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Outubro de 2011 – no
12
InformativodoProgramaSaúdeeDireitos/KOINONIA–PresençaEcumênicaeServiço
Fique sabendo: o papel das Instituições Religiosas
Esse ditado reflete a sabedoria milenar popular do povo africano e é muito provável que
tenha se originado nas regiões daquele continente onde predominavam as sociedades
rurais. É possível supor que seja a síntese das experiências vividas pelas pessoas quan-
do atacadas por animais selvagens ou por inimigos humanos e tinham que fazer uso de
todas as suas energias, criatividade e sagacidade para proteger as suas vidas e também
as da sua comunidade.
Esse dito popular africano nos faz lembrar da luta que a sociedade trava para superar o
HIV/Aids e, especialmente, do papel das instituições religiosas.
Desde a sua primeira identificação, nos inícios da década de 1980, o HIV/Aids adquiriu
uma velocidade própria e tem se alastrado rapidamente por todos os países e todos os
setores da sociedade.
No Brasil, não tem sido diferente. O que no início era visto apenas como uma síndrome
de imunodeficiência, rapidamente se transformou numa pandemia e hoje o HIV/Aids está
presente em todas as regiões do nosso país e em todas as classes sociais, mas, princi-
palmente, entre setores vulneráveis devido a fatores econômicos, sociais ou culturais.
Isso mostra que não estamos fazendo uso da velocidade suficiente para nos colocarmos
à frente do HIV.
É verdade que já tivemos grandes avanços com os sucessos relativos alcançados pelos
programas governamentais e pela mobilização de organizações da sociedade civil – in-
cluindo organizações religiosas – em termos de educação, prevenção e acesso universal ao
tratamento.Essesesforços,aliadosaosurgimentodenovosmedicamentos,têmcontribuído
sobremaneira para melhorar a qualidade de vida de pessoas soropositivas e/ou com Aids
ao proporcionar-lhes as condições necessárias para levar uma vida normal e produtiva. E
um dos fatores fundamentais para o sucesso do tratamento é o diagnóstico precoce.
O diagnóstico precoce é uma forma de passarmos à frente do HIV, controlar a sua ve-
locidade e bloquear a sua capacidade de se alastrar. E as instituições religiosas podem
desempenhar um papel dos mais relevantes nessa corrida. Elas estão presentes em todas
as regiões do nosso país – inclusive naquelas onde o Estado está ausente ¬– e em todos
os segmentos sociais. Essa capilaridade as torna um instrumento privilegiado na promo-
ção da campanha “Fique Sabendo”, a qual exige somente a disposição para disseminar
a informação e incentivar as pessoas a procurar o posto de saúde local.
AsinstituiçõesreligiosasdemorarammuitopararesponderaosdesafiosdoHIV/Aids.Agora
é a hora de recuperar o tempo, acelerar, aumentar a velocidade das suas ações e contribuir
para que ultrapassemos o HIV. Ele não para. Por isso é necessário correr mais.
“A velocidade com que corremos depende do que nos persegue“. (ditado africano)
Saúde e Direitos 12 outubro de 2011
2
eu vivi!
Acredito ser importante incentivar o
diagnóstico precoce, porque as comu-
nidades são compostas de pessoas
oriundasdeváriasexperiênciasdevida,
e muitas vezes não possuem conheci-
mento de como se adquire o vírus e
comotratá-lo,ouainda,quesepodeter
uma vida basicamente normal mesmo
sendo portador. Também acredito ser
importanteparadesmistificarascrendi-
cesetabusemtornodoassunto,eporquecomaignorância,
o numero de infectados tem crescido na população.
Logo no início da epidemia de AIDS o papel do acolhedor
era extremamente difícil: acolhia-se pacientes com várias e
típicas infecções oportunistas e realizava-se o teste apenas
para se confirmar o óbvio : aquele irmão, era mais uma
pessoa com AIDS, e seu destino
estava traçado. As únicas coisas que
a pessoa esperava que disséssemos
eram as únicas que não poderíamos
dizer:hátratamento,evocêvaiviver.
