1. CENA UM
10 de Agosto de 2010, manhã.
A câmera passa por altos muros. Não podemos ver o que há dentro.
NARRADOR: Você já parou para pensar que o mundo é extremamente
perigoso? A qualquer momento, em qualquer lugar, alguém que está perto
de você pode retirar uma faca do bolso e te matar friamente.
Mas as pessoas não fazem isso, pois tem seus princípios do que é certo ou
errado e porque tem medo da punição que pode levar. Estaríamos, então,
seguros?
Talvez, você concorde que a resposta é não. Isso porque, os princípios do
que é certo ou errado não são os mesmos para todos, e os de uma mente
deturpada podem ser extremamente diferentes dos seus. E alguém que está
prestes a suicidar-se não teme a punição, como podemos ver em muitos
atentados em que o assassino se mata no final.
Então... Que mundo é esse, em que podemos morrer assassinados a
qualquer momento?
Será que, esses problemas vêm da má educação dada por alguns pais? Ou
vêm de uma doença psicológica natural, na qual ninguém pode interferir?
Talvez sejam os dois.
Pessoas erradas fazem coisas erradas todos os dias. O mal está presente em
todo o canto. Mas... Será que se isolássemos um pequeno grupo de pessoas
“puras”, acabaríamos por completo com o mal referente àqueles
2. indivíduos? E será que assim, pouco a pouco, expandiríamos isso para o
resto do planeta, formando assim um mundo ideal? Esse é o sonho de
Jonas. O síndico e construtor do Condomínio Experts. Um local onde,
teoricamente, a vida seria tranquila e pacífica. Esse condomínio têm tudo o
que é preciso para uma pequena população se desenvolver: Um mercado,
um hospital, uma delegacia e uma pequena escola. As pessoas que lá
moram, indepen-dente de sua classe social, passaram por uma rigorosa
entrevista para ocupar as 40 casas desse mundo ideal. Além disso, o preço
do aluguel é gigante.
Para garantir a segurança, o condomínio tem enormes muros, com grades
elétricas, apenas uma entrada e muitos seguranças espalhados. Sem falar
que, os moradores não recebem muitas visitas, já que escolheram morar em
um condomínio afastado da civilização por não terem amigos na cidade
grande.
Podemos comparar esses grandes muros, com muros de cidades antigas, ou,
até mesmo, de cidades como York na Inglaterra e Carcassone, na França.
Todavia, nunca se sabe onde está escondido o verdadeiro mal. Quanto mais
profundo ele for, mais cruel ele é. Será que o Condomínio Experts é seguro
mesmo, ou é mais perigoso que a nossa vida normal?
A câmera entra por um grande portão e passa por algumas casas até chegar
ao que aparenta ser uma padaria. Podemos observar algumas mesas no
local e um balcão onde estão três funcionárias esperando clientes. O
estabelecimento está meio vazio.
Um cliente entra e se dirige a uma das mulheres
CLIENTE: Quero seis pães, por favor.
A mulher sorri e fica olhando para ele por alguns segundos antes de pegar
os pães, o que faz as duas outras funcionárias estranharem.
MULHER UM (com uma voz muito doce): Aqui estão os seus pães.
CLIENTE (se retirando): Obrigado
MULHER DOIS: Que doçura toda foi essa, amiga?
MULHER UM: Doçura? Que doçura, amiga?
MULHER TRÊS: Isso tudo foi muito estranha.
3. MULHER UM: Cale a boca que ninguém te chamou na conversa, Karina.
KARINA (MULHER TRÊS): Credo, como você é má.
MULHER UM: Vamos coversar lá no andar de cima Emanuelle?
EMANUELLE (MULHER DOIS): Será, Yasmim? Gorda do jeito que a
Karina é vai se difícil não ficar perto dela. Sua gordura ocupa todos os
espaços do condomínio
KARINA (gritando): Não fale assim comigo, Emanuelle!!
YASMIM (MULHER UM): Não se esqueça que eu sou sua chefe e a Manu
é minha melhor amiga. Se você levantar o tom pra ela de novo, será
despedida.
EMANUELLE: Sem falar que gritando assim você assusta os clientes.
YASMIM: Se bem que só a cara dela já espantaria. Vamos lá pra cima
logo, amiga.
