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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA
               MARIANA DE AZEVEDO PINTO




Paripe, Ações Comunitárias e Visibilidade Pública através
        do Programa de TV “Que Venha o Povo”




                  Conceição do Coité, 2011.
MARIANA DE AZEVEDO PINTO




Paripe, Ações Comunitárias e Visibilidade pública através
         do Programa de TV Que Venha o Povo




                            Trabalho de conclusão apresentado ao curso
                            de Comunicação Social - Habilitação em
                            Radialismo, da Universidade do Estado da
                            Bahia, como requisito parcial para obtenção
                            do grau de bacharel em Comunicação, sob a
                            orientação da Professora: Patrícia Rocha de
                            Araújo.




                   Conceição do Coité, 2011
MARIANA DE AZEVEDO PINTO




Paripe, Ações Comunitárias e Visibilidade Pública através
          do Programa de TV “Que Venha o Povo”



                                 Trabalho de conclusão apresentado ao curso
                                 de Comunicação Social - Habilitação em
                                 Radialismo, da Universidade do Estado da
                                 Bahia, como requisito parcial para obtenção
                                 do grau de bacharel em Comunicação, sob a
                                 orientação da Professora: Patrícia Rocha de
                                 Araújo.




  Data:__________________________
  Resultado:_____________________

 BANCA EXAMINADORA

 Prof.(orientadora)_________________
 Assinatura_______________________


 Prof.(orientadora)_________________
 Assinatura_______________________

 Prof.____________________________
 Assinatura________________________
Dedico a Deus
Companheiro fiel.
AGRADECIMENTOS:


      Avante. Conhecimento a gente aplica na vida pública, na esfera profissional, e
nas próprias relações da vida privada. Tanto quis que assim foi. Uma das etapas de
conhecimento e aprendizado que se conclui. Feliz é aquele que abdica, porque
abdicar faz parte do processo de ser humano. Nessa caminhada muitos foram
humanos comigo: Inailde Azevedo, que sempre se mostrou atuante enquanto mãe,
educadora e amiga; meu irmão Danilo Azevedo, que sempre abriu meus olhos para
as possibilidades da vida; meu pai Wilson Pinto, que sempre investiu na educação
de seus filhos; Aloisio Ferreira, pela companhia e paz nos momentos de inquietude,
aos amigos, em especial ao grupo de faculdade: Bela Almeida, Glécia Carneiro,
Leandro Daniel, Maicon Emerson, Robson Silva que, aos trancos e barrancos,
nunca deixaram de seguir em frente e ter confiança na vida. Aos demais colegas de
turma, a minha orientadora Patrícia Rocha em aos que entraram no meio do
caminho e acabaram por me dar base permitindo-me caminhar com foco, Raiane
Lopes, Duda, Juçara, meu muito obrigado. Fácil não foi, a cidade era desconhecida,
repleta de peculiaridades, mas nada que a juventude não tirasse de letra. O melhor
de tudo é que tivemos a oportunidade de nos conhecer e conviver com universos
diferenciados. Hoje parto para um novo retângulo de vida, mais conhecedora e
completamente grata a todos que comigo estiveram, conviveram e que me
ensinaram. Muitíssimo obrigado.
“Há, contudo quem não veja civilidade como virtude”.
                                    Kennedy (1998)
RESUMO:


Verificamos se o programa de televisão “Que Venha o Povo” configura-se em um
instrumento estratégico de diálogo e visibilidade para os problemas e anseios da
comunidade de Paripe, por meio do das ações desenvolvidas pelas lideranças
comunitárias perante as autoridades do poder público. Foram verificadas também as
possíveis influências da linha editorial do programa nesse diálogo, através de
materiais fornecidos pela própria produção do programa. Para tanto, adotamos
como corpus de análise dados obtidos a partir da confecção de Grupos Focais
envolvendo seis Associações comunitárias: o CECOP, Associação de Moradores,
Associação de Pescadores, Centro dos Amigos de Paripe, Associação Jovem de
Paripe, Centro Comunitário da Igreja Católica de Paripe. Através dos dados obtidos
junto a esse corpus pudemos formular e compreender os procedimentos adotados
para visibilidade da comunidade junto ao programa QVP, bem como perceber os
elementos, interesses e consequências que essa tentativa de visibilidade
desenvolve para a comunidade.


Palavras-chave: Mobilização Comunitária,Paripe; Programa de TV QVP;
Visibilidade.
ABSTRACT:

We check that the television program "What the People Come" set in a strategic
instrument of dialogue and visibility to the problems and aspirations of community
Paripe through the actions undertaken by community leaders, before the authorities
of the government. We also noticed the possible influences of the editorial line of the
program in such a dialogue, through materials provided by own production of the
program. To this end, we adopted as corpus analysis, data obtained from the
construction of six focus groups involving community associations: the CECOP,
Residents Association, Fishermen's Association, Friends of the Center Paripe, Paripe
Youth Association, the Catholic Church Community Center of Paripe. Using data
obtained from this corpus we formulate and understand the procedures adopted for
visibility of the program QVP community together, and perceive the elements,
interests and consequences that this attempt to develop visibility for the community.



Keywords: Community Mobilization-Paripe; TV QVP; visibility.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES


Figura 1 - Imagens do Programa Que Venha o Povo. .................................................. 29

Figura 2 - Localização de Paripe. ..................................................................................... 31
LISTA DE TABELAS


Tabela 1 - Associações comunitárias, total de associados, líderes e tempo de

atuação .................................................................................................................................... 32

Tabela 2 - Relação das Pautas ........................................................................................... 43

Tabela 3 - Relação das pautas de saúde .......................................................................... 44

Tabela 4 - Relação das pautas de educação ................................................................... 45

Tabela 5 - Relação das pautas de entretenimento .......................................................... 45

Tabela 6 - Relação das pautas de violência ..................................................................... 46

Tabela 7 - Relação das pautas de assistencialismo ....................................................... 46

Tabela 8 - Relação das pautas de infraestrutura ............................................................. 46

Tabela 9 - Relação das pautas de eventos....................................................................... 47

Tabela 10 - Relação das pautas de saúde ....................................................................... 48

Tabela 11 - Relação das pautas de educação ................................................................. 49

Tabela 12 - Relação das pautas de entretenimento ........................................................ 50

Tabela 13 - Relação das pautas de violência ................................................................... 51

Tabela 14 - Relação das pautas de assistencialismo ..................................................... 51

Tabela 15 - Relação das pautas de infraestrutura ........................................................... 52

Tabela 16 - Relação das pautas de eventos .................................................................... 53
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS


APP      Associação dos Pescadores de Paripe
AJP      Associação Jovem de Paripe
AMP      Associação dos Moradores de Paripe
CAP      Centro dos Amigos de Paripe
CCICP    Centro Comunitário da Igreja Católica de Paripe.
CDI      Comitê de Democratização da Informática
CECOP    Centro Comunitário da Igreja Batista de Paripe
FHC      Fernando Henrique Cardoso
GF       Grupo de Focal
IBGE     Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPEA     Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
MCM      Meios de Comunicação de Massa
PNUD     Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PPNADL   Projeto Nacional de Apoio ao Desenvolvimento Local
QVP      Que Venha o Povo
SAC      Serviço de Atendimento ao Consumidor
SECULT   Secretaria de Cultura da Bahia
IDH      Índice de Desenvolvimento Humano
IWG      International Working Group
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13
1.      SOCIEDADE CIVIL E MEIOS DE COMUNICAÇÃO: UMA RELAÇÃO PARA A
CIDADANIA. ............................................................................................................. 16
     1.1. CIDADANIA .................................................................................................... 16
     1.2. SOCIEDADE CIVIL. ........................................................................................ 17
     1.3. MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA E SEUS REFLEXOS NA
     CONTEMPORANEIDADE. .................................................................................... 19
     1.4. MÍDIA TELEVISIVA NO BRASIL: HISTÓRIAS E PERSPECTIVAS ............... 21
        1.4.1. MÍDIA TELEVISIVA NO BRASIL: UM BREVE HISTÓRICO. .................. 21
        1.4.2. TELEVISÃO: MOBILIZAÇÃO E VISIBILIDADE. ...................................... 24
2.      JORNALISMO POPULAR E VISIBILIDADE ..................................................... 26
     2.1. O PROGRAMA DE TELEVISÃO “QUE VENHA O POVO” ............................. 28
3.      PARIPE – MOBILIZAÇÕES COMUNITÁRIAS E VISIBILIDADE PÚBLICA
ATRAVÉS DO PROGRAMA DE TELEVISÃO QVP ................................................. 31
     3.1. PARIPE........................................................................................................... 31
        3.1.2. ASSOCIAÇÃO JOVEM DE PARIPE - (AJP) ............................................ 33
        3.1.3. ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DE PARIPE– (AMP) ....................... 33
        3.1.4. ASSOCIAÇÃO DOS PESCADORES DE PARIPE – (APP) ..................... 33
        3.1.5. CENTRO DOS AMIGOS DE PARIPE- (CAP) .......................................... 34
        3.1.6. CENTRO COMUNITÁRIO DA IGREJA CATÓLICA DE PARIPE – (CCICP)
        ........................................................................................................................... 34
        3.1.7. CENTRO COMUNITÁRIO DA IGREJA BATISTA DE PARIPE-(CECOP) 35
     3.2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ....................................................... 36
        3.2.1. FASE 1: LIDERANÇAS COMUNITÁRIAS E SEU TRABALHO DE
        MOBILIZAÇÃO. .................................................................................................. 37
        3.2.2. FASE 2: A VISIBILIDADE DAS MOBILIZAÇÕES E DAS DEMANDAS
        TRAZIDAS PELO LÍDER COMUNITÁRIO NO QVP .......................................... 41
        3.2.3. DEMANDAS DA COMUNIDADE TRAZIDAS PELOS LÍDERES
        COMUNITÁRIOS QUE FORAM VISIBILIZADAS NO QVP ............................... 42
        3.2.4. FASE 3: MOBILIZAÇÃO COMUNITÁRIA QUE EFETIVA OU NÃO A
        VISIBILIDADE DA AÇÃO NO PROGRAMA. ...................................................... 44
        3.2.5. FASE 4: DE MOBILIZAÇÃO COMUNITÁRIA: QUE VERIFICA A
        POSSIBILIDADE DE INTERFERÊNCIA DA LINHA EDITORIAL DO
        PROGRAMA QVP. ............................................................................................. 47
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 56
13



INTRODUÇÃO


      A emergência por cidadania e melhorias nas condições de vida da população
traz consigo, segundo Peruzzo (2005), um forte esforço por reorganização social,
principalmente das classes sociais que se vêem por caráter de ordem econômica
excluídas do processo e da vida política do país. Aparentemente desamparadas pelo
Estado e por suas estruturas e utilizando-se da televisão como veículo de
visibilidade, as populações de baixa renda tentam trabalhar por melhorias nas
condições de vida de sua comunidade.
      Paripe é uma dessas comunidades de baixa renda de Salvador, que
desacreditadas por algumas instituições sociais, vão em busca de veículos de
comunicação como forma de resolver seus problemas e alcançar para eles alguma
visibilidade. Através de instituições representativas da comunidade como lideranças
comunitárias e associações, Paripe tenta através do programa de Televisão Que
Venha um Povo, buscar melhorias na infraestrutura, educação, saúde e habitação
para seu bairro e consequentemente para os seus moradores.
      Por compreender a importância dessas mobilizações com bases comunitárias
e a fim de levantar instrumentos que possam contribuir com a valorização dessas
ações desenvolvidas pela comunidade de Paripe e suas lideranças, esse trabalho se
justifica. O nosso problema aqui é entender se o programa popular e sensacionalista
“Que Venha o Povo” pode funcionar para as lideranças sociais de Paripe como um
instrumento de diálogo e visibilidade com as autoridades na busca da resolução dos
problemas da comunidade.
      Visando responder este problema, temos como objetivo central de pesquisa
verificar se o programa de Televisão “Que Venha o Povo” pode configurar-se em um
instrumento estratégico de diálogo e visibilidade para as ações desenvolvidas pela
comunidade e lideranças comunitárias de Paripe, com as autoridades do poder
público. Para alcançar este objetivo maior, outros precisaram ser alcançados. Entre
nossos objetivos específicos, estão: a verificação da importância atribuída pela
comunidade aos movimentos e lideranças comunitárias no que compete a garantia e
bem estar coletivo da comunidade de Paripe e a verificação da interferência editorial
do programa nesse processo dialógico de visibilidade.
      O trabalho foi dividido em três capítulos. Temos no primeiro capítulo a
promoção de uma reflexão conceitual acerca do termo e prática da cidadania.
14



Verificamos o conceito, surgimento e importância da sociedade civil enquanto
estrutura de regulação dos direitos e deveres da sociedade junto as autoridades
competentes e ao Estado. Debruçamos-nos em entender o papel e o poder de
visibilidade dos meios de comunicação, em especial da televisão, no propósito de
alcançar esses objetivos pela sociedade.
      No segundo capítulo, desenvolvemos uma abordagem conceitual acerca do
jornalismo popular e do programa de Tv “Que Venha o Povo”, apontando as
características que identificam as camadas populares com esse formato de
jornalismo.
      No terceiro capítulo, enfocamos a comunidade de Paripe, apresentando- a
assim como suas associações, intenções e demandas, destrinchando o processo
para a visibilidade desenvolvido no programa, por meio da verificação das pautas
levadas pelas lideranças comunitárias ao programa de TV local “Que Venha o Povo”.
Verificamos também a interferência da linha editorial do programa no processo de
visibilidade junto ás autoridades locais.
      O trabalho utilizou como procedimento metodológico a pesquisa bibliográfica,
levantamento e sistematização de informações sobre o tema abordado, promoção
de grupos focais (GF), reunindo lideranças comunitárias de seis associações, bem
como a coleta de dados junto ao programa de TV QVP. Temas como cidadania,
motivações para a mobilização comunitária, utilização de telejornal popular QVP
como instrumento de visibilidade da comunidade com autoridades locais foram
levantamentos feitos junto às lideranças.
      Dentre o suporte teórico utilizado para entendimento e conceituação da
cidadania, Estado e seus papéis estão autores como Santana (2004), Quintão
(2001) e Silva (2002). Para compreender os meios de comunicação, especialmente
a televisão, seu poder de alcance e configuração de visibilidade, foram utilizados
autores como Herz (2001); Thompson(2008) e Raboy (2005).
      Jambeiro (2002), Ortiz (2006), Zahar, (2001), Torres (2009) e Bayma (2010),
nos permitiram compreender o papel de interação e disseminação dos valores
sociais através dos veículos de comunicação de massa. A leitura de Jambeiro (2002)
e Dagnino (2002) nos permitiu compreender as características estruturais que
impedem o acesso real das populações carentes aos veículos de comunicação
tradicionais existentes, e como estas podem ser visualizadas na estrutura da
sociedade civil. Ortiz (2006) complementa a análise nos iluminando sobre quais as
15



barreiras a serem enfrentadas pela sociedade para a promoção da cidadania e dos
diálogos a partir dos meios de comunicação. A noção necessária para entendimento
do trabalho e o conceito que envolve a sociedade civil, são trazidas por autores
como Gomes (2002, 2004, 2007) e Dagnino (2002, 2005). As conceituações,
análises e perspectivas envolvendo programas populares e sensacionalismo utilizou-
se dos conceitos de Amaral(2006), Peruzzo (2002, 2005), Paiva(1998). Estas
leituras ainda nos auxiliaram a perceber como as camadas populares enxergam,
reconhecem seus valores e utilizam espaços alternativos na busca da visibilidade.
16



 1. SOCIEDADE CIVIL E MEIOS DE COMUNICAÇÃO: UMA RELAÇÃO PARA A
    CIDADANIA


   1.1.   CIDADANIA


      Para Santana (2004), quando falamos em promoção da igualdade de direitos
entre indivíduos, logo nos remetemos à vida no âmbito das relações públicas e
pensamos em ações que primem pela garantia do bem estar coletivo e social. A
esse conjunto de ações e padrões de conduta a serem adotados damos o nome de
cidadania. A palavra cidadania aparece em muitas civilizações da antiguidade, como
por exemplo, a grega e a romana. O modelo de cidadania confeccionado por essas
duas civilizações promovia uma diferenciação dos sujeitos a partir de sua posição
social e econômica. Na atualidade, essa concepção de cidadania desenvolvida na
antiguidade não é a pretendida. Segundo Santana (2004), o conceito de cidadania
para a atualidade é um conceito ampliado, em que a cidadania representa a
construção de uma sociedade e de consensos políticos organizados pela
coletividade, independente de sua posição econômica e social.
      O exercício da cidadania é inerente a todo indivíduo. A ausência de cidadania
para um indivíduo resulta para ele, e para a sociedade em grandes preocupações de
ordem estrutural, pois submete esse sujeito à ficar a margem da sociedade.
“Organizar uma comunidade para a vida cívica e dentro dos princípios da cidadania,
evitando a existência dessa marginalização é uma atividade muito complexa.
Demandadora da regulação de algumas estruturas” (QUINTÃO, 2001, p. 34). O
papel estrutural de manutenção dos direitos e deveres de um cidadão e da
coletividade na vida em sociedade é do Estado. Entenderemos aqui por Estado:


                    [..]a organização político-jurídica de uma sociedade. Essa sociedade política
                    é determinada por normas de direito positivo, é hierarquizada na forma de
                    governantes e governados, e constitui essencialmente de um grupo de
                    indivíduos unidos e organizados, permanentemente, para realizar um
                    objetivo comum (AZAMBUJA, 2002, p. 6).

      Para governar e desenvolver uma cidade sob os princípios da igualdade, o
Estado deve fornecer à sua população o suporte para atendimento de suas
demandas coletivas. Ocorre que, num país como o Brasil, que possui a quinta maior
17



população      do    mundo1.      Conhecer       e   contemplar      todas     essas     demandas,
transformando-as em políticas públicas coletivas, torna-se uma atividade complexa
até para o Estado. SANTANA (2004). A extensão geográfica, o descomprometimento
de estruturas confeccionadas pelo próprio governo apresentam-se como barreiras a
serem enfrentadas pelo Estado e sociedade no alcance dessas politicas.
         Segundo Dagnino (2002), nesse contexto de complexidade administrativa das
demandas coletivas, desenvolve-se como possível elemento de apoio para a
administração pública, estruturas próprias da sociedade, chamadas de Sociedade
Civil.



