4. Salazar foi convidado em 1928 para Ministro das Finanças. No sentido de equilibrar as
contas públicas toma uma série de medidas: aumento de impostos, redução da despesas
do Estado principalmente na saúde e educação e nos salários dos funcionários públicos.
Com estas medidas consegue equilibrar as contas públicas –reorganizar as finanças do
País.
Este sucesso vai dar-lhe um prestígio muito grande e, em 1932, foi nomeado “Presidente
do Conselho” , espécie de 1º Ministro com poderes muito fortes. Em 1933 foi aprovada
uma nova CONSTITUIÇÃO que punha fim à Ditadura Militar. Esta Constituição embora
de aparência democrática já tinha “escondida” a ditadura, pois embora continuasse a
defender as eleições e as liberdades e direitos individuais, já fazia tudo depender dos
“interesses da nação” e já tinha escrito que… “leis especiais regulariam o direito de
liberdade de expressão, de pensamento, reunião e de associação…”. Estava instaurado
em Portugal o ESTADO NOVO.
Aos poucos Salazar vai concentrando em si todos os poderes, governando como
autêntico “chefe”, “ditador”, não respeitando a Constituição. Só um “partido “A UNIÃO
NACIONAL” foi aceite e elegeu todos os deputados para a Assembleia Nacional, as
funções do Presidente da República foram reduzidas, as liberdades individuais foram
muito reduzidas, ou mesmo eliminadas ( liberdade de imprensa, liberdade de expressão,
de reunião, direito à greve, etc.) . Era a DITADURA. Salazar vai criar uma série de
órgãos de repressão e propaganda como suporte do regime.
5. PIDE
Isolado durante dias e dias, sem comunicar com ninguém, exceto o carcereiro
nas horas em que as refeições eram distribuídas (…), o preso não podia fumar,
nem receber jornais ou livros, correspondência ou visitas. (…) Quando era posto,
finalmente, nas salas de interrogatório (…) era submetido à posição de estátua
durante longas horas. Havia a estátua simples e a estátua tipo Cristo – de pé,
voltado para a parede, sem a tocar e de braços estendidos. O inchaço dos pés,
as dores por todo o corpo, o peso da cabeça como se fosse estoirar, não
tardavam. Quando o preso se deixava cair, os pontapés atingiam-no em todas as
partes do corpo. De vez em quando, os agentes pegavam na cabeça do preso e
batiam-na como se fosse madeira contra a parede. [...]
Nos últimos tempos, a PIDE aplicava processos brutais de espancamento,
partindo vértebras a muitos presos, esmagando testículos, aplicando piripiri nas
feridas dos presos. [...]
Entre as dezenas de milhares de informadores da PIDE, figurava um operário da
CUF do Barreiro, que denunciou durante dez anos amigos de infância, vizinhos,
os próprios padrinhos da filha ... Organizava festas pelos aniversários, a fim de
gravar depois as conversas que os convidados tinham uns com os outros,
falando de política. No dia seguinte, contava tudo quanto se passara com todos
os pormenores. [...]
Dossiê PIDE, in A. H. de Oliveira Marques, História de Portugal 13ª ed, vol III
A polícia política reorganizada na década de 30, chamou-se primeiro
PVDE , e só a partir de 1945 PIDE . As suas funções eram claras: vigiar,
perseguir, prender, torturar ou mesmo assassinar todos os opositores ao
regime salazarista, ou suspeitos de o serem.
6. COMISSÃO DE CENSURA
Organismo destinado a controlar a
liberdade de expressão e pensamento,
através de um controlo apertado dos
meios de comunicação de massas
(imprensa escrita, rádio, televisão, teatro,
cinema) .
Tentava-se assim impedir qualquer
crítica ao Estado Novo e impedia-se que
as pessoas se pudessem expressar
contra o governo salazarista.