Yasmim e Emanuelle vão para o andar de cima, um apartamento em que as
duas moram. Karina permanece no balcão e chama um funcionário que
estava varrendo o local para ajuda-la no balcão.
KARINA: Lucas, aconteceu uma coisa muito estranha.
LUCAS (FUNCIONÁRIO): O quê?
KARINA: A Yasmim foi doce com um cliente
LUCAS: Doce? Tem certeza?
KARINA: Sim, ela até sorriu?
LUCAS: Sorriu? Tem certeza?
KARINA: Pare com isso! É claro que eu tenho certeza
LUCAS: Mas porque será? Em todos os cinco anos que eu trabalho aqui
nunca vi ela ser doce com um cliente
KARINA: Será que ela está apaixonada?
LUCAS: Não sei... Sempre achei que ela namorasse a Emanuelle.
4. KARINA: Não... Elas nunca deram nenhum sinal de que eram um casal.
LUCAS: Ela nunca foi gentil com um homem.
KARINA: Eu sei. Mas em alguma hora a gente deve saber que bicho a
mordeu.
CENA DOIS
Yasmim e Emanuelle chegam ao quarto
YASMIM: Quem era aquele moço que apareceu agora a pouco?
EMANUELLE: O nome dele é Charles. Ele se mudou faz pouco tempo.
Achei estranho que ele passou aqui, pois é um dos poucos que sempre vai à
cidade.
YASMIM: Eu reparei nas roupas de marca dele. Esse Charles é rico?
EMANUELLE: Muito. Ele mora em um daqueles dois casarões no final do
condomínio. O outro é do Jonas. Como ele é o síndico, nem paga aluguel,
então achei que ninguém pudesse pagar por aquilo.
YASMIM: Ele deve ser bilionário!
EMANUELLE: O quê você tá tramando, amiga?
YASMIM: Vou dar o golpe do baú.
EMANUELLE: Você vai tacar um baú nele?
Yasmim dá um soco em Emanuelle
YASMIM: Burra!! Sem esse tipo de piadinha pra mim, entendeu?
EMANUELLE (Limpando o pouco de sangue que saiu): Entendi, amiga.
Pode deixar.
YASMIM: Limpa essa merda de rosto que nós vamos descer ver o que
aquela gordona tá fazendo.
CENA TRÊS
Um homem está digitando algo em seu escritório quando uma mulher
chega.
5. MULHER: Tudo bem Jonas?
JONAS (HOMEM): Como você ousa perguntar se está tudo bem?
Jonas se levanta e se posiciona em frente à mulher
JONAS: As coisas não estão indo bem. Os condôminos são grossos uns
com os outros, não se ajudam, não pagam o aluguel em dia.
MULHER: Normal.
JONAS (se exaltando): Normal? Você não vê que isso estraga meu sonho?
De um mundo melhor para os nossos filhos.
MULHER: Você está fazendo tempestade em copo d’água. Já pensou em
procurar aquela psicóloga que eu lhe falei?
JONAS: Psicóloga? Quem deveria procurar psicólogo é você, que está feliz
com esse mundo em que vivemos.
MULHER: A vida é assim
JONAS: Jussara, você percebe o que está falando? Você está louca.
JUSSARA: Eu estou louca? Você que gastou milhões construindo esse
condomínio horroroso.
JONAS: Condomínio horroroso? O mundo é horroroso! Sem falar que a
melhor coisa que eu fiz na vida foi ter me mudado para cá há muitos anos
atrás. E depois ter construído um condomínio
JUSSARA: Se você está tão preocupado porque muitos não pagam o
aluguel em dia, porque não os despeja daqui? Isto é um condomínio para
ricos, não para qualquer um.
JONAS: Não posso expulsa-los. Quem me deve são, principalmente, o
Felipe, a Mariana, a Yasmim...
JUSSARA: Então! A Yasmim é a mais encrenqueira daqui. Manda ela
embora.
JONAS: Você sabe muito bem que não posso! Os pais de cada um dos três
foram meus melhores amigos no passado. Tenho que respeitar a memória
deles e a promessa que fiz de fazer tudo para o bem de seus filhos.
6. JUSSARA: Já faz mais de 20 anos que o penúltimo dos seus antigos
amigos morreu... Só sobrou o Azul. Não tem porque continuar mantendo
essa promessa
JONAS: Você é uma vagabunda! Olhe o que está dizendo
JUSSARA: É porque escolhi casar com você em detrimento da minha
sanidade.
