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CONTOS
  QUE
ELEVAM
A ALMA
            Livro I
    Material recolhido no site
http://aeradoespirito.sites.uol.com.br


    por Antonio Celso



                                         1
ÍNDICE
A ÁGUA DO PARAÍSO
A ÁGUIA E A GRALHA
A ÁGUIA E O PARDAL
A ÁRVORE DOS PROBLEMAS
A ÁRVORE ORGULHOSA
A BALSA DA MEDUSA (Novo)
A BUSCA DO REINO
A CARTA
A CASA QUEIMADA
A CAUDA DO MUNDO
A CIDADE DOS RESMUNGOS
A DANÇA
A ESTÓRIA DO MARTELO
A ESTRELA VERDE
A FÁBRICA DOS PENSAMENTOS
A FACE DE DEUS
A FELICIDADE NÃO ESTÁ ONDE SE PROCURA
A FITA ROXA
A FORTUNA E O MENDIGO
A GALINHA E A ÁGUIA
A GALINHA VERMELHA
A HISTÓRIA DA LAGARTA
A HISTÓRIA DE UM JARDIM
A LATINHA DE LEITE
A LENDA DA CONCHA!
A LENDA DAS ORQUÍDEAS
A LENDA DO PEIXINHO VERMELHO
A LIBÉLULA
A LIÇÃO DO FOGO
A LOJA DE DEUS
A LUZ AZUL
A MACIEIRA ENCANTADA
A MAIS BELA FLOR
A MARAVILHOSA HISTÓRIA DO GRANDE MÚSICO TANSEN
A MEDITAÇÃO E O GATO
A NUVEM E A DUNA
A PAZ INTERIOR E AS REAÇÕES
A PEQUENINA LUZ AZUL
A PORCELANA DO REI
A RAPOSA ALEIJADA
A RAPOSA E AS UVAS
A SUA VERDADE!
A TAÇA TRANSBORDANTE
A TEMPESTADE E AS GAIVOTAS
A TERRA DA ALEGRIA
A VERDADE

                                                 2
A VIDA DOS HUMANOS QUE SE DISTANCIAM DE DEUS
ADELAIDE, UMA POMBA
AONDE VOCÊ VAI?
APENAS UM MINUTO?
APRENDA A ESCREVER NA AREIA
APRENDENDO A CONVERSAR COM DEUS
AS CODORNAS
AS COISAS NEM SEMPRE SÃO O QUE PARECEM
AS NOVE COISAS
AS TRÊS RECOMPENSAS
CASAMENTO
CERTO E ERRADO
CHINELOS DOURADOS
CÍRCULO DOS 99
COMO O MAL GERA O MAL
COMO ORAR CORRETAMENTE?
CORRENDO RISCOS
CORTAR LENHA
CULPADO OU INOCENTE
DA SINCERIDADE
DESARRUMADO OU PERFEITO?
DESEJOS
DEUS, A CRIANÇA E O ANJO
DOENTE, GRAÇAS A DEUS
DOR DE OLHO
DORMIR ENQUANTO OS VENTOS SOPRAM
DOZE PRATOS
É DEUS TIRANDO FOTOS MINHAS
ECO DA VIDA
ERA UMA VEZ...
ESCOLA DE ANJOS
ESPINHO ALHEIO
ESTABELECIMENTO DE UMA TRADIÇÃO
EU CREIO EM TI
EU POSSO FAZER
EX-SUICIDA
FABULA DA CONVIVÊNCIA
FURO NO PNEU
HÁ MAIS LUZ POR AQUI
IDEIONILDO E A CHAVE AZUL (Novo)
INVESTIMENTO APIMENTADO
ISAAC MORRE
LENDA DAS LÁGRIMAS
LENDA JUDAICA
LENDA DE TRADIÇÃO JUDAICA
MEDITAÇÃO E MACACOS
MENTE EM MOVIMENTO
MINHA ROSA E MINHA RAPOSA (Trecho de Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupery)
NADA EXISTE
NÃO CONHEÇO TÍTULOS
NÃO SE DEIXE INCOMODAR
NINGUÉM CONTROLA TUDO O QUE ACONTECE NA PRÓPRIA VIDA
NÓ DO CARINHO
                                                                                      3
A ÁGUA DO PARAÍSO
                                      (Sabedoria sufi)

 Havia um beduíno que ia de um lugar para outro do deserto, vivendo de tâmaras,
 animais e águas salobras. Um dia descobriu um novo manancial no areal e, conquanto
 fosse desagradavelmente salgada a outras pessoas, pareceu-lhe ser a própria água do
 paraíso, comparada com as que conhecia.
 - Vou levar a quem possa apreciar!
 Rumou, pressuroso, ao palácio de Harun el-Raschid, levando um odre para ele beber e
 outro para o Califa. Admitido em audiência, falou:
 - Ó Comendador dos Crentes. Conheço todas as águas do deserto e acabo de descobrir
 esta água do Paraíso, digna de vossos lábios!
 Harun provou da água, agradeceu, mandou que lhe dessem mil moedas de ouro e
 recomendou que o levassem imediatamente de volta ao deserto, sem que pudesse
 provar da água do palácio. E acrescentou ao beduíno:
 - Sê o guardião da “água do paraíso” e distribui-a gratuitamente a todos, em meu
 nome!

  REFLEXÕES: A ÁGUA É A VERDADE.
Todos os níveis de verdade são úteis, como numa escola, para atender às necessidades
dos diferentes graus das pessoas. É impiedade desviar alguém de sua fé ou ridicularizar a
limitada verdade que pode alcançar.

                                 .....................................

A maioria das doutrinas tem a pretensão de ser a única expressão da verdade, porém,
somente será útil, aquela que produzir mais homens de bem e menos hipócritas, quer
dizer, que pratiquem a lei de amor e caridade na sua maior pureza e na sua aplicação mais
ampla. Esse é o sinal para reconhecer que uma doutrina é boa, pois toda doutrina que
tiver por conseqüência semear a desunião e estabelecer divisões entre os filhos de Deus só
pode ser falsa e perniciosa.
                      O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Allan Kardec

                                                ***

                              A ÁGUIA E A GRALHA
 Uma Águia, saindo do seu ninho no alto de um penhasco, capturou uma ovelha e a
 levou presa às suas fortes garras. Uma Gralha, que testemunhara a tudo, tomada de
 inveja, decidiu que poderia fazer a mesma coisa.

                                                                                         4
Ela então voou para alto e tomou impulso, e com grande velocidade, atirou-se sobre
uma ovelha, com a intenção de também carregá-la presa às suas garras.
Ocorre que estas acabaram por ficar embaraçadas no espesso manto de lã da Ovelha, e
isso a impediu inclusive de soltar-se, embora o tentasse com todas as suas forças.
O Pastor das ovelhas, vendo o que estava acontecendo, capturou-a. Feito isso, cortou
suas penas, de modo que não pudesse mais voar. À noite a levou para casa, e entregou
como brinquedo para seus filhos.
"Que pássaro engraçado é esse?", perguntou um deles.
"Ele é uma Gralha meus filhos. Mas se você lhe perguntar, ele dirá que é uma Águia."

Moral da História:
Não devemos permitir que a ambição nos conduza para além dos nossos limites.

                                                                                 Esopo
                                         ***


                             A ÁGUIA E O PARDAL
O sol anunciava o final de mais um dia e lá, entre as árvores, estava Andala, um pardal
que não se cansava de observar Yan, a grande águia. Seu vôo preciso, perfeito, enchia
seus olhos de admiração. Sentia vontade em voar como a águia, mas não sabia como o
fazer. Sentia vontade em ser forte como a águia, mas não conseguia assim ser. Todavia,
não cansava de segui-la por entre as árvores só para vislumbrar tamanha beleza... Um
dia estava a voar por entre a mata a observar o vôo de Yan, e de repente a águia sumiu
da sua visão. Voou mais rápido para reencontrá-la, mas a águia havia desaparecido. Foi
quando levou um enorme susto: deparou de uma forma muito repentina com a grande
águia a sua frente. Tentou conter o seu vôo, mas foi impossível, acabou batendo de
frente com o belo pássaro. Caiu desnorteado no chão e quando voltou a si, pode ver
aquele pássaro imenso bem ao seu lado observando-o. Sentiu um calafrio no peito,
suas asas ficaram arrepiadas e pôs-se em posição de luta. A águia em sua quietude
apenas o olhava calma e mansamente, e com uma expressão séria, perguntou-lhe:
- Por que estás a me vigiar, Andala?
- Quero ser uma águia como tu, Yan. Mas, meu vôo é baixo, pois minhas asas são curtas
e vislumbro pouco por não conseguir ultrapassar meus limites.
- E como te sentes amigo sem poder desfrutar, usufruir de tudo aquilo que está além do
que podes alcançar com tuas pequenas asas?
- Sinto tristeza. Uma profunda tristeza. A vontade é muito grande de realizar este
sonho...
O pardal suspirou olhando para o chão... E disse:
- Todos os dias acordo muito cedo para vê-la voar e caçar. És tão única, tão bela. Passo
o dia a observar-te.
- E não voas? Ficas o tempo inteiro a me observar? Indagou Yan.
                                                                                           5
- Sim. A grande verdade é que gostaria de voar como tu voas... Mas as tuas alturas são
demasiadas para mim e creio não ter forças para suportar os mesmos ventos que, com
graça e experiência, tu cortas harmoniosamente...
- Andala, bem sabes que a natureza de cada um de nós é diferente, e isto não quer dizer
que nunca poderás voar como uma águia. Sê firme em teu propósito e deixa que a
águia que vive em ti possa dar rumos diferentes aos teus instintos. Se abrires apenas
uma fresta para que esta águia que está em ti possa te guiar, esta dar-te-á a
possibilidade de vires a voar tão alto como eu. Acredita!
E assim, a águia preparou-se para levantar vôo, mas voltou-se novamente ao pequeno
pássaro que a ouvia atentamente:
- Andala, apenas mais uma coisa: Não poderás voar como uma águia, se não treinares
incansavelmente por todos os dias. O treino é o que dá conhecimento, fortalecimento e
compreensão para que possas dar realidade aos teus sonhos. Se não pões em prática a
tua vontade, teu sonho sempre será apenas um sonho. Esta realidade é apenas para
aqueles que não temem quebrar limites, crenças, conhecendo o que deve ser realmente
conhecido. É para aqueles que acreditam serem livres, e quando trazes a liberdade em
teu coração poderás adquirir as formas que desejares, pois já não estarás apegado a
nenhuma delas, serás livre! Um pardal poderá, sempre, transformar-se numa águia, se
esta for sua vontade. Confia em ti e voa, entrega tuas asas aos ventos e aprende o
equilíbrio com eles. Tudo é possível para aqueles que compreenderam que são seres
livres, basta apenas acreditar, basta apenas confiar na tua capacidade em aprender e
ser feliz com tua escolha!


                                         ***
                        A ÁRVORE DOS PROBLEMAS
Certo fazendeiro resolve contratar um carpinteiro para uma série de reparos em sua
propriedade. O primeiro dia do carpinteiro foi bem difícil. O pneu de seu carro furou,
fazendo com que ele deixasse de ganhar uma hora de trabalho. Sua serra elétrica
quebrou, e aí ele cortou o dedo. Como se não bastasse, no final do dia, seu carro não
funcionou.
Assim, o fazendeiro resolve oferecer carona para casa. Percorrida a viagem, o
carpinteiro convidou-o a entrar e conhecer sua família. Quando os dois se dirigiam à
porta da casa, o carpinteiro parou junto a uma pequena árvore e gentilmente tocou as
pontas dos galhos com as duas mãos.
Ao abrir a porta de casa, o carpinteiro já parecia outro: os traços tensos do seu rosto
transformaram-se em um grande sorriso. Ele abraçou os filhos e beijou a esposa.
Após uma alegre refeição, o fazendeiro agradeceu e despediu-se de todos. O
carpinteiro acompanhou seu convidado até o carro.
Assim que passaram pela árvore, o fazendeiro questionou seu anfitrião sobre o motivo
pelo qual ele tocara na planta antes de entrar em casa.


                                                                                          6
- Ah! Esta é a minha planta dos problemas. Eu sei que não posso evitar todos os
problemas no meu trabalho, mas eles não devem chegar até os meus filhos e minha
esposa. Então, toda noite, eu deixo meus problemas nesta árvore quando chego em
casa, e só os pego de volta no dia seguinte. E o senhor quer saber de uma coisa? Toda
manhã, quando volto para buscar meus problemas, eles não são nem metade daquilo
que eu lembro de ter deixado na noite anterior.
Jamais descarregue seus problemas e frustrações nos outros, principalmente naqueles
que você tanto ama.

                                         ***


                           A ÁRVORE ORGULHOSA
No livro Fábulas e Lendas de Leonardo da Vinci, encontramos uma adaptação do conto
“A árvore orgulhosa”. Diz ele:
 “No meio de um jardim, junto a muitas outras árvores, havia um lindo cedro. Crescia a
cada ano que passava, e seus galhos eram muito mais altos do que os galhos das outras
árvores.
 Tirem daí essa castanheira! — disse o cedro, inchado de orgulho ante a sua própria
beleza. E a castanheira foi removida.
 Levem embora aquela figueira! — disse o cedro. — Ela me incomoda. — E a figueira foi
arrancada.
 Tirem as macieiras! — prosseguiu o cedro, erguendo alto a sua bela cabeça. E as
macieiras se foram.
Assim, o cedro fez com que uma a uma todas as outras árvores fossem arrancadas, até
ficar sozinho, dono do grande jardim. Um dia, porém, houve uma forte ventania. O
lindo cedro lutou com todas as forças, agarrando-se à terra com suas longas raízes. Mas
o vento, sem outras árvores para detê-lo, dobrou e feriu o cedro e, finalmente, com
grande estrondo, derrubou-o ao chão.

                                         ***




                                                                                          7
A BALSA DA MEDUSA
                          Óleo sobre tela - Théodore Géricault




                 Tela do pintor francês THÉODORE GÉRICAULT (1791-1824)

A BALSA DE MEDUSA (Museu do Louvre, Paris. - 40,64 cm X 56,69 cm)
Antes do Titanic, houve um naufrágio que, tragicamente, entrou para os anais dos
grandes desastres marítimos.
Foi a notícia mais terrível de 1816: a fragata Medusa naufragara quase no fim da sua
viagem entre a França e o Senegal.
A tragédia, ocorrida na ensolarada manhã de 2 de julho, deveu-se à superlotação e à
imperícia do Comandante Hugues Chaumareys, um protegido de Luís XVIII, rei da
França.
Sabe-se que aproximadamente quatrocentos passageiros estavam à bordo, na então
considerada a mais rápida e moderna embarcação de todos os tempos.
As 147 pessoas que não conseguiram lugar no botes salvavidas amontoaram-se em
uma pequena jangada construída precariamente com tábuas, cordas e partes do
mastro no qual ainda tremulavam pedaços da vela.
Chamaram-na "A balsa da Medusa".
Esfomeados e sem água para beber, muitos brigaram por um único pacote de
biscoitos.
Na escuridão da primeira noite, vinte dos que se equilibravam nas bordas da jangada
desapareceram no oceano.
No segundo dia, 65 dos sobreviventes foram mortos a tiros pelos oficiais:
aparentemente haviam enlouquecido e, furiosos, tentaram destruir a jangada.
Dentre os náufragos famintos, desidratados e queimados pelo sol, estava o médico
Jean-Baptiste Henry Savigny, que assumiu a liderança dos desesperados e, de imediato,
mandou que todos bebessem água do mar diluída com urina, para diminuir os efeitos
da desidratação.

                                                                                        8
O Dr. Savigny começou, então, a dissecar os corpos dos que iam morrendo e a
dependurar as tiras de carne para secar ao sol e depois serem consumidas como
alimento.
O tabu do canibalismo desfez-se como nas palavras de Dante, no canto XXXIII do
Inferno, ao descrever a cena em que o Conde Ugolino, preso numa torre, com os seus
filhos pequenos e sem alimento, tentou manter-se vivo comendo a carne dos que
haviam morrido: “Dois dias após a sua morte ainda os chorava, depois a fome foi mais
forte do que o luto.”
Decorridos 13 dias à deriva, os quinze sobreviventes restantes da “Balsa da Medusa”
foram resgatados pelo Argus, um pequeno navio mercante.
Inspirado nas narrativas dos sobreviventes da “Balsa da Medusa”, o pintor francês
Théodore Géricault (1791-1824), pintou, em 18 meses de trabalho ininterrupto, o que
veio a ser a sua obra prima, em óleo sobre tela: “A balsa da Medusa.”

           http://www.interconect.com.br/clientes/pontes/diversos/medusa.htm

                                         ***

Esta semana, durante minhas pesquisas na rede, me deparei com uma tela do pintor
francês THÉODORE GÉRICAULT (1791-1824) A BALSA DE MEDUSA (Museu do Louvre,
Paris . 40,64 cm X 56,69 cm), que gostei muito. A pintura despertou minha curiosidade
e então comecei a pesquisar os seus detalhes.
Fiquei surpreso ao saber o seu significado e o que o pintor quis transmitir. Após
descobrir o que inspirou o trabalho feito por Géricaut, decidi usar o mesmo nome“A
Balsa de Medusa” para o nosso Blog. Assim como ocorreu com os personagens da
história do naufrágio, também estaremos lidando com as adversidades enfrentadas por
gestores, líderes, gerentes e funcionários de todos os níveis hierárquicos, no dia-a-dia
profissional e pessoal.
Esta tela tinha como base um acontecimento contemporâneo, um naufrágio que
causou um grande escândalo político. O Medusa, navio do governo que transportava
colonos franceses para o Senegal, encalhou e afundou na costa oeste da África
(próximo à costa de Marrocos em 2 de julho de 1816), em virtude da incompetência do
capitão, nomeado por motivos políticos. O capitão e a tripulação foram os primeiros a
evacuar o navio e embarcaram nos barcos salva-vidas, que puxavam uma jangada
improvisada com os destroços do navio, com 149 passageiros amontoados. A certa
altura cortaram a corda que puxava a balsa, deixando os emigrantes à deriva sob o sol
equatorial por 12 dias (outras fontes relatam que a tempestade os arrastou por mar
aberto por mais de 27 dias sem rumo), sem comida nem água. Só 15 pessoas
sobreviveram. Géricault investigou o caso como um repórter, entrevistando os
sobreviventes para escutar suas histórias terríveis de fome, loucura e canibalismo. Fez
o máximo para ser autêntico, estudando até mesmo os corpos das vítimas. Construiu
uma jangada-modelo em seu ateliê e chegou a se amarrar ao mastro de um pequeno
barco durante uma tempestade, para melhor poder retratar o desespero dos
                                                                                           9
sobreviventes. A linguagem corporal da luta, das pessoas contorcidas e dos passageiros
desnudos diz tudo a respeito da luta pela sobrevivência, tema que obcecava o artista.
No quadro, pode-se observar as diferentes ATITUDES HUMANAS que se manifestam
nos momentos cruciais da vida, naqueles momentos difíceis, em que uns se deixam
abater pelo desânimo, mas outros não desanimam e agitam panos na esperança de
serem vistos por algum navio.
Esse quadro nos leva a uma reflexão: e se você estivesse naquela situação do
naufrágio, em que lugar você estaria nessa pintura?

                         http://balsademedusa.blogspot.com.br/

                                         ***
                              A BUSCA DO REINO
Logo após Jesus concluir o famoso Sermão da Montanha, um homem do povo o
procurou, em particular, e assim se manifestou:
– Senhor, que devo fazer para alcançar o Reino de Deus?
O senhor examinou o íntimo daquele homem, apontou para a montanha onde havia
feito o seu sermão e recomendou:
– Terás que rodear esta montanha!
A exigência foi tão pequena que o homem ficou um pouco descrente. Ora, imaginava,
rodear a montanha não seria tão difícil. Conhecia o lugar e, com um pouquinho só de
esforço, atingiria aquele objetivo. De tão perplexo, voltou a perguntar:
– Senhor, bastará rodear a montanha? E o Mestre repetiu:
– Sim, faze isso!
O candidato ao céu começou, naquele instante, sua caminhada. Deu alguns passos e
sua mente, bastante excitada pelo desejo de conquistar o Reino de Deus, caiu em
profunda meditação. Viu-se no Paraíso, coberto de luz e glórias celestes. Sentiu fortes
emoções como a paz, a gratidão, o amor, a misericórdia e todos os sentimentos
nobres. Sentiu que amava e era amado. Percebeu como eram mesquinhas as
preocupações dos homens, diante de tanta felicidade que o Reino de Deus
proporcionava.
Moveu-lhe um impulso muito forte de enxugar as lágrimas dos que choram, de
socorrer os aflitos e de levar a luz a todos os lugares onde há trevas. Percebeu que
diáfanas luzes caíam do alto, tocando-lhe o coração, deixando-o enternecido e feliz.
Como desejava que todos os homens participassem daquele momento divino! E assim
caminhou, sem observar o caminho por onde passava, apenas sonhando, sonhando e
sonhando.
Com uma sensação de fadiga, saiu daquele estado de ilusão. Neste instante, teve um
grande susto e ficou bastante impressionado: ele se encontrava exatamente no local
onde iniciara a caminhada! Havia ou não circulado a montanha? Ele não sabia
responder. Não se lembrava de absolutamente nada.

                                                                                      10
Com imensa dúvida, e sem compreender o que se passara, ele decidiu que faria nova
empreitada, desta vez mais atento ao caminho. Deu alguns passos e, sem se aperceber,
voltou a sonhar com o Reino de Deus. as mesmas sensações se repetiram. Uma
felicidade indescritível dominava-lhe o ser, fazendo-o viver a paz, a caridade, a
fraternidade, o amor ao próximo e todas as virtudes ensinadas pelo meigo Rabi da
Galiléia.
Quando despertou, com a mesma sensação anterior de fadiga, ficou perplexo: ele se
encontrava, novamente, no local onde iniciara a caminhada! Não havia saído do lugar.
Não conseguira rodear a montanha.
Fez a terceira tentativa e a mesma coisa. Quando lembrou de si, estava ali, no ponto de
partida. Do que se passara, nada recordava. Desapontado, foi à procura do Mestre, a
quem se dirigiu nestes termos:
– Senhor, por que eu não consigo rodear a montanha?
– Que buscavas? – perguntou Jesus.
– O Reino de Deus – disse o homem.
– Que viste? – completou o Senhor.
– Nada, nada!
– Que viste? – perguntou de novo o Senhor, agora tocando-lhe na testa.
– Senhor!... agora lembro! Das três vezes que tentei circundar a montanha, eu fui
tomado por uma visão celestial. Vi o Reino de Deus, representado pela paz, pelo amor,
pela misericórdia, pela caridade...
– Onde viste?
– Em minha imaginação, em minha mente.
– Tu que viste a paz, a gratidão, o amor, a misericórdia e todos os puros sentimentos
saindo de dentro de ti, onde achas que encontrarás o Reino de Deus?
Só então o homem recordou uma das lições do Mestre: “O Reino de Deus está dentro
de vós”.




APONTAMENTOS:
   Se o Reino de Deus está dentro de nós, podemos dizer, por analogia, que o
     inferno também está dentro de nós. Fazer aflorar as delícias do reino ou as
     amarguras do Inferno é opção de cada um.
   Em mão se espera que a felicidade venha de fora para dentro. Ela é um estado da
     mente. O jovem apaixonado é feliz ao lado de sua amada, quer estejam num
     palácio ou numa choupana.
   Felicidade ou desgraça estão aí e vão continuar. Se você se sente na desgraça, saia
     dela. Inove, recomece, planeje, sonhe, crie, faça algo diferente. Não é a desgraça
     que nos deixa, somos nós que a deixamos.


