1. MANUAL PARA A
ASSISTENCIA
à
Ordem Franciscana Secular (OFS)
e à Juventude Franciscana (JUFRA)
Conferência dos Assistentes Gerais da Ordem Franciscana Secular
@fs
ORDEM FRANCISCANA
SECULAR DO BRASIL
2. APRESENTAÇÃO.
PREAMBULO
CONFERENCIA DOS ASSISTENTES GERAIS DA OFS.......l
CAPITULO I- Breve história da Ordem Franciscana Secular.....23
1. Introdução
2. Periodo pré-franciscano.
SUMÁRIO
2.1. Obrigações dos Penitentes.
2.2. Da Reforma Gregoriana a Francisco de Assis
3. Penitentes no tempo de São Francisco de ASSis
3.1.O despertar do Movimento Penitencial
3.2. Francisco e os
Penitentes.
penitentes franciscanos
4.3. Regras dos Penitentes Franciscanos.
3.3.Francisco e seus frades: guias dos Penitentes
3.4. Origem fundacional dos penitentes franciscanos....33
4. Disciplina jurídica dos penitentes franciscanos
5.1. Século XII
5.2. Séculos XIV e XV
5.3. Século XVI.
4.1. Da Recensio Prior ao Memoriale Propositi ........ 35
4.2. Alguns aspectos significativos dos
5.4. Séculos XVIIe XVII.
5.5. Século XIX.
6. Século XX.. . . . .
6.1. Um passo para trás.
6.2. Uma nova primavera.
17
7. Renovação da Regra.
5. Fatos relevantes da OFS do século XIII ao século XIX....40
7.1. Trabalhos preparatórios .
7.2. Primeira fase (1966-1969)..
7.3. Segunda fase (1969-1973).
24
7.4. Terceira fase (1973-1978).
27
7.5. Conclusão dos trabalhos e aprovação.
27
30
31
35
37
38
40
44
46
47
4
53
53
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57
58
60
61
3. 8. Novas Constituiçõcs Gerais
8.1. Encaminhamento dos trabalhos c consultas.
8.2. Aprovação "ad experimentum'
8.3. Divulgação eprimcira aplicação.
8,4. Atualização caplicação definitiva.
CAPÍTULO II-Identidade da Ordem Franciscana Secular.
1. Projeto de vida.......
LJ. Vocação dos(as) franciscanoslas) seculares
1.2. Penitência, caminho de santidade
1.3. Os(As) franciscanos(as) seculares tornam presente
o carisma de Francisco de Assis
1.4. Os(As)franciscanos(as) seculares
no seguimento de Jesus.
1.5. Ambiente secular à
oque caracteriza
a secularidade.
2. Espiritualidade Franciscana Secular
2.1. Aespiritualidade eas espiritualidades.
2.2. Oque é
aespiritualidade franciscana?.
2.2.1. Viver conforme o santo Evangelho
2.2.2. Seguir os passos de Jesus Cristo
2.5. Viver a fraternidade
3. Vida fraterna..
3.1. Viver o Evangelho em comunhão fraterna..
3.2. AFraternidade como Serviço...
3.2.3. Serviço do diálogo
3.2.4. Serviço da confiança e estima
3.2.5. Serviço da confidência.
3.2.6. Serviço na sinceridade e na lealdade.
4. Secularidade
63
63
4.1. Na Dimensão secular do carisma franciscano.
4.2. Desde as origens
5. Unidade.
6
. . . . . . . . . . .
73
76
.79
79
2.3. Eucaristia, centro da espiritualidade franciscana.... 87
2.4. Viver aIgreja.
80
81
8
82
83
83
84
85
86
3.2.1. Serviço de carregar "os fardos uns dos outros"90
3.2.2. Serviço do bom exemplo
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88
89
89
90
90
91
91
91
91
92
92
94
95
4. 5.1. União orgânica.
5.2. Caminhada ...........
5.3. Promover o carisma e a unidade
5.4. Desde as origens.
5.5. Indicações da Regra edas Constituições.
5.6. Olhando para o futuro..
6. Autonomia
6.1. Autonomia de governo da OFS
6.2. Autonomia coligada com a unidade
e a secularidade.
6.3. Autonomia na comunhão
6.4. Desde as origens.
6.5. Processo da realização da autonomia.
7. Formação
7.1. Agentes e responsáveis pela formaço.
7.2. Agentes...
7.2.1. Espírito Santo.
7.2.2. São Francisco.
7.2.3. Candidato(a).
7.3. Responsáveis
7.3.1. Fraternidade.
e na Sociedade.
7.3.2. Conselho com o Ministro.
7.3.3. Coordenador de Formação.
7.3.4. Assistente Espiritual
CAPÍTULO II-Presença ativa da OFS na lgreja
1. OFS na Família Franciscana
1.1. Trilogia Franciscana
1.2. Campo cultivado por Francisco.
1.3. Partilhar o carisma
1.4. Expressões diversas do mesmo carisma.
1.5. Partilha de dons.
1.6. Partilha de dons entre franciscanos(as) seculares
eassistentes espirituais
2. Vida Eclesial dos(as) Franciscanos(as) Seculares
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135
137
2.1. Chamados a seguir Cristo na missão da lgreja ... 137
6. CAPÍTULOIV-Assistência Espiritual ePastoral
à
Ordem Franciscana Secular.
1. Assistência ao longo dos séculos.
1.1. Desenvolvimento do relacionamento entre a OFS,
a Primeira Ordeme aTOR
1.2. Na legislação atual
2. Do diretor ao Assistente Espiritual
2.1. Premissa
2.2. Expectativas eobstáculos
2.2.1. Obstáculos por parte dos seculares:
2.2.2. Obstáculos por parte dos religiosos.
3.1. Definição
3.2. Papel dos Superiores Maiores
3.3. Assistência Colegiada...
3.4. Papel dos Assistentes Espirituais
3.5. Papel pastoral eespiritual.
3.6. Requisitos dos Assistentes..
4. Assistente da Fraternidade Local
4.1. Em geral
4.2. Nas reuniðes do Conselho.
4.3. Método do "Ver., Julgar e Agir"
4.3.1. Ver.
3. Assistência Espiritual nas Constituições Gerais da OFS.... 173
4.3.2. Julgar
4.3.3. Agir.
4.4. Nas reuniões da Fraternidade.
4.4.1. Conteúdo
44.2. Estrutura
4.5. Na Formação da Fraternidade.
4.6. Na Equipe de Formação.
4.7. Na Formação Inicial
4.8. Na Formação Permanente
5. Assistentes Regionais e Nacionais.
5.1. Assistentes Regionais
167
5.2. Assistentes Nacionais.
167
167
169
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170
170
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193
194
195
195
195
196
5.3. Conferência dos Assistentes Regionais e Nacionais.. 197
7. S4 Na Visita Pastoral.
5,5, Conexdo cnte Visita Pastoral e a Visita Fraterna..
