1. Joel Jorge Murabiua
Maira Ana Malaia
Quina Rosário Aquimo
Processos Psíquicos Cognitivos – Pensamento e Imaginação
5º Grupo
(Licenciatura em ensino de Português)
Universidade Rovuma
Lichinga
2021
2. Joel Jorge Murabiua
Maira Ana Malaia
Quina Rosário Aquimo
Processos Psíquicos Cognitivos – Pensamento e Imaginação
Trabalho de Psicologia Geral, a
ser apresentado ao
departamento de Letras e
Ciências Sociais para fins
avaliativos, leccionado pelo:
Msc. Fernando Pinto
Universidade Rovuma
Lichinga
2021
3. Índice
1. Introdução ..............................................................................................................................3
2. Processos psíquicos cognitivos ..............................................................................................4
2.1. Pensamento .....................................................................................................................4
2.1.1.Definição ....................................................................................................................5
2.1.2.Características ............................................................................................................5
2.1.3.Latência ......................................................................................................................6
2.1.4.Classificação...............................................................................................................6
2.1.5.Transtornos no curso do pensamento .........................................................................8
2.1.5.1. Transtornos da velocidade ..................................................................................8
2.1.5.2. Transtornos da forma ..........................................................................................8
2.1.5.3. Transtornos de conteúdo de pensamento ............................................................9
2.1.6.Importância do Pensamento .....................................................................................10
2.2. Imaginação....................................................................................................................10
2.2.1.A formação das imagens mentais na psicologia cognitiva.......................................12
2.2.2.As descobertas experimentais ..................................................................................13
2.2.3.Importância da Imaginação ......................................................................................14
3. Conclusão.............................................................................................................................15
4. Referências Bibliográficas ...................................................................................................16
4. 3
1. Introdução
As investigações realizadas no âmbito da psicologia cognitiva nas áreas da
aprendizagem e memória humanas têm implicações importantes a nível escolar.
Numa perspectiva cognitiva, a aprendizagem é concebida em termos de aquisição de
novas informações e a sua integração no conjunto de conhecimentos existentes. Aprender
porém não se limita apenas à aquisição de novas informações, mas tem ainda por objectivo
corrigir, aprofundar, alargar e reorganizar a nossa base de conhecimentos existentes.
O pensamento científico se diferencia do pensamento popular em vários aspectos. Por
exemplo, é importante saber produzir conhecimentos novos a partir dos velhos, como bem
destacado nas pesquisas sobre o papel das analogias formais e materiais no desenvolvimento
de modelos científicos. O pensamento que visa apreender os fenómenos naturais precisa ser
capaz de estabelecer relações causais nas explicações. O uso da linguagem nesse processo não
pode ser menosprezado, seja na escolha da forma adequada de organizar o conhecimento, seja
no uso da matemática como estruturante do pensamento.
No quotidiano, o termo imaginar é de uso amplo, podendo ter diferentes significados,
dependendo dos contextos em que é utilizado. Pode significar um ideal, como na expressão “a
profissão que só existe na minha imaginação”. Ou ainda, uma habilidade na solução de
problemas, como na expressão “use sua imaginação e encontre um meio de sairmos daqui!”.
5. 4
2. PROCESSOS PSÍQUICOS COGNITIVOS
Cognição é a capacidade que os seres vivos têm de processar informações a partir da
percepção (estímulos que nos chegam do mundo exterior através dos sentidos), o
conhecimento adquirido com a experiência e as nossas características subjectivas que
possuímos. Permitir integrar todas essas informações para valorizar e interpretar o mundo. A
palavra cognição vem do latim “cognoscere”, que significa conhecimento. Portanto, quando
falamos sobre o cognitivo, geralmente estamos a referir-nos a tudo que pertence ou está
relacionado ao conhecimento, isto é, o acúmulo de informações que adquirimos graças à
aprendizagem ou à experiência.
MAYER (1981, apud BOTH, 1989), “define formalmente psicologia cognitiva como:
a análise científica do processo mental humano e estruturas (construção) com o objectivo de
entender o comportamento humano.” Para MOREIRA (2006), “a psicologia cognitiva trata
do modo como as pessoas percebem, aprendem, recordam e pensam sobre a informação.”
