SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 41
Downloaden Sie, um offline zu lesen
2º MOMENTO MODERNISTA 
Poema e prosa 
De 1930 a 1945
POESIA de 30 
O artista passa a se questionar como indivíduo e como artista em sua “tentativa de explorar e de interpretar o mundo”
COMPONENTE CURRICULAR: Língua Portuguesa, 3ª Ano - Tópico: A Literatura Modernista de 30: poesia 
Em 1930, o mundo passou por uma crise que afetou o Brasil de maneira significativa. Nessa época ocorreu 1- o fim das oligarquias ligadas ao café e da “República Velha”; 2-aconteceu a eleição que elegeu Júlio Prestes; 3-estourou a “Revolução de 30”, que pôs Getúlio Vargas no poder; 4-Em 1932, ocorreu a Revolução Constitucionalista; 5-Em 1937, Getúlio Vargas iniciou sua ditadura, conhecida como Estado Novo. 
MOMENTO HISTÓRICO
A POESIA 
CRONOLOGIA 
Duração – 1930 a 1945. 
Primeira obra – Alguma Poesia. 
Primeiro autor – Carlos Drummond de Andrade. 
CARACTERÍSTICAS 
a) Amadurecimento e solidificação da poesia modernista. 
b) Mistura do verso livre com formas tradicionais de compor poemas. 
c) Mistura da temática cotidiana com temática histórico-social.
Nascimento e morte – Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro (MG), em 31 de outubro de 1902. Morreu no Rio de Janeiro, em 17 de agosto de 1987. 
Vocação – Deseja o pai de Drummond, o fazendeiro Carlos de Paula Andrade, que os filhos se interessem pela vida do campo. O menino Carlos não se sente atraído por essa perspectiva, manifestando inclinação pelas letras desde cedo. 
Herança do colégio – Em 1920, foi expulso do Colégio Anchieta, em Nova Friburgo, por “insubordinação mental”. 
Farmácia – Cursa Farmácia em 1920. 
Amizades – Em 1924, envia carta a Manuel Bandeira, manifestando sua admiração pelo poeta. É também neste ano que conhece Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral. 
Casamento – Em 1925, Drummond casou-se com Dolores Dutra de Morais. 
No meio do caminho – Em 1928, publica, na revista Antropofagia, de São Paulo, o poema No meio do caminho, que se torna um verdadeiro escândalo literário.
A carreira poética de Drummond pode ser dividida em 4 fases: 
A 1ª fase (a fase gauche): tem como características o pessimismo, o isolamento, o individualismo e a reflexão existencial. Nota-se nesta fase um desencanto em relação ao mundo. ironia, o humor e a linguagem coloquial estão presentes. 
Obras “Alguma Poesia” (1930); “Brejo das Almas” (1934). 
A 2ª fase, chamada fase social: é marcada pela vontade do poeta de participar e tentar transformar o mundo, o pessimismo e o isolamento da 1ª fase é posto de lado. O poeta se solidariza com os problemas do mundo. Obras “Sentimento do mundo” (1940); “José” (1942); “Rosa do Povo” (1945). 
A 3ª fase pode ser dividida em 2 momentos: poesia filosófica e poesia nominal. Poesia Filosófica: textos que refletem sobre vários temas de preocupação universal como a vida e a morte. Obras “Fazendeiro do ar” (1955); “Vida passada a limpo” (1959) Poesia Nominal: repletas de neologismos e aliterações. Obra “Lição de coisas” (1962). 
A fase final (o tempo das memórias) Como o próprio nome já diz, as obras desta fase (década de 70 e 80), são cheias de recordações do poeta. Os temas infância e família são retomados e aprofundados além dos temas universais já discutidos anteriormente. Obras “Boitempo”; “Boitempo III”; “As impurezas do branco”; “Amor Amores”
Poema de sete faces
Poema de Sete Faces 
Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. 
As casas espiam os homens que correm atrás de mulheres. A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos. 
O bonde passa cheio de pernas: pernas brancas pretas amarelas. Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. Porém meus olhos não perguntam nada. 
O homem atrás do bigode é sério, simples e forte. Quase não conversa. Tem poucos, raros amigos o homem atrás dos óculos e do bigode. 
Meu Deus, por que me abandonaste se sabias que eu não era Deus se sabias que eu era fraco. 
Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução. Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração. 
Eu não devia te dizer mas essa lua mas esse conhaque botam a gente comovido como o diabo
No Meio do Caminho 
No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho Tinha uma pedra No meio do caminho tinha uma pedra. 
Nunca me esquecerei desse acontecimento Na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho Tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra.
Para Sempre 
Por que Deus permite que as mães vão-se embora? Mãe não tem limite, é tempo sem hora, luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba, veludo escondido na pele enrugada, água pura, ar puro, puro pensamento. Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio. Mãe, na sua graça, é eternidade. Por que Deus se lembra – mistério profundo – de tirá-la um dia? Fosse eu Rei do Mundo, baixava uma lei: Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho.
Quadrilha 
João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.
A noite desceu. Que noite! Já não enxergo meus irmãos. E nem tão pouco os rumores que outrora me perturbavam. A noite desceu. Nas casas, nas ruas onde se combate, nos campos desfalecidos, a noite espalhou o medo e a total incompreensão. A noite caiu. Tremenda, sem esperança... Os suspiros acusam a presença negra que paralisa os guerreiros. E o amor não abre caminho na noite. A noite é mortal, completa, sem reticências, a noite dissolve os homens, diz que é inútil sofrer, a noite dissolve as pátrias, apagou os almirantes cintilantes! nas suas fardas. A noite anoiteceu tudo... O mundo não tem remédio... Os suicidas tinham razão. (...) 
