratam de projectos
imobiliários que iriam
obrigar a deslocalizar
projectos consistentes,
já implementados e com
as suas redes criadas,
para novas áreas logísticas
criadas de raiz, com
inevitáveis investimentos”.
Porém, classifica
de positivo, o projecto
da Janela Única Portuária
“que poderá evoluir
para uma Janela Única
Logística”, diz.
Outros pontos
de interesse
vindo a descer nos rankings mundiais por
não respeitar os prazos de entrega. Essa si-
tuação está directamente relacionada com
os entraves que o Governo tem criado com o
novo regime de circulação de bens nomea-
damente ao nível do aumento da burocracia,
que impedem-nos de sermos mais competi-
tivos. Tudo isto tem consequências negati-
vas no comércio internacional e no investi-
mento estrangeiro em soluções logísticas
portuguesas.
Depois temos a introdução de SCUT ou o au-
mento de portagens nas auto-estradas que
afectam a actividade dos operadores logísticos.
A rodovia continua a ser a principal via de co-
municação utilizada e os custos imputados ao
transporte é um verdadeiro obstáculo ao co-
mércio europeu. Por último, consideramos que
a competitividade dos preços devia ter sido sal-
vaguardada.
O que pode o Estado fazer para sensibilizar mais
as PME para a importância da logística?
Não é o Estado que deverá dizer o que é im-
portante ou não para cada empresa. Achamos
que cada vez mais devido às dificuldades que
vivemos, as PME estão mais sensibilizadas
para os custos logísticos. ■
6. VI Diário Económico Quarta-feira 27 Fevereiro 2013
Grupo Rangel entrou no Brasil em 2013
A internacionalização é um dos segredos do sucesso do Grupo Rangel.
Presente desde 2006 em Angola e Espanha, onde tem projectos
relevantes, o grupo está desde 2012 em Moçambique “onde temos
um projecto ambicioso de investimento”, diz Eduardo Rangel,
presidente do conselho de administração. Este ano, entrou no Brasil,
onde está “de forma muito activa”. É esta a resposta da empresa
à crise, pois Eduardo Rangel acredita que assim “continuará a crescer
em 2013, como aconteceu em 2012, ano em que cresceu 8%”, diz.
O ano passado, o Grupo aumentou a facturação para 118 milhões
de euros, tendo aumentado em 13% o número de colaboradores.
Mais procura, mas
menos volume
As empresas têm recorrido mais ao serviço de logística
em regime de ‘outsourcing’ para reduzir custos.
RAQUEL CARVALHO
raquel.carvalho@economico.pt
queda do crescimento eco-
nómico em Portugal, está a
causar quebras no volume de
comércio global e isto já se
reflecte no sector logístico.
Apesar de haver uma procura
maior pelos serviços, o in-
vestimento realizado é menor, pois as empre-
sas estão a diminuir os custos, garantem todas
as empresas contactadas pelo Diário Económi-
co, que citam ainda o recurso ao ‘outsourcing’
como solução de futuro.
João Bernardo Carriço, CEO da Adicional Lo-
gistics, diz que actualmente o sector logístico
“evolui em dois sentidos divergentes. Por um
lado temos clientes históricos com reduções
significativas de volume e, complementar-
mente, muita pressão para redução dos seus
custos, tendo como consequência a redução
das condições contratuais”. Por outro lado, há
mais procura de serviços de ‘outsourcing’,
uma vez que, explica, “as empresas procuram
externizar custos fixos, variabilizando-os e
entregando actividades não ‘core’ a especialis-
tas”, frisa, acrescentando que outra preocupa-
ção deverá ser “a procura por nichos de mer-
cado antes esquecidos e pela diversificação”.
Este último ponto é também, abordado pela
Urbanos. João Pecegueiro, presidente executi-
vo, diz mesmo que o grupo “começou a anali-
sar outras áreas de negócio e operações de
maior escala”, diversificando a oferta, e en-
trando na área da “electrónica de consumo,
eletrodomésticos, vestuário, sector alimentar,
e mais recentemente o sector farmacêutico”.
