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PODER JUDICIÁRIO
                  TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
                               PRESIDÊNCIA

SL Nº 4214 – CE (0000530-42.2011.4.05.0000)
REQTE: CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
ADV/PROC: VANESSA PIRES NUNES e outros
REQDO: JUÍZO DA 4ª VARA FEDERAL DO CEARÁ (FORTALEZA)
PARTE A: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PARTE R: CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
PARTE R: FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
RELATOR: DES. FEDERAL LUIZ ALBERTO GURGEL DE FARIA (PRESIDENTE)



                           DECISÃO

                       Cuida-se de pedido de suspensão de liminar concedida, em
parte, pelo Juízo da 4ª Vara Federal da Seção Judiciária do Ceará, nos autos da ação
civil pública nº 0014822-16.2010.4.05.8100, para efeito de, no tocante ao Exame de
Ordem Unificado 2010.2, compelir o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil e a Fundação Getúlio Vargas a:

                        1) recorrigirem, em prazo razoável, com base nos parâmetros do
art. 6º, §3º, do Provimento nº 136/2009 da OAB, e dos itens 3.5.1.1 e 5.7 do Edital, as
provas prático-profissionais de todos os candidatos1 que, aprovados na 1ª fase, foram
reprovados na 2ª fase, mesmo que eventualmente tenham recorrido e, nesse caso, desde
que seu recurso administrativo não tenha sido provido ou tenha sido provido com a
concessão de pontuação insuficiente para assegurar sua aprovação no referido Exame; e

                         2) realizarem a divulgação dos espelhos de todas as provas
recorrigidas e concederem prazo para a interposição de eventuais novos recursos
administrativos, apreciando-os regularmente, com obediência, para tanto, no que for
cabível, à liturgia operacional já disciplinada nos itens 5.1.1, 5.2, 5.2.1 e 5.3 do Edital,
dentre outras normas porventura aplicáveis.

                       O requerente defende, em síntese, a ocorrência do efeito
multiplicador da demanda, uma vez que o decisum impugnado abrirá precedente para o
ajuizamento de ações semelhantes (individuais ou coletivas), o que causará indiscutível
insegurança jurídica. Atenta, ainda, para a concretização de grave lesão à ordem
pública, na sua feição administrativa, bem assim à ordem jurídica e econômica. No
tocante à ordem jurídico-administrativa, destaca a natural dificuldade para recorrigir as
provas prático-profissionais de todos os candidatos reprovados no Exame2, inclusive
1
  O juízo a quo deixou consignado que a liminar alcançaria, apenas, aqueles candidatos que optaram, “no
ato de inscrição do Exame, pelas Seccionais da OAB sediadas no território da Subseção Judiciária de
Fortaleza, nos termos do item 2.4.1 do Edital”.
2
  Consoante destacado à fl. 12, foram 31.258 candidatos reprovados na 2ª etapa do Exame.
PODER JUDICIÁRIO
                TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
                             PRESIDÊNCIA

daqueles que, ao serem reprovados na primeira etapa, abstiveram-se de apresentar
recurso administrativo no tempo oportuno e que, com o deferimento da liminar, valer-
se-ão de tal faculdade, o que comprometerá o funcionamento regular da Ordem dos
Advogados do Brasil. Aduz, em seguida, que a decisão atacada determina a recorreção
das provas em prazo razoável, porém não define em que consiste essa razoabilidade.
Por fim, no tocante ao dano financeiro, ressalta que a taxa de inscrição cobrada (R$
200,00) não contempla os custos necessários à recorreção das provas, limitando-se a
cobrir as despesas imprescindíveis à organização estrutural do Exame e das suas duas
fases de aplicação, não dispondo a requerente, portanto, de condições financeiras para
recorrigir ditas avaliações.

                       Passo a decidir.

                        A análise da questão a ser dirimida há de ser feita em perfeita
sintonia com o objetivo da suspensão de segurança, que consiste em subtrair a eficácia
de decisão desfavorável à Fazenda Pública quando presentes os seguintes requisitos:
possibilidade de grave lesão à ordem, à saúde, à segurança ou à economia públicas, nos
termos do art. 4º da Lei nº 8.437/92.

                       Destaque-se, outrossim, que o referido incidente processual não
comporta o exame do mérito da controvérsia principal, o qual deverá ser promovido nos
autos do feito originário ou mesmo em sede do recurso adequado. A medida
excepcional, repita-se, deve ser manejada exclusivamente para se afastar a ameaça
iminente de profunda lesão a um dos valores públicos tutelados por lei.