     1.2. SOCIEDADE CIVIL



         A Sociedade Civil “são organizações sociais voluntárias que a depender do
momento histórico que ela vivencia, segundo Dagnino (2002), atuam ora, opondo-se
ao Estado, ora em conformidade com o Estado e ora à frente do Estado no
direcionamento de suas políticas”. Segundo Kaldor (2003), em todos esses
momentos a Sociedade Civil é sinônimo de uma sociedade moderna, que busca
articular-se coletivamente para estabelecer um projeto de futuro que contemple a
sociedade e suas demandas em suas diferentes estruturas e grupos, possibilitando
assim, a igualdade.
         Para Gomes (2007, p. 56), “apesar da importância trazida por essas
entidades sociais ao processo de cidadania, o desenvolvimento desse estímulo para
a participação política da sociedade nos processos do Estado ainda é difícil, tanto
por variáveis econômicas, como pelas variáveis políticas.” a Educação no país
contempla simultaneamente essas representações das variáveis econômicas e
política. Segundo Dagnino (2002), e Gomes (2007), por desconhecer os
conhecimentos técnicos e a burocracia que regem as políticas de administração do
Estado, a maioria da sociedade exime-se de dialogar com a máquina pública. Ou
ainda quando esta tem determinado conhecimento sobre os possíveis lugares legais
de recorrência para a participação da vida pública, logo se desmotiva por conta do
histórico de irregularidades e corrupções                  nos quais estas estruturas da

1
 Segundo o censo 2011, do Instituto Brasileiro de Geografía Estatística (IBGE ), o Brasil possui 191mil
habitantes, distribuidos em 5564 municipios brasileiros.
18



administração estão envolvidas. Um bom representativo dessas desmotivações,
para Dagnino (2002), são os partidos políticos, que deixaram de utilizar da
autoridade e de seus conhecimentos de representação social junto ao poder público.
Esse fato promoveu um fechamento e isolamento da sociedade para com essas
entidades e dificultou o processo de participação social, por vias normais de
representação. Embora não seja a solução efetiva para essa brecha deixada pelos
partidos políticos, e por outras instâncias de representação governamental, a
sociedade civil pode, para Dagnino (2002), fornecer uma pequena estrutura técnica
e política para a participação da sociedade nos processo de construção do país.
      Esse poder de atuação e transformação existente na sociedade civil, através
de representações como organizações comunitárias e sindicatos de classe pode ser
entendido a partir de um período histórico do Brasil.
          Entre os anos 1960 a 1970, por conta do projeto de desenvolvimento
nacional e do golpe instituído ao governo de João Goulart, o país enfrentou um
período de descontentamentos na política de administração do governo. Segundo
Quintão (2001), Vargas importava para o Brasil um modelo de desenvolvimento
econômico baseado na modernização no país, principalmente das zonas agrícolas.
Esse projeto trazido pelo governo e não planejado com a sociedade, promoveu um
processo de migração desordenado dos trabalhadores do campo para os centros
urbanos, situação que alargou o contingente de trabalhadores urbanos e promoveu
nas cidades e na vida da sociedade grandes cenários de doenças sociais. Diversos
setores das camadas populares descontentes com a situação que vivenciavam
mobilizaram-se em prol de melhorias nas condições de vida e dos interesses de sua
classe. Entidades da sociedade civil, como movimentos sociais, passaram a se
organizar em forma de sindicatos para traçar estratégias de negociação e buscar
melhorias nesse modelo de gestão junto ao Estado. Têm destaque para Dagnino
(2002),    os   sindicatos   dos   trabalhadores.   Estes,   unidos   por   sua   classe,
confeccionaram um estatuto próprio, exigindo redução na carga horária de trabalho,
férias, condições adequadas de segurança no trabalho, entre outros benefícios.
      Inspirados nesse grupo de trabalhadores, vários outros passaram a se
articular no período. Minorias até então invisíveis da sociedade civil, a exemplo dos
Movimentos feministas, anti-racistas, anti-homofobia, e vários outros movimentos
surgem em níveis locais e trabalham pela livre exposição de suas preferências e
pela conquista dos seus direitos junto ao Estado, (QUINTÃO, 2001).
19



        Como vimos, ações de grupos da Sociedade Civil atuantes naquele período
foram    importantes   na   conquista   de   alguns   direitos.   Algumas   ações   lá
desencadeadas ainda são desfrutadas na atualidade, como é o caso das conquistas
envolvendo o trabalhador. Todavia, para Perruzo (2003), não podemos negar que
por conta de suas limitações de atuação envolvendo questões como a de geografia,
essas ações se viam impedidas de se tornar maiores e capazes de beneficiar a
sociedade como um todo.
        Nessa perspectiva de construção da cidadania para o alcance de todos, os
meios de comunicação de massa, em especial a televisão, segundo Peruzzo (2003)
hoje deveriam servir como instrumentos para rompimento de algumas barreiras
geográficas, ideológicas e políticas presentes nos diálogos das sociedades e no
diálogo da sociedade com o Estado. Por conta disso, compreender a importância e o
papel que estes exercem em nosso meio é uma tarefa de fato importante.




1.3. MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA E SEUS REFLEXOS NA
CONTEMPORANEIDADE



        Para Herz (2001), a importância dos meios de comunicação na construção e
no desenvolvimento social, bem como sua intencionalidade e espontaneidade na
geração dos efeitos sociais, é inegável. Por ser importante na construção e
desenvolvimento social é que esses meios estão nas mãos de poucos. Essas
concentrações causam um desequilíbrio nas relações sociais, retardando o processo
de cidadania. A não utilização desses meios comunicacionais pela sociedade,
impede a confecção de um cenário social e econômico mais igualitário, e impede o
rompimento das barreiras de ordem espacial e política tão necessárias para o efetivo
processo de cidadania. “Possuir espaço num meio de comunicação é na atualidade
possuir um espaço de poder” (HERZ, 2001, p. 32). Esse poder existente nos meios
de comunicação, no âmbito das relações sociais e nas relações da sociedade para
com o Estado, pode efetuar-se como um poder de alienação ou ainda um poder de
conhecimento e conscientização. O primeiro “modelo de poder, que aliena e
desnivela economicamente e culturalmente as pessoas, já é muito utilizado no
modelo atual de governo, sendo, portanto, dispensável ao processo de cidadania e a
Sociedade Civil” (HERZ, 2001, p. 10). Já o segundo modelo de poder trazido pelos
20



meios de comunicação, “que gera conhecimento e conscientização e é capaz de
mobilizar se torna favorável ao processo de cidadania, sendo objeto de ambição da
Sociedade Civil” (HERZ, 2001, p. 10). Entenderemos aqui como mobilizar “o ato ou
ação de convocar vontades, para atuar num objetivo comum, buscando resultados
cotidianos para a coletividade” (TORO, WERNECK, 2005, p.13).
       Através dos meios de comunicação e do seu desenvolvimento técnico,
podemos romper barreiras espaciais e temporais, conhecer a realidade do outro e
fazer o outro conhecer a nossa, bem como convocar vontades. Essa capacidade de
romper barreiras espaço – temporais, proporcionadas por um meio técnico é
chamada por Thompson (2008) de “visibilidade mediada”. Sobre isso Thompson
discorre:


                      Visibilidade mediada diferente do ato de ver captado pelo olho é “sempre
                      moldada por um espectro mais amplo de pressupostos e quadros culturais e
                      pelas referências faladas ou escritas que geralmente acompanham a
                      imagem visual e moldam a maneira como as imagens são vistas e
                      compreendidas (THOMPSON, 2008, p.21).



       Para Medeiros (2011), a televisão enquanto meio técnico e no contexto de
produção do capital apresenta-se a sociedade civil como um importante instrumento
de   visibilidade   e mobilização.    Ao    romper barreiras       espaços-temporais,       a
possibilidade de disseminação de diferentes consciências e contextos culturais
torna-se uma realidade mais palpável.
       Mesmo a televisão sendo um importante elo de visibilidade e ligação de
realidades, é uma estrutura que ainda encontra dificuldades em se tornar um objeto
livre a utilidade pública. Essa compreensão que envolve a liberdade da televisão
enquanto veículo está associada à própria entrada do veículo no país. Como o
nosso trabalho envolve a utilização da televisão como instrumento de visibilidade
para as ações da Sociedade Civil, conhecer um pouco mais sobre este veículo e sua
forma de implantação faz-se oportuno.
21



1.4. MÍDIA TELEVISIVA NO BRASIL: HISTÓRIAS E PERSPECTIVAS


  1.4.1. MÍDIA TELEVISIVA NO BRASIL: UM BREVE HISTÓRICO



      Segundo Zahar (2001), a televisão chegou ao país em 1939, com Edgar
Roquete Pinto e, diferente da tv norte-americana, que teve como influência a
indústria cinematográfica, a brasileira submeteu-se à influência do rádio. Apesar de
Roquete Pinto ter realizado algumas experiências com o novo veículo, foi nas
décadas de 1940 e 1950, já com Assis Chateaubriand, que começaram a entrar nas
casas brasileiras as primeiras trasmissões televisivas. A partir da sua entrada no
país, a televisão passa a ser vista como um instrumento de desenvolvimento
nacional e uma importante fonte de informação e construção da opinião pública,
principalmente quando esta construção de opinião pública centrava-se na divulgação
ou consolidação da imagem política de governos e regimes autoritários.
      Segundo Mattos (2000, p.29), a Escola Superior de Guerra (ESG) foi uma
instituição criada por um pequeno grupo de militares que tinha como propósito
utilizar a televisão nos quatro campos de governo: 1)no campo militar: mobilizando
as forças armadas do território nacional a fim de cuidar de forças emergenciais
iminentes e cooperar com empreendimentos ligados ao desenvolvimento e à
segurança nacional, 2) no campo político: melhorando o processo administrativo do
país; 3) no campo econômico: estimulando a produtividade dos setores industriais; e
4) no campo psicossocial: promovendo o fortalecimento do interesse nacional pelos
valores espirituais, morais e cívicos da nação.
      Ainda para Mattos (2005), a televisão transformou-se num veículo por meio
do qual o regime poderia persuadir, impor e difundir seus posicionamentos. Por a
televisão ser vista como agente de modernização e como ferramenta para a
manutenção da integração nacional, da segurança e da paz, o governo também se
preocupava com o conteúdo transmitido pelas emissoras de televisão. Os governos
de Médici até Geisel estipularam um “padrão cultural” na televisão. Produções como
telenovelas, telemusicais ou qualquer manifestação popular que fosse de encontro a
esse padrão cultural estaria impedida de ser transmitida na televisão. Esse
impedimento de produção de conteúdo do governo culminou em fortes críticas por
parte da população sobre a tutela do Estado a televisão. Por ser um bem público,
22



problemáticas do cotidiano deveriam ser trazidos para a discussão na televisão, sem
que o Estado manifestasse censuras, pois enquanto instituição reguladora, deveria
permitir a livre expressão do pensamento individual e coletivo e não coibi-lo.
      As manifestações envolvendo a participação e a visibilidade dos contéudos
da população dentro do espaço de televisão tornaram-se uma constante de luta para
a sociedade. A situação obrigou o Estado a redefinir os rumos da televisão, a fim de
promover espaços para a produção e a discussão social. As televisões públicas e
educativas surgiram como uma possível resposta às demandas da sociedade. Estas
permitiriam uma diversificação na programação que poderia oferecer cultura,
ciência, informação e visibilidade a diferentes públicos, sem se preocupar com as
questões da publicidade financiada, presentes nas televisões comerciais. Apesar da
importância visualizada e dos grandes avanços sociais que este modelo de televisão
importado da Europa poderia trazer para o Brasil, a utilização desse modelo também
foi equivocada, visto que com o passar do tempo, em especial no governo de
Fernando Henrique Cardoso (FHC) - (1995-2002) e Luís Inácio da Silva (2003-
2010), o uso dessas concessões de televisão educativas também passaram pelas
mesmas práticas existentes nas televisões comerciais, como a prática denominada
de “coronelismo eletrônico”. Bayma define:


                     A literatura política brasileira tem utilizado o termo coronelismo como uma
                     forma peculiar de manifestação do poder privado, com base no compromisso
                     e na troca de proveitos com o poder público. A ciência política trata como
                     coronelismo a relação entre os coronéis locais, líderes das oligarquias
                     regionais, que buscavam tirar proveito do poder público, no século 19 e
                     início do século 20. Hoje, não há como deixar de se associar esse termo aos
                     atuais impérios de comunicação mantidos por chefes políticos oligárquicos,
                     que têm, inclusive, forte influência nacional. O compadrio, a patronagem, o
                     clientelismo, e o patrimonialismo ganharam, assim, no Brasil, a companhia
                     dos mais sofisticados meios de extensão do poder da fala até então
                     inventados pelo homem: o rádio e a televisão. (BAYMA, 2010, p. 95)



      Diante desse quadro, Torres (2009) presume, que parte significativa dessas
emissoras de TV estão a serviço de interesses particulares e distantes de sua
finalidade de utilidade pública. Inexiste, segundo Ortiz (2006), ação até então
desencadeada pelo governo que tente desvincular a iniciativa pública da privada,
quando o assunto é televisão. Pelo contrário, as ações desenroladas aproximam
mais as emissoras dessa lógica mercadológica. Ilustra:
23




                    Praticamente as TVs Públicas funcionavam nos moldes de uma empresa
                    privada. Seus programas (música popular, radio teatro, programas de
                    auditório) em nada diferem dos outros levados ao ar pelas emissoras
                    privadas. [...] quando se olha a porcentagem da programação dedicada aos
                    chamados “programas culturais” observa-se que eles não ultrapassam 4,5.
                    Ao que tudo indica, a acomodação dos interesses privados e estatais se
                    realiza no seio de uma mesma instituição sem maiores problemas (ORTIZ,
                    2006, p. 53).



      A intervenção do Estado para promover seus aliados políticos; as execuções
adversas aos princípios e fundamentações da televisão pública, tudo isso esbarrado
na dependência financeira impedem a independência das emissoras e consequente
independência do cidadão. Contudo, não há, segundo Torres (2009, p. 52), para o
quesito financeiro, justificativa aceitável. Embora o custo para a produção de
conteúdos seja para o governo muito alto, existe uma verba federal mínima anual de
430 milhões, destinada ao serviço de radiodifusão, verba que se chegasse de fato
ao seu destino daria para manter, bem como ampliar, a rede de televisão pública no
país. Para ele, o próprio governo utiliza-se dessa verba para a produção de suas
publicidades e de seus parceiros na televisão, privando a população da verba
destinada a produção de seus conteúdos.
      Segundo Torres (2009), o cenário que temos com o surgimento da televisão
pública e educativa não se distancia muito do que tínhamos antes da sua existência.
A televisão pública criada sobre base educativa para promover a igualdade de
informação para a população não incorpora as demandas sociais e por isso, perde
sua autoridade política diante dessas classes. Por outro lado, as televisões
comerciais, criadas para incorporar propaganda em suas programações, vêem-se
preocupadas em atender demandas de responsabilidade do poder público e se
tornam fortalecidas e respaldadas pela sociedade. Assim, se transformam no maior
instrumento de comunicação com o poder público na atualidade. “Vemos uma
inversão de papéis. TV pública produzindo em nome de minorias e dialogando com
minorias, e televisões comerciais sendo procuradas pela sociedade como
instrumento de diálogo e visibilidade, (TORRES, 2009, p.54).
24



  1.4.2. TELEVISÃO: VISIBILIDADE



      No estudo, daremos destaque ao modelo de televisão comercial.          O que
percebemos a respeito de um conjunto de televisões comerciais que se
remodelaram e conseguiram alcançar grandes públicos. É importante mencionar
que a atitude adotada por essas TVs não é resultado somente de uma preocupação
com o direito de pequenos grupos, estão aí embutidos elementos mercadológicos de
interesse da cúpula administrativa. “Esses interesses econômicos, independente da
adaptação que forem feitas nesse modelo de televisão, sempre acabam por impedir
que a televisão atue em seu melhor propósito, que é estar a serviço do público”.
(GOMES, 2007, p.52).
      A remodelação que estas televisões sofreram assemelha-se a uma estrutura
de rede. Vários pontos distintos produzem e recebem informação em níveis locais e
nacionais. Essa nova estrutura de mídia televisiva, “descentralizada” de pólos de
produção nacional e alcançada pela iniciativa privada que se baseia no local, tem se
mostrado um espaço interessante para que as populações geograficamente e
culturalmente afastadas tentem se comunicar umas com as outras e com as
autoridades da região em busca da resolução de suas problemáticas.             Essa
situação, segundo França (2005), embora querida pelas TVs educativas, ainda não
se processou. Tem-se nessa experiência de abordagem e produção de conteúdo a
partir do local uma boa saída e modelo para investidura de visibilidade,
principalmente paras as comunidades de baixa renda.
      A televisão, como já vimos, é uma ferramenta importante de visibilidade
THOMPSON (2008). Cerca de 96% da população tem o aparato técnico de televisão
em casa    (IBGE-2010). Segundo Medeiros (2009), é muito comum falarmos e
assistirmos comunidades carentes em veículos televisivos, de forma a associar
somente questões ligadas à violência. Segundo ela, todos sabem quando uma
escola é invadida, um morador foi afastado por assassinato ou se envolveu no
mundo das drogas, porém é muito difícil termos o conhecimento sobre o que as
pessoas fazem para melhorar suas vidas, através de um programa de televisão.
      Dentro desse contexto de sociedade civil que comentamos há pouco, vamos
neste trabalho enfocar na sociedade civil atuante em uma esfera local. Nessa
25



perspectiva, tem destaque para Peruzzo (2002), a participação dos líderes e
associações comunitárias, também chamados de líderes cidadãos.


                      O líder cidadão se destaca pela forma de organização que implementa na
                      comunidade, buscando sempre criar um nível de consciência critica junto à
                      população, para que ela cobre seus direitos, dentro de um planejamento
                      feito de forma coletiva, vendo os problemas, analisando e agindo com a
                      população, junto a quem de direito resolver o problema. Ë uma pessoa que
                      pensa, está mais informado que os demais da comunidade participam de
                      grupos de estudos, pesquisas e se torna um comunicador educador. Eles
                      fazem questão que as pessoas participem e que nasçam novas lideranças,
                      capazes de ampliar a ação da comunidade , no campo das reivindicações
                      estruturais e da cultura. (SAMPAIO ,1998, p. 32)



       Para Peruzzo (2002), com poder de articulação, conhecimento dos problemas
e horizontes de suas comunidades favorecidos pelo aparato da televisão, esses
líderes promovem de forma conjunta com sua comunidade o exercício político e a
uma tentativa de diálogo com a máquina pública. Por conta da relação de confiança
nesses líderes eles conseguem mobilizar sua comunidade e desenvolver junto com
ela um trabalho político.
       “Essa tentativa de diálogo dentro de veículos facilitada pela televisão só pode
ser efetiva quando espaços estão abertos para que os públicos efetivem uma
conversação.” (GOMES, 2008, p.203) Alguns programas da televisão na cidade de
Salvador têm sido procurados como possíveis substitutos das Instituições sociais,
como a delegacia e o tribunal, por exemplo. Justamente por ser um espaço de
visibilidade. França (2006) destaca os programas de televisão populares.
26



  2. JORNALISMO POPULAR E VISIBILIDADE



       Segundo Amaral (2006),o Jornalismo popular possui diversas conceituações.
Em um momento é entendido como o jornalismo feito “pelo povo”, em outros,
compreendido como jornalismo feito “para o povo”. Na primeira direção do conceito
de Jornalismo Popular, conseguimos identificar um direcionamento positivo para o
fazer notícia. Nessa lógica de trabalhar pelo povo, o jornalismo popular atua de
forma desinteressada e inclusiva, permitindo a participação social através do espaço
e da confecção do conteúdo que vai ser visível. Dentro desse modelo de jornalismo
estão o jornalismo comunitário, o jornalismo cidadão e o jornalismo cívico. O outro
modelo de jornalismo feito “para o povo”, não permite participação. Finge permitir,
França (2005). Este jornalismo vincula-se a uma pseudo participação, uma vez que
estão embutidos nessa abertura para a participação interesses mercadológicos e de
espetacularização da notícia. Configuram-se como esse segundo modelo de
Jornalismo popular os tablóides, os programas de TV populares e veículos
sensacionalistas.
      Independente dessas duas vertentes e de suas intencionalidades, o
jornalismo popular tem como público as classes sociais de menor poder econômico.
Nas duas linhas de jornalismo popular o povo é quem vai ser visto e visibilizado.
Essa visibilidade imbrica-se, segundo THOMPSON (2008, p. 21), “no ato do olho ver
a partir de um meio técnico e no ato de ser visto e construído a partir de perspectiva
simbólica.”
      Na primeira forma de jornalismo popular, a visibilidade acontece a partir de
uma natureza positiva. Pois se entende que pessoas produzem seus próprios meios
técnicos e construções simbólicas de seus lugares para fazer visíveis a si e a suas
ações. Neste sentido, o Popular ganha uma conotação de respeitabilidade e não se
tem indícios de espetacularização. Na segunda modalidade de jornalismo popular,
em que o jornalismo é feito “para o povo”, o popular é tido como um ser ridículo e
passível de alienação, pois se submete a uma visibilidade ridicularizante e
mercadológica, de uma linha editoralista, (FRANÇA, 2005).
      Essas duas determinações trazidas isoladamente para o jornalismo no plano
conceitual são muito difíceis de acontecer, segundo França (2005), no plano das
27



experimentações sociais. Visto que, no plano real, o jornalismo popular “pelo povo”
e “para o povo” muitas vezes se confundem.

                     “O povo negocia a busca por um espaço de visibilidade para seus problemas
                     e ações. Enquanto que os telejornais de jornalismo popular que são ou
                     deveriam ser naturalmente instrumentos legítimos de poder da população no
                     enfrentamento de suas questões negociam o que esta visibilidade do povo
                     pode promover financeiramente aos seus donos.” (AMARAL, 2006, p. 23).


         Segundo França (2005), por negociar e ao negociar com o povo a exposição
de sua realidade, o jornalismo popular tende a adotar uma postura mais liberal e
agressiva para com as estruturas a que se opõe. Essa ação agressiva pode ou não
funcionar como um instrumento de pressão para autoridades, fazendo com que
estas se tornem ou não mais atuantes. Essa pressão no jornalismo popular
desenvolve-se na linguagem. O texto verbal desenvolvido pelo apresentador dá a
entender um caráter condenatório e desafiador das autoridades públicas, pois
delega para si o papel de fiscalizador da atuação dos poderes públicos e isso
representa junto à audiência um sentimento de partilha quanto aos problemas e
dificuldades vividas pela maioria da população.” (AGRIMALDI, 1995, 20). Esse texto
verbal    adotado   pelo   apresentador      caracteriza-se     pela   forte   tendência      ao
sensacionalismo.