Já Ricardo Sousa Costa, administrador da Gar-
land é categórico. Além de defender que em
época de crise tem que se fazer “mais com me-
nos”, acredita igualmente que “o ‘outsour-
cing’ logístico é cada vez mais reconhecido
como uma mais-valia importante para as em-
A
presas nacionais, permitindo que se concen-
trem no seu ‘core business’ e simultaneamente
aumentem a sua competitividade”, diz, justi-
ficando esta opção pela “flexibilidade, obtida
pela transformação de custos fixos em variá-
veis e, por uma ajustável capacidade de res-
posta operacional, assim como a optimização
de recursos”. O responsável não tem dúvidas
de que o ‘outsourcing’ assegura “a natural re-
dução de custos e investimentos e uma melhor
performance logística”.
A mesma linha de pensamento tem Eduardo
Rangel, presidente do Conselho de Adminis-
tração do Grupo Rangel. Acredita que a ten-
dência, é para se “assistir a um crescimento
cada vez mais normal do ‘outsourcing’ nas
funções de logística, sobretudo na gestão de
‘stock’ e movimentações”. Aborda ainda a ac-
tividade de gestão de ‘stocks’, considerando
que esta “vai crescer em moldes cada vez mais
tecnológicos na robotização e outras ferra-
mentas que acrescentem qualidade ao proces-
so”. Esta é, aliás, outra tendência abordada pe-
las empresas.
Sobre tendências, Vítor Enes, director-geral da
logística da Luis Simões, está convicto de que
“o futuro está no desenvolvimento de uma ca-
deia de abastecimento mais eficiente, rápida e
adaptada a um modelo que permite às empre-
sas responder às necessidades do cliente de
forma efectiva e fiável”, passando ainda “pelo
aumento das exportações como forma de im-
pulsionar os negócios e pela aposta do desen-
volvimento de novos serviços que aportem
valor aos clientes”. Também Isabel Viçoso, da
LOGIC, fala da opção de subcontratação, re-
velando ”sentir uma maior procura do mar,
como alternativa ao transporte rodoviário” e a
decisão de muitas multinacionais “regressa-
rem aos países de origem, deixando espaço
para as empresas nacionais”. ■
LOGÍSTICA & DISTRIBUIÇÃO
PUB
LOGIC aposta
na especialização
para superar a crise
2012 foi um ano de crise, e por isso,
também de desafios diários. Isabel
Viçoso, administradora da LOGIC,
acredita que quem souber adaptar-se
tem sucesso e foi esse o foco
da operadora logística em 2012.
“Se o mercado muda, nós mudamos
com ele e reinventamos os nossos
serviços e soluções para estar
em linha com aquilo que o cliente
precisa”, diz. A estratégia da empresa
para superar a crise e ter sucesso
“tem sido a especialização
e a diferenciação, sobretudo,
operações à medida dos clientes
e que se apresentem como valor
acrescentado”, destaca a responsável
que assume que a internacionalização
não está a ser considerada,
o que contraria a tendência entre
as outras operadoras. A prioridade
é “acompanhar os clientes, tendências
de mercado e implementar inovações
que sustentem o crescimento
nacional”.
BrunoBarbosa
NevesAntónio
8%O Grupo rangel
aumentou o
volume de
negócios em 2012,
para 118 milhões
de euros, mais 8%
do que em 2011.
7. Quarta-feira 27 Fevereiro 2013 Diário Económico VII
Novidades entre as empresas
Luis Simões aposta
na Península Ibérica
Dascher compra
Azkar em 2012
2012 ficou marcado pela aquisição
por parte da Dascher Portugal
da totalidade da Azkar, uma das maiores
empresas de logística da Península
Ibérica. O ano passado, a Dascher
efectuou mais de 231 mil envios pela via
terrestre e cerca de 6500 por via aérea
e marítima, “valores que reflectem
um crescimento de 10% no número total
de envios efectuados em 2011 “,
revela Celestino Silva, procurador
da Administração da Dascher Portugal
(na foto) e ‘country manager’
da Azkar Portugal. Desde 2006
que a empresa cresce a dois dígitos
ao ano (10%), tendo registado
1,16 milhões de envios em 2012.
STEF cresce pela
exportação de produtos
Em 2012, a STEF “beneficiou de um conjunto
de novas actividades e do reforço da relação
com muitos dos clientes em novos serviços
que lhe permitiram um crescimento
relevante das vendas”. Quem o diz é Sérgio
Soares, director-geral da empresa, que tem
tido nas suas linhas de suporte à exportação
de produtos alimentares para a Europa
“uma das áreas com mais forte expansão”,
afirma. A empresa tem apostado ainda
na especialização, procurando “expandir
o espectro de serviços oferecidos”,
diz, acrescentando que “conciliar operações
de clientes com necessidades semelhantes
tem sido uma via importante para a oferta
ao mercado das soluções mais eficientes”.