                                                                                      11
   Veja o lado bom da vida. Viva cada momento com a consciência de que você é
        feliz. No trabalho, na rua, no lar, na cama ou no chuveiro, deixe-se impregnar
        pela certeza de que você está usufruindo o melhor, para aquele momento.
      Empolgue-se pela vida. Exercite a técnica do “valeu a pena”. Seja agradecido à
        vida. Recorde seu passado, mesmo os instantes menos felizes, com a conclusão
        de que “valeu a pena”.
      Valeu a pena Ter nascido aqui; Ter conhecido determinadas pessoas; Ter passado
        por tal ou qual sofrimento; Ter namorado alguém. Valeu a pena.
      “Vós sois a luz do mundo”(Mateus 5-14)

Extraído do livro: “Histórias que Ninguém Contou, Conselhos que Ninguém Deu”
Melcíades José de Brito – pg. 42

                                          ***

                                      A CARTA
Uma carta escrita em um momento de desespero assinalaria o final de uma existência.
Entre prantos e lágrimas, eram narradas todas as dificuldades de uma jornada marcada
por desilusões e infelicidades.
Finalmente acabaria com essa trajetória trágica, não mais haveria dor. Ficariam para
trás todos aqueles que foram os seus algozes. Sim, não haveria outra saída para uma
existência marcada por tanto sofrimento.
Contudo havia um problema, para quem escreveria aquela carta? Em meio a tanta dor,
não se lembrava de um amigo. Aliás, se o tivesse, não precisaria recorrer a esse último
recurso. Isto fortalecia sua decisão, não havia motivo para continuar, queria o descanso
eterno.
Porém, o problema continuava: quem receberia sua carta? De repente, em meio ao seu
desequilíbrio, teve uma idéia: colocaria no correio enviando para sua própria pessoa, e
quando chegasse executaria a ação derradeira.
Saindo para o correio percebeu que o céu estava com um lindo azul e que algumas aves
voavam apesar da poluição da cidade, não encontrando uma árvore sequer para os
seus ninhos. Algumas flores, mesmo estando em terreno árido, insistiam em
apresentar as suas cores.
Suas observações foram interrompidas por uma colisão. Batendo em uma pessoa que
vinha em direção oposta derrubou a carta, a qual se misturou com tantas outras cartas
que a pessoa trazia.
Pegou a carta e resmungando, "Nem para morrer se tem paz".
Decidiu, então, não prosseguir para o correio, voltaria para casa e deixaria a carta
exposta, testemunha de sua dor para quem a encontrasse.
Ao chegar em casa percebeu que aquela não era a sua carta; na colisão pegou a errada.
E agora, quais serão as suas últimas palavras?
Parou para ler a carta trocada e espantou-se com o que encontrou. A carta dizia:
                                                                                       12
"Meu Deus, como posso lhe agradecer a presença amorosa em todos esses anos de
vida? É verdade que foram anos difíceis, mas nunca me abandonastes, mesmo nos
momentos de dor e solidão sempre encontrei Tua presença, aliviando o meu fardo.
Hoje me arrependo por um dia ter pensado em pôr fim a minha vida, atentado contra
Tua Lei esquecendo-me que a morte não existe.
Agora compreendo a necessidade de experiências difíceis para o meu crescimento. Por
isso gostaria de fazer algo de bom. Pensei em escrever várias cartas pela cidade
transmitindo o seu amor. Confio que me guiarás para chegar às pessoas que
necessitam.
Estou feliz, não porque as dores acabaram, mas porque encontrei a Tua companhia e
com ela vencerei todos os obstáculos.
Irmão que recebeste esta carta confie, ore e prossiga. Não existem males intermináveis
e nem dores infinitas; a cada porta que se fecha novas luzes entram por outras janelas
que se abrem.
Confie, Deus guiará o seu caminho, lhe retirando as estradas das trevas para o caminho
da luz. Lembre-se que nenhuma ovelha se perderá".
Ao terminar a leitura chorou de arrependimento e conversou com o Pai de Infinita
Misericórdia. Novas energias chegaram ao seu coração, que se acalentou. Então,
percebeu que há muitos dias não abria as suas janelas, havia se fechado para a vida.
Correu e abriu as janelas, deixando a luz entrar e retomou a vida, agradecendo a Deus
por ela e por aquela carta que lhe trouxera nova direção.


                                        ***

                              A CASA QUEIMADA
Um certo homem saiu em uma viagem de avião. Era um homem temente a Deus, e
sabia que Deus o protegeria.
Durante a viagem, quando sobrevoavam o mar um dos motores falhou e o piloto teve
que fazer um pouso forçado no oceano.
Quase todos morreram, mas o homem conseguiu agarrar-se a alguma coisa que o
conservasse em cima da água.
Ficou boiando à deriva durante muito tempo até que chegou a uma ilha não habitada.
Ao chegar à praia, cansado, porém vivo, agradeceu a Deus por este livramento
maravilhoso da morte.
Ele conseguiu se alimentar de peixes e ervas.
Conseguiu derrubar algumas árvores e com muito esforço conseguiu construir uma
casinha para ele.
Não era bem uma casa, mas um abrigo tosco, com paus e folhas. Porém significava
proteção.
Ele ficou todo satisfeito e mais uma vez agradeceu a Deus, porque agora podia dormir
sem medo dos animais selvagens que talvez pudessem existir na ilha.
                                                                                     13
Um dia, ele estava pescando e quando terminou, havia apanhado muitos peixes. Assim
 com comida abundante, estava satisfeito com o resultado da pesca.
 Porém, ao voltar-se na direção de sua casa, qual tamanha não foi sua decepção, ao ver
 sua casa toda incendiada.
 Ele se sentou em uma pedra chorando e dizendo em prantos:
 "Deus! Como é que o Senhor podia deixar isto acontecer comigo? O Senhor sabe que eu
 preciso muito desta casa para poder me abrigar e o Senhor deixou minha casa se
 queimar todinha. Deus, o Senhor não tem compaixão de mim?"
 Neste mesmo momento uma mão pousou no seu ombro e ele ouviu uma voz dizendo:
 "Vamos rapaz?"
 Ele se virou para ver quem estava falando com ele, e qual não foi sua surpresa quando
 viu em sua frente um marinheiro todo fardado e dizendo:
 "Vamos rapaz, nós viemos te buscar"
 "Mas como é possível? Como vocês souberam que eu estava aqui?"
 "Ora, amigo! Vimos os seus sinais de fumaça pedindo socorro. O capitão ordenou que o
 navio parasse e me mandou vir lhe buscar naquele barco ali adiante."

 MORAL DA HISTÓRIA

 É comum nos sentirmos desencorajados e até mesmo desesperados quando as coisas
 vão mal.
 Mas Deus age em nosso benefício, mesmo nos momentos de dor e sofrimento.

 Lembrem-se:
 Se algum dia o seu único abrigo estiver em chamas, esse pode ser o sinal de fumaça
 que fará chegar até nós algo mais importante e melhor.
 Procure nunca pensar no pior, pois Deus é justo e bom e visa sempre o nosso bem.

                                           ***
                              A CAUDA DO MUNDO
  Havia um homem pobre que desejava algum dinheiro e tinha ouvido dizer que se
  conseguisse agarrar um gênio poderia ordenar-lhe que lhe trouxesse dinheiro ou
  qualquer outra coisa que desejasse. Estava, portanto, muito ansioso para agarrar um
  gênio. Foi procurar um homem que lhe desse um gênio, e acabou por encontrar um
  sábio com grandes poderes. Solicitou seu auxílio e o sábio perguntou-lhe o que faria ele
  com um gênio.
  - Desejo um gênio para trabalhar em meu benefício. Ensinai-me como agarrar um,
  senhor. Desejo isso mais que tudo.
  Mas o sábio respondeu:
  - Não vos preocupeis. Voltai para a vossa casa.
  No dia seguinte, o homem tornou a procurar o sábio, e começou a chorar e a suplicar:
- Dai-me um gênio. Preciso de um gênio, senhor, para ajudar-me.
                                                                                         14
O sábio acabou por aborrecer-se, e disse-lhe:
- Tomai este talismã, repeti esta palavra mágica e o gênio virá, fazendo o que quer que
lhe ordeneis fazer. Mas tende cuidado. Os Gênios são terríveis e devem ser mantidos
constantemente ocupados. Se deixardes de dar trabalho ao vosso, ele vos tirará a vida.
O homem respondeu:
- Isso é fácil. Posso dar-lhe trabalho por toda a sua vida.
Então, foi à floresta, e depois de Ter repetido longamente a palavra mágica, um enorme
gênio lhe apareceu e disse:
- Sou um gênio. Fui conquistado por tua magia, mas deves manter-me constantemente
ocupado. No momento em que deixares de me dar trabalho, eu te matarei.
O homem disse:
- Constrói-me um palácio.
O gênio respondeu:
- Está feito. O palácio já está construído.
- Dá-me dinheiro - falou o homem.
- Aqui está o seu dinheiro - replicou o gênio
- Derruba esta floresta e constrói uma cidade em seu lugar.
- Está feito - disse o gênio - Mais alguma coisa?
Então o homem começou a se assustar e pensou que nada mais poderia ordenar ao
gênio, que fazia tudo num abrir e fechar de olhos.
O gênio declarou:
- Dá-me algo para fazer senão eu te comerei.
O pobre homem já não encontrava ocupação para ele e estava apavorado. Correu,
correu, e por fim encontrou o sábio e disse-lhe:
- Oh! Senhor, protegei a minha vida.
O sábio perguntou-lhe o que lhe acontecia, e o homem respondeu:
- Não tenho mais nada para ordenar ao gênio. Tudo o que eu lhe digo, ele faz num
momento, e ameaça comer-me se não lhe der trabalho.
Nesse momento chegou o gênio, dizendo:
- Eu te comerei.
E ia comer o homem, que começou a tremer, suplicando ao sábio que lhe salvasse a
vida. O sábio falou:
- Encontrarei uma saída. Olhai para este cão, que tem a cauda curva.
Arrancai rapidamente a vossa espada e cortai-lhe a cauda, dando-a ao gênio para
endireitá-la.
O homem cortou a cauda e, lenta e cuidadosamente, o gênio endireitou-a. Mal, porém,
largou dela, eis que de novo se enrolou. Assim ficou durante dias e dias, até que se
sentiu exausto e disse:
- Nunca na minha vida tive transtorno igual. Sou velho, um gênio veterano, mas nunca
cheguei a transtorno igual. Vou fazer uma combinação contigo:
liberta-me, e poderás conservar tudo quanto lhe dei, com a minha promessa de que não
te farei mal.
O homem ficou encantado e aceitou alegremente a oferta.
                                                                                      15
Este mundo é como a cauda enrolada de um cão, e as pessoas levam a lutar para
endireitá-la durante centenas de anos. Quando largam dela, eis que de novo se enrola.
Como poderia ser de outra maneira?
É preciso, primeiro, saber como trabalhar sem apego, par que não se chegue a ser um
fanático. Quando soubermos que este mundo é como a cauda enrolada de um cão,
cauda que jamais poderá ser endireitada não nos tornaremos fanáticos. Se não houvesse
fanatismo no mundo, ele progrediria muito mais do que agora. É um erro supor que o
fanatismo pode impulsionar o progresso da humanidade. Pelo contrário, é um elemento
que retarda esse progresso, gerando ódio e cólera, e levando os indivíduos a lutarem uns
contra os outros, fazendo-os sentirem-se mutuamente antipáticos.
Pensamos que o que quer que possuamos ou façamos é a melhor coisa do mundo, e que
o que não possuímos nem fazemos nada vale. Lembrai-vos sempre, portanto, da história
da cauda enrolada do cão, de cada vez que tiverdes tendência para vos fanatizar. Não
precisai preocupar-vos ou ficar insones por causa do mundo, ele seguirá sem vós.
Quando tiverdes evitado o fanatismo, e só então, trabalhareis bem. O homem de cabeça
bem equilibrada, o homem calmo, de bom julgamento e nervos frios, dotado de grande
capacidade de simpatia e amor, é o que faz bom trabalho, e assim fazendo, faz bem a si
próprio. O fanático é insensato e não tem simpatia. Jamais pode endireitar o mundo,
nem se tornará puro ou perfeito.

                                      Por Swami Vivekananda
      (Texto extraído do livro As Quatro Yogas de Auto-Realização – Swami Vivekananda - Ed.
                                           Pensamento.)

                                              ***

                           A CIDADE DOS RESMUNGOS
                                    William Bennett
 Era uma vez um lugar chamado Cidade dos Resmungos, onde todos resmungavam,
 resmungavam, resmungavam. No verão, resmungavam que estava muito quente. No
 inverno, que estava muito frio. Quando chovia, as crianças choramingavam porque não
 podiam sair. Quando fazia sol, reclamavam que não tinham o que fazer. Os vizinhos
 queixavam-se uns dos outros, os pais queixavam-se dos filhos, os irmãos das irmãs.
 Todos tinham um problema, e todos reclamavam que alguém deveria fazer alguma
 coisa.
 Um dia chegou à cidade um mascate carregando um enorme cesto às costas. Ao
 perceber toda aquela inquietação e choradeira, pôs o cesto no chão e gritou:
 - Ó cidadãos deste belo lugar! Os campos estão abarrotados de trigo, os pomares
 carregados de frutas. As cordilheiras estão cobertas de florestas espessas, e os vales
 banhados por rios profundos. Jamais vi um lugar abençoado por tantas conveniências e
 tamanha abundância. Por que tanta insatisfação? Aproximem-se, e eu lhes mostrarei o
 caminho para a felicidade.

                                                                                              16
Ora, a camisa do mascate estava rasgada e puída. Havia remendos nas calças e buracos
nos sapatos. As pessoas riram que alguém como ele pudesse mostrar-lhes como ser
feliz. Mas enquanto riam ele puxou uma corda comprida do cesto e a esticou entre os
dois postes na praça da cidade.
Então segurando o cesto diante de si, gritou:
- Povo desta cidade! Aqueles que estiverem insatisfeitos escrevam seus problemas num
pedaço de papel e ponham dentro deste cesto. Trocarei seus problemas por felicidade!
A multidão se aglomerou ao seu redor. Ninguém hesitou diante da chance de se livrar
dos problemas. Todo homem, mulher e criança da vila rabiscou sua queixa num pedaço
de papel e jogou no cesto.
Eles observaram o mascate pegar cada problema e pendurá-lo na corda. Quando ele
terminou, havia problemas tremulando em cada polegada da corda, de um extremo a
outro. Então ele disse:
- Agora cada um de vocês deve retirar desta linha mágica o menor problema que puder
encontrar.
Todos correram para examinar os problemas. Procuraram, manusearam os pedaços de
papel e ponderaram, cada qual tentando escolher o menor problema. Depois de algum
tempo a corda estava vazia.
Eis que cada um segurava o mesmíssimo problema que havia colocado no cesto. Cada
pessoa havia escolhido os seu próprio problema, julgando ser ele o menor da corda.
Daí por diante, o povo daquela cidade deixou de resmungar o tempo todo. E sempre
que alguém sentia o desejo de resmungar ou reclamar, pensava no mascate e na sua
corda mágica.

                                        ***
                                    A DANÇA
Há uma linda história, que eu gostaria de contar. Aconteceu na vida de um grande
músico indiano, Tansen. Ele estava na corte do grande Akbar – e era incomparável.
Uma vez, Akbar perguntou:
– Não consigo imaginar que alguém possa superá-lo. Parece quase impossível. Mas
sempre que eu penso nisso, uma idéia me vem à mente: que você deve ter sido discípulo
de um mestre, e – quem sabe? – talvez ele o supere.
– Quem é seu mestre?, está vivo ainda? Se estiver vivo, convide-o para vir à corte.
– Ele está vivo – respondeu Tansen –, mas não pode ser convidado para a corte, porque
é como um animal selvagem. Não é um homem de sociedade. É como os ventos ou
como as nuvens. Um andarilho sem lar. E mais: você não pode pedir a ele que cante ou
toque, isso não é possível. Quando quer que ele sinta, ele canta. Sempre que sente,
dança. Teremos que ir até ele, esperar e observar.
Akbar ficou tão encantado, louco pelo que disse Tansen.
– E o mestre dele está vivo. Onde quer que esteja eu irei – disse Akbar.


                                                                                    17
O mestre era um faquir errante. Seu nome era Haridas. Tansen enviou mensageiros
 para investigar onde estava. Foi encontrado perto do rio Jamuna, numa cabana. Akbar
 e Tansen foram ouvi-lo. Os aldeões lhes disseram:
 – Perto das três da manhã, bem no meio da noite, às vezes ele canta e dança. Mas, por
 outro lado, permanece sentado em silêncio durante o dia todo.
 Assim, no meio da noite, Akbar e Tansen, escondidos como ladrões atrás da cabana,
 ficaram esperando.
 Em seguida Haridas começou a cantar e a dançar. Akbar estava hipnotizado. Não podia
 proferir uma única palavra, porque nada teria sido suficiente. Chorava. E enquanto
 voltavam, depois que a canção parou, ele permaneceu silencioso. As lágrimas ainda
 rolavam. Quando chegou ao palácio, ainda nos degraus, disse ele a Tansen:
 – Eu costumava pensar que ninguém era capaz de superá-lo; costumava pensar que
 você era o único, mas agora tenho que admitir que você não é nada, comparado a seu
 mestre. Por que tanta diferença?
 – A diferença é simples – respondeu Tansen. – Eu canto, eu toco para ganhar alguma
 coisa: poder, prestígio, dinheiro, admiração. Minha música ainda é um meio para outro
 fim. Eu canto para conseguir alguma coisa e meu mestre canta porque ele já conseguiu.
 Essa é a diferença. Ele canta somente. Quando está pleno do Divino e não pode contê-lo
 mais, quando transborda, somente então ele canta. Seu canto é um fim em si mesmo.
 Ele celebra!

                 Extraído do Livro “Histórias Maravilhosas para Ler e Pensar”
                                        – Neila Tavares

                                            ***
                            A ESTÓRIA DO MARTELO
 Quando ficamos muito preocupados e sofremos por antecipação, geralmente
 imaginamos coisas ou tiramos conclusões antecipadas de algo que ainda nem ocorreu,
 muitas vezes equivocadas. É a tal ansiedade tomando conta de nós. Não devemos
 deixar essa sensação de medo, de insegurança tomar conta do nosso íntimo, fazendo
 com que sofremos por antecipação, ou pior, que tomemos atitude “insanas" pelo
 simples fato de não sabermos esperar. Veja o que acontece quando nos antecipamos
 aos acontecimentos:
 Um homem queria pendurar um quadro. O prego ele já tinha, só faltava o martelo. O
 vizinho possuía um, e o nosso homem resolveu ir até lá pedi-lo emprestado. Mas ficou
 em dúvida:

"E se o vizinho não quiser me emprestar o martelo?
Ontem ele me cumprimentou meio secamente.
Talvez estivesse com pressa.
Mas isso devia ser só uma desculpa.
Ele deve ter alguma coisa contra mim.
                                                                                      18
Mas por quê? eu não fiz nada!
Ele deve estar imaginando coisas.
Se alguém quisesse emprestar alguma ferramenta minha eu emprestaria
imediatamente.
Por que ele não quer me emprestar o martelo?
Como é que alguém pode recusar um simples favor desses a um semelhante?
Gente dessa laia só complica a nossa vida.
Na certa, ele imagina que eu dependo dele só porque ele tem um martelo. Mas, agora
chega!"
E correu até o apartamento do vizinho, tocou a campainha, o vizinho abriu a porta. Mas
antes que pudesse dizer "Bom Dia", o nosso homem berrou:
"Pode ficar com o seu martelo, seu imbecil!"

   Do livro: Sempre Pode Piorar ou A Arte de Ser (In) Feliz - Uma abordagem psicológica de Paul
                      Watzlawick - Editora Pedagógica e Universitária Ltda.

    Quantas vezes deixamos de realizar algo bom pensando no que os outros iriam
                                  pensar de nós!

                                     www.metaforas.com.br
                  http://flavissimazary.blogspot.com/2011_03_01_archive.html

                                              ***
                                    A ESTRELA VERDE
 Era uma vez... Milhões e milhões de estrelas no céu. Havia estrelas de todas as cores:
 brancas, lilazes, prateadas, douradas, vermelhas, azuis. Um dia, elas procuraram o
 Senhor Deus, Todo-Poderoso, o Senhor Deus do Universo e disseram-lhe:
 - Senhor Deus, gostaríamos de viver na Terra, entre os homens.
 - Assim será feito - respondeu Deus. - Conservarei todas vocês pequeninas, como são
 vistas, e podem descer à Terra
 Conta-se que naquela noite, houve uma linda chuva de estrelas. Algumas se aninharam
 nas torres das igrejas, outras foram brincar e correr com os vaga-lumes, no campo,
 outras misturaram-se aos brinquedos das crianças e a Terra ficou maravilhosamente
 iluminada. Porém, passado algum tempo, as estrelas resolveram abandonar os homens
 e voltar para o Céu, deixando a Terra escura e triste.
 - Por que voltaram? - perguntou Deus, a medida que elas chegavam ao Céu.
 - Senhor, não nos foi possível permanecer na Terra. Lá existe muita miséria, muita
 desgraça, muita fome, muita violência, muita guerra, muita maldade e muita doença.
 E o Senhor lhes disse:
 - Claro, o lugar real de vocês é aqui no Céu. A Terra é o lugar do transitório, daquilo que
 se passa, do ruim, daquele que cai, daquele que erra, daquele que morre, é onde nada é


                                                                                                  19
perfeito. Aqui no Céu, é o lugar da perfeição. O lugar onde tudo é imutável, onde tudo é
eterno, onde nada padece.
Depois de chegarem todas as estrelas e conferindo o seu número, Deus falou de novo:
- Mas está faltando uma estrela. Perdeu-se no caminho?
Um anjo, que estava perto retrucou:
- Não, Senhor. Uma estrela resolveu ficar entre os homens. Ela descobriu que seu lugar
é exatamente onde existe imperfeição, onde há limites onde as coisas não vão bem.
- Mas que estrela é essa? - Voltou Deus a perguntar.
- Por coincidência, Senhor, era a única estrela dessa cor.
- E qual é a cor dessa estrela? - insistiu Deus.
E o anjo disse:
- A estrela é verde, Senhor. A estrela verde do sentimento de esperança.
E quando então olharam para a Terra, a estrela não estava só.
A Terra estava novamente iluminada, porque havia uma estrela verde no coração de
cada pessoa. Porque o único sentimento que o homem tem e Deus não tem é a
esperança. Deus já conhece o futuro, e a esperança é própria da natureza humana.
Própria daquele que cai, daquele que erra, daquele que não é perfeito, daquele que
ainda não sabe como será seu futuro.

                                           ***
                       A FÁBRICA DOS PENSAMENTOS
Era uma vez, uma linda fábrica chamada mente que produzia pensamentos. Esses
pensamentos eram neutros – nem bons nem ruins. Para produzir esses pensamentos
ela ia buscar a matéria prima no fornecedor chamado coração.
O coração lhe fornecia os insumos básicos chamados sentimentos. Na fábrica cada
pensamento produzido era mergulhado num sentimento escolhido e assim ficava
pronto o produto final: um pensamento revestido de sentimento.
A matéria prima sentimentos era encontrada de dois tipos: densa ou sutil. Na densa
encontramos uma grande variedade em forma de mágoa, culpa, intolerância,
ressentimento, ciúme, crítica, orgulho, ansiedade, medo, exagero, vingança,
agressividade, compulsão, gula, raiva, ódio, preconceito, egoísmo, desonestidade,
ilusão, solidão, rigidez, insegurança, mentira, pressa repressão, tristeza, vício, vaidade,
impaciência, depressão, etc...
Na sutil também tinha uma enorme variedade de sentimentos: humildade, perdão,
coragem, amor, compaixão, honestidade, compreensão, solitude, paz, justiça,
paciência, tolerância, segurança, sinceridade, desapego, calma, tranqüilidade, alegria,
serenidade, confiança, esperança, etc...
Esse produto final era enviado ao mercado chamado meio ambiente para que as
pessoas pudessem escolher, por sintonia, e levá-los consigo, passando a vibrar na
mesma freqüência vibratória do produto escolhido; ou então, o produto final era
enviado diretamente ao cliente, que só recebia se tivesse sintonia, ou seja, se vibrasse
na mesma freqüência do produto pensamento lhe enviado.
                                                                                          20
Uma parte, do que a fábrica produzia, não podia ser reciclada, e era lançada ao rio
chamado corpo físico. A depender do tipo de matéria prima utilizada – sentimentos
densos ou sentimentos sutis – o rio ficava ou não poluído.
O rio corpo físico ficava poluído, sempre que recebia material dos produtos feitos com
a matéria prima dos sentimentos densos.
O processo de limpeza do rio corpo era chamado de doença. Esta expurgava do corpo
todo o material denso que a fábrica tinha lhe lançado. Quanto mais matéria prima de
sentimento denso era utilizada na produção do produto pensamento, mais poluído o
rio ficava e mais grave era a doença como processo de limpeza do rio corpo.
Após o processo de doença o rio corpo voltava a respirar tranqüilo, sereno, alegre e
feliz.
O rio corpo físico permanecia saudável e radiante, sempre que a fábrica produzia
pensamentos recheados de sentimentos sutis.