                      Sensacionalismo, caracteriza-se pelo exagero, pelo apelo emotivo, pelo uso
                      de imagens fortes na cobertura de um fato jornalístico, pela manipulação da
                      informação de forma incompleta ou parcial apresentando essa informação
                      num formato exagerado. Sensacionalismo é, enfim, fazer apelo às reações
                      mais ligadas à emoção do que na razão, trazendo sentimentos primários â
                      tona, simplificando polêmicas em vez de fornecer elementos que permitam
                      pensar, compreender, formar opinião.( DEBORD 2004, p. 101)


         Essa pressão com base no sensacionalismo para Debord (2004), gera na
sociedade e nos críticos da área um sentimento e olhar negativos sobre essa forma
de confeccionar notícia e informação. E isto decorre da visualização das camadas
sociais de baixa renda, que sem espaço nos veículos de linguagem tradicional e
necessitados de buscar esses formatos de programa e jornalismo para recorrer a
estruturas do poder, vêem-se ridicularizadas.
         Esse olhar negativo, possível de ser criado sobre a sociedade que procura os
programas populares, para Ferin (2002), não quer atestar um descompromisso por
parte dos jornais populares, ou ainda enquadrá-los como um tipo de jornalismo
28



desnecessário à população de baixa renda. Se fossem assim concebidos, eles não
apresentariam os altos índices de audiência que possuem.

                   [..]o que se quer é aproveitar desse formato e de sua linguagem mais
                   acessível, (lê-se acessível sem as características grotescas e de
                   ridicularização), para promover caminhos saudáveis de negociação das
                   populações carentes com a sociedade e autoridades para que essas
                   consigam alcançar seus propósitos, e ainda auxiliar as autoridades na
                   confecção de suas politicas, sem necessariamente parecer ridículas a estas
                   estruturas” (FERIN,2002, p.74 )


      No contexto de Salvador, quatros jornais disputam a audiência e o mercado,
apostando nessa linha e linguagem populares. São eles o “Se Liga Bocão” e
“Balanço Gera”l, da TV Itapoan e o Que Venha o Povo e Na Mira, da TV Aratu.
      O programa sobre o qual esse trabalho se debruçou para entender as ações
sociais de comunidades de baixa renda em busca de resolução dos seus problemas
e um olhar mais enérgico da sociedade e das autoridades é um programa de
jornalismo popular. Outros formatos dentro da vasta grade de programação de
Salvador executam essa missão de negociar interesses por espaços com a
população. Porém pelos motivos que acima citamos, são esses jornais auto-
intitulados populares que ganham um maior destaque, entre comunidades de baixa
renda. (AMARAL,2006).
      O jornal popular participante na pesquisa intitula-se Que Venha o Povo (QVP)
e embora tenha-se comentado levemente sobre sua matriz jornalística, esta não é o
objeto de estudo. Apesar de não ser objeto de nosso estudo, a linha editorial pode
provocar interferências no processo de visibilidade das ações desenvolvidas pelas
lideranças comunitárias do bairro, dessa forma situá-la também fez-se necessário.



2.1. O PROGRAMA DE TELEVISÃO “QUE VENHA O POVO”


      O “Que Venha o Povo (QVP)” é um programa de jornalismo popular
sensacionalista transmitido pela TV Aratu, no horário do meio dia. O programa diz
atender comunidades de bairros periféricos da capital. Tem como âncora o jornalista
Casimiro Neto, antigo âncora do Bahia Meio – Dia, um telejornal concorrente e com
uma postura de jornalismo mais clássico. O programa tem como principais atrativos
quadros que trabalham a prestação de serviço público e o assistencialismo. O
programa popular adota uma linguagem fácil, é veiculado numa televisão aberta,
29



num horário nobre, isto contribui para sua boa audiência entre as camadas de baixa
renda.




                                 Figura 1 - Imagens do Programa Que Venha o Povo.



         Embora seja transmitido para todo o Estado, a cobertura do QVP é
essencialmente local. A cidade de Salvador e tudo o que ocorre a população de
baixa renda é o principal ponto das discussões nesse telejornal. Segundo o censo
IBGE; 2010, Salvador representa a quarta capital do país em números
populacionais, possui 2.675. 656 (dois milhões, seiscentos e setenta e cinco mil,
seiscentos e cinquenta e seis) habitantes, distribuídos em 858.887 domicílios
urbanos e rurais. Desse total de residências 634.521, mais de 73 % tem como soma
de renda per capita de ¼ a 1 salário mínimo. Estes dados retratam para Furtado
(2010), cenários sociais onde prevalece a concentração em detrimento da
distribuição de renda. Entende-se por concentração de renda como o processo de
acumulação de capitais nas mãos de poucos, esse processo é proveniente de lucro
de fontes diversas, como salário, aluguéis e de outros rendimentos.
         Segundo o censo IBGE 2011, Salvador apresenta a segunda pior distribuição
de renda do mundo. Atrás apenas da Namíbia. Em linhas gerais, esses números
representam uma distribuição desigual dos recursos financeiros arrecadados pelo
governo para promover qualidade de vida à população. Áreas como educação,
saúde, habitação, defesa pública, defesa social, meio ambiente, causas cíveis e
30



criminais não são contempladas proporcionalmente bairro a bairro, por estas formas
de distribuição de renda. Os Resultados dessa canalização dos recursos do Estado
segundo Furtado (1997), reflete na má formatação social da cidade e de sua
população, pois influência no não pleno exercício da cidadania para classes
economicamente desprivilegiadas.
      Apesar de Salvador e sua situação ser abrangida, existe ainda um recorte
“territorial” do programa sobre os bairros periféricos e mais pobres. Bairros como
Narandiba, Mussurunga, Calabetão, Alto do Coqueirinho, Paripe e Periperi. Compõe
as principais matérias do programa.
      “Dessa forma, percebemos que quanto mais empobrecida a população, maior
dificuldade que esta tem de ocupar espaços de informação, conscientização, na
imprensa tradicional”. (FRANÇA, 2005, p.52)
      No programa Que Venha o Povo é muito comum encontrarmos pessoas
buscando o atendimento de necessidades individuais. Essas pessoas são produtos
dessa má distribuição de renda, o que elas solicitam são serviços básicos como um
tratamento de saúde, melhoria na rede de esgoto e saneamento, melhorias no
transporte público e outras tantas melhorias.
      Ocorre que essas melhorias e tentativas de tornarem visíveis seus problemas
trazidos no plano da individualidade, são dramas particulares e por assim serem
tendem mais a espetacularização e abuso do sensacionalismo, Peruzzo (2006).
      Mesmo diante do sensacionalismo embutido na produção das pautas pode
ocorrer para Simeone (2007), a partir de um trabalhado de seriedade e ação
conjunta desses sujeitos e comunidades a possibilidade ainda que pequena destes
burlarem esses olhares pejorativos, alcançando seus propósitos.
      Para entendermos como a comunicação de uma comunidade com as
autoridades desenrola-se através da utilização programa de TV e sociedade,
partiremos para uma análise mais especifica: tomaremos como referencial a
comunidade de Paripe, subúrbio de Salvador.
31



   3 PARIPE – MOBILIZAÇÕES COMUNITÁRIAS E VISIBILIDADE PÚBLICA
      ATRAVÉS DO PROGRAMA DE TELEVISÃO QVP

      3.1. PARIPE

  Paripe é um bairro do subúrbio ferroviário de Salvador que apresenta uma área
de 1,32 Km2. Possui como base econômica o comércio. Segundo o Atlas do
Desenvolvimento Humano da Região Metropolitana de Salvador, em um trabalho
fruto da parceria PNUD (Programa Das Nações Unidas para o Desenvolvimento),
IPEA, (Instituto de pesquisa econômica aplicada) e que utiliza de alguns dados
produzidos pelo IBGE, Paripe divide-se em 10 localidades: Tubarão, Estrada da
Cocisa, Gameleira, Escola de menor , ladeira Almirante Tamandaré, Tororó,
Muribeca, Nova Canaã, Vila Naval da Barragem e São Tomé de Paripe. Essas dez
localidades totalizam uma população de trezentos mil habitantes (300.000
habitantes). Para efeito de pesquisa e pela impossibilidade da pesquisadora em
percorrer todas as localidades, tomaremos Paripe apenas pela localidade de São
Tomé de Paripe.




                                                 Figura 2 - Localização de Paripe.
32



       Segundo o Atlas do Desenvolvimento Humano da Região Metropolitana de
Salvador, São Tomé de Paripe possui aproximadamente 16.000 mil habitantes,
apresenta índice Gini 0,5.2 Indicador econômico e social que reflete baixos índices
na educação, precária saúde pública, infra- estrutura e uma baixa expectativa de
vida da população de aproximadamente 60 anos. A escolha pela comunidade de
São Tomé de Paripe como o objeto de estudo acontece por três razões: audiência 3
da comunidade pelo programa popular “Que Venha o Povo”, o enquadramento desta
comunidade no perfil de comunidade de baixa renda e a presença e atuação de
lideranças e associações comunitárias no bairro.
       Dezesseis (16) associações comunitárias atuam na comunidade de Paripe.
No entanto nossa pesquisa só utilizará informações fornecidas por seis delas:
CECOP - Centro Comunitário da Igreja Batista de Paripe; APP - Associação dos
Pescadores de Paripe, CAP – Centro dos Amigos de Paripe, AJP - Associação
Jovem de Paripe, AMP - Associação dos Moradores de Paripe e CCICP - Centro
Comunitário da Igreja Católica de Paripe. A participação dessas seis associações
está associada a disponibilidade de agenda das lideranças comunitárias, bem como
o tempo de atuação enquanto associação4.
                     TOTAL DE                                                 TEMPO DE
ASSOCIAÇÃO           ASSOCIADOS              LIDER COMUNITÁRIO                ATUAÇÃO
       AJP                     92                    Marcelo Ribas                   5 ANOS
       AMP                    234                    Altino Arantes                 27 ANOS

       APP                     75                Jairo Batista Reis                 29 ANOS
       CAP                    176                      Maria Silva                  18 ANOS
     CCICP                   154                     Leandro Lima                    12 ANOS
     CECOP                   226                  Israel Nascimento                  18 ANOS
               Tabela 1 - Associações comunitárias, total de associados, líderes e tempo de atuação
        Explicadas as razões pela participação dessas associações comunitárias,
iremos agora partir para uma breve apresentação do trabalho desenvolvido por cada
uma delas.
 2
- O índice ou coeficiente de Gini é uma medida de concentração ou desigualdade. É comumente
utilizada para calcular a desigualdade da distribuição de renda. O índice de Gini aponta a diferença
entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Numericamente, varia de "0 a 1", onde o zero
corresponde a completa igualdade de renda e 1 que corresponde à completa desigualdade e 1 que
corresponde à completa desigualdade.
3
  A audiência do programa foi obtida junto ao anuário de mídia e publicidade televisiva de Salvador
2010.
4
  As demais lideranças quando convidadas para participar da pesquisa, explicaram que suas
associações estavam em fase de estruturação e tecendo ainda seus projetos políticos para a
comunidade de Paripe e por conta desse processo de iniciação política não se viam tecnicamente
respaldadas a dar contribuições com a pesquisa.
33



      3.1.2. ASSOCIAÇÃO JOVEM DE PARIPE - (AJP)


      A Associação Jovem de Paripe foi criada em 16 de Março de 2006, possui 92
associados, tem como intenção fornecer a Jovens e adolescentes um espaço e
suporte para sua capacitação profissional e cidadã. Opera no plano técnico
oferecendo cursos profissionalizantes, palestras e desenvolvendo oficinas de
fomento ao desenvolvimento local na comunidade. Tem como líder comunitário o
também morador Marcelo Ribas. De acordo com Marcelo, a intenção maior desse
associativismo é promover a difusão e aplicação desse conhecimento técnico e
social aprendido pelos jovens de Paripe e vizinhança dentro da AJP, na comunidade,
promovendo soluções para um melhor convívio social e diminuição dos problemas
envolvendo violência, educação e sustentabilidade do bairro.


      3.1.3. ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DE PARIPE – (AMP)


      A Associação dos moradores de Paripe foi criada há 27 anos, possui 234
associados, e tem como objetivo situar-se como um canal de diálogo e colaboração
entre a comunidade e Poder Público, desenvolvendo ações que abranjam o campo
da gestão e das relações sociais. Tem como liderança comunitária o Sr. Altino
Arantes, morador há 50 anos do bairro. Segundo Altino todas as ações
desenvolvidas no âmbito da associação tem como finalidade centralizar os
problemas da comunidade em seus diversos níveis estruturais como; saúde,
educação, meio ambiente e encaminhá-los aos setores responsáveis da esfera
executiva, fiscalizando e cobrando deles as providências devidas.



      3.1.4. ASSOCIAÇÃO DOS PESCADORES DE PARIPE – (APP)



      A Associação dos Pescadores e Marisqueiras de Paripe, surgiu a partir da
vontade de um pequeno grupo de marisqueiras e pescadores que sentiram a
necessidade de se organizarem como profissionais, para buscar direitos e
qualificações para a classe. No dia 13 de Fevereiro de 1982, foi fundada APP,
atualmente a associação conta com 75 associados, tem como gestor Jairo Batista
Reis. A APP promove reuniões mensais, cursos e palestras de preservação
34



ambiental para os pescadores e interessados na comunidade. Trabalha por
melhorias nas condições de trabalho da classe, bem como a valorização da
profissão junto aos orgãos do poder municipal.


      3.1.5. CENTRO DOS AMIGOS DE PARIPE- (CAP)



      A Associação dos Amigos de Paripe foi criada em 20 Setembro de 1993.
Atua, há 18 anos no combate a criminalidade e desigualdade social na região de
Paripe. Oferta   cursos profissionalizantes em diversas áreas como informática,
Administração e artes. Através de um trabalho         na área de     educação     e
conscientização social, tem como meta segundo a gestora Maria Silva, inserir a
comunidade num contexto social cidadão, fornecendo aos seus associados e a
comunidade, ferramentas técnicas e políticas para se buscar esses propósitos
junto as autoridades competentes.



      3.1.6. CENTRO COMUNITÁRIO DA IGREJA CATÓLICA DE PARIPE –
(CCICP)



      O Centro Comunitário da Igreja de Paripe é uma entidade religiosa, que atua
desde 22 de Agosto de 1999. Atualmente conta com 154 associados, tem como
objetivo segundo padre e líder comunitário Leandro Lima, promover um papel social
de preservação e disseminação de valores morais e éticos em instituições familiares,
nas escolas, bem como promover o assistencialismo na comunidade carente de
Paripe, através do fornecimento de cestas básicas, solidariedade social aos
dependentes químicos, aos presidiários e suas famílias, diminuindo a intolerância
entre grupos e auxiliando numa convivência pacífica e sadia entre os membros da
comunidade.
35




    3.1.7. CENTRO COMUNITÁRIO DA IGREJA BATISTA DE PARIPE- (CECOP)


      O CECOP foi criado em 02 de Março de 1993. Tem como objetivo trabalhar
para atender as demandas e necessidades da população de Paripe, fornecendo a
cada pessoa um direcionamento em diversas atividades, para que estas possam
surgir como uma fonte de renda, aumentando assim a auto estima, a dignidade e a
condição social dos indivíduos na comunidade. O CECOP mantém parceria com o
Comitê de Democratização da Informática (CDI) que trabalha pela inclusão digital e
social de jovens e adolescentes, oferecendo suporte técnico, pedagógico e cidadão.
O centro Comunitário segundo Israel Nascimento, também mantém convênio anual
com IWG- International Working Group (uma organização não governamental,
composta por Jovens norte-americanos que visitam o Brasil para construir casas
para crianças carentes que frequentam as escolas públicas adotadas pelo CECOP).
A organização também realiza palestras de educação oral, sexual e algumas
campanhas de promoção da saúde para a comunidade de Paripe e vizinhança.
      Juntas, essas seis associações apresentam um total de quase mil
associados. É importante frisar que nenhum valor é cobrado para a associação, com
exceção da associação de pescadores, que cobra uma taxa de R$ 3,00 reais
mensais por associado para custear as despesas com a instalação e limpeza da
sede. Como vimos a partir da tabela, essas associações já atuam na comunidade há
um bom tempo, sendo o menor tempo 5 anos e o maior 29 anos. Dentro desse
período de atuação, várias conquistas se processaram para a comunidade.
Conquistas que envolvem áreas específicas de atuação como é o caso da
certificação do pescador e de seu pescado pela prefeitura municipal, ou outras
conquistas maiores que se estenderam a sociedade soteropolitana como um todo, a
exemplo da educação, com o fornecimento de cursos profissionalizantes gratuitos e
oficinas de inclusão social. O fato é que apesar dos importantes avanços já
conquistados por essas associações e lideranças comunitárias, ainda há muito para
ser feito pela comunidade. Segundo os líderes Altino Arantes e Israel Nascimento
“Paripe, por ser uma comunidade de baixa renda ainda se encontra numa situação
de muito forte de invisibilidade junto as autoridades”, nós lideres comunitários e
enquanto formadores de opinião e conhecedores da realidade de nosso bairro,
devemos trabalhar para promover visibilidade e melhorias em Paripe.”
36



      Dessa forma exposta pelo Líder Altino Arantes, em que a comunidade de
Paripe e suas demandas ainda se mostram invisíveis as autoridades e aos demais
setores da sociedade, a televisão em seu nível local pode se mostrar para essa
comunidade e seus líderes como um possível instrumento de visibilidade na
conquista de melhores condições de vida para a população de Paripe.


      3.2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS


      O trabalho de pesquisa nessa comunidade consistiu na promoção de grupos
focais (GF), reunindo lideranças comunitárias dessas seis associações. A confecção
desse grupo aconteceu na Igreja Batista de Paripe, no dia 08 Julho de 2011. O grupo
focal consiste em entender a partir da interação entre os participantes, suas
percepções sobre temas relacionados ao trabalho de pesquisa como cidadania,
motivações para a mobilização comunitária e utilização de telejornal popular “QVP”
como um possível instrumento de visibilidade da comunidade com autoridades
locais. Todas as conversações foram gravadas e a análise dessas informações
obtidas nos GF passaram por um plano descritivo, onde foram extraídas todas as
ideias relevantes ao tema. O trabalho também se utiliza de material e informações
coletadas junto ao programa de televisão “Que Venha o Povo”. Esse material serviu
de apoio as verificações obtidas nos Grupos Focais. A partir dessas informações
coletadas poderemos formular nossas considerações e perceber causas, condições
e elementos que evidenciam o uso ou não do programa QVP como instrumento de
visibilidade por lideranças comunitárias de Paripe, e o papel das lideranças em cada
etapa desse diálogo.
      Os tópicos subsequentes se dividiram da seguinte forma:
Fase 1: Mobilização Comunitária que antecede a tentativade visibilidade no
programa.
Fase 2: Mobilização Comunitária em que se configura a transmissão das demandas
(pautas) no programa;
Fase 3: Mobilização Comunitária que efetiva ou não a visibilidade das ações
desenvolvidas pelas lideranças através programa;
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Fase 4: Mobilização Comunitária que verifica a possibilidade de interferência da linha
editorial do Programa QVP na obtenção da efetiva visibilidade das mobilizações de
Paripe.
      Entenderemos aqui como visibilidade a partir do conceito trazido por
Thompson (2008) onde a ação de tornar público a partir da transmissão dos meios
não se configura como uma efetiva visibilidade. A efetiva visibilidade só se processa
quando ela alcança os níveis e objetivos pretendidos do ato.
Esquematizando esse conceito para o nosso trabalho de pesquisa:
1. A ação de tornar público o acontecimento ou o ato das lideranças comunitárias a
partir da transmissão pelo veículo de televisão, repercutirá na primeira instância de
visibilidade, porém não efetivará a visibilidade.
 2. A obtenção de um retorno das autoridades ou da sociedade para a ação
mobilizadora desencadeada pela comunidade de Paripe. Configurará a segunda
instância e efetivará a visibilidade.
      Seguiremos agora para a verificação de nosso problema a partir da
verificação das fases de mobilização para visibilidade.