7. CAMPO DE TRABALHOS FORÇADOS DO
TARRAFAL e PRISÕES POLÍTICAS
CAMPO DO TARRAFAL – Situado na Ilha de Santiago, Cabo Verde, era destinado aos
prisioneiros políticos considerados mais perigosos pelo regime salazarista. Nele, os
trabalhos forçados, as altas temperaturas, os castigos e as doenças eram os
causadores de enorme sofrimento. Calcula-se que morreram 39 presos políticos ao
longo da existência do campo
Prisões politicas de
Caxias e Peniche
8. A MOCIDADE PORTUGUESA
Organização Juvenil destinada à doutrinação e
formação da juventude nas ideias do Estado Novo. Eram
os seus ideais: o amor à Pátria, o respeito pela ordem, o
culto do chefe e o espírito militarista
A LEGIÃO PORTUGUESA
Organização armada para defender o regime e lutar
contra o comunismo
S.P. N – SECRETARIADO DE
PROPAGANDA NACIONAL
Organismo responsável pela
imagem e propaganda do
salazarismo e promover as
ideias políticas do Estado Novo
9. Seguindo o exemplo de Mussolini, Salaz criou as Corporações – organizações de
trabalho controladas pelo estado que arbitrava ( controlava) as negociações
entre os sindicatos ( trabalhadores) e os Grémios ( patrões). No fundo o que
interessava eram os interesses do Estado e os trabalhadores e patrões tinham de
estar submetidos a esse mesmo Estado. Foram proibidas as greves e as
associações livres.
Nos Campos foram criadas a Casas do Povo ( união de trabalhadores rurais e
patrões) e nas zonas marítimas, as Casas dos Pescadores, que agrupavam
pescadores e empresários - patrões ligados à pesca.
10. • O documento chamado “Acto Colonial” (1930) defendia o dever de
Portugal civilizar e defender as suas colónias e o seu direito de
posse exclusiva.
• Porquê tanto interesse de Portugal nas colónias?
- Das colónias vinham matérias-primas ( café, sisal, algodão,
minérios) que enriqueciam grandes homens de negócios
- As colónias serviam de mercado de exportação de produtos
agrícolas e industriais
- Destino de emigração de muita população portuguesa
Mesmo quando Portugal se tornou membro da ONU, Salazar
recusou-se a dar a independência às colónias, defendendo que
não eram Colónias, mas Províncias Ultramarinas, que pertenciam
a Portugal. O nosso País, ficou cada vez mais isolado na
comunidade internacional. Foi o “Estamos orgulhosamente sós”
como Salazar afirmava.
11. • Nos finais dos anos 50, princípios dos
60, surgem movimentos defensores da
independência das colónias
portuguesas.
• Primeiro, mal organizados e armados
,estes movimentos guerilheiros, com o
apoio da URSS e da China,
transformam-se depois em autênticos
exércitos de libertação.
• O M.P.L.A a U.N.I.T.A, e a F.N.L.A em
Angola
Soldados Portugueses em Angola
• A F.R.E.L.I.M.O e a R.E.N.A.M.O em
Moçambique
• O P.A.I.G.C. na Guiné
foram os movimentos que empreenderam
uma feroz oposição militar ao colonialismo
português
Guerilheiros do PAIGC na Guiné
12. • Calcula-se que até 1974, esta
Guerra tenha custado a
Portugal:
- Cerca de 10 mil mortos
- 30 mil feridos
• A este número deve
acrescentar-se os
sobreviventes com traumas
de guerra.
• Portugal gastou nas
operações militares, verbas
muito elevadas
13. • Portugal não acompanhou o
desenvolvimento económico
verificado na generalidade dos
países europeus.
• A grande preocupação de Salazar foi
o equilíbrio financeiro, e não grandes
investimentos das reservas de
dinheiro.
Ponte da Arrábida - Porto
• Com uma agricultura muito pobre, no
início dos anos 50, o país vai-se virar
para o desenvolvimento industrial ,
nomeadamente a as indústrias
químicas, metalúrgicas, mineiras,
têxteis, transportes, através dos
chamados “Planos de Fomento”.
• Construíram-se grandes obras
públicas, como barragens , pontes,
estradas, vias férreas.
Barragem da Valeira
14. • Todavia Portugal continuava um
País pobre,dos mais pobres da
Europa, atrasado, estagnado e
sobretudo isolado, nunca
conseguindo recuperar o atraso em
relação a outros países europeus.
• Muitos Portugueses abandonavam
• Com a adesão à EFTA os campos e vinham para as
( European Free Trade cidades, outros emigraram para o
Association), Portugal vai Ultramar e mais tarde em grande
aumentar as exportações, e número para a França e Alemanha.
conseguir maior investimento
estrangeiro , o que contribui
para reduzir o défice da
balança comercial.
• As divisas enviadas pelos
emigrantes e as receitas do
turismo, a partir dos anos 60,
vieram melhor ainda mais um
pouco essa situação
económica.
