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Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
2
A tradução em tela foi feita por um grupo de amigas
despretensiosamente de forma a dar acesso ao leitor da
obra, com objetivo único e exclusivo de entretenimento,
não visando direta ou indiretamente lucro, incentivando a
aquisição da obra literária física ou digital.
Agradecemos a todos que contribuíram com esta
tradução nos incentivando a continuarmos independente
dos obstáculos. Nossos mais sinceros agradecimentos
para essa equipe de tradutoras as quais se dedicaram a
esta tradução, abdicando de seu tempo livre para nos
ajudar.
Esta tradução poderá ser baixada pelo leitor e publicada
em todos os sites, blogs, grupos sem qualquer restrição,
desde que os mesmos se comprometam tirar o acesso
para download em caso de pendências administrativas ou
judiciais a fim de resguardar os direitos autorais e de
editoras.
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
3
SINOPSE
Tracey Garvis Graves - e Anna e T.J. - regressam nesse conto que
acompanha o bestseller NA ILHA.
Quando Owen Sparks, o milionário de vinte e três anos de idade da dot-com,
se afastou de sua vida encantada, ele tinha um objetivo em mente: chegar o
mais longe possível das pessoas que ressentiram seu sucesso, ou tiveram
sua mão esticada para um pedaço dele. Uma remota ilha inexplorada no
outro lado do mundo parecia um lugar perfeitamente lógico para ficar longe
de tudo.
Calia Reed não fazia parte dos planos de Owen. A bela menina britânica - em
férias nas Maldivas com seu irmão, James – fez Owen imaginar se ficar longe
de tudo poderia ser muito mais agradável com uma garota despreocupada
que não sabia nada sobre a vida que ele deixou para trás.
Mas Owen não tinha idéia do quanto seus planos cuidadosamente
detalhados dariam errado. Nem ele percebeu que uma decisão que ele fez
poderia ter um efeito tão catastrófico sobre dois passageiros que
embarcaram num avião em Chicago.
E quando Owen aparece na porta de Anna e T.J com uma história incrível
para contar, todos os envolvidos irão aprender o quanto suas vidas estão
entrelaçadas.
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
4
Capítulo 1
Owen
A casa é isolada, cercada por árvores e um gramado bem cuidado. Há
brinquedos para crianças situados em um canto do quintal, e um triciclo
abandonado na calçada da frente. Primavera acaba de chegar ao Centro-
Oeste, mas alguém já desenhou um padrão de amarelinha com giz de tons
pastel. Uma placa presa próximo à porta da frente anuncia que a casa está
protegida pela ADT1, e quando eu toco a campainha um cão começa a latir,
seguido pelo som de patas trovejando.
A mulher que atende a porta tem um bebê em seus braços e duas crianças
agarradas a sua saia. O cachorro, um grande golden retriever, rosna e espera
por ela para deixá-lo sair. Espero que ela não o faça. Seus olhos azuis se
estreitam quando ela me olha por trás da segurança de uma porta extra, que
eu tenho certeza que é bloqueado. O vidro abafa a sua voz, mas eu ainda
posso entendê-la quando ela diz: "Posso ajudar?" Seu tom resguardado faz
sentido, do jeito que faria se você vivesse fora, em um país em que todo
mundo conhecesse sua história e tivesse uma ideia estimada de seu
patrimônio líquido.
“O seu marido est| aí?” Eu pergunto.
"Ele est| l| em cima. Ao telefone”, diz ela.
"Eu gostaria de falar com vocês dois. Se importa se eu esperar?”
Ela não gosta disso. Eu posso dizer pelo jeito que ela empurra as crianças
para trás e ergue os ombros, levantando o queixo ligeiramente.
Ah, ela é uma lutadora. Isso não me surpreende em tudo.
"Você vai ter que voltar outra hora”, diz ela, e começa a fechar a porta. Mas
antes que ela possa batê-la fechada, uma caminhonete empoeirada puxa na
entrada da garagem e o alívio parece lavar seu rosto.
O homem pisa no freio e está fora do caminhão antes mesmo que ele pare de
se mover. Ele caminha até mim com uma expressão desconfiada no rosto.
1
ADT: Empresa, líder mundial em alarmes e sistemas de segurança.
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
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Suspeito e chateado. Eu sou mais velho do que ele, mas ele parece o
suficiente comigo, tanto que as pessoas poderiam nos confundir com irmãos,
temos o mesmo cabelo castanho claro e constituição.
Ele olha para a mulher na porta. "Fique ai dentro". Voltando para mim, ele
diz: "Quem é você e o que você quer?”
"Só queria falar com você e sua esposa.”
“Ser| que te conheço?”
"Não." Eu coloquei minhas mãos em meus bolsos ao me lembrar do motivo
da minha visita. "Meu nome é Owen Sparks.”
O homem olha para mim, a testa franzida como se filtrasse através de sua
memória buscando o significado do meu nome. Mas a mulher, a mulher sabe
imediatamente, e ambos nos voltamos para ela quando ela engasga.
“T.J.”, diz a mulher. Ela abre as portas para que possamos realmente ouvi-la
e o cão dispara como a bala de uma arma, me cheirando agressivamente,
mas felizmente decide que não sou ameaça. “A pessoa desaparecida. O
homem, cujo rastro foi perdido nas Maldivas. Você se lembra? Seu nome era
Owen Sparks.”
Reconhecimento floresce em seu rosto e eles olham para mim como se eu
fosse um fantasma. “Você é o cara que construiu a cabana?”, ele pergunta.
"Sim".
“Mas você não é o Esqueleto.”
Eu balancei minha cabeça. "Não.” Não h| necessidade de me perguntar o que
eles estão pensando. Ou perguntar quem é o Esqueleto.
Porque eu sei.
***
Eles me convidam para sua casa, a curiosidade substituindo sua
desconfiança. Eu entendo a sua hesitação, mas eu pareço bastante
inofensivo. Eu estou vestindo jeans e uma camisa de botão de manga
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
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comprida, comprada há poucos dias. Meu cabelo está um pouco longo, mas
está limpo. Eu até fiz a barba, e isso não acontece com muita frequência.
Anna mantém a porta aberta, deslocando o bebê para o outro quadril.
Quando T.J. faz o seu caminho para dentro, seus dois filhos mais velhos
gritam: "Papai!” e pulam em seus braços, gritando e tentando subir enquanto
ele dá a cada um deles um abraço. Ele coloca as crianças para baixo, se
inclina e beija Anna.
"Você est| bem?”, Ele pergunta.
Ela balança a cabeça e sorri e depois ele dá mais um beijo na cabeça do bebê.
Sigo logo atr|s. “Quantos anos têm seus filhos?” Eu pergunto.
“Os gêmeos farão dois anos em junho”, diz Anna. “Josie, Mick. Vocês podem
dizer ol|?”
Meu sorriso vacila quando ela diz Mick, mas felizmente nenhum deles
percebe a mudança na minha expressão. As crianças agem com timidez e
não querem dizer olá, mas eles murmuram uma saudação e, em seguida,
escondem-se atrás de seus pais.
"E esta é Piper,” Anna acrescenta, despenteando o pouco cabelo que o bebê
tem. "Ela tem sete meses e está rastejando por toda parte. Ela estará
andando em breve e então eu vou realmente ter o meu trabalho cortado pela
metade.”
“Como nos encontrou?” T.J. pergunta, encolhendo os ombros em seu casaco.
"Internet". Demorou algumas pesquisas para chegar ao endereço de sua
casa, mas eu sou muito bom em localização de pessoas quando eu coloco
minha mente nisso. Eu não lhes disse quanto tempo eu estive off-line ou que
seus nomes apareceram imediatamente quando eu digitei Maldivas no
Google. Eu estava procurando por algo totalmente diferente, e o que eu
encontrei, em vez disso, me afetou tanto que demorou uma semana antes
que eu fosse capaz de ler tudo. E um pouco mais para que eu pudesse
trabalhar minha coragem de vir aqui.
“Venha”, T.J. diz. Eu o segui a partir da porta de entrada para a cozinha.
"Posso oferecer algo para beber?”, Ele pergunta.
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
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"Não, obrigado.”
"Tem certeza?” Anna pergunta. "Nós temos Coca-Cola, suco, chá gelado,
cerveja, |gua engarrafada.”
“Não, é sério. Eu estou bem.”
"Deixe-me saber se você mudar de ideia”, diz ela. O sorriso que ela me dá
ilumina todo o seu rosto. Ela é linda, de uma forma natural, e você não pode
deixar de notar seus olhos, grandes e azuis. Eu posso ver o porque dele estar
tão tomado por ela. Ela atravessa a cozinha para verificar algo que está
borbulhando no fogão, e eu olho para o meu relógio. É quase seis e meia. Eu
não deveria ter vindo tão tarde, tão perto da hora do jantar. Eles
provavelmente têm trabalho a fazer.
T.J. cai em uma cadeira na mesa da cozinha e Anna lhe entrega o bebê. A
cozinha cheira bem, como pão de alho, e quando um temporizador dispara
Anna puxa uma panela fora do forno. As crianças mais velhas correm dentro
e fora da sala, mas Anna os evita, e aos brinquedos que estão espalhados
pelo chão, com facilidade.
"Devagar, Mick”, T.J. diz quando o menino cai em frente { mesa. “Você est|
bem?”
Mick balança a cabeça, aparentemente imperturbável.
“V| brincar com Josie na sala de estar, tudo bem? O jantar estar| pronto em
breve.”
“Ok”, diz ele.
Há muito barulho e caos, não muito diferente do jeito que está na minha vila.
O lugar que eu chamo de casa está lotado de crianças, a maioria delas com os
pés descalços. Todos eles disputando atenção.
T.J. prende o bebê em uma cadeira alta e escorre o macarrão enquanto Anna
prepara uma salada e tira os pratos do armário. Eles chamam as crianças
para se lavar e T.J. coloca a mesa. Eles trabalham bem juntos, de forma
eficiente e sem reclamar. Minha própria irmã e seu marido costumavam
discutir sobre de quem era a vez de pegar o telefone e pedir pizza, e uma vez
eu os vi jogar uma moeda para ver quem tinha que trocar a fralda suja de
seu filho.
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
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Eu não tenho visto a minha irmã em anos, e mesmo odiando não ser uma
parte da vida do meu sobrinho, eu tenho vergonha de admitir que eu
realmente não sinto falta dela.
"Você vai ficar para o jantar?” Anna pergunta. Eu olho para baixo e vejo que
eles colocaram um lugar extra na mesa.
"Claro", eu digo. "Isso seria ótimo."
***
Durante o jantar, eles fazem algumas perguntas básicas: Como cheguei à
ilha? Eu digo a eles que eu encontrei um piloto disposto a me levar lá. Eles
me perguntam quanto tempo eu estive lá, e eu lhes digo que foi por cerca de
quinze meses. Eles querem saber quantos anos eu tenho. Trinta e quatro
anos, eu digo. Eu posso ver pela maneira que se inclinam para frente em
suas cadeiras que eles estão ansiosos para ouvir mais.
"Vamos guardar o resto de nossas perguntas até depois que as crianças
forem para a cama”, TJ diz , olhando para Anna.
Ela acena com a cabeça.
"Ok", eu digo. Eles são tão malditamente bons que isso me faz sentir ainda
mais ferrado para o que eu vou dizer a eles. Eu perco meu apetite quando eu
penso sobre como eles podem reagir, mas eu continuo comendo de qualquer
maneira. É o mínimo que posso fazer.
Depois do jantar, eu os assisti trabalhando juntos para limpar a mesa e
carregar a máquina de lavar louça. Ofereço-me para ajudar, então Anna me
entrega uma toalha molhada e aponta para as crianças. Eu sorrio e falo com
eles em voz baixa, enquanto limpo rostos e mãos, e as crianças não parecem
se importar, o bebê sorri e ri, virando o rosto como se fosse um jogo.
"Você é bom com as crianças", T.J. diz. “Você tem alguma?”
“Ainda não.” Tecnicamente eu tenho uma vila cheia, mas nenhum deles é
meu, pelo menos não biologicamente. Quando me mudei para a minha vila
eu não sabia nada sobre crianças. E isso me assustou um pouco, a maneira
como eles olharam para mim como se eu tivesse vindo para salvá-los. Era
assustador. Agora eu sei que amo qualquer coisa que eu possa fazer por eles,
não importa o quão insignificante possa parecer. Quando você não tem nada,
tudo parece algo.
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
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"O que é que vai ser? Caillou2 ou Dragon Tales3?” T.J. pergunta aos gêmeos.
“Dragon Tales”, eles gritam.
“Um episódio e, em seguida, é hora de dormir, ok?"
"Ok", eles falam e em seguida, correm para fora da sala.
"Eu vou ligar o DVD para eles”, diz Anna. Ela para em frente do TJ em seu
caminho para fora da cozinha. “Eu vou colocar esta aqui para dormir em seu
berço. Ela está prestes a cair no sono."
O bebê sorri, os olhos pesados, e T.J. a beija. "Boa noite, bebê. Durma bem.”
Ele se vira para mim quando eles saem. “Posso oferecer uma cerveja?
Porque eu acho que eu poderia definitivamente precisar de uma.”
Ele não sabe o quão verdadeira é essa declaração. Eu deveria apenas lhe
dizer para pular a cerveja e pegar uma garrafa de qualquer coisa que tenha
em seu arm|rio de bebidas, o que for mais forte. “Uma cerveja parece bom,
na verdade. Obrigado.”
"Eu vou buscar”, diz ele. “Por que você não se senta na sala de estar?”
Eu ando por um corredor curto e o cão me segue. Os gêmeos estão deitados
no chão em frente à TV, em uma grande pilha de travesseiros. Na tela, um
menino e uma menina estão conversando com um dragão cor-de-rosa.
