1) O documento discute a importância da intersetorialidade em saúde para abordar os determinantes sociais da saúde e doença.
2) Fatores como educação, trabalho, habitação e cultura influenciam a saúde e requerem ações conjuntas entre setores.
3) A participação da sociedade é essencial para enfrentar desigualdades e produzir mudanças nas condições de vida da população.
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Intersetorialidade
1. INTERSETORIALIDADE
EM SAÚDE
Arisson Rocha da Rosa, CD.
Especialista em Saúde Coletiva e da Família
Mestrando Saúde Bucal Coletiva
2. Introdução
A Comissão de Determinantes Sociais de Saúde da OMS
(CDSS, 2008) ressaltou que não tem havido estratégias
sustentáveis para redução de desigualdades e prevenção de
doenças não-transmissíveis sérias
não- sérias.
3. Desigualdade em Saúde
Desigualdade na capacidade das pessoas exercerem suas
funções e fazerem escolhas.
Relaciona-se a exposição ao risco. Inclui ambiente social e
físico, comportamentos, genética e o sistema de saúde.
Determinantes Sociais de Desigualdade em Saúde
São os determinantes estruturais e responsáveis cotidianos da
maior parte das iniquidades entre países e dentro deles.
Combina a distribuição desigual dos determinantes de saúde e
enfatiza o papel das condições sociais e econômicas sobre
seus diferentes patamares de saúde e doença.
4. A concepção de Saúde-Doença
Herzlich (apud MENDES, 1996):
“ a saúde constitui um modo de relação, de tipo
equilíbrio-desequilíbrio do homem com seu meio, onde
intervêm fatores humanos, condições ecológicas e
estruturas sociais”.
Carta de Ottawa (1986):
“... São requisitos fundamentais à saúde: a paz, a
educação, a habitação, a alimentação, a renda, um
ecossistema estável, a conservação dos recursos, a
justiça social e a eqüidade.”
5. “Um sistema focado primariamente no
tratamento das doenças dos indivíduos não é
economicamente sustentável, socialmente desejável ou
eticamente responsável...”
Tomar e Cohen, 2010
Necessária abordagem dos Fatores de Risco Comum às
doenças
6. Prováveis Fatores de Risco Comum
Modificado por Sheiham e Watt, 2000
Fatores Doenças Fatores
Risco/Proteção Risco/Proteção
Obesidade Fumo
Dieta
Câncer
Doenças Cardíacas Álcool
Stress
Escola Doenças Local
Respiratórias
Exercícios Trabalho
Controle Cárie dentária
Doença Periodontal
Segurança Higiene
Injúrias
Trauma Família
Moradia
Ambiente Político Ambiente Físico Ambiente Social
7. Acessar as ‘causas das causas’.
A complexidade de causas de iniquidades em
saúde implica na necessidade de ações
multisetoriais na saúde pública para manejar os
fatores macro-ambientais e as condições físicas e
sociais, assim como os comportamentos de risco e
o acesso aos cuidados de saúde.
9. Aumenta Impacto Aumenta a
sobre a População Necessidade de
Esforço Individual
Educação e
Aconselha-
mento
Intervenção
Clínica
Intervenções
Preventivas
de rotina
Mudança no contexto para tornar
as Decisões Individuais mais
Saudáveis
Fatores Sócio-econômicos
Frieden, 2010
10. Diagnósticos:
1) Administrativo – dados de interesse
2) Estratégico – poder e suas relações
3) Ideológico – visão da população
Propostas
programático-
programático-estratégicas
12. Porto Alegre
DADOS GERAIS
Data da fundação 26/03/1772
Área total 495,53 km2
População total 1.409.351
habitantes
Fonte: IBGE 2010
DADOS DA SAÚDE – 2008
Coeficiente de mortalidade infantil
(1000 nasc) 11,64
Nº de und sanitárias 45
Nº de centros de saúde 7
Nº de equipes ESF 98
Nº de pessoas atendidas na ESF
229.783
= 16,8% da pop c/cobertura
Fonte: DATASUS
Google Earth, 2010
13.
14. Capital Social
Coleman (1988) define capital social como a
reciprocidade nas relações sociais;
Para Putnam (1993) o capital social é o conjunto de
normas e redes da estrutura social que habilitam
os participantes a agir juntos e mais efetivamente
na busca de objetivos comuns.
15. Capital Social
O conceito envolve, portanto, a cultura cívica, a
confiança entre os membros da comunidade, o
envolvimento nas questões comunitárias e a boa
relação entre vizinhos.
Diz respeito a normas e redes que favorecem a ação
coletiva com vistas ao bem comum (COLEMAN,
1988; PUTNAM, 1993; WOOLCOCK, 1998).
16. Capital Social
As principais ações do capital social incluem:
encorajar a confiança social, preservar os bens
públicos, facilitar a cooperação mútua e melhorar o
fluxo de informações
informações.
A literatura sugere que as sociedades com altos
níveis de capital social são mais igualitárias, sendo
as pessoas mais envolvidas na vida pública e mais
solidárias (KENNEDY, 1998; SAMPSON, 1997;
WILKINSON, 1996).
17. A produção Social da Saúde e da Doença
Saúde e doença são determinadas pelo modo como cada sociedade
se organiza, vive e produz. E se transformam junto com as mudanças
que mulheres e homens imprimem à sociedade.
Deste modo, em uma sociedade desigual como a nossa, saúde e
doença também se manifestam desigualmente, entre homens e
mulheres, brancos e negros, pobres e ricos, em diferentes situações de
vulnerabilidades e de acesso às ações e serviços de saúde e qualidade
de vida.