                       Nesse sentido, vale transcrever a doutrina de Marcelo Abelha
Rodrigues (in Suspensão de Segurança – Sustação da eficácia de decisão judicial
proferida contra o Poder Público. 2. ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p. 96).
                       Nunca é demais repetir que o pedido de suspensão requerido ao presidente do
                       tribunal não pretende a reforma ou anulação da decisão, o que significa dizer
                       que, mesmo depois de concedida a medida, o conteúdo da decisão
                       permanecerá incólume. As razões para se obter a sustação da eficácia da
                       decisão não está no conteúdo jurídico ou antijurídico da decisão concedida,
                       mas na sua potencialidade de lesão ao interesse público, como bem salientou
                       o Min. Edson Vidigal no AgRg 39-SC (2003/018807-1) ao dizer que o
                       “pedido de suspensão de liminar não possui natureza jurídica de recurso, ou
                       seja, não propicia a devolução do conhecimento da matéria para eventual
                       reforma. Trata-se de um instrumento processual de cunho eminentemente
                       cautelar, que tem por finalidade a obtenção de providência absolutamente
                       drástica, excepcional e provisória.”

                      No mesmo sentido, impõe-se conferir o magistério de César
Arthur Cavalcanti de Carvalho (in O instituto da Suspensão da Decisão Judicial
Contrária ao Poder Público – um instrumento de proteção do interesse público, Recife:
Fundação Antônio dos Santos Abranches, 2008, p. 212), verbis:


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PODER JUDICIÁRIO
                     TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
                                  PRESIDÊNCIA

                               O presidente do tribunal não revoga ou modifica a decisão hostilizada, não
                               realizando controle de legalidade ou justiça da decisão, mas sim assevera a
                               presença do interesse público a impor a sustação. Trata-se de medida
                               excepcional, drástica e provisória, aplicável obrigatoriamente de forma
                               restrita.

                               Na hipótese de que se cuida, vislumbro a presença dos
pressupostos legais.

                       Com efeito, a possibilidade de grave lesão à ordem pública, aqui
considerada na acepção ordem administrativa, decorre do desdobramento operacional
do qual a Ordem dos Advogados do Brasil terá que se valer para recorrigir as provas
prático-profissionais dos candidatos que foram reprovados no Exame, implicando,
inquestionavelmente, transtornos de monta aos seus organizadores e ao funcionamento
da Instituição, que se verá na tarefa de mobilizar toda uma estrutura para dar
cumprimento à decisão judicial.

                       Afora isso, convém destacar que um novo Edital (2010.3) já foi
              3
publicado e, caso a liminar não seja suspensa, restará inviável à requerente administrar,
ao mesmo tempo, a recorreção das provas relativas ao Exame 2010.2 e a efetivação do
cronograma do Exame que se encontra com as inscrições abertas, tendo em vista que,
dificilmente, a OAB disporá de aparato administrativo suficiente para tanto. O dano à
ordem pública, portanto, restará configurado, mormente se atentarmos para a
abrangência nacional da Prova realizada pelo referido Ente.

                       Lado outro, o efeito multiplicador da demanda também se
encontra presente, pois é certo que, embora a decisão do Juízo a quo esteja restrita à
Seção Judiciária do Ceará, os outros candidatos reprovados, que realizaram as provas
nos demais Estados brasileiros, certamente irão mobilizar-se para ingressar com ações
judiciais semelhantes, sejam elas individuais ou coletivas, para o fim de obterem
provimento de urgência idêntico ao que foi deferido nos autos da actio de que ora se
cuida.

                      Demais disso, é importante ressaltar que a quantidade de
candidatos que não obtiveram êxito no Exame, em todo o país, atinge a marca de mais
de trinta e uma mil pessoas, de maneira que, se configurado o efeito multiplicativo
acima mencionado, com a promoção de pedidos de recorreção de provas de todos esses
candidatos, o custo econômico para a requerente será altíssimo, principalmente se
considerado que ela não terá como arcar com esse custo, já que depende, para a sua
manutenção, das anuidades pagas pelos advogados e estagiários inscritos na OAB.

                       A promovente, assim, não terá disponibilidade financeira para
cobrir as despesas referentes à recorreção das provas prático-profissionais do Exame

3
    Conforme se verifica no seguinte site: http://oab.fgv.br.


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PODER JUDICIÁRIO
                TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO
                             PRESIDÊNCIA

2010.2, até porque o valor cobrado a título de taxa de inscrição, na certa, não está
programado para cobrir esse tipo de gasto extra.

                      Configurados estão, dessa forma, os requisitos autorizadores
para concessão da medida extrema.

                       À vista do exposto, DEFIRO o pedido para suspender os efeitos
da liminar concedida na Ação Civil Pública nº 0014822-16.2010.4.05.8100.