Claro que estamos falando de uma
epidemia descontrolada que ainda
mata 11.000 brasileiros a cada ano,
mas graças à terapia anti retro viral
e os testes de detecção precoce do
HIV, todos nós podemos dizer: há tratamento, e você vai
viver. E a promoção da vida em sua plena abundância,
vento propulsor da espiritualidade, é o que nos impulsiona
cada vez mais a dizer: há tratamento, e você vai viver, a
cada pessoa que acolhemos.
É na fé que nos pegamos quando estamos em grandes
sufocos. Sabemos que a AIDS é uma doença silenciosa e
que mata. Podemos tratá-la e aumentar o nosso ciclo de
vida. Para poder tratá-la, temos que saber da existência
dela em nosso corpo e, por isso, acredito na importância
do“incentivo ao diagnóstico precoce do HIV/AIDS”.
Nas comunidades religiosas - ou simplesmente comunida-
des de fé - seja quais forem seus princípios, seus membros
se identificam pelo amor em Cristo ou em seus deuses.
Desta forma, é uma prova de amor o ato de incentivar e
acolher as pessoas na prevenção do HIV/Aids. Colocar-se
como espaço de pertencimento e doação fraterna é um
compromisso que deve nortear as comunidades de fé.
Incentivar o diagnóstico precoce do HIV/Aids é transportar
o evangelho e as crenças das comunidades de fé para a
realidade de seus membros. Enquanto membro da comu-
nidadeAnglicana,vivendocomHIV/Aids,foiextremamente
importante o acolhimento e o amor fraterno para seguir
vivendo e testemunhando a vida na comunidade.
Acredito ser importante toda e qual-
quer iniciativa de prevenção e de
diagnóstico precoce do HIV/AIDS
visto que o tratamento e a qualidade
de vida estão intimamente ligados a
essas atitudes. Porém, em espaços
onde o preconceito prevalece, o diá-
logo é represado junto com a busca
por tratamento e investigação clíni-
ca precoces. Se nas comunidades
religiosas, lugar de comunhão e partilha da vida, ainda
prevalecer o preconceito e o tabu,
líderes e fiéis padecerão de angustia
e solidão, antes mesmo do que do
sofrimento causado pela doença.
O Deus da Vida quer vida plena,
respeito, solidariedade e carinho,
dentro e fora da igreja..
Doris Bertolino
Igreja Evangélica Assembléia de Deus
Cláudio Monteiro
Igreja Católica Apostólica Romana
Babalorixa Eduardo Gomes T’Osumare
IIe Omi Asé Afojidan, Candomblé
Ideraldo Beltrame
Igreja Episcopal Anglicana do Brasil
Tais Moretti
Igreja Católica Apostólica Romana
Saúde e Direitos 12 outubro de 2011
3
Seu nome era Rita, descobriu tardiamente a doença. Assisti ela morrer aos poucos
numa época sem coquetéis e sem grandes preocupações de prevenção por parte
da igreja que frequentávamos. Foi quando percebi que um sistema de sentido
comoareligiãotinhapotencialparalegitimarestruturasinjustasouquestioná-lasa
serviço da vida, o que me levou a fazer uma pesquisa e apresentar um seminário
nadisciplinadesociologiaqueeraoferecidanocolegialdeminhaépoca.Comecei
a entender que AIDS, além de ser uma terrível doença física, ia além do âmbito
da biologia, era uma enfermidade de todo o corpo social e que em um mundo
no qual como disse a antropóloga Mary Douglas, há uma interação simbólica
entre corpo e sociedade, a educação para o cuidado e superação do preconceito
deveria estar na agenda de minha comunidade. Saudades da Rita...
“Miserável homem que eu sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta
morte?” (Rom 7.24). Nosso povo tem perdido de vista que a epidemia da
AIDS já está nos bancos das nossas comunidades há muito tempo. Inúmeras
pessoas que passando por suas comunidades religiosas não encontram espaço
para conversarem sobre suas angustias, sonhos dificuldades e vida atual. A
importância do diagnostico precoce do HIV/AIDS é fazer com que as pessoas
se conscientizem de suas escolhas e que essas podem colocar em risco seus
parceiros. O fato de conhecermos nossas sorologias nos faz agentes de nossa
historia, ou seja, nos liberta da nossa morte ignorância.
eu vivi!