JONAS: A culpa de tudo agora é minha?
JUSSARA: Sim.
JONAS: Saia do meu escritório porque eu não quero continuar brigando
com você.
Jussara sai. Jonas chora.
CENA QUATRO
Mesmo dia, 10 de Agosto de 2010, tarde.
A câmera volta para a padaria de Yasmim. Ela está descendo as escadas e
Lucas está atendendo um cliente.
FELIPE (CLIENTE): Eu quero um salgado
LUCAS: (Entregando o salgado a ele): Dois e cinquenta, Felipe.
FELIPE: Amigo, você podia por na minha conta, por favor?
LUCAS: Tem certeza? Sua conta já está grande.
FELIPE: Eu não tenho dinheiro agora. Mas eu pago, juro.
LUCAS: Tá bom
FELIPE: Você...
Yasmim aparece e interrompe Felipe
YASMIM: Como assim sua conta já está grande? Eu não acredito que você
tem comprado fiado aqui.
LUCAS: É só até ele conseguir um emprego
7. YASMIN: Do jeito que ele é vagabundo não vai conseguir nunca
FELIPE: Eu não aceito que você fale assim comigo.
YASMIN: E eu não aceito que você deixe de pagar a conta. Ou você larga
esse salgado e sai daqui ou eu chamo a policia.
FELIPE (indo em direção à porta): Eu saio.
YASMIN: Tenta conseguir um emprego no bar do Azul. Daí você paga a
sua conta. E com juros. Acho que você consegue, já que o Azul é um
babaca idiota.
CENA CINCO
Felipe entra em um bar e senta num banco em frente ao balcão. Um
atendente se aproxima dele
FELIPE: Oi Azul
AZUL: Oi amigo.
FELIPE: Você teria um emprego para me arrumar?
AZUL: Me desculpe, mas não estou precisando de nenhum funcionário
FELIPE: Por favor. Não precisa me pagar muito. Só o suficiente para eu
pagar o aluguel e comer. O dinheiro que a minha mulher ganha mal dá para
pagar as contas de luz e água.
AZUL: Tá bom. Eu te dou um emprego
CENA SEIS
Mesmo dia, 10 de Agosto de 2010, crepúsculo
Karina e Lucas estão fechando a padaria de Yasmin
KARINA (Trancando a porta da frente): Cadê a Yasmin e a Emanuelle?
LUCAS: Pelo que eu entendi foram atrás de um ricaço
KARINA: Ricaço? Que ricaço será esse?
CENA SETE
8. A câmera mostra Felipe entrando em sua casa. Sua mulher, Thaís, está lá
dentro.
FELIPE (sorridente): Arrumei um emprego
MULHER (raivosa): Aleluia. Já estava na hora de você me ajudar com as
contas. Não consigo pagar tudo sozinha. Sem falar que o aluguel custa bem
mais que o meu salário
FELIPE (engrossando o tom de voz): Então é assim? Eu me mato de tanto
procurar um emprego e você me vem com sermão?
THAÍS (dando um tapa em Felipe): Eu não aguento mais.
FELIPE: Quem não aguenta mais sou eu, sua vagabunda.
THAÍS: Sai da minha casa
FELIPE: Você vai ver só.
THAÍS: Isso é uma ameaça?
FELIPE: E se for?
THAÍS: Está tudo acabado entre nós. Amanhã mesmo vamos a cidade
pedir divórcio.
FELIPE: Ótimo
THAÍS: Ótimo.
FELIPE: Eu sei que você não vive sem mim
THAÍS: Veremos.
FELIPE: E todos os anos que passamos juntos...
THAÍS: Foram um lixo
FELIPE: Continua falando assim que eu te mato.
THAÍS: Mata? Quem te mata sou eu.
9. Thaís pega uma faca de cozinha que estava em cima da mesa e a aponta
para Felipe.
FELIPE (chorando): Não faça isso, por favor.
THAÍS: Agora você é gentil, né?
Thaís se aproxima mais de Felipe e encosta levemente a faca em sua
garganta
FELIPE: Por favor, afaste essa faca de mim.
THAÍS: Em menos de dez segundos eu posso te matar
FELIPE: Mas você não é uma assassina.
THAÍS: Eu sei. Não vou te matar
Thaís se afasta de Felipe
THAÍS: Mas vaza daqui antes que eu mude de ideia.
