Clovito é um dos principais artistas modernistas de Mato Grosso, notável por suas pinturas hiper-realistas de índios. Ele nasceu em 1949 e demonstrou aptidão para a arte desde a infância, vencendo prêmios de desenho na escola. Sua carreira decolou na década de 1960 com exposições em São Paulo e no Rio de Janeiro. Clovito é conhecido por seu estilo irreverente e por ter tatuado o próprio rosto.
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Artes
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2. O Clovito
O Clovito é um dos artistas que mais representa a gênese da pintura
moderna em Mato Grosso, ao lado de Humberto Espíndola, João Sebastião, e
Dalva de Barros. É por sugestão de Espíndola, que começa a pintar os índios.
O índio, segundo Irigaray, é sua grande descoberta e a realização de sua
natureza.
Mas enfim, vamos para o início da sua história...
3. Clóvis Huguiney Irigaray,
o Clovito, como é carinhosamente
chamado, nasceu em 1949, na cidade de
Alto Araguaia. Manifestou vocação para
o desenho muito cedo, segundo o artista
a mãe também tinha facilidade para
desenhar. Já no ginásio, em sua cidade
natal, obteve o prêmio em concurso de
alunos, com “Retrato de Cristo” (1963).
Seu início
4. Retrato de Cristo (1963)
A relação com a pintura aconteceu desde cedo. Já na
infância, Clovito mostrou aptidão para o desenho, assim
como a mãe que tinha facilidade com a pintura. Foi se
moldando ao longo dos anos, até chegar ao que conhecemos
hoje. São cores e formas que contam histórias, que revelam
sonhos, que fazem querer o que há além da primeira
impressão e mergulhar em um novo mundo de sentidos.
5. Carreira (1968)
Dá inicio à sua carreira em 1968 com a
Exposição “Cinco artistas de Mato Grosso”, na
galeria do Cine Bela Artes de São Paulo, no Salão
Municipal de Belo Horizonte (MG) e diversos
outros. Em 1974 participa da Bienal Nacional de
São Paulo, e em 1975, além de participar da versão
XXIV do salão Nacional de Arte Moderna do Rio
de Janeiro, ganha prêmio aquisição no VI salão
Paulista de Arte Contemporânea.
6. Por volta de 1957, Clovito iniciou a fase indigenista com um enfoque hiper-
realista. E se consolidou. É através do índio que o pintor conseguiu expressar a
sua preocupação com as raízes, mesmo sem nunca ter ido a uma aldeia indígena,
Clovito conseguiu captar a essência indígena e traduzi-la em um mundo
simbólico, mas realista. E traz o índio empresário da Coca-Cola, general,
astronauta, atleta e professor.
Fase Indigenista
8. Cultura Indigenista
Precursor da modernidade das artes plásticas
no Estado, Irigaray é o avesso do avesso, e a sua
irreverência é notada, principalmente, na sua
forma de ser. Tanto que assimilou aos poucos os
elementos simbólicos das culturas indígenas, sem
nunca ter visitado nenhuma aldeia.
12. Entrevista com Clovito
MidiaNews – Há muita curiosidade sobre o motivo que levou o senhor a tatuar o rosto.
Como se deu esse processo? Começou quando e levou quanto tempo?
”Começou com os Beatles. Depois veio o festival de Woodstock (1969). A Janis Joplin e o
Jemi Hendrix me incentivaram muito a ter uma visão moderna do mundo, uma coisa que fosse
mais livre de pensamento. As mulheres não raspavam mais o sovaco, existia um novo modo de
assumir a vida e foi quando eu me entusiasmei em seguir a evolução da sociedade por esse
aspecto de moda. Como que a moda evolui? Por que existe isso? Me pegava pensando sobre
isso. Hoje, por exemplo, nós estamos vivendo uma época em que a tatuagem é uma fase. Todo
mundo hoje em dia tem uma tatuagem no braço, na perna e estão partindo para o rosto. Os
piercings, os brincos. No meu caso, comecei a pintar o rosto quando conheci uma menina
brasileira que tinha vindo da Itália e tinha feito uma tatuagem no braço, umas rosas pretas.”
13. “Quando eu vi aquilo eu enlouqueci, pirei. Eu gosto muito de preto, adoro preto. É
claro, e eu fico pensando, nós temos que prestar conta, depor, sobre essa evolução.
Porque a evolução de uma civilização, de uma cultura, é um passo muito chocante. Como
é que ninguém percebe? Eu estou falando da minha tatuagem e da tatuagem de forma
geral e existe esse depoimento, isso de se explicar. Pintar o rosto foi uma forma de
contracultura, de quebrar paradigmas estabelecidos naquela ocasião. ”
14. MidiaNews – Ainda hoje, há muito estranhamento ou choque?
Causa choque. É muito louco e eu não consigo definir exatamente o que as pessoas
sentem. Eu me sinto homem. Custei para assumir que eu me sentia homem. Até isso, você
veja bem, levou um tempo. De uma forma diferente, não como a tradicional, comumente
usada de homem-mulher, mas um homem. Não preciso dar mais outras referências de minha
sexualidade. Não, eu não acredito mais nisso. Eu acho que a gente faz sexo de todo jeito que
existe para ser feito. Acabou aquela mania minha de ser só de Deus, de querer só mulher. Ser
homem também é bom. Ser tudo que existe. Homem com homem, mulher com mulher,
homem com mulher. Tudo. Eu acho que nós somos mutantes. Nós temos que aprender a
assumir as formas de vida que existem .
15. MidiaNews - E como o senhor espera estar daqui uns anos? Ainda se imagina artista?
Eu não tenho muita esperança de futuro não. Eu tenho um processo de tratamento de
enfisema pulmonar que me detona muito. E pode ser que me dê problema de vida, de tempo de
vida. Pode ser que eu não chegue aos 80 ou 90 anos, que eu gostaria muito de chegar.
Quem não gostaria de chegar aos 90? Ficar conversando, jogando conversa fora, vivendo mesmo,
tomando o cafezinho todo dia.