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KARL MARX 
E A 
RELIGIÃO
QUEM É KARL MARX? 
// economista 
// filósofo 
// historiador 
// teórico político 
// jornalista
“MARX NÃO É SOCIÓLOGO” 
Henry Lefebvre
RELIGIÃO
ÓPIO DO POVO? 
“A angústia religiosa é ao mesmo tempo a expressão da dor real e o 
protesto contra ela. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração 
de um mundo sem coração, tal como o é o espírito de uma situação sem 
espírito. É o ópio do povo” Karl Marx em 1844 
“Bem-vinda seja uma religião que derrama no amargo cálice da sofredora 
espécie humana algumas doces, soníferas gotas de ópio espiritual, algumas 
gotas de amor, esperança e crença.” – Heinrich Heine em 1840 
“A religião pode tornar suportável [...] a infeliz consciência de servidão [...] 
de igual forma o ópio é de boa ajuda em angustiosas doenças.” Moses Hess 
em 1843
A Ideologia Alemã - 1846 
// “Religião como uma realidade social e histórica” 
// “Religião [...] como ideologia – ou seja, da produção 
espiritual de um povo, da produção de ideias, 
representações e consciência, necessariamente 
condicionadas pela produção material e as 
correspondentes relações sociais.” 
// “Prestou pouca atenção à questão da religião como 
tal, ou seja, como um universo específico de 
significados culturais e ideológicos” LÖWY, Michael, p.3, 2007
O CAPITAL 
// “Nem a Idade Média pôde viver do Catolicismo nem 
a Antiguidade da política. As respectivas condições 
econômicas explicam, de fato, por que o Catolicismo 
lá e a política aqui desempenham o papel 
dominante” (Marx, 1968: 96, Tomo I).
• // Diversas passagens de O Capital fazem 
referência à contribuição do protestantismo à 
acumulação primitiva de capital –por 
exemplo, por meio do estimulo à 
expropriação de propriedades da Igreja e 
campos comunais.
// "O culto do ouro tem seu ascetismo, suas renuncias e 
seus sacrifícios: a poupança, a frugalidade, o 
desprezo aos gozos terrestres, temporais e 
passageiros; é a caça ao tesouro eterno. Dessa 
maneira, ganhar dinheiro está em 
conexão(Zusammenhang) com o puritanismo inglês 
e o protestantismo holandês.“ Karl Marx
• Por outro lado, Marx se refere cada tanto ao capitalismo 
como uma “religião da vida diária” apoiada no fetichismo 
das mercadorias. Descreve o capitalismo como “um 
Moloch que exige o mundo inteiro como um sacrifício 
devido”, e o progresso do capitalismo como um 
“monstruoso Deus pagão, que só queria beber néctar na 
caveira da morte”. Sua crítica à economia política está 
salpicada de freqüentes referências à idolatria: Baal, 
Moloch, Mammon, Bezerro de Ouro e, é obvio, o conceito 
de “fetichismo” por si mesmo. Mas esta linguagem tem mais 
um significado metafórico que substancial (em termos da 
sociologia da religião) (Marx, 1960b: 226, Vol. 9 e 488, 
Vol. 26).
FRIEDRICH ENGELS
// A contribuição principal de Engels ao estudo marxista da religião é sua análise da 
relação de representações religiosas com as lutas de classes. 
// A cristandade [...] como um sistema cultural experimentando transformações em 
diferentes períodos históricos. Primeiro a cristandade foi uma religião dos escravos, 
depois a ideologia estatal do Império Romano, depois vestimenta da hierarquia 
feudal e finalmente se adapta à sociedade burguesa. 
//“cada uma das distintas classes usa sua própria religião apropriada [...] e faz pouca 
diferença se estes cavalheiros acreditarem em suas respectivas religiões ou não” 
(Engels, 1969a: 281). 
// Engels compreendeu [...] o caráter dual do fenômeno: seu papel na legitimação da 
ordem existente, mas, além disso, de acordo a circunstâncias sociais, seu papel 
crítico, de protesto e até revolucionário. 
LÖWY, Michael, 2007
Engels parece não encontrar nada mais que o “disfarce religioso” de 
interesses de classes nas diferentes formas de crenças. Entretanto, graças a 
seu método de análise em termos de luta de classes, Engels se dá conta, e 
assim expressa em A guerra camponesa na Alemanha que o clero não era 
um corpo socialmente homogêneo: em certas conjunturas históricas, dividia-se 
internamente segundo sua composição social. É desta forma que durante 
a Reforma, temos por um lado o alto clero, cúpula da hierarquia feudal, e 
pelo outro, o baixo clero, que dá sustento aos ideólogos da Reforma e do 
movimento revolucionário camponês (Engels, 1969b: 422-475).
