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Barreiras comerciais: Análise dos Picos Tarifários
dos Estados Unidos e o Agronegócio Brasileiro
Introdução
BrasileEstadosUnidosestãoentreosprin-
cipais produtores e exportadores agrope-
cuários do mundo. Além de desempenha-
rem papel fundamental no abastecimento
do mercado internacional de alimentos,
possuem populações numerosas, que ga-
rantem grandes demandas internas. Isso
faz com que os dois países sejam também
importantes importadores, inclusive, um
do outro. Em 2016, o Brasil comprou US$
1,44 bilhão em produtos do agronegócio
americano e exportou US$ 6,26 bilhões1
.
Neste cenário, condições justas de acesso
a mercados, sem barreiras infundadas e
tarifas proibitivas, ajudam a garantir que
essa demanda seja atendida da melhor
forma possível.
Os dois países possuem sistemas pro-
dutivos semelhantes, o que permite
cooperação em diferentes áreas de pes-
quisa e atuação coordenada em fóruns
internacionais relevantes para o comér-
cio agrícola, principalmente na defesa de
bases científicas para o estabelecimento
1
Agrostat - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil (MAPA).
2
Perfil Brasil - Serviços Externo de Agricultura do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, http://www.fas.usda.gov/regions/brazil.
3
Relações dos EUA com o Brasil - Departamento de Estado dos Estados Unidos, http://www.state.gov/r/pa/ei/bgn/35640.htm.
4
Glossário – Organização Mundial do Comércio (OMC) https://www.wto.org/english/thewto_e/glossary_e/tariff_peaks_e.htm.
Edição 11 - Março de 2017
de exigências2
. Um exemplo dessa coo-
peração é o Comitê Consultivo Agrícola
Brasil-EUA (CCA), principal fórum oficial
de negociação de temas agrícolas entre
os países, formado em 20033
. Por outro
lado, as características comuns de produ-
ção também acarretam alta concorrência
nos mercados mundial e domésticos em
vários setores, especialmente soja, mi-
lho, carnes de aves e bovinos.
Em geral, os EUA não têm tarifas de
importação muito elevadas. Em alguns
casos, entretanto, as tarifas aplicadas a
produtos agrícolas podem atingir níveis
extremos, tornando-se barreiras proibi-
tivas ao comércio. Nestes casos, é possí-
vel dizer que eles utilizam picos tarifá-
rios. Segundo a Organização Mundial do
Comércio (OMC), os picos tarifários são
“tarifas relativamente elevadas, geral-
mente [aplicadas] a produtos ‘sensíveis’,
em meio a níveis tarifários geralmente
baixos“4
. Quatro casos de picos tarifários
mais afetam as exportações do agrone-
gócio para os Estados Unidos:
- Pico tarifário geral: aplicado a todas as
importações de um produto;
- Pico tarifário sazonal: aplicado apenas
às importações em meses específicos do
ano;
- Pico tarifário de cota de importação:
aplicado às importações uma vez que a
quantidade especificada for atingida;
- Picos tarifários com a concorrência: o
Brasil tem pico tarifário nas exportações
para os EUA, mas compete com países
que têm tarifa menor e acordo de livre
comércio.
Internacionalmente reconhecidos como
entraves ao comércio internacional e ao
desenvolvimento, os picos tarifários são
especialmente frequentes no agronegó-
cio. Por esta razão, a Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)
analisa neste estudo os impactos dos
picos tarifários dos Estados Unidos nas
exportações do Brasil.
Como tarifas limitam as exportações para os EUA
Fonte: Trade Map and Mac Map/ITC e Tariff Analysis Online/OMC | Elaboração: SRI/CNA
twitter.com/SistemaCNA
facebook.com/SistemaCNA
instagram.com/SistemaCNA
www.cnabrasil.org.br
www.canaldoprodutor.tv.br
2Informativo Especial
2
Edição 11 - Março de 2017
Picos tarifários para produtos de origem bovina e de peru
Metodologia
1) Carne bovina e de peru
Inicialmente, foram selecionados dados
do comércio de todos os produtos5
do
agronegócio6
importados pelos Estados
Unidos do Brasil e do mundo. Também
foram consideradas as exportações bra-
sileiras dos mesmos produtos para o
mundo. A fim de minimizar os efeitos de
distorções esporádicas no comércio, foi
utilizada a média das compras e vendas
entre 2013 e 2015, para cada produto.
Em seguida, foram identificadas as tarifas
de importação aplicadas para cada um
destes itens nos EUA. A princípio, há três
diretrizes para tarifas de importação no
país norte-americano: a primeira baseia-
-se na Cláusula da Nação Mais Favorecida
(NMF), que é um status dado aos paí-
ses, conforme acordado na Organização
Mundial do Comércio (OMC). A segunda
O Brasil possui o maior rebanho comer-
cial de bovinos do mundo. É também o
segundo maior produtor de carne bovi-
na, responsável por 16,3% da produção
mundial em 2015. Os EUA, por sua vez,
são os maiores produtores e consumi-
dores mundiais de carnes e miudezas de
bovinos, responsáveis por 19,2% do con-
sumo total. Isso também faz com que o
país seja um importante importador des-
tes produtos.
Apesar destes valores indicarem uma
complementariedade de pautas, os pro-
dutores brasileiros não têm aproveitado
é o Sistema Geral de Preferências (SGP),
por meio do qual os EUA beneficiam o
exportador brasileiro com tarifas mais
baixas para determinados produtos. O
Brasil tem acesso a este tipo especial de
tarifa por ser considerado país em desen-
volvimento. A última categoria de tarifas
é baseada em acordos de livre comércio
firmados pelos americanos. As tarifas
destes acordos são tipicamente as mais
baixas das três categorias.
Neste estudo, foram consideradas picos
tarifários aquelas alíquotas que equiva-
lem a pelo menos três vezes a tarifa mé-
dia aplicada a produtos do agronegócio
no país (4,3%). Portanto, a amostra de
produtos foi reduzia a apenas aqueles
que sofrem com tarifa igual ou superior
a 12,9%. Com o objetivo de centralizar a
ao máximo as oportunidades que este
mercado oferece. Isso ocorre porque o
mercado americano esteve fechado para
a carne bovina in natura brasileira até
agosto de 2016 por restrições sanitárias.
Portanto, ainda que as tarifas americanas
para determinados produtos de carne
bovina cheguem a 26,4%, os picos tari-
fários não justificam a falta de comércio
bilateral.
Após 17 anos de negociações, em agos-
to de 2016, Brasil e EUA chegaram a um
acordo para remover as restrições sani-
tárias e permitir o comércio bilateral de
análise em produtos com potencial real
de comércio, foram excluídas da amostra
mercadorias que não possuem Vantagem
Comparativa Revelada (VCR). O cálcu-
lo da VCR permite identificar os setores
em que um país – no caso, o Brasil – é
especializado. Os produtos com vanta-
gem comparativa revelada são aqueles
chamados de “parte forte da economia”,
enquanto aqueles que não a possuem
tendem a ser menos competitivos no
mercado internacional.
Assim, do total de 1.549 produtos do
agronegócio analisados, o Brasil possui
VCR para 213, dos quais 25 estão sujei-
tos a picos tarifários nos Estados Unidos.
Estes 25 foram analisados e devem ser
usados como um guia para identificar po-
tenciais oportunidades de negociações a
fim de expandir o comércio bilateral.
carne bovina in natura (refrigerada ou
congelada). As autoridades dos dois pa-
íses trocaram cartas de reconhecimen-
to de equivalência de controles oficiais,
e ambos os países se tornaram aptos a
exportar a carne, um para o outro. Com
a abertura, plantas frigoríficas de 13 es-
tados brasileiros7
e do Distrito Federal
estarão autorizadas a exportar a carne.
Os frigoríficos brasileiros têm uma cota
de até 64,8 mil toneladas por ano de
carne fresca e congelada. Entre agosto
e dezembro de 2016, as exportações do
produto brasileiro somaram US$ 3,35 mi-
lhões (846,7 toneladas).
5
Consideramos “produto” a subposição (códigos a seis dígitos) do Sistema Harmonizado (SH) da Organização Mundial das Alfândegas. Os capítulos (códigos a dois dígitos)
do SH são chamados, neste trabalho, de “setores”, e as posições (códigos a quatro dígitos), “grupos”.
6
Na seleção de produtos do agronegócio estão os produtos do Acordo sobre Agricultura da OMC, pescados, produtos de tecelagem, couros, produtos da silvicultura e
outros bens processados a partir de produtos agropecuários, com base na classificação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
7
Bahia, Espirito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo, Sergipe e Tocantins.
Fonte: Trade Map and Mac Map/ITC e Tariff Analysis Online/OMC | Elaboração: SRI/CNA
Grupo Produto SH-6 Código
Média 2013-2015
Tarifa Aplicada
(%)
Importações
americanas do
Brasil
(US$ mil)
Importações ame-
ricanas do mundo
(US$ mil)
Exportações brasilei-
ras para o mundo
(US$ mil)
Cortes bovino desos-
sado
Fresco ou
refrigerado
‘020130 - 1.953.471 792.427
Tarifas Múltiplas
(1,0 - 26,4)
Congelado ‘020230 - 2.798.135 4.440.382
Tarifas Múltiplas
(1,2 - 26,4)
Cortes bovino com
osso
Congelado ‘020220 - 30.966 38.799
Tarifas Múltiplas
(1,2 - 26,4)
Carne de peru, cortes e
miudezas
Congelado ‘020727 - 43.063 160.066 15,17
3Informativo Especial
3
Edição 11 - Março de 2017
Picos tarifários para produtos lácteos
Fonte: Trade Map and Mac Map/ITC e Tariff Analysis Online/OMC | Elaboração: SRI/CNA
Apesar das restrições para a carne in na-
tura, o Brasil exporta carne industriali-
zada (termoprocessada) para os Estados
Unidos há mais de 20 anos. Além dos
valores de exportação brasileira de carne
bovina industrializada serem significati-
vamente inferiores, este produto sofre
com tarifas mais altas (em média 10%) do
que os derivados não processados.