Em 2013, a Luis Simões quer continuar a
apostar na estratégia que tem vindo a
ser seguida já há alguns anos. “Crescer
na Península Ibérica, sendo que o nosso
foco está no mercado espanhol, no qual
queremos conquistar novos clientes, em
novos segmentos de mercado,
desenvolver e melhorar sistemas de
informação que resultem em inovação
para a gestão de operações”, diz Vítor
Enes, director-geral de logística para a
Península Ibérica. Sobre a crise, o
responsável diz que a melhor postura é
“nunca parar de trabalhar e lutar”, o que
tem permitido à Luis Simões ter uma
actividade sustentável. Um dos
caminhos a seguir na empresa é a
aposta nas exportações mas também no
desenvolvimento de novos serviços.
Garland com novo
centro logístico
O Grupo Garland investiu
em 2012 oito milhões de euros,
“na construção de um dos mais
modernos centros logísticos
nacionais, na Maia”, revela Ricardo
Sousa Costa, administrador. Com
capacidade para 20 mil paletes,
este equipamento está
“apetrechado com as tecnologias
mais avançadas ao nível
da segurança geral e controlo
de operações, e que permite
receber qualquer tipo de produto
à temperatura ambente”, explica.
Para 2013 e 2014, a Garland quer
prosseguir uma política de
crescimento orgânico sustentado,
estando a estudar a expansão
das instalações a Sul e a Norte,
e a desenvolver uma nova
plataforma de sistemas
de informação de apoio
à distribuição.
FotocedidaporLuisSimões
FotocedidaporDascherPortugal
RachelDiaz/Reuters
FotocedidaporGarland
10%
A Dascher
Portugal
aumentou em 10%
o número de
envios efectuados
em 2012.
8 milhões
foi quanto a
Garland investiu
num centro
logístico na Maia,
com capacidade
para 20 mil
paletes.
Adicional ganha com novos negócios
2012 foi o primeiro ano, desde 2007 que a Adcional logistics não cresceu.
De acordo com João Carriço, CEO, a empresa “manteve o volume de negócios,
por via de novos clientes e crescimento de novos negócios, o que compensou
as reduções de volume muito significativas”. A estratégia da empresa
passa pela “evolução do modelo de negócio. Estamos a migrar das soluções
logísticas simples de distribuição e armazenagem, para soluções verticais
e completas que incluem operações comerciais, facturação de produto,
logística de trademarketing”, entre outros.
FotocedidaporAdicionalLogistics
Urbanos está em Marrocos e Angola
Ao adquirir duas empresas em 2012, o Grupo Urbanos viu a sua facturação
aumentar 20% face a 2011, sendo que em 2013 deverá crescer entre os 5%
e os 10%. João Pecegueiro, Presidente Executivo do Grupo Urbanos,
informa que a empresa quer investir em tecnologia e sistemas
de informação. Destaca a criação do Gabinete de Desenvolvimento
Estratégico de Negócio, que promove “uma maior articulação entre as
diferentes unidades de negócio” e admite ainda que a internacionalização
“é um aspecto importante na estratégia de crescimento”. Queremos
apoiar e acompanhar o crescimento das exportações portuguesas.
Começamos por Marrocos em 2011 e em 2012 em Angola”.
BrunoBarbosa
20%
A Urbanos
cresceu 20% na
facturação com a
aquisição de duas
empresas em
2012.
8. VIII Diário Económico Quarta-feira 27 Fevereiro 2013
Empresas apostam na qualidade e
internacionalização para vencer a crise
As exportações estão a crescer mas as empresas de entrega rápida estão a sentir a crise no mercado nacional.
ANTÓNIO DE ALBUQUERQUE E RAQUEL CARVALHO
antonio.albuquerque@economico.pt
crise económica e financeira
que se abateu na economia
nacional está a obrigar as
empresas de entrega expres-
so a redobrar a qualidade de
serviço junto dos clientes.
Outras apostaram na inter-
nacionalização para crescerem e todas recu-
sam também uma política comercial assente
exclusivamente no preço. Apesar das expor-
tações nacionais, nos últimos anos, regista-
rem taxas de crescimento, os empresários
questionados pelo Diário Económico e que
dão apoio às empresas exportadoras não fica-
ram inumes à queda da riqueza gerada no país.