A NOITE DISSOLVE OS HOMENS 
(fragmento)
Temas mais frequentes na obra de Drummond 
*O indivíduo *A terra natal *A família *Os amigos *O amor *O choque social *A poesia *A existência
Infância (Alguma poesia) 
Meu pai montava a cavalo, ia para o campo. Minha mãe ficava sentada cosendo. Meu irmão pequeno dormia. Eu sozinho menino entre mangueiras lia a história de Robinson Crusoé Comprida história que não acabava mais. No meio dia branco de luz uma voz que aprendeu a ninar nos longe da senzala - e nunca se esqueceu chamava para o café. Café preto que nem a preta velha café gostoso café bom. Minha mãe ficara em casa cosendo Olhando para mim: - Psiu... Não acorde o menino. Para o berço onde pousou um mosquito. E dava um suspiro... que fundo! Lá longe meu pai campeava no mato sem fim da fazenda. E eu não sabia que a minha história era mais bonita que a de Robinson Crusoé.
Cidadezinha qualquer (Alguma poesia) Casas entre bananeiras Mulheres entre laranjeiras pomar amor cantar. Um homem vai devagar. Um cachorro vai devagar. Um burro vai devagar. Devagar... as janelas olham. Eta vida besta, meu Deus.
VINICIUS DE MORAES
Beatriz Azevedo de Mello Conhecida como Tati, a musa do Soneto de fidelidade (e também da personagem Narizinho, de Monteiro Lobato) casou-se com o poeta por procuração, enquanto ele estudava literatura na Inglaterra. Tiveram dois filhos (Susana e Pedro) nos 11 anos em que estiveram juntos. Ela morreu em 1995, aos 84 anos. » Regina Pederneiras Ainda casado com Tati, Vinicius envolveu-se com Regina, arquivista do Itamaraty, entre 1945 e 1946. Acabou se casando com ela no religioso, mas a esposa oficial perdoou a traição, e Vinicius voltou para Beatriz. » Lila Bôscoli Bisneta da compositora Chiquinha Gonzaga, a moça de 19 anos foi apresentada ao poeta por Rubem Braga. Casaram-se em 1952, viveram juntos por sete anos e geraram Georgiana e Luciana.
» Maria Lúcia Proença O relacionamento de cinco anos, iniciado em 1958, teria inspirado a crônica Para viver um grande amor. Lucinha, sobrinha de um amigo de Vinicius, que a conhecera ainda adolescente, pegou a fase bossa- nova do compositor. Ela era casada, e trouxe um filho pequeno da união anterior. » Nelita de Abreu Rocha A moça não tinha completado nem 20 anos quando se juntou ao poeta, em 1963. Mesmo com três décadas de diferença, o casamento durou cinco anos. Nelita mora no Rio e adotou o sobrenome do atual marido, o francês Gerard Leclery. » Christina Gurjão O relacionamento durou menos de um ano, mas gerou a filha caçula do poeta, Maria, e a clássica Pela luz dos olhos teus. Mesmo com a esposa grávida de cinco meses, ele acabou se envolvendo com Gessy.
» Gessy Gesse A atriz baiana, casada com Vinicius entre 1969 e 1976, foi responsável por levá-lo para viver em Salvador, o que alterou tanto o estilo de vida do poeta quanto sua produção musical. » Marta Rodriguez Santamaria A argentina era 40 anos mais jovem que Vinicius. O relacionamento de três anos, iniciado em 1975, foi marcado pelas várias viagens do poeta com Toquinho pelo mundo. » Gilda Mattoso A viúva de Vinicius, 40 anos a menos que ele, foi apaixonada pelo poeta por quase uma década até engatar o relacionamento. Gilda o acompanhou nos dois últimos anos de vida.
Soneto de Fidelidade 
De tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. 
Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento 
E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama 
Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure.
Soneto de separação De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente. Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente.
Receita de Mulher ( fragmento) 
As muito feias que me perdoem Mas beleza é fundamental. É preciso Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso (...) 
Ah, deixai-me dizer-vos Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem Com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos, então Nem se fala, que olhem com certa maldade inocente. Uma boca Fresca (nunca úmida!) é também de extrema pertinência. É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos Despontem, sobretudo a rótula no cruzar as pernas, e as pontas pélvicas No enlaçar de uma cintura semovente. Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteiras É como um rio sem pontes. Indispensável
Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida A mulher se alteia em cálice, e que seus seios Sejam uma expressão greco-romana, mais que gótica ou barroca E possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de cinco velas. (...) Os membros que terminem como hastes, mas bem haja um certo volume de coxas E que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem No entanto sensível à carícia em sentido contrário. É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!) Preferíveis sem dúvida os pescoços longos De forma que a cabeça dê por vezes a impressão De nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre Flores sem mistério. Pés e mãos devem conter elementos góticos Discretos. (...) Os olhos, que sejam de preferência grandes 