      3.2.1. FASE 1: LIDERANÇAS COMUNITÁRIAS E SEU TRABALHO DE
MOBILIZAÇÃO



      Nessa primeira etapa, pretendemos mostrar o papel de mobilização das
lideranças comunitárias, que antecede a apropriação do programa QVP, o
planejamento que isso envolve por parte do líder e de sua comunidade.
      Segundo os líderes comunitários, o processo de mobilização parte da
comunidade. Cada associação traz as demandas de seus associados para reuniões
que acontecem semanalmente na sede da Igreja Batista de Paripe. Vejamos como
isso ocorre a partir do relato do líder Israel Nascimento, líder comunitário do CECOP.
      “Trabalhamos em conformidade com nossa comunidade. As pessoas de
Paripe nos conhecem por conta do nosso trabalho de mobilização quando estão
demandando algo, seja esse algo de natureza individual ou coletiva nos procuram,
seja em nossas associações ou em nossos centros e nos comunicam sobre suas
demandas, fazemos uma sondagem das necessidades coletivas e tentamos junto
aos órgãos competentes conseguir soluções, quando vemos que isso é improvável
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de resolução por vias normais, ai entramos em contato com a produção dos
telejornais locais. Nessa situação podemos construir uma visualização de como se
inicia a mobilização na estrutura da comunidade, e já se observa o papel de
mediador exercido pelo líder dentro desse processo inicial.A sociedade observa seu
entorno, visualiza o seu papel na modificação do que acontece e busca alternativas
para contribuir com sua comunidade, através do coletivo e de uma figura
representativa do coletivo (seu líder comunitário). O líder, por sua vez, atua
mediando essas demandas nos órgãos de competência. Quando estes não são
atuantes, esses líderes buscam vias as quais consideram eficazes, neste caso a
televisão, para exigir atuação. Nessa situação, trazida pelo líder, podemos
compreender a importância que é atribuída ao veículo de televisão pela sociedade,
tanto por seu poder de alcance, como por conta de sua capacidade de formação da
opinião e consensos públicos. A televisão deve dessa forma utilizar e direcionar seu
poder para a confecção de uma atmosfera pública capaz de estimular a reflexão e a
participação dos sujeitos sociais, auxiliando na construção do processo de
cidadania, em lugar de utilizá-lo na confecção de uma atmosfera política meramente
mercadológica tão comumente fabricada pela televisão na atualidade.
      Retornando ao processo de mobilização comunitária para a visibilidade e
selecionadas as demandas de interesse coletivo, ocorre, segundo o líder Jairo
Batista a busca pelo lugar possível de visibilidade: “Quando pensamos nessas
ações, tentamos levá-las aos telejornais da grande mídia, justamente pelo poder de
visibilidade desses veículos. Ocorre que a televisão promove visibilidade, mas nem
sempre quem está por trás dela deixa que essa visibilidade ocorra. Levamos nossas
demandas a três telejornais do meio dia, só alcançamos espaços em apenas um,
justamente o popular QVP.
      Deduzimos desse relato o contexto de um veículo de comunicação comercial
e da grande mídia que, apesar de suas intenções intrinsecamente mercadológicas,
tenta aparentemente cumprir o seu papel de utilidade pública. Surge nesse mesmo
momento uma brecha (ou talvez pseudo brecha) para as comunidades tornarem-se
mais visíveis nesse espaço. Apontamos aqui como pseudo brecha o espaço
“fornecido” pelo programa. Esse fornecimento de espaço irá depender de
características e enfoques próprios da linha editorial adotada pelo QVP e o valor de
mercado visualizado por essa possível transmissão pelo programa. É inegável,
39



principalmente pela conduta editorial de abordagem sensacionalista e de
espetacularização da notícia, a presença desse valor mercadológico,
       Com a intenção ainda de verificar a informação dada acima pelo líder
comunitário, e por entendermos relevante essa verificação para nossa pesquisa,
entramos em contato com a produção do telejornal Bahia – Meio dia, para nos
informar sobre o processo de geração de pauta (a qual consideraremos uma
investidura na visibilidade).
       Esse contato tentou se processar a partir de contato feito por telefone e
correio eletrônico. Até o fechamento deste trabalho de pesquisa, só recebemos o
retorno de um desses telejornais: O “Que Venha o Povo”. Essa atitude reforça a fala
da liderança comunitária. Quando esta acrescenta “A televisão promove visibilidade,
mas nem sempre quem está por trás dela (deduz-se produção, proprietários do
veículo, formato de programa) deixa que essa visibilidade ocorra. Não queremos
com isso atestar um descompromisso dos outros telejornais para com a sociedade
que os procura, até porque a permissão ou não desse espaço está relacionada a
interesses próprios de cada formato de programa de TV. No entanto, essa ausência
de retorno dos outros programas pode nos levar a inferir uma dificuldade de diálogo
entre esses meios de comunicação e sociedade local, em especial as de baixa
renda. Esse fato promove um distanciamento dessas classes e uma ruptura na
ideia de que meios de comunicação devem auxiliar na difusão de interesses
coletivos.
       Como toda mobilização destina-se a um público, procuramos nos informar
com esses líderes acerca do público-alvo a ser atingido no processo de visibilidade:
Segundo o líder comunitário Israel Nascimento “O público-alvo de nossas
mobilizações é a sociedade, a gente espera que a sociedade se pronuncie, isso é
fato, por que ninguém pode ser insensível à situação do outro.” E a sociedade não é!
Portanto ela se pronuncia, e se pronunciando ela acaba forçando as autoridades a
se pronunciarem também” . Temos nessa situação uma aparente lógica do processo
de mobilização: sensibilizar mais mobilizadores para alcançar o objetivo comum
pretendido. Ocorre que o lugar possível de visibilidade encontrado pelas lideranças
pode não se configurar como um espaço de prospecção de mobilizadores numa
natureza positiva, estando suscetível a provocar o efeito inverso pretendido pelos
líderes, justamente por conta de sua linha editorial sensacionalista. Essa tentativa
de visibilidade pode conduzir a ação dessas lideranças a uma interpretação
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equivocada da sociedade, levando para os telespectadores do programa, aos
críticos da área de comunicação e a sociedade as ações da comunidade de Paripe
aos patamares de ridicularização e do grotesco. Há por outro lado uma chance não
descartável, porém muito reduzida de que essa tentativa de visibilidade realmente
promova uma sensibilidade positiva nos telespectadores e estes acabem de alguma
forma trabalhando para dar um retorno a essas ações para a comunidade. Toda
ação de mobilização é resultado de um objetivo.
      Nessa situação, sabemos que o objetivo é obter da sociedade e das
autoridades municipais e responsáveis através da televisão um olhar mais ativo para
a realidade da comunidade de Paripe. Vamos então entender qual é essa realidade
a partir do olhar e relato de seu líder. Segundo Israel Nascimento: “O tempo todo as
pessoas chegam nos nossos centros, pedindo para viver, porque moram nos
barracos e palafitas com menos de 2 metros quadrados, e impedidas de procurar um
emprego de verdade porque não tem formação, então eu não vejo outro caminho
para esses sujeitos a não ser a marginalização, a todo momento nossa comunidade
vive o prejuízo aos valores sociais de cidadania. O que percebemos é que as
pessoas querem participar da vida social, elas trabalham para isso quando nos
procuram para auxiliar nessa conquista. Essa ação não só se relaciona com a
pobreza não, é geral. As pessoas daqui, mesmo pobres fiscalizam tudo. Se a
merenda escolar não vem, se a escola não esta fornecendo condições necessárias
ao aprendizado dos seus filhos, se a gestão não está satisfatória, se faltam
remédios, médicos, se o dinheiro está sendo aplicado para o propósito que foi
destinado, por vezes a gente traça planos de desenvolvimento para o bairro junto
com a comunidade. Não vou dizer que é todo mundo aqui da comunidade que
participa, por que não é todos, nem todo mundo vive miséria e se preocupa com o
coletivo, mas enquanto morador há 50 anos posso dizer a maioria da comunidade
é pobre, mas já foi-se o tempo que o pobre deixava que a situação de descaso
correr, eu sinto que o pobre daqui se politizou, e por ser assim politizado ele pensa
no trabalho coletivo e vias alternativas de resolução como chance de modificar sua
realidade de descaso”
      O trecho nos permite perceber a noção que o líder tem em relação a sua
realidade e dos componentes (atores, estrutura) que a cerca. Esse conhecimento de
seu universo e de suas eficiências e deficiências é importante, e se define como
fundamental para o processo de visibilidade que se quer promover através da
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televisão. Pois, conhecendo esses elementos é possível traçar um planejamento
sobre o caso a ser levado à visibilidade, fazendo com que a ação desenrolada por
eles tenha maiores chances de obter o objetivo pretendido.
      Temos então nessa primeira Fase: 1 A identificação dos interesses e
preocupações da comunidade, pela comunidade; 2. A análise desses interesses,
preocupações e de suas condições de enfrentamento; 3. A organização da
população e o planejamento das suas ações.
Partiremos agora para a etapa seguinte de averiguação da visibilidade.



      3.2.2. FASE 2:       A VISIBILIDADE DAS MOBILIZAÇÕES                E    DAS
DEMANDAS TRAZIDAS PELO LÍDER COMUNITÁRIO NO QVP


      Essa fase visa verificar a continuidade da primeira ação de investidura para a
visibilidade. De acordo com os líderes, após manter contato com a produção do
programa para expor a necessidade que a comunidade tem de um espaço no
programa, para expor seus problemas e solicitar para eles uma solução das
autoridades, esse programa se vê suscetível a duas ações. A primeira delas é
permitir a visibilidade e a segunda, inibi-la. Como vimos na primeira fase, esse
programa aparentemente “permitiu” a utilização do espaço, embora tenhamos visto
também que a permissão não se configura como a concretização de visibilidade da
mobilização. Veremos como ocorre essa concretização:
      Segundo o líder Marcelo Ribas, o processo de visibilidade acontece em seu
planejamento em duas instâncias:
      1.Quando a ação se torna pública aos telespectadores (remete-se à
      transmissão de TV, enquanto meio propagador da ação desenvolvida pela
      comunidade);
      2.Quando a ação de mobilização repercute nos receptores de destino e estes
visibilizam a ação dando a ela um retorno (remete-se à chegada da ação
desenvolvida pelas lideranças e comunidades, até as autoridades competentes para
quais a ação foi direcionada.
      Em níveis de ilustração:
      Ao encaminharem um repórter para confeccionar a pauta na comunidade ou
ainda “permitirem” que a própria comunidade seja o reportador da matéria, temos
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um potencial de visibilidade, porém esse potencial não significa que o programa
permita a participação e cidadania. É sempre bom pensar, nessas situações de
geração de pauta, sobre o que está por trás dessa abertura para uma pseudo
participação, contudo, há nessa contrapartida de intencionalidade (justificada ou
injustificada) fornecida pelo programa, um possível espaço de visibilidade para as
ações de Paripe.
      Ao serem levados ao ar, têm-se a primeira visibilidade (visibilidade entendida
como a transmissão, telejornal enquanto meio propagador).
      Ao receberem um retorno sobre o que foi propagado no telejornal ,tem-se aí a
efetiva visibilidade, pois a ação de mobilização planejada pelas lideranças alcançou
os níveis pretendidos de resolução.
      Faremos      agora   um     recorte   sobre   demandas   disponibilizadas   pela
comunidade de Paripe no QVP.           Essas demandas em forma de pautas nos
permitiram observar em qual instância se afirma a apropriação do QVP enquanto
instrumento de visibilidade.



      3.2.3. DEMANDAS DA COMUNIDADE TRAZIDAS PELOS LÍDERES
COMUNITÁRIOS QUE FORAM VISIBILIZADAS NO QVP


       No período de janeiro a julho de 2011, segundo informação da assessoria de
comunicação do programa QVP, deram entrada no programa através da associação
de moradores e membros da comunidade, 23 pedidos de pautas sobre situações
existentes no bairro de Paripe.
      Destes, segue tabela :




        TEMÁTICA                        ESPECIFICIDADES                    TOTAL

                                                                      3 pautas
                           Denúncia nos serviços de saúde;
          SAÚDE            Falta de medicamentos;
                           Campanhas de vacinação.
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                          Denúncia sobre a falta de merenda 3 pautas
                          escolar na rede pública de ensino;
                          Solicitação de material didático, de
       EDUCAÇÃO           higiene pessoal e material de limpeza
                          para a estrutura das escolas;
                          Normalização do calendário acadêmico
                          da rede pública de ensino de Paripe.

                          Exposição de artista da comunidade; 2 pautas
   ENTRETENIMENTO         solicitação de investimento no esporte
                          local.

                                                                      3 pautas
                          Denúncia de criminalidade;
        VIOLÊNCIA         solicitação de assistência a casa do
                          dependente químico de Paripe.

                                                                      2 pautas
                    Solicitação de documentação: RG,CPF,
                    carteira de trabalho;
   ASSISTENCIALISMO
                    solicitação de políticas e melhorias para
                    Associação dos Pescadores de Paripe.


                                                                      5 pautas
                          Pavimentação de ruas, rede de esgoto,
   INFRAESTRUTURA
                          saneamento básico.

                          Divulgação de produção artística de 5 pautas
                          Paripe;
        EVENTOS            realização    de  campanhas     de
                          empreendedorismo, palestras saúde e
                          meio ambiente.
                                                          Tabela 2 - Relação das Pautas



       Deste total de 23 pautas, podemos dizer que todas foram visibilizadas em
primeira instância (foram levadas ao ar através do telejornal). Porém, para
verificarmos se efetivamente a utilização do QVP surge como um instrumento
estratégico de visibilidade para as lideranças sociais de Paripe, precisaremos
verificar se a segunda instância de visibilidade da mobilização se processou. Antes,
porém, é nessa etapa, à produção do programa irá orientar como vai se processar
a visibilidade da ação. (Quem será o repórter? a população? Ou uma pessoa
enviada pela produção? A mobilização acontecerá ao vivo, será uma nota, terá
participação de populares, ou somente do líder que estará no programa
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representando sua comunidade e falando sobre a situação? Decididas as formas de
aparição da mobilização na primeira instância de visibilidade partiremos agora para
a terceira fase.



       3.2.4. FASE 3: MOBILIZAÇÃO COMUNITÁRIA QUE EFETIVA OU NÃO A
VISIBILIDADE DA AÇÃO NO PROGRAMA



       Essa é a fase de constatação, onde podemos observar se as pautas levadas
pelas lideranças obterão ou não um retorno e visibilidade.
       Separaremos por temática:




        TEMÁTICA               ESPECIFICIDADES                      TOTAL

                            Denúncia nos serviços de
          SAÚDE             saúde;                                3 PAUTAS
                            Falta de medicamentos;
                            Campanhas de vacinação.
                                                  Tabela 3 - Relação das pautas de saúde



       Destas 3 pautas apresentas pelas lideranças comunitárias e transmitidas pelo
QVP, duas obtiveram um retorno das autoridades competentes.
       A questão dos remédios, segundo os líderes, foi solucionada, A Prefeitura,
através da Secretária de Saúde comprometeu-se a enviar os medicamentos
necessários aos postos de saúde da comunidade, bem como abriu edital para
preenchimento das especialidades médicas apontadas como deficientes.
       Temos então para duas destas pautas envolvendo a temática de saúde, um
retorno efetivo.
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    TEMÁTICA                ESPECIFICIDADES                            TOTAL

                       Denúncia sobre a falta de
                       merenda escolar na rede
                       pública de ensino, solicitação
                       de material didático, de higiene
    EDUCAÇÃO           pessoal e material de limpeza                  3 PAUTAS
                       para a estrutura das escolas,
                       normalização do calendário
                       acadêmico da rede pública de
                       ensino de Paripe

                                                Tabela 4 - Relação das pautas de educação




      Das temáticas envolvendo educação, apenas uma pauta obteve o retorno
desejado pelas lideranças e pela comunidade: a que se refere ao material didático. A
secretária de Educação do Estado solicitou junto às diretorias escolares a relação
desses materiais e dias depois, os encaminhou às escolas. Quanto à merenda
escolar e o reajuste do calendário acadêmico, estes permaneceram segundo as
lideranças sem nenhum retorno.



       TEMÁTICA                ESPECIFICIDADES                        TOTAL

                            Exposição de artistas,
                            solicitação de
  ENTRETENIMENTO                                                      2 pautas
                            investimento no esporte
                            local
                                            Tabela 5 - Relação das pautas de entretenimento



      Das 2 pautas envolvendo entretenimento, o retorno aconteceu para todas.
Segundo as lideranças, a cultura local recebeu um incentivo financeiro através da
Secult (Secretária de Cultura do Estado da Bahia). Enquanto o esporte local recebeu
após três meses uma quadra poliesportiva.
46




        TEMÁTICA                 ESPECIFICIDADES                       TOTAL
                            Denúncia de
                            criminalidade, solicitação
        VIOLÊNCIA                                                     3 pautas
                            de assistência a casa do
                            dependente químico
                                                 Tabela 6 - Relação das pautas de violência




       Das 3 pautas visibilizadas em primeira instância, nenhuma, segundo as
lideranças obtiveram o retorno esperado pela ação de mobilização. Por não ocorrer
um retorno por parte de quem se pretendia. A ação configura-se como                    não
visibilizada.




        TEMÁTICA                 ESPECIFICIDADES                       TOTAL

                            Solicitação de
                            documentação: RG,CPF,
                            carteira de trabalho,
  ASSISTENCIALISMO          solicitação de políticas e                2 pautas
                            melhorias para a
                            Associação dos
                            Pescadores de Paripe.
                                          Tabela 7 - Relação das pautas de assistencialismo



       Todas as duas pautas envolvendo assistencialismo, segundo as lideranças
foram visibilizadas em primeira instância obtiveram o retorno por parte das
autoridades. Um pequeno posto do SAC (Serviço Atendimento ao Consumidor) foi
implantado na região e a Associação dos Pescadores recebeu a regulamentação da
prefeitura para o seu pescado.



        TEMÁTICA                 ESPECIFICIDADES                       TOTAL

                            Pavimentação ruas, rede
   INFRAESTRUTURA           de esgoto, saneamento                     5 pautas
                            básico.
                                             Tabela 8 - Relação das pautas de infraestrutura
47



      As pautas envolvendo infraestrutura não obtiveram os resultados esperados
pelas lideranças comunitárias, portanto a ação de mobilização no programa QVP
não se efetivou como visível em segunda instância.




       TEMÁTICA                  ESPECIFICIDADES                      TOTAL

                              Divulgação de produção
                              artística    de   Paripe,
                              realização de campanhas
        EVENTOS                                                       5 pautas
                              de      empreendedorismo,
                              palestras saúde e meio
                              ambiente.
                                                   Tabela 9 - Relação das pautas de eventos



    Para a temática de eventos, segundo os líderes comunitários, a averiguação do
retorno é um tanto subjetiva, porém exclusivamente para a campanha de
empreendedorismo eles consideraram a partir do número de presentes no evento
que a visibilidade ocorreu.
      Como vimos, nem todas as tentativas de visibilidade em segunda instância
foram efetivas para a comunidade, portanto propomos a criação de uma quarta fase,
a fim de verificar as possíveis interferências e barreiras causadas pela linha editorial
do programa em relação a utilização de sensacionalismo na confecção                   das
matérias. Adotaremos como critérios para enquadrar a postura do programa como
sensacionalista: a voz do apresentador, sua postura em frente as câmeras, a criação
de dramas pessoais, personagens, apelo a emoção, citação direta de pessoas
envolvidas, avaliando se esses elementos presentes ou não nas matérias puderam
gerar uma ação efetiva do poder público.



     3.2.5. FASE 4: DE MOBILIZAÇÃO COMUNITÁRIA: QUE VERIFICA A
POSSIBILIDADE DE INTERFERÊNCIA DA LINHA EDITORIAL DO PROGRAMA
QVP.


      Essa fase da pesquisa pretende promover uma avaliação das matérias
geradas pelas pautas, identificando como elas puderam, ou não, gerar uma ação
efetiva dos poderes públicos. Essa fase pretende também verificar se o tratamento
48



editorial dado pelo programa às informações interferiram no processo de visibilidade
em segunda instância.



       TEMÁTICA                 ESPECIFICIDADES                      TOTAL

                            Denúncia nos serviços de
         SAÚDE              saúde;                                 3 PAUTAS
                            Falta de medicamentos;
                            Campanhas de vacinação.
                                                  Tabela 10 - Relação das pautas de saúde

Pautas que obtiveram retorno – Denúncia nos serviços de saúde em Paripe e
Falta de medicamentos.

      As 2 pautas que obtiveram um retorno das autoridades competentes foram
levadas ao ar da seguinte forma: moradores aparecem se queixando sobre da falta
de médicos e de uma melhor estrutura para o atendimento aos pacientes. A matéria
é transmitida ao vivo e ocorre no interior do hospital, imagens de pacientes nos
corredores são exibidas e o repórter tece críticas à administração do hospital,
citando alguns nomes dentro dessa administração.
      O tratamento dado à pauta pelo programa remete á espetacularização da
informação, o fato de se transmitir ao vivo e trazer imagens do ambiente de hospital,
bem como apontar nomes de pessoas ligadas a administração, aponta um possível
interesse do programa em visibilizar a pauta solicitada pela comunidade. Nessa
situação, podemos atribuir o retorno dado pelas autoridades à exposição trazida pelo
programa dos Administradores.
Pautas que não obtiveram retorno – Solicitação da campanha de vacinação
contra meningite no bairro.