Os psicólogos cognitivos estudam as bases biológicas da cognição, quanto as imagens
mentais, a atenção, a consciência, a percepção, a memória, linguagem, a resolução de
problemas, a criatividade, a tomada de decisões, o raciocínio, as mudanças cognitivas durante
o desenvolvimento ao longo da vida, a inteligência humana, a inteligência artificial e vários
outros aspectos do pensamento humano. Apresentaremos o Pensamento e a Imaginação.
2.1. Pensamento
É a capacidade de compreender, formar conceitos e organizá-lo. Estabelece relações
entre os conceitos por meio de elementos de outras funções mentais (como as vistas
anteriormente), além de criar novas representações, ou seja, novos pensamentos. O
pensamento possibilita a associação de dados e sua transformação em informação estando
consequentemente associado com a resolução de problemas, tomadas de decisões e
julgamentos.
Aqui estamos diante de um processo muito complexo que na psicologia é definido
como o responsável por transformar a informação para organizá-la e lhe dar sentido. O estudo
do pensamento começou com a lógica aristotélica, mas esta não se mostrou eficaz para sua
análise, porque o ser humano não raciocinava com a lógica.
O raciocínio é um processo rápido, mas em certa medida impreciso, que nos permite
agir efectivamente em nosso ambiente. A função do pensamento hoje continua sendo um tema
6. 5
controverso. Isto ocorre, em parte, devido à confusão terminológica existente ao seu redor.
Mesmo assim, a ideia mais aceita é a de que seu objectivo é actuar como mecanismo de
controlo diante das situações que nos são apresentadas.
Pensamento e pensar são, respectivamente, uma forma de processo mental ou faculdade do
sistema mental. Pensar permite aos seres modelarem sua percepção do mundo ao redor de si, e
com isso lidar com ele de uma forma efectiva e de acordo com
suas metas, planos e desejos. Palavras que se referem a conceitos e processos similares
incluem cognição, consciência, ideia, e imaginação. O pensamento é considerado a expressão
mais “palpável” do espírito humano, pois através de imagens e ideias revelam justamente a
vontade deste. PECOTCHE & BERNARDO (2005)
O pensamento é fundamental no processo de aprendizagem (vide Piaget). O
pensamento é construtor e construtivo do conhecimento.
Conforme PECOTCHE & BERNARDO (2005), “O principal veículo do processo de
conscientização é o pensamento. A actividade de pensar confere ao homem "asas" para
mover-se no mundo e "raízes" para aprofundar-se na realidade.”
Etimologicamente, pensar significa avaliar o peso de alguma coisa. Em sentido amplo,
podemos dizer que o pensamento tem como missão tornar-se avaliador da realidade.
2.1.1.Definição
Em linguagem comum, a palavra pensar cobre numeroso e diversas actividades
psicológicas. É às vezes um sinónimo de “tender a acreditar”, especialmente se não for com
total confiança (“Eu acho que vai chover, mas não tenho certeza”). Outras vezes denota o
grau de atenção “Eu fiz isso sem pensar” ou qualquer coisa que esteja na consciência,
especialmente se isso se referir a alguma coisa fora do ambiente imediato (“Isso me fez pensar
na minha avó”).
2.1.2.Características
O pensamento lógico se caracteriza por operar mediante conceitos e raciocínios;
Existem padrões que possuem um começo no pensamento e criam um final, isso
acontece em milésimos de segundos, por sua vez milhares de começos e finais fazem
disso um pensamento lógico;
O pensar sempre responde a uma motivação, que pode estar originada no ambiente
natural, social, cultural ou no sujeito pensante;
7. 6
O pensar é uma resolução de problemas. A necessidade exige satisfação;
O processo de pensamento lógico sempre segue uma determinada direcção;
O processo de pensar se representa como uma totalidade coerente e organizada, no que
diz respeito a seus diversos aspectos, modalidades, elementos e etapas;
O pensamento é simplesmente a arte de ordenar as matemáticas e expressá-las através
do sistema linguístico;
As pessoas possuem uma tendência ao equilíbrio, uma espécie de impulso para o
crescimento, a saúde e ao ajuste. Existem uma série de condições que impedem e
bloqueiam esta tendência.
2.1.3.Latência
O pensamento pode ser caracterizado por exigir períodos de latência, nos quais as
actividades internas são suspensas ou interrompidas. Portanto, ele é somatório de actividades
incluídas na elaboração de estudos, de processos superiores da formação de conceitos, os
chamados conceitos cognitivos, da solução de problemas, do planeamento, do raciocínio e
da imaginação.