Que ela surja, não venha; parta, não vá (...)
A Rosa de Hiroshima 
Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas oh não se esqueçam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroxima A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida. A rosa com cirrose A antirrosa atômica Sem cor sem perfume Sem rosa sem nada.
VINICIUS DE MORAES 
PARA CRIANÇAS 
Vinicius 
de 
Moraes
O CADERNO 
•A arca de Noé 
•São Francisco 
•Natal 
•O girassol 
•O relógio 
•O pinguim 
•O elefantinho 
•A porta 
•O leão 
•O pato 
•A cachorrinha 
•A galinha-d'angola 
•O peru 
•O gato 
•As borboletas 
•O marimbondo 
•As abelhas 
•A foca 
•O mosquito 
•A casa 
Aquarela
Aquarela
Murilo Mendes (1901-1975) foi poeta brasileiro. Fez parte do Segundo Tempo Modernista. Recebeu o premio Graça Aranha com seu primeiro livro "Poemas". Participou do Movimento Antropofágico, revelando-se conhecedor da vanguarda artística europeia. 
Reflexão nº1 
Murilo Mendes 
Ninguém sonha duas vezes o mesmo sonho. Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio. Nem ama duas vezes a mesma mulher. Deus de onde tudo deriva. E a circulação e o movimento infinito. 
Ainda não estamos habituados com o mundo. Nascer é muito comprido.
Jorge Mateus de Lima nasceu no ano de 1895, em União dos Palmares (AL). Fez o ginásio e o ensino médio em Maceió. Logo após, com apenas 15 anos, matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia, na cidade de Salvador, contudo, concluiu o curso no Rio de janeiro no ano de 1914. Neste mesmo ano, estreia na literatura com o livro de características parnasianas “XIV Alexandrinos”. Já formado, exerce a medicina na cidade de Maceió, e também atua em cargos políticos e como professor.
O ACENDEDOR DE LAMPIÕES 
Lá vem o acendedor de lampiões de rua! 
Este mesmo que vem, infatigavelmente, 
Parodiar o Sol e associar-se à lua 
Quando a sobra da noite enegrece o poente. 
Um, dois, três lampiões, acende e continua 
Outros mais a acender imperturbavelmente, 
À medida que a noite, aos poucos, se acentua 
E a palidez da lua apenas se pressente. 
Triste ironia atroz que o senso humano irrita: 
Ele, que doira a noite e ilumina a cidade, 
Talvez não tenha luz na choupana em que habita. 
Tanta gente também nos outros insinua 
Crenças, religiões, amor, felicidade 
Como este acendedor de lampiões de rua!
Unidos pelo mesmo objetivo: revelar ao homem verdades que sejam capazes de transcender tempo e espaço, Jorge de Lima e Murilo Mendes se propõem a escrever um livro a quatro mãos: Tempo e eternidade, cujo lema era “Restaurar a poesia em Cristo”. Essa preocupação com a poesia de cunho espiritual, manifestada pelos dois escritores, está ligada à mudança de rumo ocorrida na vida de ambos. “Trata-se da conversão de Murilo Mendes ao catolicismo, coincidente o reatamento de Jorge de Lima com a religiosidade perdida na infância”.
•Cecília Benevides de Carvalho Meireles foi uma poetisa, pintora, professora e jornalista brasileira. É considerada uma das vozes líricas mais importantes das literaturas de língua portuguesa. 
•Nascimento: 7 de novembro de 1901, Tijuca. 
•Falecimento: 9 de novembro de 1964, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
Suas principais características são sensibilidade forte, intimismo, introspecção, viagem para dentro de si mesma e consciência da transitoriedade das coisas (tempo = personagem principal). Para ela as realidades não são para se filosofar, são inexplicáveis, basta vivê-las. Intimismo, lirismo, misticismo e universalidade são as principais características da obra de Cecília Meireles.
Principais características 
 sensibilidade forte; 
 intimismo; 
 introspecção, viagem para dentro de si mesma. 
 lirismo; 
 musicalidade (uma das características do Simbolismo); sua poesia é intimista e reflexiva (com um tom filosófico); 
profunda sensibilidade feminina; 
em suas obras ela aborda temas como vida, amor e tempo.
Retrato Eu não tinha este rosto de hoje, Assim calmo, assim triste, assim magro, Nem estes olhos tão vazios, Nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, Tão paradas e frias e mortas; Eu não tinha este coração Que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, Tão simples, tão certa, tão fácil: - Em que espelho ficou perdida A minha face?
Motivo Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta. Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento. Atravesso noites e dias no vento. Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, - não sei, não sei. Não sei se fico ou passo. Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada. E um dia sei que estarei mudo: - mais nada.
Mario Quintana 
Poeminha do Contra 
Todos esses que aí estão Atravancando meu caminho, Eles passarão… Eu passarinho!
Relógio 
O mais feroz dos animais domésticos 
é o relógio de parede: 
conheço um que já devorou 
três gerações da minha família. 
Tic-tac Esse tic-tac dos relógios é a máquina de costura do Tempo a fabricar mortalhas.
BILHETE 
Se tu me amas, ama-me baixinho 
Não o grites de cima dos telhados 
Deixa em paz os passarinhos 
Deixa em paz a mim! 
Se me queres, 
enfim, 
tem de ser bem devagarinho, Amada, 
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda... 
DA DISCRIÇÃO Não te abras com teu amigo Que ele um outro amigo tem. E o amigo do teu amigo Possui amigos também...