Américo Fernandes, director geral da DHL
Express em Portugal, assume o crescimento
na área de negócio internacional “principal-
mente no Norte do País, onde se situam maio-
ria dos exportadores nacionais”. Mas quando
questionado sobre o transporte nacional não
hesitou em afirmar que houve um decréscimo
que acompanhou a diminuição do poder de
compra. “Houve menos transacções comer-
ciais, pelo que o volume de carga transportada
diminuiu”, afirma o responsável.
Eduardo Rangel, presidente do Conselho de
Administração do grupo Rangel, em declara-
ções ao Diário Económico também reconhece
perdas em alguns negócios da empresa, mas
“compensados pela internacionalização que
PauloAlexandreCoelho
A
levamos a cabo há já seis anos”, bem como em
investimentos em certos segmentos de mer-
cado dando o exemplo da “Rangel Pharma,
que registou uma taxa de crescimento acima
dos 30%” (ver texto da página 10). Aliás, o ad-
ministrador salienta a importância da inter-
nacionalização para o sucesso do grupo ao as-
sinalar - depois de Espanha, Angola e Mo-
çambique - um novo projecto no Brasil. E
acrescenta: “A verdade é que a nossa decisão
de internacionalização não resultou da crise
económica, mas foi muito oportuna”.
Isabel Viçoso, porta-voz da Logic, também
questionada sobre a estratégia da empresa
para fazer face à crise, exclui um processo de
internacionalização pelo menos no curto pra-
zo, mas é peremptória ao afirmar o “acompa-
nhamento dos clientes, implementar inova-
ções e tendências”. Sobre o mercado interno
confirma a “menor rotação de ‘stock’ dos
clientes, mas também houve uma procura por
serviços mais inovadores e flexíveis já que as
empresas estão mais atentas aos custos”, sa-
lienta a responsável.
Olivier Establet, administrador delegado da
Chronopost, não esconde as dificuldades sen-
tidas no ano passado e que levaram a uma
queda de 6% da actividade da empresa. Con-
tudo, um resultado apenas possível com mui-
to empenho e com novas soluções para os
clientes, como confessou ao Diário Económi-
co. “A maioria dos nossos clientes sofreram
uma grande redução do seu volume de activi-
dade e foi devido ao desenvolvimento do ser-
viço internacional e da nossa oferta B2C que
minorámos a redução da nossa actividade”.
Aliás, o mesmo reponsável salienta a estraté-
gia da empresa em sensilbilizar os seus clien-
tes para o custo da “não qualidade”.
O responsável pelo mercado ibérico da multi-
nacional UPS, Daniel Carrera, reconhece as
dificuldades actuais do mercado nacional à se-
melhança do que está a acontecer na Europa.
Mas sem levantar o véu sobre a estratégia da
empresa para o mercado português demonstra
optimismo quando ao futuro já que acredita
nas exportações nacionais. Um dos “melhores
caminhos para estimular o crescimento é atra-
vés de exportações já que obrigam as empresas
a “optimizar cadeias de fornecimento e de
stocks”, salienta o responsável.
Manuel Castelo Branco, presidente dos CTT
Expresso, coloca o acento tónico na fideliza-
ção e alerta para o facto da política comercial
“não poder ser feito apenas através do preço”.
O mesmo responsável salienta como estraté-
gico para a empresa do Estado, “desenvolver a
integração ibérica e reforçar o posicionamen-
to de grande grupo logístico do sul da Europa,
com oferta de serviços de transporte urgente,
grandes cargas, e-commerce e actividades de
logística integrada”. ■
As empresas
estão apostadas
em prestar
melhores serviços,
inovação e
internacionalização
para crescerem
e todas recusam
uma política
comercial assente
exclusivamente
no preço.
CTT Expresso querem desenvolver integração
ibérica e reforçar presença no Sul da Europa.
LOGÍSTICA & DISTRIBUIÇÃO
9. Quarta-feira 27 Fevereiro 2013 Diário Económico IX
“ “ “ “ “
PUB
É uma privatização como
outra qualquer ,e não
prevejo que venha
afectar o sector na área
do transporte expresso
internacional que
é o nosso negócio.
O QUE DIZEM AS EMPRESAS SOBRE A PRIVATIZAÇÃO DOS TC
AMERICO FERNANDES
Managing director
Express Portugal
Algumas vezes,
a distribuição expresso
é uma das áreas
de negócio de maior
expressão no Grupo
Urbanos, representando
cerca de 20% do volume
total de faturação. Por
esta razão, estamos
naturalmente atentos
à privatização dos CTT,
em particular dos CTT
Expresso, bem como
aos movimentos
de consolidação que
se espera neste sector.
