O documento aborda a relação entre globalização, meio ambiente e saúde, com foco nas doenças negligenciadas como a tuberculose. Apresenta como a globalização impacta a saúde de forma desigual e discute os aspectos biológicos, sociais e econômicos envolvidos. Também analisa como problemas ambientais afetam a saúde e descreve doenças como a tuberculose, dengue, malária e suas condições socioambientais.
1. Globalização, Meio Ambiente e Saúde
Christopher Côrtes, Cristiane Leal, Fernanda Nunes, Ingredy Piton,
João Pedro Assunção, Juliana Matos, Michelle Vilas Boas e Walber Reis
Universidade Federal da Bahia
Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Prof. Milton Santos
HACA40 – Campo da Saúde: Saberes e Práticas
Salvador/BA
2017
2. Apresentação
• O presente trabalho aborda o tema Globalização, Meio
Ambiente e Saúde, tendo como eixo central as doenças
negligenciadas, com enfoque na tuberculose (TB);
• Abordaremos os aspectos biológicos, sociais, econômicos e
culturais que envolvem a saúde e o meio ambiente,
tangenciando-os às interferências do processo de globalização.
3. Globalização e Saúde
• O processo de globalização trouxe consigo um conjunto de
transformações;
• Mundo interligado;
• Globalização nem sempre é sinônimo de desenvolvimento;
• Nem todos tem acesso aos benefícios da globalização.
4. Globalização e Saúde
• A globalização não atinge todos de igual maneira;
• Está longe de ser global;
• Saúde, um fator importante para o crescimento econômico e o
desenvolvimento social;
• Impactos sociais, culturais e econômicos resultantes da
globalização podem redundar em riscos à saúde
5. • Não há uma definição única para o termo Saúde Global;
• Princípios da Saúde Global: disponibilidade de um acesso digno,
solidário, equitativo e justo para todos;
• Intervenções e acordos em saúde devem assumir diversos
caracteres.
Saúde Global
6. Saúde Global
“A Saúde Global envolve o conhecimento, o ensino, a prática e a
pesquisa de questões e problemas de saúde supraterritoriais que
extrapolam as fronteiras geográficas nacionais; seus
determinantes sociais e ambientais podem ter origem em
quaisquer lugares. ”
(FORTES E RIBEIRO, 2014)
7. • A baixa qualidade da política e da governance de muitos governos
de países em desenvolvimento geralmente acarretam em:
Desperdício de recursos;
Ineficácia e ineficiência das iniciativas de proteção ao ambiente e;
Promoção, prevenção e assistência à saúde.
• Grupo social que mais sofre com isso: pessoas de baixa renda.
Saúde Global
9. Meio Ambiente e Saúde
• Problemas ambientais são, consequentemente, problemas de saúde;
• Os problemas ambientais afetam o homem em diversas dimensões;
• Conexão meio ambiente e saúde:
Promove: redução das suas influências sobre a saúde da população.
Permite: maiores intervenções para preservação da vida no planeta.
10. Meio Ambiente e Saúde
• Lei 6.938/81, artigo 3º, inciso I:
“Meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga
e rege a vida em todas as suas formas”.
• De forma ampla, não se reduz apenas à natureza propriamente dita;
• Forma complexa, decorrente de uma série de fatores e as suas
interações com os diversos sistemas existentes;
11. Meio Ambiente e Saúde
• Lei nº 8.080/90, artigo 3º:
“Saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre
outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio
ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e
o acesso aos bens e serviços essenciais“;
• A saúde não se restringe apenas a um fator.
12. Meio Ambiente e Saúde
• Século XVIII e século XIX:
Intenso processo de industrialização e urbanização.
Desenvolvimento das práticas sanitárias.
• Oswaldo Cruz no início do século XX:
Epidemias de tuberculose, malária, etc.
Viveiros de vetores.
Precariedade do saneamento.
Morro de Santo Antonio,
Rio de Janeiro, século XX.
13. Meio Ambiente e Saúde
• Causas ambientais → saúde dos
indivíduos;
• Complexidade das interações e a
dimensão das ações necessárias para
melhoria dos problemas ambientais
determinadores de condições de
saúde;
• As políticas públicas e os programas
de intervenção para melhorias no
ambiente são altamente paliativos;
Moradores do bairro de Cajazeiras,
Salvador vivem sem saneamento básico
14. Meio Ambiente e Saúde
• É perceptível o
resultado da interação
entre meio-ambiente
e saúde;
• Falta de
conscientização
acerca dos danos
causados à saúde
decorrentes de
problemas ambientais.
Vista da região do desastre. Subdistrito de Bento Rodrigues.