      Em nota lida no programa, os moradores de Paripe pediram o aumento no
número de vacinas contra a meningite, segundo eles a quantidade enviada pela
Secretária de Saúde era insuficiente para a quantidade de moradores. O tratamento
dado a essa informação pelo programa não foi considerado espetacular, visto que o
apresentador apenas fez a leitura em tom normal, dessa nota no programa. Como a
ação dos moradores não obteve retorno, podemos inferir que a falta de uma leitura
mais enérgica e sensacional foi o fator responsável pelo não posicionamento das
autoridades responsáveis.
49




    TEMÁTICA                 ESPECIFICIDADES                        TOTAL

                       Denúncia sobre a falta de
                       merenda escolar na rede
                       pública de ensino, solicitação
                       de material didático, de higiene
    EDUCAÇÃO           pessoal e material de limpeza                3 PAUTAS
                       para a estrutura das escolas,
                       normalização do calendário
                       acadêmico da rede pública de
                       ensino de Paripe

                                              Tabela 11 - Relação das pautas de educação



Pautas que obtiveram retorno - Solicitação de material didático
      Em participação ao vivo no programa, a líder comunitária, Maria Silva,
solicitou junto à Secretaria de Educação do Estado e a Prefeitura Municipal a
entrega do material didático para os alunos da rede pública municipal ela comentou
que desde o começo do ano letivo os alunos estavam impedidos de acompanhar
corretamente as aulas pela ausência desse material. A postura do apresentador em
relação a essa solicitação não pareceu espetacular, com mesmo tom de voz ele que
ele apresentou a informação, ele conduziu a finalização dela. Em nota, no final do
programa a Assessoria entrou em contato com a produção informando sobre esse
real atraso e se comprometeu a encaminhar esse material as escolas. Nessa
situação o retorno ocorreu, por conta do conhecimento que já existia da Secretaria
de Educação acerca dessa situação. A exposição só veio nessa situação, dar
celeridade ao processo de entrega desse material.


Pautas que não obtiveram retorno – Denúncia sobre a falta de merenda escolar
na rede pública de ensino; falta de material de higiene pessoal e de limpeza, para a
estrutura das escolas; normalização do calendário acadêmico da rede pública de
ensino de Paripe. Com exceção da pauta solicitando a normalização do calendário
acadêmico, que foi transmitida através de nota corrida, as outras foram levadas ao
ar através de matérias gravadas nas instituições escolares. E em todas o tratamento
atribuído à informação pode ser considerado sensacional, tanto pelas imagens
mostradas, quanto pelos relatos trazidos pelos estudantes. Ocorreu uma exploração
Paripe, ações comunitárias e visbilidade pública através do programa de tv que venha o povo
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Paripe, ações comunitárias e visbilidade pública através do programa de tv que venha o povo