Assim, os determinantes dessas situações de desigualdade social
impactam diretamente o perfil epidemiológico da população brasileira.
A mudança desse quadro passa, necessariamente, pela ação
intersetorial,
intersetorial, pela participação e mobilização da sociedade e pelo
enfrentamento das iniqüidades.
iniqüidades.
18. Intersetorialidade em Saúde
A intersetorialidade é uma estratégia política
complexa, cujo resultado na gestão de uma cidade é a
superação da fragmentação das políticas nas várias
áreas onde são executadas.
Tem como desafio articular diferentes setores na
resolução de problemas no cotidiano da gestão e torna-se
estratégica para a garantia do direito à saúde, já que
saúde é produção resultante de múltiplas políticas
sociais de promoção de qualidade de vida.
19. Intersetorialidade
A intersetorialidade como
prática de gestão na saúde,
permite o estabelecimento
de espaços compartilhados
de decisões entre
instituições e diferentes
setores do governo que
atuam na produção da
saúde na formulação,
implementação e
acompanhamento de
políticas públicas que
possam ter impacto Foto: Associação NACIPAZ
positivo sobre a saúde da
população.
20. Intersetorialidade
Permite considerar o cidadão na sua totalidade, nas
suas necessidades individuais e coletivas,
demonstrando que ações resolutivas em saúde
requerem necessariamente parcerias com outros
setores como Educação, Trabalho e Emprego,
Habitação, Cultura, Segurança Alimentar e outros.
21. Intersetorialidade
Intersetorialidade remete também ao
conceito/idéia de rede, cuja prática requer
articulação, vinculações, ações complementares,
relações horizontais entre parceiros e
interdependência de serviços para garantir a
integralidade das ações.
ONGs Entidades
Religiosas
Poderes
Públicos
Problema em comum da realidade local
Movimentos
Escolas Sociais
Empresas
22. Intersetorialidade
Finalmente, o contexto
da intersetorialidade
estimula e requer
mecanismos de
envolvimento da
sociedade.
Demanda a participação
dos movimentos sociais
nos processos decisórios
sobre qualidade de vida
e saúde de que dispõem. Foto: Associação NACIPAZ
23. Brasil Urbano
2004 : 83% da População vive em áreas urbanas
Intensos e diversos
processos migratórios
e de êxodo rural
transformaram campo
e cidade, hábitos e
comportamentos,
culturas e condições
de vida, com grande
impacto nos
indicadores sociais e
na produção da
saúde, da doença e
de suas
representações.
24. Do que adoece e morre o povo brasileiro
A Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios
realizada nos anos de 1998
e 2003 (PNAD-SAÚDE)
mostrou que, a partir dos 40
anos de idade, pelo menos
40% dos entrevistados
referiram ter alguma doença
crônica, aumentando com a
idade. Há uma ligeira
redução de 1998 para 2003.
25. Modos de Vida e Fatores de Risco
Os homens
apresentaram
maior freqüência
de fatores de risco
que as mulheres.
26. Mortalidade dos 15 aos 59 anos
As violências e causas
externas são a maior
causa de morte entre os
homens e no conjunto
da população, dos 15
aos 49 anos.
Entre as mulheres de 15
a 59 anos, a maior
causa são as doenças
do aparelho circulatório.
Em 2005, morreram 63.504 mulheres de 10 a 49 anos de idade no Brasil.
Destas, 1.619 por problemas relacionados à gravidez, parto, puerpério e aborto.
São mortes que podem ser evitadas, em sua quase totalidade.
27. Cai a mortalidade por acidentes de trânsito nas
grandes cidades (e sobe nas menores)
O risco de morte
por acidentes nos
municípios com
mais de 500 mil
habitantes vem
caindo.
Nos municípios
com até 100 mil
habitantes, caiu
mas voltou a subir
recentemente.
É possível a redução dessas taxas de mortalidade com prevenção e
articulação intersetorial.
intersetorial.
28. Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Panorâmico / Brasil. MS. – Brasília: Organização
Pan-Americana da Saúde, 2007.
BRASIL. Site “O SUS de A a Z”. Disponível em: <
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/sus_3edicao_completo.pdf >
Acessado em 06 de junho de 2012.
MENDES, E.V. Uma agenda para a saúde. São Paulo : Hucitec, 1996. 299p.
MOYSÉS, S.T., KUSMA, S. Promoção de Saúde e intersetorialidade na
abordagem familiar. In MOYSÉS, S.T, KRIGER, L., MOYSÉS, S.J. Saúde Bucal das
Famílias – Trabalhando com evidências. São Paulo: Artes Médicas, 2008.
SHEIHAM, A., ALEXANDER, D., COHEN, L., MARINHO, V., MOYSÉS, S.,
PETERSEN, P.E., SPENCER, J., WATT, R.G., WEYANT , R. Inequalities: Task
Group - Implementation and Delivery of Oral Health Strategies Adv Dent Res
23(2):259-267, 2011
VIAL, E.A., JUNGES, J.R., OLINTO, M.T.A., MACHADO, P.S., PATUSSI, M.P.
Violência urbana e capital social em uma cidade no Sul do Brasil: um estudo
quantitativo e qualitativo. Rev Panam Salud Publica. 2010; 28(4);289–97.
ZANCAN, L. Cidades Saudáveis: a intersetorialidade como desafio para um
novo modelo de gestão. Cap. II Disponível em:
<www.fef.unicamp.br/.../deafa/qvaf/...saudavel.../ana_vol1_cap2.pdf > Acessado
em 06 jun. 2012.