204
`.6. Nos Capitulos Eletivos
37.Conexao cntre as Visitas e o Cpítulo Eletivo
0. ExperiÁncia da Conterècia dos Assistentes
Espirituais (Gerais (CAE).....
6.1. Funçdo daConterència dos Assistentes
Espirituais (CAE).
0.2. CAEeseu relacionamento com a Conferência
dos Ministros Gerais.
0.3. CAEe seu relacionamentoconn os Assistentes
Nacionais..
6.4. Visitas Pastorais eCapitulos Nacionais
7.Visào da Assistência: projeto e missâo.
7.1. Comunhào e corresponsabilidade.
7.2. Caracteristicas da missão dos Assistentes...
7.2.1. Espirito Fraterno
7.2.2. Animação.
7.2.3. Formação
7.2.4. Colaboração
7.2.5. Reciprocidade
7.3. Colaboração na missão.
7.4. Missâo comum
7.5. Conclusão ...
8. AOFS nos Programas de Formação da Ordem Primeira
e da TOR
8.1. ldoneidade e Formação.
8.2.Importância da Formação.
8.3.Eclesiologia do laicato.
8.4.Orientaçòes sobre a formação dos religiosos para
oconhecimento eAssistência à
OFS
8.5. Programa para o ensino a respeito da OFS
8.6. Formaçåo dos Assistentes Espirituais.
198
8.7. Responsáveis e agentes.
8.8. Indicaçðes metlodológicas
205
207
207
207
209
.209
.....210
210
210
211
211
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212
213
213
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224
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229
14. PREÂMBULO
Conferência dos Ministros Gerais da Ordem Primeira eda ToK
Desde as origens, o carisma de Francisco e Clara fascinou
homensemulheres que, mesmo na diversidade de seus estadOs de
vida, seguiram scus passos no intuito de levar ao mundo o Evangeino
de Cristo. Estes todos sempre constituíram uma única Familia que,
ao longo dos séculos, soube alimentar entre seus membros, sólidos
vinculos de colaboração e sempre houve manifestações de ajuda
mútua. A pertença a esta Família tem sido garantida pelo forte senso
de comunhão, de partilha dos mesmos ideais e aspirações mais
profundas, pela consciência de que todos se encontram no interior de
um mesmo chamamento para viverem a vida evangélica num estil0
propriamente franciscano. Um dos instrumentos, que fortemente
contribuíram para manter viva esta profunda unidade da identidade
franciscana em suas três Ordens écertamente aAssistência Espiritual
e Pastoral à OFS, confiada pela Igrejaà Primeira Ordem Franciscana
e à
TOR.
Este mandato, que cada frade recebeu con relação a seus irmãos
eirms seculares, para ser melhor garantido, é exercido por alguns,
em particular, ou seja, pelos Assistentes Espirituais que, em primeiro
lugar, se esforçam para que todos, em comunhão vital ereciproca, se
orientem rumo à plenitude da vida para aqual oSenhor nos chamou.
Trata-se de grande responsabilidade, porque, oferecendo sua
contribuição própria, sobretudo no âmbito da formação, oAssistente
Espiritual contribui para ocrescimento dos irmãos edas irms da OFS
na fidelidade ao único carisma franciscano, na comunhão com algreja,
em unio com toda a Família Franciscana.
Exprimimos nossa alegria em ver publicado este novo Manual
para os Assistentes Espirituais da OFS, por meio do qual serápossivel
entrar mais profundamente em sintonia com a história e o espírito
da Ordem Franciscana Secular à qual prestamos serviço. Trata-se de
um subsídio de fòlego alentado, que leva em consideração o caminho
Manual para aAssistência à
Ordem Franciscana Secular eåJuventude Franciseanm 19
15. espiritual percorrido pela OFS, desde suas origens até nossos dias
que bem ilustra o papel de que se reveste o Assistente.
See verdade que nestes tempos se acentua muito a importancia ea
necessidade de uma adequada formação para se viver apròpria vocação
num mundo complexo como o nosso, é também urgente que aqueles
que såão enviados para desenvolver o delicado serviço de assistentes
Sejam os primeiros a assumi-lo com grande seriedade, fazendo o
possivel para preparar-se adequadamente para sempre melhor realizar
oque lhes é pedido.
Entregamos, pois, a todos os Assistentes Espirituais da OFS e da
JUFRA este novo subsídio, com a esperança de poder crescer juntos
na descoberta do maravilhoso chamamento que recebemos do Pai das
misericórdias.
Fr.José Rodríguez Carballo
Ministro GeralOFMe Presidente do turno
Fr. Joachim Giermek
Ministro Geral OFMConv
Fr. John Corriveau
Ministro Geral OFMCap
Fr. Ilija Zivkovic
Ministro Geral da TOR
Roma, 18 de dezembro de 2005
17. temas, que devem ainda seraprofundados. Apartirdeagora gostariamos
de receber sugestões eacolher observações que, posteriormente, sern
uteis para novos aprofundamentos e novas publicações.
A todos os irmãos e irms que colaboraram com a Conferência
dos Assistentes Gerais na realização do Manual exprimimos onosso
mais sincero agradecimento. Nosso reconhecimento se dirige também
a Emanuela de Nunzio, ex-Ministra Geral da OFS, a frei Valentin
Redondo, OFMConv ea frei Ben Breevort, OFMCap, os dois ex
Assistentes Gerais da OFS, por sua valiosa contribuição.
Esperamos que este Manual seja um instrumento eficaz no serviço
da Assistência Espiritual e Pastoral à OFS e à JUFRA.