  • 1. UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA MARIANA DE AZEVEDO PINTO Paripe, Ações Comunitárias e Visibilidade Pública através do Programa de TV “Que Venha o Povo” Conceição do Coité, 2011.
  • 2. MARIANA DE AZEVEDO PINTO Paripe, Ações Comunitárias e Visibilidade pública através do Programa de TV Que Venha o Povo Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Comunicação Social - Habilitação em Radialismo, da Universidade do Estado da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Comunicação, sob a orientação da Professora: Patrícia Rocha de Araújo. Conceição do Coité, 2011
  • 3. MARIANA DE AZEVEDO PINTO Paripe, Ações Comunitárias e Visibilidade Pública através do Programa de TV “Que Venha o Povo” Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Comunicação Social - Habilitação em Radialismo, da Universidade do Estado da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Comunicação, sob a orientação da Professora: Patrícia Rocha de Araújo. Data:__________________________ Resultado:_____________________ BANCA EXAMINADORA Prof.(orientadora)_________________ Assinatura_______________________ Prof.(orientadora)_________________ Assinatura_______________________ Prof.____________________________ Assinatura________________________
  • 5. AGRADECIMENTOS: Avante. Conhecimento a gente aplica na vida pública, na esfera profissional, e nas próprias relações da vida privada. Tanto quis que assim foi. Uma das etapas de conhecimento e aprendizado que se conclui. Feliz é aquele que abdica, porque abdicar faz parte do processo de ser humano. Nessa caminhada muitos foram humanos comigo: Inailde Azevedo, que sempre se mostrou atuante enquanto mãe, educadora e amiga; meu irmão Danilo Azevedo, que sempre abriu meus olhos para as possibilidades da vida; meu pai Wilson Pinto, que sempre investiu na educação de seus filhos; Aloisio Ferreira, pela companhia e paz nos momentos de inquietude, aos amigos, em especial ao grupo de faculdade: Bela Almeida, Glécia Carneiro, Leandro Daniel, Maicon Emerson, Robson Silva que, aos trancos e barrancos, nunca deixaram de seguir em frente e ter confiança na vida. Aos demais colegas de turma, a minha orientadora Patrícia Rocha em aos que entraram no meio do caminho e acabaram por me dar base permitindo-me caminhar com foco, Raiane Lopes, Duda, Juçara, meu muito obrigado. Fácil não foi, a cidade era desconhecida, repleta de peculiaridades, mas nada que a juventude não tirasse de letra. O melhor de tudo é que tivemos a oportunidade de nos conhecer e conviver com universos diferenciados. Hoje parto para um novo retângulo de vida, mais conhecedora e completamente grata a todos que comigo estiveram, conviveram e que me ensinaram. Muitíssimo obrigado.
  • 6. “Há, contudo quem não veja civilidade como virtude”. Kennedy (1998)
  • 7. RESUMO: Verificamos se o programa de televisão “Que Venha o Povo” configura-se em um instrumento estratégico de diálogo e visibilidade para os problemas e anseios da comunidade de Paripe, por meio do das ações desenvolvidas pelas lideranças comunitárias perante as autoridades do poder público. Foram verificadas também as possíveis influências da linha editorial do programa nesse diálogo, através de materiais fornecidos pela própria produção do programa. Para tanto, adotamos como corpus de análise dados obtidos a partir da confecção de Grupos Focais envolvendo seis Associações comunitárias: o CECOP, Associação de Moradores, Associação de Pescadores, Centro dos Amigos de Paripe, Associação Jovem de Paripe, Centro Comunitário da Igreja Católica de Paripe. Através dos dados obtidos junto a esse corpus pudemos formular e compreender os procedimentos adotados para visibilidade da comunidade junto ao programa QVP, bem como perceber os elementos, interesses e consequências que essa tentativa de visibilidade desenvolve para a comunidade. Palavras-chave: Mobilização Comunitária,Paripe; Programa de TV QVP; Visibilidade.
  • 8. ABSTRACT: We check that the television program "What the People Come" set in a strategic instrument of dialogue and visibility to the problems and aspirations of community Paripe through the actions undertaken by community leaders, before the authorities of the government. We also noticed the possible influences of the editorial line of the program in such a dialogue, through materials provided by own production of the program. To this end, we adopted as corpus analysis, data obtained from the construction of six focus groups involving community associations: the CECOP, Residents Association, Fishermen's Association, Friends of the Center Paripe, Paripe Youth Association, the Catholic Church Community Center of Paripe. Using data obtained from this corpus we formulate and understand the procedures adopted for visibility of the program QVP community together, and perceive the elements, interests and consequences that this attempt to develop visibility for the community. Keywords: Community Mobilization-Paripe; TV QVP; visibility.
  • 9. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Imagens do Programa Que Venha o Povo. .................................................. 29 Figura 2 - Localização de Paripe. ..................................................................................... 31
  • 10. LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Associações comunitárias, total de associados, líderes e tempo de atuação .................................................................................................................................... 32 Tabela 2 - Relação das Pautas ........................................................................................... 43 Tabela 3 - Relação das pautas de saúde .......................................................................... 44 Tabela 4 - Relação das pautas de educação ................................................................... 45 Tabela 5 - Relação das pautas de entretenimento .......................................................... 45 Tabela 6 - Relação das pautas de violência ..................................................................... 46 Tabela 7 - Relação das pautas de assistencialismo ....................................................... 46 Tabela 8 - Relação das pautas de infraestrutura ............................................................. 46 Tabela 9 - Relação das pautas de eventos....................................................................... 47 Tabela 10 - Relação das pautas de saúde ....................................................................... 48 Tabela 11 - Relação das pautas de educação ................................................................. 49 Tabela 12 - Relação das pautas de entretenimento ........................................................ 50 Tabela 13 - Relação das pautas de violência ................................................................... 51 Tabela 14 - Relação das pautas de assistencialismo ..................................................... 51 Tabela 15 - Relação das pautas de infraestrutura ........................................................... 52 Tabela 16 - Relação das pautas de eventos .................................................................... 53
  • 11. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS APP Associação dos Pescadores de Paripe AJP Associação Jovem de Paripe AMP Associação dos Moradores de Paripe CAP Centro dos Amigos de Paripe CCICP Centro Comunitário da Igreja Católica de Paripe. CDI Comitê de Democratização da Informática CECOP Centro Comunitário da Igreja Batista de Paripe FHC Fernando Henrique Cardoso GF Grupo de Focal IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada MCM Meios de Comunicação de Massa PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PPNADL Projeto Nacional de Apoio ao Desenvolvimento Local QVP Que Venha o Povo SAC Serviço de Atendimento ao Consumidor SECULT Secretaria de Cultura da Bahia IDH Índice de Desenvolvimento Humano IWG International Working Group
  • 12. SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13 1. SOCIEDADE CIVIL E MEIOS DE COMUNICAÇÃO: UMA RELAÇÃO PARA A CIDADANIA. ............................................................................................................. 16 1.1. CIDADANIA .................................................................................................... 16 1.2. SOCIEDADE CIVIL. ........................................................................................ 17 1.3. MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA E SEUS REFLEXOS NA CONTEMPORANEIDADE. .................................................................................... 19 1.4. MÍDIA TELEVISIVA NO BRASIL: HISTÓRIAS E PERSPECTIVAS ............... 21 1.4.1. MÍDIA TELEVISIVA NO BRASIL: UM BREVE HISTÓRICO. .................. 21 1.4.2. TELEVISÃO: MOBILIZAÇÃO E VISIBILIDADE. ...................................... 24 2. JORNALISMO POPULAR E VISIBILIDADE ..................................................... 26 2.1. O PROGRAMA DE TELEVISÃO “QUE VENHA O POVO” ............................. 28 3. PARIPE – MOBILIZAÇÕES COMUNITÁRIAS E VISIBILIDADE PÚBLICA ATRAVÉS DO PROGRAMA DE TELEVISÃO QVP ................................................. 31 3.1. PARIPE........................................................................................................... 31 3.1.2. ASSOCIAÇÃO JOVEM DE PARIPE - (AJP) ............................................ 33 3.1.3. ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DE PARIPE– (AMP) ....................... 33 3.1.4. ASSOCIAÇÃO DOS PESCADORES DE PARIPE – (APP) ..................... 33 3.1.5. CENTRO DOS AMIGOS DE PARIPE- (CAP) .......................................... 34 3.1.6. CENTRO COMUNITÁRIO DA IGREJA CATÓLICA DE PARIPE – (CCICP) ........................................................................................................................... 34 3.1.7. CENTRO COMUNITÁRIO DA IGREJA BATISTA DE PARIPE-(CECOP) 35 3.2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ....................................................... 36 3.2.1. FASE 1: LIDERANÇAS COMUNITÁRIAS E SEU TRABALHO DE MOBILIZAÇÃO. .................................................................................................. 37 3.2.2. FASE 2: A VISIBILIDADE DAS MOBILIZAÇÕES E DAS DEMANDAS TRAZIDAS PELO LÍDER COMUNITÁRIO NO QVP .......................................... 41 3.2.3. DEMANDAS DA COMUNIDADE TRAZIDAS PELOS LÍDERES COMUNITÁRIOS QUE FORAM VISIBILIZADAS NO QVP ............................... 42 3.2.4. FASE 3: MOBILIZAÇÃO COMUNITÁRIA QUE EFETIVA OU NÃO A VISIBILIDADE DA AÇÃO NO PROGRAMA. ...................................................... 44 3.2.5. FASE 4: DE MOBILIZAÇÃO COMUNITÁRIA: QUE VERIFICA A POSSIBILIDADE DE INTERFERÊNCIA DA LINHA EDITORIAL DO PROGRAMA QVP. ............................................................................................. 47 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 56
  • 13. 13 INTRODUÇÃO A emergência por cidadania e melhorias nas condições de vida da população traz consigo, segundo Peruzzo (2005), um forte esforço por reorganização social, principalmente das classes sociais que se vêem por caráter de ordem econômica excluídas do processo e da vida política do país. Aparentemente desamparadas pelo Estado e por suas estruturas e utilizando-se da televisão como veículo de visibilidade, as populações de baixa renda tentam trabalhar por melhorias nas condições de vida de sua comunidade. Paripe é uma dessas comunidades de baixa renda de Salvador, que desacreditadas por algumas instituições sociais, vão em busca de veículos de comunicação como forma de resolver seus problemas e alcançar para eles alguma visibilidade. Através de instituições representativas da comunidade como lideranças comunitárias e associações, Paripe tenta através do programa de Televisão Que Venha um Povo, buscar melhorias na infraestrutura, educação, saúde e habitação para seu bairro e consequentemente para os seus moradores. Por compreender a importância dessas mobilizações com bases comunitárias e a fim de levantar instrumentos que possam contribuir com a valorização dessas ações desenvolvidas pela comunidade de Paripe e suas lideranças, esse trabalho se justifica. O nosso problema aqui é entender se o programa popular e sensacionalista “Que Venha o Povo” pode funcionar para as lideranças sociais de Paripe como um instrumento de diálogo e visibilidade com as autoridades na busca da resolução dos problemas da comunidade. Visando responder este problema, temos como objetivo central de pesquisa verificar se o programa de Televisão “Que Venha o Povo” pode configurar-se em um instrumento estratégico de diálogo e visibilidade para as ações desenvolvidas pela comunidade e lideranças comunitárias de Paripe, com as autoridades do poder público. Para alcançar este objetivo maior, outros precisaram ser alcançados. Entre nossos objetivos específicos, estão: a verificação da importância atribuída pela comunidade aos movimentos e lideranças comunitárias no que compete a garantia e bem estar coletivo da comunidade de Paripe e a verificação da interferência editorial do programa nesse processo dialógico de visibilidade. O trabalho foi dividido em três capítulos. Temos no primeiro capítulo a promoção de uma reflexão conceitual acerca do termo e prática da cidadania.
  • 14. 14 Verificamos o conceito, surgimento e importância da sociedade civil enquanto estrutura de regulação dos direitos e deveres da sociedade junto as autoridades competentes e ao Estado. Debruçamos-nos em entender o papel e o poder de visibilidade dos meios de comunicação, em especial da televisão, no propósito de alcançar esses objetivos pela sociedade. No segundo capítulo, desenvolvemos uma abordagem conceitual acerca do jornalismo popular e do programa de Tv “Que Venha o Povo”, apontando as características que identificam as camadas populares com esse formato de jornalismo. No terceiro capítulo, enfocamos a comunidade de Paripe, apresentando- a assim como suas associações, intenções e demandas, destrinchando o processo para a visibilidade desenvolvido no programa, por meio da verificação das pautas levadas pelas lideranças comunitárias ao programa de TV local “Que Venha o Povo”. Verificamos também a interferência da linha editorial do programa no processo de visibilidade junto ás autoridades locais. O trabalho utilizou como procedimento metodológico a pesquisa bibliográfica, levantamento e sistematização de informações sobre o tema abordado, promoção de grupos focais (GF), reunindo lideranças comunitárias de seis associações, bem como a coleta de dados junto ao programa de TV QVP. Temas como cidadania, motivações para a mobilização comunitária, utilização de telejornal popular QVP como instrumento de visibilidade da comunidade com autoridades locais foram levantamentos feitos junto às lideranças. Dentre o suporte teórico utilizado para entendimento e conceituação da cidadania, Estado e seus papéis estão autores como Santana (2004), Quintão (2001) e Silva (2002). Para compreender os meios de comunicação, especialmente a televisão, seu poder de alcance e configuração de visibilidade, foram utilizados autores como Herz (2001); Thompson(2008) e Raboy (2005). Jambeiro (2002), Ortiz (2006), Zahar, (2001), Torres (2009) e Bayma (2010), nos permitiram compreender o papel de interação e disseminação dos valores sociais através dos veículos de comunicação de massa. A leitura de Jambeiro (2002) e Dagnino (2002) nos permitiu compreender as características estruturais que impedem o acesso real das populações carentes aos veículos de comunicação tradicionais existentes, e como estas podem ser visualizadas na estrutura da sociedade civil. Ortiz (2006) complementa a análise nos iluminando sobre quais as
  • 15. 15 barreiras a serem enfrentadas pela sociedade para a promoção da cidadania e dos diálogos a partir dos meios de comunicação. A noção necessária para entendimento do trabalho e o conceito que envolve a sociedade civil, são trazidas por autores como Gomes (2002, 2004, 2007) e Dagnino (2002, 2005). As conceituações, análises e perspectivas envolvendo programas populares e sensacionalismo utilizou- se dos conceitos de Amaral(2006), Peruzzo (2002, 2005), Paiva(1998). Estas leituras ainda nos auxiliaram a perceber como as camadas populares enxergam, reconhecem seus valores e utilizam espaços alternativos na busca da visibilidade.
  • 16. 16 1. SOCIEDADE CIVIL E MEIOS DE COMUNICAÇÃO: UMA RELAÇÃO PARA A CIDADANIA 1.1. CIDADANIA Para Santana (2004), quando falamos em promoção da igualdade de direitos entre indivíduos, logo nos remetemos à vida no âmbito das relações públicas e pensamos em ações que primem pela garantia do bem estar coletivo e social. A esse conjunto de ações e padrões de conduta a serem adotados damos o nome de cidadania. A palavra cidadania aparece em muitas civilizações da antiguidade, como por exemplo, a grega e a romana. O modelo de cidadania confeccionado por essas duas civilizações promovia uma diferenciação dos sujeitos a partir de sua posição social e econômica. Na atualidade, essa concepção de cidadania desenvolvida na antiguidade não é a pretendida. Segundo Santana (2004), o conceito de cidadania para a atualidade é um conceito ampliado, em que a cidadania representa a construção de uma sociedade e de consensos políticos organizados pela coletividade, independente de sua posição econômica e social. O exercício da cidadania é inerente a todo indivíduo. A ausência de cidadania para um indivíduo resulta para ele, e para a sociedade em grandes preocupações de ordem estrutural, pois submete esse sujeito à ficar a margem da sociedade. “Organizar uma comunidade para a vida cívica e dentro dos princípios da cidadania, evitando a existência dessa marginalização é uma atividade muito complexa. Demandadora da regulação de algumas estruturas” (QUINTÃO, 2001, p. 34). O papel estrutural de manutenção dos direitos e deveres de um cidadão e da coletividade na vida em sociedade é do Estado. Entenderemos aqui por Estado: [..]a organização político-jurídica de uma sociedade. Essa sociedade política é determinada por normas de direito positivo, é hierarquizada na forma de governantes e governados, e constitui essencialmente de um grupo de indivíduos unidos e organizados, permanentemente, para realizar um objetivo comum (AZAMBUJA, 2002, p. 6). Para governar e desenvolver uma cidade sob os princípios da igualdade, o Estado deve fornecer à sua população o suporte para atendimento de suas demandas coletivas. Ocorre que, num país como o Brasil, que possui a quinta maior
  • 17. 17 população do mundo1. Conhecer e contemplar todas essas demandas, transformando-as em políticas públicas coletivas, torna-se uma atividade complexa até para o Estado. SANTANA (2004). A extensão geográfica, o descomprometimento de estruturas confeccionadas pelo próprio governo apresentam-se como barreiras a serem enfrentadas pelo Estado e sociedade no alcance dessas politicas. Segundo Dagnino (2002), nesse contexto de complexidade administrativa das demandas coletivas, desenvolve-se como possível elemento de apoio para a administração pública, estruturas próprias da sociedade, chamadas de Sociedade Civil. 1.2. SOCIEDADE CIVIL A Sociedade Civil “são organizações sociais voluntárias que a depender do momento histórico que ela vivencia, segundo Dagnino (2002), atuam ora, opondo-se ao Estado, ora em conformidade com o Estado e ora à frente do Estado no direcionamento de suas políticas”. Segundo Kaldor (2003), em todos esses momentos a Sociedade Civil é sinônimo de uma sociedade moderna, que busca articular-se coletivamente para estabelecer um projeto de futuro que contemple a sociedade e suas demandas em suas diferentes estruturas e grupos, possibilitando assim, a igualdade. Para Gomes (2007, p. 56), “apesar da importância trazida por essas entidades sociais ao processo de cidadania, o desenvolvimento desse estímulo para a participação política da sociedade nos processos do Estado ainda é difícil, tanto por variáveis econômicas, como pelas variáveis políticas.” a Educação no país contempla simultaneamente essas representações das variáveis econômicas e política. Segundo Dagnino (2002), e Gomes (2007), por desconhecer os conhecimentos técnicos e a burocracia que regem as políticas de administração do Estado, a maioria da sociedade exime-se de dialogar com a máquina pública. Ou ainda quando esta tem determinado conhecimento sobre os possíveis lugares legais de recorrência para a participação da vida pública, logo se desmotiva por conta do histórico de irregularidades e corrupções nos quais estas estruturas da 1 Segundo o censo 2011, do Instituto Brasileiro de Geografía Estatística (IBGE ), o Brasil possui 191mil habitantes, distribuidos em 5564 municipios brasileiros.
  • 18. 18 administração estão envolvidas. Um bom representativo dessas desmotivações, para Dagnino (2002), são os partidos políticos, que deixaram de utilizar da autoridade e de seus conhecimentos de representação social junto ao poder público. Esse fato promoveu um fechamento e isolamento da sociedade para com essas entidades e dificultou o processo de participação social, por vias normais de representação. Embora não seja a solução efetiva para essa brecha deixada pelos partidos políticos, e por outras instâncias de representação governamental, a sociedade civil pode, para Dagnino (2002), fornecer uma pequena estrutura técnica e política para a participação da sociedade nos processo de construção do país. Esse poder de atuação e transformação existente na sociedade civil, através de representações como organizações comunitárias e sindicatos de classe pode ser entendido a partir de um período histórico do Brasil. Entre os anos 1960 a 1970, por conta do projeto de desenvolvimento nacional e do golpe instituído ao governo de João Goulart, o país enfrentou um período de descontentamentos na política de administração do governo. Segundo Quintão (2001), Vargas importava para o Brasil um modelo de desenvolvimento econômico baseado na modernização no país, principalmente das zonas agrícolas. Esse projeto trazido pelo governo e não planejado com a sociedade, promoveu um processo de migração desordenado dos trabalhadores do campo para os centros urbanos, situação que alargou o contingente de trabalhadores urbanos e promoveu nas cidades e na vida da sociedade grandes cenários de doenças sociais. Diversos setores das camadas populares descontentes com a situação que vivenciavam mobilizaram-se em prol de melhorias nas condições de vida e dos interesses de sua classe. Entidades da sociedade civil, como movimentos sociais, passaram a se organizar em forma de sindicatos para traçar estratégias de negociação e buscar melhorias nesse modelo de gestão junto ao Estado. Têm destaque para Dagnino (2002), os sindicatos dos trabalhadores. Estes, unidos por sua classe, confeccionaram um estatuto próprio, exigindo redução na carga horária de trabalho, férias, condições adequadas de segurança no trabalho, entre outros benefícios. Inspirados nesse grupo de trabalhadores, vários outros passaram a se articular no período. Minorias até então invisíveis da sociedade civil, a exemplo dos Movimentos feministas, anti-racistas, anti-homofobia, e vários outros movimentos surgem em níveis locais e trabalham pela livre exposição de suas preferências e pela conquista dos seus direitos junto ao Estado, (QUINTÃO, 2001).
  • 19. 19 Como vimos, ações de grupos da Sociedade Civil atuantes naquele período foram importantes na conquista de alguns direitos. Algumas ações lá desencadeadas ainda são desfrutadas na atualidade, como é o caso das conquistas envolvendo o trabalhador. Todavia, para Perruzo (2003), não podemos negar que por conta de suas limitações de atuação envolvendo questões como a de geografia, essas ações se viam impedidas de se tornar maiores e capazes de beneficiar a sociedade como um todo. Nessa perspectiva de construção da cidadania para o alcance de todos, os meios de comunicação de massa, em especial a televisão, segundo Peruzzo (2003) hoje deveriam servir como instrumentos para rompimento de algumas barreiras geográficas, ideológicas e políticas presentes nos diálogos das sociedades e no diálogo da sociedade com o Estado. Por conta disso, compreender a importância e o papel que estes exercem em nosso meio é uma tarefa de fato importante. 1.3. MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA E SEUS REFLEXOS NA CONTEMPORANEIDADE Para Herz (2001), a importância dos meios de comunicação na construção e no desenvolvimento social, bem como sua intencionalidade e espontaneidade na geração dos efeitos sociais, é inegável. Por ser importante na construção e desenvolvimento social é que esses meios estão nas mãos de poucos. Essas concentrações causam um desequilíbrio nas relações sociais, retardando o processo de cidadania. A não utilização desses meios comunicacionais pela sociedade, impede a confecção de um cenário social e econômico mais igualitário, e impede o rompimento das barreiras de ordem espacial e política tão necessárias para o efetivo processo de cidadania. “Possuir espaço num meio de comunicação é na atualidade possuir um espaço de poder” (HERZ, 2001, p. 32). Esse poder existente nos meios de comunicação, no âmbito das relações sociais e nas relações da sociedade para com o Estado, pode efetuar-se como um poder de alienação ou ainda um poder de conhecimento e conscientização. O primeiro “modelo de poder, que aliena e desnivela economicamente e culturalmente as pessoas, já é muito utilizado no modelo atual de governo, sendo, portanto, dispensável ao processo de cidadania e a Sociedade Civil” (HERZ, 2001, p. 10). Já o segundo modelo de poder trazido pelos
  • 20. 20 meios de comunicação, “que gera conhecimento e conscientização e é capaz de mobilizar se torna favorável ao processo de cidadania, sendo objeto de ambição da Sociedade Civil” (HERZ, 2001, p. 10). Entenderemos aqui como mobilizar “o ato ou ação de convocar vontades, para atuar num objetivo comum, buscando resultados cotidianos para a coletividade” (TORO, WERNECK, 2005, p.13). Através dos meios de comunicação e do seu desenvolvimento técnico, podemos romper barreiras espaciais e temporais, conhecer a realidade do outro e fazer o outro conhecer a nossa, bem como convocar vontades. Essa capacidade de romper barreiras espaço – temporais, proporcionadas por um meio técnico é chamada por Thompson (2008) de “visibilidade mediada”. Sobre isso Thompson discorre: Visibilidade mediada diferente do ato de ver captado pelo olho é “sempre moldada por um espectro mais amplo de pressupostos e quadros culturais e pelas referências faladas ou escritas que geralmente acompanham a imagem visual e moldam a maneira como as imagens são vistas e compreendidas (THOMPSON, 2008, p.21). Para Medeiros (2011), a televisão enquanto meio técnico e no contexto de produção do capital apresenta-se a sociedade civil como um importante instrumento de visibilidade e mobilização. Ao romper barreiras espaços-temporais, a possibilidade de disseminação de diferentes consciências e contextos culturais torna-se uma realidade mais palpável. Mesmo a televisão sendo um importante elo de visibilidade e ligação de realidades, é uma estrutura que ainda encontra dificuldades em se tornar um objeto livre a utilidade pública. Essa compreensão que envolve a liberdade da televisão enquanto veículo está associada à própria entrada do veículo no país. Como o nosso trabalho envolve a utilização da televisão como instrumento de visibilidade para as ações da Sociedade Civil, conhecer um pouco mais sobre este veículo e sua forma de implantação faz-se oportuno.