A importância em incentivarmos o diagnóstico precoce do HIV/AIDS em nossas
comunidades passou a ser de extrema necessidade visto o vasto campo em que
trabalhamos e o grande número de informações que podemos fornecer na preven-
ção e ações preventivas e de solidariedade para todos que vivem e convivem com
a AIDS. O número de pessoas que podemos orientar, diagnosticar e aconselhar
porque participamos ativamente junto ao Sagrado, dá a nós líderes religiosos,
credibilidade e confiabilidade para atuarmos juntos na luta contra este mal. Tra-
balhamos com grande número de pessoas ligadas direta e indiretamente com a
AIDS. A todos podemos falar de uma qualidade de vida e de esperanças de uma
vida melhor com cuidados e informações que obtivemos. Como por exemplo, os
subsídios que KOINONIA, com coragem, entusiasmo e experiências, nos prepa-
rou para o atendimento e o acolhimento destas pessoas, superando o sofrimento
causado pelo preconceito da sociedade..
Rev. Luciano José de Lima
Igreja Metodista do Brasil
Rev. Wanderley Kirilov
Igreja Presbiteriana Independente do Brasil
Rev. André Renato Navarro
Igreja Presbiteriana do Brasil
Saúde e Direitos 12 outubro de 2011
4
Boletim produzido pelo Programa Saúde e Direitos de KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço. Esta publicação divulga informações sobre
saúde reprodutiva, educação sexual e direitos para diversas comunidades, em especial comunidades religiosas. Esta disponível também no site de
KOINONIA – http://www.koinonia.org.br
KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço
Praça Olavo Bilac, 63 – Santa Cecília – São Paulo
Tel (11) 3667-9570
www.koinonia.org.br
E-mail do programa: saudedireitos@koinonia.org.br
Diretor Executivo de Koinonia: Rafael Soares de Oliveira
Coordenadora do Programa Saúde e Direitos: Ester L. Lisboa
Assistente do Programa Saúde e Direitos: Daniel Souza
Revisora: Carolina Maciel
Programação visual: Renata Neris - MTb 30.139/RJ
A construção de parcerias
para o trabalho com HIV/AIDS
A Christian Aid - agência oficial de
40 igrejas protestantes e ortodoxas da
Grã Bretanha e República da Irlanda,
que trabalha em cerca de 50 países na
América Latina e Caribe, Ásia e África
- acredita que o trabalho com HIV/AIDS
não é exclusivo de um país ou região.
Portanto, a construção de parcerias se
inscrevenaperspectivaampladepensar
e concretizar intercâmbios que façam
realidade a construção de pontes entre
experiências distintas. Para isso, as arti-
culações Sul-Sul são fundamentais, pois
aproximam realidades que são distintas,
mas com similaridades de desafios ao
mesmo tempo, permitindo a discussão
e troca de práticas, reflexões, metodo-
logias e abordagens. Essas articulações
precisam ser pensadas a partir dos seus
atores principais, das realidades nas
quais eles vivem e com os desafios que
tem pela frente.
Os intercâmbios seriam, nessa pers-
pectiva, não apenas uma oportunidade
de conhecer“o outro”, mas também uma
possibilidade concreta de questionar o
que fazemos e como fazemos. Por essa
razão que apoiamos, com muita expec-
tativa, o intercâmbio entre o trabalho
desenvolvido por KOINONIA no Brasil,
com os parceiros de outros países, como
é o caso do IDH da Bolívia e Huellas
de Arte da Colômbia. Que ele seja um
passo concreto para reforçar as práticas
das organizações ecumênicas, igrejas e
ponto de vista
Mara Manzoni Luz
Mara Manzoni Luz, represen-
tante da Christian Aid no Brasil
Comojovensecumênicos,emalgum
momento de nossas vidas, decidimos
nosengajarnaconstruçãodeummundo
maisjustoesolidário.Enessajornadaem
proldavida,percebemosqueasdiversas
formas de opressão estão, muitas vezes,
sutilmente entrelaçadas. A intolerância
religiosa não está isolada da intolerância
racial/étnicaqueestáextremamenteliga-
da às disparidades de classe social, de
gênero, de orientação sexual, de origem
geográfica. Todas essas intolerâncias,
infelizmente, são transmitidas a nós por
umasociedadequeconstantementeim-
põe seus modelos do que seria “ideal”.