De forma generalizada,
penso que esta
privatização vem criar
padrões concorrenciais
mais equilibrados.
JOÃO PECEGUEIRO
CEO da Urbanos
A UPS congratula-se
com a liberalização
dos serviços postais
na União Europeia.
A liberalização
dos mercados mercados
geralmente leva
a serviços de melhor
qualidade e mais opções
para os consumidores.
No entanto, a UPS opera
em segmentos de
mercado muito abertos
à concorrência e neste
momento não está
interessada em novos
negócios.
DANIEL CARRERA
UPS Country Manager
for Portugal and Spain
Não conhecemos ainda
o modelo de privatização
para nos podermos
pronunciar de forma
definitiva, mas será difícil
privatizar um negócio
cujo “core business” cai
5% ou mais ao ano. Ou
lhe juntam uma licença
para a constituição do
Banco Postal ou será
difícil privatizar com
sucesso. Outra
possibilidade também é,
paralelamente com esta
decisão do banco postal,
privatizar separadamente
os CTT Expresso - aqui
vejo um panorama mais
difícil.
EDUARDO RANGEL
Presidente do Conselho de
Administração do grupo rangel
Apenas a nossa casa mãe
pode fazer comentários
a esta temática.
OLIVIER ESTABLET
Administrador delegado
da Chronopost em Portugal.
>> A maioria dos empresários está indiferente em relação à privatização dos CTT que o Governo prometeu para este ano. O Grupo Urbanos é a excepção
e ao Diário Económico demonstra estar atento ao processo, concretamente ao CTT Expresso.
10. X DiárioEconómico Quarta-feira27Fevereiro2013
LOGÍSTICA & DISTRIBUIÇÃO
Conheça cinco casos que entraram
por novos caminhos no sector
São empresas que apostaram em novas áreas que já dão ou que podem vir a dar cartas no sector da logística.
RAQUEL CARVALHO E ANTÓNIO ALBUQUERQUE
raquel.carvalho@economico.pt
A especialização em nichos de negócio tem
sido um desafio para o Grupo Rangel e uma
forma de continuar a crescer. Eduardo
Rangel, administrador, frisa que esta
aposta tem registado
“alguma animação
que se vai manter ou
até melhorar em
2013”. No caso
particular da logística
farmacêutica, com a
Rangel Pharma, a
empresa cresceu
mesmo 32% em 2012. O grupo está a
apostar ainda na distribuição ao domicílio e
nas vendas por Internet, dois nichos de
mercado que Eduardo Rangel diz estarem
“em grande crescimento, nos mercados
nacional e internacional”. De frisar que o
grupo está focado na gestão logística e na
distribuição de moda, High-tech, e
‘outsourcing inside’ logística interna das
empresas.
Rangel no sector
farmacêutico
A Univeg especializou-se na cadeia de
valor de produtos parecíveis, posicionando-
se “essencialmente na logística de
produtos alimentares num contexto multi-
temperatura, multi-cliente e multi-fluxo”,
explica Vítor Figueiredo, ‘country manager’
da Univeg Portugal. Esta operadora
logística transporta frutas e verduras,
legumes, carne
fresca, bacalhau
seco, charcutaria,
lacticínios e produtos
ultracongelados, daí
que tenha uma infra-
estrutura que
permite “oferecer a
solução de qualidade
em qualquer tipo de
temperatura desde -
25ºC, até à temperatura ambiente,
passando pelos diversos níveis de frio
positivos”, garante o responsável, que
assume que a estratégia da empresa
“passa por se tornar a primeira alternativa
para um cliente que procure o ‘outsourcing’
de parte ou totalidade dos processos da
sua cadeia de abastecimento”.
Especialização
em produtos frescos
-25ºNos armazéns
de frescos
a temperatura
pode ir de um frio
‘siberiano’
até à temperatura
ambiente.
32%Foi quanto
a Rangel cresceu
com a aposta
na logística
farmacêutica.