Fr. Samy Irudaya, OFMCap
Assistente Geral da OFS
Fr. Ivan Matic OFM
Assistente Geral da OFS
Fr. Martin Bitzer, OFMConv
Assistente Geral da OFS
Fr. Michael Higgins, TOR
Assistente Geral da OFS
Roma, 6 de janeiro de 2006
18. CAPÍTULO I
Breve
história da Ordem Franciscana Secular (OFS)
L.Introdução
AOFS éuma Ordem penitencial, que se vincula ao homônimo
moviimentonascido na Igreja, como resultado da disciplina
eclesiástica penitencial. Desde as origens, algreja esforçou-se por
delinearuma doutrina euma prática penitencial - doutrina eritual
quese pode sintetizar nestes termos: aquele que foi batizado e
que
comete pecado pode obter o perdão "fazendo peniténcia",
oomyertendo-se". Opecador que queria converter-se, mudarde vida
deixar opecadoentrava na Ordem da Penitência ou dos Penitentes e
nela permanecia atë cumprir a expiação fixada pela comunidade em
acordo com o bispo. Ao lado dos penitentes "obrigados", nasceram.
com otempo, os penitentes "voluntários", desejosos de uma vida de
maiorperfeição.
A OFS éuma Ordem secular. O valor da secularidade sempre se
manifestou no decorrer dos tempos, de tal modo que na Idade Média
era reconhecida comno uma das três Ordens existentes na Igreja: Ordo
Clericorum, Ordo Monachorum, Ordo Poenitentium. Esta Ordem
dos Penitentes não se liga a todos os fiéis da Igreja, mas somente aos
cristãos, que tomaram a decisão de fazer parte de uma das diferentes
modalidades existentes de penitentes voluntários.
AOFS é uma Ordem franciscana. Nosso intuito é
mostrar como
uma partedestes penitentes seculares procurouaajudade SâoFrancisco
u Seus irmãos e passou a seguir anorma de vida, que Ihes foi dada
porFranciscode Assis. Desta forma. esta Ordem Penitencial Secular se
contra animada pelo carisma de Francisco e nele imersa forma parte
da grande Familia Franciscana.
Francisco o homem da penitência. Foium penitente no sentido
biblico do termo. Os primeiros frades eram chamados de "irmãos
para aAssistência à Ordem Franciscana Secular eåJuventude Franciscana 23
19. penitentes de Assis" AOrdem Terceira Franciscana era conhecis.
como Ordem dos Irmãos e das Irmâs da Penitência.
2. Periodo pré-franciscano
2.1. Obrigações dos Penitentes
Nào éfacil reconstruir todos os traços da Ordem da Penitência no
periodo anterior a Francisco de Assis e seus companhciros. Podemos
ahrmar que foranm bispos que falaram do Movimento Penitencial e
Outros pCrsonagens que tiveram grande influência na espiritualidade dos
Penitentes. Tais personagens ajudaram a levar a termo, ao menos em
parte, a reforma gregorianae deram ao povo cristão, através da pregação
e da prática da pobreza - conforme oestilo de vida dos apstolos -uma
forma de vida evangélica.
Podemos resumir as obrigações dos penitentes, assim:
Vo hábito: simples, só de lã, de pouco valor ede cor escura,
caracteristico da penitência, ou eremítico, muitas vezes, como
sinaldo TAUno manto ou no capuz; bastão, bolsa e sandálias:
Va profissåo: era feita com a vestição do hábito edela se fazia um
documento escrito;
V a tonsura: sinal de penitente público; não deviam cuidar dos
cabelos e conservavam a barba'; às mulheres era dada uma
bênção penitencial especial";
proibidos: espetáculos públicos, banquetes', trabalhar no
comércio (temor da fraude e especulaço)", exereer funções
| "Diziam: De onde sois?", ou A que ondem pertenceis? Com simplicidade, resNiam
Somos penitentes e viemos da cidude de Assis"(Anónimo Perusino V, ()
24
2 Na Espanha, quando se tratava da profissão das mulheres, se fazia aprotissdoserNiN
como se pode ler no Concilio de Toledo (Mansi NI, 36)
3 No Cánon 6 do Concilio de Barcelona (540), (Mansi I, T09)coCanon 7o Cocitlo V
de Toledo (638) (Mans1 X, 665).
4Cánon 21 do Concilho deEpaon (57)(Mansi VilI, 56l)
5Concílio de Barcelona (540) (Mans1 IX, 109)
6 Concilio de Barcelona (540). Valdo se afasta das atividades coneCIais, Mas Ooboo de
Cremona (+ 13.1| I197) permanece no oficiocecaonzado quatorze tecs deis de sua
morte por Inocêncio I|l, a 12 de aneiro de I|99
Conferencia dos AssistentesGeraisda Ordem Franciscana Secular
20. públicas administrativas ou juridicas:; fazer oserviço militar';
jejum e abstinência, duas ou três vezes na
semana, as feriae
legitimae';:
/ participar da Eucaristia, principalmente, nas solenidades do
Natal, Páscoa e Pentecostes.
Ldedicar-se às obras de caridade em hospitais, hospedarias para
peregrinos ese fazer presente também nos leprosários;
/ fazer obras de restauro de igrejas e ajudar gratuitamente na
construção de catedrais.
2.2. Da Reforma Gregoriana a Francisco de Assis
A
reforma da lgreja não se esgotou com opontificado de Gregório VIl.
Depois desua morteela foi continuada poroutros papas,,tanto no âmbito das
tiduras,quanto na questão da reforma do clero - um clero secular pouco
arenarado,° tanto no tocante à sua formação, como no serviço pastoral, na
nregação, na instrução do povo. Muito do que fora feito consistia em trabalho
dos monges.
DM
Na segunda metade do século XIII, a falta de formação dos fiéis
abriu as portas para a entrada na Ordem da Penitência da heterodoxia
de tantos pregadores itinerantes - entre os quais os Valdenses'! - e para
ainfluência da doutrina herética dos cátaros.
Asituação incerta, criada com o surgimento de novos pregadores
itinerantes nas formas tradicionais, não impediu que aparecessem
7
Nicolau Il permite que alguns penitentes usem armas no combate contra os pagãos. Também
Gregório VIlconcede a permissão a um penitente espanhol para lutar contra os árabes. Este
principio foi aplicado, posteriormente, a todos os cruzados.