                                        ***
                                A FACE DE DEUS
Havia um pequeno menino que queria se encontrar com Deus.
Ele sabia que tinha um longo caminho pela frente, portanto ele encheu sua mochila
com pastéis e guaraná, e começou sua caminhada.
Quando ele andou umas 3 quadras, encontrou um velhinho sentado em um banco da
praça olhando os pássaros.
O menino sentou-se junto dele, abriu sua mochila, e ia tomar um gole de guaraná,
quando olhou o velhinho e viu que ele estava com fome, então ofereceu-lhe um pastel.
O velhinho muito agradecido aceitou e sorriu ao menino.
Seu sorriso era tão incrível que o menino quis ver de novo, então ele ofereceu-lhe seu
guaraná.
Mais uma vez o velhinho sorriu ao menino.
O menino estava muito feliz!
Ficaram sentados ali sorrindo, comendo pastel e bebendo guaraná pelo resto da tarde
sem falarem um ao outro.
Quando começou a escurecer o menino estava cansado e resolveu voltar para casa,
mas antes de sair ele se voltou e deu um grande abraço no velhinho.
O velhinho deu-lhe o maior sorriso que o menino já havia recebido.
Quando o menino entrou em casa, sua mãe surpresa perguntou ao ver a felicidade
estampada em sua face!
"O que você fez hoje que te deixou tão feliz?
Ele respondeu.
"Passei a tarde com Deus" e acrescentou "Você sabe, ele tem o mais lindo sorriso que
eu jamais vi"
Enquanto isso, o velhinho chegou em casa radiante, e seu filho perguntou:
"Por onde você esteve que te deixou tão feliz?"
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Ele respondeu:
"Comi pasteis e tomei guaraná no parque com Deus".
Antes que seu filho pudesse dizer algo ele falou:
"Você sabe que ele é bem mais jovem do que eu pensava?"

REFLEXÃO:

Nunca subestime a força de um sorriso, o poder de uma palavra, de um ouvido para
ouvir, um honesto elogio, ou até um ato de carinho.
Tudo isso tem o potencial de fazer virar uma vida.
Muitas vezes, por medo de nos "diminuir" deixamos de crescer, por medo de chorar,
deixamos de sorrir!!!
A face de Deus está em todas as pessoas e coisas se forem vistas por nós com os olhos
do amor e do coração.

                                         ***
              A FELICIDADE NÃO ESTÁ ONDE SE PROCURA
                                      Conto sufi


Nasrudin (*) encontrou um homem desconsolado sentado à beira do caminho e
perguntou-lhe os motivos de tanta aflição
- Não há nada na vida que interesse, irmão. Tenho dinheiro suficiente para não precisar
trabalhar e estou nesta viagem só para procurar algo mais interessante do que a vida
que levo em casa. Até agora, eu nada encontrei.
Sem mais palavra, Nasrudin arrancou-lhe a mochila e fugiu com ela estrada abaixo,
correndo feito uma lebre. Como conhecia a região, foi capaz de tomar uma boa
distância. A estrada fazia uma curva e Nasrudin foi cortando o caminho por vários
atalhos, até que retornou à mesma estrada, muito à frente do homem que havia
roubado. Colocou a mochila bem do lado da estrada e escondeu-se à espera do outro.
Logo apareceu o miserável viajante, caminhando pela estrada tortuosa, mais infeliz do
que nunca pela perda da mochila. Assim que viu sua propriedade bem ali, à mão,
correu para pegá-la, dando gritos de alegria.
- Essa é uma maneira de se produzir felicidade - disse Nasrudin.

                                         ***

(*) Mulla Nasrudin (Khawajah Nasr Al-Din) viveu no século XIV. Contou e escreveu
histórias onde ele próprio era personagem. São histórias que atravessaram fronteiras
desde sua época, enraizando-se em várias culturas. Elas compõem um imenso conjunto
que integra a chamada Tradição Sufi, ou o Sufismo, filosofia de autoconhecimento de
antiga tradição persa e que se espalha pelo mundo até hoje.

                                                                                      22
O termo sufismo é utilizado para descrever um vasto grupo de correntes e práticas. As
ordens sufis (Tariqas) podem estar associadas ao islã sunita, islã xiita, a uma
combinação de várias correntes, ou a nenhuma delas. O pensamento sufi se fortaleceu
no Médio Oriente no século VIII e encontra-se hoje por todo o mundo.
De acordo com as grandes escolas de jurisprudência islâmica, o sufismo é considerado
como um movimento herético, tendo sido, por isso, perseguido inúmeras vezes ao
longo da história.
Conhecido por muitos como o misticismo do Islã, o sufismo é uma filosofia de
autoconhecimento e contato com o divino através de certas práticas as quais nem
sempre seguem um padrão fixo e frequentemente parecem incompreensíveis a um
observador que esteja fora do contexto de trabalho. Estas práticas devem ser aplicadas
por um professor.
 Os sufis acreditam que Deus é amoroso e o contato com ele pode ser alcançado pelos
  homens através de uma união mística, independente da religião praticada. Por este
   conceito de Deus, foram, muitas vezes, acusados de blasfêmia e perseguidos pelos
   próprios muçulmanos esotéricos, pois contrariavam a idéia convencional de Deus.

              Fontes: http://contoseparabolas.no.sapo.pt/03outros/sufin.htm e
                             http://pt.wikipedia.org/wiki/Sufismo

                                           ***

                                    A FITA ROXA
Um certo professor tinha o hábito de dar, no fim dos estudos, um fita roxa na qual se
podia ler:

                       “A pessoa que sou faz toda a diferença”
                             (Impressas com letras douradas.)

Nessa altura, dizia a cada estudante porque razão o apreciava e porque razão as aulas
eram diferentes graças a ele.
Um dia, teve a idéia de estudar este processo sobre a comunidade, e enviou os seus
estudantes para entregar fitas a todos aqueles que conheciam e que “faziam toda a
diferença”.
Deu-lhes 3 fitas pedindo-lhes o seguinte:
“Entreguem uma fita roxa à pessoa que escolherem dizendo-lhe porque razão ela faz
toda a diferença para vocês, e dêem-lhe duas outras fitas para que ela própria entregue
também a alguém e assim sucessivamente. Depois, façam-me um relatório dos
resultados.”
Um dos estudantes saiu e foi entregar a fita ao patrão (porque trabalhava a meio
tempo) um fulano bastante rabugento, mas que, no fundo, apreciava.
O patrão ficou surpreendido, mas respondeu:
                                                                                        23
“Pois bem, pois bem, claro, com certeza...”
 O rapaz continuou,
 “E aceitaria ficar com as 2 outras fitas roxas para as dar a alguém que, para si, faz toda
 a diferença, tal como acabei de fazer? É para um inquérito que estamos a realizar na
 universidade.”
 “Esta bem.”
 E, a noite, o nosso homem voltou para casa com a fita presa no casaco. Cumprimentou
 o filho de 14 anos, e contou-lhe o sucedido:
 “Hoje, aconteceu-me uma coisa espantosa. Um dos meus empregados deu-me uma fita
 roxa na qual está escrito, como podes ver:
 “A pessoa que sou faz toda a diferença”.
 "Deu-me uma outra fita para entregar a alguém que conte muito para mim. Hoje o dia
 foi difícil, mas no regresso pensei que havia uma pessoa, uma só, à qual tinha mesmo
 vontade de dar. Estás a ver, ralho muitas vezes contigo porque não trabalhas o
 suficiente, porque só pensas em sair com os amigos, porque o teu quarto é uma perfeita
 desordem... Mas hoje quero dizer-te que tu és muito importante para mim. Tu fazes,
 juntamente com a tua mãe, toda a diferença na minha vida e gostaria que aceitasses
 esta fita roxa como testemunho do meu amor. Não te digo muitas vezes, mas és um
 miúdo formidável!"
 Mal acabou de falar, o rapaz começou a chorar, a chorar, com o corpo todo a tremer de
 soluços.
 O pai agarrou-o nos braços e disse-lhe:
 “Bom, bom... Disse alguma coisa que te magoou?”
 “Não pai... mas... snif... tinha decidido suicidar-me amanhã. Tinha tudo organizado
 porque tinha a certeza de que não me amavas apesar dos meus esforços para te
 agradar. Agora tudo mudou.”

 Pense nisso, você pode mudar o rumo da vida de alguém! Para melhor!

                                                ***
                              A FORTUNA E O MENDIGO
(William J. Bennett - org. O Livro das Virtudes II - O Compasso Moral Editora Nova Fronteira)

 Um dia, um mendigo esfarrapado estava se arrastando de casa em casa, carregando
 uma malinha velha; em cada porta, pedia alguns centavos para comprar comida.
 Queixava-se da vida, imaginando por que as pessoas que tinham bastante dinheiro
 nunca estavam satisfeitas, sempre querendo mais.
 - Por exemplo, o dono desta casa disse - , eu o conheço muito bem. Sempre foi bem nos
 negócios e, há muito tempo, ficou imensamente rico. Pena que não teve a sabedoria de
 parar por ali. Podia ter transferido os negócios a outra pessoa e passado o resto da vida
 descansando. Mas, em vez disso, o que foi que ele fez? Resolveu construir navios,


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enviando-os para comerciar com países estrangeiros. Pensou que ia ganhar montanhas
 em ouro.
  "Mas caíram fortes tempestades; os navios naufragaram e toda a sua riqueza foi
 engolida pelas ondas. Agora, todas as suas esperanças jazem no fundo do mar, e sua
 grande riqueza desapareceu, como se acordasse de um sonho."
  "Há muitos casos como esse. Os homens nunca ficam satisfeitos enquanto não
 conseguem ganhar o mundo inteiro!"
  "Quanto a mim, se tivesse o suficiente para comer e me vestir, não ia querer mais
 nada!"
  Nesse momento, a Fortuna veio descendo a rua e parou quando viu o mendigo. Disse-
 lhe:
  - Escute! Há muito tempo venho querendo ajudá-lo. Segure sua malinha enquanto eu
 despejo umas moedas de ouro nela. Mas só faço isso com uma condição: o que ficar na
 malinha será ouro puro, mas o que cair no chão vai virar poeira. Está compreendendo?
  - Sim, sim, claro que compreendo - disse o mendigo.
 - Então tome cuidado - disse a fortuna. - Sua malinha está velha, é melhor não a encher
 muito.
  O mendigo estava tão contente que mal podia esperar. Abriu rapidamente a malinha e
 uma torrente de moedas de ouro foi despejada ali dentro. Logo, a malinha foi ficando
 muito pesada.
 - Já é o bastante? - perguntou a Fortuna.
  - Ainda não.
  - Mas ela já não está rachando?
  - Que nada!
  As mãos do mendigo começaram a tremer. Ah, se a torrente de ouro pudesse fluir
 para sempre!
  - Agora você já é o homem mais rico do mundo!
  - Só mais um pouquinho - disse o mendigo. - Só mais uns punhados.
  - Pronto, já está cheia. Essa malinha vai explodir!
  - Mas ainda agüenta um pouquinho, só mais um pouquinho!
  Caiu mais uma moeda - e a malinha estourou. O tesouro caiu ao chão e virou poeira. A
 Fortuna havia desvanecido. Agora, o mendigo só tinha mesmo a malinha vazia, ainda
 por cima rasgada de alto abaixo. Estava mais pobre do que antes.

                                          ***
                             A GALINHA E A ÁGUIA
Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro, a fim de mantê-
lo cativo em casa. Conseguiu pegar um filhote de águia.
Colocou-o no galinheiro junto às galinhas. Cresceu como uma galinha.
Depois de cinco anos, esse homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista.
Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
- Esse pássaro aí não é uma galinha. É uma águia.
                                                                                       25
- De fato - disse o homem - é uma águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais
águia. É uma galinha como as outras.
- Não, - retrucou o naturalista - ela é e será sempre uma águia. Este coração a fará um dia
voar às alturas.
- Não - insistiu o camponês - ela virou galinha e jamais voará como águia.
Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e,
desafiando-a, disse:
- Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra
suas asas e voe!
A águia ficou sentada sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao
redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas.
 O camponês comentou:
- Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
- Não, - tornou a insistir o naturalista - ela é uma águia. E uma águia sempre será uma
águia. Vamos experimentar novamente amanhã.
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa.
Sussurrou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!
Mas, quando a águia viu lá embaixo as galinhas ciscando o chão, pulou e foi parar junto
delas.
O camponês sorriu e voltou a carga:
- Eu havia lhe dito, ela virou galinha!
- Não, - respondeu firmemente o naturalista - ela é águia e possui sempre um coração de
águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia,
levaram-na para o alto de uma montanha. O sol estava nascendo e dourava os picos das
montanhas.
O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas
asas e voe!
A águia olhou ao redor. Tremia, como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então,
o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, de sorte que seus olhos
pudessem se encher de claridade e ganhar as dimensões do vasto horizonte.
Foi quando ela abriu suas potentes asas.
Ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto e voar cada
vez mais para o alto.
Voou. E nunca mais retornou.


 De Edna Feitosa
    Esta é uma história que vem de um pequeno país da África Ocidental, Gana, narrada por um
   educador popular, James Aggrey, nos inícios deste século, quando se davam os embates pela
                                        descolonização.

                                                                                               26
***
                           A GALINHA VERMELHA
Uma galinha vermelha achou alguns grãos de trigo e disse a seus vizinhos:
- Se plantarmos este trigo, teremos pão para comer. Alguém quer me ajudar a plantá-
lo?
- Eu não!, disse a vaca.
- Nem eu!, emendou o pato.
- Eu também não!, falou o porco.
- Então eu mesma planto!, disse a galinha vermelha.
E assim o fez. O trigo cresceu alto e amadureceu em grãos dourados.
- Quem vai me ajudar a colher o trigo?, quis saber a galinha.
- Não faz parte de minhas funções!, disse o porco.
- Eu não me arriscaria a perder o seguro-desemprego!, exclamou o pato.
- Então eu mesma colho!, falou a galinha. E colheu o trigo ela mesma.
Finalmente, chegou a hora de preparar o pão.
- Quem vai me ajudar a assar o pão?, indagou a galinha vermelha.
- Só se me pagarem hora extra!, falou a vaca.
- Eu não posso por em risco meu auxílio-doença!, emendou o pato.
- Eu fugi da escola e nunca aprendi a fazer pão!, disse o porco.
Ela então assou cinco pães, e pôs todos numa cesta para que os vizinhos pudessem ver.
De repente, todo mundo queria pão, e exigiu um pedaço. Mas a galinha simplesmente
disse
- Não, eu vou comer os cinco pães sozinha.
- Lucros excessivos!, gritou a vaca.
- Sanguessuga capitalista!, exclamou o pato.
- Eu exijo direitos iguais!, bradou o ganso.
O porco, esse só grunhiu.
Eles pintaram faixas e cartazes dizendo "Injustiça" e marcharam em protesto contra a
galinha, gritando obscenidades.
Quando um agente do governo chegou, disse à galinhazinha vermelha:
- Você não pode ser assim egoísta!
- Mas eu ganhei esse pão com meu próprio suor!, defendeu-se a galinha.
- Exatamente!, disse o funcionário do governo.
- Essa é a beleza da livre empresa. Qualquer um aqui na fazenda pode ganhar o quanto
quiser. Mas sob nossas modernas regulamentações governamentais, os trabalhadores
mais produtivos têm que dividir o produto de seu trabalho com os que não fazem nada!
E todos viveram felizes para sempre, inclusive a pequena galinha vermelha, que sorriu
e cocoricou:
- Eu estou grata! Eu estou grata!

                                                                                    27
Mas os vizinhos sempre se perguntavam por que a galinha nunca mais fez um pão, por
que após um ano todos morreram de fome, e por que a fazenda faliu...

Moral da estória
Quando não se valoriza quem trabalha, corre-se o risco de entrar em falência moral,
intelectual, social, econômica e cultural!
O trabalho, é lei da Natureza mediante a qual o homem forja o próprio progresso
desenvolvendo as possibilidades do meio ambiente em que se situa, ampliando os
recursos de preservação da vida, por meio das suas necessidades imediatas na
comunidade social onde vive. Desde as imperiosas necessidades de comer e beber,
defender-se dos excessos climatéricos até os processos de garantia e preservação da
espécie, pela reprodução, o homem vê-se coagido a lei do trabalho.
A lei do trabalho impõe-se a todos e ninguém fugirá dela impunemente, deixando de
ser surpreendido mais adiante... A homem algum é permitido usufruir os benefícios do
trabalho de outro sem a justa retribuição e toda exploração imposta pelo usuário
representa cárcere e algema para si próprio.
Ninguém logrará resultado excelente, sem esforçar-se, conferindo à obra do bem o
melhor de si mesmo.

                                       ***
                          A HISTÓRIA DA LAGARTA
Imagine uma lagarta. Passa grande parte de sua vida no chão, olhando os pássaros,
indignada com seu destino e com sua forma.
"Sou a mais desprezível das criaturas", pensa.
"Feia, repulsiva, condenada a rastejar pela terra."
Um dia, entretanto, a Natureza pede que faça um casulo.
A lagarta se assusta - jamais fizera um casulo antes.
Pensa que está construindo seu túmulo, e prepara-se para morrer.
Embora indignada com a vida que levou até então, reclama novamente com Deus.
"Quando finalmente me acostumei, o Senhor me tira o pouco que tenho."
Desesperada, tranca-se no casulo e aguarda o fim.
Alguns dias depois, vê-se transformada numa linda borboleta.
Pode passear pelos céus, e ser admirada pelos homens.
Surpreende-se com o sentido da vida e com os desígnios de Deus.

                                       ***
                        A HISTÓRIA DE UM JARDIM
Amanheceu, o dia era lindo, o sol brilhava, o jardim cheio de flores, cada uma delas
mais imponente e perfumada que a outra, começava enfim a primavera.
Haviam rosas desabrochando, papoulas excitadas, jasmins que balançavam ao vento,
margaridas em grupos, violetas excêntricas.
                                                                                   28
O jardim mais parecia uma festa a luz do dia.
Todos que ali passavam admiravam a riqueza daquele instante, a profundidade
daquele momento e podiam sentir aquele aroma que trazia paz.

O colorido era maravilhoso, rosas vermelhas, margaridas amarelas, violetas
roxas....tudo perfeito, tudo completo.
A grama completava aquele cenário irretocável e os raios de sol pousavam para
emoldurar aquele momento.
Chegou então o JARDINEIRO, para dar amor e carinho àquelas flores, fez o seu serviço
em silêncio.
Podou, regou, plantou novas sementes, quando de repente percebeu que era
observado por alguém que lhe disse:
- Que belo jardim, você é um artista, conseguir manter assim tudo perfeito, é uma arte.
Ele então respondeu:
 ...mas não está tudo perfeito! Olhe ali no centro do jardim, está vendo aquela
orquídea? Ela está triste, ela está chorando, ela está sofrendo muito.
- Mas você consegue enxergar isso? Eu não estou conseguindo perceber, ela me parece
tão linda!
- Você não consegue perceber, porque a beleza que ela traz por fora esconde a tristeza
que ela carrega por dentro, mas eu posso perceber, porque os meus olhos, moram no
meu coração e é só por isso que sou um artista.

Conservar a beleza de um jardim, não é ser artista, ser artista é perceber, entender,
aceitar e sentir a tristeza de uma única flor que se esconde no meio de tantas.


                                         ***
                              A LATINHA DE LEITE
Um fato real. Dois irmãozinhos maltrapilhos, provenientes da favela, um deles de cinco
anos e o outro de dez, iam pedindo um pouco de comida pelas casas da rua que beira o
morro. Estavam famintos "vai trabalhar e não amole", ouvia-se detrás da porta; "aqui
não há nada moleque...", dizia outro...
As múltiplas tentativas frustradas entristeciam as crianças... Por fim, uma senhora
muito atenta disse-lhes "Vou ver se tenho alguma coisa para vocês... coitadinhos!"E
voltou com uma latinha de leite.
Que festa! Ambos se sentaram na calçada. O menorzinho disse para o de dez anos"você
é mais velho, tome primeiro..." e olhava para ele com seus dentes brancos, a boca
semi-aberta, mexendo a ponta da língua.
Eu, como um tolo, contemplava a cena... Se vocês vissem o mais velho olhando de lado
para o pequenino! Leva a lata à boca e, fazendo gesto de beber, aperta fortemente os
lábios para que por eles não penetre uma só gota de leite. Depois, estendendo a lata,
diz ao irmão:
                                                                                      29
"Agora é sua vez, só um pouco." E o irmãozinho, dando um grande gole exclama"como
está gostoso!"
"Agora eu", diz o mais velho. E levando a latinha, já meio vazia, à boca, não bebe
nada. "Agora você", "Agora eu", "Agora você", "Agora eu"...
E, depois de três, quatro, cinco ou seis goles, o menorzinho, de cabelo encaracolado,
barrigudinho, com a camisa de fora esgota o leite todo... ele sozinho.
Esse "Agora você", "Agora eu" encheram-me os olhos de lágrimas...
E então, aconteceu algo que me pareceu extraordinário. O mais velho começou a
cantar, a sambar, a jogar futebol com a lata de leite. Estava radiante, o estômago vazio,
mas o coração trasbordante de alegria. Pulava com a naturalidade de quem não fez
nada de extraordinário, ou melhor, com a naturalidade de quem está habituado a fazer
coisas extraordinárias sem dar-lhes maior importância.
Daquele moleque nós podemos aprender a grande lição, "quem dá é mais feliz do que
quem recebe". É assim que nós temos de amar. Sacrificando-nos com tal naturalidade,
com tal elegância, com tal discrição, que os outros nem sequer possam agradecer-nos o
serviço que nós lhe prestamos.


                                          ***
                             A LENDA DA CONCHA!
Há muito tempo não chovia naquela terra. Estava tão quente e seco que as flores
ficaram murchas, o capim tornara-se marrom e até mesmo as árvores grandes e fortes
estavam morrendo.
A água evaporou nos rios e nos córregos, os poços estavam secos e as fontes pararam
de jorrar. As vacas, os cães, os cavalos, os pássaros e todas as pessoas tinham muita
sede. Todos se sentiam incomodados e doentes.
Havia uma menininha cuja mãe ficara muito doente. - Oh! Se eu puder encontrar um
pouco d’água para minha mãe, tenho certeza de que ela ficará bem outra vez. Eu
preciso achar água.
Então ela pegou uma concha de lata e começou a procurar água. Encontrou uma
pequenina fonte no alto da encosta da montanha. A fonte estava quase seca. A água
pingava muito devagar por sob a pedra.
A menininha posicionou a concha cuidadosamente e colheu as gotas. Ela esperou
muito, muito tempo até que a concha ficasse cheia d’água. Então, ela começou a
descer a montanha segurando a concha com muito cuidado, por que não queria
derramar uma gota sequer.
No caminho ela encontrou um pobre cachorrinho. Ele mal se arrastava. Arfava
sofregamente à procura de ar e sua língua estava pendurada de tão seca.
- Oh, pobre cachorrinho! - disse a menininha - você está com muita sede. Eu não posso
deixá-lo sem um pouco de água. Se eu lhe der só um pouquinho, ainda restará bastante
para minha mãe. Então a menininha verteu um pouco d’água em sua mão e deu de
beber ao cachorrinho.
                                                                                        30
Ele tomou a água bem depressa e se sentiu tão melhor que pulou e latiu como que
dizendo: "obrigada menininha".
 A menina não reparou, mas sua concha de lata se havia transformado numa concha de
prata e estava tão cheia de água quanto antes.
Pensou em sua mãe e andou o mais depressa possível. Chegou em casa no final da
tarde, quando já escurecia. A menininha abriu a porta e correu para o quarto da mãe.
Quando entrou no quarto, a velha empregada que ajudava no serviço e trabalhara o
dia inteiro sem descansar tomando conta da doente, caminhou até a porta. Ela estava
tão cansada e com tanta sede que nem conseguiu falar com a menininha.
 - Dê-lhe um pouco d’água! - disse a mãe - ela trabalhou o dia inteiro, e precisa mais de
água do que eu.
A menininha levou a concha aos lábios da velha e ela bebeu parte da água. Na mesma
hora, a empregada se sentiu melhor e mais forte; caminhou até a mãe e a levantou.
A menininha não reparou que a concha transformara-se em ouro e estava tão cheia de
água quanto antes.
Então levou a concha até os lábios da mãe, que bebeu e bebeu. A mãe se sentiu tão
melhor! Quando terminou de beber, ainda havia um pouco de água na concha. A
menininha ia levá-la aos próprios lábios, quando ouviu uma batida na porta.
A empregada foi abrir e lá estava um forasteiro muito abatido e coberto de poeira da
estrada.
- Estou com sede - disse - quer me dar um pouco de água?
A menininha respondeu:
- Claro que sim, tenho certeza de que você precisa mais do que eu. Beba tudo.
O forasteiro sorriu e tomou a concha nas mãos; quando a segurou, ela transformou-se
numa cocha de diamantes.
Ele a virou de cabeça para baixo e a água derramada se infiltrou no chão. No lugar onde
a água se infiltrou, surgiu uma fonte. A água fresca minava e corria tão farta que deu de
beber a todas as pessoas e a todos os animais daquela terra para sempre.