São cada vez mais as empresas de logística que estão atentas para a
importância dos negócios electrónicos. Isto porque, o sucesso de um
negócio nas plataformas electrónicas só é possível com uma logística
eficiente. A satisfação dos clientes com entregas rápidas é essencial e
as empresas de logística sabem disso. Olivier Establet, da Chronopost
avança mesmo que a “área de B2C e das entregas internacionais são os
segmentos de negócio em crescimento”. Aliás, para o responsável os
negócios para o comércio electrónico permitiram minimizar o impacto
da crise económica. Eduardo Rangel, presidente do conselho de
administração do grupo Rangel quando questionado sobre as tendência
do sector salienta precisamente o comércio electrónico como um
“sector a não perder de vista”.
Logística é fundamental
para o sucesso do comércio electrónico
B2CA área
de “Business
to Consumer”
e de entregas
internacionais
são áreas
em crescimento.
A NBCmedical, empresa
portuguesa que se dedica
à exportação de produtos
de saúde, criou a
Farmalog, uma empresa
de importação e
distribuição de
medicamentos e
produtos na área da
saúde, que funciona
também em Angola.
Sediada em Luanda, a empresa “veio
responder a uma necessidade crescente no
mercado, já que apesar dos 180
importadores registados na Direcção
Nacional de Medicamentos e Equipamentos,
a distribuição e abastecimento é feita de
forma incipiente”, conta Nuno Belmar da
Costa. A Farmalog é a “primeira empresa
de distribuição em Angola com instalações
de acordo com os padrões mais rigorosos
da OMS no que respeita a boas práticas e
distribuição”. A empresa garante entregas
de remédios e produtos de saúde a
temperaturas e humidade adequadas,
controladas a partir de Portugal.
Distribuir em Angola,
controlando em Portugal
180importadores de
medicamentos
estão registados
em Angola. Mas a
distribuição é
feita de forma
incipiente.
Há dois anos, Afonso
Tainha quis trazer para
Portugal um carrinho de
bebé de Inglaterra, tarefa
que se revelou um
pesadelo. “Encontrar
quem o fizesse e a bom
preço foi bastante
complicado”, diz,
admitindo que as opções
e preços apresentados
foram muito elevados. Começou então
a amadurecer a ideia de criar um site que
permitisse comparar todos os prestadores
de serviços expressos. Seis meses
passados, desenvolveu a plataforma
www.envio-expresso.pt, “um comparador
online de envios urgentes (nacionais
e internacionais) que permite o pagamento
e agendamento de recolha em tempo real
que permite descontos até 60%”, explica.
Pensado para particulares e pequenas
empresas, conta já “com mais de 350
clientes activos”, diz Afonso Tainha
que revela que o Envio Expresso está
agora, “a integrar lojas online e a preparar
a internacionalização – provavelmente
para a América Latina”.
Site que permite
comparar serviços
350
clientes é quanto
esta empresa
que criou um site
que compara os
preços de todos
os prestadores de
serviço expresso.
FelixOrdonez/ReutersFotocedidaporUniveg
PeterFoley/Bloomberg
FotocedidaporFarmalog
FotocedidaporEnvioExpresso
Afonso Tainhafundou
a www.envio-expresso.pt
A esopecialização da Rangel fna distribuição de produtos
farmacêuticos tem trazido “alguma animação” à empresa.
A Farmalogtem
instalações em Angola.
Vítor Figueiredo, da Univeg
Portugal.
Áreas de comércio electrónico
permitiram minimizar o impacto
da crise económica.
12. XII DiárioEconómico Quarta-feira27Fevereiro2013
LOGÍSTICA & DISTRIBUIÇÃO
Grande Porto
à conquista da
industrialização
Desde o ano passado que a região do Grande
Porto demonstra interesse dos investidores.
ANTÓNIO DE ALBUQUERQUE
antonio.albuquerque@economico.pt
Grande Porto começa a
despertar o interesse dos
investidores empresariais
e Lisboa está parada. O
Norte do País sempre foi
conhecido com a região
mais industrializada e em
Lisboa a capital dos serviços. Nas últimas duas
décadas, o grande Porto foi perdendo indús-
trias e simultaneamente poder de compra. Em
contrapartida Lisboa reforçou a liderança nos
serviços. Agora, estão a surgir pequenos sinais
da recuperação da zona Norte como região
para atrair novos investimentos, nomeada-
mente de logística. Isto a avaliar pelas tendên-
cias de mercado para os terrenos industriais
das consultoras imobiliárias.
Ana Gomes, directora de Industrial e Terrenos
da Cushman & Wakefield, quando questiona-
da sobre as regiões do país que têm demons-
trado maior interesse pelos investidores é pe-
remptória: “o Grande Porto”. João Leite Cas-
tro, responsável pela área de industrial e lo-
gística da Predibisa, confrontado com a mes-
ma pergunta afirma precisamente o mesmo.