PRIMITIVA CRISTANDADE E 
SOCIALISMO MODERNO 
(a) ambos os movimentos foram criados pelas massas –não por líderes nem 
profetas; 
(b) seus membros foram oprimidos, perseguidos, e proscritos pelas autoridades 
dominantes e; 
(c) pregaram por uma iminente liberação e eliminação da miséria e da escravidão. 
Para adornar sua comparação, um tanto provocativamente, Engels citou um dito 
do historiador francês Renan: “se quer ter uma idéia de como foram as 
primeiras comunidades cristãs, olhe o ramo local da Associação Internacional 
de Trabalhadores” (Engels, 1969c).
// Thomas Münzer, o teólogo e líder da revolução camponesa e herege anabatista do 
século XVI, queria o imediato estabelecimento na terra do Reino de Deus, o reino 
milenar dos profetas. 
// De acordo com Engels, o Reino de Deus para Münzer era uma sociedade sem 
diferenças de classes, propriedade privada e autoridade estatal independente de, 
ou externa a, os membros dessa sociedade. 
//Entretanto, Engels estava ainda tentado a reduzir a religião um estratagema: falou 
da “fraseologia” cristã de Münzer e seu “manto” bíblico (Engels, 1969b: 464). A 
dimensão especificamente religiosa do milenarismo de Münzer, sua força espiritual e 
moral, sua experimentada autêntica profundidade mística, Engels as parece haver 
evitado. 
LÖWY, Michael, 2007
// os cristãos primitivos escolheram deixar sua libertação para depois desta vida 
enquanto que o socialismo localiza sua emancipação no futuro próximo deste 
mundo (Engels, 1960: cap. 25).
ANTONIO GRAMSCI
// Entre os líderes e pensadores do movimento comunista, Gramsci é 
provavelmente quem mostrou a maior atenção a temáticas religiosas 
// : É um dos primeiros marxistas que tentou entender o papel 
contemporâneo da Igreja e o peso da cultura religiosa entre as massas 
populares.
“a religião é a utopia mais gigante, a mais metafísica que a história 
jamais conheceu, desde que é a tentativa mais grandiosa de 
reconciliar, em forma mitológica, as reais contradições da vida 
histórica. Afirma, de fato, que o gênero humano tem a mesma 
‘natureza’, que o homem […] como criado por Deus, filho de Deus, é 
portanto irmão de outros homens, igual a outros e livre entre e como 
outros homens [...]; mas também afirma que tudo isto não pertence 
a este mundo mas sim a outro (a utopia). Desta forma, as idéias de 
igualdade, fraternidade e liberdade entre os homens […] estiveram 
sempre presentes em cada ação radical da multidão, de uma ou 
outra maneira, sob formas e ideologias particulares” 
(Gramsci, 1971).
//Gramsci também insistiu nas diferenciações internas da Igreja segundo 
orientações ideológicas –liberal, moderna, jesuítica e correntes 
fundamentalistas dentro da cultura católica– e segundo as diferentes classes 
sociais: “toda religião [...] é realmente uma multiplicidade de distintas e às 
vezes contraditórias religiões: há um catolicismo para os camponeses, um para 
a pequena burguesia e trabalhadores urbanos, um para a mulher, e um 
catolicismo para intelectuais”. 
// Além disso, acredita que o cristianismo é, sob certas condições históricas, 
“uma forma necessária de desejo das massas populares, uma forma específica 
de racionalidade no mundo e na vida”; mas isto se aplica só a inocente religião 
das pessoas, não ao cristianismo jesuitizado, o qual é “puro narcótico para as 
massas populares” (Gramsci, 1971: 328, 397, 405; 1979: 17).
REFORMA PROTESTANTE: LUTERO E 
CALVINO 
// acredita que a transformação da doutrina 
calvinista da predestinação em “um dos 
maiores impulsos para a iniciativa prática que 
teve lugar na história do mundo”, é um 
exemplo clássico da passagem de um ponto de 
vista do mundo a uma norma prática de 
comportamento.
// Para ele, a Reforma Protestante, como um movimento nacional-popular 
autêntico capaz de mobilizar as massas, é um tipo de paradigma para a grande 
“reforma moral e intelectual” que o marxismo quer implementar: a filosofia da 
práxis “corresponde à conexão Reforma Protestante + Revolução Francesa: é 
uma filosofia que é também política e uma política que é de uma vez filosofia”. 