Não se enquadrar aos padrões impostos
resultasofrernaprópriapeleaspunições
pornãoser/teraquiloquesedeveria.São
estigmas.
Enquanto jovens, muitas vezes
temos conflitos com relação à vivência
de nossa corporeidade e sexualidade.
Esses conflitos podem, inclusive, estar
relacionados com a nossa religiosidade,
e a forma como nossas igrejas tem trata-
movimentos sociais, rumo a sociedades
mais justas e inclusivas.
César Barbato, estudante de teologia
na UMESP, integrante da REJU-
SP e membro da Igreja Evangélica
de Confissão Luterana do Brasil
Juventude, sexualidade
e prevenção
do essas questões. No que diz respeito
a HIV/AIDS, esse também é um fator
que pode nos tornar mais vulneráveis à
infecçãopelovírusereforçaroestigmano
caso de pessoas que vivem com o vírus
HIV ou estão doentes de AIDS. Pesquisas
recentes mostram que o vírus do HIV
temaumentadosignificativamenteentre
pessoas idosas e mulheres. Isso devido
uma serie de barreiras culturais e gera-
cionais. Outro público muito vulnerável
são pessoas jovens (com altos índices
de infecção), especialmente meninas e
mulheres jovens, mas também adoles-
centeshomens.Comforteintersecçãona
questão de classe – empobrecimento.
Nós, como juventude ecumênica,
temos a responsabilidade de trabalhar
em nossas comunidades religiosas a
questãodaprevenção,dotratamentoedo
acompanhamento a pessoas que vivem
e convivem com HIV/AIDS. As comuni-
dades religiosas não podem se manter
omissas diante das injustiças e formas
de estigmatização, mas ao contrário,
elas devem ser promotoras do dialogo e
informação. É vital proporcionarmos às
pessoas portadoras do vírus um espaço
seguro e acolhedor, onde se sintam
respeitadas e cuidadas, assim criamos
comunidades terapêuticas e relevantes
para nossa época.

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Boletim - Saúde & Direitos

  • 1. Outubro de 2011 – no 12 InformativodoProgramaSaúdeeDireitos/KOINONIA–PresençaEcumênicaeServiço Fique sabendo: o papel das Instituições Religiosas Esse ditado reflete a sabedoria milenar popular do povo africano e é muito provável que tenha se originado nas regiões daquele continente onde predominavam as sociedades rurais. É possível supor que seja a síntese das experiências vividas pelas pessoas quan- do atacadas por animais selvagens ou por inimigos humanos e tinham que fazer uso de todas as suas energias, criatividade e sagacidade para proteger as suas vidas e também as da sua comunidade. Esse dito popular africano nos faz lembrar da luta que a sociedade trava para superar o HIV/Aids e, especialmente, do papel das instituições religiosas. Desde a sua primeira identificação, nos inícios da década de 1980, o HIV/Aids adquiriu uma velocidade própria e tem se alastrado rapidamente por todos os países e todos os setores da sociedade. No Brasil, não tem sido diferente. O que no início era visto apenas como uma síndrome de imunodeficiência, rapidamente se transformou numa pandemia e hoje o HIV/Aids está presente em todas as regiões do nosso país e em todas as classes sociais, mas, princi- palmente, entre setores vulneráveis devido a fatores econômicos, sociais ou culturais. Isso mostra que não estamos fazendo uso da velocidade suficiente para nos colocarmos à frente do HIV. É verdade que já tivemos grandes avanços com os sucessos relativos alcançados pelos programas governamentais e pela mobilização de organizações da sociedade civil – in- cluindo organizações religiosas – em termos de educação, prevenção e acesso universal ao tratamento.Essesesforços,aliadosaosurgimentodenovosmedicamentos,têmcontribuído sobremaneira para melhorar a qualidade de vida de pessoas soropositivas e/ou com Aids ao proporcionar-lhes as condições necessárias para levar uma vida normal e produtiva. E um dos fatores fundamentais para o sucesso do tratamento é o diagnóstico