5No Concílio de Agde (506), se recomenda aque não se admitam jovens, devido àfragilidade
da idade (Mansi VII, 327, c. 15). Omesmo se pede no Concilio de Orleans (538) (Mansi DX, 18).
7Concilio de Agde (506) (MansiVIII. 327. c. 18). Vulfredo de Bourges lembra oassunto em
sua Lpistola pastoralis, PL. 121, 1140-1141. Eo Sinodo de Mogúncia pede que ao menos se
comungue duas vezes ao ano: Páscoa eNatal (Mansi XXII, 1010).
.padres pareciam muito com a massa dos fiéis". Cahiers de Fanjeaux n. 11, Pr1vat.
Tolosa1976. La religion populaire en Languedoc du 13siècle à
la moitié du 14 siècle.
.do e seus seguidores procuram viver o Evangelho. reclamam o direito de pregar
esse mister, vivendo vida de pobreza material que exerce um fascinio sobre o
povo cristão, de tal modo que um clérigoinglês, no final do século XII, descrevia assim os
Pobressde Lião: "homens simples
udo em
comum como OS
movimientos
eiletrados, sem moradiafixa, sem propriedades, que tinham
apóstolos enus seguiam o Cristo nu". GEREST., C. Comunidadesy
en el
cristianismo en los
Floristán, p. 179. siglosXIy XIlin "Comunidades de Base", por Casiano
Manual para a Assistencia åOrdem Franciscana Secular e àJuventude Franciscana 2:5
23. penitenciais conhecidas também em Assis. Juridicamente, oconverso
um verdadeiro religioso, pertencia ao foro da Igreja e não dependia
iurisdição civil, mas da eclesiástica: "ele respondendo ao oficial de justio
iásetornara livre eque não estava mais sujeito aos cônsules, visto aue
servodo único Deus Altissino... Os cônsules disseram a Pedro: Desde o
entrou para o serviço de Deus, saiu da nossa alçada.. EPedro
disse que
iria procurar o bispo"19
Ao menos por dois anos Francisco viveu na Ordem da Penitência:
"Francisco, concuidajáaobra da igrejade São Damião, trajava um hábito
eremitico e, trazendo um cajado na mão, andava com calçados nos pés e
cingidopor uma correia... Após dois anos depois da sua conversão, alguns
homens começaramn a
ser animados pelo exemplo dele àpenitência. e
tendo renunciado a todos os seus bens começaram aaderir aele no h£bito
e na vida"20
Dificil traçar o itinerário percorrido por Francisco para tomar a
decisão de ingressar na ordem da Penitência. Quem o guiou e orientou
espiritualmente? O bispo Guido de Assis? Os monges beneditinos
do Subásio? Como apreendeu e aprofundou a espiritualidade deste
movimento? Certamente, dele recebeu muita influência e há traços
disto na sua espiritualidade.
Quando vão se reunindo os primeiros companheiros eles se
reconhecem comno "penitentes": Alguns os interrogavam: De
onde sois?' Outros perguntavam: 'de que Ordem sois? Eles porém
respondiam com simplicidade: 'Somos penitentes e nascemos em
Assis" 21
Tomás de Celano em sua Vida Primeira escreveu: "Começavam
a vir a São Francisco muitos do povo, nobres e sem nobreza, clérigos
eleigos, compungidos pela divina inspiração, desejando militarpara
sempre sob a instrução do magistério. e a todos dava uma norma
e vida e demonstrava de maneira segura a via da salvação. E 0
19 Cf. Legenda dos Três Companheiros VI, 19.
20 Legenda dos Três Companheiros VII, 25 e 27. Tomás de Celano relata que antes de ter os
primeiroscompanheiros, Francisco mudou aformado hábito, depois de ouviroEvangelhoda
missão (Cf. ITomás de Celano IX, 22).
21 Anônimo Perusino V, 19; cf. Legenda dos Três Companheiros X, 37.
22 1Tomás de Celano XV, 37. Legenda Maior |V, 6 - São Boaventura escreve: "lnflamados
pelojervordapregação de Francisco muitos se ligavam às novas leis dapenitencia, segundo
28 Conferência dos Assistentes Gerais da Ordem Franciscana Secular
24. Anônimo Perusino, de alguma forma, completa acrescentando como
eram guiados na qualidade de companheiros de Francisco: "1emos
esnosas que não consentem serem abandonadas. Ensinai-nos, portanto,
os caminhos que podemos percorrer, salutarmente. Eeles organizaram
dentre estes uma Ordem, que se chama Ordem da Penitênciafazendo
com que estafosse confirmadapelo Sumo Pontifice"23
Meersseman, grande conhecedor do Movimento Penitencial,
afirma que, por volta de l215, em muitas cidades italianas, se observa
um reflorescimento dos penitentes, aumento em número e também
de pessoas casadas, como especifica o Anônimo Perusino, já citado.
Observavam as leis e as normas eclesiásticas a respeito da Ordem
da Penitência, propriamente aquilo que os historiadores chamam
de Movimento da Penitência'4, 0 mesmo Meersseman acrescenta:
"0 aumento imprevisto do número de penitentes urbanos deve ser
atribuido, como se sabe, a São Francisco de Assis, tendo ele mesmo,
antes de fundar a sua Ordem religiosa, vivido como penitente"
Em 1276, escrevia Bernardo de Bessa:'A Ordem Terceira éconstituida
pelos irmãos epelas irmâs da penitência, compreendendo clérigos, leigos,
virgens, viúvas e casais, que têm como propósito viver honestamente
em suas casas, praticar as obras de misericórdia e tomar distância da
mentalidade do mundo. Entre eles, podem ser encontrados cavaleiros e
senhores da nobreza, que, segundo a mentalidade deste mundo antes se
vestiam com roupas requintadasecalçados de couro, agora, com trajes e
cavalgaduras humildes, se misturam aos humildes, de talforma que não
se tem dúvidas a respeito dofato de temerem, verdadeiramente, a Deus.
aforma adotada pelo homem de Deus; opróprio servo de Cristo estabeleceu que omodo de
vida deles se chamasse de Ordem dos Irmãos da Penitência. Na verdade, como consta que a
Via da penitencia écomumatodos que aspiram ao céu, assim também este estado.."(Legenda
Maior IV, 6).