O Brasil também é o segundo maior ex-
portador mundial de carnes de peru,
atrás somente dos Estados Unidos, com
fatia de 27% do mercado mundial. A
grande produção de carne de peru nos
EUA e as tarifas que chegam a 15,17%
reduzem a competitividade das exporta-
ções brasileiras. Não há registro de ven-
das deste produto para os EUA.
2) Produtos lácteos
3) Frutas e derivados
Os produtores de leite brasileiros têm
aumentado consideravelmente a sua
capacidade de produção nos últimos 15
anos. Com o objetivo de estimular ainda
mais o setor, em 2015, o governo brasi-
leiro criou o Programa Leite Saudável,
promovendo melhoria da qualidade dos
produtos lácteos brasileiros. Neste cená-
rio também se inclui o projeto Mapa Lei-
te, fruto de uma parceria entre o Serviço
Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR)
e o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA). O projeto forne-
ce assistência técnica e gerencial a 3.300
propriedades rurais, além da capacitação
Os setores de frutas e derivados estão
entre os segmentos de exportação com
mais rápida expansão no Brasil, com mais
de US$ 2,61 bilhões em vendas externas
Preparações alimentícias contendo
produtos lácteos também enfrentam
altas tarifas quando exportadas para os
Estados Unidos. Esses itens incluem pós
e aromatizantes para pudins, cremes,
sorvetes, flans, gelatinas ou preparações
utilizadas na elaboração de bebidas. O
Brasil exportou US$ 401,79 milhões des-
para boas-práticas de produção, trans-
porte e beneficiamento de leite seguro e
de qualidade8.
Enquanto o Brasil não é um dos principais
atores no comércio mundial de produtos
lácteos (a maioria da produção é absorvi-
da pelo mercado interno), os picos tarifá-
rios nos Estados Unidos podem estringir
o desenvolvimento do setor e o cresci-
mento das exportações. Os produtores
de leite têm aumentado a sua capacida-
de de exportação exportando US$ 319
milhões em 2015, acima dos US$ 121
milhões em 2011.
anuais. No entanto, as exportações brasi-
leiras, principalmente melões e suco de
laranja, enfrentam duas barreiras tarifá-
rias que dificultam a competitividade no
tes produtos para o mundo, mas apenas
US$ 16,85 milhões para o mercado ame-
ricano, menos de 1% de todas as impor-
tações daquele país. 80% dos produtos
brasileiros desta categoria enfrentaram
tarifas entre 10% e 34,3% nos EUA.
Outro produto brasileiro que pode estar
O produto lácteo mais exportado do Bra-
sil, o leite integral ou parcialmente des-
natado em pó não adocicado, com US$
150,58 milhões de exportações anuais
no período analisado, enfrenta tarifas de
17,5% nos Estados Unidos, o que protege
o mercado e limita a possibilidade de au-
mento das importações. As exportações
de leite condensado adocicado enfren-
tam a mesma concorrência e tarifas ele-
vadas. O Brasil exportou, em média, US$
52,46 milhões para o mundo, mas ape-
nas US$ 257 mil para os EUA. O pico tari-
fário de 23,35% pode explicar esse baixo
valor de comércio.
mercado americano: picos tarifários sa-
zonais e alta concorrência de países com
os quais os EUA mantêm acordos de livre
comércio.
sendo afetado pelos picos tarifários são
as preparações utilizadas na alimenta-
ção animal. O Brasil acumula US$ 202,03
milhões em vendas para o mundo, mas
apenas US$ 4,84 milhões, ou 2%, foram
destinados aos EUA. As tarifas que inci-
dem sobre esse produto variam de 1,9%
a 73,5% no país norte-americano.
8
Projeto Mapa Leite – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) http://www.senar.org.br/projeto-mapa-leite
Grupo Produto SH-6 Código
Média 2013-2015
Tarifa Aplicada
(%)
Importações
americanas do
Brasil
(US$ mil)
Importações ame-
ricanas do mundo
(US$ mil)
Exportações brasilei-
ras para o mundo
(US$ mil)
Leite e creme de leite
concentrados ou adi-
cionados de açúcar
Leite integral ou
parcialmente
desnatado em pó
não adocicado
‘040221 - 41.891 150.584
Tarifas Múltiplas
(1,0 - 42,81)
Leite condensado
adocicado
‘040299 257 41.660 52.457
Tarifas Múltiplas
(1,5 - 35,78)
Preparações alimen-
tícias de produtos
lácteos
Preparações
alimentícias e
substitutos da
manteiga
‘210690 16.853 2.041.957 401.789
Tarifas Múltiplas
(0 - 34,3)
Preparações utilizadas
na alimentação animal
Contendo leite ‘230990 4.835 599.333 202.028
Tarifas Múltiplas
(1,9 - 73,5)
4Informativo Especial
4
Edição 11 - Março de 2017
Picos tarifários para produtos de frutas
Análise de tarifa sazonal: procentagem da produção de frutas no Brasil
Fonte: Trade Map and Mac Map/ITC e Tariff Analysis Online/OMC | Elaboração: SRI/CNA
Fonte: Trade Map and Mac Map/ITC e Tariff Analysis Online/OMC | Elaboração: SRI/CNA
O Brasil é o nono maior exportador mun-
dial de melancias e os Estados Unidos
são os maiores importadores. No en-
tanto, os americanos praticamente não
importam melancia do Brasil. Isso pode
ser explicado, em parte, pelo pico tarifá-
rio de 17% aplicado à esta fruta entre os
meses de abril a novembro, a temporada
de maior cultivo no Brasil. Não há tarifa
no período de dezembro a março, mas a
produção brasileira é baixa nesse período
e 74% de toda a safra de melancia é esco-
ada durante o período de pico tarifário.
Além dessa alta tarifa, os cinco principais
fornecedores para os Estados Unidos não
enfrentam tarifas durante todo o ano de-
vido ao Tratado Norte-Americano de Li-
vre Comércio (NAFTA, sigla em inglês) e
do Tratado de Livre Comércio entre Esta-
dos Unidos, América Central e República
Dominicana (CAFTA-RD). Os acordos de
livre comércio permitem ao México, Gua-
temala, Nicarágua, Honduras e Panamá
ocuparem 99% do mercado de impor-
tação dos Estados Unidos (mesmo que,
dentre esses, o México seja o único que
se configura como grande produtor e ex-
portador de melancias).
Os Estados Unidos são também o maior
importador de melão cantaloupe9
e o
Brasil é o quarto maior exportador, res-
ponsável por 10% do comércio mundial.
O pico tarifário sazonal de 12,8% entre
agosto e setembro restringe as exporta-
ções brasileiras. Os meses de agosto e
setembro são os de maior produção de
melão no Brasil e esses dois meses repre-
sentam quase 20% das vendas externas
de melão do país. Os países do NAFTA e
do CAFTA-RD não enfrentam tarifas du-
rante o ano. Assim, embarcam US$ 147
milhões em melões durante os dois me-
ses em que o Brasil enfrenta o pico tarifá-
rio de 12,8%.
O Brasil ainda é o terceiro maior expor-
tador de outros melões para os Estados
Unidos, apesar da tarifa de 28% de junho
a novembro. Variedades como o Honey-
dew, Piel de Sapo e Gália, competem com
o México e a Guatemala, que não enfren-
tam tarifas devido aos acordos de livre
comércio regionais. Aproximadamente
60% do melão exportado pelo Brasil são
produzidos no período de tarifa elevada,
mas durante esse período, menos de 1%
das exportações vai para o mercado ame-
ricano. A alta tarifa sazonal, combinada
com a concorrência de outros exporta-
dores com acesso preferencial, limita se-
veramente o mercado de exportação de
melão do Brasil para os Estados Unidos.
Grupo Produto SH-6 Código
Média 2013-2015
Tarifa aplicada
(%)
Importações
americanas do
Brasil
Importações ame-
ricanas do mundo
(US$ mil)
Exportações brasilei-
ras para o mundo
(US$ mil)
Melões
Melancias ‘080711 22 338.556 20.025
Tarifas Múltiplas
(0 – 17,0)
Melão cantaloupe ‘080719.10
1.125 354.471 51.232
Tarifas Múltiplas
(0 - 12,8)
Outros melões ‘080719.80
Tarifas Múltiplas
(0 - 28,0)
Suco de Laranja
Suco de laranja
congelado
‘200911 208.953 383.683 969.394 13,2
Suco de laranja
não congelado,
brix <= 20%
‘200912 80.962 106.928 405.410
Tarifas Múltiplas
(6,7 - 8,9)
Suco de laranja
não congelado,
brix > 20%
‘200919 23 74.573 668.103 12,9
9
European Supermarket Magazine (ESM) - “Spanish Cantaloupe Exports Equal 20 Per Cent Of Global Total” 26 de março de 2016 http://www.esmmagazine.com/
spanish-cantaloupes-exports-equals-20-per-cent-of-global-total/28054
5Informativo Especial
5
Edição 11 - Março de 2017
Enquanto as laranjas frescas brasileiras
enfrentam uma tarifa de 1,5%, as expor-
tações de suco de laranja têm uma tarifa
média de 12% nos Estados Unidos. O Brasil
é o maior exportador mundial de suco de
laranja, responsável por 36% do mercado
em 2015. O país exporta, em média, US$
969,39 milhões em suco de laranja conge-
lado por ano, dos quais 21,5% são para os
Estados Unidos com tarifa de 13,2%. Isso
representou 54% de todas as importações
americanas de suco de laranja congelado.
Apesar de o Brasil embarcar volume sig-
nificativo para os Estados Unidos, gran-
des concorrentes, como México, Canadá,
Belize e Costa Rica, não enfrentam tarifas
por causa dos acordos comerciais regionais.
Reduzir a barreira tarifária de 13,2% permiti-
ria poupar cerca de US$ 27 milhões por ano
para os produtores brasileiros, além do au-
mento da competitividade no mercado.
O Brasil também é o maior exportador mun-
dial de suco de laranja não congelado. Já os
EUA possuem um grande mercado de im-
portações, avaliado em US$ 181,5 milhões,
na média do período analisado. Para esse
produto, com valor Brix > 20, o Brasil expor-
tou US$ 668 milhões para o mundo. Apenas
US$ 23 mil (menos de 0,01%) foram para os
EUA, devido a uma tarifa de 12,9%, o que
torna difícil competir com México, Canadá,
Belize e Costa Rica, que têm tarifa de 0%
por conta do NAFTA e CAFTA-RD.