APONTAMENTO:

Se observarmos ao nosso redor muitos são os que necessitam de um pouco de água, a
água da esperança e do amor. Temos tanto e negamos as pessoas. Possamos refletir
nessa antiga lenda e observarmos que quanto mais nós dermos com amor, mais
teremos!
                                       ***
                          A LENDA DAS ORQUÍDEAS
Era uma vez...
Em uma cidade chinesa, existia uma jovem famosa chamada Hoan Lan, que divertia-se,
em fazer penar suas paixões aos seus numerosos adoradores.
Por um sorriso, o jovem Kien Fu, tinha cinzelado o ouro mais fino e trabalhado com
infinita paciência as mais lindas peças de jade.
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A ingrata, após se adornar com todos os presentes do nobre apaixonado, riu-se dele e
o desprezou. Kien Fu, desesperado, acabou com a própria vida atirando-se ao Rio
Vermelho.
O pintor Nguyen Ba conseguiu obter cores desconhecidas para pintar o retrato de sua
amada. Esta, porém, depois de ter exibido para satisfação de sua vaidade a magnífica
pintura, desprezou o artista que desapareceu para sempre no mistério das selvas...
Mai Da, apaixonado também, quis patentear seu amor à jovem volúvel, inventando um
perfume delicioso somente digno dos anjos. A ingrata perfumou-se e mandou pôr na
rua o seu adorador que, nada mais aspirando na vida, se envenenou...
Cung Le levou sua perseverança a incrustar nácar numa pulseira de ébano, que foi
recebida pela ingrata. O pobre endoideceu...
Mas, o poderoso Deus das cinco flechas, Deus que a tudo via e tudo ordenava, julgou
que era o momento de castigar tanta maldade, fazendo a jovem volúvel apaixonar-se
pelo formoso Mun Cay.
Desde então, Hoan Lan sonhava no seu leito de nácar e sedas bordadas, com seu
adorado, cujo nome, esvoaçava sobre seus lábios de carmim, como uma borboleta
sobre a rosa.
Ao despertar, descia à piscina, banhava-se e adornava-se com suas jóias mais preciosas,
para ver passar seu querido Mun Cay, que apenas se dignava a levantar os olhos para
ela.
Nunca tinha considerado a formosa jovem, nem se interessado pela fama de beleza
que tinha ardido à sua volta.
Os dias iam passando e Mun Cay não saía de sua indiferença cruel...
Um dia, Hoan Lan decidiu sair-lhe ao encontro e declarar-lhe paixão...
"Não me interessas rapariga!" - disse ele. "És como todas as outras. Para mim não
vales nada! Se fosses como aquela que eu amo... Esta sim, é uma deusa! Tu, mísera
Hoan Lan, com toda tua vaidade, não serves nem para atar-lhe as fitas das sandálias!".
E, com um sorriso desdenhoso, afastou-se...
Em meio de seu desespero, Hoan Lan lembrou-se do deus todo poderoso que vivia na
montanha de Tan Vien. Talvez ele pudesse lhe valer...
Apesar da noite escura e chuvosa, a jovem dirigiu-se ao monte sagrado, onde residia
sua última esperança.
A entrada do templo subterrâneo, era guardada por um terrível dragão.
Suplicou-lhe a concessão de entrada e ao cabo de muitos pedidos conseguiu penetrar
num extenso corredor, por entre serpentes horríveis que lhe babujavam os pés nus.
Quando chegou junto ao trono de ônix do poderoso gênio, prostrou-se e implorou:
"Cura-me, que sofro horrivelmente! Amo Mun Cay que me despreza!"
"É justo o castigo" - respondeu o deus - "pelo que tens feito aos teus apaixonados".
"Oh! Todo poderoso! Tem dó de mim! Concede o amor de meu querido Mun Cay! Sabes
bem que não posso viver sem ele!"
"Vai-te daqui!" - rugiu o gênio - nada conseguirás! O castigo que pesa sobre ti, foi
imposto pelo Kama que tudo sabe! É justo que sofras! Saia de meu templo!"
À saída, Hoan Lan encontrou-se com uma bruxa de pés de cabra!
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"Formosa jovem" - disse-lhe a bruxa - "sei que és muito desgraçada. Queres vingar-se
de Mun Cay? Vende-me a tua alma e juro-te que, embora Mun Cay não te ame, não
amará à outra mulher!"
Hoan Lan voltou à sua casa que lhe parecia um cárcere.
Saía pelos bosques para distrair sua pena, mas sempre em vão. . .
Um dia, vendo ao longe seu adorado Mun Cay, correu para ele e quando se preparava
para abraçá-lo, o jovem foi transformado numa árvore de ébano!
Neste momento apareceu a bruxa que, soltando uma gargalhada, lhe disse:
"Desta maneira, o teu amado não pode ser nunca de outra mulher!"
"Bruxa infame!" - exclamou chorando, a pobre Hoan Lan - "o que fizeste a meu
adorado? Devolva-me ou mata-me!"
"Contratos são contratos!" - replicou a bruxa, rindo satanicamente.
"Cumpri o que prometi! Mun Cay, embora nunca te ame, não amará a outra mulher!
Prometi e cumpri! A tua alma me pertence!"
Hoan Lan, abraçada ao pé da árvore, clamava desesperadamente a seu tronco imóvel...
"Perdoa-me Mun Cay! Tem para mim, uma só palavra de amor, de indulgência e
compaixão! Não vês como me arrasto aos seus pés? Como te abraço? Como sofro?"
Mas a árvore nada respondia. . .
A jovem ali ficou por muito tempo. . .
Uma manhã, passou por ali um gênio, que se compadeceu de sua dor. Acercando-se
dela, pôs-lhe um dedo na testa e disse:
"Mulher, procedeste muito mal! Foste volúvel até a crueldade e ingrata até a malvadez!
Procedeste muito mal! Mas a tua dor purificou a tua alma!
Estás perdoada e vais deixar de sofrer. Antes que a bruxa venha buscar a tua alma, vou
transformar-te numa flor. Ficarás sendo, no entanto, uma flor esquisita e requintada,
que de a impressão do que foi a tua vida maldosa!
Quem vir as tuas pétalas, facilmente adivinhará o que foi o teu espírito, caprichoso,
volúvel, cruel e a tua preocupação constante pela elegância...
Concedo-te um bem: não te separarás do bem que adoras e viverás da sua seiva,
parasita do teu amado!"
Assim falou o poderoso gênio e enquanto falava, a túnica rósea de Hoan Lan ia
empalidecendo e tornando-se de uma delicada cor lilás...
Os olhos da jovem brilharam como pontos de ouro e as suas carnes tomaram a
tonalidade do nácar.
Os seus formosos braços enrolaram-se na árvore na derradeira súplica.

"E assim, apareceu a primeira orquídea no mundo..."

                                        ***




                                                                                     33
A LENDA DO PEIXINHO VERMELHO
                        Transcrito do prefácio do livro "LIBERTAÇÃO"
                                   [Emmanuel (fev. 1949)],
                                        de André Luiz
                                        Psicografia de
                                  Francisco Cândido Xavier


No centro de formoso jardim, havia um grande lago, adornado de ladrilhos azul-
turquesa.
Alimentado por diminuto canal de pedra, escoava suas águas, do outro lado, através de
grade muito estreita.
Nesse reduto acolhedor, vivia toda uma comunidade de peixes, a se refestelarem,
nédios e satisfeitos, em complicadas locas, frescas e sombrias. Elegeram um dos
concidadãos de barbatanas para os encargos de rei, e ali viviam, plenamente
despreocupados, entre a gula e a preguiça.
Junto deles, porém, havia um peixinho vermelho, menosprezado de todos.
Não conseguia pescar a mais leve larva, nem refugiar-se nos nichos barrentos. Os
outros, vorazes e gordalhudos, arrebatavam para si todas as formas larvárias e
ocupavam, displicentes, todos os lugares consagrados ao descanso.
O peixinho vermelho que nadasse e sofresse.
Por isso mesmo era visto, em correria constante, perseguido pela canícula ou
atormentado de fome.
Não encontrando pouso no vastíssimo domicílio, o pobrezinho não dispunha de tempo
para muito lazer e começou a estudar com bastante interesse.
Fez o inventário de todos os ladrilhos que enfeitavam as bordas do poço, arrolou todos
os buracos nele existentes e sabia, com precisão, onde se reuniria maior massa de lama
por ocasião de aguaceiros.
Depois de muito tempo, à custa de longas perquirições, encontrou a grade do
escoadouro.
À frente da imprevista oportunidade de aventura benéfica, refletiu consigo:
- "Não será melhor pesquisar a vida e conhecer outros rumos?"
Optou pela mudança.
Apesar de macérrimo, pela abstenção completa de qualquer conforto, perdeu várias
escamas, com grande sofrimento, a fim de atravessar a passagem estreitíssima.
Pronunciando votos renovadores, avançou, otimista, pelo rego d'água, encantado com
as novas paisagens, ricas de flores e sol que o defrontavam, e seguiu, embriagado de
esperança...
Em breve, alcançou grande rio e fez inúmeros conhecimentos.
Encontrou peixes de muitas famílias diferentes, que com ele simpatizaram, instruindo-
o quanto aos percalços da marcha e descortinando-lhe mais fácil roteiro.
Embevecido, contemplou nas margens homens e animais, embarcações e pontes,
palácios e veículos, cabanas e arvoredo.

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Habituado com o pouco, vivia com extrema simplicidade, jamais perdendo a leveza e a
agilidade naturais.
Conseguiu, desse modo, atingir o oceano, ébrio de novidade e sedento de estudo.
De início, porém, fascinado pela paixão de observar, aproximou-se de uma baleia para
quem toda a água do lago em que vivera não seria mais que diminuta ração;
impressionado com o espetáculo, abeirou-se dela mais que devia e foi tragado com os
elementos que lhe constituíam a primeira refeição diária.
Em apuros, o peixinho aflito orou ao Deus dos Peixes, rogando proteção no bojo do
monstro e, não obstante as trevas em que pedia salvamento, sua prece foi ouvida,
porque o valente cetáceo começou a soluçar e vomitou, restituindo-o às correntes
marinhas.
O pequeno viajante, agradecido e feliz, procurou companhias simpáticas e aprendeu a
evitar os perigos e tentações.
Plenamente transformado em suas concepções do mundo, passou a reparar as infinitas
riquezas da vida. Encontrou plantas luminosas, animais estranhos, estrelas móveis e
flores diferentes no seio das águas. Sobretudo, descobriu a existência de muitos
peixinhos, estudiosos e delgados tanto quanto ele, junto dos quais se sentia
maravilhosamente feliz.
Vivia, agora, sorridente e calmo, no Palácio de Coral que elegera, com centenas de
amigos, para residência ditosa, quando, ao se referir ao seu começo laborioso, veio a
saber que somente no mar as criaturas aquáticas dispunham de mais sólida garantia,
de vez que, quando o estio se fizesse mais arrasador, as águas de outra altitude,
continuariam a correr para o oceano.
O peixinho pensou, pensou... e sentindo imensa compaixão daqueles com quem
convivera na infância, deliberou consagrar-se à obra do progresso e salvação deles.
Não seria justo regressar e anunciar-lhes a verdade? não seria nobre ampará-los,
prestando-lhes a tempo valiosas informações?
Não hesitou.
Fortalecido pela generosidade de irmãos benfeitores que com ele viviam no Palácio de
Coral, empreendeu comprida viagem de volta.
Tornou ao rio, do rio dirigiu-se aos regatos e dos regatos se encaminhou para os
canaizinhos que o conduziram ao primitivo lar.
Esbelto e satisfeito como sempre, pela vida de estudo e serviço a que se devotava,
varou a grade e procurou, ansiosamente, os velhos companheiros. Estimulado pela
proeza de amor que efetuava, supôs que o seu regresso causasse surpresa e
entusiasmo gerais. Certo, a coletividade inteira lhe celebraria o feito, mas depressa
verificou que ninguém se mexia.
Todos os peixes continuavam pesados e ociosos, repimpados nos mesmos ninhos
lodacentos, protegidos por flores de lotus, de onde saíam apenas para disputar larvas,
moscas ou minhocas desprezíveis.
Gritou que voltara a casa, mas não houve quem lhe prestasse atenção, porquanto
ninguém, ali, havia dado pela ausência dele.

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Ridicularizado, procurou, então, o rei de guelras enormes e comunicou-lhe a reveladora
aventura. O soberano, algo entorpecido pela mania de grandeza, reuniu o povo e
permitiu que o mensageiro se explicasse.
O benfeitor desprezado, valendo-se do ensejo, esclareceu, com ênfase, que havia outro
mundo líquido, glorioso e sem fim. Aquele poço era uma insignificância que podia
desaparecer, de momento para outro. Além do escoadouro próximo desdobravam-se
outra vida e outra experiência. Lá fora, corriam regatos ornados de flores, rios
caudalosos repletos de seres diferentes e, por fim, o mar, onde a vida aparece cada vez
mais rica e mais surpreendente. Descreveu o serviço de tainhas e salmões, de trutas e
esqualos. Deu notícias do peixe-lua, do peixe-coelho e do galo-do-mar. Contou que vira
o céu repleto de astros sublimes e que descobrira árvores gigantescas, barcos imensos,
cidades praieiras, monstros temíveis, jardins submersos, estrelas do oceanos e
ofereceu-se para conduzi-los ao Palácio de Coral, onde viveriam todos, prósperos e
tranqüilos. Finalmente os informou de que semelhante felicidade, porém, tinha
igualmente seu preço. Deveriam todos emagrecer, convenientemente, abstendo-se de
devorar tanta larva e tanto verme nas locas escuras e aprendendo a trabalhar e estudar
tanto quanto era necessário à venturosa jornada.
Antes que terminou, gargalhadas estridentes coroaram-lhe a preleção.
Ninguém acreditou nele.
Alguns oradores tomaram a palavra e afirmaram, solenes, que o peixinho vermelho
delirava, que outra vida além do poço era francamente impossível, que aquelas história
de riachos, rios e oceanos era mera fantasia de cérebro demente e alguns chegaram a
declarar que falavam em nome do Deus dos Peixes, que trazia os olhos voltados para
eles unicamente.
O soberano da comunidade, para melhor ironizar o peixinho, dirigiu-se em companhia
dele até a grade de escoamento e, tentando, de longe, a travessia, exclamou,
borbulhante:
- "Não vês que não cabe aqui nem uma só de minhas barbatanas? Grande tolo! vai-te
daqui! não nos perturbes o bem-estar... Nosso lago é o centro do Universo... Ninguém
possui vida igual à nossa!..."
Expulso a golpes de sarcasmo, o peixinho realizou a viagem de retorno e instalou-se,
em definitivo, no Palácio de Coral, aguardando o tempo.
Depois de alguns anos, apareceu pavorosa e devastadora seca.
As águas desceram de nível. E o poço onde viviam os peixes pachorrentos e vaidosos
esvaziou-se, compelindo a comunidade inteira a perecer, atolada na lama...

                                         ***




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A LIBÉLULA
                           Extraído do livro Sabedoria em Parábolas,
                                      Prof. Felipe Aquino

Num lugar muito bonito, onde havia árvores, flores e um lindo lago...
Certo dia surgiu um casulo...
E quando ele se rompeu, de dentro saiu voando uma linda libélula.
E ela ficou tão encantada com o lugar, que voou por cada pedacinho...
Brincou nas flores, nas árvores, no lago, nas nuvens...
E quando ela tinha conhecido tudo... no alto de uma colina, avistou uma casa...
A casa do homem... e a libélula havia de conhecer a casa do homem... e foi voando pra
lá...
E então, a libélula entrou por uma janela, justo a janela da cozinha...
E nesse dia, uma grande festa era preparada.
Um homem com um chapéu branco... grande... dava ordens para os criados...
Mas a libélula não se preocupou com isso, brincou entre os cristais se viu na bandeja de
prata, explorou cada pedacinho daquele novo mundo...
Quando de repente, ela viu sobre a mesa... uma tigela cheia de nuvens!!!
E a libélula não resistiu, ela tinha adorado brincar nas nuvens... e mergulhou...
Mas quando mergulhou... ahhhhh... aquilo não eram nuvens, e ela foi ficando toda
grudada, e quando mais ela se mexia tentando escapar... ahhhh... mais ela afundava...
E a libélula começou a rezar, fazia promessas e dizia que se conseguisse sair dali,
dedicara o resto de seus dias a ajudar os insetos voadores... e ela rezava e pedia...
Até que o chefe da cozinha começou a ouvir um barulhinho, e ele não sabia que era
uma libélula rezando e quando olhou na tigela de claras em neve... arghhh um inseto!!!
E ele pegou a libélula e a atirou pela janela...
A libélula então se arrastou para um pedacinho de grama, e sob o sol começou a se
limpar... e quando se viu liberta... ahhhh ela estava tão cansada que se virou pra Deus e
disse:
- Eu prometi dedicar o resto de minha vida a ajudar os outros insetos voadores, mas
agora estou tão cansada, que prometo cumprir minha promessa a partir de amanhã...
E a libélula adormeceu... Mas o que ela não sabia, e você também não sabe, é que
libélulas vivem apenas um dia... E naquele pedacinho de grama, a libélula adormeceu, e
não mais acordou.

REFLEXÃO:
Se tiver que fazer alguma coisa de bom, faça hoje, faça agora, faça já, pois amanhã
pode ser tarde demais.

                                             ***



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A LIÇÃO DO FOGO
Um membro de um determinado grupo, ao qual prestava serviços regularmente, sem
nenhum aviso deixou de participar de suas atividades.
Após algumas semanas, o líder daquele grupo decidiu visitá-lo. Era uma noite muito fria.
O líder encontrou o homem em casa sozinho, sentado diante da lareira, onde ardia um
fogo brilhante e acolhedor.
Adivinhando a razão da visita, o homem deu as boas-vindas ao líder, conduziu-o a uma
grande cadeira perto da lareira e ficou quieto, esperando.
O líder acomodou-se confortavelmente no local indicado, mas não disse nada.
No silêncio sério que se formara, apenas contemplava a dança das chamas em torno das
achas de lenha, que ardiam.
Ao cabo de alguns minutos, o líder examinou as brasas que se formaram e
cuidadosamente selecionou uma delas, a mais incandescente de todas, empurrando-a
para o lado.
Voltou então a sentar-se, permanecendo silencioso e imóvel.
O anfitrião prestava atenção a tudo, fascinado e quieto.
Aos poucos a chama da brasa solitária diminuía, até que houve um brilho momentâneo e
seu fogo apagou-se de vez.
Em pouco tempo o que antes era uma festa de calor e luz, agora não passava de um
negro, frio e morto pedaço de carvão recoberto de uma espessa camada de fuligem
acinzentada.
Nenhuma palavra tinha sido dita desde o protocolar cumprimento inicial entre os dois
amigos.
O líder, antes de se preparar para sair, manipulou novamente o carvão frio e inútil,
colocando-o de volta no meio do fogo.
Quase que imediatamente ele tornou a incandescer, alimentado pela luz e calor dos
carvões ardentes em torno dele.
Quando o líder alcançou a porta para partir, seu anfitrião disse:
- Obrigado. Por sua visita e pelo belíssimo sermão. Estou voltando ao convívio do grupo.
Deus te abençoe!

Reflexão:
Aos membros de um grupo vale lembrar que eles fazem parte da chama e que longe do
grupo eles perdem todo o brilho. Aos lideres vale lembrar que eles são responsáveis por
manter acesa a chama de cada um e por promover a união entre todos os membros, para
que o fogo seja realmente forte, eficaz e duradouro.

                                         ***




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A MACIEIRA ENCANTADA
                       Autora: Maria Madalena de Oliveira Junqueira Leite
                                   e-mail: madjl@uol.com.br
       Master Practitioner em Programação Neurolingüística, com especialização em Saúde
                    http://www.metaforas.com.br/metaforas/g50metaf.htm

Era uma vez um reino antigo e pobre, situado perto de uma grande montanha.
Havia uma lenda de que, no alto dessa montanha havia uma Macieira mágica, que
produzia maçãs de ouro. Para colher as maçãs era preciso chegar até lá, enfrentando
todas as situações que aparecessem no caminho. Nunca ninguém havia conseguido essa
façanha, conforme dizia a lenda.
O Rei do lugar resolveu oferecer um grande prêmio àquele que se dispusesse a fazer essa
viagem e que conseguisse trazer as maçãs, pois assim o reino estaria a salvo da pobreza e
das dificuldades que o povo enfrentava. O prêmio seria da escolha do vencedor e incluía a
mão da princesa em casamento.
Apareceram três valorosos e corajosos cavaleiros dispostos a essa aventura tão difícil.
Eles deveriam seguir separados e, por coincidência, havia três caminhos:

      1º - rápido e fácil, onde não havia nenhum obstáculo e nenhuma dificuldade;
      2º - rápido e não tão fácil quanto o primeiro, pois havia algumas situações a serem
      enfrentadas;
      3º - longo e difícil, cheio de situações trabalhosas.

Foi efetuado um sorteio para ver quem escolheria em primeiro lugar um desses caminhos.
O primeiro sorteado escolheu, naturalmente, o Primeiro caminho. O segundo sorteado
escolheu o Segundo caminho. O terceiro sorteado, sem nenhuma outra opção, aceitou o
Terceiro caminho.
Eles partiram juntos, no mesmo horário, levando consigo apenas uma mochila contendo
alimentos, agasalhos e algumas ferramentas.
O Primeiro, com muita facilidade chegou rapidamente até a montanha, subiu, feliz por
acreditar que seria o vencedor e quando se deparou com a Macieira Encantada sorriu de
felicidade. O que ele não esperava, porém, é que ela fosse tão inatingível. Como chegar
até as maçãs? Elas estavam em galhos muito altos. Não havia como subir. O tronco era
muito alto também. Ele não possuía nenhum meio de chegar até lá em cima. Ficou
esperando o Segundo chegar para resolverem juntos a questão.
O Segundo enfrentou galhardamente a primeira situação com a qual se deparou, porém
logo em seguida apareceu outra, e logo depois mais uma e mais outra, sendo algumas
delas um tanto difíceis de superar. Ele acabou ficando cansado, esgotado até ficar doente,
e cair prostrado. Quando se deu conta de seu péssimo estado físico, foi obrigado a
retroceder e voltou para a aldeia, onde foi internado para cuidados médicos.
O Terceiro teve seu primeiro teste quando acabou sua água e ele chegou a um poço.
Quando puxou o balde, arrebentou a corda e ele então, rapidamente, com suas
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ferramentas e alguns galhos, improvisou uma escada para descer até o poço e retirar a
água para saciar sua sede. Resolveu levar a escada consigo e também a corda remendada.
Percebeu que estava começando a gostar muito dessa aventura.
Depois de descansar, seguiu viagem e precisou atravessar um rio com uma correnteza
fortíssima. Construiu, então, uma pequena jangada e com uma vara de bambu como
apoio, conseguiu chegar do outro lado do rio, protegendo assim sua mochila, seus
agasalhos e todo o material que levava consigo para o momento que precisasse deles,
incluindo a jangada.
Em um outro ponto do caminho ele teve de cortar o mato denso e passar por cima de
grossos troncos. Com esses troncos ele fez rodas para facilitar o transporte do seu
material, usando também a corda para puxar.
E assim, sucessivamente, a cada nova situação que surgia, como ele não tinha pressa,
calmamente, fazendo uso de tudo o que estava aprendendo nessa viagem e do material
que, prudentemente guardara, resolvia facilmente a questão.
A viagem foi longa, cheia de situações diferentes, de detalhes, e logo chegou o momento
esperado, quando ele se defrontou com a Macieira Encantada. O Primeiro havia se
cansado de esperar e também retornara ao povoado.
O encanto da Macieira tomou conta do Terceiro. Ela era tão linda, grande, alta, brilhante.
Os raios do sol incidindo nos frutos dourados irradiavam uma luz imensa que o deixou
extasiado. Quanto mais olhava para a luz dourada, mais ele se sentia invadir por ela, e
percebeu que todo o seu corpo parecia estar também dourado. Nesse momento ele
sentiu como se uma onda de sabedoria tomasse conta de seu ser. Com essa sensação
maravilhosa ele se deixou ficar, inebriado, durante longo tempo. Depois do impacto ele se
pôs a trabalhar e preparou cuidadosamente, seu material, fazendo uso de todos os seus
recursos. Transformou a jangada numa grande cesta, para guardar as maçãs dentro, subiu
na árvore, pela escada, usou o bambu para empurrar as maçãs mais altas e mais distantes.
Tudo isso e mais algumas providências que sua criatividade lhe sugeriu para facilitar seu
trabalho, que havia se transformado em prazer.
Depois de encher a cesta com as maçãs, e com a certeza de que poderia voltar ali quando
quisesse, por ser a Macieira pródiga, ele agradeceu a Deus por ter chegado, por ter
conseguido concluir seu objetivo. Agradeceu principalmente a si mesmo pela coragem e
persistência na utilização de todos os seus recursos, como inteligência e criatividade.