  • 21. 21 1.4. MÍDIA TELEVISIVA NO BRASIL: HISTÓRIAS E PERSPECTIVAS 1.4.1. MÍDIA TELEVISIVA NO BRASIL: UM BREVE HISTÓRICO Segundo Zahar (2001), a televisão chegou ao país em 1939, com Edgar Roquete Pinto e, diferente da tv norte-americana, que teve como influência a indústria cinematográfica, a brasileira submeteu-se à influência do rádio. Apesar de Roquete Pinto ter realizado algumas experiências com o novo veículo, foi nas décadas de 1940 e 1950, já com Assis Chateaubriand, que começaram a entrar nas casas brasileiras as primeiras trasmissões televisivas. A partir da sua entrada no país, a televisão passa a ser vista como um instrumento de desenvolvimento nacional e uma importante fonte de informação e construção da opinião pública, principalmente quando esta construção de opinião pública centrava-se na divulgação ou consolidação da imagem política de governos e regimes autoritários. Segundo Mattos (2000, p.29), a Escola Superior de Guerra (ESG) foi uma instituição criada por um pequeno grupo de militares que tinha como propósito utilizar a televisão nos quatro campos de governo: 1)no campo militar: mobilizando as forças armadas do território nacional a fim de cuidar de forças emergenciais iminentes e cooperar com empreendimentos ligados ao desenvolvimento e à segurança nacional, 2) no campo político: melhorando o processo administrativo do país; 3) no campo econômico: estimulando a produtividade dos setores industriais; e 4) no campo psicossocial: promovendo o fortalecimento do interesse nacional pelos valores espirituais, morais e cívicos da nação. Ainda para Mattos (2005), a televisão transformou-se num veículo por meio do qual o regime poderia persuadir, impor e difundir seus posicionamentos. Por a televisão ser vista como agente de modernização e como ferramenta para a manutenção da integração nacional, da segurança e da paz, o governo também se preocupava com o conteúdo transmitido pelas emissoras de televisão. Os governos de Médici até Geisel estipularam um “padrão cultural” na televisão. Produções como telenovelas, telemusicais ou qualquer manifestação popular que fosse de encontro a esse padrão cultural estaria impedida de ser transmitida na televisão. Esse impedimento de produção de conteúdo do governo culminou em fortes críticas por parte da população sobre a tutela do Estado a televisão. Por ser um bem público,
  • 22. 22 problemáticas do cotidiano deveriam ser trazidos para a discussão na televisão, sem que o Estado manifestasse censuras, pois enquanto instituição reguladora, deveria permitir a livre expressão do pensamento individual e coletivo e não coibi-lo. As manifestações envolvendo a participação e a visibilidade dos contéudos da população dentro do espaço de televisão tornaram-se uma constante de luta para a sociedade. A situação obrigou o Estado a redefinir os rumos da televisão, a fim de promover espaços para a produção e a discussão social. As televisões públicas e educativas surgiram como uma possível resposta às demandas da sociedade. Estas permitiriam uma diversificação na programação que poderia oferecer cultura, ciência, informação e visibilidade a diferentes públicos, sem se preocupar com as questões da publicidade financiada, presentes nas televisões comerciais. Apesar da importância visualizada e dos grandes avanços sociais que este modelo de televisão importado da Europa poderia trazer para o Brasil, a utilização desse modelo também foi equivocada, visto que com o passar do tempo, em especial no governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) - (1995-2002) e Luís Inácio da Silva (2003- 2010), o uso dessas concessões de televisão educativas também passaram pelas mesmas práticas existentes nas televisões comerciais, como a prática denominada de “coronelismo eletrônico”. Bayma define: A literatura política brasileira tem utilizado o termo coronelismo como uma forma peculiar de manifestação do poder privado, com base no compromisso e na troca de proveitos com o poder público. A ciência política trata como coronelismo a relação entre os coronéis locais, líderes das oligarquias regionais, que buscavam tirar proveito do poder público, no século 19 e início do século 20. Hoje, não há como deixar de se associar esse termo aos atuais impérios de comunicação mantidos por chefes políticos oligárquicos, que têm, inclusive, forte influência nacional. O compadrio, a patronagem, o clientelismo, e o patrimonialismo ganharam, assim, no Brasil, a companhia dos mais sofisticados meios de extensão do poder da fala até então inventados pelo homem: o rádio e a televisão. (BAYMA, 2010, p. 95) Diante desse quadro, Torres (2009) presume, que parte significativa dessas emissoras de TV estão a serviço de interesses particulares e distantes de sua finalidade de utilidade pública. Inexiste, segundo Ortiz (2006), ação até então desencadeada pelo governo que tente desvincular a iniciativa pública da privada, quando o assunto é televisão. Pelo contrário, as ações desenroladas aproximam mais as emissoras dessa lógica mercadológica. Ilustra:
  • 23. 23 Praticamente as TVs Públicas funcionavam nos moldes de uma empresa privada. Seus programas (música popular, radio teatro, programas de auditório) em nada diferem dos outros levados ao ar pelas emissoras privadas. [...] quando se olha a porcentagem da programação dedicada aos chamados “programas culturais” observa-se que eles não ultrapassam 4,5. Ao que tudo indica, a acomodação dos interesses privados e estatais se realiza no seio de uma mesma instituição sem maiores problemas (ORTIZ, 2006, p. 53). A intervenção do Estado para promover seus aliados políticos; as execuções adversas aos princípios e fundamentações da televisão pública, tudo isso esbarrado na dependência financeira impedem a independência das emissoras e consequente independência do cidadão. Contudo, não há, segundo Torres (2009, p. 52), para o quesito financeiro, justificativa aceitável. Embora o custo para a produção de conteúdos seja para o governo muito alto, existe uma verba federal mínima anual de 430 milhões, destinada ao serviço de radiodifusão, verba que se chegasse de fato ao seu destino daria para manter, bem como ampliar, a rede de televisão pública no país. Para ele, o próprio governo utiliza-se dessa verba para a produção de suas publicidades e de seus parceiros na televisão, privando a população da verba destinada a produção de seus conteúdos. Segundo Torres (2009), o cenário que temos com o surgimento da televisão pública e educativa não se distancia muito do que tínhamos antes da sua existência. A televisão pública criada sobre base educativa para promover a igualdade de informação para a população não incorpora as demandas sociais e por isso, perde sua autoridade política diante dessas classes. Por outro lado, as televisões comerciais, criadas para incorporar propaganda em suas programações, vêem-se preocupadas em atender demandas de responsabilidade do poder público e se tornam fortalecidas e respaldadas pela sociedade. Assim, se transformam no maior instrumento de comunicação com o poder público na atualidade. “Vemos uma inversão de papéis. TV pública produzindo em nome de minorias e dialogando com minorias, e televisões comerciais sendo procuradas pela sociedade como instrumento de diálogo e visibilidade, (TORRES, 2009, p.54).
  • 24. 24 1.4.2. TELEVISÃO: VISIBILIDADE No estudo, daremos destaque ao modelo de televisão comercial. O que percebemos a respeito de um conjunto de televisões comerciais que se remodelaram e conseguiram alcançar grandes públicos. É importante mencionar que a atitude adotada por essas TVs não é resultado somente de uma preocupação com o direito de pequenos grupos, estão aí embutidos elementos mercadológicos de interesse da cúpula administrativa. “Esses interesses econômicos, independente da adaptação que forem feitas nesse modelo de televisão, sempre acabam por impedir que a televisão atue em seu melhor propósito, que é estar a serviço do público”. (GOMES, 2007, p.52). A remodelação que estas televisões sofreram assemelha-se a uma estrutura de rede. Vários pontos distintos produzem e recebem informação em níveis locais e nacionais. Essa nova estrutura de mídia televisiva, “descentralizada” de pólos de produção nacional e alcançada pela iniciativa privada que se baseia no local, tem se mostrado um espaço interessante para que as populações geograficamente e culturalmente afastadas tentem se comunicar umas com as outras e com as autoridades da região em busca da resolução de suas problemáticas. Essa situação, segundo França (2005), embora querida pelas TVs educativas, ainda não se processou. Tem-se nessa experiência de abordagem e produção de conteúdo a partir do local uma boa saída e modelo para investidura de visibilidade, principalmente paras as comunidades de baixa renda. A televisão, como já vimos, é uma ferramenta importante de visibilidade THOMPSON (2008). Cerca de 96% da população tem o aparato técnico de televisão em casa (IBGE-2010). Segundo Medeiros (2009), é muito comum falarmos e assistirmos comunidades carentes em veículos televisivos, de forma a associar somente questões ligadas à violência. Segundo ela, todos sabem quando uma escola é invadida, um morador foi afastado por assassinato ou se envolveu no mundo das drogas, porém é muito difícil termos o conhecimento sobre o que as pessoas fazem para melhorar suas vidas, através de um programa de televisão. Dentro desse contexto de sociedade civil que comentamos há pouco, vamos neste trabalho enfocar na sociedade civil atuante em uma esfera local. Nessa
  • 25. 25 perspectiva, tem destaque para Peruzzo (2002), a participação dos líderes e associações comunitárias, também chamados de líderes cidadãos. O líder cidadão se destaca pela forma de organização que implementa na comunidade, buscando sempre criar um nível de consciência critica junto à população, para que ela cobre seus direitos, dentro de um planejamento feito de forma coletiva, vendo os problemas, analisando e agindo com a população, junto a quem de direito resolver o problema. Ë uma pessoa que pensa, está mais informado que os demais da comunidade participam de grupos de estudos, pesquisas e se torna um comunicador educador. Eles fazem questão que as pessoas participem e que nasçam novas lideranças, capazes de ampliar a ação da comunidade , no campo das reivindicações estruturais e da cultura. (SAMPAIO ,1998, p. 32) Para Peruzzo (2002), com poder de articulação, conhecimento dos problemas e horizontes de suas comunidades favorecidos pelo aparato da televisão, esses líderes promovem de forma conjunta com sua comunidade o exercício político e a uma tentativa de diálogo com a máquina pública. Por conta da relação de confiança nesses líderes eles conseguem mobilizar sua comunidade e desenvolver junto com ela um trabalho político. “Essa tentativa de diálogo dentro de veículos facilitada pela televisão só pode ser efetiva quando espaços estão abertos para que os públicos efetivem uma conversação.” (GOMES, 2008, p.203) Alguns programas da televisão na cidade de Salvador têm sido procurados como possíveis substitutos das Instituições sociais, como a delegacia e o tribunal, por exemplo. Justamente por ser um espaço de visibilidade. França (2006) destaca os programas de televisão populares.
  • 26. 26 2. JORNALISMO POPULAR E VISIBILIDADE Segundo Amaral (2006),o Jornalismo popular possui diversas conceituações. Em um momento é entendido como o jornalismo feito “pelo povo”, em outros, compreendido como jornalismo feito “para o povo”. Na primeira direção do conceito de Jornalismo Popular, conseguimos identificar um direcionamento positivo para o fazer notícia. Nessa lógica de trabalhar pelo povo, o jornalismo popular atua de forma desinteressada e inclusiva, permitindo a participação social através do espaço e da confecção do conteúdo que vai ser visível. Dentro desse modelo de jornalismo estão o jornalismo comunitário, o jornalismo cidadão e o jornalismo cívico. O outro modelo de jornalismo feito “para o povo”, não permite participação. Finge permitir, França (2005). Este jornalismo vincula-se a uma pseudo participação, uma vez que estão embutidos nessa abertura para a participação interesses mercadológicos e de espetacularização da notícia. Configuram-se como esse segundo modelo de Jornalismo popular os tablóides, os programas de TV populares e veículos sensacionalistas. Independente dessas duas vertentes e de suas intencionalidades, o jornalismo popular tem como público as classes sociais de menor poder econômico. Nas duas linhas de jornalismo popular o povo é quem vai ser visto e visibilizado. Essa visibilidade imbrica-se, segundo THOMPSON (2008, p. 21), “no ato do olho ver a partir de um meio técnico e no ato de ser visto e construído a partir de perspectiva simbólica.” Na primeira forma de jornalismo popular, a visibilidade acontece a partir de uma natureza positiva. Pois se entende que pessoas produzem seus próprios meios técnicos e construções simbólicas de seus lugares para fazer visíveis a si e a suas ações. Neste sentido, o Popular ganha uma conotação de respeitabilidade e não se tem indícios de espetacularização. Na segunda modalidade de jornalismo popular, em que o jornalismo é feito “para o povo”, o popular é tido como um ser ridículo e passível de alienação, pois se submete a uma visibilidade ridicularizante e mercadológica, de uma linha editoralista, (FRANÇA, 2005). Essas duas determinações trazidas isoladamente para o jornalismo no plano conceitual são muito difíceis de acontecer, segundo França (2005), no plano das
  • 27. 27 experimentações sociais. Visto que, no plano real, o jornalismo popular “pelo povo” e “para o povo” muitas vezes se confundem. “O povo negocia a busca por um espaço de visibilidade para seus problemas e ações. Enquanto que os telejornais de jornalismo popular que são ou deveriam ser naturalmente instrumentos legítimos de poder da população no enfrentamento de suas questões negociam o que esta visibilidade do povo pode promover financeiramente aos seus donos.” (AMARAL, 2006, p. 23). Segundo França (2005), por negociar e ao negociar com o povo a exposição de sua realidade, o jornalismo popular tende a adotar uma postura mais liberal e agressiva para com as estruturas a que se opõe. Essa ação agressiva pode ou não funcionar como um instrumento de pressão para autoridades, fazendo com que estas se tornem ou não mais atuantes. Essa pressão no jornalismo popular desenvolve-se na linguagem. O texto verbal desenvolvido pelo apresentador dá a entender um caráter condenatório e desafiador das autoridades públicas, pois delega para si o papel de fiscalizador da atuação dos poderes públicos e isso representa junto à audiência um sentimento de partilha quanto aos problemas e dificuldades vividas pela maioria da população.” (AGRIMALDI, 1995, 20). Esse texto verbal adotado pelo apresentador caracteriza-se pela forte tendência ao sensacionalismo. Sensacionalismo, caracteriza-se pelo exagero, pelo apelo emotivo, pelo uso de imagens fortes na cobertura de um fato jornalístico, pela manipulação da informação de forma incompleta ou parcial apresentando essa informação num formato exagerado. Sensacionalismo é, enfim, fazer apelo às reações mais ligadas à emoção do que na razão, trazendo sentimentos primários â tona, simplificando polêmicas em vez de fornecer elementos que permitam pensar, compreender, formar opinião.( DEBORD 2004, p. 101) Essa pressão com base no sensacionalismo para Debord (2004), gera na sociedade e nos críticos da área um sentimento e olhar negativos sobre essa forma de confeccionar notícia e informação. E isto decorre da visualização das camadas sociais de baixa renda, que sem espaço nos veículos de linguagem tradicional e necessitados de buscar esses formatos de programa e jornalismo para recorrer a estruturas do poder, vêem-se ridicularizadas. Esse olhar negativo, possível de ser criado sobre a sociedade que procura os programas populares, para Ferin (2002), não quer atestar um descompromisso por parte dos jornais populares, ou ainda enquadrá-los como um tipo de jornalismo
  • 28. 28 desnecessário à população de baixa renda. Se fossem assim concebidos, eles não apresentariam os altos índices de audiência que possuem. [..]o que se quer é aproveitar desse formato e de sua linguagem mais acessível, (lê-se acessível sem as características grotescas e de ridicularização), para promover caminhos saudáveis de negociação das populações carentes com a sociedade e autoridades para que essas consigam alcançar seus propósitos, e ainda auxiliar as autoridades na confecção de suas politicas, sem necessariamente parecer ridículas a estas estruturas” (FERIN,2002, p.74 ) No contexto de Salvador, quatros jornais disputam a audiência e o mercado, apostando nessa linha e linguagem populares. São eles o “Se Liga Bocão” e “Balanço Gera”l, da TV Itapoan e o Que Venha o Povo e Na Mira, da TV Aratu. O programa sobre o qual esse trabalho se debruçou para entender as ações sociais de comunidades de baixa renda em busca de resolução dos seus problemas e um olhar mais enérgico da sociedade e das autoridades é um programa de jornalismo popular. Outros formatos dentro da vasta grade de programação de Salvador executam essa missão de negociar interesses por espaços com a população. Porém pelos motivos que acima citamos, são esses jornais auto- intitulados populares que ganham um maior destaque, entre comunidades de baixa renda. (AMARAL,2006). O jornal popular participante na pesquisa intitula-se Que Venha o Povo (QVP) e embora tenha-se comentado levemente sobre sua matriz jornalística, esta não é o objeto de estudo. Apesar de não ser objeto de nosso estudo, a linha editorial pode provocar interferências no processo de visibilidade das ações desenvolvidas pelas lideranças comunitárias do bairro, dessa forma situá-la também fez-se necessário. 2.1. O PROGRAMA DE TELEVISÃO “QUE VENHA O POVO” O “Que Venha o Povo (QVP)” é um programa de jornalismo popular sensacionalista transmitido pela TV Aratu, no horário do meio dia. O programa diz atender comunidades de bairros periféricos da capital. Tem como âncora o jornalista Casimiro Neto, antigo âncora do Bahia Meio – Dia, um telejornal concorrente e com uma postura de jornalismo mais clássico. O programa tem como principais atrativos quadros que trabalham a prestação de serviço público e o assistencialismo. O programa popular adota uma linguagem fácil, é veiculado numa televisão aberta,
  • 29. 29 num horário nobre, isto contribui para sua boa audiência entre as camadas de baixa renda. Figura 1 - Imagens do Programa Que Venha o Povo. Embora seja transmitido para todo o Estado, a cobertura do QVP é essencialmente local. A cidade de Salvador e tudo o que ocorre a população de baixa renda é o principal ponto das discussões nesse telejornal. Segundo o censo IBGE; 2010, Salvador representa a quarta capital do país em números populacionais, possui 2.675. 656 (dois milhões, seiscentos e setenta e cinco mil, seiscentos e cinquenta e seis) habitantes, distribuídos em 858.887 domicílios urbanos e rurais. Desse total de residências 634.521, mais de 73 % tem como soma de renda per capita de ¼ a 1 salário mínimo. Estes dados retratam para Furtado (2010), cenários sociais onde prevalece a concentração em detrimento da distribuição de renda. Entende-se por concentração de renda como o processo de acumulação de capitais nas mãos de poucos, esse processo é proveniente de lucro de fontes diversas, como salário, aluguéis e de outros rendimentos. Segundo o censo IBGE 2011, Salvador apresenta a segunda pior distribuição de renda do mundo. Atrás apenas da Namíbia. Em linhas gerais, esses números representam uma distribuição desigual dos recursos financeiros arrecadados pelo governo para promover qualidade de vida à população. Áreas como educação, saúde, habitação, defesa pública, defesa social, meio ambiente, causas cíveis e
  • 30. 30 criminais não são contempladas proporcionalmente bairro a bairro, por estas formas de distribuição de renda. Os Resultados dessa canalização dos recursos do Estado segundo Furtado (1997), reflete na má formatação social da cidade e de sua população, pois influência no não pleno exercício da cidadania para classes economicamente desprivilegiadas. Apesar de Salvador e sua situação ser abrangida, existe ainda um recorte “territorial” do programa sobre os bairros periféricos e mais pobres. Bairros como Narandiba, Mussurunga, Calabetão, Alto do Coqueirinho, Paripe e Periperi. Compõe as principais matérias do programa. “Dessa forma, percebemos que quanto mais empobrecida a população, maior dificuldade que esta tem de ocupar espaços de informação, conscientização, na imprensa tradicional”. (FRANÇA, 2005, p.52) No programa Que Venha o Povo é muito comum encontrarmos pessoas buscando o atendimento de necessidades individuais. Essas pessoas são produtos dessa má distribuição de renda, o que elas solicitam são serviços básicos como um tratamento de saúde, melhoria na rede de esgoto e saneamento, melhorias no transporte público e outras tantas melhorias. Ocorre que essas melhorias e tentativas de tornarem visíveis seus problemas trazidos no plano da individualidade, são dramas particulares e por assim serem tendem mais a espetacularização e abuso do sensacionalismo, Peruzzo (2006). Mesmo diante do sensacionalismo embutido na produção das pautas pode ocorrer para Simeone (2007), a partir de um trabalhado de seriedade e ação conjunta desses sujeitos e comunidades a possibilidade ainda que pequena destes burlarem esses olhares pejorativos, alcançando seus propósitos. Para entendermos como a comunicação de uma comunidade com as autoridades desenrola-se através da utilização programa de TV e sociedade, partiremos para uma análise mais especifica: tomaremos como referencial a comunidade de Paripe, subúrbio de Salvador.
  • 31. 31 3 PARIPE – MOBILIZAÇÕES COMUNITÁRIAS E VISIBILIDADE PÚBLICA ATRAVÉS DO PROGRAMA DE TELEVISÃO QVP 3.1. PARIPE Paripe é um bairro do subúrbio ferroviário de Salvador que apresenta uma área de 1,32 Km2. Possui como base econômica o comércio. Segundo o Atlas do Desenvolvimento Humano da Região Metropolitana de Salvador, em um trabalho fruto da parceria PNUD (Programa Das Nações Unidas para o Desenvolvimento), IPEA, (Instituto de pesquisa econômica aplicada) e que utiliza de alguns dados produzidos pelo IBGE, Paripe divide-se em 10 localidades: Tubarão, Estrada da Cocisa, Gameleira, Escola de menor , ladeira Almirante Tamandaré, Tororó, Muribeca, Nova Canaã, Vila Naval da Barragem e São Tomé de Paripe. Essas dez localidades totalizam uma população de trezentos mil habitantes (300.000 habitantes). Para efeito de pesquisa e pela impossibilidade da pesquisadora em percorrer todas as localidades, tomaremos Paripe apenas pela localidade de São Tomé de Paripe. Figura 2 - Localização de Paripe.
  • 32. 32 Segundo o Atlas do Desenvolvimento Humano da Região Metropolitana de Salvador, São Tomé de Paripe possui aproximadamente 16.000 mil habitantes, apresenta índice Gini 0,5.2 Indicador econômico e social que reflete baixos índices na educação, precária saúde pública, infra- estrutura e uma baixa expectativa de vida da população de aproximadamente 60 anos. A escolha pela comunidade de São Tomé de Paripe como o objeto de estudo acontece por três razões: audiência 3 da comunidade pelo programa popular “Que Venha o Povo”, o enquadramento desta comunidade no perfil de comunidade de baixa renda e a presença e atuação de lideranças e associações comunitárias no bairro. Dezesseis (16) associações comunitárias atuam na comunidade de Paripe. No entanto nossa pesquisa só utilizará informações fornecidas por seis delas: CECOP - Centro Comunitário da Igreja Batista de Paripe; APP - Associação dos Pescadores de Paripe, CAP – Centro dos Amigos de Paripe, AJP - Associação Jovem de Paripe, AMP - Associação dos Moradores de Paripe e CCICP - Centro Comunitário da Igreja Católica de Paripe. A participação dessas seis associações está associada a disponibilidade de agenda das lideranças comunitárias, bem como o tempo de atuação enquanto associação4. TOTAL DE TEMPO DE ASSOCIAÇÃO ASSOCIADOS LIDER COMUNITÁRIO ATUAÇÃO AJP 92 Marcelo Ribas 5 ANOS AMP 234 Altino Arantes 27 ANOS APP 75 Jairo Batista Reis 29 ANOS CAP 176 Maria Silva 18 ANOS CCICP 154 Leandro Lima 12 ANOS CECOP 226 Israel Nascimento 18 ANOS Tabela 1 - Associações comunitárias, total de associados, líderes e tempo de atuação Explicadas as razões pela participação dessas associações comunitárias, iremos agora partir para uma breve apresentação do trabalho desenvolvido por cada uma delas. 2 - O índice ou coeficiente de Gini é uma medida de concentração ou desigualdade. É comumente utilizada para calcular a desigualdade da distribuição de renda. O índice de Gini aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Numericamente, varia de "0 a 1", onde o zero corresponde a completa igualdade de renda e 1 que corresponde à completa desigualdade e 1 que corresponde à completa desigualdade. 3 A audiência do programa foi obtida junto ao anuário de mídia e publicidade televisiva de Salvador 2010. 4 As demais lideranças quando convidadas para participar da pesquisa, explicaram que suas associações estavam em fase de estruturação e tecendo ainda seus projetos políticos para a comunidade de Paripe e por conta desse processo de iniciação política não se viam tecnicamente respaldadas a dar contribuições com a pesquisa.
  • 33. 33 3.1.2. ASSOCIAÇÃO JOVEM DE PARIPE - (AJP) A Associação Jovem de Paripe foi criada em 16 de Março de 2006, possui 92 associados, tem como intenção fornecer a Jovens e adolescentes um espaço e suporte para sua capacitação profissional e cidadã. Opera no plano técnico oferecendo cursos profissionalizantes, palestras e desenvolvendo oficinas de fomento ao desenvolvimento local na comunidade. Tem como líder comunitário o também morador Marcelo Ribas. De acordo com Marcelo, a intenção maior desse associativismo é promover a difusão e aplicação desse conhecimento técnico e social aprendido pelos jovens de Paripe e vizinhança dentro da AJP, na comunidade, promovendo soluções para um melhor convívio social e diminuição dos problemas envolvendo violência, educação e sustentabilidade do bairro. 3.1.3. ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DE PARIPE – (AMP) A Associação dos moradores de Paripe foi criada há 27 anos, possui 234 associados, e tem como objetivo situar-se como um canal de diálogo e colaboração entre a comunidade e Poder Público, desenvolvendo ações que abranjam o campo da gestão e das relações sociais. Tem como liderança comunitária o Sr. Altino Arantes, morador há 50 anos do bairro. Segundo Altino todas as ações desenvolvidas no âmbito da associação tem como finalidade centralizar os problemas da comunidade em seus diversos níveis estruturais como; saúde, educação, meio ambiente e encaminhá-los aos setores responsáveis da esfera executiva, fiscalizando e cobrando deles as providências devidas. 3.1.4. ASSOCIAÇÃO DOS PESCADORES DE PARIPE – (APP) A Associação dos Pescadores e Marisqueiras de Paripe, surgiu a partir da vontade de um pequeno grupo de marisqueiras e pescadores que sentiram a necessidade de se organizarem como profissionais, para buscar direitos e qualificações para a classe. No dia 13 de Fevereiro de 1982, foi fundada APP, atualmente a associação conta com 75 associados, tem como gestor Jairo Batista Reis. A APP promove reuniões mensais, cursos e palestras de preservação
  • 34. 34 ambiental para os pescadores e interessados na comunidade. Trabalha por melhorias nas condições de trabalho da classe, bem como a valorização da profissão junto aos orgãos do poder municipal. 3.1.5. CENTRO DOS AMIGOS DE PARIPE- (CAP) A Associação dos Amigos de Paripe foi criada em 20 Setembro de 1993. Atua, há 18 anos no combate a criminalidade e desigualdade social na região de Paripe. Oferta cursos profissionalizantes em diversas áreas como informática, Administração e artes. Através de um trabalho na área de educação e conscientização social, tem como meta segundo a gestora Maria Silva, inserir a comunidade num contexto social cidadão, fornecendo aos seus associados e a comunidade, ferramentas técnicas e políticas para se buscar esses propósitos junto as autoridades competentes. 3.1.6. CENTRO COMUNITÁRIO DA IGREJA CATÓLICA DE PARIPE – (CCICP) O Centro Comunitário da Igreja de Paripe é uma entidade religiosa, que atua desde 22 de Agosto de 1999. Atualmente conta com 154 associados, tem como objetivo segundo padre e líder comunitário Leandro Lima, promover um papel social de preservação e disseminação de valores morais e éticos em instituições familiares, nas escolas, bem como promover o assistencialismo na comunidade carente de Paripe, através do fornecimento de cestas básicas, solidariedade social aos dependentes químicos, aos presidiários e suas famílias, diminuindo a intolerância entre grupos e auxiliando numa convivência pacífica e sadia entre os membros da comunidade.