A tarifa zero para o suco de laranja congela-
do e não congelado permite que os países
do NAFTA e do CAFTA-RD sejam os princi-
pais exportadores para os Estados Unidos.
Nesse cenário de altas tarifas, apenas 8,8%
das exportações brasileiras de suco de la-
ranja vão para os EUA, enquanto seus prin-
cipais concorrentes exportam entre 29% e
93% de suas produções para o gigante mer-
cado americano. O Canadá exporta suco de
laranja, porém não é produtor da fruta.
Principais exportadores de suco de laranja para os EUA
Fonte: Trade Map and Mac Map/ITC e Tariff Analysis Online/OMC | Elaboração: SRI/CNA
4) Amendoim
Entre 2013 e 2015, o Brasil exportou, em
média, 90,3 mil toneladas de amendoim
sem casca. O país é o sexto maior fornece-
dor desse item, atrás de Índia, Argentina,
União Europeia, EUA e China. Nos últimos
anos, os americanos desenvolveram este
setor e aumentaram suas vendas externas
de forma expressiva. Com isso, suas im-
portações de amendoim caíram de 23,33
mil toneladas em 2012 para 2,81 mil tone-
ladas em 2015.
Do total do amendoim sem casca vendido
pelo Brasil no período analisado, apenas 40
toneladas foram exportadas para os Esta-
dos Unidos, somando US$ 42 mil ao ano,
em média. A cota de importação imposta
pelo país é o principal entrave para as ex-
portações brasileiras. Os americanos não
aplicam tarifa para as primeiras 9 mil tone-
ladas de uma combinação de cinco produ-
tos (SH 8), incluindo amendoim sem casca.
Uma vez que as importações totais dessas
cinco categorias de todos os países combi-
nados atingem esse limite, aplica-se tarifa
de 131,8%. Tal limite é tipicamente alcan-
çado nos primeiros 3-5 meses de produ-
ção. Os dois maiores exportadores para os
Estados Unidos – México e Argentina – es-
tão negociando um acordo comercial sobre
as exportações de amendoim sem casca.
Do NAFTA, o México tem uma tarifa de 0%
sobre todas as importações de amendoim,
sem limite de volume. Tal fato permitiu que
mais de 70% das exportações de amen-
doim do México fossem negociadas com os
EUA. A Argentina, por outro lado, tem um
limite de volume mais elevado com uma
cota de 43.901 toneladas de amendoim
em grão, o que permitiu exportar livre-
mente 1.601 toneladas de amendoim sem
casca para os EUA em 2015. A Argentina é
o maior exportador para os EUA e respon-
sável por 57% de todas as importações de
amendoim descascado. A restrição ao vo-
lume combinada com a alta tarifa aplicada
quando a cota é atingida dificulta as expor-
tações brasileiras para os EUA.
Picos tarifários para amendoim sem casca
Grupo Produto SH-6 Código
Média 2013-2015
Tarifa aplicada
(%)
Importações
americanas do
Brasil
Importações ame-
ricanas do mundo
(US$ mil)
Exportações brasilei-
ras para o mundo
(US$ mil)
Amendoim Sem casca ‘120242 42 12.152 103.681
Cota de importa-
ção e tarifa extra-
-cota de 131,8%
após 9.005
toneladas
Fonte: Trade Map and Mac Map/ITC e Tariff Analysis Online/OMC | Elaboração: SRI/CNA
6Informativo Especial
6
Edição 11 - Março de 2017
5) Óleo de soja
6) Açúcar
A soja é uma cultura importante no Bra-
sil. Em 2016, o país foi o maior exporta-
dor e segundo maior produtor do grão,
atrás apenas dos Estados Unidos. Parte
da soja colhida é destinada à produção
do óleo de soja, produto do qual o Brasil
é o segundo maior exportador mundial,
atrás da Argentina. Em 2015, o país foi
responsável por cerca de 13% do comér-
cio internacional de óleo de soja bruto.
Os Estados Unidos, por sua vez, são o ter-
ceiro maior exportador de óleo de soja,
mas ainda mantêm um grande mercado
de importação, com aquisições externas
O Brasil é o maior produtor e exportador
mundial de açúcar em bruto. Com mé-
dia anual de US$ 7,50 bilhões em vendas
externas, esse é o quarto principal item
da pauta de exportações do país. Deste
montante, no entanto, apenas 1% é ex-
portado para os EUA, dono do terceiro
maior mercado de importação no mun-
do. Os americanos impõem uma cota
global sobre as importações de açúcar,
seja em bruto, refinado, xaropes de açú-
cares e produtos que contenham açúcar.
O volume dessa cota é estabelecido anu-
almente pelo USDA e o Representante de
Comércio dos EUA (USTR) as distribui en-
tre cerca de 40 países. Apenas 1,4 milhão
de toneladas de açúcar em bruto podem
ser importadas para os EUA com tarifa
entre zero e 2%. Uma vez que essa cota
que somam, em média, US$ 94,38 mi-
lhões ao ano, no período analisado. En-
quanto o Brasil exportou US$ 1,22 bilhão
em óleo de soja para o mundo, apenas
US$ 16 mil tiveram como destino os Es-
tados Unidos.
Para proteger a sua indústria doméstica,
os EUA aplicam tarifa de 19,1% ao óleo
de soja brasileiro. Somando-se a isso,
países como Canadá e México possuem
tarifa de 0% no mercado estadunidense.
Essa condição de livre comércio e a fa-
cilidade logística tornam esses países os
é alcançada, um pico tarifário de 25,71%
é aplicado às importações. Em partes,
produtores das regiões norte e nordeste
do Brasil conseguem aproveitar a tarifa
intra-cota, exportando aproximadamen-
te 169 mil toneladas anuais para os EUA.
No entanto, a cota de importação e tarifa
extra-cota de 25,71% limita as oportuni-
dades de expansão para os produtores
brasileiros de açúcar. Além disso, o Mé-
xico, maior exportador de açúcar de cana
em bruto para os Estados Unidos, não
enfrenta tarifas no mercado americano
desde 2008, dificultando ainda mais a
concorrência.
O Brasil também é o maior exportador
de açúcar refinado do mundo, com US$
2,14 bilhões em vendas anuais. Os EUA,
principais fornecedores para os EUA. Em
2015, 95,5% de todas as importações de
óleo de soja dos EUA foram do Canadá,
3% do México, e os restantes 0,5% de
países que tinham tarifa de 19,1%, in-
cluindo o Brasil. Os EUA foram respon-
sáveis pela compra de 92% do óleo de
soja exportado pelo Canadá, e 78% pelo
México. A tarifa elevada, a grande pro-
dução interna e a alta concorrência com
os países do NAFTA reduzem a compe-
titividade das exportações brasileiras no
mercado americano.
por sua vez, são os principais importado-
res desse produto. Mesmo assim, apenas
3,5% das exportações brasileiras foram
para os americanos. Eles impõem cota de
importação de apenas 22 mil toneladas
para açúcar refinado. As importações até
essa quantidade têm tarifa de 5%, mas
quando esta cota é alcançada passa para
27,5%. Dessa forma, prejudica os produ-
tores brasileiros e dificulta a competitivi-
dade no mercado estadunidense. Além
disso, a concorrência com a produção
doméstica americana e outros exporta-
dores é alta, dado que 4 dos 7 maiores
exportadores de açúcar refinado para os
Estados Unidos, que representam 72%
de todas as importações do país, têm ta-
rifa zero para açúcar refinado.
Picos tarifários para óleo de soja
Picos tarifários para açúcar
Fonte: Trade Map and Mac Map/ITC e Tariff Analysis Online/OMC | Elaboração: SRI/CNA
Fonte: Trade Map and Mac Map/ITC e Tariff Analysis Online/OMC | Elaboração: SRI/CNA
Grupo Produto SH-6 Código
Média 2013-2015
Tarifa aplicada
(%)
Importações
americanas do
Brasil
Importações ame-
ricanas do mundo
(US$ mil)
Exportações brasilei-
ras para o mundo
(US$ mil)
Óleo de Soja
Não refinado ‘150710 - 19.552 1.089.783 19,1
Refinado ‘150790 16 74.827 126.763 19,1
Grupo Produto SH-6 Código
Média 2013-2015
Tarifa aplicada
(%)
Importações
americanas do
Brasil
Importações ame-
ricanas do mundo
(US$ mil)
Exportações brasilei-
ras para o mundo
(US$ mil)
Açúcar de Cana ou de
Beterraba
Bruto ‘170114 75.684 966.008 7.500.303
Tarifas Múltiplas
(2,0-25,71)
Refinado ‘170199 56.436 744.319 2.142.455
Tarifas Múltiplas
(5,0-27,5)
7Informativo Especial
7
Edição 11 - Março de 2017
Fonte: Trade Map and Mac Map/ITC e Tariff Analysis Online/OMC | Elaboração: SRI/CNA
7) Tabaco
8) Cachaça e rum
Segundo dados da Associação dos Fumi-
cultores do Brasil (Afubra), o Brasil é o
segundo maior produtor mundial de ta-
baco, atrás apenas da China. Desde 1993,
no entanto, o país lidera as exportações
de tabaco no mundo, vendendo para
mais de 100 países, inclusive Estados
Unidos. Em 2013, 85% de toda a produ-
ção de tabaco no Brasil foi destinada ao
mercado externo, o que demonstra a re-
levância das exportações para este setor.
O tabaco é uma cultura importante, prin-
cipalmente para os pequenos agriculto-
res no Brasil, já que o retorno por área
plantada da cultura pode chegar a 3 ou
4 vezes mais do que o retorno médio
de outras culturas. No entanto, o setor
enfrenta uma das maiores regulamenta-
ções tanto nacional como internacional-
mente. Novos regulamentos, em uma
variedade de formas tais como tarifas,
taxas ou cotas, têm grande impacto so-
bre a produção e a rentabilidade dos
produtores de tabaco. Apesar da produ-
ção americana ser pouco menor de 1/3
a do Brasil, o país é exportador e possui
o maior estoque mundial desse produto.