FELIPE: Obrigado.
Felipe sai e Thaís cai aos prantos
THAÍS (falando sozinha): Será que você tá certa, Thaís? Expulsando seu
maior amor de casa e falando que todos esses anos não valeram nada?
CENA DOIS
Mesmo dia, 10 de Agosto de 2010, noite.
Yasmim e Emanuelle estão em frente a uma casa enorme
YASMIM: É agora.
EMANUELLE: O que vai fazer?
YASMIM: Usar todo o meu charme para chama-lo para sair
EMANUELLE (olhando com atenção para a casa): Uau! Essa casa é muito
grande. A diferença com as outras do condomínio é gritante
YASMIM: Ele deve ser muito rico mesmo. Achei minha alma gêmea. Se
afaste um pouco que eu vou falar com ele.
10. Emanuelle se afasta e Yasmim toca a campainha. Charles abre a porta.
CHARLES: Pois não?
YASMIM (sorrindo): Oi. Tá lembrado de mim?
CHARLES: Não.
YASMIM: Faz um esforçinho
CHARLES: Ah é. Você é uma empregada daquela padaria xexelenta
YASMIM (Mantendo o sorriso): Dona, na verdade.
CHARLES: O que você quer?
YASMIM: Te convidar para sair. Tomar um sorvete, de repente.
CHARLES: Por quê?
YASMIM: Ora, porque eu te achei muito atraente. Então... Topa?
CHARLES: Nunca. Você é pobre. Não saio com mendigos.
YASMIM: Mas...
CHARLES (interrompendo a garota): Adeus.
Charles bate a porta. Yasmim volta até Emanuelle.
EMANUELLE: Você está bem? O que aconteceu?
YASMIM: Estou. Ele não quer ficar comigo
EMANUELLE: Que pena. Vai ver ele não quis porque está tarde. Já são
quase dez horas da noite.
YASMIM: Não é isso não. Mas ele vai me pagar.
EMANUELLE: O que quer dizer?
YASMIM: Daqui a pouco você vai saber.
CENA TRÊS
A câmera mostra um homem saindo de sua casa. Ele carrega um livro e se
dirige a praça do condomínio. Senta-se em um banco e começa a ler.
11. Podemos observar Emanuelle e Yasmim caminhando ao fundo. Elas veem
o rapaz e começam a conversar. Ele não as vê.
EMANUELLE: Olhe lá, Yasmim. É o vagabundo do Renato.
YASMIM: E daí?
EMANUELLE: Pensa que eu não me esqueci da mágoa que ele me
causou? Nós éramos felizes juntos.
YASMIM: Eu me lembro bem da época que vocês namoravam. Você tinha
uma vida e não ficava me enchendo o saco o dia inteiro
EMANUELLE: Credo, eu sou sua amiga. Mas, enfim... Eu quero me
vingar. Ele terminou comigo friamente. Disse que eu era trambiqueira,
bandida. E depois passou a namorar aquela vadia da Ellen.
YASMIM: Tá bom. Eu te ajudo a se vingar.
EMANUELLE: Como?
YASMIM: Fica aqui.
Yasmim se aproxima de Renato
YASMIM: Oi, Rê.
RENATO: O quê você quer?
YASMIM: Só conversar. Cadê a Ellen?
RENATO: Ela foi à cidade. Está pra chegar a qualquer momento.
YASMIM: Interessante. Seguinte...
RENTADO: Diga.
YASMIM: Você sabe que eu sou capaz de qualquer coisa, né?
RENATO: Você e aquela louca da Emanuelle. São duas bandidas.
YASMIM: Isso mesmo. Vou te mandar a real: Agora você vai me beijar e
depois dizer que me ama, ok? Se não... Sua namoradinha vai morrer...
RENATO (fechando o seu livro e ficando sério): Por que você quer fazer
isso?
12. YASMIM: Me beija logo se não seu amorzinho vai parar debaixo da terra.
Renato e Yasmim se beijam. Emanuelle observa de longe e se assusta. O
beijo é duradouro e uma mulher aparece. Ela vê Yasmim e começa a
chorar.
MULHER (se aproximando): Renato? O que está acontecendo?
YASMIM (parando com o beijo): Eu te amo, Rê.
RENATO (chorando e gaguejando): Eu... Também te amo, Yasmim.