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

Pré-Modernismo
Pré-ModernismoPré-Modernismo
Pré-Modernismo
CrisBiagio
 
A Geração De 30 (Verso) - Prof. Kelly Mendes - Literatura
A Geração De 30 (Verso) - Prof. Kelly Mendes - LiteraturaA Geração De 30 (Verso) - Prof. Kelly Mendes - Literatura
A Geração De 30 (Verso) - Prof. Kelly Mendes - Literatura
Hadassa Castro
 
Olhos d'água autora-resumo-análise
Olhos d'água   autora-resumo-análiseOlhos d'água   autora-resumo-análise
Olhos d'água autora-resumo-análise
Josi Motta
 

Was ist angesagt? (20)

3ª fase do modernismo - Clarice Lispector
3ª fase do modernismo - Clarice Lispector3ª fase do modernismo - Clarice Lispector
3ª fase do modernismo - Clarice Lispector
 
Pré-Modernismo
Pré-ModernismoPré-Modernismo
Pré-Modernismo
 
Ultrarromantismo
UltrarromantismoUltrarromantismo
Ultrarromantismo
 
Modernismo no Brasil
Modernismo no BrasilModernismo no Brasil
Modernismo no Brasil
 
A Geração De 30 (Verso) - Prof. Kelly Mendes - Literatura
A Geração De 30 (Verso) - Prof. Kelly Mendes - LiteraturaA Geração De 30 (Verso) - Prof. Kelly Mendes - Literatura
A Geração De 30 (Verso) - Prof. Kelly Mendes - Literatura
 
Poesia e modernismo
Poesia e modernismoPoesia e modernismo
Poesia e modernismo
 
Álvares de Azevedo
Álvares de AzevedoÁlvares de Azevedo
Álvares de Azevedo
 
Toda a Literatura
Toda a LiteraturaToda a Literatura
Toda a Literatura
 
Modernismo segunda fase
Modernismo segunda faseModernismo segunda fase
Modernismo segunda fase
 
Simbolismo
SimbolismoSimbolismo
Simbolismo
 
José de Alencar
José de AlencarJosé de Alencar
José de Alencar
 
Romantismo contexto historico caracteristicas
Romantismo contexto historico caracteristicasRomantismo contexto historico caracteristicas
Romantismo contexto historico caracteristicas
 
Poesia 2ª fase modernista
Poesia 2ª fase modernistaPoesia 2ª fase modernista
Poesia 2ª fase modernista
 
Literatura de autoria feminina
Literatura de autoria feminina Literatura de autoria feminina
Literatura de autoria feminina
 
A geração de 45
A geração de 45A geração de 45
A geração de 45
 
A Segunda Geração modernista brasileira: Poesia
A Segunda Geração modernista brasileira: PoesiaA Segunda Geração modernista brasileira: Poesia
A Segunda Geração modernista brasileira: Poesia
 
Simbolismo
SimbolismoSimbolismo
Simbolismo
 
Olhos d'água autora-resumo-análise
Olhos d'água   autora-resumo-análiseOlhos d'água   autora-resumo-análise
Olhos d'água autora-resumo-análise
 
Modernismo 2 fase (geração de 30)
Modernismo 2 fase (geração de 30)Modernismo 2 fase (geração de 30)
Modernismo 2 fase (geração de 30)
 
Gênero lírico
Gênero líricoGênero lírico
Gênero lírico
 

Andere mochten auch

Venha ver o por do sol
Venha ver o por do solVenha ver o por do sol
Venha ver o por do sol
Cicero Luciano
 

Andere mochten auch (20)

Enquanto Deus não está olhando
Enquanto Deus não está olhandoEnquanto Deus não está olhando
Enquanto Deus não está olhando
 
Especial água viva
Especial água vivaEspecial água viva
Especial água viva
 
Semana de arte moderna
Semana de arte modernaSemana de arte moderna
Semana de arte moderna
 
Especial Clarice Lispector
Especial Clarice LispectorEspecial Clarice Lispector
Especial Clarice Lispector
 
Língua portuguesa leitura concurso ufca
Língua portuguesa   leitura concurso ufcaLíngua portuguesa   leitura concurso ufca
Língua portuguesa leitura concurso ufca
 
Outros cantos
Outros cantosOutros cantos
Outros cantos
 
São Bernardo
São BernardoSão Bernardo
São Bernardo
 
Os bruzundangas
Os bruzundangasOs bruzundangas
Os bruzundangas
 
Adélia Prado
Adélia PradoAdélia Prado
Adélia Prado
 
Interpretação de texto
Interpretação de textoInterpretação de texto
Interpretação de texto
 
O Romantismo no Brasil II
O Romantismo no Brasil IIO Romantismo no Brasil II
O Romantismo no Brasil II
 
Competência leitura (Interpretação de texto)
Competência leitura (Interpretação de texto)Competência leitura (Interpretação de texto)
Competência leitura (Interpretação de texto)
 
Guiadoparticipanteredacao enem2012
Guiadoparticipanteredacao enem2012Guiadoparticipanteredacao enem2012
Guiadoparticipanteredacao enem2012
 
O Ateneu especial
O Ateneu especialO Ateneu especial
O Ateneu especial
 
Texto dissertativo argumentativo
Texto dissertativo argumentativoTexto dissertativo argumentativo
Texto dissertativo argumentativo
 
Segundo momento modernista prosa
Segundo momento modernista  prosaSegundo momento modernista  prosa
Segundo momento modernista prosa
 
Td para estudo em grupo concurso ufca
Td para estudo em grupo   concurso ufcaTd para estudo em grupo   concurso ufca
Td para estudo em grupo concurso ufca
 
Venha ver o por do sol
Venha ver o por do solVenha ver o por do sol
Venha ver o por do sol
 
São bernardo especial
São bernardo especialSão bernardo especial
São bernardo especial
 
Vanguarda europeia
Vanguarda europeiaVanguarda europeia
Vanguarda europeia
 

Ähnlich wie 2º momento modernista poema

Carlos drummond de andrade próprio
Carlos drummond de andrade   próprioCarlos drummond de andrade   próprio
Carlos drummond de andrade próprio
William Ferraz
 
Carlos drummond de andrade próprio
Carlos drummond de andrade   próprioCarlos drummond de andrade   próprio
Carlos drummond de andrade próprio
William Ferraz
 