A cachaça – nome exclusivo dado à
aguardente de cana produzida no Brasil
– é a segunda bebida alcoólica mais con-
sumida no país, atrás apenas da cerveja.
Cerca de 99% de toda a cachaça produ-
zida é consumida internamente. Produto
genuinamente brasileiro, fez parte da ini-
ciativa Plano Brasil Maior para aumentar
Os dois países têm uma vantagem com-
parativa de US$ 11 bilhões do mercado
de exportação, embora seja quase duas
vezes menor do que os produtos de ta-
baco manufaturados, tais como cigarros.
A grande maioria (92%) das exportações
brasileiras é de tabaco, totalmente ou
parcialmente destalado. Os Estados Uni-
dos são o terceiro maior mercado para
esse item brasileiro, com compras anuais
de US$ 301,57 milhões, mas impõem ta-
rifa de 9,5% sobre as primeiras 80,2 mil
toneladas de tabaco em bruto, e diversos
outros produtos importados do Brasil por
ano, e uma tarifa extra cota de 350%.
Em média, o Brasil exportou 44 mil tone-
ladas de tabaco para os Estados Unidos,
apenas 11% dos embarques totais de 383
mil toneladas. Embora não tenha atingi-
do o limite de 80,2 mil toneladas em um
ano, a tarifa de 350% limitaria as oportu-
nidades no mercado dos EUA, pois impe-
de os produtores de ganharem qualquer
vantagem de mercado que poderiam ter
como maiores fornecedores de tabaco
para o mundo. Com tarifa de 9,5% sobre
as importações, o Brasil ainda tem con-
a competitividade da indústria nacional,
as exportações e, consequentemente,
promover o crescimento econômico. Em
uma tentativa de formar parceria comer-
cial entre a bebida brasileira e o whisky
Tennessee americano, os EUA reconhe-
ceram a cachaça como um produto bra-
sileiro em 2012. Tal fato permitiu que a
seguido manter 55% do mercado de im-
portação dos EUA. Outros dois principais
exportadores para os Estados Unidos –
Guatemala e Malaui – disfrutam de tarifa
zero, o que confere a esses países uma
vantagem no mercado americano.
O Brasil também tem vantagem compara-
tiva em tabaco e seus sucedâneos manu-
faturados. Embora o mercado brasileiro
para estes produtos seja menor e con-
siderando que muitos países produzem
e exportam em maiores quantidades, o
Brasil ainda exporta US$ 75,01 milhões
por ano, em média. Os Estados Unidos
foram responsáveis por apenas 2,3% das
exportações brasileiras, o que pode ser
explicado pela tarifa de 350% aplicável a
muitos dos itens. Os três produtos que se
enquadram nessa categoria estão incluí-
dos na cota de 80,2 mil toneladas men-
cionada anteriormente. A maioria das
exportações do Brasil, dentro dessa cota,
é contabilizada pelas exportações de ta-
baco. A cota de importação e o potencial
para atingir a tarifa de 350% não permi-
tem acesso competitivo ao mercado para
derivados de tabaco.
bebida fosse rotulada como “cachaça”,
quando anteriormente era rotulada
como “rum brasileiro” no mercado esta-
dunidense. Apesar dos novos acordos de
rotulagem, as tarifas aplicadas nas expor-
tações de cachaça e de outros de tipos de
rum chegam a 19%, com base no valor do
licor/volume exportado.
Grupo Produto SH-6 Código
Média 2013-2015
Tarifa aplicada
(%)
Importações
americanas do
Brasil
Importações ame-
ricanas do mundo
(US$ mil)
Exportações brasilei-
ras para o mundo
(US$ mil)
Tabaco
Total ou
parcialmente
destalado
‘240120 301.574 519.900 2.454.975
Tarifas Múltiplas
(0 - 350)
Não destalado ‘240110 3.068 326.108 46.455
Tarifas Múltiplas
(0 - 350)
Tabaco e seus sucedâ-
neos manufaturados
Outros tabacos
para fumar
‘240319 - 27.454 31.901
Tarifas Múltiplas
(0 - 350)
Fumo
manufaturado,
homogeneizado
ou reconstituído
‘240391 1.739 28.877 14.538
Tarifas Múltiplas
(0 - 350)
Extratos, molhos
e outros produtos
de fumo e seus
sucedâneos
‘240399 - 21.756 28.573
Tarifas Múltiplas
(0 - 350)
Picos tarifários para produtos de tabaco
8Informativo Especial
8
Edição 11 - Março de 2017
11
A “prova” (proof em inglês) é um método de medida de teor de álcool para bebidas destiladas que possuem pelo menos 20% de álcool por volume. A prova nessas
bebidas é calculada multiplicando o teor percentual de álcool por volume por 2. “Litro de prova” significa um litro de líquido a uma temperatura de 15,56°C (60°F) que
contém 50% (100 prova) de álcool etílico por volume, com uma gravidade específica de 0,7939 a 15,56°C (60°F) referido à água a 15,56°C (60°F) como unidade ou o seu
equivalente alcoólico.
Conclusão
O Brasil é um dos maiores exportadores
mundiais de produtos agropecuários e
oitavo maior fornecedor ao mercado
americano. Entretanto, com base no que
foi exposto neste trabalho, é possível
constatar que picos tarifários são bastan-
te comuns e criam grandes barreiras para
o comércio entre os dois países. Essas
tarifas elevadas fazem com que os produ-
tos brasileiros percam competitividade
por duas razões principais: forte produ-
ção interna dos EUA, que concorre com a
brasileira, e a concorrência de países com
os quais os americanos possuem acordos
de livre comércio, dando-lhes vantagem
competitiva com tarifas mais baixas.
Em diversos casos mostrados, o Brasil
possui grande valor de exportação para
o mundo, mas o comércio bilateral com
os EUA é pequeno ou nulo, enquanto
as tarifas americanas chegam a níveis
extremos, de até 350%. Esses casos po-
dem ocorrer em meio ao uso de cotas
tarifárias, como é o caso do açúcar e do
tabaco.
Por outro lado, foi possível notar tam-
bém que os picos tarifários nem sempre
impedem o comércio bilateral completa-
mente. Esse é o caso de algumas frutas,
preparações alimentícias contendo lácte-
os e sucos de laranja, por exemplo. Ainda
assim, o valor de comércio poderia ser in-
crementado de forma significativa com a
redução das altas tarifas, o que beneficia-
ria o produtor brasileiro e o consumidor
americano. Além disso, a proximidade
geográfica dos EUA com países produ-
tores de alguns dos produtos analisados
neste estudo e a existência de acordos
de livre comércio também influenciam
o intercâmbio bilateral. O Brasil pode
melhorar sua posição como exportador
mundial de produtos agropecuários e a
celebração de acordos desse tipo é uma
forma de alcançar este objetivo.
Os Estados Unidos devem ser prioridade,
uma vez que possuem um mercado aque-
cido e com altos índices de consumo.
A adoção de medidas que liberalizem o
comércio, principalmente em mercados
extremamente sensíveis a preço (como o
americano), pode facilitar a inserção de
setores agropecuários brasileiros.
Apesar da retórica protecionista, em
contraposição à negociação de acor-
dos multilaterais, o presidente Donald
Trump anunciou que negociações bila-
terais farão parte de sua agenda. Esse
pode ser um momento oportuno para
uma ofensiva brasileira. Além de possuir
uma balança comercial equilibrada com
os americanos, o Brasil possui muitos in-
vestimentos nos EUA, que geram milha-
res de empregos. Sob essa perspectiva,
pode-se defender a maior aproximação
Essa tarifa de 19% é aplicada ao produto
avaliado em menos de US$ 3/litro de pro-
va11
ou menos de US$ 0,69/litro de prova.
Em 2015, quase 40% de todas as exporta-
ções de cachaça para os Estados Unidos
foram tarifadas em 19%. Do pequeno vo-
lume de cachaça exportador pelo Brasil,
a maioria é destinada à União Europeia,
enquanto os EUA compram apenas 5%.
Ainda assim, com base no tamanho do
mercado e cultura, tem grande potencial
de crescimento, e a tarifa de 19% está
limitando a capacidade de o Brasil pro-
mover a bebida naquele mercado. Além
disso, os 8 maiores exportadores para os
EUA sob o mesmo código SH-6 têm uma
tarifa de 0%. Isso permite que outras be-
bidas, como o rum da Jamaica e de Bar-
bados, possam competir livremente no
mercado americano.
Grupo Produto SH-6 Código
Média 2013-2015
Tarifa aplicada
(%)
Importações
americanas do
Brasil
Importações ame-
ricanas do mundo
(US$ mil)
Exportações brasilei-
ras para o mundo
(US$ mil)
Cachaça e rum
Em recipientes
contendo não mais
que 4 litros, no valor
de US$ 3/litro de
prova
‘220840.20 677 8.429
16.085 (incapaz de
sair em quantidade/
valor com base em
requisitos de medi-
ção Brasil)
19,1
Em recipientes
contendo não mais
que 4 litros, no valor
maior US$ 3/litro de
prova
‘220840.40 824 92.219 0
Em recipiente
contendo mais de 4
litros, no valor de US$
0,69/litro de prova
‘220840.60 - 4.102 19,1
Em recipiente
contendo mais de 4
litros, no valor maior
que US$ 0,69/litro de
prova
‘220840.80 555 14.571 0
Picos tarifários para cachaça e rum
9Informativo Especial
9
Edição 11 - Março de 2017
entre os dois países, ampliando as com-
plementariedades e trazendo novos be-
nefícios para as economias e sociedades
brasileira e americana.
A decisão de reverter a participação dos
EUA na Parceria Transpacífico (TPP) dá ao
Brasil melhores condições de competir
naquele mercado. A aprovação da TPP re-
duziria grande parte das tarifas para pro-
dutos vindos da Austrália, Nova Zelândia,
Peru, Chile, Vietnã, Malásia, Indonésia, e
outros, aumentando ainda mais a con-
corrência para diversos setores do agro-
negócio brasileiro. Os produtos já subme-
tidos a picos tarifários, portanto, teriam
ainda mais dificuldade para acessar os
EUA. Os impactos da TPP ao comércio
agropecuário brasileiro foram tema de
um estudo publicado pela Confederação
da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)
no início de 2017. Da mesma forma, uma
eventual revisão do NAFTA também po-
deria criar oportunidades para expandir
o comércio em setores hoje ocupados
por produtos mexicanos e canadenses.