Conforme PECOTCHE & BERNARDO (2005), “O período de convergência do
pensamento pode ser caracterizado no momento em que o indivíduo se vê frente a novas
situações, cuja complexidade pode ser variável e para as quais não encontra esquemas de
resposta pré-montados ou pré-estruturados pela aprendizagem e ainda, cuja resposta não
é instintiva e sim, construída ou elaborada”.
Pode-se definir o pensamento como a faculdade de formular conceitos, para os quais
a actividade psíquica elabora os fenómenos cognitivos, imaginativos e planificativos, cujo
grau pode ser algo distinto tanto dos sentimentos como das vontades.
2.1.4.Classificação
Pensamento autista e realista: proposto por Eugen Bleuler, tem como base a relação
com o ambiente interno e externo:
Autista: caracteriza as actividades internas não controladas por condições externas;
Realista: rigorosamente controlado pela realidade externa.
Pensamento de produção, reprodução e verificação: Donald Olding Hebb propôs a
separação entre pensamento de produção e de verificação segundo o grau de impregnação
8. 7
lógica relevado pelo processo, e Norman Maier, a divisão entre pensamento produtivo e
reprodutivo:
Pensamento produtivo: consequência da integração de experiências previamente não
relacionadas;
Pensamento reprodutivo: aplicação de experiências previamente adquiridas que
conduzem a uma solução correta em nova situação de impasse;
Pensamento verificativo: tem como objectivo de verificação ou comprovação do
conhecimento;
Pensamento intuitivo, analítico e sintético: proposto por Jerome S. Bruner, tem como base
a origem do pensamento:
Intuitivo: usa a intuição do indivíduo;
Analítico: consiste em decompor o todo, em partes mais simples, que são mais
facilmente explicadas ou solucionadas;
Sintético: é a reunião de um todo pela conjunção de suas partes.
Pensamento dedutivo e indutivo:
Dedutivo: vai do geral ao particular. É uma forma de raciocínio em que se atinge a
conclusão a partir de uma ou várias premissas;
Indutivo: é o processo inverso do pensamento dedutivo, é o que vai do particular ao
geral. A base é a figuração de que se algo é certo em algumas ocasiões, o será em
outras similares, mesmo que não se possam observar.
Outros tipos de pensamento:
Pensamento criativo: aquele que se utiliza da criação ou modificação de algo,
introduzindo novidades, ou seja, a produção de novas ideias para criar ou modificar
algo existente;
Pensamento sistémico: é uma visão completa de múltiplos elementos com suas
diversas inter-relações. Sistémico deriva da palavra sistema, o que nos indica que
devemos ver as coisas de uma forma inter-relacionada;
Pensamento crítico: examina a estrutura dos raciocínios, e tem uma vertente analítica
e avaliativa. Tenta superar o aspecto mecânico do estudo da lógica;
9. 8
Pensamento interrogativo: é um pensamento com o que se faz as perguntas,
identificando o que interessa a alguém saber sobre um determinado tema.
2.1.5.Transtornos no curso do pensamento
Segundo SKINNER (2006), “O curso do pensamento é o caminho que segue o
pensamento para raciocinar, falar, informar, etc, e inclui a fluidez do pensamento, como se
formulam, organizam, e apresentam os pensamentos de um indivíduo. Em todo raciocínio há
um fio condutor que leva um pensamento a outro. Este fio pode conter falhas, que causam os
transtornos no curso de pensamento”.
2.1.5.1. Transtornos da velocidade
Os transtornos da velocidade incluem patologias que afectam a quantidade e a
velocidade dos pensamentos. Seus principais transtornos são os seguintes:
Taquipsiquia - aceleração do curso do pensamento;
Fuga de ideias - caso extremo da Taquipsiquia, em que o pensamento parece saltar
subitamente de um tema a outro;
Bradipsiquia – lentificação do curso do pensamento;
Bloqueio de pensamento, interrupção brusca do pensamento, o qual é reiniciado logo
após retomando o curso anterior ou, o que é mais comum, um curso diferente.
