O documento discute o período da segunda metade do século XIX na Europa, marcado por diversas correntes artísticas como o Realismo, o Impressionismo e o Pós-Impressionismo. Apresenta pintores como Courbet, Millet, Monet e Van Gogh e suas obras representativas destas correntes que buscavam retratar a realidade de forma mais objetiva ou expressar sensações e emoções. Também aborda o desenvolvimento da fotografia e sua influência na pintura durante este período.
2. » Positivismo de Auguste Comte – a experiência e a observação do real
conduz ao conhecimento.
» descristianização da sociedade industrial desvirtua a Idade Média que
fora retomada pelo Romantismo
» Revolução de 1848 – Queda da Monarquia – Proclamação da II
República – o 1º Presidente eleito, Luís Bonaparte, implanta o II Império
(1852 – 1870) – III República (1871 – 1940) – período de prosperidade
económica e progresso social
Abandono da subjectividade e imaginação
Gosto pelo imediato
3. Camille Corot
REALISMO – 1845 – 1870
-Visão mais objectiva e rigorosa
- arte ao serviço da sociedade – denúncia da
opressão trazida pela industrialização
Realismo
Compromisso Social - Courbet, Millet
Naturalismo (Escola de Barbizon) – Camille Corot,
Théodore Rousseau
4. Jean François Millet, Angelus, 1859, 50*60 cm
Jean François Millet, Descanço do Meio Dia, 1866
Introspecção para a oração, ao toque
dos sinos.
Solenidade das figuras – cores esbatidas
e escuras.
Ao fundo – a luz do pôr-do-sol intensa ,
dourada e uma cidade desenhada com
poucas pinceladas.
Figuras no 1º plano, curvadas pelo
cansaço e concentração espiritual.
Compromisso Social
5. Gustave Courbet – “Ser capaz de reflectir os costumes, as
ideias, o aspecto da minha época; ser não só pintor, mas
também um homem; numa palavra: fazer arte viva. Esse é
o meu objectivo.”
9. Evolução da FOTOGRAFIA
- Nicéphore Niepce consegue as 1ªs imagens fotográficas
permanentes (1816 – 28)
- Fox Talbot inventa o papel coberto com sais de prata que
permite o negativo para revelação
Fotografia e Pintura influenciam-se mutuamente.
11. A Pintura oferece à fotografia referências temáticas, de composição e
enquadramento das imagens.
A Fotografia ensina o pintor a captar o real em fragmentos, apreciando
gestos e movimentos espontâneos e liberta-o gradualmente da
representação mimética da realidade, acabando com as concepções
académicas sobre a composição, obrigando a uma revisão das técnicas
de representação do real.
12. “Impressionismo” (1874)
aplicado por Louis Leroy ao
Sol Nascente, de Monet.
Obra exposta fora dos circuitos
oficiais por um grupo
“Sociedade anónima de
artistas pintores, escultores e
“graveurs”” – Degas, Renoir,
Pissarro, Cézanne, Sisley.
- Valorização do momento;
- Captação do instante , da luz;
- Reprodução de sensações ópticas do mundo visível;
- Observação do real que, de forma imediata, é passado para a tela.
13. Os Impressionistas reprovam a
arte académica de trabalho em
atelier que favorece o desenho
sobre a cor.
Defendem que a renovação da
arte se faz, não pelos temas, mas
pelo tratamento da cor e da luz.
Monet, Rapariga com Sombrinha
15. Camille Pissarro, Rue de St. Lazare
O Impressionismo beneficia
de:
-Tratados sobre a luz (Newton)
- Círculo cromático (Eugène
Chevreul) – partindo da
decomposição da luz solar
define cores primárias
(amarelo, azul e vermelho)
opostas às secundárias
(verde, violeta e laranja) e
estabelece a teoria das cores
complementares
16. Henrique Pousão, A casa das persianas azuis, óleo sobre madeira, 28,5*25,6 cm, 1883 (?)
17. Auguste Rodin (1840 – 1917) – entre o Realismo e o Impressionismo
Homem a andar, 1877
Uso inteligente do “inacabado”.