precoce. O diagnóstico precoce é uma forma de passarmos à frente do HIV, controlar a sua ve- locidade e bloquear a sua capacidade de se alastrar. E as instituições religiosas podem desempenhar um papel dos mais relevantes nessa corrida. Elas estão presentes em todas as regiões do nosso país – inclusive naquelas onde o Estado está ausente ¬– e em todos os segmentos sociais. Essa capilaridade as torna um instrumento privilegiado na promo- ção da campanha “Fique Sabendo”, a qual exige somente a disposição para disseminar a informação e incentivar as pessoas a procurar o posto de saúde local. AsinstituiçõesreligiosasdemorarammuitopararesponderaosdesafiosdoHIV/Aids.Agora é a hora de recuperar o tempo, acelerar, aumentar a velocidade das suas ações e contribuir para que ultrapassemos o HIV. Ele não para. Por isso é necessário correr mais. “A velocidade com que corremos depende do que nos persegue“. (ditado africano)
  • 2. Saúde e Direitos 12 outubro de 2011 2 eu vivi! Acredito ser importante incentivar o diagnóstico precoce, porque as comu- nidades são compostas de pessoas oriundasdeváriasexperiênciasdevida, e muitas vezes não possuem conheci- mento de como se adquire o vírus e comotratá-lo,ouainda,quesepodeter uma vida basicamente normal mesmo sendo portador. Também acredito ser importanteparadesmistificarascrendi- cesetabusemtornodoassunto,eporquecomaignorância, o numero de infectados tem crescido na população. Logo no início da epidemia de AIDS o papel do acolhedor era extremamente difícil: acolhia-se pacientes com várias e típicas infecções oportunistas e realizava-se o teste apenas para se confirmar o óbvio : aquele irmão, era mais uma pessoa com AIDS, e seu destino estava traçado. As únicas coisas que a pessoa esperava que disséssemos eram as únicas que não poderíamos dizer:hátratamento,evocêvaiviver. Claro que estamos falando de uma epidemia descontrolada que ainda mata 11.000 brasileiros a cada ano, mas graças à terapia anti retro viral e os testes de detecção precoce do HIV, todos nós podemos dizer: há tratamento, e você vai viver. E a promoção da vida em sua plena abundância, vento propulsor da espiritualidade, é o que nos impulsiona cada vez mais a dizer: há tratamento, e você vai viver, a cada pessoa que acolhemos. É na fé que nos pegamos quando estamos em grandes sufocos. Sabemos que a AIDS é uma doença silenciosa e que mata. Podemos tratá-la e aumentar o nosso ciclo de vida. Para poder tratá-la, temos que saber da existência dela em nosso corpo e, por isso, acredito na importância do“incentivo ao diagnóstico precoce do HIV/AIDS”. Nas comunidades religiosas - ou simplesmente comunida- des de fé - seja quais forem seus princípios, seus membros se identificam pelo amor em Cristo ou em seus deuses. Desta forma, é uma prova de amor o ato de incentivar e acolher as pessoas na prevenção do HIV/Aids. Colocar-se como espaço de pertencimento e doação fraterna é um compromisso que deve nortear as comunidades de fé. Incentivar o diagnóstico precoce do HIV/Aids é transportar o evangelho e as crenças das comunidades de fé para a realidade de seus membros. Enquanto membro da comu- nidadeAnglicana,vivendocomHIV/Aids,foiextremamente importante o acolhimento e o amor fraterno para seguir vivendo e testemunhando a vida na comunidade. Acredito ser importante toda e qual- quer iniciativa de prevenção e de diagnóstico precoce do HIV/AIDS visto que o tratamento e a qualidade de vida estão intimamente ligados a essas atitudes. Porém, em espaços onde o preconceito prevalece, o diá- logo é represado junto com a busca por tratamento e investigação clíni- ca precoces. Se nas comunidades religiosas, lugar de comunhão e partilha da vida, ainda prevalecer o preconceito e o tabu, líderes e fiéis padecerão de angustia e solidão, antes mesmo do que do sofrimento causado pela doença. O Deus da Vida quer vida plena, respeito, solidariedade e carinho, dentro e fora da igreja.. Doris Bertolino Igreja Evangélica Assembléia de Deus Cláudio Monteiro Igreja Católica Apostólica Romana Babalorixa Eduardo Gomes T’Osumare IIe Omi Asé Afojidan, Candomblé Ideraldo Beltrame Igreja Episcopal Anglicana do Brasil Tais Moretti Igreja Católica Apostólica Romana