A CNA, portanto, chama a atenção para
essas oportunidades e desafios. É preciso
desenvolver uma estratégia concertada
de ações nos EUA, entre setor privado
e governo, para coordenar uma agenda
que promova temas diversos de comér-
cio, investimento, pesquisa e desenvolvi-
mento, serviços, dentre outros, e eleve o
relacionamento entre os países.
Informativo Especial é elaborado
pela Superintendência de Relações
Internacionais da CNA.
SGAN - Quadra 601 - Módulo K CEP: 70.830-021 Brasília/DF
(61) 2109-1419 | cna.comunicacao@cna.org.br
CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL
Reprodução permitida desde que citada a fonte
SUPERINTENDÊNCIA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Lígia Dutra Silva
Gabriela Coser Rivaldo
Kristen M. Hamel
Lara Vicente Teixeira
Pedro Henrique de Souza Netto
Pedro Henriques Pereira

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Picos tarifários EUA e impactos agronegócio Brasil

  • 1. Barreiras comerciais: Análise dos Picos Tarifários dos Estados Unidos e o Agronegócio Brasileiro Introdução BrasileEstadosUnidosestãoentreosprin- cipais produtores e exportadores agrope- cuários do mundo. Além de desempenha- rem papel fundamental no abastecimento do mercado internacional de alimentos, possuem populações numerosas, que ga- rantem grandes demandas internas. Isso faz com que os dois países sejam também importantes importadores, inclusive, um do outro. Em 2016, o Brasil comprou US$ 1,44 bilhão em produtos do agronegócio americano e exportou US$ 6,26 bilhões1 . Neste cenário, condições justas de acesso a mercados, sem barreiras infundadas e tarifas proibitivas, ajudam a garantir que essa demanda seja atendida da melhor forma possível. Os dois países possuem sistemas pro- dutivos semelhantes, o que permite cooperação em diferentes áreas de pes- quisa e atuação coordenada em fóruns internacionais relevantes para o comér- cio agrícola, principalmente na defesa de bases científicas para o estabelecimento 1 Agrostat - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil (MAPA). 2 Perfil Brasil - Serviços Externo de Agricultura do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, http://www.fas.usda.gov/regions/brazil. 3 Relações dos EUA com o Brasil - Departamento de Estado dos Estados Unidos, http://www.state.gov/r/pa/ei/bgn/35640.htm. 4 Glossário – Organização Mundial do Comércio (OMC) https://www.wto.org/english/thewto_e/glossary_e/tariff_peaks_e.htm. Edição 11 - Março de 2017 de exigências2 . Um exemplo dessa coo- peração é o Comitê Consultivo Agrícola Brasil-EUA (CCA), principal fórum oficial de negociação de temas agrícolas entre os países, formado em 20033 . Por outro lado, as características comuns de produ- ção também acarretam alta concorrência nos mercados mundial e domésticos em vários setores, especialmente soja, mi- lho, carnes de aves e bovinos. Em geral, os EUA não têm tarifas de importação muito elevadas. Em alguns casos, entretanto, as tarifas aplicadas a produtos agrícolas podem atingir níveis extremos, tornando-se barreiras proibi- tivas ao comércio. Nestes casos, é possí- vel dizer que eles utilizam picos tarifá- rios. Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), os picos tarifários são “tarifas relativamente elevadas, geral- mente [aplicadas] a produtos ‘sensíveis’, em meio a níveis tarifários geralmente baixos“4 . Quatro casos de picos tarifários mais afetam as exportações do agrone- gócio para os Estados Unidos: - Pico tarifário geral: aplicado a todas as importações de um produto; - Pico tarifário sazonal: aplicado apenas às importações em meses específicos do ano; - Pico tarifário de cota de importação: aplicado às importações uma vez que a quantidade especificada for atingida; - Picos tarifários com a concorrência: o Brasil tem pico tarifário nas exportações para os EUA, mas compete com países que têm tarifa menor e acordo de livre comércio. Internacionalmente reconhecidos como entraves ao comércio internacional e ao desenvolvimento, os picos tarifários são especialmente frequentes no agronegó- cio. Por esta razão, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) analisa neste estudo os impactos dos picos tarifários dos Estados Unidos nas exportações do Brasil. Como tarifas limitam as exportações para os EUA Fonte: Trade Map and Mac Map/ITC e Tariff Analysis Online/OMC | Elaboração: SRI/CNA twitter.com/SistemaCNA facebook.com/SistemaCNA instagram.com/SistemaCNA www.cnabrasil.org.br www.canaldoprodutor.tv.br
  • 2. 2Informativo Especial 2 Edição 11 - Março de 2017 Picos tarifários para produtos de origem bovina e de peru Metodologia 1) Carne bovina e de peru Inicialmente, foram selecionados dados do comércio de todos os produtos5 do agronegócio6 importados pelos Estados Unidos do Brasil e do mundo. Também foram consideradas as exportações bra- sileiras dos mesmos produtos para o mundo. A fim de minimizar os efeitos de distorções esporádicas no comércio, foi utilizada a média das compras e vendas entre 2013 e 2015, para cada produto. Em seguida, foram identificadas as tarifas de importação aplicadas para cada um destes itens nos EUA. A princípio, há três diretrizes para tarifas de importação no país norte-americano: a primeira baseia- -se na Cláusula da Nação Mais Favorecida (NMF), que é um status dado aos paí- ses, conforme acordado na Organização Mundial do Comércio (OMC). A segunda O Brasil possui o maior rebanho comer- cial de bovinos do mundo. É também o segundo maior produtor de carne bovi- na, responsável por 16,3% da produção mundial em 2015. Os EUA, por sua vez, são os maiores produtores e consumi- dores mundiais de carnes e miudezas de bovinos, responsáveis por 19,2% do con- sumo total. Isso também faz com que o país seja um importante importador des- tes produtos. Apesar destes valores indicarem uma complementariedade de pautas, os pro- dutores brasileiros não têm aproveitado é o Sistema Geral de Preferências (SGP), por meio do qual os EUA beneficiam o exportador brasileiro com tarifas mais baixas para determinados produtos. O Brasil tem acesso a este tipo especial de tarifa por ser considerado país em desen- volvimento. A última categoria de tarifas é baseada em acordos de livre comércio firmados pelos americanos. As tarifas destes acordos são tipicamente as mais baixas das três categorias. Neste estudo, foram consideradas picos tarifários aquelas alíquotas que equiva- lem a pelo menos três vezes a tarifa mé- dia aplicada a produtos do agronegócio no país (4,3%). Portanto, a amostra de produtos foi reduzia a apenas aqueles que sofrem com tarifa igual ou superior a 12,9%. Com o objetivo de centralizar a ao máximo as oportunidades que este mercado oferece. Isso ocorre porque o mercado americano esteve fechado para a carne bovina in natura brasileira até agosto de 2016 por restrições sanitárias. Portanto, ainda que as tarifas americanas para determinados produtos de carne bovina cheguem a 26,4%, os picos tari- fários não justificam a falta de comércio bilateral. Após 17 anos de negociações, em agos- to de 2016, Brasil e EUA chegaram a um acordo para remover as restrições sani- tárias e permitir o comércio bilateral de análise em produtos com potencial real de comércio, foram excluídas da amostra mercadorias que não possuem Vantagem Comparativa Revelada (VCR). O cálcu- lo da VCR permite identificar os setores em que um país – no caso, o Brasil – é especializado. Os produtos com vanta- gem comparativa revelada são aqueles chamados de “parte forte da economia”, enquanto aqueles que não a possuem tendem a ser menos competitivos no mercado internacional. Assim, do total de 1.549 produtos do agronegócio analisados, o Brasil possui VCR para 213, dos quais 25 estão sujei- tos a picos tarifários nos Estados Unidos. Estes 25 foram analisados e devem ser usados como um guia para identificar po- tenciais oportunidades de negociações a fim de expandir o comércio bilateral. carne bovina in natura (refrigerada ou congelada). As autoridades dos dois pa- íses trocaram cartas de reconhecimen- to de equivalência de controles oficiais, e ambos os países se tornaram aptos a exportar a carne, um para o outro. Com a abertura, plantas frigoríficas de 13 es- tados brasileiros7 e do Distrito Federal estarão autorizadas a exportar a carne. Os frigoríficos brasileiros têm uma cota de até 64,8 mil toneladas por ano de carne fresca e congelada. Entre agosto e dezembro de 2016, as exportações do produto brasileiro somaram US$ 3,35 mi- lhões (846,7 toneladas). 5 Consideramos “produto” a subposição (códigos a seis dígitos) do Sistema Harmonizado (SH) da Organização Mundial das Alfândegas. Os capítulos (códigos a dois dígitos) do SH são chamados, neste trabalho, de “setores”, e as posições (códigos a quatro dígitos), “grupos”. 6 Na seleção de produtos do agronegócio estão os produtos do Acordo sobre Agricultura da OMC, pescados, produtos de tecelagem, couros, produtos da silvicultura e outros bens processados a partir de produtos agropecuários, com base na classificação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). 7 Bahia, Espirito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo, Sergipe e Tocantins. Fonte: Trade Map and Mac Map/ITC e Tariff Analysis Online/OMC | Elaboração: SRI/CNA Grupo Produto SH-6 Código Média 2013-2015 Tarifa Aplicada (%) Importações americanas do Brasil (US$ mil) Importações ame- ricanas do mundo (US$ mil) Exportações brasilei- ras para o mundo (US$ mil) Cortes bovino desos- sado Fresco ou refrigerado ‘020130 - 1.953.471 792.427 Tarifas Múltiplas (1,0 - 26,4) Congelado ‘020230 - 2.798.135 4.440.382 Tarifas Múltiplas (1,2 - 26,4) Cortes bovino com osso Congelado ‘020220 - 30.966 38.799 Tarifas Múltiplas (1,2 - 26,4) Carne de peru, cortes e miudezas Congelado ‘020727 - 43.063 160.066 15,17