Inspiração na arte clássica – figura
humana fragmentada, sem cabeça
e braços.
Toda a energia se concentra no
movimento das pernas e na força
invulgar do tronco.
Modelado vibrante da matéria, com
marcas intencionais do trabalho do
escultor.
18. O Pensador, 1880 – 1904, bronze
Trabalho
inserido no
projecto para o
grande portal
do Museu de
Artes
Decorativas,
inspirado na
Divina
Comédia.
Símbolo da
reflexão
humana.
Corpo
descrito com
realismo
anatómico.
Torção da
figura ,
dobrada
sobre si
própria.
Modelado
que acentua
os efeitos da
luz.
Recusa do
polimento
académico.
19. Soares dos Reis, O Desterrado, 1872
Nu perfeitamente modelado
na tradição clássica.
Abandonado e intensamente
nostálgico – metáfora à
situação cultural do País que
deixa em profundo
desencanto uma geração de
artistas.
Entre o Romantismo e o Naturalismo
20. Neo – Impressionismo
- Georges Seurat
Continuidade – pintura em “plein air”
- temas quotidianos
- cores claras
Oposição – “divisão” da cor (estudos científicos da relação entre luz e
cor)
PONTILHISMO
(aplicação de pequenos pontos de tons complementares que são
misturados na leitura óptica)
O Divisionismo destaca a expressão através da cor.
21. Georges Seurat, O Circo, 1891 (última obra do autor)
Forte dinamismo do 1º plano
opõe-se às poses estáticas
dos espectadores.
Contornos insólitos do
palhaço repetem-se noutras
figuras – no acrobata, na
bailarina, na cauda do cavalo.
Cores do público conferem
calma e estabilidade –
amarelos claros e roxos -
face à agitação das figuras
acrobáticas - amarelo ácido.
Técnica de pontilhismo muito
elaborada.
Tema popular e social.
22. O Pós – Impressionismo ( 1880 – 1900) – realidade heterogénea e
complexa
Vicent Van Gogh, Retrato do Doutor Gachet, 1890
“com uma expressão de melancolia que
frequentemente, para quem olhar para
este quadro, poderá parecer uma
careta. E, no entanto, é assim que se
deveria pintar, porque somente desta
maneira podemos dar conta de como,
em confronto com os retratos calmos
dos antigos, os nossos modernos têm a
expressão da paixão, como que de
expectativa e como que de um grito.”
“Não procuro qualquer semelhança
fotográfica, mas sim a nossa
capacidade de exprimir sentimentos
usando, como meio de expressão e de
exaltação do carácter, a técnica e o
gosto moderno pela cor.”
23. Van Gogh (1853 – 1901)
» nova forma de expressão;
» a introspecção consegue-se expressar através da cor, do exagero do
essencial, através de tons vivos e pinceladas exasperadas ( que expressam
a sua agitação interior);
» juntamente com Paul Gauguin, defende que a pintura deve evitar o
naturalismo para se tornar um reflexo do mundo interior do artista;
» ambos fogem da sociedade contemporânea, hostil aos valores do espírito.
Van Gogh procura transmitir a experiência emocional e
espiritual que sente perante o mundo.