                      Comunique-se ao juízo a quo para cumprimento.

                      P. I.

                      Recife, 18 de janeiro de 2011.


                     LUIZ ALBERTO GURGEL DE FARIA
                               Presidente




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OAB pede suspensão de liminar que determinou recorreção de provas do Exame da Ordem

  • 1. PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO PRESIDÊNCIA SL Nº 4214 – CE (0000530-42.2011.4.05.0000) REQTE: CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL ADV/PROC: VANESSA PIRES NUNES e outros REQDO: JUÍZO DA 4ª VARA FEDERAL DO CEARÁ (FORTALEZA) PARTE A: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PARTE R: CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL PARTE R: FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS RELATOR: DES. FEDERAL LUIZ ALBERTO GURGEL DE FARIA (PRESIDENTE) DECISÃO Cuida-se de pedido de suspensão de liminar concedida, em parte, pelo Juízo da 4ª Vara Federal da Seção Judiciária do Ceará, nos autos da ação civil pública nº 0014822-16.2010.4.05.8100, para efeito de, no tocante ao Exame de Ordem Unificado 2010.2, compelir o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e a Fundação Getúlio Vargas a: 1) recorrigirem, em prazo razoável, com base nos parâmetros do art. 6º, §3º, do Provimento nº 136/2009 da OAB, e dos itens 3.5.1.1 e 5.7 do Edital, as provas prático-profissionais de todos os candidatos1 que, aprovados na 1ª fase, foram reprovados na 2ª fase, mesmo que eventualmente tenham recorrido e, nesse caso, desde que seu recurso administrativo não tenha sido provido ou tenha sido provido com a concessão de pontuação insuficiente para assegurar sua aprovação no referido Exame; e 2) realizarem a divulgação dos espelhos de todas as provas recorrigidas e concederem prazo para a interposição de eventuais novos recursos administrativos, apreciando-os regularmente, com obediência, para tanto, no que for cabível, à liturgia operacional já disciplinada nos itens 5.1.1, 5.2, 5.2.1 e 5.3 do Edital, dentre outras normas porventura aplicáveis. O requerente defende, em síntese, a ocorrência do efeito multiplicador da demanda, uma vez que o decisum impugnado abrirá precedente para o ajuizamento de ações semelhantes (individuais ou coletivas), o que causará indiscutível insegurança jurídica. Atenta, ainda, para a concretização de grave lesão à ordem pública, na sua feição administrativa, bem assim à ordem jurídica e econômica. No tocante à ordem jurídico-administrativa, destaca a natural dificuldade para recorrigir as provas prático-profissionais de todos os candidatos reprovados no Exame2, inclusive 1 O juízo a quo deixou consignado que a liminar alcançaria, apenas, aqueles candidatos que optaram, “no ato de inscrição do Exame, pelas Seccionais da OAB sediadas no território da Subseção Judiciária de Fortaleza, nos termos do item 2.4.1 do Edital”. 2 Consoante destacado à fl. 12, foram 31.258 candidatos reprovados na 2ª etapa do Exame.
  • 2. PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO PRESIDÊNCIA daqueles que, ao serem reprovados na primeira etapa, abstiveram-se de apresentar recurso administrativo no tempo oportuno e que, com o deferimento da liminar, valer- se-ão de tal faculdade, o que comprometerá o funcionamento regular da Ordem dos Advogados do Brasil. Aduz, em seguida, que a decisão atacada determina a recorreção das provas em prazo razoável, porém não define em que consiste essa razoabilidade. Por fim, no tocante ao dano financeiro, ressalta que a taxa de inscrição cobrada (R$ 200,00) não contempla os custos necessários à recorreção das provas, limitando-se a cobrir as despesas imprescindíveis à organização estrutural do Exame e das suas duas fases de aplicação, não dispondo a requerente, portanto, de condições financeiras para recorrigir ditas avaliações. Passo a decidir. A análise da questão a ser dirimida há de ser feita em perfeita sintonia com o objetivo da suspensão de segurança, que consiste em subtrair a eficácia de decisão desfavorável à Fazenda Pública quando presentes os seguintes requisitos: possibilidade de grave lesão à ordem, à saúde, à segurança ou à economia públicas, nos termos do art. 4º da Lei nº 8.437/92. Destaque-se, outrossim, que o referido incidente processual não comporta o exame do mérito da controvérsia principal, o qual deverá ser promovido nos autos do feito originário ou mesmo em sede do recurso adequado. A medida excepcional, repita-se, deve ser manejada exclusivamente para se afastar a ameaça iminente de profunda lesão a um dos valores públicos tutelados por lei. Nesse sentido, vale transcrever a doutrina de Marcelo Abelha Rodrigues (in Suspensão de Segurança – Sustação da eficácia de decisão judicial proferida contra o Poder Público. 