Voltou pelo caminho mais fácil, levando consigo os frutos de seu trabalho e de seus
esforços, frutos esses colhidos com muita competência e merecimento. Descobriu, entre
outras coisas que:
            tudo que apareceu em seu caminho foi útil e importante para sua vitória;
            cada uma das situações que ele resolveu, foi de grande aprendizado, não só
              para aquele momento, mas também para vários outros na sua vida futura;
            quando você faz do seu trabalho um prazer, suas chances de sucesso são
              muito maiores;
            quando seu objetivo vale a pena, não há nada que o faça desistir no meio do
              caminho;
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Contos que elevam a alma

  • 1. CONTOS QUE ELEVAM A ALMA Livro I Material recolhido no site http://aeradoespirito.sites.uol.com.br por Antonio Celso 1
  • 2. ÍNDICE A ÁGUA DO PARAÍSO A ÁGUIA E A GRALHA A ÁGUIA E O PARDAL A ÁRVORE DOS PROBLEMAS A ÁRVORE ORGULHOSA A BALSA DA MEDUSA (Novo) A BUSCA DO REINO A CARTA A CASA QUEIMADA A CAUDA DO MUNDO A CIDADE DOS RESMUNGOS A DANÇA A ESTÓRIA DO MARTELO A ESTRELA VERDE A FÁBRICA DOS PENSAMENTOS A FACE DE DEUS A FELICIDADE NÃO ESTÁ ONDE SE PROCURA A FITA ROXA A FORTUNA E O MENDIGO A GALINHA E A ÁGUIA A GALINHA VERMELHA A HISTÓRIA DA LAGARTA A HISTÓRIA DE UM JARDIM A LATINHA DE LEITE A LENDA DA CONCHA! A LENDA DAS ORQUÍDEAS A LENDA DO PEIXINHO VERMELHO A LIBÉLULA A LIÇÃO DO FOGO A LOJA DE DEUS A LUZ AZUL A MACIEIRA ENCANTADA A MAIS BELA FLOR A MARAVILHOSA HISTÓRIA DO GRANDE MÚSICO TANSEN A MEDITAÇÃO E O GATO A NUVEM E A DUNA A PAZ INTERIOR E AS REAÇÕES A PEQUENINA LUZ AZUL A PORCELANA DO REI A RAPOSA ALEIJADA A RAPOSA E AS UVAS A SUA VERDADE! A TAÇA TRANSBORDANTE A TEMPESTADE E AS GAIVOTAS A TERRA DA ALEGRIA A VERDADE 2
  • 3. A VIDA DOS HUMANOS QUE SE DISTANCIAM DE DEUS ADELAIDE, UMA POMBA AONDE VOCÊ VAI? APENAS UM MINUTO? APRENDA A ESCREVER NA AREIA APRENDENDO A CONVERSAR COM DEUS AS CODORNAS AS COISAS NEM SEMPRE SÃO O QUE PARECEM AS NOVE COISAS AS TRÊS RECOMPENSAS CASAMENTO CERTO E ERRADO CHINELOS DOURADOS CÍRCULO DOS 99 COMO O MAL GERA O MAL COMO ORAR CORRETAMENTE? CORRENDO RISCOS CORTAR LENHA CULPADO OU INOCENTE DA SINCERIDADE DESARRUMADO OU PERFEITO? DESEJOS DEUS, A CRIANÇA E O ANJO DOENTE, GRAÇAS A DEUS DOR DE OLHO DORMIR ENQUANTO OS VENTOS SOPRAM DOZE PRATOS É DEUS TIRANDO FOTOS MINHAS ECO DA VIDA ERA UMA VEZ... ESCOLA DE ANJOS ESPINHO ALHEIO ESTABELECIMENTO DE UMA TRADIÇÃO EU CREIO EM TI EU POSSO FAZER EX-SUICIDA FABULA DA CONVIVÊNCIA FURO NO PNEU HÁ MAIS LUZ POR AQUI IDEIONILDO E A CHAVE AZUL (Novo) INVESTIMENTO APIMENTADO ISAAC MORRE LENDA DAS LÁGRIMAS LENDA JUDAICA LENDA DE TRADIÇÃO JUDAICA MEDITAÇÃO E MACACOS MENTE EM MOVIMENTO MINHA ROSA E MINHA RAPOSA (Trecho de Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupery) NADA EXISTE NÃO CONHEÇO TÍTULOS NÃO SE DEIXE INCOMODAR NINGUÉM CONTROLA TUDO O QUE ACONTECE NA PRÓPRIA VIDA NÓ DO CARINHO 3
  • 4. A ÁGUA DO PARAÍSO (Sabedoria sufi) Havia um beduíno que ia de um lugar para outro do deserto, vivendo de tâmaras, animais e águas salobras. Um dia descobriu um novo manancial no areal e, conquanto fosse desagradavelmente salgada a outras pessoas, pareceu-lhe ser a própria água do paraíso, comparada com as que conhecia. - Vou levar a quem possa apreciar! Rumou, pressuroso, ao palácio de Harun el-Raschid, levando um odre para ele beber e outro para o Califa. Admitido em audiência, falou: - Ó Comendador dos Crentes. Conheço todas as águas do deserto e acabo de descobrir esta água do Paraíso, digna de vossos lábios! Harun provou da água, agradeceu, mandou que lhe dessem mil moedas de ouro e recomendou que o levassem imediatamente de volta ao deserto, sem que pudesse provar da água do palácio. E acrescentou ao beduíno: - Sê o guardião da “água do paraíso” e distribui-a gratuitamente a todos, em meu nome! REFLEXÕES: A ÁGUA É A VERDADE. Todos os níveis de verdade são úteis, como numa escola, para atender às necessidades dos diferentes graus das pessoas. É impiedade desviar alguém de sua fé ou ridicularizar a limitada verdade que pode alcançar. ..................................... A maioria das doutrinas tem a pretensão de ser a única expressão da verdade, porém, somente será útil, aquela que produzir mais homens de bem e menos hipócritas, quer dizer, que pratiquem a lei de amor e caridade na sua maior pureza e na sua aplicação mais ampla. Esse é o sinal para reconhecer que uma doutrina é boa, pois toda doutrina que tiver por conseqüência semear a desunião e estabelecer divisões entre os filhos de Deus só pode ser falsa e perniciosa. O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Allan Kardec *** A ÁGUIA E A GRALHA Uma Águia, saindo do seu ninho no alto de um penhasco, capturou uma ovelha e a levou presa às suas fortes garras. Uma Gralha, que testemunhara a tudo, tomada de inveja, decidiu que poderia fazer a mesma coisa. 4
  • 5. Ela então voou para alto e tomou impulso, e com grande velocidade, atirou-se sobre uma ovelha, com a intenção de também carregá-la presa às suas garras. Ocorre que estas acabaram por ficar embaraçadas no espesso manto de lã da Ovelha, e isso a impediu inclusive de soltar-se, embora o tentasse com todas as suas forças. O Pastor das ovelhas, vendo o que estava acontecendo, capturou-a. Feito isso, cortou suas penas, de modo que não pudesse mais voar. À noite a levou para casa, e entregou como brinquedo para seus filhos. "Que pássaro engraçado é esse?", perguntou um deles. "Ele é uma Gralha meus filhos. Mas se você lhe perguntar, ele dirá que é uma Águia." Moral da História: Não devemos permitir que a ambição nos conduza para além dos nossos limites. Esopo *** A ÁGUIA E O PARDAL O sol anunciava o final de mais um dia e lá, entre as árvores, estava Andala, um pardal que não se cansava de observar Yan, a grande águia. Seu vôo preciso, perfeito, enchia seus olhos de admiração. Sentia vontade em voar como a águia, mas não sabia como o fazer. Sentia vontade em ser forte como a águia, mas não conseguia assim ser. Todavia, não cansava de segui-la por entre as árvores só para vislumbrar tamanha beleza... Um dia estava a voar por entre a mata a observar o vôo de Yan, e de repente a águia sumiu da sua visão. Voou mais rápido para reencontrá-la, mas a águia havia desaparecido. Foi quando levou um enorme susto: deparou de uma forma muito repentina com a grande águia a sua frente. Tentou conter o seu vôo, mas foi impossível, acabou batendo de frente com o belo pássaro. Caiu desnorteado no chão e quando voltou a si, pode ver aquele pássaro imenso bem ao seu lado observando-o. Sentiu um calafrio no peito, suas asas ficaram arrepiadas e pôs-se em posição de luta. A águia em sua quietude apenas o olhava calma e mansamente, e com uma expressão séria, perguntou-lhe: - Por que estás a me vigiar, Andala? - Quero ser uma águia como tu, Yan. Mas, meu vôo é baixo, pois minhas asas são curtas e vislumbro pouco por não conseguir ultrapassar meus limites. - E como te sentes amigo sem poder desfrutar, usufruir de tudo aquilo que está além do que podes alcançar com tuas pequenas asas? - Sinto tristeza. Uma profunda tristeza. A vontade é muito grande de realizar este sonho... O pardal suspirou olhando para o chão... E disse: - Todos os dias acordo muito cedo para vê-la voar e caçar. És tão única, tão bela. Passo o dia a observar-te. - E não voas? Ficas o tempo inteiro a me observar? Indagou Yan. 5
  • 6. - Sim. A grande verdade é que gostaria de voar como tu voas... Mas as tuas alturas são demasiadas para mim e creio não ter forças para suportar os mesmos ventos que, com graça e experiência, tu cortas harmoniosamente... - Andala, bem sabes que a natureza de cada um de nós é diferente, e isto não quer dizer que nunca poderás voar como uma águia. Sê firme em teu propósito e deixa que a águia que vive em ti possa dar rumos diferentes aos teus instintos. Se abrires apenas uma fresta para que esta águia que está em ti possa te guiar, esta dar-te-á a possibilidade de vires a voar tão alto como eu. Acredita! E assim, a águia preparou-se para levantar vôo, mas voltou-se novamente ao pequeno pássaro que a ouvia atentamente: - Andala, apenas mais uma coisa: Não poderás voar como uma águia, se não treinares incansavelmente por todos os dias. O treino é o que dá conhecimento, fortalecimento e compreensão para que possas dar realidade aos teus sonhos. Se não pões em prática a tua vontade, teu sonho sempre será apenas um sonho. Esta realidade é apenas para aqueles que não temem quebrar limites, crenças, conhecendo o que deve ser realmente conhecido. É para aqueles que acreditam serem livres, e quando trazes a liberdade em teu coração poderás adquirir as formas que desejares, pois já não estarás apegado a nenhuma delas, serás livre! Um pardal poderá, sempre, transformar-se numa águia, se esta for sua vontade. Confia em ti e voa, entrega tuas asas aos ventos e aprende o equilíbrio com eles. Tudo é possível para aqueles que compreenderam que são seres livres, basta apenas acreditar, basta apenas confiar na tua capacidade em aprender e ser feliz com tua escolha! *** A ÁRVORE DOS PROBLEMAS Certo fazendeiro resolve contratar um carpinteiro para uma série de reparos em sua propriedade. O primeiro dia do carpinteiro foi bem difícil. O pneu de seu carro furou, fazendo com que ele deixasse de ganhar uma hora de trabalho. Sua serra elétrica quebrou, e aí ele cortou o dedo. Como se não bastasse, no final do dia, seu carro não funcionou. Assim, o fazendeiro resolve oferecer carona para casa. Percorrida a viagem, o carpinteiro convidou-o a entrar e conhecer sua família. Quando os dois se dirigiam à porta da casa, o carpinteiro parou junto a uma pequena árvore e gentilmente tocou as pontas dos galhos com as duas mãos. Ao abrir a porta de casa, o carpinteiro já parecia outro: os traços tensos do seu rosto transformaram-se em um grande sorriso. Ele abraçou os filhos e beijou a esposa. Após uma alegre refeição, o fazendeiro agradeceu e despediu-se de todos. O carpinteiro acompanhou seu convidado até o carro. Assim que passaram pela árvore, o fazendeiro questionou seu anfitrião sobre o motivo pelo qual ele tocara na planta antes de entrar em casa. 6
  • 7. - Ah! Esta é a minha planta dos problemas. Eu sei que não posso evitar todos os problemas no meu trabalho, mas eles não devem chegar até os meus filhos e minha esposa. Então, toda noite, eu deixo meus problemas nesta árvore quando chego em casa, e só os pego de volta no dia seguinte. E o senhor quer saber de uma coisa? Toda manhã, quando volto para buscar meus problemas, eles não são nem metade daquilo que eu lembro de ter deixado na noite anterior. Jamais descarregue seus problemas e frustrações nos outros, principalmente naqueles que você tanto ama. *** A ÁRVORE ORGULHOSA No livro Fábulas e Lendas de Leonardo da Vinci, encontramos uma adaptação do conto “A árvore orgulhosa”. Diz ele: “No meio de um jardim, junto a muitas outras árvores, havia um lindo cedro. Crescia a cada ano que passava, e seus galhos eram muito mais altos do que os galhos das outras árvores. Tirem daí essa castanheira! — disse o cedro, inchado de orgulho ante a sua própria beleza. E a castanheira foi removida. Levem embora aquela figueira! — disse o cedro. — Ela me incomoda. — E a figueira foi arrancada. Tirem as macieiras! — prosseguiu o cedro, erguendo alto a sua bela cabeça. E as macieiras se foram. Assim, o cedro fez com que uma a uma todas as outras árvores fossem arrancadas, até ficar sozinho, dono do grande jardim. Um dia, porém, houve uma forte ventania. O lindo cedro lutou com todas as forças, agarrando-se à terra com suas longas raízes. Mas o vento, sem outras árvores para detê-lo, dobrou e feriu o cedro e, finalmente, com grande estrondo, derrubou-o ao chão. *** 7
  • 8. A BALSA DA MEDUSA Óleo sobre tela - Théodore Géricault Tela do pintor francês THÉODORE GÉRICAULT (1791-1824) A BALSA DE MEDUSA (Museu do Louvre, Paris. - 40,64 cm X 56,69 cm) Antes do Titanic, houve um naufrágio que, tragicamente, entrou para os anais dos grandes desastres marítimos. Foi a notícia mais terrível de 1816: a fragata Medusa naufragara quase no fim da sua viagem entre a França e o Senegal. A tragédia, ocorrida na ensolarada manhã de 2 de julho, deveu-se à superlotação e à imperícia do Comandante Hugues Chaumareys, um protegido de Luís XVIII, rei da França. Sabe-se que aproximadamente quatrocentos passageiros estavam à bordo, na então considerada a mais rápida e moderna embarcação de todos os tempos. As 147 pessoas que não conseguiram lugar no botes salvavidas amontoaram-se em uma pequena jangada construída precariamente com tábuas, cordas e partes do mastro no qual ainda tremulavam pedaços da vela. Chamaram-na "A balsa da Medusa". Esfomeados e sem água para beber, muitos brigaram por um único pacote de biscoitos. Na escuridão da primeira noite, vinte dos que se equilibravam nas bordas da jangada desapareceram no oceano. No segundo dia, 65 dos sobreviventes foram mortos a tiros pelos oficiais: aparentemente haviam enlouquecido e, furiosos, tentaram destruir a jangada. Dentre os náufragos famintos, desidratados e queimados pelo sol, estava o médico Jean-Baptiste Henry Savigny, que assumiu a liderança dos desesperados e, de imediato, mandou que todos bebessem água do mar diluída com urina, para diminuir os efeitos da desidratação. 8
  • 9. O Dr. Savigny começou, então, a dissecar os corpos dos que iam morrendo e a dependurar as tiras de carne para secar ao sol e depois serem consumidas como alimento. O tabu do canibalismo desfez-se como nas palavras de Dante, no canto XXXIII do Inferno, ao descrever a cena em que o Conde Ugolino, preso numa torre, com os seus filhos pequenos e sem alimento, tentou manter-se vivo comendo a carne dos que haviam morrido: “Dois dias após a sua morte ainda os chorava, depois a fome foi mais forte do que o luto.” Decorridos 13 dias à deriva, os quinze sobreviventes restantes da “Balsa da Medusa” foram resgatados pelo Argus, um pequeno navio mercante. Inspirado nas narrativas dos sobreviventes da “Balsa da Medusa”, o pintor francês Théodore Géricault (1791-1824), pintou, em 18 meses de trabalho ininterrupto, o que veio a ser a sua obra prima, em óleo sobre tela: “A balsa da Medusa.” http://www.interconect.com.br/clientes/pontes/diversos/medusa.htm *** Esta semana, durante minhas pesquisas na rede, me deparei com uma tela do pintor francês THÉODORE GÉRICAULT (1791-1824) A BALSA DE MEDUSA (Museu do Louvre, Paris . 40,64 cm X 56,69 cm), que gostei muito. A pintura despertou minha curiosidade e então comecei a pesquisar os seus detalhes. Fiquei surpreso ao saber o seu significado e o que o pintor quis transmitir. Após descobrir o que inspirou o trabalho feito por Géricaut, decidi usar o mesmo nome“A Balsa de Medusa” para o nosso Blog. Assim como ocorreu com os personagens da história do naufrágio, também estaremos lidando com as adversidades enfrentadas por gestores, líderes, gerentes e funcionários de todos os níveis hierárquicos, no dia-a-dia profissional e pessoal. Esta tela tinha como base um acontecimento contemporâneo, um naufrágio que causou um grande escândalo político. O Medusa, navio do governo que transportava colonos franceses para o Senegal, encalhou e afundou na costa oeste da África (próximo à costa de Marrocos em 2 de julho de 1816), em virtude da incompetência do capitão, nomeado por motivos políticos. O capitão e a tripulação foram os primeiros a evacuar o navio e embarcaram nos barcos salva-vidas, que puxavam uma jangada improvisada com os destroços do navio, com 149 passageiros amontoados. A certa altura cortaram a corda que puxava a balsa, deixando os emigrantes à deriva sob o sol equatorial por 12 dias (outras fontes relatam que a tempestade os arrastou por mar aberto por mais de 27 dias sem rumo), sem comida nem água. Só 15 pessoas sobreviveram. Géricault investigou o caso como um repórter, entrevistando os sobreviventes para escutar suas histórias terríveis de fome, loucura e canibalismo. Fez o máximo para ser autêntico, estudando até mesmo os corpos das vítimas. Construiu uma jangada-modelo em seu ateliê e chegou a se amarrar ao mastro de um pequeno barco durante uma tempestade, para melhor poder retratar o desespero dos 9
  • 10. sobreviventes. A linguagem corporal da luta, das pessoas contorcidas e dos passageiros desnudos diz tudo a respeito da luta pela sobrevivência, tema que obcecava o artista. No quadro, pode-se observar as diferentes ATITUDES HUMANAS que se manifestam nos momentos cruciais da vida, naqueles momentos difíceis, em que uns se deixam abater pelo desânimo, mas outros não desanimam e agitam panos na esperança de serem vistos por algum navio. Esse quadro nos leva a uma reflexão: e se você estivesse naquela situação do naufrágio, em que lugar você estaria nessa pintura? http://balsademedusa.blogspot.com.br/ *** A BUSCA DO REINO Logo após Jesus concluir o famoso Sermão da Montanha, um homem do povo o procurou, em particular, e assim se manifestou: – Senhor, que devo fazer para alcançar o Reino de Deus? O senhor examinou o íntimo daquele homem, apontou para a montanha onde havia feito o seu sermão e recomendou: – Terás que rodear esta montanha! A exigência foi tão pequena que o homem ficou um pouco descrente. Ora, imaginava, rodear a montanha não seria tão difícil. Conhecia o lugar e, com um pouquinho só de esforço, atingiria aquele objetivo. De tão perplexo, voltou a perguntar: – Senhor, bastará rodear a montanha? E o Mestre repetiu: – Sim, faze isso! O candidato ao céu começou, naquele instante, sua caminhada. Deu alguns passos e sua mente, bastante excitada pelo desejo de conquistar o Reino de Deus, caiu em profunda meditação. Viu-se no Paraíso, coberto de luz e glórias celestes. Sentiu fortes emoções como a paz, a gratidão, o amor, a misericórdia e todos os sentimentos nobres. Sentiu que amava e era amado. Percebeu como eram mesquinhas as preocupações dos homens, diante de tanta felicidade que o Reino de Deus proporcionava. Moveu-lhe um impulso muito forte de enxugar as lágrimas dos que choram, de socorrer os aflitos e de levar a luz a todos os lugares onde há trevas. Percebeu que diáfanas luzes caíam do alto, tocando-lhe o coração, deixando-o enternecido e feliz. Como desejava que todos os homens participassem daquele momento divino! E assim caminhou, sem observar o caminho por onde passava, apenas sonhando, sonhando e sonhando. Com uma sensação de fadiga, saiu daquele estado de ilusão. Neste instante, teve um grande susto e ficou bastante impressionado: ele se encontrava exatamente no local onde iniciara a caminhada! Havia ou não circulado a montanha? Ele não sabia responder. Não se lembrava de absolutamente nada. 10
  • 11. Com imensa dúvida, e sem compreender o que se passara, ele decidiu que faria nova empreitada, desta vez mais atento ao caminho. Deu alguns passos e, sem se aperceber, voltou a sonhar com o Reino de Deus. as mesmas sensações se repetiram. Uma felicidade indescritível dominava-lhe o ser, fazendo-o viver a paz, a caridade, a fraternidade, o amor ao próximo e todas as virtudes ensinadas pelo meigo Rabi da Galiléia. Quando despertou, com a mesma sensação anterior de fadiga, ficou perplexo: ele se encontrava, novamente, no local onde iniciara a caminhada! Não havia saído do lugar. Não conseguira rodear a montanha. Fez a terceira tentativa e a mesma coisa. Quando lembrou de si, estava ali, no ponto de partida. Do que se passara, nada recordava. Desapontado, foi à procura do Mestre, a quem se dirigiu nestes termos: – Senhor, por que eu não consigo rodear a montanha? – Que buscavas? – perguntou Jesus. – O Reino de Deus – disse o homem. – Que viste? – completou o Senhor. – Nada, nada! – Que viste? – perguntou de novo o Senhor, agora tocando-lhe na testa. – Senhor!... agora lembro! Das três vezes que tentei circundar a montanha, eu fui tomado por uma visão celestial. Vi o Reino de Deus, representado pela paz, pelo amor, pela misericórdia, pela caridade... – Onde viste? – Em minha imaginação, em minha mente. – Tu que viste a paz, a gratidão, o amor, a misericórdia e todos os puros sentimentos saindo de dentro de ti, onde achas que encontrarás o Reino de Deus? Só então o homem recordou uma das lições do Mestre: “O Reino de Deus está dentro de vós”. APONTAMENTOS:  Se o Reino de Deus está dentro de nós, podemos dizer, por analogia, que o inferno também está dentro de nós. Fazer aflorar as delícias do reino ou as amarguras do Inferno é opção de cada um.  Em mão se espera que a felicidade venha de fora para dentro. Ela é um estado da mente. O jovem apaixonado é feliz ao lado de sua amada, quer estejam num palácio ou numa choupana.  Felicidade ou desgraça estão aí e vão continuar. Se você se sente na desgraça, saia dela. Inove, recomece, planeje, sonhe, crie, faça algo diferente. Não é a desgraça que nos deixa, somos nós que a deixamos. 11
  • 12. Veja o lado bom da vida. Viva cada momento com a consciência de que você é feliz. No trabalho, na rua, no lar, na cama ou no chuveiro, deixe-se impregnar pela certeza de que você está usufruindo o melhor, para aquele momento.  Empolgue-se pela vida. Exercite a técnica do “valeu a pena”. Seja agradecido à vida. Recorde seu passado, mesmo os instantes menos felizes, com a conclusão de que “valeu a pena”.  Valeu a pena Ter nascido aqui; Ter conhecido determinadas pessoas; Ter passado por tal ou qual sofrimento; Ter namorado alguém. Valeu a pena.  “Vós sois a luz do mundo”(Mateus 5-14) Extraído do livro: “Histórias que Ninguém Contou, Conselhos que Ninguém Deu” Melcíades José de Brito – pg. 42 *** A CARTA Uma carta escrita em um momento de desespero assinalaria o final de uma existência. Entre prantos e lágrimas, eram narradas todas as dificuldades de uma jornada marcada por desilusões e infelicidades. Finalmente acabaria com essa trajetória trágica, não mais haveria dor. Ficariam para trás todos aqueles que foram os seus algozes. Sim, não haveria outra saída para uma existência marcada por tanto sofrimento. Contudo havia um problema, para quem escreveria aquela carta? Em meio a tanta dor, não se lembrava de um amigo. Aliás, se o tivesse, não precisaria recorrer a esse último recurso. Isto fortalecia sua decisão, não havia motivo para continuar, queria o descanso eterno. Porém, o problema continuava: quem receberia sua carta? De repente, em meio ao seu desequilíbrio, teve uma idéia: colocaria no correio enviando para sua própria pessoa, e quando chegasse executaria a ação derradeira. Saindo para o correio percebeu que o céu estava com um lindo azul e que algumas aves voavam apesar da poluição da cidade, não encontrando uma árvore sequer para os seus ninhos. Algumas flores, mesmo estando em terreno árido, insistiam em apresentar as suas cores. Suas observações foram interrompidas por uma colisão. Batendo em uma pessoa que vinha em direção oposta derrubou a carta, a qual se misturou com tantas outras cartas que a pessoa trazia. Pegou a carta e resmungando, "Nem para morrer se tem paz". Decidiu, então, não prosseguir para o correio, voltaria para casa e deixaria a carta exposta, testemunha de sua dor para quem a encontrasse. Ao chegar em casa percebeu que aquela não era a sua carta; na colisão pegou a errada. E agora, quais serão as suas últimas palavras? Parou para ler a carta trocada e espantou-se com o que encontrou. A carta dizia: 12