MULHER: O que está acontecendo aqui?
YASMIM: Ele não te quer mais, Ellen. Seu namoradinho adquiriu bom
gosto e agora me ama. Eu sou muito mais gostosa que você.
ELLEN (aos prantos): Seu cafajeste. Achei que você me amava.
RENATO: Eu a...
Yasmim cala Renato com outro beijo e Ellen vai embora correndo. Em
seguida, Yasmim encerra o beijo.
YASMIM: Isso é por você magoar minha amiga.
Yasmim dá um tapa em Renato e vai até Emanuelle. Renato chora.
YASMIM: Pronto, Emanuelle. Nos vingamos do seu ex. Agora vamos nos
vingar do Charles.
CENA QUATRO
A câmera mostra Lucas em sua casa. Karina está com ele e os dois estão
vendo televisão. Alguém bate na porta. É Felipe, aos prantos.
LUCAS: Felipe... O que aconteceu?
FELIPE (tentando parar com o choro): Eu e a Thais brigamos e ela me
expulsou de casa.
KARINA: Brigaram por quê?
FELIPE: Eu nem sei ao certo. Talvez seja porque demorei muito para
arrumar um emprego. Mas então ela deveria ter me expulsado antes, ao
invés de agora que eu estou trabalhando? Deve ser por outra coisa.
13. KARINA: Será que ela está te traindo?
FELIPE: Não tenho ideia. Mas... Lucas... Posso dormir aqui na sua casa
hoje?
LUCAS: Claro.
CENA CINCO
Charles está em sua casa na companhia de uma mulher que está varrendo o
carpete.
MULHER: Deixa-me descansar, por favor.
CHARLES: Não
MULHER: Eu estou cansada. Você é rico. Pode contratar muitas
empregadas.
CHARLES: Termina de limpar logo
MULHER: Você não era assim quando nos casamos
CHARLES: Porque não pede o divórcio, Carolina?
CAROLINA (MULHER): Você sabe.
CHARLES: Tá. Termina isso logo se não você não ganha nenhum dos pães
fedorentos que eu comprei na padaria horrível deste condomínio.
CENA CINCO
Ellen entra em uma casa. Uma garota está vendo televisão.
ELLEN (gaguejando): Mariana...
A namorada de Renato estava chorando. Ela cai no chão. Mariana se
aproxima e ajuda a mulher a se levantar.
MARIANA: O que aconteceu?
Ellen não conseguiu responder
MARIANA (colocando Ellen numa cadeira): Vou buscar um copo d’água.
Mariana entrega a água a amiga que, trêmula, acaba deixando o copo cair e
quebrar.
14. MARIANA: Amiga... Me diga... O que aconteceu?
A outra gemeu e tentou falar alguma coisa, sem sucesso.
MARIANA: Você quer dormir aqui em casa hoje? Amanhã você tenta me
dizer o que houve.
CENA SEIS
Dia seguinte, 11 de Agosto de 2010, manhã.
Charles e Carolina saem de sua casa. Após alguns minutos Yasmim e
Emanuelle se aproximam do local. Esta aparenta nervosismo e aquela está
com uma mochila.
EMANUELLE: Não tem perigo de eles voltarem?
YASMIM: Fiquei sabendo que vão voltar só amanhã. Vamos ter tempo
suficiente para a minha vingança.
EMANUELLE: Quem é aquela biscate que saiu com ele?
YASMIM: Pelas roupas, deve ser a empregada. Olhe (apontou para a casa).
Uma janela está aberta. Acho que conseguimos entrar
As duas, com um pouco de dificuldade, conseguem passar pela janela e
chegar à sala de estar.
EMANUELLE: O que você pretende fazer?
YASMIM: Se ele não quis dividir a grana comigo, ele não vai ter mais
nada.
EMANUELLE: Mas o que tem nessa mochila. E o que você vai fazer?
YASMIM: Fogo.
EMANUELLE: O quê?
Yasmim retira uma garrafa de álcool de sua mochila e o espalha pelo local.
EMANUELLE: Pare com isso.
Yasmim acende um fósforo e solta no chão. O fogo começa a se espalhar.
EMANUELLE: Você não devia ter feito isso
15. YASMIM: Cala a boca e vamos sair daqui logo antes que o fogo nos
impeça. E se você continuar reclamando eu dou um jeito de te deixar aqui
pra você morrer queimada.