23 Anônimo Perusino IX, 41: Legenda dos Três Companheiros XIV, 60
24 Meersseman, G.G. Disciplinati e Penitenti nel Duecento. Perugia. 1962, p. 45. Cf.
Meersseman, G.G. Dossier de l'Ordre de la pénitence au XIl siècle. Fribourg. 1961. Deste
Imodo, hoje, foi abandonada a tese de K. Mueller e P. Mandonnet, que afirmavam, no fim do
seculo passado, que de um grupo de penitentes, reunidos em torno de Francisco, alguns se
Separaram, contra a vontade de Francisco e fundaram os Frades Menores e as Senhoras Pobres.
CI. Mueller, K.. Die Anaenge des Minoritenordens und der Bussbruderschaften. Freiburg
166S; Mandonnet, P. Les origines de l'Ordre de Poenitentia. Fribourg. 1898.
< Meersseman, G.G. Disciplinatie Penitenti nel Duecento. Perugia. 1962, p. 46.
Manual para aAssistência àOrdem Franciscana Secular eaJuventude Franciscana 29
25. Aestes,no começo, eradesignado umfrade como Ministro, mas agor
sûo confiaos aos próprios Ministros in loco, de modo que, considerad
pelos frades como confrades, gerados pelo mesmo pai, são contemplado
comconselhoseajuda.. Assim, o Senhor fezcrescerem herançaseu ser
Francisco elhe deu a benção de todas as nações"
3.2. Francisco e os Penitentes
Parece, portanto, que Francisco se tenha interessado pelos penitentes
nãosomenteem 1221, mas muito antes mesmo. Aissose pode chegar, através
de seus escritos, cm particular pela Carta a todos os fieis"nas suas duas
redações, que, segundo os últimos estudos, não se dirigiriam a todos
os fieis, mas, especificamente, aos que se encontravam na condição de
segui-lo, ou seja, os irmãos e irmãs da Penitência. Mais importante &
ainda a consideração, feita por Esser, a respeito da primeira redação ou
Recensio Prior da Cartaa
todosos fiéis, considerada até pouco tempo atrás
como esboço. Feita, no entanto, uma análise meticulosa do documento.
passou-se a considerá-la como o primeiro propositum vitae, dado por
Francisco aos penitentes." Mesmo na ausência de outrOs documentos.
Esser diz que, tendo diretamente em vista omovimento penitencial, é
muito claro que nos encontramos diante de uma instrução dirigida a
pessoas, que abraçaram o Movimento da Penitência... um movimento a
que Franciscoesua Fraternidade se sentiam, profundamente, ligados e
associados..os destiatários não devem ser procurados entre osfrades
menores. Deve tratar-se defratres et sorores de poenitentia in domibus
propriis exislentes. aqueles aos quais Francisco deu uma formavivendi,
segundo otestemunho dosprimeiros biógrafos,2
Este documento encerra os ensinamentos, que Francisco deu aos
penitentes em sua pregação itinerante e, diz Esser, é anterior a 1221.
26 Bernardo de Bessa. Liber de Laudibus.
27 Esser, Kajetan. Um (documento) precursore dell 'Epistola "ad fideles'" di San Francesco
d'Assisi (0 Códice 225 da biblioteca Guarnaci di Volterra), in Analecta TOR. 1978, p. 59.
28 Esser, Kajetan. Un (documento) precursore dell'Epistola "ad fideles" di San Franceso
d'Assisi (O Códice 225 da biblioteca Guarnaci di Volterra), in Analecta TOR. 1978, p. 56.
29 "Pode-se sem duvida admitir que nosso dlocumento é anterior a 1221, talvez mesmo
muitos anos", Esser Kajetan. Un documnento dell iniziodel Duecento sui Penitenti, in AA
T
Frati penitenti di San Francesco nella societù del Due e Trecento. Roma. Istituto sio
Cappuccini. 1979, p. 516.
30 Conferência dos Assistentes Gerais da Ordem Franciscana Secular
26. Mostra lambém o interesse de Francisco pelos
penitentes. As duas
reduções, na sua unicidade, mostram que Francisco se
interesso,
profundamente, pelos Irmãos eIrms daa Penitencia e
acompanhouseu
desenvolvimento com uma simpalia muito maior do que estãodispostos
a admitir alguns historiadores at hoje"."
Esta norma de vida, assinalada pelos
primeiros biógrafos,
corresponderia àprimeira redacãoda Carta atodos os fiéis?
Esser afirma quc sim, embora não tenhamOs documentos, quc
possam comprová-lo. Este fato, afirma Iriarte, nos fala do autêntico
testemunho da consciência de Fundador que osanto tinha."
3.3.Francisco eseus frades: guias dos Penitentes
Entre o final do século XIIe comecos do século XIIIhouve um
despertar do laicato, que se manifestava puma busca de vida evanglica
c pelo ingresso na Ordem da Penitência, como jáfoi dito. O própri0
Concílio de Latrão IV éo primeiro Concilio. que se interessa, de maneira
especial, pelos leigos." O Cânon primeiro diz: "Se depois de haver
recebido o batismno alguém tenha caido em pecado, pode sempre ser
salvo pela penitência. Não somente as virgens e os que se abstêm o
sexo, nas também os casados, que servem a Deus com fé reta e boas
obras podem alcançar a bem-aventurança eterna". ¼
a secularidade,
vivida, como aspiração, através de um radicalismo evangélico na Igreja
e com a Igreja, que distingue os leigos e leigas seguidores do filho de
Pietro Bernardone.
Naquele momento, os grupos de penitentes vivianm uma crise,
entre os critérios evangélicos e eclesiásticos de uma parte e, de outro
lado, as propostas dos valdenses e cataroS, que viviam a pobreza
evangélica, mas em discordância com os bispos esacerdotes, pregando
a rebelião e mostrando desleix0 para com os sacramentos. Faltava
neles uma harmonia entre vida evangelica, hicrarquia eclesiástica e
vida sacramental.