2.1.5.2. Transtornos da forma
Diz SKINNER (2006), que “os transtornos da forma propriamente dita incluem
patologias de direccionalidade e a continuidade do pensamento”. Os mais significativos
incluem:
Pensamento circunstancial: quando a informação compartilhada é excessiva,
redundante e, geralmente, não relacionada com o tema;
Pensamento divagatório;
Pensamento tangencial;
Pensamento prolixo: incapacidade de extrair os conteúdos mentais essenciais para
alcançar a conclusão do pensamento: mas sem perda da ideia directriz;
Disgregação;
Incoerência;
10. 9
Perseveração de pensamento: repetição periódica e automática de palavras
relacionadas com a ideia directriz, que são intercaladas no curso do pensamento
interferindo no seu fluxo;
Pensamento rígido: o curso é perturbado pela persistência de uma ideia que tem
preferência e resistência em ser abandonada;
Pensamento estereotipado: repetição de palavras ou frases que são intercaladas no
curso do pensamento, não participam do tema, não desviam e não interferem com a
ideia directriz. A fluidez do curso é normal;
Pensamento verbigerado: repetição de palavras ou frases, que não participam do
pensamento, de forma intempestiva e automática, sem sentido e sem lógica;
Pensamento desagregado: perda da soberania da ideia directriz.
2.1.5.3. Transtornos de conteúdo de pensamento
Os principais transtornos incluem:
Pensamento incoerente: decorre de uma alteração da consciência (diminuição da
lucidez);
Pensamento obsessivo;
Pensamento delirante;
Percepção delirante: é a atribuição de um significado anormal a uma
percepção normal;
Ocorrência delirante: resulta de uma crença puramente subjectiva sobre si
mesmo e seus conteúdos podem ser místicos, de perseguição, de grandeza, de
prejuízo, de ciúmes, de influência e de relação;
Reacção deliróide: é baseada em um determinado e preciso estado de ânimo, a
partir do qual se tornam compreensíveis a significação e as referências
anormais.
Preocupações;
Ideias falsas: geralmente reversíveis;
Ideias fobicas;
Pensamento mágico.
11. 10
2.1.6.Importância do Pensamento
Ajuda o indivíduo a superar as suas dificuldades desde as mais triviais até as mais
complexas;
Planificação e organização lógica dos procedimentos a ter em conta na aula;
Reflexão sobre uma tarefa para encontrar as mais adequadas soluções;
Mudança de métodos habituais de resolução de tarefas colocadas;
Avaliação de diversas variantes de resolução para encontrar uma resolução mais
racional;
É um factor de ligação entre o concreto e o abstracto.
2.2. Imaginação
É o processo psíquico cognitivo, exclusivo ao homem, mediante o qual se criam
(elaboram) imagens e noções que não existiam na experiência anterior, ou seja, a habilidade
que os indivíduos possuem de formar representações, construir imagens mentais a cerca do
mundo real ou mesmo de situações não directamente vivenciadas.
A base da imaginação são noções da memória que se completam por novas
percepções, transformando-se em novas percepções e noções.
De acordo com BRANN (1991), “os nomes que utilizamos para as funções
imaginativas agrupam-se em torno de duas palavras: fantasia, que é um termo de origem
grega, e imaginação, que é uma palavra de origem latina”. “A palavra imaginação é formada
pela palavra “imagem” (imago), e significa, originalmente, a capacidade de se ter ou de se
construir e manipular imagens mentais” (THOMAS, 1999). Este termo também está
associado à palavra latina imitatio. Desse modo, fica evidente o aspecto mimético da
imaginação, com relação aos dados advindos dos sentidos, pelo menos no que concerne à
origem etimológica do termo.
Outros termos importantes relacionados com o conceito de imaginação são:
A formação de imagens mentais (mental imagery), que são os elementos
representacionais da mente vistos do ponto de vista de suas estruturas; a definição da
característica da formação de imagens mentais é uma preocupação da psicologia
cognitiva.
12. 11
A imagem mental, que é o produto da imaginação, é definida como uma experiência
quase-perceptual que se assemelha à experiência perceptual, mas que ocorre na
ausência do estímulo perceptual apropriado.
Imaginar, que é o processo de formação de uma imagem fictícia complexa ou de um
mundo imaginário.
Imagear, que é a formação de produtos imagéticos no espaço interno e externo e que
traz à tona o problema da espacialidade mental e da semelhança representacional.
As definições do termo imaginação surgem de diversos modos. Alguns desses modos
expressam uma experiência pessoal, outros representam a tentativa de defini-la enquanto uma
função única através da análise de várias de suas características. Essa multiplicidade de usos e
de definições da experiência imaginativa dificulta o seu entendimento. BRANN (1991), “nos
diz que a imaginação é uma palavra que designa “nada”, porque seu significado é muito
amplo”. CASEY (1979), “também afirma que a imaginação é uma palavra que surgiu para
prometer muito mais do que é capaz de cumprir”. Esses autores ressaltam o fato que existe
uma grande quantidade de definições para imaginação, o que faz com que a imaginação
abarque uma grande gama de sentidos.