3°ano c fernanda paula!
3°ano c fernanda paula!3°ano c fernanda paula!
3°ano c fernanda paula!
wandelvarela
 
Vilmario,Douglas,Messias,Leones,Leanne e Ismael
Vilmario,Douglas,Messias,Leones,Leanne e IsmaelVilmario,Douglas,Messias,Leones,Leanne e Ismael
Vilmario,Douglas,Messias,Leones,Leanne e Ismael
padrecoriolano
 
Modernismo poesia - 2.a fase - Ose
Modernismo   poesia - 2.a fase - OseModernismo   poesia - 2.a fase - Ose
Modernismo poesia - 2.a fase - Ose
André Damázio
 
Modernismo brasileiro apresentação final
Modernismo brasileiro apresentação finalModernismo brasileiro apresentação final
Modernismo brasileiro apresentação final
Pedro Guilherme
 

Ähnlich wie 2º momento modernista poema (20)

Geração de 30
Geração de 30Geração de 30
Geração de 30
 
Carlos drummond de andrade próprio
Carlos drummond de andrade   próprioCarlos drummond de andrade   próprio
Carlos drummond de andrade próprio
 
Carlos drummond de andrade próprio
Carlos drummond de andrade   próprioCarlos drummond de andrade   próprio
Carlos drummond de andrade próprio
 
Keilla
KeillaKeilla
Keilla
 
Keilla
KeillaKeilla
Keilla
 
Fernanda Paula
Fernanda PaulaFernanda Paula
Fernanda Paula
 
3°ano c fernanda paula!
3°ano c fernanda paula!3°ano c fernanda paula!
3°ano c fernanda paula!
 
Vinícius de moraes trabalho
Vinícius de moraes trabalhoVinícius de moraes trabalho
Vinícius de moraes trabalho
 
Aula - A poesia brasileira de 1930 a 1945.pptx
Aula - A poesia brasileira de 1930 a 1945.pptxAula - A poesia brasileira de 1930 a 1945.pptx
Aula - A poesia brasileira de 1930 a 1945.pptx
 
Modernismo 2a. geração
Modernismo   2a. geraçãoModernismo   2a. geração
Modernismo 2a. geração
 
Vilmario,Douglas,Messias,Leones,Leanne e Ismael
Vilmario,Douglas,Messias,Leones,Leanne e IsmaelVilmario,Douglas,Messias,Leones,Leanne e Ismael
Vilmario,Douglas,Messias,Leones,Leanne e Ismael
 
Modernismo poesia - 2.a fase - Ose
Modernismo   poesia - 2.a fase - OseModernismo   poesia - 2.a fase - Ose
Modernismo poesia - 2.a fase - Ose
 
Slide cafeliterario viniciusdemorais
Slide cafeliterario viniciusdemoraisSlide cafeliterario viniciusdemorais
Slide cafeliterario viniciusdemorais
 
Segunda geração do modernismo
Segunda geração do modernismoSegunda geração do modernismo
Segunda geração do modernismo
 
Carlos drummond de andrade
Carlos drummond de andradeCarlos drummond de andrade
Carlos drummond de andrade
 
Miguel torga
Miguel torgaMiguel torga
Miguel torga
 
Antologia poética
Antologia poéticaAntologia poética
Antologia poética
 
Modernismo brasileiro apresentação final
Modernismo brasileiro apresentação finalModernismo brasileiro apresentação final
Modernismo brasileiro apresentação final
 
Modernismo 2ª fase (Poesia)
Modernismo  2ª fase (Poesia)Modernismo  2ª fase (Poesia)
Modernismo 2ª fase (Poesia)
 
Modernismo no Brasil.pptx
Modernismo no Brasil.pptxModernismo no Brasil.pptx
Modernismo no Brasil.pptx
 

Mehr von Cicero Luciano (8)

Lei nº 3713 09 de agosto de 2010
Lei nº 3713 09 de agosto de 2010Lei nº 3713 09 de agosto de 2010
Lei nº 3713 09 de agosto de 2010
 
PCCR
PCCRPCCR
PCCR
 
Mensagem nº 29 de 22 de maio de 2013
Mensagem nº 29 de 22 de maio de 2013Mensagem nº 29 de 22 de maio de 2013
Mensagem nº 29 de 22 de maio de 2013
 
Projeto de lei complementar que dispoem sobre o empregado domestico
Projeto de lei complementar que dispoem sobre o empregado domesticoProjeto de lei complementar que dispoem sobre o empregado domestico
Projeto de lei complementar que dispoem sobre o empregado domestico
 
Certificado 05 31ª corrida padre cicero
Certificado 05   31ª corrida padre ciceroCertificado 05   31ª corrida padre cicero
Certificado 05 31ª corrida padre cicero
 
Calendário letivo 2013
Calendário letivo 2013Calendário letivo 2013
Calendário letivo 2013
 
Calendário letivo 2013
Calendário letivo 2013Calendário letivo 2013
Calendário letivo 2013
 
Registro de bens móveis e utensílios em posse da eef dona odorina castelo bra...
Registro de bens móveis e utensílios em posse da eef dona odorina castelo bra...Registro de bens móveis e utensílios em posse da eef dona odorina castelo bra...
Registro de bens móveis e utensílios em posse da eef dona odorina castelo bra...
 