  • 13. "Meu Deus, como posso lhe agradecer a presença amorosa em todos esses anos de vida? É verdade que foram anos difíceis, mas nunca me abandonastes, mesmo nos momentos de dor e solidão sempre encontrei Tua presença, aliviando o meu fardo. Hoje me arrependo por um dia ter pensado em pôr fim a minha vida, atentado contra Tua Lei esquecendo-me que a morte não existe. Agora compreendo a necessidade de experiências difíceis para o meu crescimento. Por isso gostaria de fazer algo de bom. Pensei em escrever várias cartas pela cidade transmitindo o seu amor. Confio que me guiarás para chegar às pessoas que necessitam. Estou feliz, não porque as dores acabaram, mas porque encontrei a Tua companhia e com ela vencerei todos os obstáculos. Irmão que recebeste esta carta confie, ore e prossiga. Não existem males intermináveis e nem dores infinitas; a cada porta que se fecha novas luzes entram por outras janelas que se abrem. Confie, Deus guiará o seu caminho, lhe retirando as estradas das trevas para o caminho da luz. Lembre-se que nenhuma ovelha se perderá". Ao terminar a leitura chorou de arrependimento e conversou com o Pai de Infinita Misericórdia. Novas energias chegaram ao seu coração, que se acalentou. Então, percebeu que há muitos dias não abria as suas janelas, havia se fechado para a vida. Correu e abriu as janelas, deixando a luz entrar e retomou a vida, agradecendo a Deus por ela e por aquela carta que lhe trouxera nova direção. *** A CASA QUEIMADA Um certo homem saiu em uma viagem de avião. Era um homem temente a Deus, e sabia que Deus o protegeria. Durante a viagem, quando sobrevoavam o mar um dos motores falhou e o piloto teve que fazer um pouso forçado no oceano. Quase todos morreram, mas o homem conseguiu agarrar-se a alguma coisa que o conservasse em cima da água. Ficou boiando à deriva durante muito tempo até que chegou a uma ilha não habitada. Ao chegar à praia, cansado, porém vivo, agradeceu a Deus por este livramento maravilhoso da morte. Ele conseguiu se alimentar de peixes e ervas. Conseguiu derrubar algumas árvores e com muito esforço conseguiu construir uma casinha para ele. Não era bem uma casa, mas um abrigo tosco, com paus e folhas. Porém significava proteção. Ele ficou todo satisfeito e mais uma vez agradeceu a Deus, porque agora podia dormir sem medo dos animais selvagens que talvez pudessem existir na ilha. 13
  • 14. Um dia, ele estava pescando e quando terminou, havia apanhado muitos peixes. Assim com comida abundante, estava satisfeito com o resultado da pesca. Porém, ao voltar-se na direção de sua casa, qual tamanha não foi sua decepção, ao ver sua casa toda incendiada. Ele se sentou em uma pedra chorando e dizendo em prantos: "Deus! Como é que o Senhor podia deixar isto acontecer comigo? O Senhor sabe que eu preciso muito desta casa para poder me abrigar e o Senhor deixou minha casa se queimar todinha. Deus, o Senhor não tem compaixão de mim?" Neste mesmo momento uma mão pousou no seu ombro e ele ouviu uma voz dizendo: "Vamos rapaz?" Ele se virou para ver quem estava falando com ele, e qual não foi sua surpresa quando viu em sua frente um marinheiro todo fardado e dizendo: "Vamos rapaz, nós viemos te buscar" "Mas como é possível? Como vocês souberam que eu estava aqui?" "Ora, amigo! Vimos os seus sinais de fumaça pedindo socorro. O capitão ordenou que o navio parasse e me mandou vir lhe buscar naquele barco ali adiante." MORAL DA HISTÓRIA É comum nos sentirmos desencorajados e até mesmo desesperados quando as coisas vão mal. Mas Deus age em nosso benefício, mesmo nos momentos de dor e sofrimento. Lembrem-se: Se algum dia o seu único abrigo estiver em chamas, esse pode ser o sinal de fumaça que fará chegar até nós algo mais importante e melhor. Procure nunca pensar no pior, pois Deus é justo e bom e visa sempre o nosso bem. *** A CAUDA DO MUNDO Havia um homem pobre que desejava algum dinheiro e tinha ouvido dizer que se conseguisse agarrar um gênio poderia ordenar-lhe que lhe trouxesse dinheiro ou qualquer outra coisa que desejasse. Estava, portanto, muito ansioso para agarrar um gênio. Foi procurar um homem que lhe desse um gênio, e acabou por encontrar um sábio com grandes poderes. Solicitou seu auxílio e o sábio perguntou-lhe o que faria ele com um gênio. - Desejo um gênio para trabalhar em meu benefício. Ensinai-me como agarrar um, senhor. Desejo isso mais que tudo. Mas o sábio respondeu: - Não vos preocupeis. Voltai para a vossa casa. No dia seguinte, o homem tornou a procurar o sábio, e começou a chorar e a suplicar: - Dai-me um gênio. Preciso de um gênio, senhor, para ajudar-me. 14
  • 15. O sábio acabou por aborrecer-se, e disse-lhe: - Tomai este talismã, repeti esta palavra mágica e o gênio virá, fazendo o que quer que lhe ordeneis fazer. Mas tende cuidado. Os Gênios são terríveis e devem ser mantidos constantemente ocupados. Se deixardes de dar trabalho ao vosso, ele vos tirará a vida. O homem respondeu: - Isso é fácil. Posso dar-lhe trabalho por toda a sua vida. Então, foi à floresta, e depois de Ter repetido longamente a palavra mágica, um enorme gênio lhe apareceu e disse: - Sou um gênio. Fui conquistado por tua magia, mas deves manter-me constantemente ocupado. No momento em que deixares de me dar trabalho, eu te matarei. O homem disse: - Constrói-me um palácio. O gênio respondeu: - Está feito. O palácio já está construído. - Dá-me dinheiro - falou o homem. - Aqui está o seu dinheiro - replicou o gênio - Derruba esta floresta e constrói uma cidade em seu lugar. - Está feito - disse o gênio - Mais alguma coisa? Então o homem começou a se assustar e pensou que nada mais poderia ordenar ao gênio, que fazia tudo num abrir e fechar de olhos. O gênio declarou: - Dá-me algo para fazer senão eu te comerei. O pobre homem já não encontrava ocupação para ele e estava apavorado. Correu, correu, e por fim encontrou o sábio e disse-lhe: - Oh! Senhor, protegei a minha vida. O sábio perguntou-lhe o que lhe acontecia, e o homem respondeu: - Não tenho mais nada para ordenar ao gênio. Tudo o que eu lhe digo, ele faz num momento, e ameaça comer-me se não lhe der trabalho. Nesse momento chegou o gênio, dizendo: - Eu te comerei. E ia comer o homem, que começou a tremer, suplicando ao sábio que lhe salvasse a vida. O sábio falou: - Encontrarei uma saída. Olhai para este cão, que tem a cauda curva. Arrancai rapidamente a vossa espada e cortai-lhe a cauda, dando-a ao gênio para endireitá-la. O homem cortou a cauda e, lenta e cuidadosamente, o gênio endireitou-a. Mal, porém, largou dela, eis que de novo se enrolou. Assim ficou durante dias e dias, até que se sentiu exausto e disse: - Nunca na minha vida tive transtorno igual. Sou velho, um gênio veterano, mas nunca cheguei a transtorno igual. Vou fazer uma combinação contigo: liberta-me, e poderás conservar tudo quanto lhe dei, com a minha promessa de que não te farei mal. O homem ficou encantado e aceitou alegremente a oferta. 15
  • 16. Este mundo é como a cauda enrolada de um cão, e as pessoas levam a lutar para endireitá-la durante centenas de anos. Quando largam dela, eis que de novo se enrola. Como poderia ser de outra maneira? É preciso, primeiro, saber como trabalhar sem apego, par que não se chegue a ser um fanático. Quando soubermos que este mundo é como a cauda enrolada de um cão, cauda que jamais poderá ser endireitada não nos tornaremos fanáticos. Se não houvesse fanatismo no mundo, ele progrediria muito mais do que agora. É um erro supor que o fanatismo pode impulsionar o progresso da humanidade. Pelo contrário, é um elemento que retarda esse progresso, gerando ódio e cólera, e levando os indivíduos a lutarem uns contra os outros, fazendo-os sentirem-se mutuamente antipáticos. Pensamos que o que quer que possuamos ou façamos é a melhor coisa do mundo, e que o que não possuímos nem fazemos nada vale. Lembrai-vos sempre, portanto, da história da cauda enrolada do cão, de cada vez que tiverdes tendência para vos fanatizar. Não precisai preocupar-vos ou ficar insones por causa do mundo, ele seguirá sem vós. Quando tiverdes evitado o fanatismo, e só então, trabalhareis bem. O homem de cabeça bem equilibrada, o homem calmo, de bom julgamento e nervos frios, dotado de grande capacidade de simpatia e amor, é o que faz bom trabalho, e assim fazendo, faz bem a si próprio. O fanático é insensato e não tem simpatia. Jamais pode endireitar o mundo, nem se tornará puro ou perfeito. Por Swami Vivekananda (Texto extraído do livro As Quatro Yogas de Auto-Realização – Swami Vivekananda - Ed. Pensamento.) *** A CIDADE DOS RESMUNGOS William Bennett Era uma vez um lugar chamado Cidade dos Resmungos, onde todos resmungavam, resmungavam, resmungavam. No verão, resmungavam que estava muito quente. No inverno, que estava muito frio. Quando chovia, as crianças choramingavam porque não podiam sair. Quando fazia sol, reclamavam que não tinham o que fazer. Os vizinhos queixavam-se uns dos outros, os pais queixavam-se dos filhos, os irmãos das irmãs. Todos tinham um problema, e todos reclamavam que alguém deveria fazer alguma coisa. Um dia chegou à cidade um mascate carregando um enorme cesto às costas. Ao perceber toda aquela inquietação e choradeira, pôs o cesto no chão e gritou: - Ó cidadãos deste belo lugar! Os campos estão abarrotados de trigo, os pomares carregados de frutas. As cordilheiras estão cobertas de florestas espessas, e os vales banhados por rios profundos. Jamais vi um lugar abençoado por tantas conveniências e tamanha abundância. Por que tanta insatisfação? Aproximem-se, e eu lhes mostrarei o caminho para a felicidade. 16
  • 17. Ora, a camisa do mascate estava rasgada e puída. Havia remendos nas calças e buracos nos sapatos. As pessoas riram que alguém como ele pudesse mostrar-lhes como ser feliz. Mas enquanto riam ele puxou uma corda comprida do cesto e a esticou entre os dois postes na praça da cidade. Então segurando o cesto diante de si, gritou: - Povo desta cidade! Aqueles que estiverem insatisfeitos escrevam seus problemas num pedaço de papel e ponham dentro deste cesto. Trocarei seus problemas por felicidade! A multidão se aglomerou ao seu redor. Ninguém hesitou diante da chance de se livrar dos problemas. Todo homem, mulher e criança da vila rabiscou sua queixa num pedaço de papel e jogou no cesto. Eles observaram o mascate pegar cada problema e pendurá-lo na corda. Quando ele terminou, havia problemas tremulando em cada polegada da corda, de um extremo a outro. Então ele disse: - Agora cada um de vocês deve retirar desta linha mágica o menor problema que puder encontrar. Todos correram para examinar os problemas. Procuraram, manusearam os pedaços de papel e ponderaram, cada qual tentando escolher o menor problema. Depois de algum tempo a corda estava vazia. Eis que cada um segurava o mesmíssimo problema que havia colocado no cesto. Cada pessoa havia escolhido os seu próprio problema, julgando ser ele o menor da corda. Daí por diante, o povo daquela cidade deixou de resmungar o tempo todo. E sempre que alguém sentia o desejo de resmungar ou reclamar, pensava no mascate e na sua corda mágica. *** A DANÇA Há uma linda história, que eu gostaria de contar. Aconteceu na vida de um grande músico indiano, Tansen. Ele estava na corte do grande Akbar – e era incomparável. Uma vez, Akbar perguntou: – Não consigo imaginar que alguém possa superá-lo. Parece quase impossível. Mas sempre que eu penso nisso, uma idéia me vem à mente: que você deve ter sido discípulo de um mestre, e – quem sabe? – talvez ele o supere. – Quem é seu mestre?, está vivo ainda? Se estiver vivo, convide-o para vir à corte. – Ele está vivo – respondeu Tansen –, mas não pode ser convidado para a corte, porque é como um animal selvagem. Não é um homem de sociedade. É como os ventos ou como as nuvens. Um andarilho sem lar. E mais: você não pode pedir a ele que cante ou toque, isso não é possível. Quando quer que ele sinta, ele canta. Sempre que sente, dança. Teremos que ir até ele, esperar e observar. Akbar ficou tão encantado, louco pelo que disse Tansen. – E o mestre dele está vivo. Onde quer que esteja eu irei – disse Akbar. 17
  • 18. O mestre era um faquir errante. Seu nome era Haridas. Tansen enviou mensageiros para investigar onde estava. Foi encontrado perto do rio Jamuna, numa cabana. Akbar e Tansen foram ouvi-lo. Os aldeões lhes disseram: – Perto das três da manhã, bem no meio da noite, às vezes ele canta e dança. Mas, por outro lado, permanece sentado em silêncio durante o dia todo. Assim, no meio da noite, Akbar e Tansen, escondidos como ladrões atrás da cabana, ficaram esperando. Em seguida Haridas começou a cantar e a dançar. Akbar estava hipnotizado. Não podia proferir uma única palavra, porque nada teria sido suficiente. Chorava. E enquanto voltavam, depois que a canção parou, ele permaneceu silencioso. As lágrimas ainda rolavam. Quando chegou ao palácio, ainda nos degraus, disse ele a Tansen: – Eu costumava pensar que ninguém era capaz de superá-lo; costumava pensar que você era o único, mas agora tenho que admitir que você não é nada, comparado a seu mestre. Por que tanta diferença? – A diferença é simples – respondeu Tansen. – Eu canto, eu toco para ganhar alguma coisa: poder, prestígio, dinheiro, admiração. Minha música ainda é um meio para outro fim. Eu canto para conseguir alguma coisa e meu mestre canta porque ele já conseguiu. Essa é a diferença. Ele canta somente. Quando está pleno do Divino e não pode contê-lo mais, quando transborda, somente então ele canta. Seu canto é um fim em si mesmo. Ele celebra! Extraído do Livro “Histórias Maravilhosas para Ler e Pensar” – Neila Tavares *** A ESTÓRIA DO MARTELO Quando ficamos muito preocupados e sofremos por antecipação, geralmente imaginamos coisas ou tiramos conclusões antecipadas de algo que ainda nem ocorreu, muitas vezes equivocadas. É a tal ansiedade tomando conta de nós. Não devemos deixar essa sensação de medo, de insegurança tomar conta do nosso íntimo, fazendo com que sofremos por antecipação, ou pior, que tomemos atitude “insanas" pelo simples fato de não sabermos esperar. Veja o que acontece quando nos antecipamos aos acontecimentos: Um homem queria pendurar um quadro. O prego ele já tinha, só faltava o martelo. O vizinho possuía um, e o nosso homem resolveu ir até lá pedi-lo emprestado. Mas ficou em dúvida: "E se o vizinho não quiser me emprestar o martelo? Ontem ele me cumprimentou meio secamente. Talvez estivesse com pressa. Mas isso devia ser só uma desculpa. Ele deve ter alguma coisa contra mim. 18
  • 19. Mas por quê? eu não fiz nada! Ele deve estar imaginando coisas. Se alguém quisesse emprestar alguma ferramenta minha eu emprestaria imediatamente. Por que ele não quer me emprestar o martelo? Como é que alguém pode recusar um simples favor desses a um semelhante? Gente dessa laia só complica a nossa vida. Na certa, ele imagina que eu dependo dele só porque ele tem um martelo. Mas, agora chega!" E correu até o apartamento do vizinho, tocou a campainha, o vizinho abriu a porta. Mas antes que pudesse dizer "Bom Dia", o nosso homem berrou: "Pode ficar com o seu martelo, seu imbecil!" Do livro: Sempre Pode Piorar ou A Arte de Ser (In) Feliz - Uma abordagem psicológica de Paul Watzlawick - Editora Pedagógica e Universitária Ltda. Quantas vezes deixamos de realizar algo bom pensando no que os outros iriam pensar de nós! www.metaforas.com.br http://flavissimazary.blogspot.com/2011_03_01_archive.html *** A ESTRELA VERDE Era uma vez... Milhões e milhões de estrelas no céu. Havia estrelas de todas as cores: brancas, lilazes, prateadas, douradas, vermelhas, azuis. Um dia, elas procuraram o Senhor Deus, Todo-Poderoso, o Senhor Deus do Universo e disseram-lhe: - Senhor Deus, gostaríamos de viver na Terra, entre os homens. - Assim será feito - respondeu Deus. - Conservarei todas vocês pequeninas, como são vistas, e podem descer à Terra Conta-se que naquela noite, houve uma linda chuva de estrelas. Algumas se aninharam nas torres das igrejas, outras foram brincar e correr com os vaga-lumes, no campo, outras misturaram-se aos brinquedos das crianças e a Terra ficou maravilhosamente iluminada. Porém, passado algum tempo, as estrelas resolveram abandonar os homens e voltar para o Céu, deixando a Terra escura e triste. - Por que voltaram? - perguntou Deus, a medida que elas chegavam ao Céu. - Senhor, não nos foi possível permanecer na Terra. Lá existe muita miséria, muita desgraça, muita fome, muita violência, muita guerra, muita maldade e muita doença. E o Senhor lhes disse: - Claro, o lugar real de vocês é aqui no Céu. A Terra é o lugar do transitório, daquilo que se passa, do ruim, daquele que cai, daquele que erra, daquele que morre, é onde nada é 19
  • 20. perfeito. Aqui no Céu, é o lugar da perfeição. O lugar onde tudo é imutável, onde tudo é eterno, onde nada padece. Depois de chegarem todas as estrelas e conferindo o seu número, Deus falou de novo: - Mas está faltando uma estrela. Perdeu-se no caminho? Um anjo, que estava perto retrucou: - Não, Senhor. Uma estrela resolveu ficar entre os homens. Ela descobriu que seu lugar é exatamente onde existe imperfeição, onde há limites onde as coisas não vão bem. - Mas que estrela é essa? - Voltou Deus a perguntar. - Por coincidência, Senhor, era a única estrela dessa cor. - E qual é a cor dessa estrela? - insistiu Deus. E o anjo disse: - A estrela é verde, Senhor. A estrela verde do sentimento de esperança. E quando então olharam para a Terra, a estrela não estava só. A Terra estava novamente iluminada, porque havia uma estrela verde no coração de cada pessoa. Porque o único sentimento que o homem tem e Deus não tem é a esperança. Deus já conhece o futuro, e a esperança é própria da natureza humana. Própria daquele que cai, daquele que erra, daquele que não é perfeito, daquele que ainda não sabe como será seu futuro. *** A FÁBRICA DOS PENSAMENTOS Era uma vez, uma linda fábrica chamada mente que produzia pensamentos. Esses pensamentos eram neutros – nem bons nem ruins. Para produzir esses pensamentos ela ia buscar a matéria prima no fornecedor chamado coração. O coração lhe fornecia os insumos básicos chamados sentimentos. Na fábrica cada pensamento produzido era mergulhado num sentimento escolhido e assim ficava pronto o produto final: um pensamento revestido de sentimento. A matéria prima sentimentos era encontrada de dois tipos: densa ou sutil. Na densa encontramos uma grande variedade em forma de mágoa, culpa, intolerância, ressentimento, ciúme, crítica, orgulho, ansiedade, medo, exagero, vingança, agressividade, compulsão, gula, raiva, ódio, preconceito, egoísmo, desonestidade, ilusão, solidão, rigidez, insegurança, mentira, pressa repressão, tristeza, vício, vaidade, impaciência, depressão, etc... Na sutil também tinha uma enorme variedade de sentimentos: humildade, perdão, coragem, amor, compaixão, honestidade, compreensão, solitude, paz, justiça, paciência, tolerância, segurança, sinceridade, desapego, calma, tranqüilidade, alegria, serenidade, confiança, esperança, etc... Esse produto final era enviado ao mercado chamado meio ambiente para que as pessoas pudessem escolher, por sintonia, e levá-los consigo, passando a vibrar na mesma freqüência vibratória do produto escolhido; ou então, o produto final era enviado diretamente ao cliente, que só recebia se tivesse sintonia, ou seja, se vibrasse na mesma freqüência do produto pensamento lhe enviado. 20
  • 21. Uma parte, do que a fábrica produzia, não podia ser reciclada, e era lançada ao rio chamado corpo físico. A depender do tipo de matéria prima utilizada – sentimentos densos ou sentimentos sutis – o rio ficava ou não poluído. O rio corpo físico ficava poluído, sempre que recebia material dos produtos feitos com a matéria prima dos sentimentos densos. O processo de limpeza do rio corpo era chamado de doença. Esta expurgava do corpo todo o material denso que a fábrica tinha lhe lançado. Quanto mais matéria prima de sentimento denso era utilizada na produção do produto pensamento, mais poluído o rio ficava e mais grave era a doença como processo de limpeza do rio corpo. Após o processo de doença o rio corpo voltava a respirar tranqüilo, sereno, alegre e feliz. O rio corpo físico permanecia saudável e radiante, sempre que a fábrica produzia pensamentos recheados de sentimentos sutis. *** A FACE DE DEUS Havia um pequeno menino que queria se encontrar com Deus. Ele sabia que tinha um longo caminho pela frente, portanto ele encheu sua mochila com pastéis e guaraná, e começou sua caminhada. Quando ele andou umas 3 quadras, encontrou um velhinho sentado em um banco da praça olhando os pássaros. O menino sentou-se junto dele, abriu sua mochila, e ia tomar um gole de guaraná, quando olhou o velhinho e viu que ele estava com fome, então ofereceu-lhe um pastel. O velhinho muito agradecido aceitou e sorriu ao menino. Seu sorriso era tão incrível que o menino quis ver de novo, então ele ofereceu-lhe seu guaraná. Mais uma vez o velhinho sorriu ao menino. O menino estava muito feliz! Ficaram sentados ali sorrindo, comendo pastel e bebendo guaraná pelo resto da tarde sem falarem um ao outro. Quando começou a escurecer o menino estava cansado e resolveu voltar para casa, mas antes de sair ele se voltou e deu um grande abraço no velhinho. O velhinho deu-lhe o maior sorriso que o menino já havia recebido. Quando o menino entrou em casa, sua mãe surpresa perguntou ao ver a felicidade estampada em sua face! "O que você fez hoje que te deixou tão feliz? Ele respondeu. "Passei a tarde com Deus" e acrescentou "Você sabe, ele tem o mais lindo sorriso que eu jamais vi" Enquanto isso, o velhinho chegou em casa radiante, e seu filho perguntou: "Por onde você esteve que te deixou tão feliz?" 21