Sento-me em uma cadeira grande e abaixo para brincar com o cachorro,
coçando atrás de suas orelhas. Ele vira para os meus pés. Quando T.J.
caminha de volta para a sala com a cerveja, ele diz: “Parece que Bo gostou de
você. Ele provavelmente está muito contente que você ainda não
experimentou montá-lo”.
"Ele é um bom cão de guarda. Ele não gostou quando eu toquei sua
campainha.”
2 Caillou é um desenho animado infantil sobre um garoto de quatro anos de idade dotado de uma
imaginação extremamente fértil.
3 Dragon Tales é uma série de desenho animado americana-canadense que conta as aventuras de
duas crianças Max e Emília que através de uma escama mágica são capazes de se teletransportarem
para a Terra dos Dragões, um lugar mágico onde dragões existem.
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
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“Nós não temos um grande número de visitantes aqui. É bom saber que ele
ainda est| fazendo seu trabalho.” TJ colocou uma garrafa de cerveja em cima
da mesa, próxima a minha cadeira.
"Obrigado", eu digo.
Ele se senta no sofá de frente pra mim. "Eu não posso acreditar que você está
aqui. Nós pensamos...” Sua voz falha quando ele olha para Mick e Josie. "Nós
pensamos que estava M-O-R-T-O.”
Fui atingido com uma imagem tão visceral que recuei.
"Ei, você est| bem?” T.J. perguntou.
"Eu estou bem.” Ele parecia como se quisesse me perguntar mil coisas, mas
em seguida olha para as crianças novamente e não diz nada.
Anna volta para a sala e lembra as crianças que será hora dos pijamas e
livros, assim que o show acabar. Eles protestam, mas não muito alto.
"Piper dormiu bem?" T.J. pergunta.
"Apagada como uma luz", ela responde.
"Eu abri uma garrafa de vinho. Est| em cima do balcão.”
"Ah, eu sabia que havia uma razão para me casar com você", diz ela,
inclinando-se para lhe dar um beijo.
"Essa não é a única razão", T.J. disse, rindo quando ela foi embora. Ele chama
por ela. "Havia muitas outras, você sabe."
Anna caminha de volta para a sala, segurando uma taça de vinho. Ela se
senta ao lado de T.J. e toma um gole. "Quanto tempo você vai ficar na cidade,
Owen?" Anna pergunta.
"Eu ainda não tenho certeza", eu digo. "Eu vou ficar em um hotel na cidade."
Minha data de partida pode ser determinada por quão bem será essa
conversa. Poderia ser imediatamente por tudo o que sei.
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
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Quando os créditos começaram a rolar no programa de TV, Anna pega o
controle remoto e aperta um botão para desligar o show. "Hora de deitar",
diz ela.
"Nós voltaremos logo", T.J. diz. Ele me dá o controle remoto. "Vá em frente e
assista algo, se quiser."
Eu tomo o controle remoto dele, mas eu não ligo a TV novamente. Eu não
tenho a menor ideia sobre o que assistir. Em vez disso, tomo outra bebida e
olho ao redor da sala. É preenchido com mobiliário confortável. Há
travesseiros e mantas e um grande vaso cheio de flores. Fotos de família e
fotos individuais das crianças em molduras de prata são exibidas em mesas
e prateleiras. Eu não posso imaginar estar naquela ilha por três anos e meio,
do jeito que eles fizeram. Sem comida e água chegando regularmente via
hidroavião. Não há livros ou jornais. Sem telefone por satélite. Sem viagens
de fim de semana com os rapazes, quando me sentia aborrecido ou sentia
necessidade de estar perto de outras pessoas. Nada, exceto o que já estava lá
ou o que foi levado para terra pelo mar. Sua casa deve ser como um porto
seguro depois do que passaram.
Eu ainda estou sentado lá pensando no que eu vou dizer quando eles voltam
para a sala quinze minutos depois.
“Posso pegar mais uma cerveja?” T.J. pergunta.
Eu começo a dizer que não, mas então eu percebi que a minha garrafa está
vazia. "Tudo bem”, eu digo em seu lugar. “Obrigado.” Eu não tenho tido
álcool por um longo tempo, e eu já posso sentir o efeito. Porém estou mais
calmo, o que é uma coisa boa. T.J. leva a garrafa vazia para a cozinha e volta
com uma gelada para nós dois. Anna se instala no sofá, colocando as pernas
debaixo de sua saia. Ela pega o copo de vinho e T.J. se senta ao lado dela.
"Eu nem sei por onde começar”, eu digo.
“Comece pelo começo, Owen”, diz Anna. “Conte-nos tudo.”
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
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Capítulo 2
Owen
Los Angeles
Maio de 1999.
Eu estacionei meu BMW na rampa do estacionamento de longo prazo no
aeroporto. Professor Donahue iria buscá-lo mais tarde, usando a chave
reserva que eu tinha dado a ele.
"Eu vou dirigir o inferno fora desse carro enquanto você estiver fora”, disse
ele.
Eu olhei para ele e ri. "Eu espero que você faça.”
Eu lutei com a minha grande mala no porta-malas e puxei-a para trás,
carregando minha mochila em minha outra mão. Tentar encontrar o
equilíbrio certo de coisas para levar comigo não tinha sido fácil. No final, eu
decidi ser o mais prático possível, e minha mala continha principalmente
roupas e produtos de higiene pessoal.
Capitão Forrester foi o encarregado de comprar tudo o que eu precisaria.
A mulher atraente por trás do balcão da Emirates4 sorriu para mim quando
era a minha vez de fazer check-in. Ela colocou seu longo cabelo atrás das
orelhas e levantou-se reta. Estufando o peito um pouco também. Em outras
circunstâncias eu poderia ter me interessado, mas não naquele dia.
Entreguei-lhe minha carteira de motorista e passaporte, observando em
silêncio enquanto ela batia no teclado.
“Quantas malas?”, ela perguntou.
"Só uma”, eu disse.
“As Maldivas é um lugar bonito”, disse ela. "Você j| esteve l|?”
"Não."
4
Empresa Aérea.
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
13
Ela olhou para mim e sorriu. “Você est| viajando a negócios ou lazer?”
Peguei os cartões de embarque que ela estendeu para mim e meu sorriso foi
enigm|tico na melhor das hipóteses, quando eu disse: “Nenhum dos dois.”
***
Minha próxima parada foi na instalação de armazenamento com armários
perto dos balcões. O homem baixo e gordo atrás do balcão me olhou
desconfiado quando eu puxei um envelope grande da minha mochila. "Isso é
tudo o que você deseja armazenar”, questionou.
"Sim".
“Conteúdo?”
"Três chaves e vinte CDs”. As chaves eram para o meu carro, casa, e cofre, e
os CDs continham informações do meu disco rígido.
“Quanto tempo você quer que fique armazenado? Posso mantê-lo por até 60
dias.”
"Eu quero que fique armazenado indefinidamente.”
“Eu não faço por tempo indeterminado.”
“Claro que faz”, eu disse, sorrindo educadamente e puxando uma pilha de
notas da minha carteira. Contei dez notas de cem dólares e coloquei o
dinheiro sobre o balcão. Os mil dólares mais fáceis que esse cara iria fazer.
"Tudo bem”, disse ele, assim como eu sabia que ele faria. "Aqui est| o bilhete
de reivindicação.”
"Eu preciso de uma caneta.”
Ele puxou uma do seu bolso da frente e entregou-a para mim. Eu rabisquei o
número do bilhete de reivindicação e escrevi quatro números em seu lugar,
os números que eu nunca teria problemas em me lembrar. Este não era o
único lugar que eu estava armazenando os dados criptografados, mas se o
cara cumprisse sua parte do acordo, seria o lugar mais fácil de recuperá-los.
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
14
“Coloque isso em algum lugar seguro. Este é o número que eu vou te dar
quando eu vier para pegar o envelope.”
“O que você quiser”, disse ele enquanto pegava o bilhete de reivindicação de
mim. "É o seu negócio.”
“Tenha um bom dia”, eu disse, e então eu peguei minha bolsa e fui em
direção ao meu portão de embarque.
***
Eu pousei em Dubai 15 horas depois, oito das quais eu dormi graças ao
Xanax5 que eu convenci meu médico a me receitar. Estresse, eu disse. Eu não
tenho dormido bem.
Fazendo meu caminho lentamente pelo corredor, eu bocejei, me espreguicei
e segui as pessoas na minha frente para o terminal. Tive várias horas de
intervalo antes do meu voo para Malé, então eu vagava sem rumo através do
aeroporto lotado, ouvindo um amontoado de vozes tendo conversas em
línguas que eu não falo. Quando eu cheguei à área de embarque no Terminal
1, parei em um restaurante que serve comida americana e pedi um
hambúrguer e uma cerveja. Meu celular permaneceu no meu bolso,
desligado. Eu não tinha vontade de ver quantas mensagens tinham
acumuladas. Não era como se eu estivesse planejando responder a qualquer
uma delas.
Com cada milha que ficava para trás, eu me sentia menos estressado. Mais
confiante na minha decisão. Talvez fosse extrema e completamente
exagerado. Excêntrico, mesmo. Mas eu realmente não me importo, porque
tudo o que eu queria fazer era me perder por um tempo, e esta parecia ser a
melhor maneira de fazê-lo. Eu me tornei fascinado com as Maldivas depois
de assistir uma palestra de negócios sobre a cadeia de ilhas.
“Os resorts são incríveis,” ele disse. “Mas também h| ilhas que são
completamente desabitadas. Você pode ir lá se quiser. Passar a noite,
também. Eles irão voltar e buscar você."
5 Fármaco utilizado em distúrbios da ansiedade e em crises de agorafobia. É um medicamento de
tarja preta no Brasil, psicotrópico do grupo B1, sujeito a notificação de receita tipo B. Trata-se
de benzodiazepina que estimula os efeitos do GABA, reduzindo a ansiedade moderada e ansiedade
associada a depressão. Também possui propriedades sedativas, hipnóticas, anticonvulsionantes e
de relaxamento muscular.
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
15
Nos dias que antecederam a abertura de capital da minha empresa, quando
as coisas estavam realmente ficando fora de controle, eu não conseguia
parar de pensar em quanto mais fácil a minha vida seria se eu ficasse longe
de tudo. Meu celular tocava constantemente. Assim como o telefone que
ficava estabelecido sobre a grande mesa de mogno de canto no meu
escritório. O toque rangia em meus nervos e me fez sentir como se eu não
pudesse respirar. Todos queriam algo de mim: tempo, dinheiro, ajuda.
Em uma tarde particularmente estressante, eu peguei o telefone e usei para
fazer algumas pesquisas. Ao longo das próximas semanas, obtive um visto, o
que me permitiu entrar nas Maldivas e permanecer indefinidamente.
Localizei um piloto disposto a me levar onde eu precisava ir e comprei os
suprimentos que necessitava, com um mínimo de perguntas. Eu esperava
encontrar um obstáculo em algum momento, o que teria impedido o meu
plano em seguir em sua trilha, mas não encontrei. É fácil desaparecer se você
tem dinheiro suficiente, e eu tinha muito.
E era do meu interesse estar longe, muito longe, quando todos descobrissem
que seu trem da alegria havia chegado a um ponto insuportável.
***
Era de manhã quando cheguei a Malé, eu tinha viajado por tantas horas que
eu já estava confuso sobre que dia era. Eu encontrei um banheiro e entrei em
uma cabine para vestir um par de shorts e uma camiseta.
A fila no balcão de hidroaviões no hall de entrada não foi longa. Esperei com
paciência e quando chegou a minha vez eu puxei uma folha de papel com um
número de confirmação sobre ele fora da minha carteira. "É um voo
privado”, disse eu. “Capitão Forrester é o piloto.”
A mulher atrás do balcão puxou minha reserva no computador. "Seu check-
in está feito, está pronto pra sair, Sr. Sparks. Vou chamar o Capitão Forrester.
Eu acredito que ele está esperando.”
"Eu tenho certeza que ele est|”, disse eu. Eu lhe pago generosamente para
estar esperando por mim, não importa quantos problemas de viagem
encontrarei, ou que horas eu chegarei. Eu sabia com certeza absoluta que o
hidroavião estaria em marcha lenta na doca.
"Por favor, venha comigo”, disse um funcion|rio uniformizado da companhia
aérea. Segui-o do lado de fora e parei no meio-fio. “O ônibus ir| lev|-lo para
o terminal de hidroaviões. Chegará em um instante.”
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
16
“Obrigado", eu disse. Sair do edifício climatizado fez o calor parecer muito
mais opressivo. O ar estava pesado e úmido quando inalado, e eu comecei a
suar quase que imediatamente. Quando a minivan chegou subi para o
interior climatizado, dizendo a mim mesmo que era melhor não me
acostumar com isso. Depois que o motorista estacionou em frente ao
terminal de hidroaviões ele me levou através de um conjunto de portas
duplas. Atravessamos outro conjunto de portas no lado oposto da sala e, em
seguida, fomos para fora. Os hidroaviões estavam alinhados, amarrados a
uma série de docas retangulares. Entreguei meu cartão de embarque ao
motorista e ele olhou para o cartão e disse: “Por aqui, Sr. Sparks.”
Eu o segui até o hidroavião e quando ele fez sinal para eu lhe entregar minha
mala, eu dei a ele e vi como ele embarcou no avião.
Olhando ao redor, eu reparei na água azul e o céu sem nuvens. Tudo já
parecia muito mais simples, e eu senti o restante do meu estresse
derretendo a distância. Um homem de meia-idade colocou a cabeça para fora
da porta do avião.
“Capitão Forrester?”, eu perguntei, dando um passo para frente e
estendendo a mão para apertar sua mão. "Eu sou Owen Sparks.”