Ana Gomes salienta mesmo a emergência do
Grande Porto no ano passado como uma loca-
lização com potencial interesse para a logísti-
ca. A mesma responsável justifica o interesse
dos investidores em primeiro lugar com os
“custos de transporte (mais portagens e com-
bustíveis mais caros) começaram a ter um im-
pacto demasiado forte sobre os custos opera-
cionais das empresas”. Depois, continua a
mesma responsável, a “logística de retalho so-
freu uma forte quebra enquanto que a logística
industrial, associada ao crescimento de algu-
ma produção industrial específica e à tentativa
de impulsionamento das exportações, ganhou
um novo ânimo”. Já João Leite Castro, justifica
a nova apetência com o início de projectos de
construção de plataformas logísticas com vá-
rias multinacionais, tais como Continental em
Famalicão e TNT em Matosinhos”. O mesmo
especialista afirma ainda o “bom desempenho
do Porto de Leixões, que foi muito importante
para o desenvolvimento da logística do Nor-
te”. João Leite Castro salienta ainda que Mato-
sinhosMaia continua a liderar a logística dado
a proximidade do aeroporto e Porto de Leixões
e que “Valongo começa a ter alguma procura
por ser uma localização a Este do grande Porto
com excelentes acessibilidades rodoviária para
Norte, Sul e Este. Por este caso a Chronopost
instalou-se em 2011 com uma nova unidade”.
Ana Gomes, remata afirmando que o que
“podemos vir a assistir a um novo ciclo de des-
envolvimento logístico com mais apostas no
transporte marítimo e ferroviário”. ■
O 1 Empresas procuram
plataformas
Segundo os responsáveis
contactados pelo Diário
Económico Portugal
poderá assistir a um
acréscimo da procura
de grandes empresas
logística de quererem
investir em plataformas
nas varias áreas tais
como, pequena logística,
grande logística
e logística alimentar.
2 Matosinhos e Maia
lideram
Matosinhos e Maia
continuam a liderar
a logística no Porto
dado a proximidade
do Aeroporto e Porto
de Leixões.
Tendências
da logística
JoãoPauloDias
“Podemos vir a assistir a um novo ciclo
de desenvolvimento logístico com mais apostas
no transporte marítimo e ferroviário”,
assegura Ana Gomes, da Cushman & Wakefiled.
14. XIV Diário Económico Quarta-feira 27 Fevereiro 2013
A União Europeia e os EUA pretendem criar uma zona de comércio
livre. Acha que esta iniciativa reforça a centralidade de Portugal
no mundo e potencia a internacionalização das empresas do sector,
bem como a economia nacional?
Fórum
1
PauloAlexandreCoelho
LOGÍSTICA & DISTRIBUIÇÃO
JOÃO BERNARDO
CARRIÇO
CEO da Adicional
Logistics
1. A centralidade de
Portugal no Mundo
tem de passar pela
renovação do nosso
tecido industrial e
pela especialização
em produtos de qualidade para segmen-
tos de consumo elevados. Juntando à
nossa capacidade natural a habilidade
para chegar longe e nos integrarmos co-
mercialmente e logisticamente em mer-
cados longínquos e em crescimento, po-
deremos conseguir exportar mais e sedi-
mentar o nosso protagonismo em alguns
sectores.
MIGUEL MAJOR
Diretor Geral
da Itautec Ibéria
1. Temos capaci-
dade para assumir
um papel relevan-
te, pois, usufruí-
mos de uma locali-
zação privilegiada
em termos intercontinentais. Não po-
deria, contudo, defender um ponto de
vista sem dar exemplos. Na Itautec, in-
vestimos com confiança em Portugal,
tornando-o hub da empresa para a
EMEA, concentrando também os re-
cursos para a atuação nos PALOP. O
nosso país tem também um laboratório
de inovação da empresa na área do re-
talho, dado o ambiente de alta tecnolo-
gia que carateriza o setor. A inovação
deve ser a palavra de ordem. Mas falta-
nos a crença que permita ver os benefí-
cios que temos, para começar a tirar
partido deles.
VITOR ENES
Director geral
de logística ibérica
da Luís Simões
1. Não temos muita
informação sobre o
tema. No entanto,
consideramos que
esta iniciativa teria
todo o interesse ao
potenciar a economia de dois blocos
económicos como são os Estados Unidos
e a União Europeia.