  • 22. Ele respondeu: "Comi pasteis e tomei guaraná no parque com Deus". Antes que seu filho pudesse dizer algo ele falou: "Você sabe que ele é bem mais jovem do que eu pensava?" REFLEXÃO: Nunca subestime a força de um sorriso, o poder de uma palavra, de um ouvido para ouvir, um honesto elogio, ou até um ato de carinho. Tudo isso tem o potencial de fazer virar uma vida. Muitas vezes, por medo de nos "diminuir" deixamos de crescer, por medo de chorar, deixamos de sorrir!!! A face de Deus está em todas as pessoas e coisas se forem vistas por nós com os olhos do amor e do coração. *** A FELICIDADE NÃO ESTÁ ONDE SE PROCURA Conto sufi Nasrudin (*) encontrou um homem desconsolado sentado à beira do caminho e perguntou-lhe os motivos de tanta aflição - Não há nada na vida que interesse, irmão. Tenho dinheiro suficiente para não precisar trabalhar e estou nesta viagem só para procurar algo mais interessante do que a vida que levo em casa. Até agora, eu nada encontrei. Sem mais palavra, Nasrudin arrancou-lhe a mochila e fugiu com ela estrada abaixo, correndo feito uma lebre. Como conhecia a região, foi capaz de tomar uma boa distância. A estrada fazia uma curva e Nasrudin foi cortando o caminho por vários atalhos, até que retornou à mesma estrada, muito à frente do homem que havia roubado. Colocou a mochila bem do lado da estrada e escondeu-se à espera do outro. Logo apareceu o miserável viajante, caminhando pela estrada tortuosa, mais infeliz do que nunca pela perda da mochila. Assim que viu sua propriedade bem ali, à mão, correu para pegá-la, dando gritos de alegria. - Essa é uma maneira de se produzir felicidade - disse Nasrudin. *** (*) Mulla Nasrudin (Khawajah Nasr Al-Din) viveu no século XIV. Contou e escreveu histórias onde ele próprio era personagem. São histórias que atravessaram fronteiras desde sua época, enraizando-se em várias culturas. Elas compõem um imenso conjunto que integra a chamada Tradição Sufi, ou o Sufismo, filosofia de autoconhecimento de antiga tradição persa e que se espalha pelo mundo até hoje. 22
  • 23. O termo sufismo é utilizado para descrever um vasto grupo de correntes e práticas. As ordens sufis (Tariqas) podem estar associadas ao islã sunita, islã xiita, a uma combinação de várias correntes, ou a nenhuma delas. O pensamento sufi se fortaleceu no Médio Oriente no século VIII e encontra-se hoje por todo o mundo. De acordo com as grandes escolas de jurisprudência islâmica, o sufismo é considerado como um movimento herético, tendo sido, por isso, perseguido inúmeras vezes ao longo da história. Conhecido por muitos como o misticismo do Islã, o sufismo é uma filosofia de autoconhecimento e contato com o divino através de certas práticas as quais nem sempre seguem um padrão fixo e frequentemente parecem incompreensíveis a um observador que esteja fora do contexto de trabalho. Estas práticas devem ser aplicadas por um professor. Os sufis acreditam que Deus é amoroso e o contato com ele pode ser alcançado pelos homens através de uma união mística, independente da religião praticada. Por este conceito de Deus, foram, muitas vezes, acusados de blasfêmia e perseguidos pelos próprios muçulmanos esotéricos, pois contrariavam a idéia convencional de Deus. Fontes: http://contoseparabolas.no.sapo.pt/03outros/sufin.htm e http://pt.wikipedia.org/wiki/Sufismo *** A FITA ROXA Um certo professor tinha o hábito de dar, no fim dos estudos, um fita roxa na qual se podia ler: “A pessoa que sou faz toda a diferença” (Impressas com letras douradas.) Nessa altura, dizia a cada estudante porque razão o apreciava e porque razão as aulas eram diferentes graças a ele. Um dia, teve a idéia de estudar este processo sobre a comunidade, e enviou os seus estudantes para entregar fitas a todos aqueles que conheciam e que “faziam toda a diferença”. Deu-lhes 3 fitas pedindo-lhes o seguinte: “Entreguem uma fita roxa à pessoa que escolherem dizendo-lhe porque razão ela faz toda a diferença para vocês, e dêem-lhe duas outras fitas para que ela própria entregue também a alguém e assim sucessivamente. Depois, façam-me um relatório dos resultados.” Um dos estudantes saiu e foi entregar a fita ao patrão (porque trabalhava a meio tempo) um fulano bastante rabugento, mas que, no fundo, apreciava. O patrão ficou surpreendido, mas respondeu: 23
  • 24. “Pois bem, pois bem, claro, com certeza...” O rapaz continuou, “E aceitaria ficar com as 2 outras fitas roxas para as dar a alguém que, para si, faz toda a diferença, tal como acabei de fazer? É para um inquérito que estamos a realizar na universidade.” “Esta bem.” E, a noite, o nosso homem voltou para casa com a fita presa no casaco. Cumprimentou o filho de 14 anos, e contou-lhe o sucedido: “Hoje, aconteceu-me uma coisa espantosa. Um dos meus empregados deu-me uma fita roxa na qual está escrito, como podes ver: “A pessoa que sou faz toda a diferença”. "Deu-me uma outra fita para entregar a alguém que conte muito para mim. Hoje o dia foi difícil, mas no regresso pensei que havia uma pessoa, uma só, à qual tinha mesmo vontade de dar. Estás a ver, ralho muitas vezes contigo porque não trabalhas o suficiente, porque só pensas em sair com os amigos, porque o teu quarto é uma perfeita desordem... Mas hoje quero dizer-te que tu és muito importante para mim. Tu fazes, juntamente com a tua mãe, toda a diferença na minha vida e gostaria que aceitasses esta fita roxa como testemunho do meu amor. Não te digo muitas vezes, mas és um miúdo formidável!" Mal acabou de falar, o rapaz começou a chorar, a chorar, com o corpo todo a tremer de soluços. O pai agarrou-o nos braços e disse-lhe: “Bom, bom... Disse alguma coisa que te magoou?” “Não pai... mas... snif... tinha decidido suicidar-me amanhã. Tinha tudo organizado porque tinha a certeza de que não me amavas apesar dos meus esforços para te agradar. Agora tudo mudou.” Pense nisso, você pode mudar o rumo da vida de alguém! Para melhor! *** A FORTUNA E O MENDIGO (William J. Bennett - org. O Livro das Virtudes II - O Compasso Moral Editora Nova Fronteira) Um dia, um mendigo esfarrapado estava se arrastando de casa em casa, carregando uma malinha velha; em cada porta, pedia alguns centavos para comprar comida. Queixava-se da vida, imaginando por que as pessoas que tinham bastante dinheiro nunca estavam satisfeitas, sempre querendo mais. - Por exemplo, o dono desta casa disse - , eu o conheço muito bem. Sempre foi bem nos negócios e, há muito tempo, ficou imensamente rico. Pena que não teve a sabedoria de parar por ali. Podia ter transferido os negócios a outra pessoa e passado o resto da vida descansando. Mas, em vez disso, o que foi que ele fez? Resolveu construir navios, 24
  • 25. enviando-os para comerciar com países estrangeiros. Pensou que ia ganhar montanhas em ouro. "Mas caíram fortes tempestades; os navios naufragaram e toda a sua riqueza foi engolida pelas ondas. Agora, todas as suas esperanças jazem no fundo do mar, e sua grande riqueza desapareceu, como se acordasse de um sonho." "Há muitos casos como esse. Os homens nunca ficam satisfeitos enquanto não conseguem ganhar o mundo inteiro!" "Quanto a mim, se tivesse o suficiente para comer e me vestir, não ia querer mais nada!" Nesse momento, a Fortuna veio descendo a rua e parou quando viu o mendigo. Disse- lhe: - Escute! Há muito tempo venho querendo ajudá-lo. Segure sua malinha enquanto eu despejo umas moedas de ouro nela. Mas só faço isso com uma condição: o que ficar na malinha será ouro puro, mas o que cair no chão vai virar poeira. Está compreendendo? - Sim, sim, claro que compreendo - disse o mendigo. - Então tome cuidado - disse a fortuna. - Sua malinha está velha, é melhor não a encher muito. O mendigo estava tão contente que mal podia esperar. Abriu rapidamente a malinha e uma torrente de moedas de ouro foi despejada ali dentro. Logo, a malinha foi ficando muito pesada. - Já é o bastante? - perguntou a Fortuna. - Ainda não. - Mas ela já não está rachando? - Que nada! As mãos do mendigo começaram a tremer. Ah, se a torrente de ouro pudesse fluir para sempre! - Agora você já é o homem mais rico do mundo! - Só mais um pouquinho - disse o mendigo. - Só mais uns punhados. - Pronto, já está cheia. Essa malinha vai explodir! - Mas ainda agüenta um pouquinho, só mais um pouquinho! Caiu mais uma moeda - e a malinha estourou. O tesouro caiu ao chão e virou poeira. A Fortuna havia desvanecido. Agora, o mendigo só tinha mesmo a malinha vazia, ainda por cima rasgada de alto abaixo. Estava mais pobre do que antes. *** A GALINHA E A ÁGUIA Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro, a fim de mantê- lo cativo em casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto às galinhas. Cresceu como uma galinha. Depois de cinco anos, esse homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista: - Esse pássaro aí não é uma galinha. É uma águia. 25
  • 26. - De fato - disse o homem - é uma águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais águia. É uma galinha como as outras. - Não, - retrucou o naturalista - ela é e será sempre uma águia. Este coração a fará um dia voar às alturas. - Não - insistiu o camponês - ela virou galinha e jamais voará como águia. Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e, desafiando-a, disse: - Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra suas asas e voe! A águia ficou sentada sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas. O camponês comentou: - Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha! - Não, - tornou a insistir o naturalista - ela é uma águia. E uma águia sempre será uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã. No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurrou-lhe: - Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe! Mas, quando a águia viu lá embaixo as galinhas ciscando o chão, pulou e foi parar junto delas. O camponês sorriu e voltou a carga: - Eu havia lhe dito, ela virou galinha! - Não, - respondeu firmemente o naturalista - ela é águia e possui sempre um coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar. No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram-na para o alto de uma montanha. O sol estava nascendo e dourava os picos das montanhas. O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe: - Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe! A águia olhou ao redor. Tremia, como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então, o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, de sorte que seus olhos pudessem se encher de claridade e ganhar as dimensões do vasto horizonte. Foi quando ela abriu suas potentes asas. Ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto e voar cada vez mais para o alto. Voou. E nunca mais retornou. De Edna Feitosa Esta é uma história que vem de um pequeno país da África Ocidental, Gana, narrada por um educador popular, James Aggrey, nos inícios deste século, quando se davam os embates pela descolonização. 26
  • 27. *** A GALINHA VERMELHA Uma galinha vermelha achou alguns grãos de trigo e disse a seus vizinhos: - Se plantarmos este trigo, teremos pão para comer. Alguém quer me ajudar a plantá- lo? - Eu não!, disse a vaca. - Nem eu!, emendou o pato. - Eu também não!, falou o porco. - Então eu mesma planto!, disse a galinha vermelha. E assim o fez. O trigo cresceu alto e amadureceu em grãos dourados. - Quem vai me ajudar a colher o trigo?, quis saber a galinha. - Não faz parte de minhas funções!, disse o porco. - Eu não me arriscaria a perder o seguro-desemprego!, exclamou o pato. - Então eu mesma colho!, falou a galinha. E colheu o trigo ela mesma. Finalmente, chegou a hora de preparar o pão. - Quem vai me ajudar a assar o pão?, indagou a galinha vermelha. - Só se me pagarem hora extra!, falou a vaca. - Eu não posso por em risco meu auxílio-doença!, emendou o pato. - Eu fugi da escola e nunca aprendi a fazer pão!, disse o porco. Ela então assou cinco pães, e pôs todos numa cesta para que os vizinhos pudessem ver. De repente, todo mundo queria pão, e exigiu um pedaço. Mas a galinha simplesmente disse - Não, eu vou comer os cinco pães sozinha. - Lucros excessivos!, gritou a vaca. - Sanguessuga capitalista!, exclamou o pato. - Eu exijo direitos iguais!, bradou o ganso. O porco, esse só grunhiu. Eles pintaram faixas e cartazes dizendo "Injustiça" e marcharam em protesto contra a galinha, gritando obscenidades. Quando um agente do governo chegou, disse à galinhazinha vermelha: - Você não pode ser assim egoísta! - Mas eu ganhei esse pão com meu próprio suor!, defendeu-se a galinha. - Exatamente!, disse o funcionário do governo. - Essa é a beleza da livre empresa. Qualquer um aqui na fazenda pode ganhar o quanto quiser. Mas sob nossas modernas regulamentações governamentais, os trabalhadores mais produtivos têm que dividir o produto de seu trabalho com os que não fazem nada! E todos viveram felizes para sempre, inclusive a pequena galinha vermelha, que sorriu e cocoricou: - Eu estou grata! Eu estou grata! 27
  • 28. Mas os vizinhos sempre se perguntavam por que a galinha nunca mais fez um pão, por que após um ano todos morreram de fome, e por que a fazenda faliu... Moral da estória Quando não se valoriza quem trabalha, corre-se o risco de entrar em falência moral, intelectual, social, econômica e cultural! O trabalho, é lei da Natureza mediante a qual o homem forja o próprio progresso desenvolvendo as possibilidades do meio ambiente em que se situa, ampliando os recursos de preservação da vida, por meio das suas necessidades imediatas na comunidade social onde vive. Desde as imperiosas necessidades de comer e beber, defender-se dos excessos climatéricos até os processos de garantia e preservação da espécie, pela reprodução, o homem vê-se coagido a lei do trabalho. A lei do trabalho impõe-se a todos e ninguém fugirá dela impunemente, deixando de ser surpreendido mais adiante... A homem algum é permitido usufruir os benefícios do trabalho de outro sem a justa retribuição e toda exploração imposta pelo usuário representa cárcere e algema para si próprio. Ninguém logrará resultado excelente, sem esforçar-se, conferindo à obra do bem o melhor de si mesmo. *** A HISTÓRIA DA LAGARTA Imagine uma lagarta. Passa grande parte de sua vida no chão, olhando os pássaros, indignada com seu destino e com sua forma. "Sou a mais desprezível das criaturas", pensa. "Feia, repulsiva, condenada a rastejar pela terra." Um dia, entretanto, a Natureza pede que faça um casulo. A lagarta se assusta - jamais fizera um casulo antes. Pensa que está construindo seu túmulo, e prepara-se para morrer. Embora indignada com a vida que levou até então, reclama novamente com Deus. "Quando finalmente me acostumei, o Senhor me tira o pouco que tenho." Desesperada, tranca-se no casulo e aguarda o fim. Alguns dias depois, vê-se transformada numa linda borboleta. Pode passear pelos céus, e ser admirada pelos homens. Surpreende-se com o sentido da vida e com os desígnios de Deus. *** A HISTÓRIA DE UM JARDIM Amanheceu, o dia era lindo, o sol brilhava, o jardim cheio de flores, cada uma delas mais imponente e perfumada que a outra, começava enfim a primavera. Haviam rosas desabrochando, papoulas excitadas, jasmins que balançavam ao vento, margaridas em grupos, violetas excêntricas. 28
  • 29. O jardim mais parecia uma festa a luz do dia. Todos que ali passavam admiravam a riqueza daquele instante, a profundidade daquele momento e podiam sentir aquele aroma que trazia paz. O colorido era maravilhoso, rosas vermelhas, margaridas amarelas, violetas roxas....tudo perfeito, tudo completo. A grama completava aquele cenário irretocável e os raios de sol pousavam para emoldurar aquele momento. Chegou então o JARDINEIRO, para dar amor e carinho àquelas flores, fez o seu serviço em silêncio. Podou, regou, plantou novas sementes, quando de repente percebeu que era observado por alguém que lhe disse: - Que belo jardim, você é um artista, conseguir manter assim tudo perfeito, é uma arte. Ele então respondeu: ...mas não está tudo perfeito! Olhe ali no centro do jardim, está vendo aquela orquídea? Ela está triste, ela está chorando, ela está sofrendo muito. - Mas você consegue enxergar isso? Eu não estou conseguindo perceber, ela me parece tão linda! - Você não consegue perceber, porque a beleza que ela traz por fora esconde a tristeza que ela carrega por dentro, mas eu posso perceber, porque os meus olhos, moram no meu coração e é só por isso que sou um artista. Conservar a beleza de um jardim, não é ser artista, ser artista é perceber, entender, aceitar e sentir a tristeza de uma única flor que se esconde no meio de tantas. *** A LATINHA DE LEITE Um fato real. Dois irmãozinhos maltrapilhos, provenientes da favela, um deles de cinco anos e o outro de dez, iam pedindo um pouco de comida pelas casas da rua que beira o morro. Estavam famintos "vai trabalhar e não amole", ouvia-se detrás da porta; "aqui não há nada moleque...", dizia outro... As múltiplas tentativas frustradas entristeciam as crianças... Por fim, uma senhora muito atenta disse-lhes "Vou ver se tenho alguma coisa para vocês... coitadinhos!"E voltou com uma latinha de leite. Que festa! Ambos se sentaram na calçada. O menorzinho disse para o de dez anos"você é mais velho, tome primeiro..." e olhava para ele com seus dentes brancos, a boca semi-aberta, mexendo a ponta da língua. Eu, como um tolo, contemplava a cena... Se vocês vissem o mais velho olhando de lado para o pequenino! Leva a lata à boca e, fazendo gesto de beber, aperta fortemente os lábios para que por eles não penetre uma só gota de leite. Depois, estendendo a lata, diz ao irmão: 29
  • 30. "Agora é sua vez, só um pouco." E o irmãozinho, dando um grande gole exclama"como está gostoso!" "Agora eu", diz o mais velho. E levando a latinha, já meio vazia, à boca, não bebe nada. "Agora você", "Agora eu", "Agora você", "Agora eu"... E, depois de três, quatro, cinco ou seis goles, o menorzinho, de cabelo encaracolado, barrigudinho, com a camisa de fora esgota o leite todo... ele sozinho. Esse "Agora você", "Agora eu" encheram-me os olhos de lágrimas... E então, aconteceu algo que me pareceu extraordinário. O mais velho começou a cantar, a sambar, a jogar futebol com a lata de leite. Estava radiante, o estômago vazio, mas o coração trasbordante de alegria. Pulava com a naturalidade de quem não fez nada de extraordinário, ou melhor, com a naturalidade de quem está habituado a fazer coisas extraordinárias sem dar-lhes maior importância. Daquele moleque nós podemos aprender a grande lição, "quem dá é mais feliz do que quem recebe". É assim que nós temos de amar. Sacrificando-nos com tal naturalidade, com tal elegância, com tal discrição, que os outros nem sequer possam agradecer-nos o serviço que nós lhe prestamos. *** A LENDA DA CONCHA! Há muito tempo não chovia naquela terra. Estava tão quente e seco que as flores ficaram murchas, o capim tornara-se marrom e até mesmo as árvores grandes e fortes estavam morrendo. A água evaporou nos rios e nos córregos, os poços estavam secos e as fontes pararam de jorrar. As vacas, os cães, os cavalos, os pássaros e todas as pessoas tinham muita sede. Todos se sentiam incomodados e doentes. Havia uma menininha cuja mãe ficara muito doente. - Oh! Se eu puder encontrar um pouco d’água para minha mãe, tenho certeza de que ela ficará bem outra vez. Eu preciso achar água. Então ela pegou uma concha de lata e começou a procurar água. Encontrou uma pequenina fonte no alto da encosta da montanha. A fonte estava quase seca. A água pingava muito devagar por sob a pedra. A menininha posicionou a concha cuidadosamente e colheu as gotas. Ela esperou muito, muito tempo até que a concha ficasse cheia d’água. Então, ela começou a descer a montanha segurando a concha com muito cuidado, por que não queria derramar uma gota sequer. No caminho ela encontrou um pobre cachorrinho. Ele mal se arrastava. Arfava sofregamente à procura de ar e sua língua estava pendurada de tão seca. - Oh, pobre cachorrinho! - disse a menininha - você está com muita sede. Eu não posso deixá-lo sem um pouco de água. Se eu lhe der só um pouquinho, ainda restará bastante para minha mãe. Então a menininha verteu um pouco d’água em sua mão e deu de beber ao cachorrinho. 30
  • 31. Ele tomou a água bem depressa e se sentiu tão melhor que pulou e latiu como que dizendo: "obrigada menininha". A menina não reparou, mas sua concha de lata se havia transformado numa concha de prata e estava tão cheia de água quanto antes. Pensou em sua mãe e andou o mais depressa possível. Chegou em casa no final da tarde, quando já escurecia. A menininha abriu a porta e correu para o quarto da mãe. Quando entrou no quarto, a velha empregada que ajudava no serviço e trabalhara o dia inteiro sem descansar tomando conta da doente, caminhou até a porta. Ela estava tão cansada e com tanta sede que nem conseguiu falar com a menininha. - Dê-lhe um pouco d’água! - disse a mãe - ela trabalhou o dia inteiro, e precisa mais de água do que eu. A menininha levou a concha aos lábios da velha e ela bebeu parte da água. Na mesma hora, a empregada se sentiu melhor e mais forte; caminhou até a mãe e a levantou. A menininha não reparou que a concha transformara-se em ouro e estava tão cheia de água quanto antes. Então levou a concha até os lábios da mãe, que bebeu e bebeu. A mãe se sentiu tão melhor! Quando terminou de beber, ainda havia um pouco de água na concha. A menininha ia levá-la aos próprios lábios, quando ouviu uma batida na porta. A empregada foi abrir e lá estava um forasteiro muito abatido e coberto de poeira da estrada. - Estou com sede - disse - quer me dar um pouco de água? A menininha respondeu: - Claro que sim, tenho certeza de que você precisa mais do que eu. Beba tudo. O forasteiro sorriu e tomou a concha nas mãos; quando a segurou, ela transformou-se numa cocha de diamantes. Ele a virou de cabeça para baixo e a água derramada se infiltrou no chão. No lugar onde a água se infiltrou, surgiu uma fonte. A água fresca minava e corria tão farta que deu de beber a todas as pessoas e a todos os animais daquela terra para sempre. APONTAMENTO: Se observarmos ao nosso redor muitos são os que necessitam de um pouco de água, a água da esperança e do amor. Temos tanto e negamos as pessoas. Possamos refletir nessa antiga lenda e observarmos que quanto mais nós dermos com amor, mais teremos! *** A LENDA DAS ORQUÍDEAS Era uma vez... Em uma cidade chinesa, existia uma jovem famosa chamada Hoan Lan, que divertia-se, em fazer penar suas paixões aos seus numerosos adoradores. Por um sorriso, o jovem Kien Fu, tinha cinzelado o ouro mais fino e trabalhado com infinita paciência as mais lindas peças de jade. 31