  • 35. 35 3.1.7. CENTRO COMUNITÁRIO DA IGREJA BATISTA DE PARIPE- (CECOP) O CECOP foi criado em 02 de Março de 1993. Tem como objetivo trabalhar para atender as demandas e necessidades da população de Paripe, fornecendo a cada pessoa um direcionamento em diversas atividades, para que estas possam surgir como uma fonte de renda, aumentando assim a auto estima, a dignidade e a condição social dos indivíduos na comunidade. O CECOP mantém parceria com o Comitê de Democratização da Informática (CDI) que trabalha pela inclusão digital e social de jovens e adolescentes, oferecendo suporte técnico, pedagógico e cidadão. O centro Comunitário segundo Israel Nascimento, também mantém convênio anual com IWG- International Working Group (uma organização não governamental, composta por Jovens norte-americanos que visitam o Brasil para construir casas para crianças carentes que frequentam as escolas públicas adotadas pelo CECOP). A organização também realiza palestras de educação oral, sexual e algumas campanhas de promoção da saúde para a comunidade de Paripe e vizinhança. Juntas, essas seis associações apresentam um total de quase mil associados. É importante frisar que nenhum valor é cobrado para a associação, com exceção da associação de pescadores, que cobra uma taxa de R$ 3,00 reais mensais por associado para custear as despesas com a instalação e limpeza da sede. Como vimos a partir da tabela, essas associações já atuam na comunidade há um bom tempo, sendo o menor tempo 5 anos e o maior 29 anos. Dentro desse período de atuação, várias conquistas se processaram para a comunidade. Conquistas que envolvem áreas específicas de atuação como é o caso da certificação do pescador e de seu pescado pela prefeitura municipal, ou outras conquistas maiores que se estenderam a sociedade soteropolitana como um todo, a exemplo da educação, com o fornecimento de cursos profissionalizantes gratuitos e oficinas de inclusão social. O fato é que apesar dos importantes avanços já conquistados por essas associações e lideranças comunitárias, ainda há muito para ser feito pela comunidade. Segundo os líderes Altino Arantes e Israel Nascimento “Paripe, por ser uma comunidade de baixa renda ainda se encontra numa situação de muito forte de invisibilidade junto as autoridades”, nós lideres comunitários e enquanto formadores de opinião e conhecedores da realidade de nosso bairro, devemos trabalhar para promover visibilidade e melhorias em Paripe.”
  • 36. 36 Dessa forma exposta pelo Líder Altino Arantes, em que a comunidade de Paripe e suas demandas ainda se mostram invisíveis as autoridades e aos demais setores da sociedade, a televisão em seu nível local pode se mostrar para essa comunidade e seus líderes como um possível instrumento de visibilidade na conquista de melhores condições de vida para a população de Paripe. 3.2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O trabalho de pesquisa nessa comunidade consistiu na promoção de grupos focais (GF), reunindo lideranças comunitárias dessas seis associações. A confecção desse grupo aconteceu na Igreja Batista de Paripe, no dia 08 Julho de 2011. O grupo focal consiste em entender a partir da interação entre os participantes, suas percepções sobre temas relacionados ao trabalho de pesquisa como cidadania, motivações para a mobilização comunitária e utilização de telejornal popular “QVP” como um possível instrumento de visibilidade da comunidade com autoridades locais. Todas as conversações foram gravadas e a análise dessas informações obtidas nos GF passaram por um plano descritivo, onde foram extraídas todas as ideias relevantes ao tema. O trabalho também se utiliza de material e informações coletadas junto ao programa de televisão “Que Venha o Povo”. Esse material serviu de apoio as verificações obtidas nos Grupos Focais. A partir dessas informações coletadas poderemos formular nossas considerações e perceber causas, condições e elementos que evidenciam o uso ou não do programa QVP como instrumento de visibilidade por lideranças comunitárias de Paripe, e o papel das lideranças em cada etapa desse diálogo. Os tópicos subsequentes se dividiram da seguinte forma: Fase 1: Mobilização Comunitária que antecede a tentativade visibilidade no programa. Fase 2: Mobilização Comunitária em que se configura a transmissão das demandas (pautas) no programa; Fase 3: Mobilização Comunitária que efetiva ou não a visibilidade das ações desenvolvidas pelas lideranças através programa;
  • 37. 37 Fase 4: Mobilização Comunitária que verifica a possibilidade de interferência da linha editorial do Programa QVP na obtenção da efetiva visibilidade das mobilizações de Paripe. Entenderemos aqui como visibilidade a partir do conceito trazido por Thompson (2008) onde a ação de tornar público a partir da transmissão dos meios não se configura como uma efetiva visibilidade. A efetiva visibilidade só se processa quando ela alcança os níveis e objetivos pretendidos do ato. Esquematizando esse conceito para o nosso trabalho de pesquisa: 1. A ação de tornar público o acontecimento ou o ato das lideranças comunitárias a partir da transmissão pelo veículo de televisão, repercutirá na primeira instância de visibilidade, porém não efetivará a visibilidade. 2. A obtenção de um retorno das autoridades ou da sociedade para a ação mobilizadora desencadeada pela comunidade de Paripe. Configurará a segunda instância e efetivará a visibilidade. Seguiremos agora para a verificação de nosso problema a partir da verificação das fases de mobilização para visibilidade. 3.2.1. FASE 1: LIDERANÇAS COMUNITÁRIAS E SEU TRABALHO DE MOBILIZAÇÃO Nessa primeira etapa, pretendemos mostrar o papel de mobilização das lideranças comunitárias, que antecede a apropriação do programa QVP, o planejamento que isso envolve por parte do líder e de sua comunidade. Segundo os líderes comunitários, o processo de mobilização parte da comunidade. Cada associação traz as demandas de seus associados para reuniões que acontecem semanalmente na sede da Igreja Batista de Paripe. Vejamos como isso ocorre a partir do relato do líder Israel Nascimento, líder comunitário do CECOP. “Trabalhamos em conformidade com nossa comunidade. As pessoas de Paripe nos conhecem por conta do nosso trabalho de mobilização quando estão demandando algo, seja esse algo de natureza individual ou coletiva nos procuram, seja em nossas associações ou em nossos centros e nos comunicam sobre suas demandas, fazemos uma sondagem das necessidades coletivas e tentamos junto aos órgãos competentes conseguir soluções, quando vemos que isso é improvável
  • 38. 38 de resolução por vias normais, ai entramos em contato com a produção dos telejornais locais. Nessa situação podemos construir uma visualização de como se inicia a mobilização na estrutura da comunidade, e já se observa o papel de mediador exercido pelo líder dentro desse processo inicial.A sociedade observa seu entorno, visualiza o seu papel na modificação do que acontece e busca alternativas para contribuir com sua comunidade, através do coletivo e de uma figura representativa do coletivo (seu líder comunitário). O líder, por sua vez, atua mediando essas demandas nos órgãos de competência. Quando estes não são atuantes, esses líderes buscam vias as quais consideram eficazes, neste caso a televisão, para exigir atuação. Nessa situação, trazida pelo líder, podemos compreender a importância que é atribuída ao veículo de televisão pela sociedade, tanto por seu poder de alcance, como por conta de sua capacidade de formação da opinião e consensos públicos. A televisão deve dessa forma utilizar e direcionar seu poder para a confecção de uma atmosfera pública capaz de estimular a reflexão e a participação dos sujeitos sociais, auxiliando na construção do processo de cidadania, em lugar de utilizá-lo na confecção de uma atmosfera política meramente mercadológica tão comumente fabricada pela televisão na atualidade. Retornando ao processo de mobilização comunitária para a visibilidade e selecionadas as demandas de interesse coletivo, ocorre, segundo o líder Jairo Batista a busca pelo lugar possível de visibilidade: “Quando pensamos nessas ações, tentamos levá-las aos telejornais da grande mídia, justamente pelo poder de visibilidade desses veículos. Ocorre que a televisão promove visibilidade, mas nem sempre quem está por trás dela deixa que essa visibilidade ocorra. Levamos nossas demandas a três telejornais do meio dia, só alcançamos espaços em apenas um, justamente o popular QVP. Deduzimos desse relato o contexto de um veículo de comunicação comercial e da grande mídia que, apesar de suas intenções intrinsecamente mercadológicas, tenta aparentemente cumprir o seu papel de utilidade pública. Surge nesse mesmo momento uma brecha (ou talvez pseudo brecha) para as comunidades tornarem-se mais visíveis nesse espaço. Apontamos aqui como pseudo brecha o espaço “fornecido” pelo programa. Esse fornecimento de espaço irá depender de características e enfoques próprios da linha editorial adotada pelo QVP e o valor de mercado visualizado por essa possível transmissão pelo programa. É inegável,
  • 39. 39 principalmente pela conduta editorial de abordagem sensacionalista e de espetacularização da notícia, a presença desse valor mercadológico, Com a intenção ainda de verificar a informação dada acima pelo líder comunitário, e por entendermos relevante essa verificação para nossa pesquisa, entramos em contato com a produção do telejornal Bahia – Meio dia, para nos informar sobre o processo de geração de pauta (a qual consideraremos uma investidura na visibilidade). Esse contato tentou se processar a partir de contato feito por telefone e correio eletrônico. Até o fechamento deste trabalho de pesquisa, só recebemos o retorno de um desses telejornais: O “Que Venha o Povo”. Essa atitude reforça a fala da liderança comunitária. Quando esta acrescenta “A televisão promove visibilidade, mas nem sempre quem está por trás dela (deduz-se produção, proprietários do veículo, formato de programa) deixa que essa visibilidade ocorra. Não queremos com isso atestar um descompromisso dos outros telejornais para com a sociedade que os procura, até porque a permissão ou não desse espaço está relacionada a interesses próprios de cada formato de programa de TV. No entanto, essa ausência de retorno dos outros programas pode nos levar a inferir uma dificuldade de diálogo entre esses meios de comunicação e sociedade local, em especial as de baixa renda. Esse fato promove um distanciamento dessas classes e uma ruptura na ideia de que meios de comunicação devem auxiliar na difusão de interesses coletivos. Como toda mobilização destina-se a um público, procuramos nos informar com esses líderes acerca do público-alvo a ser atingido no processo de visibilidade: Segundo o líder comunitário Israel Nascimento “O público-alvo de nossas mobilizações é a sociedade, a gente espera que a sociedade se pronuncie, isso é fato, por que ninguém pode ser insensível à situação do outro.” E a sociedade não é! Portanto ela se pronuncia, e se pronunciando ela acaba forçando as autoridades a se pronunciarem também” . Temos nessa situação uma aparente lógica do processo de mobilização: sensibilizar mais mobilizadores para alcançar o objetivo comum pretendido. Ocorre que o lugar possível de visibilidade encontrado pelas lideranças pode não se configurar como um espaço de prospecção de mobilizadores numa natureza positiva, estando suscetível a provocar o efeito inverso pretendido pelos líderes, justamente por conta de sua linha editorial sensacionalista. Essa tentativa de visibilidade pode conduzir a ação dessas lideranças a uma interpretação
  • 40. 40 equivocada da sociedade, levando para os telespectadores do programa, aos críticos da área de comunicação e a sociedade as ações da comunidade de Paripe aos patamares de ridicularização e do grotesco. Há por outro lado uma chance não descartável, porém muito reduzida de que essa tentativa de visibilidade realmente promova uma sensibilidade positiva nos telespectadores e estes acabem de alguma forma trabalhando para dar um retorno a essas ações para a comunidade. Toda ação de mobilização é resultado de um objetivo. Nessa situação, sabemos que o objetivo é obter da sociedade e das autoridades municipais e responsáveis através da televisão um olhar mais ativo para a realidade da comunidade de Paripe. Vamos então entender qual é essa realidade a partir do olhar e relato de seu líder. Segundo Israel Nascimento: “O tempo todo as pessoas chegam nos nossos centros, pedindo para viver, porque moram nos barracos e palafitas com menos de 2 metros quadrados, e impedidas de procurar um emprego de verdade porque não tem formação, então eu não vejo outro caminho para esses sujeitos a não ser a marginalização, a todo momento nossa comunidade vive o prejuízo aos valores sociais de cidadania. O que percebemos é que as pessoas querem participar da vida social, elas trabalham para isso quando nos procuram para auxiliar nessa conquista. Essa ação não só se relaciona com a pobreza não, é geral. As pessoas daqui, mesmo pobres fiscalizam tudo. Se a merenda escolar não vem, se a escola não esta fornecendo condições necessárias ao aprendizado dos seus filhos, se a gestão não está satisfatória, se faltam remédios, médicos, se o dinheiro está sendo aplicado para o propósito que foi destinado, por vezes a gente traça planos de desenvolvimento para o bairro junto com a comunidade. Não vou dizer que é todo mundo aqui da comunidade que participa, por que não é todos, nem todo mundo vive miséria e se preocupa com o coletivo, mas enquanto morador há 50 anos posso dizer a maioria da comunidade é pobre, mas já foi-se o tempo que o pobre deixava que a situação de descaso correr, eu sinto que o pobre daqui se politizou, e por ser assim politizado ele pensa no trabalho coletivo e vias alternativas de resolução como chance de modificar sua realidade de descaso” O trecho nos permite perceber a noção que o líder tem em relação a sua realidade e dos componentes (atores, estrutura) que a cerca. Esse conhecimento de seu universo e de suas eficiências e deficiências é importante, e se define como fundamental para o processo de visibilidade que se quer promover através da
  • 41. 41 televisão. Pois, conhecendo esses elementos é possível traçar um planejamento sobre o caso a ser levado à visibilidade, fazendo com que a ação desenrolada por eles tenha maiores chances de obter o objetivo pretendido. Temos então nessa primeira Fase: 1 A identificação dos interesses e preocupações da comunidade, pela comunidade; 2. A análise desses interesses, preocupações e de suas condições de enfrentamento; 3. A organização da população e o planejamento das suas ações. Partiremos agora para a etapa seguinte de averiguação da visibilidade. 3.2.2. FASE 2: A VISIBILIDADE DAS MOBILIZAÇÕES E DAS DEMANDAS TRAZIDAS PELO LÍDER COMUNITÁRIO NO QVP Essa fase visa verificar a continuidade da primeira ação de investidura para a visibilidade. De acordo com os líderes, após manter contato com a produção do programa para expor a necessidade que a comunidade tem de um espaço no programa, para expor seus problemas e solicitar para eles uma solução das autoridades, esse programa se vê suscetível a duas ações. A primeira delas é permitir a visibilidade e a segunda, inibi-la. Como vimos na primeira fase, esse programa aparentemente “permitiu” a utilização do espaço, embora tenhamos visto também que a permissão não se configura como a concretização de visibilidade da mobilização. Veremos como ocorre essa concretização: Segundo o líder Marcelo Ribas, o processo de visibilidade acontece em seu planejamento em duas instâncias: 1.Quando a ação se torna pública aos telespectadores (remete-se à transmissão de TV, enquanto meio propagador da ação desenvolvida pela comunidade); 2.Quando a ação de mobilização repercute nos receptores de destino e estes visibilizam a ação dando a ela um retorno (remete-se à chegada da ação desenvolvida pelas lideranças e comunidades, até as autoridades competentes para quais a ação foi direcionada. Em níveis de ilustração: Ao encaminharem um repórter para confeccionar a pauta na comunidade ou ainda “permitirem” que a própria comunidade seja o reportador da matéria, temos
  • 42. 42 um potencial de visibilidade, porém esse potencial não significa que o programa permita a participação e cidadania. É sempre bom pensar, nessas situações de geração de pauta, sobre o que está por trás dessa abertura para uma pseudo participação, contudo, há nessa contrapartida de intencionalidade (justificada ou injustificada) fornecida pelo programa, um possível espaço de visibilidade para as ações de Paripe. Ao serem levados ao ar, têm-se a primeira visibilidade (visibilidade entendida como a transmissão, telejornal enquanto meio propagador). Ao receberem um retorno sobre o que foi propagado no telejornal ,tem-se aí a efetiva visibilidade, pois a ação de mobilização planejada pelas lideranças alcançou os níveis pretendidos de resolução. Faremos agora um recorte sobre demandas disponibilizadas pela comunidade de Paripe no QVP. Essas demandas em forma de pautas nos permitiram observar em qual instância se afirma a apropriação do QVP enquanto instrumento de visibilidade. 3.2.3. DEMANDAS DA COMUNIDADE TRAZIDAS PELOS LÍDERES COMUNITÁRIOS QUE FORAM VISIBILIZADAS NO QVP No período de janeiro a julho de 2011, segundo informação da assessoria de comunicação do programa QVP, deram entrada no programa através da associação de moradores e membros da comunidade, 23 pedidos de pautas sobre situações existentes no bairro de Paripe. Destes, segue tabela : TEMÁTICA ESPECIFICIDADES TOTAL 3 pautas Denúncia nos serviços de saúde; SAÚDE Falta de medicamentos; Campanhas de vacinação.
  • 43. 43 Denúncia sobre a falta de merenda 3 pautas escolar na rede pública de ensino; Solicitação de material didático, de EDUCAÇÃO higiene pessoal e material de limpeza para a estrutura das escolas; Normalização do calendário acadêmico da rede pública de ensino de Paripe. Exposição de artista da comunidade; 2 pautas ENTRETENIMENTO solicitação de investimento no esporte local. 3 pautas Denúncia de criminalidade; VIOLÊNCIA solicitação de assistência a casa do dependente químico de Paripe. 2 pautas Solicitação de documentação: RG,CPF, carteira de trabalho; ASSISTENCIALISMO solicitação de políticas e melhorias para Associação dos Pescadores de Paripe. 5 pautas Pavimentação de ruas, rede de esgoto, INFRAESTRUTURA saneamento básico. Divulgação de produção artística de 5 pautas Paripe; EVENTOS realização de campanhas de empreendedorismo, palestras saúde e meio ambiente. Tabela 2 - Relação das Pautas Deste total de 23 pautas, podemos dizer que todas foram visibilizadas em primeira instância (foram levadas ao ar através do telejornal). Porém, para verificarmos se efetivamente a utilização do QVP surge como um instrumento estratégico de visibilidade para as lideranças sociais de Paripe, precisaremos verificar se a segunda instância de visibilidade da mobilização se processou. Antes, porém, é nessa etapa, à produção do programa irá orientar como vai se processar a visibilidade da ação. (Quem será o repórter? a população? Ou uma pessoa enviada pela produção? A mobilização acontecerá ao vivo, será uma nota, terá participação de populares, ou somente do líder que estará no programa
  • 44. 44 representando sua comunidade e falando sobre a situação? Decididas as formas de aparição da mobilização na primeira instância de visibilidade partiremos agora para a terceira fase. 3.2.4. FASE 3: MOBILIZAÇÃO COMUNITÁRIA QUE EFETIVA OU NÃO A VISIBILIDADE DA AÇÃO NO PROGRAMA Essa é a fase de constatação, onde podemos observar se as pautas levadas pelas lideranças obterão ou não um retorno e visibilidade. Separaremos por temática: TEMÁTICA ESPECIFICIDADES TOTAL Denúncia nos serviços de SAÚDE saúde; 3 PAUTAS Falta de medicamentos; Campanhas de vacinação. Tabela 3 - Relação das pautas de saúde Destas 3 pautas apresentas pelas lideranças comunitárias e transmitidas pelo QVP, duas obtiveram um retorno das autoridades competentes. A questão dos remédios, segundo os líderes, foi solucionada, A Prefeitura, através da Secretária de Saúde comprometeu-se a enviar os medicamentos necessários aos postos de saúde da comunidade, bem como abriu edital para preenchimento das especialidades médicas apontadas como deficientes. Temos então para duas destas pautas envolvendo a temática de saúde, um retorno efetivo.
  • 45. 45 TEMÁTICA ESPECIFICIDADES TOTAL Denúncia sobre a falta de merenda escolar na rede pública de ensino, solicitação de material didático, de higiene EDUCAÇÃO pessoal e material de limpeza 3 PAUTAS para a estrutura das escolas, normalização do calendário acadêmico da rede pública de ensino de Paripe Tabela 4 - Relação das pautas de educação Das temáticas envolvendo educação, apenas uma pauta obteve o retorno desejado pelas lideranças e pela comunidade: a que se refere ao material didático. A secretária de Educação do Estado solicitou junto às diretorias escolares a relação desses materiais e dias depois, os encaminhou às escolas. Quanto à merenda escolar e o reajuste do calendário acadêmico, estes permaneceram segundo as lideranças sem nenhum retorno. TEMÁTICA ESPECIFICIDADES TOTAL Exposição de artistas, solicitação de ENTRETENIMENTO 2 pautas investimento no esporte local Tabela 5 - Relação das pautas de entretenimento Das 2 pautas envolvendo entretenimento, o retorno aconteceu para todas. Segundo as lideranças, a cultura local recebeu um incentivo financeiro através da Secult (Secretária de Cultura do Estado da Bahia). Enquanto o esporte local recebeu após três meses uma quadra poliesportiva.
  • 46. 46 TEMÁTICA ESPECIFICIDADES TOTAL Denúncia de criminalidade, solicitação VIOLÊNCIA 3 pautas de assistência a casa do dependente químico Tabela 6 - Relação das pautas de violência Das 3 pautas visibilizadas em primeira instância, nenhuma, segundo as lideranças obtiveram o retorno esperado pela ação de mobilização. Por não ocorrer um retorno por parte de quem se pretendia. A ação configura-se como não visibilizada. TEMÁTICA ESPECIFICIDADES TOTAL Solicitação de documentação: RG,CPF, carteira de trabalho, ASSISTENCIALISMO solicitação de políticas e 2 pautas melhorias para a Associação dos Pescadores de Paripe. Tabela 7 - Relação das pautas de assistencialismo Todas as duas pautas envolvendo assistencialismo, segundo as lideranças foram visibilizadas em primeira instância obtiveram o retorno por parte das autoridades. Um pequeno posto do SAC (Serviço Atendimento ao Consumidor) foi implantado na região e a Associação dos Pescadores recebeu a regulamentação da prefeitura para o seu pescado. TEMÁTICA ESPECIFICIDADES TOTAL Pavimentação ruas, rede INFRAESTRUTURA de esgoto, saneamento 5 pautas básico. Tabela 8 - Relação das pautas de infraestrutura
  • 47. 47 As pautas envolvendo infraestrutura não obtiveram os resultados esperados pelas lideranças comunitárias, portanto a ação de mobilização no programa QVP não se efetivou como visível em segunda instância. TEMÁTICA ESPECIFICIDADES TOTAL Divulgação de produção artística de Paripe, realização de campanhas EVENTOS 5 pautas de empreendedorismo, palestras saúde e meio ambiente. Tabela 9 - Relação das pautas de eventos Para a temática de eventos, segundo os líderes comunitários, a averiguação do retorno é um tanto subjetiva, porém exclusivamente para a campanha de empreendedorismo eles consideraram a partir do número de presentes no evento que a visibilidade ocorreu. Como vimos, nem todas as tentativas de visibilidade em segunda instância foram efetivas para a comunidade, portanto propomos a criação de uma quarta fase, a fim de verificar as possíveis interferências e barreiras causadas pela linha editorial do programa em relação a utilização de sensacionalismo na confecção das matérias. Adotaremos como critérios para enquadrar a postura do programa como sensacionalista: a voz do apresentador, sua postura em frente as câmeras, a criação de dramas pessoais, personagens, apelo a emoção, citação direta de pessoas envolvidas, avaliando se esses elementos presentes ou não nas matérias puderam gerar uma ação efetiva do poder público. 3.2.5. FASE 4: DE MOBILIZAÇÃO COMUNITÁRIA: QUE VERIFICA A POSSIBILIDADE DE INTERFERÊNCIA DA LINHA EDITORIAL DO PROGRAMA QVP. Essa fase da pesquisa pretende promover uma avaliação das matérias geradas pelas pautas, identificando como elas puderam, ou não, gerar uma ação efetiva dos poderes públicos. Essa fase pretende também verificar se o tratamento
  • 48. 48 editorial dado pelo programa às informações interferiram no processo de visibilidade em segunda instância. TEMÁTICA ESPECIFICIDADES TOTAL Denúncia nos serviços de SAÚDE saúde; 3 PAUTAS Falta de medicamentos; Campanhas de vacinação. Tabela 10 - Relação das pautas de saúde Pautas que obtiveram retorno – Denúncia nos serviços de saúde em Paripe e Falta de medicamentos. As 2 pautas que obtiveram um retorno das autoridades competentes foram levadas ao ar da seguinte forma: moradores aparecem se queixando sobre da falta de médicos e de uma melhor estrutura para o atendimento aos pacientes. A matéria é transmitida ao vivo e ocorre no interior do hospital, imagens de pacientes nos corredores são exibidas e o repórter tece críticas à administração do hospital, citando alguns nomes dentro dessa administração. O tratamento dado à pauta pelo programa remete á espetacularização da informação, o fato de se transmitir ao vivo e trazer imagens do ambiente de hospital, bem como apontar nomes de pessoas ligadas a administração, aponta um possível interesse do programa em visibilizar a pauta solicitada pela comunidade. Nessa situação, podemos atribuir o retorno dado pelas autoridades à exposição trazida pelo programa dos Administradores. Pautas que não obtiveram retorno – Solicitação da campanha de vacinação contra meningite no bairro. Em nota lida no programa, os moradores de Paripe pediram o aumento no número de vacinas contra a meningite, segundo eles a quantidade enviada pela Secretária de Saúde era insuficiente para a quantidade de moradores. O tratamento dado a essa informação pelo programa não foi considerado espetacular, visto que o apresentador apenas fez a leitura em tom normal, dessa nota no programa. Como a ação dos moradores não obteve retorno, podemos inferir que a falta de uma leitura mais enérgica e sensacional foi o fator responsável pelo não posicionamento das autoridades responsáveis.
  • 49. 49 TEMÁTICA ESPECIFICIDADES TOTAL Denúncia sobre a falta de merenda escolar na rede pública de ensino, solicitação de material didático, de higiene EDUCAÇÃO pessoal e material de limpeza 3 PAUTAS para a estrutura das escolas, normalização do calendário acadêmico da rede pública de ensino de Paripe Tabela 11 - Relação das pautas de educação Pautas que obtiveram retorno - Solicitação de material didático Em participação ao vivo no programa, a líder comunitária, Maria Silva, solicitou junto à Secretaria de Educação do Estado e a Prefeitura Municipal a entrega do material didático para os alunos da rede pública municipal ela comentou que desde o começo do ano letivo os alunos estavam impedidos de acompanhar corretamente as aulas pela ausência desse material. A postura do apresentador em relação a essa solicitação não pareceu espetacular, com mesmo tom de voz ele que ele apresentou a informação, ele conduziu a finalização dela. Em nota, no final do programa a Assessoria entrou em contato com a produção informando sobre esse real atraso e se comprometeu a encaminhar esse material as escolas. Nessa situação o retorno ocorreu, por conta do conhecimento que já existia da Secretaria de Educação acerca dessa situação. A exposição só veio nessa situação, dar celeridade ao processo de entrega desse material. Pautas que não obtiveram retorno – Denúncia sobre a falta de merenda escolar na rede pública de ensino; falta de material de higiene pessoal e de limpeza, para a estrutura das escolas; normalização do calendário acadêmico da rede pública de ensino de Paripe. Com exceção da pauta solicitando a normalização do calendário acadêmico, que foi transmitida através de nota corrida, as outras foram levadas ao ar através de matérias gravadas nas instituições escolares. E em todas o tratamento atribuído à informação pode ser considerado sensacional, tanto pelas imagens mostradas, quanto pelos relatos trazidos pelos estudantes. Ocorreu uma exploração