Ele deu uma olhada para mim e balançou a cabeça. “Bem, eu vou ser
amaldiçoado”, disse ele, rindo e apertando minha mão na sua. "Você não é o
que eu estava esperando. Quantos anos você tem, meu filho?”
“Vinte e três", eu disse. Eu não tomei a reação dele como algo pessoal, eu
estava acostumado. Foi a maneira que eu conduzi os negócios que me fez
parecer mais velho do que sou. Você não poderia conseguir o que eu tinha
conseguido em uma idade tão jovem, agindo como um punk. As pessoas me
tratam com respeito, ouvem o que eu tenho a dizer.
Eu não tinha dúvida de que meu patrimônio também me separou da maioria
dos meus colegas. E houve momentos - como a pouco tempo – que eu estava
feliz por ter tanto dinheiro. Eu tinha merecido ganhá-lo, e foi bom usá-lo em
algo que eu realmente queria, em vez de me sentir como se eu tivesse que
dar a todos só porque eles tiveram sua participação.
“Bem, vamos l|”, disse ele. O segui através da porta da cabine, e ele apontou
para as fileiras de assentos atr|s dele. “Sente-se onde quiser. Apenas
certifique-se de apertar o cinto de segurança.”
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
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Minha mochila tinha sido colocada em um assento na primeira fila, por isso
sentei-me ao lado dela e a coloquei no chão aos meus pés. Eu vi quando o
Capitão Forrester colocou um fone de ouvido na cabeça e começou a virar a
chave. Ele falou brevemente no microfone perto de sua boca, e logo que ele
obteve permissão, nós nos afastamos da plataforma. Pegamos velocidade e
eu senti o impulso quando decolamos.
Enquanto nós voávamos, eu olhei pela minha janela, espantado com a vista.
Eu olhava contra a luz do sol que inundou a cabine e procurei meus óculos
de sol da minha bolsa. O céu sem nuvens era tão azul como a água abaixo.
Levamos quase duas horas para chegar ao nosso destino. Eu não tinha visto
qualquer terra em um tempo, mas, finalmente, o avião desceu e eu dei o meu
primeiro olhar para a ilha. Não era muito grande, talvez uma milha de
comprimento. Primitiva, praia de areia branca. Vegetação muito verde.
Palmeiras e coqueiros se destacavam altos na área densamente arborizada,
perto do centro da massa terrestre.
Eu me lembro de pensar que nada de ruim poderia acontecer em um lugar
tão bonito.
Nós pousamos bem na lagoa.
"É melhor tirar os sapatos", disse ele.
Sorri quando olhei para baixo, para seus pés e percebi que ele estava
pilotando o hidroavião descalço.
Depois que eu tirei os sapatos e os coloquei na minha bolsa, ele abriu a porta
da cabine e pulou na água até os joelhos. Ele abriu o compartimento de carga
do lado do avião e começamos a levar minha bagagem para a costa, fazendo
várias viagens, a fim de descarregar tudo. Pequenos cardumes de peixes
fugiram enquanto eu caminhava na água tão quente como de um banheiro.
“Vamos olhar a lista e ter certeza que eu não perdi nada”, disse ele, depois
que tinha colocado a última das caixas na areia. Do bolso da camisa, ele tirou
um pedaço de papel dobrado que eu reconheci como um dos e-mails que eu
tinha enviado para ele. O primeiro item foi um telefone via satélite Iridium.
Ele me informou que meu telefone celular normal não iria funcionar porque
a ilha era muito remota.
"Meu número já está programado nele, então se você ficar em apuros, ou
você precisar de mim, tudo que você precisa fazer é apertar esse botão”,
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
18
disse ele, apontando para o botão e entregando o telefone para mim. Ele se
inclinou e apontou para outro botão. “Se por algum motivo eu não
responder, ligue para este número. É o aeroporto. A bateria deve durar
meses, se você não começar a chamar as pessoas quando você se sentir só.”
"Eu não vou ligar para ninguém", disse. Não havia uma única pessoa que eu
tinha deixado para trás que eu queria falar.
Ele estendeu a mão para o próximo item, uma grande mochila descansando
na areia. Era do tipo que os alpinistas profissionais usavam quando eles
queriam ir acampar sem depender de ninguém para carregar seus
suprimentos. A última vez que eu tinha usado uma mochila como essa foi
quando eu tinha doze anos de idade. No meu aniversário eu pedi ao meu pai
para me inscrever em uma viagem de escalada, uma expedição de uma
semana nas montanhas de Serra Nevada pela Outward Bound6. Meu pai e eu
gostávamos de acampamento, e ele me levava com ele durante o tempo que
eu conseguia me lembrar. Minha mãe não estava interessada e nem a minha
irmã, mas eu nunca me senti mais feliz do que quando eu estava ao ar livre, e
quanto mais remoto o local, melhor. Quando meu pai trouxe o folheto
Outward Bound para lermos juntos, eu soube imediatamente que eu estava
pronto para o desafio.
Os sete dias que passei no deserto eram tudo que eu esperava, e isso me
mudou de maneira que eu não entendia completamente na época. Mas o
meu pai morreu de um aneurisma cerebral dois dias depois que voltei da
minha expedição pela Outward Bound, e eu não tinha ido acampar desde
então.
Agora, de pé na praia, eu me perguntava se o meu desejo de viver na ilha,
sozinho e em um lugar tão desolado, foi a minha tentativa de recriar a
maneira que me senti naquela expedição. Eu era muito jovem naquela época
para experimentar uma verdadeira epifania, mas eu sentia que algo maior
existia. Algum tipo de despertar que poderia ser alcançado apenas por viver
em um lugar praticamente intocado por outros seres humanos, na solidão
total.
Eu abri a mochila e tirei o conteúdo: saco de dormir, tapete de chão, e tenda.
Eu não precisava necessariamente da mochila, mas ela manteve tudo
guardado e tornou mais fácil para transportar os itens do hidroavião para a
praia. Pode vir a calhar quando eu for explorar a ilha.
6 A Outward Bound é uma organização educacional, sem fins lucrativos, pioneira mundial em educação
experiencial ao ar livre. Presente em mais de 30 países e com mais de 65 anos de história, promove o
desenvolvimento humano através de experiências desafiadoras na natureza.
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
19
Ele pegou a lista e fez uma marca, assim como eu vasculhava o conteúdo de
uma caixa de papelão grande e disse em voz alta. "Fogareiro, combustível,
faca, isqueiro, lanterna, vara de pesca, caixa, uma panela e frigideira, kit de
primeiros socorros, utensílios, repelente, protetor solar, chuveiro solar, pá,
bacia de pl|stico, papel higiênico grande e sacos de lixo.”
Os alimentos não perecíveis foram os próximos. Tudo estava desidratado ou
em uma lata de metal embalada a vácuo. Havia uma abundância de frutos
secos, cereais secos e frutas, carne seca, e uma mistura de bebida em pó que
eu poderia acrescentar água. Latas de feijão verde e milho. "A lagoa está
cheia de peixes. Há cocos e fruta-pão. Você vai ter muita coisa para comer.”
Ele apontou para os três containers de sete galões que continham água
potável. "Mantenha-os na sombra", disse ele. "A água não vai ser fria, mas vai
ficar um pouco mais fresca. Não é o suficiente para durar por 30 dias, mas se
você coletar a água da chuva neste, ele ergueu o recipiente plástico, você
ficar| bem.”
"Ok", eu disse. Certificar-me de que eu tinha bastante água me deixou
nervoso. Quando eu comecei a me corresponder com ele, e expliquei o que
eu queria fazer, ele disse que a falta de água doce era o maior obstáculo para
viver em uma ilha desabitada.
"Certifique-se de colocar tudo o que não pode ser queimado em um dos
sacos de lixo. Você vai trazê-lo de volta com você para que possamos
descartá-lo.”
Eu planejava tratar a ilha como eu faria em um acampamento, respeitando
do jeito que eu faria com qualquer pedaço de terra que estava habitando
temporariamente. "Eu não vou deixar nenhum lixo para trás."
Uma das primeiras perguntas que eu tinha feito era se era mesmo possível
fazer o que eu queria fazer, e se ele concordava em ajudar-me a fazê-lo.
"A maioria das pessoas visitam estas ilhas desabitadas para um dia ou dois,
no máximo", ele disse. "Eles têm um piquenique e obtém sua dose de
Robinson Crusoé, em seguida, eles estão prontos para voltar ao seu resort.
Eu nunca conheci ninguém que quisesse se instalar em uma delas por tempo
indeterminado. Mas se é isso que você realmente quer fazer, eu sei de um
lugar que poderia funcionar. É longe, no extremo norte e não há nenhum
tráfego aéreo para atrapalhar. O risco de um pouso de hidroaviões na lagoa
com um casal de recém-casados a bordo é nulo, então eu não acho que você
vai ter que se preocupar com alguém descobrindo você.”
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
20
"Isso é exatamente o que eu quero", eu disse.
Quando tudo foi desembalado olhei para ele, respirei fundo e disse: "Você
deve pensar que eu sou louco."
"Eu não vou mentir, filho. Esse pensamento passou pela minha cabeça. Ou
isso, ou você quer ficar longe de tudo mais do que ninguém que eu já
conheci.”
Eu tinha minhas próprias reservas. Esta foi facilmente a coisa mais auto-
indulgente que eu já tinha feito. "Talvez eu tire isso do meu sistema mais
rápido do que eu planejava", eu disse.
Ele limpou o suor do rosto com a cauda de sua camisa. "Agora ouça, a partir
de agora até meados de novembro é quando você verá a maior parte da
chuva. Você não deve ter nenhum problema para coleta de água para beber
porque vai chover várias vezes ao dia. Apenas certifique-se que você sempre
tem seu recipiente pronto. A desidratação é a sua maior ameaça aqui, então
esteja muito consciente do seu abastecimento de |gua.”
Eu sabia que as Maldivas tinham duas estações, a estação chuvosa, ou
monções7 do sudoeste, que era a temporada que estávamos no momento, e a
seca, ou monções do nordeste, que iria começar a sua transição em
dezembro. "E as tempestades?", Perguntei. "Quão grave elas são?"
"Elas não são como furacões, nós não temos eles aqui, mas algumas das
tempestades poderiam ser muito fortes."
"Eu serei capaz de suportar uma na minha barraca?"
"Você deve ser capaz sim", disse ele, balançando a cabeça. "Eu vou olhar o
radar e ouvir os boletins meteorológicos. Se eu perceber que há uma infusão
que é demais para você lidar, eu venho te pegar." Ele colocou a mão no meu
ombro. "Você tem que ter cuidado aqui, filho. Tenha cuidado na água e na
7
Monção (do árabe: ‫سم‬ ‫مو‬ [mausim], estação) é a designação dada aos ventos sazonais, em geral
associados à alternância entre a estação das chuvas e a estação seca, que ocorrem em grandes áreas
das regiões costeiras tropicais e subtropicais. A palavra tem a sua origem na monção do Oceano
Índico e sudeste da Ásia, onde o fenómeno é particularmente intenso. A palavra também é usada
como nome da estação climática na qual os ventos sopram de sudoeste na Índia e países próximos e
que é caracterizada por chuva intensa. Embora também existam monções em regiões subtropicais,
por extensão, a designação de climas de monção ou climas monçónicos (tipo AM na classificação
climática de Köppen-Geiger), é utilizada para designar o clima das regiões tropicais onde o regime
de pluviosidade, e a consequente alternância entre estações seca e chuvosa, é governado pela
monção.
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
21
terra. Esta ilha não é como um dos resorts." Ele apertou meu ombro e deixou
cair sua mão.
Eu achei incrível este homem que eu nem conhecia que se preocupava com o
meu bem-estar, tendo em conta que a minha própria família não parece se
preocupar com nada além deles. Isso me fez sentir bem, como se por uma
vez o peso do mundo não estivesse apenas sobre os meus ombros. "Eu vou
ficar bem," eu disse. "Mas eu aprecio sua preocupação. Obrigado por tudo.”
Ele sorriu e estendeu a mão. "Você é bem-vindo. Chame-me se precisar de
mim. Caso contr|rio, eu vou estar de volta em 30 dias.”
"Tudo bem."
Apertamos as mãos e eu o assisti ir embora, as caudas de sua camisa
extragrande batendo na brisa. Ele entrou na água, e o som dos motores do
hidroavião logo encheu o silêncio. Quando ele não era nada mais do que um
pontinho no céu, eu me virei e comecei a viver a minha nova vida.
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
22
Capítulo 3
Owen
Anotação do diário
15 de maio de 1999
Cheguei na ilha hoje. Eu montei um acampamento na praia e no final da
tarde, sem aviso, começou uma chuva torrencial, o que era estranho, porque
o sol ainda brilhava. O calor é sufocante. Quando eu não estava na água eu
ficava na sombra, mas os insetos eram terríveis. Eu mesmo pulverizado da
cabeça aos pés com repelente de insetos, não mantive todos eles longe, mas
a maioria. Notei algumas das maiores e mais arrepiantes aranhas que eu já
vi. Elas são marrons com pernas realmente longas, e se eu alguma vez
encontrar uma delas na minha barraca provavelmente vou gritar como a
porra de uma garota.
Quando o sol se pôs os morcegos saíram. Foi uma das coisas mais incríveis
que eu já vi. Havia tantos deles, que encheram o céu e bloquearam a luz da
lua.
É calmo aqui, nada além do som das ondas. A maioria das pessoas
provavelmente iria odiar, mas eu nunca me senti mais calmo ou mais em
paz.