Erancisco e seus irmãos, manitestando uma vida e uma pregacâo
20 Esser Kuietan, Un (d0cumento) precursore det bpstola "ad fideles" di San Eranooe
eik(OCodice 225 da biblioteca GuarnaCI di Vollerra), in Analecta TOR. 1978 nds
31 Iriarte, L. Historia Franciscana. Asis. Valencia. 1979, p. SJ6
32 Cf. AA.VV. Nueva Historia d lu Iglesia. Cristiandad. Madrid.
Manual para a Assisténcia à Ordem
1983. T. II. pp. 270-271.
Franciscana Secular e à
JuventudeeFranciscana 31
27. Milio. Jas
Jrancescano.
dos
Francisco t
i
n
ha fundadot
r
ês Ordens:
"a Or
d
em dos Frades Menores.
mesmo,
em 1238, Gregório
IX escrevia
a Inês
da Boêmia, dizendo
que
vi
v
er
a
Peni
t
ê
nci
a foi
instituido
pel
o bem-aventurado
Francisco
Antes
na Bul
a Supra Mont
e
m (1
8de agosto
de 1289):
"O presente modo
de
32
33 Esser, K.
a
j
e
t
a
n. Ori
g
i
n
i
e i
n
i
z
i del
Movi
m
ent
o
e del
l'
O
rdi
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e
Book. 1975,
p. 5
2.
considerado
como fundadordest
a Ordem, como
o
denomina Ni
c
oau
de vi
d
a,
de tal forma q
ue Francisco
pode s
er
considerado,
ou mei
n
ok
e seus companheiros
para serem seus orientadores
e dar-Ihesu
m
a reg
dar
á vi
d
a
e esplendor
a est
a Ordem.
Os penitentes pediram
a ranci
s
co
personalidade,
seu carisma
e s
u
a animação,
c
o
m
ade seus anhei
r
os
da Penitência,porque
o Movi
m
nent
o existia
há séculos,
ma
s sua
Francisco,
em sentido estrito, nã
o foio fundador
da Or
d
em
o Co
rretivo
assim,
clero, ma
s percorre
um sendeiro próprio, autenticamentevangl
i
c
o.
t
u
do
em s
u
a própria vida. El
e nã
o trilha
o caminho
d
os monges
ou
do
ea experiência
da reforma sempre desejada
se torna realidade,
ant
e
s
de
operem mui
t
a
s mudanças. Francisco
éo homem
do diálogo angl
i
c
o
haverá
de impor
o que quer que seja, ma
s sua vda fará c
o
m que
se
Da mesma forma, agirá quanto
à transformação
da sociedade.
Nunea
com s
u
a vi
d
a começa
a real1zá-la
na lgreja
e sempre
de acordoco
m ela
Francisco
éo homem
da catolicidade.
Nã
o propala reforma
em
mai
s tarde. com Francisco
de Sales
e o Vaticano
I1se
oUvi
r
å uma
através
de s
u
a laicidade
e viver, como tal,
o Evangelho.
Soment
e bem
leigos
e leigas tê
m
um lugar
na lgreja
e podem chegar
à
a
ntid
a
d
e.
catolico desses desvios".*
Ao mesmo tempo, Francisco
af
ir
m
a que
os
palavra semelhante
no tocante
a
o
s leigos
e leigas.
prepósito
de Ursperg. explica
a rápida difusão
da
Or
d
em
mi
noritica
confisso
c eucaristia.
Por esse motivo, como escreve Esser,
Burcardo,
sacerdotes,
os teologos
e sempre procurando
frequentar
os
:
cramentos
vi i
a
m
o Evangelho
como eles, mas com
a diferenca
de
respetare
m
ox
coisa que fosse contra
os valdenses
e os cátaros
Fr
a
nci
s
c
o
eo seus
a qual nào terieis
a vidla
em vós
S" Sem mencionar
ou
dizer qualque
segundo
o Evangelho, convidavam
ao respeitopelos
sacerdotes
teologos,porque somente
cles
t t
ê
m
o poder
de nos
dar
a
Euc
aristia
eram,
como reaçâo
aos hereges
do tempo.
Os frades
30. o número do laicato penitencial nas zonas ultramontanas, seguindo os
nassos de Francisco de Assis) e difundiram a Ordem dos Irmãos e das
emis da Penitência que, na tradução do Anônimo Perusino feita por
pB Béguin, mais Cxplicita: Os frades os reagruparam numa Ordem,
aue leva o nome de Peniténcia efizeram com que ela fosse aprovada
nelo Sumo Pontifice"." Os frades são os responsáveis primeiros0
pela organização e promoção ou criação da, assim chamada, Ordem
Terceira. Uma tradução muito mais consoante como trabalho feito
nelos frades com os seculares, diferente da tradição oficial: "Nasceu.
assim, aquilo que recebeu o nome de Ordem dos Penitentes, aprovada
pelo Sumo Pontifice""
Segundo a tradição, os bem-aventurados Luquésio e Bonadona
de Poggiobonsi, na Toscana, são os primeiros terceiros franciscanos.42
Não se poderia falar, de algum modo, de Jacoba de Settesoli e Praxedes
de Roma, como terceiras franciscanas? Ou de João de Velita, de
Greccio e do Conde Orlando de Chiusi de Laverna, como penitentes
franciscanos?
4. Disciplina jurídica dos(as) penitentes franciscanos(as)
4.1. Da Recensio Prior ao Memoriale Propositi
Afirmamos anteriormente que, segundo os estudos de Esser e
outros franciscanólogos, a chamada Primeira Recensão da "Carta a
todos os fiéis" é considerada a primeira forma de vida dos penitentes,
orientados pelos frades menores, dada por Francisco aos penitentes,
que buscavam orientação junto dele e de seus frades: Os destinatários
desteescrito, partindo do mútuo relacionamento entre eles, não podem
ser os cristãos, tonados de forma geral, pois o referido texto deve ser
39 Béguin, P. B. LAnonimo perugino. Paris. Franciscaines. 1979.
40 "De maneira semelhante, também os casados, homens e mulheres nào podendo afastar
Se da vida matrimonial, por conselho salutar dos irmãos se comprometeram à mais estrita
pentencia em suas própriascasas". (Legenda dos Três Companheiros XIV, 60 ).
41 Anônimo Perusino IX, 41.
2 Aprimeira vez em que estes penitentes foram designados de Ordem Terceira parece ter sido
por Bernardo de Bessa no seu De laudibus beati Francisci, c.7.
3 1omás de Celanoa respeito de Praxedes diz: "famosa entre as religiosas de Roma" (Iratado
agres XVII, 181), enquanto São Boaventura escreve: " na cidade deRoma, uma mulher
Chamadu Praxedes,conhecida por sua religiosidade" (Legenda Maior VIlI, ).