15. • Na sua política repressiva, o Estado Novo proibiu todos os partidos
políticos e foi criada a União Nacional, directamente controlada por
Salazar.
• Apesar da Censura e da PIDE, muitos intelectuais, profissionais
liberais , operários e mesmo militares, tornaram-se opositores ao
Governo de Salazar.
• Nas eleições de 1945, as forças democratas de vários quadrantes
político e religiosos (comunistas, socialistas, monárquicos, cristãos)
juntaram-se numa coligação: o MUD – Movimento de Unidade
Democrática. Este movimento não chegou a concorrer às eleições,
devido à falta de liberdade para fazer a sua campanha e à fraude que
se preparava nas eleições. A União Nacional, assim partido único
elegeu assim todos os deputados. Em 1948, Salazar ilegalizou o
MUD e os Professores e funcionários públicos que apoiaram este
Movimento foram perseguidos e suspensos.
16. • Em 1949, a Oposição apresentou às
eleições presidenciais o general Norton
de Matos, iria disputar a eleição com o
candidato do Governo, o marechal
Carmona, presidente desde 1928.
Novamente devido à falta de liberdade e
à previsão que haveria fraude nas
eleições, Norton de Matos desistiu.
• Em 1958, o Regime Salazarista
abanou, porque a Oposição escolheu
como candidato, o general Humberto
Delgado o “ general sem medo”.
Criticando abertamente o governo e,
ameaçando demitir Salazar se vencesse
a eleição presidencial, Delgado
conseguiu um grande apoio e simpatia.
Com medo, Salazar aumenta a censura,
Humberto Delgado
Norton de Matos fazem-se assaltos a sedes de campanha
de Humberto Delgado, prisões de Depois da “derrota, exila-se
apoiantes, etc. Nas eleições, o no Brasil, para em 1965, ao
candidato ds Salazar, Américo Tomás, tentar entrar em Portugal,
ganha, mas através de uma enorme ser assassinado pela PIDE.
fraude eleitoral.
17. • Em 1968, Marcello Caetano,
substitui Salazar como
Presidente do Conselho. Foi a
esperança numa abertura do
regime. Apesar de algumas
melhorias, a ditadura
continuou.
• Uma grave crise mundial que
afectou Portugal, a desilusão
pela continuação da ditadura,
o descontentamento de
muitos militares pela
continuação da Guerra
Colonial, foram as principais
motivações para a
preparação do golpe militar
do 25 de Abril.
18. • Na noite de 24 para 25 de Abril, dá-se um golpe militar sob a
iniciativa do M.F.A. (Movimento das Forças Armadas), conhecido
também pelo “ Movimento dos Capitães”. Todas as operações
tinham sido planeadas com grande cuidado e segredo, sendo o
comandante operacional, Otelo Saraiva de Carvalho.
• Conseguindo controlar pontos chave de Lisboa, dominar a PIDE,
os militares de Abri, comandados pelo capitão Salgueiro Maia,
cercaram o Quartel do Carmo, onde Marcello Caetano e outros
membros do governo se tinham refugiado. Marcello Caetano,
rende-se ao general Spínola, e sai de blindado do quartel, exilando-
se depois no Brasil.
• A população saiu para a rua com cravos vermelhos com grande
alegria, e na noite de 25 para 26, apresentou-se pela TV aos
portugueses, a Junta de Salvação Nacional, dirigida pelo general
Spínola.
• A Junta, promete respeitar o programa do M.F.A., e nomeia o
1ºgoverno provisório, do qual faziam parte, políticos de vários
partidos, como Álvaro Cunhal, Mário Soares e Sá Carneiro.
• Os Presos políticos são libertados, a PIDE, a Legião e a Mocidade
Portuguesa são extintas, acaba-se a censura. Os Partidos políticos
são legalizados.
20. Grândola, vila morena Terra da fraternidade
Terra da fraternidade Grândola, vila morena
O povo é quem mais ordena Em cada rosto igualdade
Dentro de ti, ó cidade O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade À sombra d’uma azinheira
O povo é quem mais ordena Que já não sabia a idade
Terra da fraternidade Jurei ter por companheira
Grândola, vila morena Grândola a tua vontade
Em cada esquina um amigo Grândola a tua vontade
Em cada rosto igualdade Jurei ter por companheira
Grândola, vila morena À sombra duma azinheira
Terra da fraternidade Que já não sabia a idade