***
17 de maio de 1999
Passo a maior parte das horas do dia a explorar. Há escolas de peixes na
lagoa, e eu gostaria de ter um snorkel para que eu pudesse vê-los melhor. Eu
tenho visto caranguejos e tartarugas marinhas e ontem eu pensei que eu vi
uma barbatana, mas caiu abaixo da superfície da água antes que eu pudesse
dar uma boa olhada nela. Saí da água, apenas por precaução.
Eu me esqueci de perguntar sobre os tubarões. Eu sei que eles estão aqui,
mas eu não sei se eles vêm dentro da lagoa.
Eu provavelmente deveria descobrir.
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
23
***
21 de maio de 1999
Eu não sei como ou por que, mas há galinhas aqui. Eu estava andando na
parte mais densamente florestada da ilha ontem, onde a luz do sol só atinge
o solo em feixes estreitos, e eu ouvi um som estranho. Em seguida, uma
galinha voou para cima na minha frente, e eu quase me caguei. Ela fugiu
como se estivesse com medo de que eu fosse atrás dela, o que foi hilário,
considerando que eu estava congelado em minhas pernas esperando minha
aorta explodir, porque o meu coração estava batendo muito rápido. Eu juro
que demorou cinco minutos antes de todas as funções corporais voltarem ao
normal.
***
24 de maio de 1999
Perguntas:
Galinhas. Mas que diabos?
Há algo na lagoa que pode me matar?
Aranhas marrons gigantes são venenosas?
Não demorou muito até que estabeleci uma espécie de rotina. Acordei cedo e
todas as manhãs eu fui para um mergulho e, em seguida, fiz café no meu
fogão de acampamento. Depois de um café da manhã com cereais e frutas
secas eu costumo escrever em meu diário e depois exploro outra parte da
ilha.
Já não me sinto tão quente, e houve momentos em que eu fiquei estendido
na areia, protegido por um FPS de 50, e deixei o sol bater diretamente em
cima de mim. Quando sinto muito calor eu entro na água ou encontro
alguma sombra. Eu trouxe o meu livro favorito comigo, um livro de bolso
cheio de orelhas, The Stand de Stephen King. Eu abri em uma página
aleatória e descobri como Frannie, Stu, Glen e Larry estavam lidando com o
supérfluo.
Estranhamente, eu não estava entediado. Havia sempre algo para fazer ou
ver, e pelo tempo que eu estava na ilha, duas semanas, eu tinha coberto
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
24
quase cada centímetro dela. Eu sempre encontrava uma galinha, talvez ela
fosse a mesma e sempre batia asas quando me ouvia chegando.
Eu também descobri que a ilha incrivelmente tinha uma grande população
de ratos, mas eles vinham principalmente à noite, com os olhos brilhando no
escuro como se eles afundassem ao longo do chão.
Eu tinha visto a barbatana na lagoa de novo, mas desta vez haviam duas.
Protegendo meus olhos com a mão, eu estava na praia e apertei os olhos.
Eles não se pareciam com tubarões, mas eu não tinha certeza. Eu entrei
alguns metros, mantendo um olhar atento sobre as barbatanas, mas sairam
da água rápido desaparecendo abaixo da superfície. Eu comecei a tentar
adivinhar a hora do dia, olhando para a posição do sol no céu. Várias vezes
ao longo da manhã e tarde, eu dava um palpite e puxava meu relógio do
bolso para ver se eu estava certo.
Choveu com freqüência, o que foi bom para o meu abastecimento de água,
mas até agora não havia chovido torrencialmente. Um dia, o céu ficou escuro
e eu me sentei na minha barraca e ouvi como a chuva caiu em lençois
torrenciais, mas o céu limpou depois de uma hora e eu dei um suspiro de
alívio.
Comecei a pensar se seria possível construir algum tipo de estrutura fixa na
ilha, algo mais resistente em caso de o tempo ficar realmente ruim. A idéia
me pegou e eu abri uma página em branco no meu diário e fiz alguns
esboços. Quando criança, eu tinha sido obcecado com Legos e Lincoln Logs8,
passava horas construindo estruturas elaboradas. Eu sempre quis uma casa
na árvore, mas o meu quintal não tinha o tipo certo de árvores para apoiar
qualquer coisa que fosse grande. Eu gostei da idéia de construir algo em
grande escala, com as minhas próprias mãos. Algo que eu poderia usar como
abrigo.
Algo para me sentir um pouco mais em casa.
8 Lincoln Logs é um brinquedo infantil que consiste em troncos miniatura entalhados, usados para
construir pequenas fortalezas e edifícios. Eles foram inventados por John Lloyd Wright, o segundo
filho do arquiteto Frank Lloyd Wright.
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
25
Capítulo 4
Owen
Anotação do diário
4 de junho de 1999
O hidroavião retornará em 11 dias. Eu não estou solitário —realmente não
estou— mas será bom ouvir outra voz humana e ter uma conversa com
alguém.
Eu descobri que eu gosto de pesca. Usando várias iscas que eu encontrei na
caixa de equipamentos, eu fico na lagoa com água até a cintura, esperando
para alguma coisa morder meu anzol. Eu peguei peixes variando em
tamanho de seis a doze polegadas, mas eu pego apenas o que eu sou capaz
de comer em minha próxima refeição. A primeira vez que eu tive que limpar
um peixe, eu fiz uma bagunça assustadora nele e quase cortei meu dedo com
a faca. Estou melhorando. Faz um longo tempo desde que eu pesquei e meu
pai sempre foi aquele que os limpou, então eu estou aprendendo como fazer.
Eu descobri que as barbatanas que eu ficava vendo na lagoa pertencem a
golfinhos e não a tubarões. Três deles nadaram perto da costa um dia e eu
me senti aliviado quando vi seus corpos romperem a superfície. Eu
lentamente tenho ficado mais a vontade na água quando eles aparecem e
eles estão começando a nadar mais perto de mim. Há geralmente dois ou
três deles e no outro dia um deles soprou água pelo seu espiráculo9. Como se
ele estivesse dizendo, oi Owen!
Eu tenho nadado cada vez por mais longos períodos de tempo. Eu nado
paralelamente à costa, em águas não muito profundas, e eu não paro até que
meus ombros e peito doam e eu esteja muito sem fôlego para continuar. Eu
me sinto incrível depois.
9 Local por onde respiram os golfinhos e as baleias.
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
26
***
7 de junho de 1999
Os golfinhos são fascinantes. Demorou um pouco, mas eles estão finalmente
começando a confiar em mim. Eu peguei alguns peixes pequenos e os joguei
na boca do golfinho que nadava o mais próximo, e agora ele? ela? não tem
medo de mim. Eu converso com eles e é como se eles entendessem o que eu
estou dizendo.
***
10 de junho de 1999
Eu passei mais de uma hora hoje alimentando os golfinhos na mão. Eu não
acho que eu já tenha usado a palavra "divertimento" na minha vida, mas essa
é a única coisa que descreve o que eu vejo quando os golfinhos aparecem e
começam a nadar ao meu lado e dar saltos no ar. Eles viram em suas costas e
me deixam esfregar suas barrigas e não se importam de modo algum quando
eu agarro suas barbatanas e pego uma carona em torno da lagoa. Eu tenho
começado a pensar neles como meus amigos.
Espero que isso não signifique que eu comecei a perder a cabeça ou
qualquer coisa.
O hidroavião chega amanhã.
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
27
Capítulo 5
Anna
É tão difícil compreender o que Owen está nos dizendo. Enquanto eu
escuto ele descrever seus primeiros dias eu não posso deixar de lembrar dos
meus primeiros dias e os de TJ. Lembro-me de pensar que desde que eu era
adulta era meu dever compreender tudo, e o conhecimento disso —o
medo— quase me esmagou, porque eu não tinha nenhuma ideia do que
fazer. Tudo o que eu sabia era que eu estava apavorada e certa de que nós
iríamos morrer.
Olhando de relance para TJ, eu paro. O homem sentado ao meu lado no sofá
é o meu par, meu confidente. O amor da minha vida. Ele é forte em todos os
sentidos da palavra. Mas eu penso no passado e me lembro dele aos
dezesseis anos: magricela, inseguro de seu papel, aparelho ortodôntico em
seus dentes. Assustado. Em minha mente eu posso ver os lábios rachados do
TJ, os cortes em seu rosto, o olho que estava fechado pelo inchaço.
Empurrado em outra situação de vida ou morte que ele não tinha escolha a
não ser encarar de frente e lutar.
Se não tivéssemos estado em uma situação tão extrema, teríamos apreciado
a beleza da ilha do jeito que o Owen tinha? Poderíamos ter sentido a paz que
ele sentiu? Não importa, porque não podemos comparar o nosso tempo na
ilha com o de Owen.
Eventualmente, nós tomávamos conhecimento da beleza existente, assim
como Owen fez. Mas nós, nenhuma vez, esquecemos o quão vulnerável, o
quão impotente nós estávamos. Para nós não havia hidroavião deixando
suprimentos. Nenhum telefone por satélite. Nada que nos ligasse com o
mundo exterior. Ninguém para nos ajudar. A única coisa que era real, uma
constante durante o nosso tempo na ilha, a única coisa que poderíamos
contar, era um com o outro.
Eu dou uma olhada em TJ. Ele não mostra nenhuma emoção em seu rosto, e
eu não sei o que ele está pensando. Ele está lembrando o quão diferente as
nossas primeiras semanas foram? Eu estendo minha mão e agarro a sua,
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
28
porque agora, neste momento, eu preciso sentir a nossa conexão. Quando ele
aperta minha mão eu aperto de volta, do jeito que eu sempre faço.
E então eu dirigo minha atenção de volta para Owen, porque por mais difícil
que seja lidar com essas lembranças, eu quero ouvir o que ele veio aqui
dizer.
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
29
Capítulo 6
Owen
Eu estava esperando na praia quando o hidroavião pousou na lagoa. Alívio
inundou-me quando ouvi o som dos motores e avistei o avião no céu.
Embora eu estivesse me acostumando com ela a cada dia, eu não tinha
estado na ilha tempo suficiente para me sentir 100% confortável com o
corte de laços com o mundo exterior. Eu ainda precisava saber que existia
uma conexão com ele. Que ele estava lá para mim, e que eu poderia contar
com ele se eu precisasse.
Eu tinha enfiado minhas roupas sujas na minha mochila e fechei o resto.
Armazenei tudo dentro da barraca e me certifiquei de cravar as estacas tão
profundas na areia quanto eu poderia, então a coisa toda não seria soprada
pelos ares caso caísse uma tempestade. Eu estava pensando em passar
apenas uma noite no continente e voltar na manhã seguinte, uma vez que os
meus suprimentos fossem carregados no avião. Eu coloquei todo o lixo que
não poderia pôr fogo em um saco plástico e o ergui sobre meu ombro.
Descalço, eu andei pela água para me encontrar com o capitão Forrester. Eu
não tinha me preocupado com uma camisa, mas ele não pareceu ter
prestado atenção. Lancei minha mochila e o saco de lixo primeiro, e ele
sorriu para mim quando me arrastei pela porta da cabine.
"Uau", disse ele. "Isso é um inferno de um bronzeado impressionante." Ele
aproximou-se para apertar a minha mão e bater nas minhas costas. "Como
você está, filho?"
"Eu estou indo muito bem", eu disse, devolvendo o sorriso. "É bom vê-lo
novamente."
"Eu vou ser honesto, eu meio que esperava que me ligasse após a primeira
semana para me pedir para vir e te pegar. Eu não o teria culpado se você
tivesse desistido dessa sua merda. Fico feliz em ver que conduziu bem a
solidão."
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
30
"Sim. A solidão era exatamente o que eu estava procurando."
"Eu acho que você a encontrou. Você pode sentar na frente, se quiser", disse
ele, uma vez que ele fechou a porta e sentou de volta em sua cadeira.
"Tudo bem." Sentei no assento ao lado dele e prendi o cinto de segurança.
"Então, me diga o que você andou fazendo", disse ele, uma vez que tinha
decolado. "Você está pronto para desistir de tudo e ir para casa para
sempre?"
"Ainda não", eu disse. "Eu meio que tenho uma rotina. Conheci alguns
golfinhos."
"Eu sempre pensei que os animais são a melhor companhia. Contanto que
você não represente uma ameaça para eles, eles vão continuar chegando ao
redor."
"Sim. É incrível, na verdade. É como se eles entendessem o que estou
dizendo."
"Eu não ficaria surpreso se eles fizerem isso", disse ele. "Como os
suprimentos estão indo?"
"Estou com pouca água. Eu bebo mais do que eu pensei que eu iria, porque é
muito quente. Alimentação está ok, apesar de tudo. Estive pescando muito."
"Nada mais gostoso que o peixe que você mesmo pega. Pena que eu prefiro o
meu frito e coberto de molho tártaro", disse ele, rindo.
Eu ri. "Sim. Eu também. Mas eles ainda têm o gosto muito bom do jeito que
eu os cozinho."
"Já experimentou os cocos?"
"Sim. Eles não são fáceis de abrir. Eu quase cortei a minha mão na primeira
vez que tentei."
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
31
"Os cocos fazem você trabalhar por sua carne, não há nenhuma dúvida sobre
isso."
"Você sabia que há galinhas selvagens na ilha?"
"Sim. A maioria das ilhas tem algumas correndo por aí."
"Você sabe se as aranhas são venenosas? As marrons grandes?"
"Aquelas são caçadoras marrons. Elas são assustadoras, mas inofensivas."
“E os tubarões?”
"O tubarão baleia é o mais comum, mas eles não representam ameaça. Há
tubarões martelo aqui, o que poderia causar algum dano, eu suponho.
Tubarões de recife, com certeza, mas eles não costumam incomodar
ninguém. Imagino que a maioria dos tubarões fica do outro lado do recife,
então a lagoa deve ser segura", disse ele. "Mas não é como se houvesse
qualquer coisa para mantê-los distante se eles decidirem que querem entrar,
então tome cuidado."