19. Doença de Chagas
Trypanosoma Cruzi.
Transfusão, oral, vertical e vetorial.
“A doença de Chagas é um exemplo típico de uma injúria orgânica
resultante das alterações produzidas pelo ser humano ao meio ambiente, das
distorções econômicas e das injunções sociais” (VINHAES E DIAS, 2000).
20. Doença de Chagas
Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal,
Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato
Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraíba,
Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio Grande
do Norte, Rio Grande do Sul, Sergipe,
São Paulo e Tocantins;
II. Amazônia Legal:
Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia,
Roraima, Parte do Tocantins,
Maranhão e Mato Grosso.
I. Regiões originalmente de risco para a transmissão vetorial:
21. Malária
• Agente etiológico: protozoário
do gênero Plasmodium;
• Transmissão: inseto Anopheles;
• Aspectos sociais: condições
socioambientais, econômicas e
desmatamento;
• Região mais afetada: Norte.
25. Agente etiológico: Bacilo
Mycobacterium Leprae;
Transmissão: Vias aéreas superiores;
Aspectos sociais: Condições de vida,
impacto psicológico e físico;
Regiões mais afetadas: Norte,
Centro-Oeste e Nordeste.
Hanseníase
26.
27. Febre Amarela
Vírus do gênero
Flavivirus, da família
Flaviviridae
Insetos
hematófagos
Ribeirinhos,
caçadores,
seringueiros,
vaqueiros...
Vacina
antiamarílica
28. Febre amarela
• Períodos endêmicos:
Casos isolados em indivíduos
não vacinados;
Geralmente na região
amazônica.
• Períodos epizoóticos e/ou
epidêmicos:
Casos nas áreas com baixas
coberturas vacinais;
Regiões Centro-Oeste, Sudeste
e Sul do país.
31. Tuberculose: Perfil Histórico
Tuberculose como Excepcionalidade
Sensibilidade romântica
Contraposição á moral vigente
Aspecto aristocrático da doença
Instrumento de desilusão e negação do mundo
Romantismo
32. Tuberculose: Perfil Histórico
“Eu desejo uma doença grave, perigosa,
longa mesma (sic), pois já me cansa essa
monotonia da boa saúde. Mas queria a tísica
com todas as suas peripécias, queria ir
definhando liricamente, soltando sempre os
últimos cantos da vida e depois expirar no
meio de perfumes debaixo do céu azulado da
Itália, ou no meio dessa natureza sublime
que rodeia o Queimado.”
(citado por Montenegro, 12 p.27)
Sandro Botticelli: La Primavera
33. Tuberculose: Perfil Histórico
Eugenia Racial
“Foi só em 1917 que apareceram artigos nos jornais médicos
brasileiros caracterizando raça como uma variante definida na
suscetibilidade à tuberculose. (SHEPPARD, D. de S., 2001)
Darwinismo Social
Faculdade de Medicina do
Rio de Janeiro
Escola Baiana de Medicina
Tropical
38. DATASUS: Notificações por região
2034
5715
10276
2877
1056
21958
0 5000 10000 15000 20000 25000
Região Norte
Região Nordeste
Região Sudeste
Região Sul
Região Centro-Oeste
Total
TUBERCULOSE - Casos confirmados notificados no Sistema de Informação de
Agravos de Notificação - Brasil Casos confirmados por Região de residência Período:
2016
39. Prevalência dos casos de TB por Estado
1,434
249
259
1,313
382
277
964
194
643
0 200 400 600 800 1,000 1,200 1,400 1,600
Bahia
Sergipe
Alagoas
Pernambuco
Paraíba
Rio Grande do Norte
Ceará
Piauí
Maranhão
Bahia Sergipe Alagoas Pernambuco Paraíba
Rio Grande do
Norte
Ceará Piauí Maranhão
Colunas1 1,434 249 259 1,313 382 277 964 194 643
TUBERCULOSE - Casos confirmados notificados no Sistema de
Informação de Agravos de Notificação - Brasil Casos confirmados
na Região Nordeste por residência. Período: 2016
Colunas1
42. Diagnóstico e tratamento
A TB é diagnosticada
através de exames
clínicos e laboratoriais;
Acompanhamento e
diagnóstico preciso por
uma equipe
especializada;
Acompanhamento do
tratamento por uma
equipe de saúde,
geralmente saúde da
família – grande desafio;
Abandono ao tratamento.
45. Impactos sociais
Afastamento do
mercado de trabalho
Processo de
tratamento
Contágio
Medo, vergonha, reclusão, desemprego,
aumento da vulnerabilidade e inferiorização.