Ordem Franciscana Secular e à Juventude Franciscana 35
38. Os
franciscanos seculares, gozando dos
privilégios por parte
daSantaSé,constituíram um obstáculo ao poder imperial, por
vida,pelasua
sua
forma
de
foram,também, motivo de tensão entre Santa S( eos poderes civi_
(1257-1274),quc proibiuos fradcs de se
ocuparcm dos
"penitentes".
ecpiscopais.
JNessetcmpo, foi clcito Ministro Geral So Boaventura
dos
frades nas
cátcdras universitárias e a promoção da Ordem da
Asrazòcsquc cxpÔc, aos doutores de Paris, reprovando aprescnça
fidelidade àlgreja, pela isenção civil e
Penitência
s£ocstas:
" nccessidade de que os frades sejamlivres em sua ação pastoral,
dirigindo-seatodos cnão ligados apenas aum grupo,
" dificuldade de defender os franciscanos secularcs (penitentes)
junto às autoridades eclesiásticas e civis, devido a grande
número de privilégios conseguidos; /
.evitar o escândalo de frades, que frequentavam a casa de
Terceiros;
" acusação de heresia feita aalguns penitentes;
. impossibilidade dos frades menores de ajudar os seculares
franciscanos que, por dividas e outros delitos, estavam nas
mãos da justiça;
" dificuldade de estabelecer a paz na Fraternidade, quando
existiam divisões no grupo, ouquando os frades eram acusados
de favorecer os membros mais ricos epoderosos da Fraternidade.
Não é fácil justificar tal resposta de São Boaventura, de alguma
1orma incompreensível em nossos tempos. No ambiente social eeclesial
de seu tempo, os Irmãos e Irmãs da Penitência constituem um valor,
pois "mesmo não sendo do mundo deviam continuar a estar no mundo.
paricipar da vida civile eclesial e realizar uma continua metanoia.
ma continua conversão. um inceSsante retorno a Deus .
Teológica "San Bonaventura". Roma. l976. vol. I, p.
3$9
S7
Andreozi, Gabricle. Sun Bonaventura e TOrdo
Poenitentiue, in Sam
Bonventura Masn)
di vita
francescana e di supienza cristiana, sob a direção de A. Pompei,
PontificiaFacoltá
Teologica "San Bonaventura" Roma, 1976. vol. I, p. s02
Manual para a Assistência à Ordem Franciscana
Secular e å
Juventude
Franciscana 43
40. Bernardino de Busto que escreveu oTratado "/mitação de Cristo
na Ordem Terceira", assim se refere àOFS: "Esta Ordem já égrande
pelonúmero de seus membros. Defato, acristandade toda está repleta
de homens emulheres, que observam sinceramente sua Regra'".
Santo Antônio de Florença (1389-1459), perspicaz cronista de seu
tempo, reconhece esta realidade e afirma: " os doutores não tratam da
Ordem Terceira de São Domingos como daquela de São Francisco,
porque os Terceiros Dominicanos sãopouco numerosos nesta regio e
quase nenhum dosexo masculino. AOrdem Terceira de São Francisco,
por outo lado, conta com muitos membros de ambos os sexos, alguns
também vivendo em eremitérios, em hospitaise em congregação. Por
serem muitos não gozam das isenções concedidas à Ordem Terceira
Dominicana, 59
Através das Crônicas da Ordem Franciscana fica-se sabendo
que os Visitadores eram nomeados sempre pelos frades menores, em
conformidadecom aRegrade Nicolau IV. Sinalevidente daatividade edo
florescimentodos franciscanos secularessão as obras sociais ecaritativas.
Durante este período, como também no precedente, os membros e as
Fraternidades da OFS praticamtodas as obras de misericórdia: assistência
aosdoenteseatingidosporqualquerdoença, mesmo as mais repugnantes,
como a lepra, a peste eo tifo; assistência aos pobres, fundando escolas
para eles em toda aEuropa; frequentemente se encontra, junto àsede da
Fraternidade, um hospital ou uma obra pia, sustentada com as ofertas
dos franciscanos seculares e com a administração de bens, que muitos
cidadãos lhes deixavam como herança.
Com abula de Sisto IV, Romani Pontificis Providentia (15.12.1471)
se fecha uma época toda particular para a Ordem Franciscana Secular:
"aquela da operosa autonomiada Ordem da Penitência ese abre outra,
na qual onovo nome de Ordem Terceira assume seu pleno significado
de acessório, de dependência, da Ordem Primeira'"0
S9 Cf. Sant'Antonio da Firenze. Summa Theologica. Verona. 1740, t. III, tit. 28, c. 5,5.
b0 Andreozzi, Gabriele. San Bonaventura el'Ordo Poenitentiae, in San Bonaventura Maestro
vita jrancescanae di sapienza cristiana, sob a direção de A. Pompei. Pontificia Facoltá
Teológica "San Bonaventura". Roma. 1976. vol. I, p. 181.
Manual para a Assistência à Ordem Franciscana Secular e à Juventude Franciscana 45
42. potências, em Nápoles,na Lombardia ena região dos Flandres, sempre
com um cunho mais devocional que penitencial; mais como um título
honorifico social do quc como força evangélicayque viesse a produz1
uma transtormação na vida social ceclesiástica de seu tempo/
O
século XVIétambémoséculo dos santos que, de um modo ou
de outro, beberam da água da espiritualidade de Francisco de Assis
e de seu carisma evangélico, como o grande organizador Inácio de
Loyola, oalegre ecomprecnsivo Filipe Neri, aeducadora da juventude
feminina ¢ngela Merici, o
contrareformista Carlos Borromeu.
5.4. Séculos XVIl e XVIII
Comojáfoi dito notocante aoséculo XVI, também no século XVII,
a Ordem Terceira continua apresentando características devocionais,
mais do que penitenciais e, também, de alguma coisa da "moda, nas
camadas socialmente elevadas.