"Você acha que seria possível eu construir algo na ilha? Livre de perigo? Eu
poderia usá-lo para abrigo durante as tempestades."
"Depende de quão grande você quer que seja", disse ele.
"Não é muito grande", disse eu. "Eu realmente não sei o que quero fazer,
então eu terei que descobrir enquanto faço. Materiais como madeira serrada
poderiam ser transportados? Haveria espaço no avião?"
"Claro, há espaço. Eu posso não ser capaz de trazer tudo de uma vez, mas eu
poderia trazer o suficiente para você começar", disse ele. "Não é uma má
ideia se você acha que vai ficar por um tempo. Vai mantê-lo ocupado, pelo
menos."
"Eu vou", eu disse. "Eu definitivamente acho que ficarei lá por um tempo."
***
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
32
Depois que nós pousamos, eu tirei minha camisa e sapatos da minha bolsa.
Sapatos foi estranho, eu raramente usava-os a menos que eu estivesse na
área arborizada da ilha. Puxei minha camiseta sobre a minha cabeça e segui
o capitão Forrester através da porta da cabine.
"Você tem a sua lista de suprimentos?", questionou.
"Sim." Enfiei a mão no bolso e entreguei-lhe a lista que eu tinha feito. "O
telegrama chegou ok?" Eu perguntei.
"Ele chegou muito bem. Vou comprar tudo em sua lista e deixar a sua espera
no avião."
"Ok", eu disse. "Obrigado."
"Claro", disse ele, e sorriu.
"Eu estarei pronto para ir às nove amanhã de manhã, se isso funcionar bem
para você."
"Funciona bem", disse ele. "Aproveite a noite."
***
Ele tinha reservado para mim um quarto com o seu nome no Hulhule Island
Hotel perto do aeroporto. Eu peguei um ônibus e em menos de cinco
minutos eu estava em pé em frente ao balcão do check-in. A mulher que me
atendeu sorriu e me entregou um cartão-chave.
"Aproveite a sua estadia", disse ela .
"Eu vou. Obrigado."
Quando cheguei ao meu quarto eu joguei minha bolsa em cima da cama e
imediatamente desliguei o ar condicionado. Abri a janela para deixar entrar
o calor, que agora era preferível ao ar frio .
No banheiro, eu tive que me examinar mais de perto quando eu peguei o
primeiro vislumbre do meu reflexo no espelho. Minha pele nunca foi tão
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
33
escura antes. Apesar de ter vivido na ensolarada Califórnia, eu estava pálido
como um fantasma quando cheguei na ilha, devido a ficar sentado de doze a
quinze horas por dia em frente a um computador. Minha principal fonte de
luz tinha sido as lâmpadas fluorescentes do meu escritório.
Um mês de pêlos faciais cobriram o rosto. Eu tinha embalado um barbeador
descartável e uma lata de creme de barbear, e eu poderia ter raspado se eu
quisesse, mas isso não parecia tão importante, então eu os ignorei. Meu
cabelo tinha crescido muito, mas estava tão curto, no início, que eu
provavelmente poderia adiar o corte de cabelo até o próximo mês.
Tirei minhas roupas e tomei um banho longo e quente . Parecia estranho
retornar a tais conveniências modernas depois do meu tempo na ilha. Tudo
parecia tão possível, como se não houvesse nada que eu não pudesse ter se
eu quisesse. Eu quase me senti culpado, embora eu não tivesse ideia do
porquê.
Quando terminei o banho me sequei e, em seguida, enrolei uma toalha ao
redor da minha cintura, enquanto me barbeava. O hotel oferecia serviços de
lavanderia, por isso juntei toda a minha roupa suja e chamei a recepção. Eles
prometeram enviar uma pessoa para pegá-la imediatamente, então eu
coloquei o roupão que eu achei no armário e me estendi sobre a cama .
Pensei em ligar o meu celular , mas eu realmente não tinha vontade de
verificar para ver quem tinha chamado. Se a minha família e amigos
examinaram o conteúdo de meu antigo diário —que eu tinha deixado à vista
na mesa de cabeceira no meu apartamento— eles sabiam da minha intenção
de vir aqui. Se eles eram tão preocupados com meu bem-estar, e não apenas
o meu dinheiro, eles sabiam onde me encontrar.
O triste é que eu realmente não acho que eles tinham se incomodado em
fazer o esforço.
***
Eu pedi almoço no serviço de quarto e, em seguida, tirei um cochilo
enquanto eu esperava que as minhas roupas retornassem da lavanderia.
Uma batida na porta me despertou do sono e quando eu a abri um
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
34
funcionário do hotel me entregou minhas roupas. Elas cheiravam muito
melhor do que quando eu cheguei. "Obrigado", eu disse, e eu dei-lhe uma
gorjeta generosa.
Depois que eu vesti uma camiseta e bermuda, deslizei meus pés em meu
tênis, peguei meu cartão e minha carteira, e caminhei para o saguão. Peguei
o ônibus de volta para o aeroporto e, em seguida, embarquei em uma balsa
chamada de Dhoni para a curta viagem para Malé. Era pintado em tons de
azul claro e laranja e estava lotado de turistas.
Uma vez que eu cheguei ao continente eu decidi caminhar até o meu destino.
Eu poderia ter alugado uma moto ou tomado um táxi, mas eu queria ver a
cidade. O folheto turístico em meu quarto no hotel, dizia que quase qualquer
lugar em Malé era alcançável a pé em 10 minutos.
Eu fiz meu caminho pelas ruas da cidade, parando para observar o mercado
local, vendo como os nativos se misturavam com os turistas. Cachos de
brilhantes bananas amarelas pendurados no alto, e comerciantes parados ao
lado de mesas vendendo produtos locais e frutas frescas.
Eu encontrei o mercado de peixe a alguns quarteirões de distância, eu senti
o cheiro antes de vê-lo. Uma multidão agitada composta de pescadores e
clientes enchiam a área, e eu parei e assisti aos homens cortando os peixes,
seu modo de fatiar mais preciso do que qualquer coisa que eu seria capaz. Eu
tinha me tornado muito melhor, no entanto, e agora eu perdia quase nada
dos peixes quando eu os limpava.
Avistei um cartaz que dizia LIVRARIA NOVELTY. Essa foi a principal razão de
eu ter feito esta viagem a Malé. Depois de atravessar a rua, eu abri a porta e
entrei no espaço com ar condicionado. Prateleiras de papelaria e material de
escritório cobriam as paredes. Havia filas e filas de romances e livros, e eu
passei por eles lentamente, lendo os títulos nas lombadas, procurando. O ar
cheirava um pouco a mofo, do jeito que sempre era quando tantos livros
eram armazenados juntos, mas era um cheiro familiar e lembrou-me de todo
o tempo que passei na biblioteca da faculdade.
Eu finalmente encontrei o que eu estava procurando na seção de não ficção,
perto dos livros de autoajuda. A seleção era limitada, mas havia vários livros
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
35
sobre construção de casas. Peguei um e abri para ver o índice. Havia
capítulos sobre os materiais e ferramentas que eu precisaria, e também as
várias técnicas de construção. Eu fiquei lá por 15 minutos folheando os
livros, finalmente, escolhi o que tinha mais informações sobre tudo o que eu
precisava saber. Eu acrescentei todas as edições atuais de todas as revistas
de negócios que eles vendiam, e a edição daquele dia do USA Today. Eu não
me arrependia da minha decisão de deixar o mundo dos negócios, nem por
um minuto, mas eu ainda sentia o desejo de saber como as tendências atuais
estavam se esgotando.
Quando deixei a livraria eu estava assoviando, porque eu nunca me sentia
melhor do que quando eu tinha um plano.
***
Naquela noite eu jantei no bar do meu hotel. Sentei-me no deck e pedi uma
cerveja, um cheeseburger e batatas fritas, que tiveram o melhor sabor que
qualquer hambúrguer e batatas fritas que já tive. Eu pedi outra cerveja
depois que o meu prato esvaziou e bebi enquanto observa o pôr do sol sobre
o Oceano Índico. Quando estava totalmente escuro as luzes de Malé
iluminaram o céu.
Eu andei para dentro e sentei no bar. Muitos dos clientes estavam jogando
sinuca ou dardos. Eles pareciam ser uma mistura de empresários de terno e
pilotos de hidroavião vestindo camisas de manga curta com nomes e
logotipos de suas companhias aéreas. Havia uma clara escassez de mulheres,
o que me desapontou, porque depois de trinta dias sozinho, eu teria ficado
mais do que feliz em localizar uma garota sentada no bar.
Eu tive mais uma cerveja e, em seguida, encerrei a noite e segui para o meu
quarto. Antes de ir dormir, abri o livro de construção de casas e fiz uma
longa e detalhada lista de tudo o que eu iria precisar.
***
Na manhã seguinte, tomei banho e pedi o café da manhã no serviço de
quarto. Eu precisava estar no cais em quinze minutos, então eu amontoei
minhas compras da livraria na minha bolsa e fiz o check-out.
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
36
Capitão Forrester estava esperando por mim. "Bom dia", disse ele. "Pronto
para ir?"
"Sim". Segui-o através da porta da cabine e mais uma vez me afivelei no
assento ao lado dele e vi quando ele passou por sua rotina de inspeção da
aeronave antes de iniciar o vôo.
"Eu fiz algumas ligações", disse ele. "Eu posso conseguir a madeira que você
queria. O homem com quem falei disse que vai cortá-la para você. Você pode
me dar uma lista do que você quer? Provavelmente não será até a próxima
semana, no entanto. Isso está ok?"
"Claro." Eu pesquei um pedaço de papel do bolso da minha bermuda. "Aqui
está uma lista de tudo o que irei precisar. Basta enviar a fatura para o meu
endereço de e-mail. Você deve receber um pagamento do telegrama dentro
de vinte e quatro horas."
Ele me olhou estranhamente e disse: "Exatamente em que tipo de negócio
você está, meu filho?"
"Dot-com10," eu disse, respondendo-lhe rapidamente. Por alguma razão—
talvez por ele estar sendo tão útil e tão agradável— era importante para
mim que ele não achasse que eu tinha ganho o meu dinheiro com tráfico de
drogas ou alguma outra atividade ilegal. "Mas eu não estou mais no negócio.
Eu vendi a minha participação na empresa bem antes de vir para cá."
"Então você teve parceiros?"
"Eu tive três." Scott e eu crescemos juntos, ele se mudou para a casa do outro
lado da minha rua quando estávamos na primeira série. Conheci Tim e
Andrew no meu primeiro ano na UCLA. Nós quatro criamos uma empresa
on-line após a graduação, para vender espaço publicitário na Internet. Nós
registramos o nosso nome de domínio e nos aproveitamos dos juros baixos e
da confiança do mercado. Todos nós sabíamos que estávamos nos
10
Uma empresa que adota a internet como componente chave para o seu negócio. Dotcom são
assim chamados por causa das URL que os clientes visitam para fazer negócios com a empresa, por
exemplo, www.Amazon.com. O "com" significa "comercial".
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37
esforçando para avançar com o próximo grande sucesso e nós estávamos
muito ansiosos para nos juntar à corrida do ouro da Internet.
"Deve ter sido uma empresa muito bem sucedida."
"Nós fizemos tudo muito bem", eu disse.
A empresa não tinha sido o meu primeiro empreendimento online. Eu já
tinha tido grande sucesso vendendo coisas no eBay, antes do site de leilões
realmente atingir o grande público. Uma das primeiras coisas que eu vendi
foi a velha coleção de bonecas Barbie da minha irmã. Ofereci-lhe uma divisão
60-40 e vendi todo o lote por quinhentos dólares. Tinha sido tão fácil— nada
mais que alguns cliques no mouse— e depois daquilo eu estava viciado.
Passei meus fins de semana vasculhando anúncios de jornal e conduzindo
venda de imóveis, comprando qualquer coisa que eu achasse que poderia ter
lucro com a venda. Eu não tinha espaço suficiente no meu dormitório, então
eu transportei tudo de volta para a casa da minha mãe e guardei no meu
antigo quarto ou na garagem ou em qualquer outro lugar que eu pudesse
encontrar para colocar. Minha mãe se casou novamente três anos após a
morte do meu pai— algum aproveitador que eu não tinha gostado ou
confiado desde o primeiro dia— e minhas pilhas de estoque o deixaram
louco. Eu lhe disse que iria pagar a sua hipoteca se ele parasse de reclamar, e
desde que ele estava frequentemente desempregado, sabiamente
concordou. Ele calou-se depois disso.
Eu não podia acreditar em quanto dinheiro eu fiz durante o meu último ano
de faculdade. Na maioria dos meses eu ganhava mais de vinte mil dólares, e
a única razão pelo qual eu não ganhei mais foi porque havia apenas vinte e
quatro horas em um dia. Eu sempre fui bem na escola, mas eu tinha que
virar noites constantemente a fim de equilibrar as minhas demandas de
negócios com a carga horária do curso e minhas atribuições.
Após eu me formar com meu grau em negócios eu decidi que eu queria
expandir, fazer algo em uma escala maior. Algo que não exigisse coleta e
armazenamento de uma grande quantidade de estoque. Venda de espaço de
publicidade online parecia ser a solução perfeita, e eu juntei forças com
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
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Scott, Tim e Andrew, que estavam igualmente entusiasmados. Esse foi o
primeiro erro que cometi.