46. Medidas de Intervenção do Estado
Para a Tuberculose
• Década de 1990;
• Plano Nacional de Controle da Tuberculose – 1999- MS;
• Outras políticas públicas específicas;
• PNCT – Visava reduzir as taxas de TB.
47. • Atingir as metas mundiais estabelecidas pela Organização
Mundial de Saúde – Objetivo do Milênio;
• 191 países membros da Declaração do Milênio das Nações
Unidas, em 08 de abril de 2000;
• Estratégia Global e Metas para a Prevenção, Atenção e
Controle da Tuberculose Pós-2015, 19 de maio de 2014.
Medidas de Intervenção do Estado
Para a Tuberculose
48. • Reduzir o número de casos para menos de 10 por 100 mil
habitantes e a redução da mortalidade da doença em 95% até o ano
de 2035;
• Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN/MS),
dados colhidos em 2014:
Bahia:
Incidência: 30,7/100 mil habit. Mortlidade: 2,7/100mil habit.
Salvador:
Incidência: 62,7/100mil habit. Mortalidade: 3,6/100mil habit.
Medidas de Intervenção do Estado
Para a Tuberculose
49. Três pilares da Agenda Pós-2015:
• Integração dos cuidados e prevenção centrada no paciente;
• Políticas ousadas e sistemas de informações integrados,
incluindo ações de proteção social aos pacientes e
recomendação de acesso universal à saúde;
• Intensificação das pesquisas e ações de inovação, e a
incorporação de novas tecnologias.
Medidas de Intervenção do Estado
Para a Tuberculose
50. No Brasil, contemplando o terceiro pilar da Agenda Pós-2015;
Rede Brasileira de Pesquisa em Tuberculose (REDE-TB):
Organização não governamental e sem fins lucrativos, criada em
2001, com o objetivo de desenvolver novos medicamentos,
vacinas e tecnologias para o controle da TB;
Auxiliar e complementar o Programa Nacional de Controle da
Tuberculose (PNCT).
Medidas de Intervenção do Estado
Para a Tuberculose
51. Resultados:
Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT):
Principal política de controle da doença no país.
Frente Parlamentar de Luta Contra a Tuberculose, 2012 -
objetivo ampliar o controle da doença por meio do
aperfeiçoamento da legislação referente à saúde, assistência
social e outras políticas vinculadas.
Medidas de Intervenção do Estado
Para a Tuberculose
52. Frente Parlamentar de Tuberculose das Américas, 2016-
iniciativa do deputado baiano Antônio Brito, em parceria
com outros países como México, Honduras, Uruguai,
Nicarágua, Bolívia e Peru, com o objetivo de facilitar a troca
de informações sobre a TB;
Cabe ressaltar o notório conhecimento do Brasil na
identificação e intervenção da TB, entre populações
vulneráveis, bem como na sua recente experiência com
programas de distribuição de renda, como o Bolsa Família, que
contribui para diminuição da pobreza e consequente
diminuição da população vulnerável da doença.
Medidas de Intervenção do Estado
Para a Tuberculose
53. Considerações Finais
• Concluímos que a produção de conhecimento e discussões
sobre as doenças negligenciadas, são de grande importância
para o estabelecimento de intervenções e mudança de
paradigmas;
• A magnitude do impacto é devastador;
• Maior prevalência nas populações em vulnerabilidade;
54. Considerações Finais
• A implementação de medidas para mudança de paradigma são
de caráter intersetorial;
• As Fragilidades do sistema;
• A importância do olhar diferenciado.
57. Referências
• ALBUQUERQUE, M.P.M. Urbanização, favelas e endemias: a produção da filariose no
Recife, Brasil.Rio de Janeiro: Cad. Saúde Públ., 1993. <
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/0902.pdf>. Acesso em 10 mar.
2017.
• ARAÚJO, M.G. Hanseníase no Brasil. Revista da sociedade brasileira de medicina
tropical. Minas Gerais: Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 2003. <
http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v36n3/16339.pdf>. Acesso em 10 de mar. 2017.
• BARBOSA, I. R. et al . Análise da distribuição espacial da tuberculose na região
Nordeste do Brasil, 2005-2010. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília , v. 22, n. 4, p. 687-695,
dez. 2013
• BERTOLLI FILHO, CLAUDIO. História social da tuberculose e do tuberculoso: 1900-
1950 / Social History of Tuberculosis and the Tuberculous - 1900 - 1950. Rio de Janeiro;
FIOCRUZ; 2001. 245 p. (ColeçAo Antropologia & Saúde).
• PORTO, Ângela. Representações sociais da tuberculose: estigma e
preconceito. Rev. Saúde Pública, São Paulo , v. 41, supl. 1, p. 43-49,
Sept. 2007.