  • 3. Saúde e Direitos 12 outubro de 2011 3 Seu nome era Rita, descobriu tardiamente a doença. Assisti ela morrer aos poucos numa época sem coquetéis e sem grandes preocupações de prevenção por parte da igreja que frequentávamos. Foi quando percebi que um sistema de sentido comoareligiãotinhapotencialparalegitimarestruturasinjustasouquestioná-lasa serviço da vida, o que me levou a fazer uma pesquisa e apresentar um seminário nadisciplinadesociologiaqueeraoferecidanocolegialdeminhaépoca.Comecei a entender que AIDS, além de ser uma terrível doença física, ia além do âmbito da biologia, era uma enfermidade de todo o corpo social e que em um mundo no qual como disse a antropóloga Mary Douglas, há uma interação simbólica entre corpo e sociedade, a educação para o cuidado e superação do preconceito deveria estar na agenda de minha comunidade. Saudades da Rita... “Miserável homem que eu sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte?” (Rom 7.24). Nosso povo tem perdido de vista que a epidemia da AIDS já está nos bancos das nossas comunidades há muito tempo. Inúmeras pessoas que passando por suas comunidades religiosas não encontram espaço para conversarem sobre suas angustias, sonhos dificuldades e vida atual. A importância do diagnostico precoce do HIV/AIDS é fazer com que as pessoas se conscientizem de suas escolhas e que essas podem colocar em risco seus parceiros. O fato de conhecermos nossas sorologias nos faz agentes de nossa historia, ou seja, nos liberta da nossa morte ignorância. eu vivi! A importância em incentivarmos o diagnóstico precoce do HIV/AIDS em nossas comunidades passou a ser de extrema necessidade visto o vasto campo em que trabalhamos e o grande número de informações que podemos fornecer na preven- ção e ações preventivas e de solidariedade para todos que vivem e convivem com a AIDS. O número de pessoas que podemos orientar, diagnosticar e aconselhar porque participamos ativamente junto ao Sagrado, dá a nós líderes religiosos, credibilidade e confiabilidade para atuarmos juntos na luta contra este mal. Tra- balhamos com grande número de pessoas ligadas direta e indiretamente com a AIDS. A todos podemos falar de uma qualidade de vida e de esperanças de uma vida melhor com cuidados e informações que obtivemos. Como por exemplo, os subsídios que KOINONIA, com coragem, entusiasmo e experiências, nos prepa- rou para o atendimento e o acolhimento destas pessoas, superando o sofrimento causado pelo preconceito da sociedade.. Rev. Luciano José de Lima Igreja Metodista do Brasil Rev. Wanderley Kirilov Igreja Presbiteriana Independente do Brasil Rev. André Renato Navarro Igreja Presbiteriana do Brasil
  • 4. Saúde e Direitos 12 outubro de 2011 4 Boletim produzido pelo Programa Saúde e Direitos de KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço. Esta publicação divulga informações sobre saúde reprodutiva, educação sexual e direitos para diversas comunidades, em especial comunidades religiosas. Esta disponível também no site de KOINONIA – http://www.koinonia.org.br KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço Praça Olavo Bilac, 63 – Santa Cecília – São Paulo Tel (11) 3667-9570 www.koinonia.org.br E-mail do programa: saudedireitos@koinonia.org.br Diretor Executivo de Koinonia: Rafael Soares de Oliveira Coordenadora do Programa Saúde e Direitos: Ester L. Lisboa Assistente do Programa Saúde e Direitos: Daniel Souza Revisora: Carolina Maciel Programação