// Enquanto Kautsky, vivendo na Alemanha protestante, idealizou o 
Renascimento italiano e desprezou a Reforma como “bárbara”, Gramsci, o 
marxista italiano, elogiou Lutero e Calvino e denunciou o Renascimento por 
considerá-lo um movimento aristocrático e reacionário (Gramsci, 1979: 105; 
Kautsky, 1890: 76).
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Marxismo e religiao

  • 1. KARL MARX E A RELIGIÃO
  • 2. QUEM É KARL MARX? // economista // filósofo // historiador // teórico político // jornalista
  • 3. “MARX NÃO É SOCIÓLOGO” Henry Lefebvre
  • 5. ÓPIO DO POVO? “A angústia religiosa é ao mesmo tempo a expressão da dor real e o protesto contra ela. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, tal como o é o espírito de uma situação sem espírito. É o ópio do povo” Karl Marx em 1844 “Bem-vinda seja uma religião que derrama no amargo cálice da sofredora espécie humana algumas doces, soníferas gotas de ópio espiritual, algumas gotas de amor, esperança e crença.” – Heinrich Heine em 1840 “A religião pode tornar suportável [...] a infeliz consciência de servidão [...] de igual forma o ópio é de boa ajuda em angustiosas doenças.” Moses Hess em 1843
  • 6. A Ideologia Alemã - 1846 // “Religião como uma realidade social e histórica” // “Religião [...] como ideologia – ou seja, da produção espiritual de um povo, da produção de ideias, representações e consciência, necessariamente condicionadas pela produção material e as correspondentes relações sociais.” // “Prestou pouca atenção à questão da religião como tal, ou seja, como um universo específico de significados culturais e ideológicos” LÖWY, Michael, p.3, 2007
  • 7. O CAPITAL // “Nem a Idade Média pôde viver do Catolicismo nem a Antiguidade da política. As respectivas condições econômicas explicam, de fato, por que o Catolicismo lá e a política aqui desempenham o papel dominante” (Marx, 1968: 96, Tomo I).
  • 8. • // Diversas passagens de O Capital fazem referência à contribuição do protestantismo à acumulação primitiva de capital –por exemplo, por meio do estimulo à expropriação de propriedades da Igreja e campos comunais.
  • 9. // "O culto do ouro tem seu ascetismo, suas renuncias e seus sacrifícios: a poupança, a frugalidade, o desprezo aos gozos terrestres, temporais e passageiros; é a caça ao tesouro eterno. Dessa maneira, ganhar dinheiro está em conexão(Zusammenhang) com o puritanismo inglês e o protestantismo holandês.“ Karl Marx
  • 10. • Por outro lado, Marx se refere cada tanto ao capitalismo como uma “religião da vida diária” apoiada no fetichismo das mercadorias. Descreve o capitalismo como “um Moloch que exige o mundo inteiro como um sacrifício devido”, e o progresso do capitalismo como um “monstruoso Deus pagão, que só queria beber néctar na caveira da morte”. Sua crítica à economia política está salpicada de freqüentes referências à idolatria: Baal, Moloch, Mammon, Bezerro de Ouro e, é obvio, o conceito de “fetichismo” por si mesmo. Mas esta linguagem tem mais um significado metafórico que substancial (em termos da sociologia da religião) (Marx, 1960b: 226, Vol. 9 e 488, Vol. 26).
  • 12. // A contribuição principal de Engels ao estudo marxista da religião é sua análise da relação de representações religiosas com as lutas de classes. // A cristandade [...] como um sistema cultural experimentando transformações em diferentes períodos históricos. Primeiro a cristandade foi uma religião dos escravos, depois a ideologia estatal do Império Romano, depois vestimenta da hierarquia feudal e finalmente se adapta à sociedade burguesa. //“cada uma das distintas classes usa sua própria religião apropriada [...] e faz pouca diferença se estes cavalheiros acreditarem em suas respectivas religiões ou não” (Engels, 1969a: 281). // Engels compreendeu [...] o caráter dual do fenômeno: seu papel na legitimação da ordem existente, mas, além disso, de acordo a circunstâncias sociais, seu papel crítico, de protesto e até revolucionário. LÖWY, Michael, 2007
  • 13. Engels parece não encontrar nada mais que o “disfarce religioso” de interesses de classes nas diferentes formas de crenças. Entretanto, graças a seu método de análise em termos de luta de classes, Engels se dá conta, e assim expressa em A guerra camponesa na Alemanha que o clero não era um corpo socialmente homogêneo: em certas conjunturas históricas, dividia-se internamente segundo sua composição social. É desta forma que durante a Reforma, temos por um lado o alto clero, cúpula da hierarquia feudal, e pelo outro, o baixo clero, que dá sustento aos ideólogos da Reforma e do movimento revolucionário camponês (Engels, 1969b: 422-475).