Modifica-se ohábito dos Terceiros, que era sinal de penitência
e aumenta o número de pessoas importantes, que entram na Ordem:
reis e rainhas, nobres, eclesiásticos e políticos. Diminui, no entanto,
a qualidade da vida crist e evangélica, como também não se
observava aprofundamento espiritual,Chega-se a ter Fraternidades
muito numerosas: I1.000, em Lisboa, em 1664; 25.000, em Madri,
em 1689, Na Bélgica, aOrdem Terceira tem nomes da aristocracia,
deixando de lado o povo, de tal forma que os pobres são aceitos, mas
não constituem amaioria.°° Em Roma, como em Nápoles, anobreza é
terceira franciscana.
Os papas do século XVIl promovem a Ordem Terceira
Franciscana, com a perspectiva da restauração católica e para
corrigir os erros. Ao mesmo tempo, aOrdem Terceira é um grande
instrumento para aeducação das classes dirigentes. Recorre-se aos
ricos e poderosos para servir os pobres, para dirigir hospitais. gerir
celeiros, cantinas e farmácias ccolocar médicos, advogados enotários
à
disposição dos pobres.
6lCr. Iriarte, Lazaro. Historia Frunciscana. Valencia. Assis. 1979, p. 529,
62 C1. Grillini, Giorgio. Presenza francescana: Appunti storiciper um proflo sOCiO
politico del francescanesimo secolare. S. Maria degli Angli. Prozincola. 1995, p. 38
Manual para a Assisténcia å Ordem Franciscana Secular e à Juventude Franciscana 47
44. Franciscanas Seculares foram objeto de supresso ede perseguições.
privadas de personalidade juridica, vivendo como sociedades
particulares, recebem orientaço do clero secular e dos frades
exclaustrados.
Este é também o século dos grandes sacerdotes franciscanos
seculares, que, a partir do confessionário, com o sacramento da
reconciliação, inauguram uma nova evangelização aos pobres, como
oSanto Cura d'Ars, João Maria Vianney, ou apastoral operária, que
nasce em torno das grandes fåbricas. Assim, aparecem circulos da
boa imprensa, asilos, oratórios, orfanatos, assistência aos mendigos.
SOciedades de operários, ou de mútuo socorro. Såo as obras de Dom
Bedetti, s Dom Bosco,4 Dom Guanella,5 Dom Cafasso, Dom
Um notável despertar se verifica através da obra de Pio IX
e depois de Leão XII. Durante o pontiâcado de Pio IX, os
franciscanos seculares mergulham de cheio na questão social, com
escritos de qualidade e de renovação, como o ensaio "Cristianismo
e questão operária (Cristianesimo e questione operaia), do bispo
franciscano, Wilhelm Emanuel von Ketteler (1811-1877), arcebispo de
Mogúncia; ou seu discurso na catedral de Mogúncia: La Questione
Sociale Contemporaine (A Questão Social Contemporánea), Neste
tempo, o industrial e franciscano secular, Romanet, funda aCaixa de
Compensação para operários sem familia eLe§o Harmel (1829-1915).
industrial e inovador no campo social, funda a primeira "Caixa de
Poupança e de Socorro para os operários" e nos estabelecimentos
63 O servo de Deus José Bedetti (1799-1889).
64 São Jo·o Bosco (1815-1888), sacerdote e mestre da juventude, escritor, fundador da
Sociedade Salesiana edas Filhas de Maria Auxiliadora.
65 Bem-aventurado Luis Guanella (1842-1915)). apóstolo social, fundador das Filhas de Santa
Maria da Providência e dos Servos da Caridade.
66 São José Cafasso (1811-1860), mestre e formador de sacerdotes, apóstolo do confessionário.
consolador e pai dos encarcerados.
67 São José Benedito Cottolengo (1786-1 842), fundador da Pequena Casa da Providncia ( o
"Cottolengo"), das Irmàs do Cottolengo.
68 João Piamarta (1841-1913), obra de preparação dos jovens para a vida, Pia Sociedade da
Sagrada Familia de Nazaré.
69 Sâo Leonardo Murialdo (1829-1900).fundador da Congregação de São Jose para a educação
dos jovens.
Manual nara a Assistência å Ordem Franciscana Secular e àJuventude Franciscana 49
Cottolengo, 6'Dom Piamarta," Dom Murialdo.9
46. De uma råpida comparação com aRegra de Nicolau IV, observa
se que esta foi muito simplificada:
No primeiro capitulo, vemos a intenção de rejuvenescer a
Ordem Terceira Franciscana, fixando a data de admissão para
14 anos. Não se prescreve mais ohábito inteiro, mas escapulário
e cordão sob as vestes.
Nocapitulo segundo, nào se fala do hábito externo, mas somente
na simplicidade no modo de vestir, tanto para os irmãos como
para as irmàs. Continua a proibição de espetáculos perigosos.
Sào drasticamente reduzidas as prescrições ascéticas, em
matéria de abstinência e jejum, bem como as orações de todos
os dias. Por outro lado, insiste-se na frequência à confissão
e na prática da conmunhão. Não se fala mais da proibição das
armas, para não tornar impossível a vida dos terceiros com os
governos militaristas da época.
Noterceiro capitulo, se estabelece que aVisita às Fraternidades
seja feita "de oficio" e que os visitadores sejam da Ordem
Primeirae da Terceira Ordem Regular,
Anova Regra aumentou muito o número de indulgências. Havia as
que tornavam "apetecivel,para muitas pessoas, o ingresso na Ordem
Terceira.
Apoiados e animados por Leão XIII, sucedem-se uma série de
Congressos nos quais se insiste na "concórdia fraterna'",na 'concórdia
dos espiritos", na unidade". Volta-se, também, afalar do tema social
como campo especifico daOrdem Terceira. OPapa Leão XIl recebe
em audiênciaos delegados do Congresso do ano de 1900, presidido pelo
cardeal franciscano Vives yTuto,do qual participaram 17.000 Terceiros
vindos de todo o mundo e lhes diz: "E preciso que os terceiros se
dediquem, sem demora, às obras de ressurgimento social eproduzam
para a instituiçãofranciscana os maravilhosos frutos, que ela encerra
em sua essência e que a tornaram tào conhecida na história""?
72 AAVV. Dicioário Franciscano. Pádua. Mensajero. 1995. col. 1301, p.517, que faz
referência a San Desclux. Les Tiers-Ordre de Saint François. Biblioteca Canísius. Fribourg
(Suisse). 1913, p. 49.
Manual para aAssistência à Ordem Franciscana Secular e à Juventude Franciscana 51