De acordo com TAKAYA (2004), “dependendo da definição que se dá para o
conceito imaginação, outros termos podem ser associados com ele. Quando se define a
imaginação como a capacidade de formar imagens ou figuras mentais, pode-se associar a
imaginação com o pensamento icónico”.
Quando se define a imaginação como uma forma de pensamento diferente do
raciocínio linear, associa-se a imaginação com a intuição. Se a definirmos com ênfase
na inovação ou em algo novo, o termo se associa coma criatividade e a originalidade.
Muitas outras palavras também podem ser utilizadas com o termo imaginação, como
por exemplo, o fingimento, que vê a imaginação como a capacidade de fingir que um
objecto é outro ou que possui vida como no caso das crianças que imaginamque seus
brinquedos têmvida. TAKAYA (2004)
A definição da imaginação como fingimento (pretence) é ressaltada pelo filósofo
Gilbert Ryle (1949) que a define, basicamente, como uma capacidade de fingir, de agir como
se acreditássemos que um objecto que percebemos como tal fosse outro. Uma menina imagina
ver um sorriso na boca de sua boneca, apesar dela, de fato, não ver nenhum sorriso.
13. 12
2.2.1.A formação das imagens mentais na psicologia cognitiva
Percebemos que a primeira acepção do termo imaginação traz à tona a questão da
formação das imagens mentais, por isso, para nós, faz-se necessário um entendimento de
como as imagens mentais se formam na mente. Compreendemos que considerar a imaginação
apenas como uma capacidade de se formar imagens mentais na ausência de estímulos
perceptuais restringe a imaginação a um âmbito pequeno.
“A imaginação se torna um objecto da ciência sob o nome de mental imagery”
(BRANN, 1991). O nome imagery implica no fato de se ter imagens mentais e não no modo
peculiar de ser das imagens nem de suas qualidades individuais. O adjectivo mental significa
que as imagens serão investigadas em termos de estruturas e processos da mente, que é vista
como uma função cerebral.
Um renovado interesse pela formação de imagens pela mente foi um componente
importante na denominada revolução cognitiva no campo da psicologia, que ocorreu
durante os anos 60 até o início dos anos 70. Este período foi marcado pelo abalo da
hegemonia behaviorista, corrente teórica de bastante sucesso na época, (que, de forma
bem sumária, privilegiava apenas o comportamento observável como fonte de dados
para o estudo psicológico) e também pela valorização do conceito de representação
mental, que ficou sendo considerado como um ponto central e vital para a teoria
psicológica (THOMAS, 2003).
A psicologia cognitiva é o campo no qual os experimentos com a formação de
imagens mentais (mental imagery) se realizam. De acordo com BRANN (1991), “a psicologia
cognitiva tem como visão unificadora o termo cognição, que nesta disciplina significa
considerar o ato de conhecer como um processamento de informação”.
A formação de imagens mentais seria uma experiência representacional. O seu próprio
nome implica em cópia e correspondência. A imagem mental é entendida pela psicologia
cognitiva como sendo uma representação, que é uma configuração espacial ou temporal de
símbolos e é considerada como tendo relação com outro elemento. Por ser algo de natureza
simbólica, uma imagem mental é, de certa forma, indefinida, pois sua definição advém através
das descrições que a determinaram ou pelas descrições que são feitas dela por aquele que as
interpreta.
14. 13
2.2.2.As descobertas experimentais
De acordo com THOMAS (2003), “o interesse pela formação de imagens mentais
pelos pesquisadores experimentais da psicologia só começou a aumentar nos anos 60 por
conta da descoberta de que as imagens mentais teriam um grande efeito mnemónico, o que
levou o estudo da formação de imagens mentais (mental imagery) a se estabelecer como um
campo de estudos importante dentro da teoria cognitiva”.
No início dos anos 60, o psicólogo canadense Alan Paivio iniciou sua pesquisa sobre
os efeitos mnemónicos da formação de imagens mentais (mental imagery), que o levou a
propor a sua teoria dos dois códigos para a memória (dual coding). Para SADOSKI (1992), “a
principal afirmação da teoria dos dois códigos é que a cognição humana, em boa parte,
consiste na actividade de dois sistemas representacionais que seriam independentes, mas
parcialmente interconectados”.