Como em muitas empresas recém-formadas, passamos 90% dos nossos dias
de trabalho de quinze horas naquele primeiro ano tentando gerar
publicidade para a empresa. Publicidade para uma empresa que ainda tinha
que produzir qualquer coisa. Nós fomos atrás de capital de risco de forma
agressiva, e os investidores não podiam esperar para nos dar. Eles pareciam
não se importar assumindo um risco por nós, e por que eles não se
preocupavam? Éramos quatro confiantes, bem formados estrelas em
ascensão com um inteligente plano de negócios. Não feriu quando uma
publicação empresarial nacional nos apelidou de "quatro a observar."
Nós tínhamos derramado muito do nosso capital inicial no nosso espaço de
escritório, e foi ideia de Scott nós nunca mais sermos vistos em qualquer
coisa que não fosse terno e gravata, mesmo nos fins de semana. Eu odiava
aquilo, e protestei em voz alta, mas fui voto vencido, e de repente estávamos
todos nos vestindo como banqueiros.
Os bons carros e os almoços e jantares com reembolso de despesas vieram
em seguida. Eu odiava aquilo também. Eu queria estar na frente do meu
computador trabalhando. Criando. Não dizendo a todos o quão grande nós
iríamos ser. Mais uma vez eu estava em minoria, e eu comprei uma BMW e
estacionei minha caminhonete na garagem da minha mãe.
Para mim, tudo parecia como fumaça e espelhos. Começamos a ter um
monte de calorosos desentendimentos, e, finalmente, pedi a eles para
comprarem minha parte. Nós tínhamos levantado uma quantidade
impressionante de capital de empresas até então, e eu pedi três milhões de
dólares. Em troca, eu abria mão do meu direito a algum lucro futuro. Eles
pensaram que eu estava louco, e Scott ainda me puxou de lado e tentou me
convencer do contrário, eu acho que ele se sentiu culpado. Mas eu tive um
mau pressentimento sobre o rumo da empresa e só queria sair. Eu já tinha
muito no banco, e três milhões além do que já tinha significava que eu
poderia ir a qualquer lugar e fazer qualquer coisa que eu quisesse.
A voz de Capitão Forrester interrompeu meus pensamentos. "Será que esses
seus ex-parceiros sabem onde você está?", Questionou.
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
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"Não", eu disse, porque eu não tinha me dado ao trabalho de dizer-lhes. Eu
não sabia se alguma vez eu veria aqueles caras novamente. Nem mesmo
Scott, meu amigo de infância. Ele tinha sido o que mais mudou, e era a sua
insistência que geralmente resultava nas decisões de negócios mais
arriscadas. Ele tinha grandes objetivos, mas eu duvidava da sua capacidade
de executá-los.
"Parece que a empresa estava indo muito bem", disse ele. "Algum
arrependimento?"
Às vezes eu pensava nos milhões que eu tinha me afastado. Um jornal local
fez uma reportagem sobre nós, e eles listaram tudo em detalhes: os nossos
salários, bens, ganhos projetados. Parecia que tínhamos dinheiro para
queimar. Não ajudou que eles tiraram fotos de nossos escritórios e uma de
Scott ao lado de seu Range Rover . De repente, todo mundo sabia do nosso
negócio. E era engraçado como as pessoas mudavam quando descobriam
que você tinha dinheiro. Como eles agiam como se você lhes devesse algo, e
não merecesse ficar com tudo, simplesmente porque era muito. Minha irmã
tinha sido a primeira a perguntar. Ela disse que se não fosse por ela ter me
permitido vender suas bonecas Barbie, eu nunca teria sido bem-sucedido.
Era uma besteira, e nós dois sabíamos disso, mas eu dei-lhe o dinheiro de
qualquer maneira, pensando que o pedido seria feito uma só vez. Esse foi o
segundo erro que cometi.
"Não. Não me arrependo de modo algum", disse eu.
Quando chegamos à ilha nós carregamos os novos suprimentos para a praia,
principalmente comida, água e combustível para o fogão. Sorri quando abri
uma caixa que continha enlatados e produtos de higiene pessoal e notei a
máscara de snorkel e nadadeiras dobradas no lado deles. "Hey," eu disse. "Eu
queria te pedir isto. Você deve ter lido minha mente."
"Eu achei que você poderia dar-lhes um bom uso. Alguns dos melhores
mergulhos do mundo estão aqui."
Eu não conseguia me lembrar da última vez que alguém tinha feito algo
pensando em mim, e eu me senti estranhamente emocionado. "Sim. Isso é
ótimo."
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Ele olhou em volta para as caixas e disse: "Bem. Isso é tudo. Eu estarei de
volta em cerca de uma semana com o sua madeira e ferramentas. Vou trazer
o que eu posso e voo com o restante conforme sua necessidade."
"Obrigado", eu disse. "Eu realmente aprecio tudo que você fez por mim."
Ele sorriu e disse: "Por nada, meu filho."
Apertamos as mãos e depois que ele decolou eu o assisti até que ele não era
mais que um pontinho no céu.
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Capítulo 7
Owen
Anotação do diário
18 de junho de 1999
Nos últimos dois dias passei a maior parte do tempo mergulhando na lagoa,
parando apenas quando os golfinhos se juntavam a mim. Tudo parece tão
claro quando vejo através da máscara. As cores dos peixes são mais
brilhantes e eu posso ver coisas que eu não podia ver antes, como suas
listras ou outras marcas. Eu me aventurei a sair do recife algumas vezes. A
cor da água fica cada vez mais escura, e uma vez que ela não é mais azul
clara, eu sei que estou no profundo mar aberto. Isso me deixa nervoso,
porque eu me lembro do alerta sobre tubarões.
Eu li os cinco primeiros capítulos do livro de construção de casa que
comprei em Malé e fiz alguns esboços. Estou ansioso para começar.
Amanhã eu vou escolher um local para construir.
***
19 jun 1999
Eu não posso esperar para ter os meus materiais de construção, porque eu
encontrei um ótimo local na floresta. Não é muito longe do meu
acampamento na praia, e as árvores deveriam me dar alguma proteção extra
contra as tempestades, já que nenhuma delas caiu na minha casa. Eu vou ter
que limpar a vegetação próxima, o que será um trabalho pesado, mas eu já
usei a pá para cavar um pouco da vegetação rasteira.
***
20 de junho de 1999
Eu vi um tubarão hoje. Fui mergulhar depois do almoço e passei mais de
uma hora perto do recife. Eu estava tão fascinado por tudo o que eu vi que
eu não percebi o tubarão até que ele nadou ao meu lado. Acho que era um
tubarão de recife. Levou tudo que eu tinha para não entrar em pânico.
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
42
***
Eu pulei quando o telefone por satélite tocou. A única razão de eu ter
conseguido ouvir foi porque eu entrei na barraca para pegar uma camisa na
minha mochila quando ele tocou. Eu não estava acostumado a ouvir o som
de um telefone – eu não estava acostumado a ouvir qualquer outro som além
do bater das ondas, e demorou um segundo para eu descobrir o que estava
acontecendo. Eu consegui encontrar o telefone, enterrado sob a minha
roupa, e agarrei-o antes de desligar. No display lia-se FORRESTER.
"Olá," eu disse.
"Ah, bom. Ele funciona", ele respondeu.
"Uh, você achou que não funcionava?", Perguntei.
"O cara que me vendeu disse que poderia ser um pouco temperamental."
"Oh. Ok. Eu vou manter isso em mente". Isso do telefone nem sempre poder
funcionar, realmente não me incomodou. As viagens de volta para o
continente eram a minha rede de segurança. Mesmo se algo acontecesse, se
eu ficasse doente ou ferido, eu sabia que o hidroavião voltaria,
eventualmente. Troquei o volumoso telefone para a minha outra orelha. "O
que está acontecendo?"
"A pressão está caindo. Haverá uma tempestade esta noite. Nada grave, nada
que você não possa lidar. Só não quero que você se estresse e acho que vou
deixá-lo aí para lidar do seu jeito. Você vai lidar com muita chuva. Algum
vento. Nada muito terrível, no entanto".
"Obrigado por me avisar."
"Sem problemas. Sua madeira e ferramentas estarão prontas amanhã.
Levarei na parte da manhã".
“Deu tudo certo com o envio do telegrama?” Eu esperava que a minha voz
não soasse muito ansiosa para ele como soou para mim.
“Seu telegrama sempre d| certo”, disse ele. "Não precisa se preocupar. Nos
vemos amanhã. Tome cuidado esta noite".
"Obrigado. Eu vou".
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
43
***
Naquela noite, pouco antes do por do sol, os ventos chegaram e a água se
agitou na lagoa. Relâmpagos iluminaram o céu e eu quase podia sentir a
queda na pressão barométrica. Esperei nervosamente, e quando todo o peso
da tempestade chegou, eu assisti os lados de nylon da minha tenda serem
onduladas e tensionadas nas emendas, mas felizmente tudo foi salvo e
depois de várias horas a tempestade cessou. Esta foi a pior noite desde que
eu tinha chegado à ilha, porque eu me senti vulnerável e completamente à
mercê dos acontecimentos.
Talvez na próxima eu esteja bem no meu caminho para a construção de algo
melhor equipado para resistir a tudo o que a Mãe Natureza tinha reservado
para mim.
***
Eu estava sentado na praia, comendo meu café da manhã, quando ouvi o
zumbido dos motores. Quando o hidroavião pousou na lagoa eu fui até ele e
passamos a próxima meia hora descarregando do porão de carga todos os
materiais de construção. Uma vez que tínhamos levado tudo para a praia, ele
perguntou: "Como, exatamente, você vai construir esta casa sozinho?".
"Aos poucos, e com um monte de tentativas e erros", eu disse. "Eu comprei
um livro. Isso deve me ajudar um pouco, eu espero".
"Por quanto tempo você está pensando em ficar aqui? Eu vou ser honesto, eu
não achei que você faria isso por tanto tempo. Mas parece que você gosta
daqui", disse ele, rindo. "Então agora eu estou curioso."
"Eu não sei. Há algum problema se eu ficar? Meu visto está em aberto. Você
acha que alguém se importaria de eu ainda estar aqui?"
"Bem, acho que eles teriam que encontrá-lo primeiro. A maioria dos
hidroaviões toma rotas mais diretas no caminho para os resorts. Qualquer
pessoa voando nesta vizinhança teria que ter um motivo para estar tão longe
da borda norte. Então, se eles se depararem com você, eles ainda terão que
decidir se valeria a pena parar para você. A maioria dos pilotos
provavelmente não dá uma segunda olhada, para ser honesto. Não é
incomum turistas que visitam as ilhas desabitadas. Eles apenas não ficam o
tempo que você precisa ficar. A menos que você esteja em pé na praia com
um sinal de fogo e um SOS gigante desenhado na areia, um piloto,
provavelmente, não se preocuparia em investigar".
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
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Eu balancei a cabeça. "Tudo bem."
"Você não respondeu a minha pergunta", disse ele.
"Eu acho que eu vou ficar aqui até que eu tenha uma razão suficiente para ir
para outro lugar".
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
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Capítulo 8
Owen
Construir uma casa sozinho não era fácil. Parei com frequência para
consultar o livro que estava aberto em todos os momentos, às vezes
literalmente coçando a cabeça enquanto eu tentava descobrir o que fazer em
seguida. Eu não tinha ninguém para segurar as placas fixas, por isso tive que
utilizar um sistema que utiliza tocos de árvores apoiados ao lado das seções
moldadas para mantê-los no lugar. Eu perdi a conta de quantas lesões
menores me atingiram quando alguns bateram na minha cabeça ou caíram
no meu pé.
Era tedioso e trabalhoso, mas isso realmente não me incomodava. Enquanto
eu trabalhava, deixei minha mente vagar, e às vezes, quando eu puxava o
meu relógio do bolso, eu não podia acreditar em quanto tempo tinha
passado. Eu nunca tinha feito nada tão físico antes, e meus músculos doíam
em lugares novos a cada dia. Um dia eu estava tão dolorido, que mal
conseguia levantar os braços acima da minha cabeça quando fiz uma pausa
para nadar. Mas a dor muscular logo diminuiu gradualmente, e eu fiz um
progresso lento e constante.
À medida que as semanas passavam, eu passava cada vez mais tempo na
floresta. Eu já não notava os mosquitos, as aranhas e o calor. Muitas vezes eu
ia trabalhar até que estivesse totalmente escuro e os ratos saiam, mas
mesmo eles não me incomodavam muito.
Lembro de me surpreender na primeira vez que eu percebi que, de alguma
forma, eu tinha transformado uma pilha de madeira que eu havia levado
para a floresta, uma de cada vez, em algo parecido com uma casa.
***
Em meados de outubro, eu peguei o telefone por satélite e apertei o botão
que dizia FORRESTER. Quando ele atendeu a primeira coisa que ele disse foi:
"Está tudo bem?".
"Sim", eu respondi. "Tudo está bem. Ótimo, na verdade. Eu só queria te dizer
que eu não quero visitar o continente neste mês. Eu estava esperando que eu
pudesse lhe passar minha lista por telefone e você pode trazer tudo para
mim. Talvez ficar por uma hora mais ou menos".
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
46
"Claro", disse ele. "Me diga o que você precisa".
"Preciso de mais madeira serrada, com certeza. Tenho poucos pregos e
parafusos, também. Ah, e cola de madeira. Eu deveria ter usado desde o
início. Quanto ao resto, basta trazer as mesmas coisas que você está
trazendo. Talvez um pouco mais de comida. Eu estive realmente com fome
recentemente".
"Tudo bem", disse ele. "Madeira serrada e comida. Eu posso fazer isso".
"Obrigado. Vejo você em breve".