  • 3. 3Informativo Especial 3 Edição 11 - Março de 2017 Picos tarifários para produtos lácteos Fonte: Trade Map and Mac Map/ITC e Tariff Analysis Online/OMC | Elaboração: SRI/CNA Apesar das restrições para a carne in na- tura, o Brasil exporta carne industriali- zada (termoprocessada) para os Estados Unidos há mais de 20 anos. Além dos valores de exportação brasileira de carne bovina industrializada serem significati- vamente inferiores, este produto sofre com tarifas mais altas (em média 10%) do que os derivados não processados. O Brasil também é o segundo maior ex- portador mundial de carnes de peru, atrás somente dos Estados Unidos, com fatia de 27% do mercado mundial. A grande produção de carne de peru nos EUA e as tarifas que chegam a 15,17% reduzem a competitividade das exporta- ções brasileiras. Não há registro de ven- das deste produto para os EUA. 2) Produtos lácteos 3) Frutas e derivados Os produtores de leite brasileiros têm aumentado consideravelmente a sua capacidade de produção nos últimos 15 anos. Com o objetivo de estimular ainda mais o setor, em 2015, o governo brasi- leiro criou o Programa Leite Saudável, promovendo melhoria da qualidade dos produtos lácteos brasileiros. Neste cená- rio também se inclui o projeto Mapa Lei- te, fruto de uma parceria entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O projeto forne- ce assistência técnica e gerencial a 3.300 propriedades rurais, além da capacitação Os setores de frutas e derivados estão entre os segmentos de exportação com mais rápida expansão no Brasil, com mais de US$ 2,61 bilhões em vendas externas Preparações alimentícias contendo produtos lácteos também enfrentam altas tarifas quando exportadas para os Estados Unidos. Esses itens incluem pós e aromatizantes para pudins, cremes, sorvetes, flans, gelatinas ou preparações utilizadas na elaboração de bebidas. O Brasil exportou US$ 401,79 milhões des- para boas-práticas de produção, trans- porte e beneficiamento de leite seguro e de qualidade8. Enquanto o Brasil não é um dos principais atores no comércio mundial de produtos lácteos (a maioria da produção é absorvi- da pelo mercado interno), os picos tarifá- rios nos Estados Unidos podem estringir o desenvolvimento do setor e o cresci- mento das exportações. Os produtores de leite têm aumentado a sua capacida- de de exportação exportando US$ 319 milhões em 2015, acima dos US$ 121 milhões em 2011. anuais. No entanto, as exportações brasi- leiras, principalmente melões e suco de laranja, enfrentam duas barreiras tarifá- rias que dificultam a competitividade no tes produtos para o mundo, mas apenas US$ 16,85 milhões para o mercado ame- ricano, menos de 1% de todas as impor- tações daquele país. 80% dos produtos brasileiros desta categoria enfrentaram tarifas entre 10% e 34,3% nos EUA. Outro produto brasileiro que pode estar O produto lácteo mais exportado do Bra- sil, o leite integral ou parcialmente des- natado em pó não adocicado, com US$ 150,58 milhões de exportações anuais no período analisado, enfrenta tarifas de 17,5% nos Estados Unidos, o que protege o mercado e limita a possibilidade de au- mento das importações. As exportações de leite condensado adocicado enfren- tam a mesma concorrência e tarifas ele- vadas. O Brasil exportou, em média, US$ 52,46 milhões para o mundo, mas ape- nas US$ 257 mil para os EUA. O pico tari- fário de 23,35% pode explicar esse baixo valor de comércio. mercado americano: picos tarifários sa- zonais e alta concorrência de países com os quais os EUA mantêm acordos de livre comércio. sendo afetado pelos picos tarifários são as preparações utilizadas na alimenta- ção animal. O Brasil acumula US$ 202,03 milhões em vendas para o mundo, mas apenas US$ 4,84 milhões, ou 2%, foram destinados aos EUA. As tarifas que inci- dem sobre esse produto variam de 1,9% a 73,5% no país norte-americano. 8 Projeto Mapa Leite – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) http://www.senar.org.br/projeto-mapa-leite Grupo Produto SH-6 Código Média 2013-2015 Tarifa Aplicada (%) Importações americanas do Brasil (US$ mil) Importações ame- ricanas do mundo (US$ mil) Exportações brasilei- ras para o mundo (US$ mil) Leite e creme de leite concentrados ou adi- cionados de açúcar Leite integral ou parcialmente desnatado em pó não adocicado ‘040221 - 41.891 150.584 Tarifas Múltiplas (1,0 - 42,81) Leite condensado adocicado ‘040299 257 41.660 52.457 Tarifas Múltiplas (1,5 - 35,78) Preparações alimen- tícias de produtos lácteos Preparações alimentícias e substitutos da manteiga ‘210690 16.853 2.041.957 401.789 Tarifas Múltiplas (0 - 34,3) Preparações utilizadas na alimentação animal Contendo leite ‘230990 4.835 599.333 202.028 Tarifas Múltiplas (1,9 - 73,5)
  • 4. 4Informativo Especial 4 Edição 11 - Março de 2017 Picos tarifários para produtos de frutas Análise de tarifa sazonal: procentagem da produção de frutas no Brasil Fonte: Trade Map and Mac Map/ITC e Tariff Analysis Online/OMC | Elaboração: SRI/CNA Fonte: Trade Map and Mac Map/ITC e Tariff Analysis Online/OMC | Elaboração: SRI/CNA O Brasil é o nono maior exportador mun- dial de melancias e os Estados Unidos são os maiores importadores. No en- tanto, os americanos praticamente não importam melancia do Brasil. Isso pode ser explicado, em parte, pelo pico tarifá- rio de 17% aplicado à esta fruta entre os meses de abril a novembro, a temporada de maior cultivo no Brasil. Não há tarifa no período de dezembro a março, mas a produção brasileira é baixa nesse período e 74% de toda a safra de melancia é esco- ada durante o período de pico tarifário. Além dessa alta tarifa, os cinco principais fornecedores para os Estados Unidos não enfrentam tarifas durante todo o ano de- vido ao Tratado Norte-Americano de Li- vre Comércio (NAFTA, sigla em inglês) e do Tratado de Livre Comércio entre Esta- dos Unidos, América Central e República Dominicana (CAFTA-RD). Os acordos de livre comércio permitem ao México, Gua- temala, Nicarágua, Honduras e Panamá ocuparem 99% do mercado de impor- tação dos Estados Unidos (mesmo que, dentre esses, o México seja o único que se configura como grande produtor e ex- portador de melancias). Os Estados Unidos são também o maior importador de melão cantaloupe9 e o Brasil é o quarto maior exportador, res- ponsável por 10% do comércio mundial. O pico tarifário sazonal de 12,8% entre agosto e setembro restringe as exporta- ções brasileiras. Os meses de agosto e setembro são os de maior produção de melão no Brasil e esses dois meses repre- sentam quase 20% das vendas externas de melão do país. Os países do NAFTA e do CAFTA-RD não enfrentam tarifas du- rante o ano. Assim, embarcam US$ 147 milhões em melões durante os dois me- ses em que o Brasil enfrenta o pico tarifá- rio de 12,8%. O Brasil ainda é o terceiro maior expor- tador de outros melões para os Estados Unidos, apesar da tarifa de 28% de junho a novembro. Variedades como o Honey- dew, Piel de Sapo e Gália, competem com o México e a Guatemala, que não enfren- tam tarifas devido aos acordos de livre comércio regionais. Aproximadamente 60% do melão exportado pelo Brasil são produzidos no período de tarifa elevada, mas durante esse período, menos de 1% das exportações vai para o mercado ame- ricano. A alta tarifa sazonal, combinada com a concorrência de outros exporta- dores com acesso preferencial, limita se- veramente o mercado de exportação de melão do Brasil para os Estados Unidos. Grupo Produto SH-6 Código Média 2013-2015 Tarifa aplicada (%) Importações americanas do Brasil Importações ame- ricanas do mundo (US$ mil) Exportações brasilei- ras para o mundo (US$ mil) Melões Melancias ‘080711 22 338.556 20.025 Tarifas Múltiplas (0 – 17,0) Melão cantaloupe ‘080719.10 1.125 354.471 51.232 Tarifas Múltiplas (0 - 12,8) Outros melões ‘080719.80 Tarifas Múltiplas (0 - 28,0) Suco de Laranja Suco de laranja congelado ‘200911 208.953 383.683 969.394 13,2 Suco de laranja não congelado, brix <= 20% ‘200912 80.962 106.928 405.410 Tarifas Múltiplas (6,7 - 8,9) Suco de laranja não congelado, brix > 20% ‘200919 23 74.573 668.103 12,9 9 European Supermarket Magazine (ESM) - “Spanish Cantaloupe Exports Equal 20 Per Cent Of Global Total” 26 de março de 2016 http://www.esmmagazine.com/ spanish-cantaloupes-exports-equals-20-per-cent-of-global-total/28054