De acordo com THOMAS (2003), “os resultados da extensa pesquisa experimental
realizada por Paivio poderiam ser resumidos, de forma bem sumária, em duas descobertas
principais”. A primeira delas foi a demonstração de que os sujeitos que seguem instruções
explícitas para utilizar técnicas mnemónicas simples, baseadas na formação de imagens
mentais para memorizar um material verbal (uma lista de palavras ou pares de palavras
dispostas aleatoriamente), lembram-se muito melhor desse material do que sujeitos que não
utilizaram estas técnicas.
A segunda contribuição de Paivio é ter demonstrado que a formação de imagens
mentais desempenha um grande papel na memória verbal, mesmo quando não são dadas
instruções explícitas para os testados e mesmo quando eles não fazem nenhum esforço para
isso. Para demonstrar isso, Paivio e seus colaboradores determinaram, inicialmente, valores
imagéticos iniciais para cada elemento de uma longa lista de nomes que estariam
relacionados, com a facilidade de se formar ou evocar uma imagem mental correspondente à
palavra.
Palavras como “gato”, por exemplo, teriam valores mais altos do que palavras mais
abstractas como “verdade”. Uma vez que estes valores foram estabelecidos, Paivio e seus
colaboradores foram capazes de demonstrar em vários experimentos que as palavras com
maiores valores foram lembradas um maior número de vezes do que as que possuíam valores
15. 14
mais baixos, mesmo quando os sujeitos testados não faziam nenhum esforço consciente para
formar imagens mentais relevantes.
2.2.3.Importância da Imaginação
Permite conceber o resultado do trabalho antes do início;
Alarga os horizontes da memória e percepção;
Permite antecipar e construir o futuro e o nível de desenvolvimento da capacidade
inventiva. É parte do processo técnico-científico, literário;
Permite ao aluno estudar processos, fenómenos inacessíveis para a observação directa,
sua interpretação no quadro de diversas ligações e relações;
Desenvolve nos alunos a atitude criadora através e da análise e compreensão do actual
estado da ciência.
16. 15
3. Conclusão
Podemos dizer que a criação é um processo em que há o desenvolvimento de um
pensamento vinculado tanto aos conteúdos conceituais e teóricos, quanto aos objectivos
relacionados a construções de explicações e representações alternativas do mundo exterior.
Isso significa afirmar que o pensamento passa por etapas que visam tornar inteligíveis
objectos ou fenómenos desconhecidos. No entanto, é importante destacar que a existência
destas etapas não implica que elas sejam necessariamente contínuas e/ou puramente lógicas.
Contudo, buscou-se, com isso, caracterizar o papel da imaginação no pensamento
científico, levando-se em conta tanto os atributos psicológicos/individuais, que têm
importante participação na criação, quanto os atributos epistemológicos/colectivos, que
estabelecem a necessidade de um saber coerente e minimamente consensual com o que se
busca explicar. Contudo, o debate teórico sobre como considerar o papel da imaginação nesse
processo de criação ainda está longe de ser concluído. Ainda há pouco consenso sobre como
essa faceta do pensamento participa da actividade científica. A imaginação, para ser
“científica”, não pode ser uma actividade puramente livre. Por mais que seja um ato bastante
complexo e de grande subjectividade, por se relacionar com construção simbólica mental do
indivíduo, não pode estar desvinculada dos compromissos e dos valores da ciência.
17. 16
4. Referências Bibliográficas
BRANN, E. T. H (1971). The World of Imagination: sum and substance, Rowman &
Littlefield Publishers
CASEY, E. S (1971). Imagination, Imagining and the Image. Pp 475- 490
Mayer, R.E,(1984). El futuro de la psicologia cognitiva. Madrid: Alianza
PECOTCHE, González & BERNARDO, Carlos (2005). Logosofia, Ciência e Método.
Editora Logosófica, 11ª edição, Lição III.
SADOSKI, M (1992). Imagination, Cognition and Persona. Pp 266 – 278
SKINNER, B. F (2006). Sobre o behaviorismo. São Paulo, Cultrix. p. 92
TAKAYA, K (2004). On the connections between Imagination and Education: Philosophical
and Pedagogical perspectives
THOMAS, N. J. T (1999).Cognitive Science. Pp 207-245