***
Quando o hidroavião pousou na lagoa, alguns dias depois, eu mal podia
conter a minha emoção. Não era porque eu tinha um visitante – não
realmente - porque naquele momento estar sozinho parecia natural. Claro,
era confortável saber que estar na ilha por cinco meses não havia me
transformado em algum recluso estranho ou qualquer coisa. Eu ainda
desejava companhia e conversa. Mas eu queria mostrar a alguém o que eu
tinha construído com as minhas próprias mãos. Eu sentia orgulho do que eu
tinha feito até agora, apesar de todos os cálculos, a estrutura de madeira não
era tão impressionante. Mas foi a primeira vez que eu criei algo que era
tangível. Que eu podia ver em todas as suas dimensões. Caminhando em
torno dela. Entrar nela e estar cercado por quatro paredes reais.
Eu caminhei até o avião. Ele apertou minha mão e me deu um tapinha nas
costas. "Deveria ter me dito para trazer algumas tesouras, filho", disse ele,
rindo. "Parece que você poderia usar para um corte de cabelo."
Eu desisti do corte de cabelo na última noite que passei no continente. Eu
tinha toda a intenção de visitar o barbeiro, mas depois decidi que preferia
passar a tarde bebendo no bar do hotel com alguns turistas da Alemanha.
Minha saída com eles resultou comigo desmaiado no meu quarto de hotel,
dormindo até o início da manhã seguinte. Quando acordei com uma cabeça
latejando eu jurei que nunca beberia novamente.
Corri minhas mãos pelo meu cabelo desgrenhado. Eu tinha pegado um
pequeno espelho na loja de presentes do hotel, e eu estava me esforçando
para fazer a barba, mas eu tinha pelo menos uma semana de barba no meu
rosto. "Sim, eu não tenho estado tão bem preparado nos dias de hoje."
"É, e quem se importa", disse ele.
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
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"Obviamente, não eu," eu disse, rindo. "Será que o telegrama...".
“... foi enviado ok? Foi entregue, tudo certo”, disse ele. "Vamos. Vamos pegar
esse material que ainda não foi descarregado. Eu quero ver o que você tem
feito desde que estive aqui pela última vez".
***
Quando tudo estava empilhado na praia eu liderei o caminho em direção ao
centro da ilha. Eu me virei e olhei a cara dele quando chegamos a casa. Seus
olhos se arregalaram, e eu poderia dizer que o que eu tinha feito tinha
superado suas expectativas. Ele caminhou ao redor de toda a casa. "Eu não
posso acreditar que você fez isso tudo sozinho", disse ele. "Estou muito
impressionado".
"Foi muito devagar no início, mas eu estou ficando mais rápido. Levantar as
paredes foi a parte mais difícil. Eu coloquei-as juntas no chão, mas não tinha
ninguém para me ajudar a levantá-las no lugar. Eu percebi isso, no entanto".
"Você fez um ótimo trabalho", disse ele, usando seu antebraço para limpar o
suor de seu rosto. "Você construiu sua própria fortaleza na floresta".
"Bem, um forte de qualquer maneira", eu disse, rindo.
"Eu não acho que os homens jamais superam o desejo de ter um...”.
"Não. Eu acho que não".
***
Eu decidi pescar para o nosso jantar. Não demorou muito para pegar e
limpar três peixes de tamanho decente, e logo estavam chiando na frigideira.
"Posso te ajudar com alguma coisa?", ele perguntou, baixando a grande
moldura ao chão próximo ao fogareiro do acampamento.
"Não, obrigado. Deixa comigo”. Percebendo que ele não parecia tão
confortável, eu disse: "Talvez eu devesse lhe pedir para trazer algumas
cadeiras de jardim. Desculpe por isso".
"Está tudo bem", disse ele. "Eu só tenho cerca de trinta anos a mais que você.
Minhas juntas não são tão fortes como elas costumavam ser".
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Eu enchi uma panela pequena com água e quando começou a ferver eu abri
um pequeno saco plástico e derramei algumas batatas desidratadas.
Quando os peixes cozinharam, tirei-os da panela, abri uma lata de feijão
verde, e joguei na panela, adicionando um pouco de água. No momento em
que as batatas terminaram de cozinhar, os grãos estavam aquecidos.
"Com certeza é tranquilo aqui", disse ele. "Eu estou acostumado com os
resorts, e todo o movimento de pessoas ao redor. O barulho".
"Eu me acostumei com isso", eu disse. "Eu gosto de não ouvir qualquer som
que não sejam as ondas".
Eu mexi as batatas, tirei do fogo, e coloquei a tampa sobre elas. Os feijões
também já estavam fervendo, então eu desliguei o fogão e fiz nossos pratos,
entregando um para ele. "Obrigado", ele disse.
Sentei-me ao lado dele e nós comemos. "Você falou com sua família
recentemente?", ele perguntou.
Eu balancei minha cabeça. "Eu não falo com eles desde que eu saí de casa."
"Isso deve ter sido algum desentendimento que você teve com eles"
"Não desentendimento... Eles simplesmente não se importam”. Eu parecia
um adolescente mimado quando eu disse isso, e ele foi direito ao ponto.
"Eu tenho certeza que eles se importam."
Larguei o meu prato e limpei a boca com as costas da minha mão,
guardanapos nunca estavam na minha lista de suprimentos. "Em março de
1999 a minha empresa doou dinheiro para comprar computadores
recondicionados para uma escola pública em um bairro de baixa renda.
Recebemos pedidos de doações o tempo todo, mas ninguém quis conceder
este. Meus parceiros de negócios disseram que não era de alto perfil o
bastante. Eu batalhei o bastante para isso e eles finalmente concordaram,
provavelmente porque se cansaram de me ouvir falar sobre isso".
Ele largou o prato vazio.
"Você quer um pouco mais?", Perguntei. "Ainda sobrou algum"
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
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"Não, obrigado", disse ele. "Vá em frente."
"O diretor e os professores da escola estavam mais do que agradecidos e
queriam que a apresentação do cheque fosse feita para toda a escola. Eu
providenciei um repórter e um fotógrafo para a apresentação. Imaginei que
as crianças ficariam extasiadas ao ver sua foto no jornal e isso tiraria meus
parceiros das minhas costas porque iria gerar um pouco de publicidade”.
"Como minha mãe foi quem me comprou o meu primeiro computador, eu
pensei que ela e meu padrasto gostariam de participar. Eu estava orgulhoso
do que a nossa empresa havia feito. Eu esperava que a doação pudesse
inspirar outra criança a se interessar por computadores, assim como eu na
mesma idade. Deixei um recado na secretária eletrônica da minha mãe,
dando-lhe os detalhes sobre quando e onde a apresentação seria realizada,
mas ela nunca retornou. Ela e meu padrasto viajavam muito, então eu não
tinha certeza de que ela chegou a receber a mensagem. Eu estava
trabalhando muito, por longas horas, e já fazia algum tempo desde que eu
tinha visto ela". Eu hesitei por um segundo, porque eu não tinha certeza que
eu queria dizer a ele o restante, mas por algum motivo eu achei fácil
conversar com ele. "Eu não ligo para o meu padrasto. Ele se casou com a
minha mãe cerca de três anos depois que meu pai morreu, e nós realmente
nunca demos certo”.
"De qualquer forma, eu não recebi qualquer retorno da minha mãe, mas no
dia da apresentação na escola eu a vi e meu padrasto na arquibancada. E eu
me senti muito bem, sabe?"
Ele acenou com a cabeça.
"Quando a multidão se espalhou e os alunos começaram a voltar para suas
salas de aula, eu fui até eles. Eu finalmente me senti como se eu tivesse feito
algo de valor e vê-los lá fez eu me sentir ainda melhor. Eu deveria saber que
algo estava acontecendo, no entanto. Meu padrasto não estava sorrindo e
minha mãe parecia preocupada. Eles estavam indo para o aeroporto, para
pegar um voo para o Havaí. Mas havia um problema com o dinheiro que eu
enviava todos os meses. O problema era que ele não havia chegado".
"Você lhes enviava dinheiro todos os meses?"
Eu balancei a cabeça. "Meu padrasto estava desempregado há dois anos. Ele
não conseguia encontrar um emprego que se ajustava bem, disse ele. Eu já
havia pagado sua hipoteca, mas ele chamou e disse que seria melhor se eu
apenas transferisse um valor definido para sua conta conjunta todo mês e
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eles pagariam a hipoteca e as outras contas. ‘Melhor para você’, eu disse a
ele. Eu não queria fazer isso, mas eu me preocupava com a minha mãe. Ela
era gerente de atendimento ao cliente e trabalhava muito. Eu descobri pela
minha irmã que minha mãe estava fazendo horas extras. Se o dinheiro ainda
estava apertado para eles, mesmo sem uma hipoteca para pagar, isso me fez
pensar que meu padrasto estava gastando tudo. Eu odiava pensar que ela
estava fazendo horas extras e ainda não era capaz de sobreviver, então eu
disse que faria, mesmo o valor mensal sugerido por ele sendo ridículo”.
"Era o primeiro dia do mês e eu não sei o que aconteceu, mas a transferência
automática que eu configurei não funcionou. Isso sempre havia funcionado
antes, então minha mãe e meu padrasto estavam lá naquele ginásio vazio e
esperaram enquanto eu ligava para o banco. Aparentemente houve algum
tipo de falha e resolveram pelo telefone”.
"Ah", disse ele. "Agora eu entendo porque você sempre pergunta".
"Meu padrasto foi embora, mas minha mãe ficou para trás. Ela me agradeceu
pelo dinheiro e me disse que estava orgulhosa do que minha empresa tinha
feito para a escola, e orgulhosa de mim. Ela me abraçou e quando se afastou,
tinha lágrimas nos olhos. Então ela disse adeus e se apressou para alcançar o
meu padrasto."
"Eu sinto muito."
"Eles não tinham vindo à apresentação por mim. Foi para eles mesmos e
para o dinheiro. Isso é tudo que eu realmente era para eles, uma fonte de
renda”.
“As pessoas vão continuar pegando enquanto você continuar dando. Foi a
mesma coisa com a minha irmã. No começo todo mundo estava grato pelos
presentes. Em seguida, eles começaram a esperá-los. E então eles pareciam
ficar com raiva quando eu não dava. Como se eles merecessem e se
ressentiam por ainda ter que pedir. Poucos dias antes de eu sair da
Califórnia cancelei as transferências automáticas. Eu paguei a hipoteca,
assim minha mãe sempre terá um teto sobre sua cabeça" .
"Será que ela sabe que você está aqui?", Questionou.
"Sim. Mas ela é a única que sabe. Eu teria me sentido uma merda por
preocupá-la. Eu a encontrei depois do trabalho pouco antes de vir pra cá e
disse a ela sobre meus planos. Eu disse que estava deixando o meu diário
para trás e se alguém quisesse, seria capaz de me seguir para as Maldivas.
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
51
Depois disso, eu sabia que eles provavelmente não seriam capazes de me
encontrar. Eu disse a ela que o dinheiro que costumava enviar todo mês
seria depositado em uma conta no nome dela e no meu, e ele estaria lá se ela
algum dia resolver deixar o marido. A conta exige duas assinaturas para a
retirada, o dela e de um homem chamado Brian Donahue, que é um dos
meus professores da faculdade. Ele era a única pessoa que eu podia confiar.
Liguei para o banco do meu quarto de hotel na nossa última saída para
compras de suprimentos. Até agora não houve qualquer retirada, de modo
que ela ainda está escolhendo ele, o que está tudo bem. Amor por dinheiro,
certo?"
"Isso é como deve ser", disse ele.
"Mas se ela quiser desistir, ela pode”. Minha irmã – que nunca parou de
pedir dinheiro – recebeu montante final, e eu não me senti nem um pouco
culpado por acabar com isso. Foi um valor alto o suficiente para que se ela
acabar com tudo não terá ninguém para culpar além de si mesma. Ela se
casou tão bem quanto a minha mãe, e eu teria gostado de ver o olhar no
rosto do seu marido quando ele percebeu que não haveria mais dinheiro.
"O que você fez é muito admirável", disse ele. "Mas você não sente como se
fosse o único que saiu perdendo? Você é o único que teve que se afastar de
tudo".
Dei de ombros. "Talvez. Mas isto parece o suficiente, no entanto. Pelo menos
por enquanto”.
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
52
Capítulo 9
Owen
Eu encontrei a caverna em janeiro. Estranhamente, nos oito meses que eu
estive na ilha eu nunca tinha notado. Aconteceu de eu estar olhando para
baixo quando eu andava, e uma pilha de gravetos e folhas em decomposição
que tinha se amontoado contra a abertura chamou minha atenção.
Afastei para o lado e cautelosamente enfiei a mão, tentando sentir ao redor.
Caminhei até a praia e voltei com uma lanterna, em seguida, arrastei para
frente o suficiente para colocar minha cabeça dentro da caverna. Cheirava a
mofo e eu percebi o quão pequeno o espaço era. Eu tinha que colocar a
lanterna debaixo do braço e me contorcer através do meu estômago. A área
não era muito maior do que a minha barraca para duas pessoas. Não havia
nada de interessante lá dentro, apenas mais folhas. Algo correu lentamente
pelo chão, mas quando eu apontei a lanterna, ele saiu correndo. Eu apontei a
luz para o teto da caverna, esperando não ver centenas de morcegos
pendurados de cabeça para baixo. Felizmente, não havia nada acima de mim
a não ser algumas dessas aranhas marrons gigantes que eu ainda não tinha
me acostumado tive sorte não havia morcegos, porque se a caverna era onde
eles se penduravam, eu provavelmente teria rastejado direto para uma
grande pilha de sua merda.
Saí da caverna e me levantei, respirando profundamente para limpar o
cheiro de mofo do meu nariz. Não há razão para voltar lá, pensei.
Nenhuma razão mesmo.