  • 14. PRIMITIVA CRISTANDADE E SOCIALISMO MODERNO (a) ambos os movimentos foram criados pelas massas –não por líderes nem profetas; (b) seus membros foram oprimidos, perseguidos, e proscritos pelas autoridades dominantes e; (c) pregaram por uma iminente liberação e eliminação da miséria e da escravidão. Para adornar sua comparação, um tanto provocativamente, Engels citou um dito do historiador francês Renan: “se quer ter uma idéia de como foram as primeiras comunidades cristãs, olhe o ramo local da Associação Internacional de Trabalhadores” (Engels, 1969c).
  • 15. // Thomas Münzer, o teólogo e líder da revolução camponesa e herege anabatista do século XVI, queria o imediato estabelecimento na terra do Reino de Deus, o reino milenar dos profetas. // De acordo com Engels, o Reino de Deus para Münzer era uma sociedade sem diferenças de classes, propriedade privada e autoridade estatal independente de, ou externa a, os membros dessa sociedade. //Entretanto, Engels estava ainda tentado a reduzir a religião um estratagema: falou da “fraseologia” cristã de Münzer e seu “manto” bíblico (Engels, 1969b: 464). A dimensão especificamente religiosa do milenarismo de Münzer, sua força espiritual e moral, sua experimentada autêntica profundidade mística, Engels as parece haver evitado. LÖWY, Michael, 2007
  • 16. // os cristãos primitivos escolheram deixar sua libertação para depois desta vida enquanto que o socialismo localiza sua emancipação no futuro próximo deste mundo (Engels, 1960: cap. 25).
  • 18. // Entre os líderes e pensadores do movimento comunista, Gramsci é provavelmente quem mostrou a maior atenção a temáticas religiosas // : É um dos primeiros marxistas que tentou entender o papel contemporâneo da Igreja e o peso da cultura religiosa entre as massas populares.
  • 19. “a religião é a utopia mais gigante, a mais metafísica que a história jamais conheceu, desde que é a tentativa mais grandiosa de reconciliar, em forma mitológica, as reais contradições da vida histórica. Afirma, de fato, que o gênero humano tem a mesma ‘natureza’, que o homem […] como criado por Deus, filho de Deus, é portanto irmão de outros homens, igual a outros e livre entre e como outros homens [...]; mas também afirma que tudo isto não pertence a este mundo mas sim a outro (a utopia). Desta forma, as idéias de igualdade, fraternidade e liberdade entre os homens […] estiveram sempre presentes em cada ação radical da multidão, de uma ou outra maneira, sob formas e ideologias particulares” (Gramsci, 1971).
  • 20. //Gramsci também insistiu nas diferenciações internas da Igreja segundo orientações ideológicas –liberal, moderna, jesuítica e correntes fundamentalistas dentro da cultura católica– e segundo as diferentes classes sociais: “toda religião [...] é realmente uma multiplicidade de distintas e às vezes contraditórias religiões: há um catolicismo para os camponeses, um para a pequena burguesia e trabalhadores urbanos, um para a mulher, e um catolicismo para intelectuais”. // Além disso, acredita que o cristianismo é, sob certas condições históricas, “uma forma necessária de desejo das massas populares, uma forma específica de racionalidade no mundo e na vida”; mas isto se aplica só a inocente religião das pessoas, não ao cristianismo jesuitizado, o qual é “puro narcótico para as massas populares” (Gramsci, 1971: 328, 397, 405; 1979: 17).
  • 21. REFORMA PROTESTANTE: LUTERO E CALVINO // acredita que a transformação da doutrina calvinista da predestinação em “um dos maiores impulsos para a iniciativa prática que teve lugar na história do mundo”, é um exemplo clássico da passagem de um ponto de vista do mundo a uma norma prática de comportamento.
  • 22. // Para ele, a Reforma Protestante, como um movimento nacional-popular autêntico capaz de mobilizar as massas, é um tipo de paradigma para a grande “reforma moral e intelectual” que o marxismo quer implementar: a filosofia da práxis “corresponde à conexão Reforma Protestante + Revolução Francesa: é uma filosofia que é também política e uma política que é de uma vez filosofia”. // Enquanto Kautsky, vivendo na Alemanha protestante, idealizou o Renascimento italiano e desprezou a Reforma como “bárbara”, Gramsci, o marxista italiano, elogiou Lutero e Calvino e denunciou o Renascimento por considerá-lo um movimento aristocrático e reacionário (Gramsci, 1979: 105; Kautsky, 1890: 76).