Kürzlich hochgeladen

PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
HELENO FAVACHO
 
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptxAula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
andrenespoli3
 
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
tatianehilda
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
TailsonSantos1
 

Kürzlich hochgeladen (20)

O PLANETA TERRA E SEU SATÉLITE NATURAL - LUA
O PLANETA TERRA E SEU SATÉLITE NATURAL - LUAO PLANETA TERRA E SEU SATÉLITE NATURAL - LUA
O PLANETA TERRA E SEU SATÉLITE NATURAL - LUA
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
 
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptxAula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
Aula 03 - Filogenia14+4134684516498481.pptx
 
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
 
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.pptaula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
 
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
 
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medioAraribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
Araribá slides 9ano.pdf para os alunos do medio
 
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfProjeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
 
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIXAula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
 
Produção de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptx
Produção de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptxProdução de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptx
Produção de Texto - 5º ano - CRÔNICA.pptx
 
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVAEDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA
 
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdfPROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
 
Aula de jornada de trabalho - reforma.ppt
Aula de jornada de trabalho - reforma.pptAula de jornada de trabalho - reforma.ppt
Aula de jornada de trabalho - reforma.ppt
 
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º anoCamadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
 
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptxCartão de crédito e fatura do cartão.pptx
Cartão de crédito e fatura do cartão.pptx
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
 