  • 5. 5Informativo Especial 5 Edição 11 - Março de 2017 Enquanto as laranjas frescas brasileiras enfrentam uma tarifa de 1,5%, as expor- tações de suco de laranja têm uma tarifa média de 12% nos Estados Unidos. O Brasil é o maior exportador mundial de suco de laranja, responsável por 36% do mercado em 2015. O país exporta, em média, US$ 969,39 milhões em suco de laranja conge- lado por ano, dos quais 21,5% são para os Estados Unidos com tarifa de 13,2%. Isso representou 54% de todas as importações americanas de suco de laranja congelado. Apesar de o Brasil embarcar volume sig- nificativo para os Estados Unidos, gran- des concorrentes, como México, Canadá, Belize e Costa Rica, não enfrentam tarifas por causa dos acordos comerciais regionais. Reduzir a barreira tarifária de 13,2% permiti- ria poupar cerca de US$ 27 milhões por ano para os produtores brasileiros, além do au- mento da competitividade no mercado. O Brasil também é o maior exportador mun- dial de suco de laranja não congelado. Já os EUA possuem um grande mercado de im- portações, avaliado em US$ 181,5 milhões, na média do período analisado. Para esse produto, com valor Brix > 20, o Brasil expor- tou US$ 668 milhões para o mundo. Apenas US$ 23 mil (menos de 0,01%) foram para os EUA, devido a uma tarifa de 12,9%, o que torna difícil competir com México, Canadá, Belize e Costa Rica, que têm tarifa de 0% por conta do NAFTA e CAFTA-RD. A tarifa zero para o suco de laranja congela- do e não congelado permite que os países do NAFTA e do CAFTA-RD sejam os princi- pais exportadores para os Estados Unidos. Nesse cenário de altas tarifas, apenas 8,8% das exportações brasileiras de suco de la- ranja vão para os EUA, enquanto seus prin- cipais concorrentes exportam entre 29% e 93% de suas produções para o gigante mer- cado americano. O Canadá exporta suco de laranja, porém não é produtor da fruta. Principais exportadores de suco de laranja para os EUA Fonte: Trade Map and Mac Map/ITC e Tariff Analysis Online/OMC | Elaboração: SRI/CNA 4) Amendoim Entre 2013 e 2015, o Brasil exportou, em média, 90,3 mil toneladas de amendoim sem casca. O país é o sexto maior fornece- dor desse item, atrás de Índia, Argentina, União Europeia, EUA e China. Nos últimos anos, os americanos desenvolveram este setor e aumentaram suas vendas externas de forma expressiva. Com isso, suas im- portações de amendoim caíram de 23,33 mil toneladas em 2012 para 2,81 mil tone- ladas em 2015. Do total do amendoim sem casca vendido pelo Brasil no período analisado, apenas 40 toneladas foram exportadas para os Esta- dos Unidos, somando US$ 42 mil ao ano, em média. A cota de importação imposta pelo país é o principal entrave para as ex- portações brasileiras. Os americanos não aplicam tarifa para as primeiras 9 mil tone- ladas de uma combinação de cinco produ- tos (SH 8), incluindo amendoim sem casca. Uma vez que as importações totais dessas cinco categorias de todos os países combi- nados atingem esse limite, aplica-se tarifa de 131,8%. Tal limite é tipicamente alcan- çado nos primeiros 3-5 meses de produ- ção. Os dois maiores exportadores para os Estados Unidos – México e Argentina – es- tão negociando um acordo comercial sobre as exportações de amendoim sem casca. Do NAFTA, o México tem uma tarifa de 0% sobre todas as importações de amendoim, sem limite de volume. Tal fato permitiu que mais de 70% das exportações de amen- doim do México fossem negociadas com os EUA. A Argentina, por outro lado, tem um limite de volume mais elevado com uma cota de 43.901 toneladas de amendoim em grão, o que permitiu exportar livre- mente 1.601 toneladas de amendoim sem casca para os EUA em 2015. A Argentina é o maior exportador para os EUA e respon- sável por 57% de todas as importações de amendoim descascado. A restrição ao vo- lume combinada com a alta tarifa aplicada quando a cota é atingida dificulta as expor- tações brasileiras para os EUA. Picos tarifários para amendoim sem casca Grupo Produto SH-6 Código Média 2013-2015 Tarifa aplicada (%) Importações americanas do Brasil Importações ame- ricanas do mundo (US$ mil) Exportações brasilei- ras para o mundo (US$ mil) Amendoim Sem casca ‘120242 42 12.152 103.681 Cota de importa- ção e tarifa extra- -cota de 131,8% após 9.005 toneladas Fonte: Trade Map and Mac Map/ITC e Tariff Analysis Online/OMC | Elaboração: SRI/CNA
  • 6. 6Informativo Especial 6 Edição 11 - Março de 2017 5) Óleo de soja 6) Açúcar A soja é uma cultura importante no Bra- sil. Em 2016, o país foi o maior exporta- dor e segundo maior produtor do grão, atrás apenas dos Estados Unidos. Parte da soja colhida é destinada à produção do óleo de soja, produto do qual o Brasil é o segundo maior exportador mundial, atrás da Argentina. Em 2015, o país foi responsável por cerca de 13% do comér- cio internacional de óleo de soja bruto. Os Estados Unidos, por sua vez, são o ter- ceiro maior exportador de óleo de soja, mas ainda mantêm um grande mercado de importação, com aquisições externas O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de açúcar em bruto. Com mé- dia anual de US$ 7,50 bilhões em vendas externas, esse é o quarto principal item da pauta de exportações do país. Deste montante, no entanto, apenas 1% é ex- portado para os EUA, dono do terceiro maior mercado de importação no mun- do. Os americanos impõem uma cota global sobre as importações de açúcar, seja em bruto, refinado, xaropes de açú- cares e produtos que contenham açúcar. O volume dessa cota é estabelecido anu- almente pelo USDA e o Representante de Comércio dos EUA (USTR) as distribui en- tre cerca de 40 países. Apenas 1,4 milhão de toneladas de açúcar em bruto podem ser importadas para os EUA com tarifa entre zero e 2%. Uma vez que essa cota que somam, em média, US$ 94,38 mi- lhões ao ano, no período analisado. En- quanto o Brasil exportou US$ 1,22 bilhão em óleo de soja para o mundo, apenas US$ 16 mil tiveram como destino os Es- tados Unidos. Para proteger a sua indústria doméstica, os EUA aplicam tarifa de 19,1% ao óleo de soja brasileiro. Somando-se a isso, países como Canadá e México possuem tarifa de 0% no mercado estadunidense. Essa condição de livre comércio e a fa- cilidade logística tornam esses países os é alcançada, um pico tarifário de 25,71% é aplicado às importações. Em partes, produtores das regiões norte e nordeste do Brasil conseguem aproveitar a tarifa intra-cota, exportando aproximadamen- te 169 mil toneladas anuais para os EUA. No entanto, a cota de importação e tarifa extra-cota de 25,71% limita as oportuni- dades de expansão para os produtores brasileiros de açúcar. Além disso, o Mé- xico, maior exportador de açúcar de cana em bruto para os Estados Unidos, não enfrenta tarifas no mercado americano desde 2008, dificultando ainda mais a concorrência. O Brasil também é o maior exportador de açúcar refinado do mundo, com US$ 2,14 bilhões em vendas anuais. Os EUA, principais fornecedores para os EUA. Em 2015, 95,5% de todas as importações de óleo de soja dos EUA foram do Canadá, 3% do México, e os restantes 0,5% de países que tinham tarifa de 19,1%, in- cluindo o Brasil. Os EUA foram respon- sáveis pela compra de 92% do óleo de soja exportado pelo Canadá, e 78% pelo México. A tarifa elevada, a grande pro- dução interna e a alta concorrência com os países do NAFTA reduzem a compe- titividade das exportações brasileiras no mercado americano. por sua vez, são os principais importado- res desse produto. Mesmo assim, apenas 3,5% das exportações brasileiras foram para os americanos. Eles impõem cota de importação de apenas 22 mil toneladas para açúcar refinado. As importações até essa quantidade têm tarifa de 5%, mas quando esta cota é alcançada passa para 27,5%. Dessa forma, prejudica os produ- tores brasileiros e dificulta a competitivi- dade no mercado estadunidense. Além disso, a concorrência com a produção doméstica americana e outros exporta- dores é alta, dado que 4 dos 7 maiores exportadores de açúcar refinado para os Estados Unidos, que representam 72% de todas as importações do país, têm ta- rifa zero para açúcar refinado. Picos tarifários para óleo de soja Picos tarifários para açúcar Fonte: Trade Map and Mac Map/ITC e Tariff Analysis Online/OMC | Elaboração: SRI/CNA Fonte: Trade Map and Mac Map/ITC e Tariff Analysis Online/OMC | Elaboração: SRI/CNA Grupo Produto SH-6 Código Média 2013-2015 Tarifa aplicada (%) Importações americanas do Brasil Importações ame- ricanas do mundo (US$ mil) Exportações brasilei- ras para o mundo (US$ mil) Óleo de Soja Não refinado ‘150710 - 19.552 1.089.783 19,1 Refinado ‘150790 16 74.827 126.763 19,1 Grupo Produto SH-6 Código Média 2013-2015 Tarifa aplicada (%) Importações americanas do Brasil Importações ame- ricanas do mundo (US$ mil) Exportações brasilei- ras para o mundo (US$ mil) Açúcar de Cana ou de Beterraba Bruto ‘170114 75.684 966.008 7.500.303 Tarifas Múltiplas (2,0-25,71) Refinado ‘170199 56.436 744.319 2.142.455 Tarifas Múltiplas (5,0-27,5)
  • 7. 7Informativo Especial 7 Edição 11 - Março de 2017 Fonte: Trade Map and Mac Map/ITC e Tariff Analysis Online/OMC | Elaboração: SRI/CNA 7) Tabaco 8) Cachaça e rum Segundo dados da Associação dos Fumi- cultores do Brasil (Afubra), o Brasil é o segundo maior produtor mundial de ta- baco, atrás apenas da China. Desde 1993, no entanto, o país lidera as exportações de tabaco no mundo, vendendo para mais de 100 países, inclusive Estados Unidos. Em 2013, 85% de toda a produ- ção de tabaco no Brasil foi destinada ao mercado externo, o que demonstra a re- levância das exportações para este setor. O tabaco é uma cultura importante, prin- cipalmente para os pequenos agriculto- res no Brasil, já que o retorno por área plantada da cultura pode chegar a 3 ou 4 vezes mais do que o retorno médio de outras culturas. No entanto, o setor enfrenta uma das maiores regulamenta- ções tanto nacional como internacional- mente. Novos regulamentos, em uma variedade de formas tais como tarifas, taxas ou cotas, têm grande impacto so- bre a produção e a rentabilidade dos produtores de tabaco. Apesar da produ- ção americana ser pouco menor de 1/3 a do Brasil, o país é exportador e possui o maior estoque mundial desse produto. A cachaça – nome exclusivo dado à aguardente de cana produzida no Brasil – é a segunda bebida alcoólica mais con- sumida no país, atrás apenas da cerveja. Cerca de 99% de toda a cachaça produ- zida é consumida internamente. Produto genuinamente brasileiro, fez parte da ini- ciativa Plano Brasil Maior para aumentar Os dois países têm uma vantagem com- parativa de US$ 11 bilhões do mercado de exportação, embora seja quase duas vezes menor do que os produtos de ta- baco manufaturados, tais como cigarros. A grande maioria (92%) das exportações brasileiras é de tabaco, totalmente ou parcialmente