visual: Renata Neris - MTb 30.139/RJ A construção de parcerias para o trabalho com HIV/AIDS A Christian Aid - agência oficial de 40 igrejas protestantes e ortodoxas da Grã Bretanha e República da Irlanda, que trabalha em cerca de 50 países na América Latina e Caribe, Ásia e África - acredita que o trabalho com HIV/AIDS não é exclusivo de um país ou região. Portanto, a construção de parcerias se inscrevenaperspectivaampladepensar e concretizar intercâmbios que façam realidade a construção de pontes entre experiências distintas. Para isso, as arti- culações Sul-Sul são fundamentais, pois aproximam realidades que são distintas, mas com similaridades de desafios ao mesmo tempo, permitindo a discussão e troca de práticas, reflexões, metodo- logias e abordagens. Essas articulações precisam ser pensadas a partir dos seus atores principais, das realidades nas quais eles vivem e com os desafios que tem pela frente. Os intercâmbios seriam, nessa pers- pectiva, não apenas uma oportunidade de conhecer“o outro”, mas também uma possibilidade concreta de questionar o que fazemos e como fazemos. Por essa razão que apoiamos, com muita expec- tativa, o intercâmbio entre o trabalho desenvolvido por KOINONIA no Brasil, com os parceiros de outros países, como é o caso do IDH da Bolívia e Huellas de Arte da Colômbia. Que ele seja um passo concreto para reforçar as práticas das organizações ecumênicas, igrejas e ponto de vista Mara Manzoni Luz Mara Manzoni Luz, represen- tante da Christian Aid no Brasil Comojovensecumênicos,emalgum momento de nossas vidas, decidimos nosengajarnaconstruçãodeummundo maisjustoesolidário.Enessajornadaem proldavida,percebemosqueasdiversas formas de opressão estão, muitas vezes, sutilmente entrelaçadas. A intolerância religiosa não está isolada da intolerância racial/étnicaqueestáextremamenteliga- da às disparidades de classe social, de gênero, de orientação sexual, de origem geográfica. Todas essas intolerâncias, infelizmente, são transmitidas a nós por umasociedadequeconstantementeim- põe seus modelos do que seria “ideal”. Não se enquadrar aos padrões impostos resultasofrernaprópriapeleaspunições pornãoser/teraquiloquesedeveria.São estigmas. Enquanto jovens, muitas vezes temos conflitos com relação à vivência de nossa corporeidade e sexualidade. Esses conflitos podem, inclusive, estar relacionados com a nossa religiosidade, e a forma como nossas igrejas tem trata- movimentos sociais, rumo a sociedades mais justas e inclusivas. César Barbato, estudante de teologia na UMESP, integrante da REJU- SP e membro da Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil Juventude, sexualidade e prevenção do essas questões. No que diz respeito a HIV/AIDS, esse também é um fator que pode nos tornar mais vulneráveis à infecçãopelovírusereforçaroestigmano caso de pessoas que vivem com o vírus HIV ou estão doentes de AIDS. Pesquisas recentes mostram que o vírus do HIV temaumentadosignificativamenteentre pessoas idosas e mulheres. Isso devido uma serie de barreiras culturais e gera- cionais. Outro público muito vulnerável são pessoas jovens (com altos índices de infecção), especialmente meninas e mulheres jovens, mas também adoles- centeshomens.Comforteintersecçãona questão de classe – empobrecimento. Nós, como juventude ecumênica, temos a responsabilidade de trabalhar em nossas comunidades religiosas a questãodaprevenção,dotratamentoedo acompanhamento a pessoas que vivem e convivem com HIV/AIDS. As comuni- dades religiosas não podem se manter omissas diante das injustiças e formas de estigmatização, mas ao contrário, elas devem ser promotoras do dialogo e informação. É vital proporcionarmos às pessoas portadoras do vírus um espaço seguro e acolhedor, onde se sintam respeitadas e cuidadas, assim criamos comunidades terapêuticas e relevantes para nossa época.