2º momento modernista poema

  • 1. 2º MOMENTO MODERNISTA Poema e prosa De 1930 a 1945
  • 2. POESIA de 30 O artista passa a se questionar como indivíduo e como artista em sua “tentativa de explorar e de interpretar o mundo”
  • 3. COMPONENTE CURRICULAR: Língua Portuguesa, 3ª Ano - Tópico: A Literatura Modernista de 30: poesia Em 1930, o mundo passou por uma crise que afetou o Brasil de maneira significativa. Nessa época ocorreu 1- o fim das oligarquias ligadas ao café e da “República Velha”; 2-aconteceu a eleição que elegeu Júlio Prestes; 3-estourou a “Revolução de 30”, que pôs Getúlio Vargas no poder; 4-Em 1932, ocorreu a Revolução Constitucionalista; 5-Em 1937, Getúlio Vargas iniciou sua ditadura, conhecida como Estado Novo. MOMENTO HISTÓRICO
  • 4. A POESIA CRONOLOGIA Duração – 1930 a 1945. Primeira obra – Alguma Poesia. Primeiro autor – Carlos Drummond de Andrade. CARACTERÍSTICAS a) Amadurecimento e solidificação da poesia modernista. b) Mistura do verso livre com formas tradicionais de compor poemas. c) Mistura da temática cotidiana com temática histórico-social.
  • 5.
  • 6. Nascimento e morte – Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro (MG), em 31 de outubro de 1902. Morreu no Rio de Janeiro, em 17 de agosto de 1987. Vocação – Deseja o pai de Drummond, o fazendeiro Carlos de Paula Andrade, que os filhos se interessem pela vida do campo. O menino Carlos não se sente atraído por essa perspectiva, manifestando inclinação pelas letras desde cedo. Herança do colégio – Em 1920, foi expulso do Colégio Anchieta, em Nova Friburgo, por “insubordinação mental”. Farmácia – Cursa Farmácia em 1920. Amizades – Em 1924, envia carta a Manuel Bandeira, manifestando sua admiração pelo poeta. É também neste ano que conhece Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral. Casamento – Em 1925, Drummond casou-se com Dolores Dutra de Morais. No meio do caminho – Em 1928, publica, na revista Antropofagia, de São Paulo, o poema No meio do caminho, que se torna um verdadeiro escândalo literário.
  • 7. A carreira poética de Drummond pode ser dividida em 4 fases: A 1ª fase (a fase gauche): tem como características o pessimismo, o isolamento, o individualismo e a reflexão existencial. Nota-se nesta fase um desencanto em relação ao mundo. ironia, o humor e a linguagem coloquial estão presentes. Obras “Alguma Poesia” (1930); “Brejo das Almas” (1934). A 2ª fase, chamada fase social: é marcada pela vontade do poeta de participar e tentar transformar o mundo, o pessimismo e o isolamento da 1ª fase é posto de lado. O poeta se solidariza com os problemas do mundo. Obras “Sentimento do mundo” (1940); “José” (1942); “Rosa do Povo” (1945). A 3ª fase pode ser dividida em 2 momentos: poesia filosófica e poesia nominal. Poesia Filosófica: textos que refletem sobre vários temas de preocupação universal como a vida e a morte. Obras “Fazendeiro do ar” (1955); “Vida passada a limpo” (1959) Poesia Nominal: repletas de neologismos e aliterações. Obra “Lição de coisas” (1962). A fase final (o tempo das memórias) Como o próprio nome já diz, as obras desta fase (década de 70 e 80), são cheias de recordações do poeta. Os temas infância e família são retomados e aprofundados além dos temas universais já discutidos anteriormente. Obras “Boitempo”; “Boitempo III”; “As impurezas do branco”; “Amor Amores”
  • 9. Poema de Sete Faces Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. As casas espiam os homens que correm atrás de mulheres. A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos. O bonde passa cheio de pernas: pernas brancas pretas amarelas. Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. Porém meus olhos não perguntam nada. O homem atrás do bigode é sério, simples e forte. Quase não conversa. Tem poucos, raros amigos o homem atrás dos óculos e do bigode. Meu Deus, por que me abandonaste se sabias que eu não era Deus se sabias que eu era fraco. Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução. Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração. Eu não devia te dizer mas essa lua mas esse conhaque botam a gente comovido como o diabo
  • 10. No Meio do Caminho No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho Tinha uma pedra No meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento Na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho Tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra.
  • 11. Para Sempre Por que Deus permite que as mães vão-se embora? Mãe não tem limite, é tempo sem hora, luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba, veludo escondido na pele enrugada, água pura, ar puro, puro pensamento. Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio. Mãe, na sua graça, é eternidade. Por que Deus se lembra – mistério profundo – de tirá-la um dia? Fosse eu Rei do Mundo, baixava uma lei: Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho.
  • 12. Quadrilha João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para o Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.
  • 13. A noite desceu. Que noite! Já não enxergo meus irmãos. E nem tão pouco os rumores que outrora me perturbavam. A noite desceu. Nas casas, nas ruas onde se combate, nos campos desfalecidos, a noite espalhou o medo e a total incompreensão. A noite caiu. Tremenda, sem esperança... Os suspiros acusam a presença negra que paralisa os guerreiros. E o amor não abre caminho na noite. A noite é mortal, completa, sem reticências, a noite dissolve os homens, diz que é inútil sofrer, a noite dissolve as pátrias, apagou os almirantes cintilantes! nas suas fardas. A noite anoiteceu tudo... O mundo não tem remédio... Os suicidas tinham razão. (...) A NOITE DISSOLVE OS HOMENS (fragmento)
  • 14. Temas mais frequentes na obra de Drummond *O indivíduo *A terra natal *A família *Os amigos *O amor *O choque social *A poesia *A existência
  • 15. Infância (Alguma poesia) Meu pai montava a cavalo, ia para o campo. Minha mãe ficava sentada cosendo. Meu irmão pequeno dormia. Eu sozinho menino entre mangueiras lia a história de Robinson Crusoé Comprida história que não acabava mais. No meio dia branco de luz uma voz que aprendeu a ninar nos longe da senzala - e nunca se esqueceu chamava para o café. Café preto que nem a preta velha café gostoso café bom. Minha mãe ficara em casa cosendo Olhando para mim: - Psiu... Não acorde o menino. Para o berço onde pousou um mosquito. E dava um suspiro... que fundo! Lá longe meu pai campeava no mato sem fim da fazenda. E eu não sabia que a minha história era mais bonita que a de Robinson Crusoé.
  • 16. Cidadezinha qualquer (Alguma poesia) Casas entre bananeiras Mulheres entre laranjeiras pomar amor cantar. Um homem vai devagar. Um cachorro vai devagar. Um burro vai devagar. Devagar... as janelas olham. Eta vida besta, meu Deus.
  • 18. Beatriz Azevedo de Mello Conhecida como Tati, a musa do Soneto de fidelidade (e também da personagem Narizinho, de Monteiro Lobato) casou-se com o poeta por procuração, enquanto ele estudava literatura na Inglaterra. Tiveram dois filhos (Susana e Pedro) nos 11 anos em que estiveram juntos. Ela morreu em 1995, aos 84 anos. » Regina Pederneiras Ainda casado com Tati, Vinicius envolveu-se com Regina, arquivista do Itamaraty, entre 1945 e 1946. Acabou se casando com ela no religioso, mas a esposa oficial perdoou a traição, e Vinicius voltou para Beatriz. » Lila Bôscoli Bisneta da compositora Chiquinha Gonzaga, a moça de 19 anos foi apresentada ao poeta por Rubem Braga. Casaram-se em 1952, viveram juntos por sete anos e geraram Georgiana e Luciana.
  • 19. » Maria Lúcia Proença O relacionamento de cinco anos, iniciado em 1958, teria inspirado a crônica Para viver um grande amor. Lucinha, sobrinha de um amigo de Vinicius, que a conhecera ainda adolescente, pegou a fase bossa- nova do compositor. Ela era casada, e trouxe um filho pequeno da união anterior. » Nelita de Abreu Rocha A moça não tinha completado nem 20 anos quando se juntou ao poeta, em 1963. Mesmo com três décadas de diferença, o casamento durou cinco anos. Nelita mora no Rio e adotou o sobrenome do atual marido, o francês Gerard Leclery. » Christina Gurjão O relacionamento durou menos de um ano, mas gerou a filha caçula do poeta, Maria, e a clássica Pela luz dos olhos teus. Mesmo com a esposa grávida de cinco meses, ele acabou se envolvendo com Gessy.