25. “Tentei com o vermelho e com o verde exprimir as
terríveis paixões dos homens. É uma cor que não é
literalmente verdadeira, do ponto de vista do
realismo, é uma ilusão de ótica, mas é uma cor
sugestiva que exprime que o café é um local onde
uma pessoa fica enlouquecida e pode tornar-se
criminosa. Tentei isso pelo contraste do rosa-suave
com o vermelho-rútilo e um vermelho-escuro cor de
vinho; por um verde-amarelo e um verde-veronese,
que contrastam com um verde-amarelo e um severo
verde-cinzento. Tudo isto exprime a atmosfera de um
mundo subterrâneo incandescente, um pálido
sofrimento, a escuridão que domina por sobre tudo
aquilo que dorme”
Van Gogh, Cartas a Seu Irmão
26. Van Gogh, O quarto de Van Gogh em Arles, 1889
Perspectiva
ligeiramente
realçada, ondulante
e alongada;
O observador é
chamado para
dentro do quarto
vazio;
Objectos definidos
com traço espesso;
Cores vivas e
brilhantes, nada
realistas.
27. Paul Cézanne, A Casa do Enforcado, 1873
Espaço da
composição
estruturado em
torno de um
ponto central
luminoso, de
onde partem
linhas oblíquas
de diferente
intensidade
cromática e
luminosa;
pequenos
toques de cor
sobre uma
primeira
demão ligeira,
sublinham a
volumetria das
formas.
28. Puvis de Chavannes, Jovens Raparigas à Beira-mar, 1879
O Pintor afasta-se da poética
impressionista e aproxima-se de
temas históricos, fruto da influência
dos pintores italianos primitivos.
Referência clássica das figuras –
compactas e sinuosas.
Jovem do 1º plano – postura lânguida
sobre a rocha nua, rosto pensativo.
Cabelos espalhados criam contraste.
Jovem em pé – alusão ao fuste de uma
coluna; o panejamento lembra as obras
da antiguidade. Em contraste, a massa
sedosa dos cabelos ao vento.
Paisagem trabalhada com variedade de
elementos naturais definidos por
grandes extensões de cor.
Pequenos ramos floridos – atmosfera
mágica, sonhadora.
29.
30. Puvis de Chavannes, O Pescador Pobre, 1881
Tema da miséria,
muito usado na
literatura.
A obra
transcende a
descrição
naturalista – tom
melancólico.
Composição
simples e
rigorosa.
Cores sóbrias,
esbatidas.
Contornos
precisos –
antecipam o
estilo de
Gauguin.
31. Paul Gauguin
» Simbolismo – natureza trabalhada
de forma a transmitir uma mensagem
pessoal carregada de significados
(aproximação ao Romantismo) – a arte
reproduz a realidade espiritual;
» Sintetismo – simplificação das
formas e pureza das cores; o artista
deve sintetizar as suas impressões e
pintar de memória e não fazer uma
transcrição directa dos motivos;
» Cloisonnisme – aplicação de cor
plana dentro de uma linha de contorno
bem definida.
Paul Gauguin, Auto-Retrato
32. “Os impressionistas, é verdade, estudavam a cor
puramente como valor decorativo, mas não eram
ainda livres, permanecendo agrilhoados à
verosimilhança com a natureza (…). Investigavam
o olho em vez de investigarem a misteriosa
profundidade da alma.”
Paul Gauguin
33. Paul Gauguin, Mulheres do Tahiti (Na Praia), 1891
Fuga para
uma
civilização
pura e
incorrupta.
Formas
maciças e
severas,
cores
compactas e
puras
estendidas
com a
espátula –
evocam a
simplicidade
existencial do
povo da
Polinésia
34. Grupo Nabis (profetas) “um nome que fazia de nós iniciados,
uma espécie de sociedade secreta
de conotação mística.”
Maurice Denis
Maurice Denis, As Musas, 1893
• Espiritualidade intensa
• Tema de inspiração clássica /
Renascimento
“Se Deus me tivesse deixado nascer
alguns séculos antes, em Florença, teria
sido um daqueles crentes antiquados, fiéis à
sacralidade do passado”
35. Paul Sérusier, Jovens Bretãs Envergando Túnicas, 1895
Características do Simbolismo
Nabis:
•bidimensionalidade;
• falta de regras perspécticas,
• contorno das figuras,
• simplificação das formas,
• relevância do aspecto
decorativo.