EDUARDO RANGEL
Administrador
do grupo Rangel
1. Antes de mais
gostava de realçar
que esta é uma ini-
ciativa que há mui-
tos anos deveria ter
acontecido. A con-
cretizar-se, será a zona económica mais
fértil do mundo, e a única capaz de fazer
frente à China. Portugal, fruto da nossa
maior proximidade, poderá, se souber
posicionar-se, ser uma das portas im-
portantes de entrada e saída no grande
15. Quarta-feira 27 Fevereiro 2013 Diário Económico XV
PUB
crescimento comercial que se vai des-
envolver. Pode com certeza potenciali-
zar mais internacionalização nos EUA de
empresas portuguesas. Quanto às do
nosso sector, será mais difícil, já que os
EUA têm as maiores e mais eficazes em-
presas do setor logístico.
ISABEL VIÇOSO
Porta-voz LOGIC
1. Portugal tem de
criar vias diretas e
rentáveis para os
negócios, dado
que, apesar da sua
posição privilegia-
da no mapa-mun-
do, ainda é uma franja de negócio a ex-
plorar. Estar na ‘ponta’ da Europa tam-
bém pode ser bom. Tantas vezes referi-
do como porta de entrada no continen-
te europeu, Portugal pode ser visto in-
versamente como uma porta de saída
preferencial para África e outros países
onde a restante Europa não chega tão
facilmente. A nossa posição não nos
coloca “à margem” mas sim no centro
do mundo, no centro da partilha de co-
nhecimentos, de ferramentas e de pes-
soas, que nos permitem continuar a
crescer.
CARLA FERNANDES
Presidente da Associação
Portuguesa de Operadores
Logísticos
1. Esta iniciativa, se
for bem aproveita-
da, pode certamen-
te potenciar o movi-
mento nos portos
nacionais, favore-
cendo actividades de acabamento de
productos intermédios. E, por outro
lado, também irá favorecer as exporta-
ções portuguesas para os EUA.
JOÃO PECEGUEIRO
CEO da Urbanos
Diretor geral da STEF Portugal
1. Sempre conside-
ramos que Portugal
poderá desempe-
nhar um papel fun-
damental nas trocas
comerciais de e para a
Europa. Teremos para isso que ter uma
visão estratégica e nacional de longo pra-
zo que terá que ser assumida pelo Estado e
pelos empresários nacionais. Precisamos
de uma política articulada para o desen-
volvimento da rede nacional de platafor-
mas logísticas, via-férrea, rodovia e por-
tos. Além da qualidade de serviço, a nossa
oferta terá que ser agressiva para que nos
possamos sobrepor à oferta de alguns
países nórdicos, muito evoluídos em ter-
mos de soluções logísticas, e mesmo em
relação à oferta do nosso país vizinho. A
aposta continuada na formação de qua-
dros superiores e intermédios no sector
da logística é essencial para este desígnio.
RICARDO SOUSA
COSTA
Administrador Garland
1. Sem dúvida que
sim. Portugal tem
excelentes condi-
ções para se tornar
uma das principais
portas de entrada na
Europa através dos seus portos. Em mui-
tos deles assistimos já a esforços signifi-
cativos para uma melhoria das condições
para receber e distribuir competitiva-
mente as mercadorias para a Europa.
Será fundamental a optimização do pro-
cesso de desalfandegamento das merca-
dorias, a nível de custos, burocracia pro-
cessual e do tempo de execução e ques-
tões fiscais. É essencial reforçar as liga-
ções terrestres por via ferroviária com as
principais linhas de circulação da Euro-
pa, o que felizmente parece vir a ser uma
aposta nacional nos próximos anos.
SÉRGIO SOARES
Diretor geral da STEF Portugal
1. Esta centralidade
geográfica não si-
gnifica uma centra-
lidade económica
nem mesmo logísti-
ca. O trabalho de
conferir competiti-
vidade aos produtos
portuguseses, pelo caminho da qualida-
de e da diferenciação é e será sempre uma
batalha por conquistas que não ficará fa-
cilitada com esta nova área de comércio
livre.
CELESTINO SILVA
Procurador da administração
da Dachser Portugal
1. O Grupo Dachser
inibe-se de fazer
qualquer comentá-
rio em torno de pre-
tensões de natureza
política e/ou econó-
mica que ainda não tenham sido efecti-
vadas.