  • 20. » Gessy Gesse A atriz baiana, casada com Vinicius entre 1969 e 1976, foi responsável por levá-lo para viver em Salvador, o que alterou tanto o estilo de vida do poeta quanto sua produção musical. » Marta Rodriguez Santamaria A argentina era 40 anos mais jovem que Vinicius. O relacionamento de três anos, iniciado em 1975, foi marcado pelas várias viagens do poeta com Toquinho pelo mundo. » Gilda Mattoso A viúva de Vinicius, 40 anos a menos que ele, foi apaixonada pelo poeta por quase uma década até engatar o relacionamento. Gilda o acompanhou nos dois últimos anos de vida.
  • 21. Soneto de Fidelidade De tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure.
  • 22. Soneto de separação De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente. Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente.
  • 23. Receita de Mulher ( fragmento) As muito feias que me perdoem Mas beleza é fundamental. É preciso Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso (...) Ah, deixai-me dizer-vos Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem Com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos, então Nem se fala, que olhem com certa maldade inocente. Uma boca Fresca (nunca úmida!) é também de extrema pertinência. É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos Despontem, sobretudo a rótula no cruzar as pernas, e as pontas pélvicas No enlaçar de uma cintura semovente. Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteiras É como um rio sem pontes. Indispensável
  • 24. Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida A mulher se alteia em cálice, e que seus seios Sejam uma expressão greco-romana, mais que gótica ou barroca E possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de cinco velas. (...) Os membros que terminem como hastes, mas bem haja um certo volume de coxas E que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem No entanto sensível à carícia em sentido contrário. É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio Apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!) Preferíveis sem dúvida os pescoços longos De forma que a cabeça dê por vezes a impressão De nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre Flores sem mistério. Pés e mãos devem conter elementos góticos Discretos. (...) Os olhos, que sejam de preferência grandes Que ela surja, não venha; parta, não vá (...)
  • 25. A Rosa de Hiroshima Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas oh não se esqueçam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroxima A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida. A rosa com cirrose A antirrosa atômica Sem cor sem perfume Sem rosa sem nada.
  • 26. VINICIUS DE MORAES PARA CRIANÇAS Vinicius de Moraes
  • 27. O CADERNO •A arca de Noé •São Francisco •Natal •O girassol •O relógio •O pinguim •O elefantinho •A porta •O leão •O pato •A cachorrinha •A galinha-d'angola •O peru •O gato •As borboletas •O marimbondo •As abelhas •A foca •O mosquito •A casa Aquarela
  • 29.
  • 30. Murilo Mendes (1901-1975) foi poeta brasileiro. Fez parte do Segundo Tempo Modernista. Recebeu o premio Graça Aranha com seu primeiro livro "Poemas". Participou do Movimento Antropofágico, revelando-se conhecedor da vanguarda artística europeia. Reflexão nº1 Murilo Mendes Ninguém sonha duas vezes o mesmo sonho. Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio. Nem ama duas vezes a mesma mulher. Deus de onde tudo deriva. E a circulação e o movimento infinito. Ainda não estamos habituados com o mundo. Nascer é muito comprido.
  • 31. Jorge Mateus de Lima nasceu no ano de 1895, em União dos Palmares (AL). Fez o ginásio e o ensino médio em Maceió. Logo após, com apenas 15 anos, matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia, na cidade de Salvador, contudo, concluiu o curso no Rio de janeiro no ano de 1914. Neste mesmo ano, estreia na literatura com o livro de características parnasianas “XIV Alexandrinos”. Já formado, exerce a medicina na cidade de Maceió, e também atua em cargos políticos e como professor.
  • 32. O ACENDEDOR DE LAMPIÕES Lá vem o acendedor de lampiões de rua! Este mesmo que vem, infatigavelmente, Parodiar o Sol e associar-se à lua Quando a sobra da noite enegrece o poente. Um, dois, três lampiões, acende e continua Outros mais a acender imperturbavelmente, À medida que a noite, aos poucos, se acentua E a palidez da lua apenas se pressente. Triste ironia atroz que o senso humano irrita: Ele, que doira a noite e ilumina a cidade, Talvez não tenha luz na choupana em que habita. Tanta gente também nos outros insinua Crenças, religiões, amor, felicidade Como este acendedor de lampiões de rua!
  • 33. Unidos pelo mesmo objetivo: revelar ao homem verdades que sejam capazes de transcender tempo e espaço, Jorge de Lima e Murilo Mendes se propõem a escrever um livro a quatro mãos: Tempo e eternidade, cujo lema era “Restaurar a poesia em Cristo”. Essa preocupação com a poesia de cunho espiritual, manifestada pelos dois escritores, está ligada à mudança de rumo ocorrida na vida de ambos. “Trata-se da conversão de Murilo Mendes ao catolicismo, coincidente o reatamento de Jorge de Lima com a religiosidade perdida na infância”.
  • 34. •Cecília Benevides de Carvalho Meireles foi uma poetisa, pintora, professora e jornalista brasileira. É considerada uma das vozes líricas mais importantes das literaturas de língua portuguesa. •Nascimento: 7 de novembro de 1901, Tijuca. •Falecimento: 9 de novembro de 1964, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
  • 35. Suas principais características são sensibilidade forte, intimismo, introspecção, viagem para dentro de si mesma e consciência da transitoriedade das coisas (tempo = personagem principal). Para ela as realidades não são para se filosofar, são inexplicáveis, basta vivê-las. Intimismo, lirismo, misticismo e universalidade são as principais características da obra de Cecília Meireles.
  • 36. Principais características  sensibilidade forte;  intimismo;  introspecção, viagem para dentro de si mesma.  lirismo;  musicalidade (uma das características do Simbolismo); sua poesia é intimista e reflexiva (com um tom filosófico); profunda sensibilidade feminina; em suas obras ela aborda temas como vida, amor e tempo.
  • 37. Retrato Eu não tinha este rosto de hoje, Assim calmo, assim triste, assim magro, Nem estes olhos tão vazios, Nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, Tão paradas e frias e mortas; Eu não tinha este coração Que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, Tão simples, tão certa, tão fácil: - Em que espelho ficou perdida A minha face?
  • 38. Motivo Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta. Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento. Atravesso noites e dias no vento. Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, - não sei, não sei. Não sei se fico ou passo. Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada. E um dia sei que estarei mudo: - mais nada.
  • 39. Mario Quintana Poeminha do Contra Todos esses que aí estão Atravancando meu caminho, Eles passarão… Eu passarinho!
  • 40. Relógio O mais feroz dos animais domésticos é o relógio de parede: conheço um que já devorou três gerações da minha família. Tic-tac Esse tic-tac dos relógios é a máquina de costura do Tempo a fabricar mortalhas.
  • 41. BILHETE Se tu me amas, ama-me baixinho Não o grites de cima dos telhados Deixa em paz os passarinhos Deixa em paz a mim! Se me queres, enfim, tem de ser bem devagarinho, Amada, que a vida é breve, e o amor mais breve ainda... DA DISCRIÇÃO Não te abras com teu amigo Que ele um outro amigo tem. E o amigo do teu amigo Possui amigos também...