destalado. Os Estados Uni- dos são o terceiro maior mercado para esse item brasileiro, com compras anuais de US$ 301,57 milhões, mas impõem ta- rifa de 9,5% sobre as primeiras 80,2 mil toneladas de tabaco em bruto, e diversos outros produtos importados do Brasil por ano, e uma tarifa extra cota de 350%. Em média, o Brasil exportou 44 mil tone- ladas de tabaco para os Estados Unidos, apenas 11% dos embarques totais de 383 mil toneladas. Embora não tenha atingi- do o limite de 80,2 mil toneladas em um ano, a tarifa de 350% limitaria as oportu- nidades no mercado dos EUA, pois impe- de os produtores de ganharem qualquer vantagem de mercado que poderiam ter como maiores fornecedores de tabaco para o mundo. Com tarifa de 9,5% sobre as importações, o Brasil ainda tem con- a competitividade da indústria nacional, as exportações e, consequentemente, promover o crescimento econômico. Em uma tentativa de formar parceria comer- cial entre a bebida brasileira e o whisky Tennessee americano, os EUA reconhe- ceram a cachaça como um produto bra- sileiro em 2012. Tal fato permitiu que a seguido manter 55% do mercado de im- portação dos EUA. Outros dois principais exportadores para os Estados Unidos – Guatemala e Malaui – disfrutam de tarifa zero, o que confere a esses países uma vantagem no mercado americano. O Brasil também tem vantagem compara- tiva em tabaco e seus sucedâneos manu- faturados. Embora o mercado brasileiro para estes produtos seja menor e con- siderando que muitos países produzem e exportam em maiores quantidades, o Brasil ainda exporta US$ 75,01 milhões por ano, em média. Os Estados Unidos foram responsáveis por apenas 2,3% das exportações brasileiras, o que pode ser explicado pela tarifa de 350% aplicável a muitos dos itens. Os três produtos que se enquadram nessa categoria estão incluí- dos na cota de 80,2 mil toneladas men- cionada anteriormente. A maioria das exportações do Brasil, dentro dessa cota, é contabilizada pelas exportações de ta- baco. A cota de importação e o potencial para atingir a tarifa de 350% não permi- tem acesso competitivo ao mercado para derivados de tabaco. bebida fosse rotulada como “cachaça”, quando anteriormente era rotulada como “rum brasileiro” no mercado esta- dunidense. Apesar dos novos acordos de rotulagem, as tarifas aplicadas nas expor- tações de cachaça e de outros de tipos de rum chegam a 19%, com base no valor do licor/volume exportado. Grupo Produto SH-6 Código Média 2013-2015 Tarifa aplicada (%) Importações americanas do Brasil Importações ame- ricanas do mundo (US$ mil) Exportações brasilei- ras para o mundo (US$ mil) Tabaco Total ou parcialmente destalado ‘240120 301.574 519.900 2.454.975 Tarifas Múltiplas (0 - 350) Não destalado ‘240110 3.068 326.108 46.455 Tarifas Múltiplas (0 - 350) Tabaco e seus sucedâ- neos manufaturados Outros tabacos para fumar ‘240319 - 27.454 31.901 Tarifas Múltiplas (0 - 350) Fumo manufaturado, homogeneizado ou reconstituído ‘240391 1.739 28.877 14.538 Tarifas Múltiplas (0 - 350) Extratos, molhos e outros produtos de fumo e seus sucedâneos ‘240399 - 21.756 28.573 Tarifas Múltiplas (0 - 350) Picos tarifários para produtos de tabaco
  • 8. 8Informativo Especial 8 Edição 11 - Março de 2017 11 A “prova” (proof em inglês) é um método de medida de teor de álcool para bebidas destiladas que possuem pelo menos 20% de álcool por volume. A prova nessas bebidas é calculada multiplicando o teor percentual de álcool por volume por 2. “Litro de prova” significa um litro de líquido a uma temperatura de 15,56°C (60°F) que contém 50% (100 prova) de álcool etílico por volume, com uma gravidade específica de 0,7939 a 15,56°C (60°F) referido à água a 15,56°C (60°F) como unidade ou o seu equivalente alcoólico. Conclusão O Brasil é um dos maiores exportadores mundiais de produtos agropecuários e oitavo maior fornecedor ao mercado americano. Entretanto, com base no que foi exposto neste trabalho, é possível constatar que picos tarifários são bastan- te comuns e criam grandes barreiras para o comércio entre os dois países. Essas tarifas elevadas fazem com que os produ- tos brasileiros percam competitividade por duas razões principais: forte produ- ção interna dos EUA, que concorre com a brasileira, e a concorrência de países com os quais os americanos possuem acordos de livre comércio, dando-lhes vantagem competitiva com tarifas mais baixas. Em diversos casos mostrados, o Brasil possui grande valor de exportação para o mundo, mas o comércio bilateral com os EUA é pequeno ou nulo, enquanto as tarifas americanas chegam a níveis extremos, de até 350%. Esses casos po- dem ocorrer em meio ao uso de cotas tarifárias, como é o caso do açúcar e do tabaco. Por outro lado, foi possível notar tam- bém que os picos tarifários nem sempre impedem o comércio bilateral completa- mente. Esse é o caso de algumas frutas, preparações alimentícias contendo lácte- os e sucos de laranja, por exemplo. Ainda assim, o valor de comércio poderia ser in- crementado de forma significativa com a redução das altas tarifas, o que beneficia- ria o produtor brasileiro e o consumidor americano. Além disso, a proximidade geográfica dos EUA com países produ- tores de alguns dos produtos analisados neste estudo e a existência de acordos de livre comércio também influenciam o intercâmbio bilateral. O Brasil pode melhorar sua posição como exportador mundial de produtos agropecuários e a celebração de acordos desse tipo é uma forma de alcançar este objetivo. Os Estados Unidos devem ser prioridade, uma vez que possuem um mercado aque- cido e com altos índices de consumo. A adoção de medidas que liberalizem o comércio, principalmente em mercados extremamente sensíveis a preço (como o americano), pode facilitar a inserção de setores agropecuários brasileiros. Apesar da retórica protecionista, em contraposição à negociação de acor- dos multilaterais, o presidente Donald Trump anunciou que negociações bila- terais farão parte de sua agenda. Esse pode ser um momento oportuno para uma ofensiva brasileira. Além de possuir uma balança comercial equilibrada com os americanos, o Brasil possui muitos in- vestimentos nos EUA, que geram milha- res de empregos. Sob essa perspectiva, pode-se defender a maior aproximação Essa tarifa de 19% é aplicada ao produto avaliado em menos de US$ 3/litro de pro- va11 ou menos de US$ 0,69/litro de prova. Em 2015, quase 40% de todas as exporta- ções de cachaça para os Estados Unidos foram tarifadas em 19%. Do pequeno vo- lume de cachaça exportador pelo Brasil, a maioria é destinada à União Europeia, enquanto os EUA compram apenas 5%. Ainda assim, com base no tamanho do mercado e cultura, tem grande potencial de crescimento, e a tarifa de 19% está limitando a capacidade de o Brasil pro- mover a bebida naquele mercado. Além disso, os 8 maiores exportadores para os EUA sob o mesmo código SH-6 têm uma tarifa de 0%. Isso permite que outras be- bidas, como o rum da Jamaica e de Bar- bados, possam competir livremente no mercado americano. Grupo Produto SH-6 Código Média 2013-2015 Tarifa aplicada (%) Importações americanas do Brasil Importações ame- ricanas do mundo (US$ mil) Exportações brasilei- ras para o mundo (US$ mil) Cachaça e rum Em recipientes contendo não mais que 4 litros, no valor de US$ 3/litro de prova ‘220840.20 677 8.429 16.085 (incapaz de sair em quantidade/ valor com base em requisitos de medi- ção Brasil) 19,1 Em recipientes contendo não mais que 4 litros, no valor maior US$ 3/litro de prova ‘220840.40 824 92.219 0 Em recipiente contendo mais de 4 litros, no valor de US$ 0,69/litro de prova ‘220840.60 - 4.102 19,1 Em recipiente contendo mais de 4 litros, no valor maior que US$ 0,69/litro de prova ‘220840.80 555 14.571 0 Picos tarifários para cachaça e rum
  • 9. 9Informativo Especial 9 Edição 11 - Março de 2017 entre os dois países, ampliando as com- plementariedades e trazendo novos be- nefícios para as economias e sociedades brasileira e americana. A decisão de reverter a participação dos EUA na Parceria Transpacífico (TPP) dá ao Brasil melhores condições de competir naquele mercado. A aprovação da TPP re- duziria grande parte das tarifas para pro- dutos vindos da Austrália, Nova Zelândia, Peru, Chile, Vietnã, Malásia, Indonésia, e outros, aumentando ainda mais a con- corrência para diversos setores do agro- negócio brasileiro. Os produtos já subme- tidos a picos tarifários, portanto, teriam ainda mais dificuldade para acessar os EUA. Os impactos da TPP ao comércio agropecuário brasileiro foram tema de um estudo publicado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) no início de 2017. Da mesma forma, uma eventual revisão do NAFTA também po- deria criar oportunidades para expandir o comércio em setores hoje ocupados por produtos mexicanos e canadenses. A CNA, portanto, chama a atenção para essas oportunidades e desafios. É preciso desenvolver uma estratégia concertada de ações nos EUA, entre setor privado e governo, para coordenar uma agenda que promova temas diversos de comér- cio, investimento, pesquisa e desenvolvi- mento, serviços, dentre outros, e eleve o relacionamento entre os países. Informativo Especial é elaborado pela Superintendência de Relações Internacionais da CNA. SGAN - Quadra 601 - Módulo K CEP: 70.830-021 Brasília/DF (61) 2109-1419 | cna.comunicacao@cna.org.br CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL Reprodução permitida desde que citada a fonte SUPERINTENDÊNCIA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS Lígia Dutra Silva Gabriela Coser Rivaldo Kristen M. Hamel Lara Vicente Teixeira Pedro Henrique de Souza Netto Pedro Henriques Pereira