  • 32. A ingrata, após se adornar com todos os presentes do nobre apaixonado, riu-se dele e o desprezou. Kien Fu, desesperado, acabou com a própria vida atirando-se ao Rio Vermelho. O pintor Nguyen Ba conseguiu obter cores desconhecidas para pintar o retrato de sua amada. Esta, porém, depois de ter exibido para satisfação de sua vaidade a magnífica pintura, desprezou o artista que desapareceu para sempre no mistério das selvas... Mai Da, apaixonado também, quis patentear seu amor à jovem volúvel, inventando um perfume delicioso somente digno dos anjos. A ingrata perfumou-se e mandou pôr na rua o seu adorador que, nada mais aspirando na vida, se envenenou... Cung Le levou sua perseverança a incrustar nácar numa pulseira de ébano, que foi recebida pela ingrata. O pobre endoideceu... Mas, o poderoso Deus das cinco flechas, Deus que a tudo via e tudo ordenava, julgou que era o momento de castigar tanta maldade, fazendo a jovem volúvel apaixonar-se pelo formoso Mun Cay. Desde então, Hoan Lan sonhava no seu leito de nácar e sedas bordadas, com seu adorado, cujo nome, esvoaçava sobre seus lábios de carmim, como uma borboleta sobre a rosa. Ao despertar, descia à piscina, banhava-se e adornava-se com suas jóias mais preciosas, para ver passar seu querido Mun Cay, que apenas se dignava a levantar os olhos para ela. Nunca tinha considerado a formosa jovem, nem se interessado pela fama de beleza que tinha ardido à sua volta. Os dias iam passando e Mun Cay não saía de sua indiferença cruel... Um dia, Hoan Lan decidiu sair-lhe ao encontro e declarar-lhe paixão... "Não me interessas rapariga!" - disse ele. "És como todas as outras. Para mim não vales nada! Se fosses como aquela que eu amo... Esta sim, é uma deusa! Tu, mísera Hoan Lan, com toda tua vaidade, não serves nem para atar-lhe as fitas das sandálias!". E, com um sorriso desdenhoso, afastou-se... Em meio de seu desespero, Hoan Lan lembrou-se do deus todo poderoso que vivia na montanha de Tan Vien. Talvez ele pudesse lhe valer... Apesar da noite escura e chuvosa, a jovem dirigiu-se ao monte sagrado, onde residia sua última esperança. A entrada do templo subterrâneo, era guardada por um terrível dragão. Suplicou-lhe a concessão de entrada e ao cabo de muitos pedidos conseguiu penetrar num extenso corredor, por entre serpentes horríveis que lhe babujavam os pés nus. Quando chegou junto ao trono de ônix do poderoso gênio, prostrou-se e implorou: "Cura-me, que sofro horrivelmente! Amo Mun Cay que me despreza!" "É justo o castigo" - respondeu o deus - "pelo que tens feito aos teus apaixonados". "Oh! Todo poderoso! Tem dó de mim! Concede o amor de meu querido Mun Cay! Sabes bem que não posso viver sem ele!" "Vai-te daqui!" - rugiu o gênio - nada conseguirás! O castigo que pesa sobre ti, foi imposto pelo Kama que tudo sabe! É justo que sofras! Saia de meu templo!" À saída, Hoan Lan encontrou-se com uma bruxa de pés de cabra! 32
  • 33. "Formosa jovem" - disse-lhe a bruxa - "sei que és muito desgraçada. Queres vingar-se de Mun Cay? Vende-me a tua alma e juro-te que, embora Mun Cay não te ame, não amará à outra mulher!" Hoan Lan voltou à sua casa que lhe parecia um cárcere. Saía pelos bosques para distrair sua pena, mas sempre em vão. . . Um dia, vendo ao longe seu adorado Mun Cay, correu para ele e quando se preparava para abraçá-lo, o jovem foi transformado numa árvore de ébano! Neste momento apareceu a bruxa que, soltando uma gargalhada, lhe disse: "Desta maneira, o teu amado não pode ser nunca de outra mulher!" "Bruxa infame!" - exclamou chorando, a pobre Hoan Lan - "o que fizeste a meu adorado? Devolva-me ou mata-me!" "Contratos são contratos!" - replicou a bruxa, rindo satanicamente. "Cumpri o que prometi! Mun Cay, embora nunca te ame, não amará a outra mulher! Prometi e cumpri! A tua alma me pertence!" Hoan Lan, abraçada ao pé da árvore, clamava desesperadamente a seu tronco imóvel... "Perdoa-me Mun Cay! Tem para mim, uma só palavra de amor, de indulgência e compaixão! Não vês como me arrasto aos seus pés? Como te abraço? Como sofro?" Mas a árvore nada respondia. . . A jovem ali ficou por muito tempo. . . Uma manhã, passou por ali um gênio, que se compadeceu de sua dor. Acercando-se dela, pôs-lhe um dedo na testa e disse: "Mulher, procedeste muito mal! Foste volúvel até a crueldade e ingrata até a malvadez! Procedeste muito mal! Mas a tua dor purificou a tua alma! Estás perdoada e vais deixar de sofrer. Antes que a bruxa venha buscar a tua alma, vou transformar-te numa flor. Ficarás sendo, no entanto, uma flor esquisita e requintada, que de a impressão do que foi a tua vida maldosa! Quem vir as tuas pétalas, facilmente adivinhará o que foi o teu espírito, caprichoso, volúvel, cruel e a tua preocupação constante pela elegância... Concedo-te um bem: não te separarás do bem que adoras e viverás da sua seiva, parasita do teu amado!" Assim falou o poderoso gênio e enquanto falava, a túnica rósea de Hoan Lan ia empalidecendo e tornando-se de uma delicada cor lilás... Os olhos da jovem brilharam como pontos de ouro e as suas carnes tomaram a tonalidade do nácar. Os seus formosos braços enrolaram-se na árvore na derradeira súplica. "E assim, apareceu a primeira orquídea no mundo..." *** 33
  • 34. A LENDA DO PEIXINHO VERMELHO Transcrito do prefácio do livro "LIBERTAÇÃO" [Emmanuel (fev. 1949)], de André Luiz Psicografia de Francisco Cândido Xavier No centro de formoso jardim, havia um grande lago, adornado de ladrilhos azul- turquesa. Alimentado por diminuto canal de pedra, escoava suas águas, do outro lado, através de grade muito estreita. Nesse reduto acolhedor, vivia toda uma comunidade de peixes, a se refestelarem, nédios e satisfeitos, em complicadas locas, frescas e sombrias. Elegeram um dos concidadãos de barbatanas para os encargos de rei, e ali viviam, plenamente despreocupados, entre a gula e a preguiça. Junto deles, porém, havia um peixinho vermelho, menosprezado de todos. Não conseguia pescar a mais leve larva, nem refugiar-se nos nichos barrentos. Os outros, vorazes e gordalhudos, arrebatavam para si todas as formas larvárias e ocupavam, displicentes, todos os lugares consagrados ao descanso. O peixinho vermelho que nadasse e sofresse. Por isso mesmo era visto, em correria constante, perseguido pela canícula ou atormentado de fome. Não encontrando pouso no vastíssimo domicílio, o pobrezinho não dispunha de tempo para muito lazer e começou a estudar com bastante interesse. Fez o inventário de todos os ladrilhos que enfeitavam as bordas do poço, arrolou todos os buracos nele existentes e sabia, com precisão, onde se reuniria maior massa de lama por ocasião de aguaceiros. Depois de muito tempo, à custa de longas perquirições, encontrou a grade do escoadouro. À frente da imprevista oportunidade de aventura benéfica, refletiu consigo: - "Não será melhor pesquisar a vida e conhecer outros rumos?" Optou pela mudança. Apesar de macérrimo, pela abstenção completa de qualquer conforto, perdeu várias escamas, com grande sofrimento, a fim de atravessar a passagem estreitíssima. Pronunciando votos renovadores, avançou, otimista, pelo rego d'água, encantado com as novas paisagens, ricas de flores e sol que o defrontavam, e seguiu, embriagado de esperança... Em breve, alcançou grande rio e fez inúmeros conhecimentos. Encontrou peixes de muitas famílias diferentes, que com ele simpatizaram, instruindo- o quanto aos percalços da marcha e descortinando-lhe mais fácil roteiro. Embevecido, contemplou nas margens homens e animais, embarcações e pontes, palácios e veículos, cabanas e arvoredo. 34
  • 35. Habituado com o pouco, vivia com extrema simplicidade, jamais perdendo a leveza e a agilidade naturais. Conseguiu, desse modo, atingir o oceano, ébrio de novidade e sedento de estudo. De início, porém, fascinado pela paixão de observar, aproximou-se de uma baleia para quem toda a água do lago em que vivera não seria mais que diminuta ração; impressionado com o espetáculo, abeirou-se dela mais que devia e foi tragado com os elementos que lhe constituíam a primeira refeição diária. Em apuros, o peixinho aflito orou ao Deus dos Peixes, rogando proteção no bojo do monstro e, não obstante as trevas em que pedia salvamento, sua prece foi ouvida, porque o valente cetáceo começou a soluçar e vomitou, restituindo-o às correntes marinhas. O pequeno viajante, agradecido e feliz, procurou companhias simpáticas e aprendeu a evitar os perigos e tentações. Plenamente transformado em suas concepções do mundo, passou a reparar as infinitas riquezas da vida. Encontrou plantas luminosas, animais estranhos, estrelas móveis e flores diferentes no seio das águas. Sobretudo, descobriu a existência de muitos peixinhos, estudiosos e delgados tanto quanto ele, junto dos quais se sentia maravilhosamente feliz. Vivia, agora, sorridente e calmo, no Palácio de Coral que elegera, com centenas de amigos, para residência ditosa, quando, ao se referir ao seu começo laborioso, veio a saber que somente no mar as criaturas aquáticas dispunham de mais sólida garantia, de vez que, quando o estio se fizesse mais arrasador, as águas de outra altitude, continuariam a correr para o oceano. O peixinho pensou, pensou... e sentindo imensa compaixão daqueles com quem convivera na infância, deliberou consagrar-se à obra do progresso e salvação deles. Não seria justo regressar e anunciar-lhes a verdade? não seria nobre ampará-los, prestando-lhes a tempo valiosas informações? Não hesitou. Fortalecido pela generosidade de irmãos benfeitores que com ele viviam no Palácio de Coral, empreendeu comprida viagem de volta. Tornou ao rio, do rio dirigiu-se aos regatos e dos regatos se encaminhou para os canaizinhos que o conduziram ao primitivo lar. Esbelto e satisfeito como sempre, pela vida de estudo e serviço a que se devotava, varou a grade e procurou, ansiosamente, os velhos companheiros. Estimulado pela proeza de amor que efetuava, supôs que o seu regresso causasse surpresa e entusiasmo gerais. Certo, a coletividade inteira lhe celebraria o feito, mas depressa verificou que ninguém se mexia. Todos os peixes continuavam pesados e ociosos, repimpados nos mesmos ninhos lodacentos, protegidos por flores de lotus, de onde saíam apenas para disputar larvas, moscas ou minhocas desprezíveis. Gritou que voltara a casa, mas não houve quem lhe prestasse atenção, porquanto ninguém, ali, havia dado pela ausência dele. 35
  • 36. Ridicularizado, procurou, então, o rei de guelras enormes e comunicou-lhe a reveladora aventura. O soberano, algo entorpecido pela mania de grandeza, reuniu o povo e permitiu que o mensageiro se explicasse. O benfeitor desprezado, valendo-se do ensejo, esclareceu, com ênfase, que havia outro mundo líquido, glorioso e sem fim. Aquele poço era uma insignificância que podia desaparecer, de momento para outro. Além do escoadouro próximo desdobravam-se outra vida e outra experiência. Lá fora, corriam regatos ornados de flores, rios caudalosos repletos de seres diferentes e, por fim, o mar, onde a vida aparece cada vez mais rica e mais surpreendente. Descreveu o serviço de tainhas e salmões, de trutas e esqualos. Deu notícias do peixe-lua, do peixe-coelho e do galo-do-mar. Contou que vira o céu repleto de astros sublimes e que descobrira árvores gigantescas, barcos imensos, cidades praieiras, monstros temíveis, jardins submersos, estrelas do oceanos e ofereceu-se para conduzi-los ao Palácio de Coral, onde viveriam todos, prósperos e tranqüilos. Finalmente os informou de que semelhante felicidade, porém, tinha igualmente seu preço. Deveriam todos emagrecer, convenientemente, abstendo-se de devorar tanta larva e tanto verme nas locas escuras e aprendendo a trabalhar e estudar tanto quanto era necessário à venturosa jornada. Antes que terminou, gargalhadas estridentes coroaram-lhe a preleção. Ninguém acreditou nele. Alguns oradores tomaram a palavra e afirmaram, solenes, que o peixinho vermelho delirava, que outra vida além do poço era francamente impossível, que aquelas história de riachos, rios e oceanos era mera fantasia de cérebro demente e alguns chegaram a declarar que falavam em nome do Deus dos Peixes, que trazia os olhos voltados para eles unicamente. O soberano da comunidade, para melhor ironizar o peixinho, dirigiu-se em companhia dele até a grade de escoamento e, tentando, de longe, a travessia, exclamou, borbulhante: - "Não vês que não cabe aqui nem uma só de minhas barbatanas? Grande tolo! vai-te daqui! não nos perturbes o bem-estar... Nosso lago é o centro do Universo... Ninguém possui vida igual à nossa!..." Expulso a golpes de sarcasmo, o peixinho realizou a viagem de retorno e instalou-se, em definitivo, no Palácio de Coral, aguardando o tempo. Depois de alguns anos, apareceu pavorosa e devastadora seca. As águas desceram de nível. E o poço onde viviam os peixes pachorrentos e vaidosos esvaziou-se, compelindo a comunidade inteira a perecer, atolada na lama... *** 36
  • 37. A LIBÉLULA Extraído do livro Sabedoria em Parábolas, Prof. Felipe Aquino Num lugar muito bonito, onde havia árvores, flores e um lindo lago... Certo dia surgiu um casulo... E quando ele se rompeu, de dentro saiu voando uma linda libélula. E ela ficou tão encantada com o lugar, que voou por cada pedacinho... Brincou nas flores, nas árvores, no lago, nas nuvens... E quando ela tinha conhecido tudo... no alto de uma colina, avistou uma casa... A casa do homem... e a libélula havia de conhecer a casa do homem... e foi voando pra lá... E então, a libélula entrou por uma janela, justo a janela da cozinha... E nesse dia, uma grande festa era preparada. Um homem com um chapéu branco... grande... dava ordens para os criados... Mas a libélula não se preocupou com isso, brincou entre os cristais se viu na bandeja de prata, explorou cada pedacinho daquele novo mundo... Quando de repente, ela viu sobre a mesa... uma tigela cheia de nuvens!!! E a libélula não resistiu, ela tinha adorado brincar nas nuvens... e mergulhou... Mas quando mergulhou... ahhhhh... aquilo não eram nuvens, e ela foi ficando toda grudada, e quando mais ela se mexia tentando escapar... ahhhh... mais ela afundava... E a libélula começou a rezar, fazia promessas e dizia que se conseguisse sair dali, dedicara o resto de seus dias a ajudar os insetos voadores... e ela rezava e pedia... Até que o chefe da cozinha começou a ouvir um barulhinho, e ele não sabia que era uma libélula rezando e quando olhou na tigela de claras em neve... arghhh um inseto!!! E ele pegou a libélula e a atirou pela janela... A libélula então se arrastou para um pedacinho de grama, e sob o sol começou a se limpar... e quando se viu liberta... ahhhh ela estava tão cansada que se virou pra Deus e disse: - Eu prometi dedicar o resto de minha vida a ajudar os outros insetos voadores, mas agora estou tão cansada, que prometo cumprir minha promessa a partir de amanhã... E a libélula adormeceu... Mas o que ela não sabia, e você também não sabe, é que libélulas vivem apenas um dia... E naquele pedacinho de grama, a libélula adormeceu, e não mais acordou. REFLEXÃO: Se tiver que fazer alguma coisa de bom, faça hoje, faça agora, faça já, pois amanhã pode ser tarde demais. *** 37
  • 38. A LIÇÃO DO FOGO Um membro de um determinado grupo, ao qual prestava serviços regularmente, sem nenhum aviso deixou de participar de suas atividades. Após algumas semanas, o líder daquele grupo decidiu visitá-lo. Era uma noite muito fria. O líder encontrou o homem em casa sozinho, sentado diante da lareira, onde ardia um fogo brilhante e acolhedor. Adivinhando a razão da visita, o homem deu as boas-vindas ao líder, conduziu-o a uma grande cadeira perto da lareira e ficou quieto, esperando. O líder acomodou-se confortavelmente no local indicado, mas não disse nada. No silêncio sério que se formara, apenas contemplava a dança das chamas em torno das achas de lenha, que ardiam. Ao cabo de alguns minutos, o líder examinou as brasas que se formaram e cuidadosamente selecionou uma delas, a mais incandescente de todas, empurrando-a para o lado. Voltou então a sentar-se, permanecendo silencioso e imóvel. O anfitrião prestava atenção a tudo, fascinado e quieto. Aos poucos a chama da brasa solitária diminuía, até que houve um brilho momentâneo e seu fogo apagou-se de vez. Em pouco tempo o que antes era uma festa de calor e luz, agora não passava de um negro, frio e morto pedaço de carvão recoberto de uma espessa camada de fuligem acinzentada. Nenhuma palavra tinha sido dita desde o protocolar cumprimento inicial entre os dois amigos. O líder, antes de se preparar para sair, manipulou novamente o carvão frio e inútil, colocando-o de volta no meio do fogo. Quase que imediatamente ele tornou a incandescer, alimentado pela luz e calor dos carvões ardentes em torno dele. Quando o líder alcançou a porta para partir, seu anfitrião disse: - Obrigado. Por sua visita e pelo belíssimo sermão. Estou voltando ao convívio do grupo. Deus te abençoe! Reflexão: Aos membros de um grupo vale lembrar que eles fazem parte da chama e que longe do grupo eles perdem todo o brilho. Aos lideres vale lembrar que eles são responsáveis por manter acesa a chama de cada um e por promover a união entre todos os membros, para que o fogo seja realmente forte, eficaz e duradouro. *** 38
  • 39. A MACIEIRA ENCANTADA Autora: Maria Madalena de Oliveira Junqueira Leite e-mail: madjl@uol.com.br Master Practitioner em Programação Neurolingüística, com especialização em Saúde http://www.metaforas.com.br/metaforas/g50metaf.htm Era uma vez um reino antigo e pobre, situado perto de uma grande montanha. Havia uma lenda de que, no alto dessa montanha havia uma Macieira mágica, que produzia maçãs de ouro. Para colher as maçãs era preciso chegar até lá, enfrentando todas as situações que aparecessem no caminho. Nunca ninguém havia conseguido essa façanha, conforme dizia a lenda. O Rei do lugar resolveu oferecer um grande prêmio àquele que se dispusesse a fazer essa viagem e que conseguisse trazer as maçãs, pois assim o reino estaria a salvo da pobreza e das dificuldades que o povo enfrentava. O prêmio seria da escolha do vencedor e incluía a mão da princesa em casamento. Apareceram três valorosos e corajosos cavaleiros dispostos a essa aventura tão difícil. Eles deveriam seguir separados e, por coincidência, havia três caminhos: 1º - rápido e fácil, onde não havia nenhum obstáculo e nenhuma dificuldade; 2º - rápido e não tão fácil quanto o primeiro, pois havia algumas situações a serem enfrentadas; 3º - longo e difícil, cheio de situações trabalhosas. Foi efetuado um sorteio para ver quem escolheria em primeiro lugar um desses caminhos. O primeiro sorteado escolheu, naturalmente, o Primeiro caminho. O segundo sorteado escolheu o Segundo caminho. O terceiro sorteado, sem nenhuma outra opção, aceitou o Terceiro caminho. Eles partiram juntos, no mesmo horário, levando consigo apenas uma mochila contendo alimentos, agasalhos e algumas ferramentas. O Primeiro, com muita facilidade chegou rapidamente até a montanha, subiu, feliz por acreditar que seria o vencedor e quando se deparou com a Macieira Encantada sorriu de felicidade. O que ele não esperava, porém, é que ela fosse tão inatingível. Como chegar até as maçãs? Elas estavam em galhos muito altos. Não havia como subir. O tronco era muito alto também. Ele não possuía nenhum meio de chegar até lá em cima. Ficou esperando o Segundo chegar para resolverem juntos a questão. O Segundo enfrentou galhardamente a primeira situação com a qual se deparou, porém logo em seguida apareceu outra, e logo depois mais uma e mais outra, sendo algumas delas um tanto difíceis de superar. Ele acabou ficando cansado, esgotado até ficar doente, e cair prostrado. Quando se deu conta de seu péssimo estado físico, foi obrigado a retroceder e voltou para a aldeia, onde foi internado para cuidados médicos. O Terceiro teve seu primeiro teste quando acabou sua água e ele chegou a um poço. Quando puxou o balde, arrebentou a corda e ele então, rapidamente, com suas 39
  • 40. ferramentas e alguns galhos, improvisou uma escada para descer até o poço e retirar a água para saciar sua sede. Resolveu levar a escada consigo e também a corda remendada. Percebeu que estava começando a gostar muito dessa aventura. Depois de descansar, seguiu viagem e precisou atravessar um rio com uma correnteza fortíssima. Construiu, então, uma pequena jangada e com uma vara de bambu como apoio, conseguiu chegar do outro lado do rio, protegendo assim sua mochila, seus agasalhos e todo o material que levava consigo para o momento que precisasse deles, incluindo a jangada. Em um outro ponto do caminho ele teve de cortar o mato denso e passar por cima de grossos troncos. Com esses troncos ele fez rodas para facilitar o transporte do seu material, usando também a corda para puxar. E assim, sucessivamente, a cada nova situação que surgia, como ele não tinha pressa, calmamente, fazendo uso de tudo o que estava aprendendo nessa viagem e do material que, prudentemente guardara, resolvia facilmente a questão. A viagem foi longa, cheia de situações diferentes, de detalhes, e logo chegou o momento esperado, quando ele se defrontou com a Macieira Encantada. O Primeiro havia se cansado de esperar e também retornara ao povoado. O encanto da Macieira tomou conta do Terceiro. Ela era tão linda, grande, alta, brilhante. Os raios do sol incidindo nos frutos dourados irradiavam uma luz imensa que o deixou extasiado. Quanto mais olhava para a luz dourada, mais ele se sentia invadir por ela, e percebeu que todo o seu corpo parecia estar também dourado. Nesse momento ele sentiu como se uma onda de sabedoria tomasse conta de seu ser. Com essa sensação maravilhosa ele se deixou ficar, inebriado, durante longo tempo. Depois do impacto ele se pôs a trabalhar e preparou cuidadosamente, seu material, fazendo uso de todos os seus recursos. Transformou a jangada numa grande cesta, para guardar as maçãs dentro, subiu na árvore, pela escada, usou o bambu para empurrar as maçãs mais altas e mais distantes. Tudo isso e mais algumas providências que sua criatividade lhe sugeriu para facilitar seu trabalho, que havia se transformado em prazer. Depois de encher a cesta com as maçãs, e com a certeza de que poderia voltar ali quando quisesse, por ser a Macieira pródiga, ele agradeceu a Deus por ter chegado, por ter conseguido concluir seu objetivo. Agradeceu principalmente a si mesmo pela coragem e persistência na utilização de todos os seus recursos, como inteligência e criatividade. Voltou pelo caminho mais fácil, levando consigo os frutos de seu trabalho e de seus esforços, frutos esses colhidos com muita competência e merecimento. Descobriu, entre outras coisas que:  tudo que apareceu em seu caminho foi útil e importante para sua vitória;  cada uma das situações que ele resolveu, foi de grande aprendizado, não só para aquele momento, mas também para vários outros na sua vida futura;  quando você faz do seu trabalho um prazer, suas chances de sucesso são muito maiores;  quando seu objetivo vale a pena, não há nada que o faça desistir no meio do caminho; 40