2. ed., São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p. 96). Nunca é demais repetir que o pedido de suspensão requerido ao presidente do tribunal não pretende a reforma ou anulação da decisão, o que significa dizer que, mesmo depois de concedida a medida, o conteúdo da decisão permanecerá incólume. As razões para se obter a sustação da eficácia da decisão não está no conteúdo jurídico ou antijurídico da decisão concedida, mas na sua potencialidade de lesão ao interesse público, como bem salientou o Min. Edson Vidigal no AgRg 39-SC (2003/018807-1) ao dizer que o “pedido de suspensão de liminar não possui natureza jurídica de recurso, ou seja, não propicia a devolução do conhecimento da matéria para eventual reforma. Trata-se de um instrumento processual de cunho eminentemente cautelar, que tem por finalidade a obtenção de providência absolutamente drástica, excepcional e provisória.” No mesmo sentido, impõe-se conferir o magistério de César Arthur Cavalcanti de Carvalho (in O instituto da Suspensão da Decisão Judicial Contrária ao Poder Público – um instrumento de proteção do interesse público, Recife: Fundação Antônio dos Santos Abranches, 2008, p. 212), verbis: acs04 SL 4214 2
  • 3. PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO PRESIDÊNCIA O presidente do tribunal não revoga ou modifica a decisão hostilizada, não realizando controle de legalidade ou justiça da decisão, mas sim assevera a presença do interesse público a impor a sustação. Trata-se de medida excepcional, drástica e provisória, aplicável obrigatoriamente de forma restrita. Na hipótese de que se cuida, vislumbro a presença dos pressupostos legais. Com efeito, a possibilidade de grave lesão à ordem pública, aqui considerada na acepção ordem administrativa, decorre do desdobramento operacional do qual a Ordem dos Advogados do Brasil terá que se valer para recorrigir as provas prático-profissionais dos candidatos que foram reprovados no Exame, implicando, inquestionavelmente, transtornos de monta aos seus organizadores e ao funcionamento da Instituição, que se verá na tarefa de mobilizar toda uma estrutura para dar cumprimento à decisão judicial. Afora isso, convém destacar que um novo Edital (2010.3) já foi 3 publicado e, caso a liminar não seja suspensa, restará inviável à requerente administrar, ao mesmo tempo, a recorreção das provas relativas ao Exame 2010.2 e a efetivação do cronograma do Exame que se encontra com as inscrições abertas, tendo em vista que, dificilmente, a OAB disporá de aparato administrativo suficiente para tanto. O dano à ordem pública, portanto, restará configurado, mormente se atentarmos para a abrangência nacional da Prova realizada pelo referido Ente. Lado outro, o efeito multiplicador da demanda também se encontra presente, pois é certo que, embora a decisão do Juízo a quo esteja restrita à Seção Judiciária do Ceará, os outros candidatos reprovados, que realizaram as provas nos demais Estados brasileiros, certamente irão mobilizar-se para ingressar com ações judiciais semelhantes, sejam elas individuais ou coletivas, para o fim de obterem provimento de urgência idêntico ao que foi deferido nos autos da actio de que ora se cuida. Demais disso, é importante ressaltar que a quantidade de candidatos que não obtiveram êxito no Exame, em todo o país, atinge a marca de mais de trinta e uma mil pessoas, de maneira que, se configurado o efeito multiplicativo acima mencionado, com a promoção de pedidos de recorreção de provas de todos esses candidatos, o custo econômico para a requerente será altíssimo, principalmente se considerado que ela não terá como arcar com esse custo, já que depende, para a sua manutenção, das anuidades pagas pelos advogados e estagiários inscritos na OAB. A promovente, assim, não terá disponibilidade financeira para cobrir as despesas referentes à recorreção das provas prático-profissionais do Exame 3 Conforme se verifica no seguinte site: http://oab.fgv.br. acs04 SL 4214 3
  • 4. PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO PRESIDÊNCIA 2010.2, até porque o valor cobrado a título de taxa de inscrição, na certa, não está programado para cobrir esse tipo de gasto extra. Configurados estão, dessa forma, os requisitos autorizadores para concessão da medida extrema. À vista do exposto, DEFIRO o pedido para suspender os efeitos da liminar concedida na Ação Civil Pública nº 0014822-16.2010.4.05.8100. Comunique-se ao juízo a quo para cumprimento. P. I. Recife, 18 de janeiro de 2011. LUIZ ALBERTO GURGEL DE FARIA Presidente acs04 SL 4214 4