***
Nos quatro meses seguintes eu me concentrei em terminar a casa. Eu nunca
me achei um grande carpinteiro, mas como a casa tomou forma eu senti que
havia feito um ótimo trabalho, considerando a minha falta de treinamento. A
casa tinha dois quartos, com uma porta entre eles. Achei o piso de madeira
muito áspero para andar com os pés descalços, então eu passei horas
lixando à mão, usando folha após folha de lixa. Fiz o telhado de palha, porque
eu queria economizar a madeira para as paredes e o chão, mas eu tinha o
suficiente para construir uma estrutura de vigas de madeira, que, em
seguida, foi coberto com camadas de folhas de palmeira. Eu transportei
todos os meus pertences para a casa, e tentei dormir nela por algumas
Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella
53
noites, mas eu preferia minha barraca na praia e o som das ondas
quebrando. Os sons eram muito diferentes à noite, quando eu dormia na
casa. Havia um zumbido constante dos insetos e o som dos ratos correndo.
Montes e montes de ratos. Não era horrível, mas eu ainda preferia o som do
oceano.
Era a estação seca e o clima estava ameno, então eu não sei o quão bem a
casa iria enfrentar uma tempestade. Por não ter chovido tanto, eu dependia
da água que acabou mais rápido que nos meses anteriores. E a cada trinta
dias ou mais, quando eu ouvia os motores do hidroavião, eu sorria, porque
isso significava que eu teria companhia para o jantar.
Quando eu não estava trabalhando na casa eu estava na água, nadando. Eu
não tinha dúvida de que eu estava em ótima forma, como nunca estive. Eu
poderia nadar por um longo tempo sem ficar sem fôlego, e eu me sentia mais
forte como nunca. Eu sabia que tinha ganhado peso, mas era puro músculo.
Quando eu não estava nadando eu estava mergulhando. Eu finalmente me
sentia mais confortável em mar aberto. Havia tanta coisa para ver que às
vezes, quando eu me aventurava para as profundezas do oceano, onde a
água azul claro fica escura, eu esquecia o quão baixo na cadeia alimentar eu
realmente estava. Foi em um desses dias que eu experimentei um encontro
verdadeiramente incrível, embora quando eu peguei pela primeira vez um
vislumbre com o canto do meu olho, eu congelei de terror, certo de que eu
iria ser engolido inteiro por esta criatura enorme.
Percebi de repente que era um tubarão-baleia, assustadoramente grande,
mas que não estava interessado em comer qualquer coisa além de um
plâncton. Devia ter quarenta ou cinquenta metros de comprimento, e eu
nadava ao lado dele, com uma mão ao seu lado. Ele deslizou pela água, sua
boca aberta até que ele virou-se e nadou para longe. Eu assisti ele ir, com a
certeza de que eu tinha acabado de ver algo que poucas pessoas teriam
oportunidade.
***
Em maio, um pouco antes da estação das chuvas começar novamente, eu
decidi que queria visitar o continente. Eu realmente precisava de um corte
de cabelo, eu não me importava de usar o meu cabelo comprido, mas tinha
chegado ao ponto em que ele estava constantemente em meus olhos e fazia a
parte de trás do meu pescoço suar. Além disso, eu desejava um cheeseburger
e uma cerveja, e eu senti que seria bom tomar um banho de verdade e
dormir em uma cama.
1,5 na ilha
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  • 1.
  • 2. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 2 A tradução em tela foi feita por um grupo de amigas despretensiosamente de forma a dar acesso ao leitor da obra, com objetivo único e exclusivo de entretenimento, não visando direta ou indiretamente lucro, incentivando a aquisição da obra literária física ou digital. Agradecemos a todos que contribuíram com esta tradução nos incentivando a continuarmos independente dos obstáculos. Nossos mais sinceros agradecimentos para essa equipe de tradutoras as quais se dedicaram a esta tradução, abdicando de seu tempo livre para nos ajudar. Esta tradução poderá ser baixada pelo leitor e publicada em todos os sites, blogs, grupos sem qualquer restrição, desde que os mesmos se comprometam tirar o acesso para download em caso de pendências administrativas ou judiciais a fim de resguardar os direitos autorais e de editoras.
  • 3. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 3 SINOPSE Tracey Garvis Graves - e Anna e T.J. - regressam nesse conto que acompanha o bestseller NA ILHA. Quando Owen Sparks, o milionário de vinte e três anos de idade da dot-com, se afastou de sua vida encantada, ele tinha um objetivo em mente: chegar o mais longe possível das pessoas que ressentiram seu sucesso, ou tiveram sua mão esticada para um pedaço dele. Uma remota ilha inexplorada no outro lado do mundo parecia um lugar perfeitamente lógico para ficar longe de tudo. Calia Reed não fazia parte dos planos de Owen. A bela menina britânica - em férias nas Maldivas com seu irmão, James – fez Owen imaginar se ficar longe de tudo poderia ser muito mais agradável com uma garota despreocupada que não sabia nada sobre a vida que ele deixou para trás. Mas Owen não tinha idéia do quanto seus planos cuidadosamente detalhados dariam errado. Nem ele percebeu que uma decisão que ele fez poderia ter um efeito tão catastrófico sobre dois passageiros que embarcaram num avião em Chicago. E quando Owen aparece na porta de Anna e T.J com uma história incrível para contar, todos os envolvidos irão aprender o quanto suas vidas estão entrelaçadas.
  • 4. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 4 Capítulo 1 Owen A casa é isolada, cercada por árvores e um gramado bem cuidado. Há brinquedos para crianças situados em um canto do quintal, e um triciclo abandonado na calçada da frente. Primavera acaba de chegar ao Centro- Oeste, mas alguém já desenhou um padrão de amarelinha com giz de tons pastel. Uma placa presa próximo à porta da frente anuncia que a casa está protegida pela ADT1, e quando eu toco a campainha um cão começa a latir, seguido pelo som de patas trovejando. A mulher que atende a porta tem um bebê em seus braços e duas crianças agarradas a sua saia. O cachorro, um grande golden retriever, rosna e espera por ela para deixá-lo sair. Espero que ela não o faça. Seus olhos azuis se estreitam quando ela me olha por trás da segurança de uma porta extra, que eu tenho certeza que é bloqueado. O vidro abafa a sua voz, mas eu ainda posso entendê-la quando ela diz: "Posso ajudar?" Seu tom resguardado faz sentido, do jeito que faria se você vivesse fora, em um país em que todo mundo conhecesse sua história e tivesse uma ideia estimada de seu patrimônio líquido. “O seu marido est| aí?” Eu pergunto. "Ele est| l| em cima. Ao telefone”, diz ela. "Eu gostaria de falar com vocês dois. Se importa se eu esperar?” Ela não gosta disso. Eu posso dizer pelo jeito que ela empurra as crianças para trás e ergue os ombros, levantando o queixo ligeiramente. Ah, ela é uma lutadora. Isso não me surpreende em tudo. "Você vai ter que voltar outra hora”, diz ela, e começa a fechar a porta. Mas antes que ela possa batê-la fechada, uma caminhonete empoeirada puxa na entrada da garagem e o alívio parece lavar seu rosto. O homem pisa no freio e está fora do caminhão antes mesmo que ele pare de se mover. Ele caminha até mim com uma expressão desconfiada no rosto. 1 ADT: Empresa, líder mundial em alarmes e sistemas de segurança.
  • 5. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 5 Suspeito e chateado. Eu sou mais velho do que ele, mas ele parece o suficiente comigo, tanto que as pessoas poderiam nos confundir com irmãos, temos o mesmo cabelo castanho claro e constituição. Ele olha para a mulher na porta. "Fique ai dentro". Voltando para mim, ele diz: "Quem é você e o que você quer?” "Só queria falar com você e sua esposa.” “Ser| que te conheço?” "Não." Eu coloquei minhas mãos em meus bolsos ao me lembrar do motivo da minha visita. "Meu nome é Owen Sparks.” O homem olha para mim, a testa franzida como se filtrasse através de sua memória buscando o significado do meu nome. Mas a mulher, a mulher sabe imediatamente, e ambos nos voltamos para ela quando ela engasga. “T.J.”, diz a mulher. Ela abre as portas para que possamos realmente ouvi-la e o cão dispara como a bala de uma arma, me cheirando agressivamente, mas felizmente decide que não sou ameaça. “A pessoa desaparecida. O homem, cujo rastro foi perdido nas Maldivas. Você se lembra? Seu nome era Owen Sparks.” Reconhecimento floresce em seu rosto e eles olham para mim como se eu fosse um fantasma. “Você é o cara que construiu a cabana?”, ele pergunta. "Sim". “Mas você não é o Esqueleto.” Eu balancei minha cabeça. "Não.” Não h| necessidade de me perguntar o que eles estão pensando. Ou perguntar quem é o Esqueleto. Porque eu sei. *** Eles me convidam para sua casa, a curiosidade substituindo sua desconfiança. Eu entendo a sua hesitação, mas eu pareço bastante inofensivo. Eu estou vestindo jeans e uma camisa de botão de manga
  • 6. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 6 comprida, comprada há poucos dias. Meu cabelo está um pouco longo, mas está limpo. Eu até fiz a barba, e isso não acontece com muita frequência. Anna mantém a porta aberta, deslocando o bebê para o outro quadril. Quando T.J. faz o seu caminho para dentro, seus dois filhos mais velhos gritam: "Papai!” e pulam em seus braços, gritando e tentando subir enquanto ele dá a cada um deles um abraço. Ele coloca as crianças para baixo, se inclina e beija Anna. "Você est| bem?”, Ele pergunta. Ela balança a cabeça e sorri e depois ele dá mais um beijo na cabeça do bebê. Sigo logo atr|s. “Quantos anos têm seus filhos?” Eu pergunto. “Os gêmeos farão dois anos em junho”, diz Anna. “Josie, Mick. Vocês podem dizer ol|?” Meu sorriso vacila quando ela diz Mick, mas felizmente nenhum deles percebe a mudança na minha expressão. As crianças agem com timidez e não querem dizer olá, mas eles murmuram uma saudação e, em seguida, escondem-se atrás de seus pais. "E esta é Piper,” Anna acrescenta, despenteando o pouco cabelo que o bebê tem. "Ela tem sete meses e está rastejando por toda parte. Ela estará andando em breve e então eu vou realmente ter o meu trabalho cortado pela metade.” “Como nos encontrou?” T.J. pergunta, encolhendo os ombros em seu casaco. "Internet". Demorou algumas pesquisas para chegar ao endereço de sua casa, mas eu sou muito bom em localização de pessoas quando eu coloco minha mente nisso. Eu não lhes disse quanto tempo eu estive off-line ou que seus nomes apareceram imediatamente quando eu digitei Maldivas no Google. Eu estava procurando por algo totalmente diferente, e o que eu encontrei, em vez disso, me afetou tanto que demorou uma semana antes que eu fosse capaz de ler tudo. E um pouco mais para que eu pudesse trabalhar minha coragem de vir aqui. “Venha”, T.J. diz. Eu o segui a partir da porta de entrada para a cozinha. "Posso oferecer algo para beber?”, Ele pergunta.
  • 7. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 7 "Não, obrigado.” "Tem certeza?” Anna pergunta. "Nós temos Coca-Cola, suco, chá gelado, cerveja, |gua engarrafada.” “Não, é sério. Eu estou bem.” "Deixe-me saber se você mudar de ideia”, diz ela. O sorriso que ela me dá ilumina todo o seu rosto. Ela é linda, de uma forma natural, e você não pode deixar de notar seus olhos, grandes e azuis. Eu posso ver o porque dele estar tão tomado por ela. Ela atravessa a cozinha para verificar algo que está borbulhando no fogão, e eu olho para o meu relógio. É quase seis e meia. Eu não deveria ter vindo tão tarde, tão perto da hora do jantar. Eles provavelmente têm trabalho a fazer. T.J. cai em uma cadeira na mesa da cozinha e Anna lhe entrega o bebê. A cozinha cheira bem, como pão de alho, e quando um temporizador dispara Anna puxa uma panela fora do forno. As crianças mais velhas correm dentro e fora da sala, mas Anna os evita, e aos brinquedos que estão espalhados pelo chão, com facilidade. "Devagar, Mick”, T.J. diz quando o menino cai em frente { mesa. “Você est| bem?” Mick balança a cabeça, aparentemente imperturbável. “V| brincar com Josie na sala de estar, tudo bem? O jantar estar| pronto em breve.” “Ok”, diz ele. Há muito barulho e caos, não muito diferente do jeito que está na minha vila. O lugar que eu chamo de casa está lotado de crianças, a maioria delas com os pés descalços. Todos eles disputando atenção. T.J. prende o bebê em uma cadeira alta e escorre o macarrão enquanto Anna prepara uma salada e tira os pratos do armário. Eles chamam as crianças para se lavar e T.J. coloca a mesa. Eles trabalham bem juntos, de forma eficiente e sem reclamar. Minha própria irmã e seu marido costumavam discutir sobre de quem era a vez de pegar o telefone e pedir pizza, e uma vez eu os vi jogar uma moeda para ver quem tinha que trocar a fralda suja de seu filho.
  • 8. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 8 Eu não tenho visto a minha irmã em anos, e mesmo odiando não ser uma parte da vida do meu sobrinho, eu tenho vergonha de admitir que eu realmente não sinto falta dela. "Você vai ficar para o jantar?” Anna pergunta. Eu olho para baixo e vejo que eles colocaram um lugar extra na mesa. "Claro", eu digo. "Isso seria ótimo." *** Durante o jantar, eles fazem algumas perguntas básicas: Como cheguei à ilha? Eu digo a eles que eu encontrei um piloto disposto a me levar lá. Eles me perguntam quanto tempo eu estive lá, e eu lhes digo que foi por cerca de quinze meses. Eles querem saber quantos anos eu tenho. Trinta e quatro anos, eu digo. Eu posso ver pela maneira que se inclinam para frente em suas cadeiras que eles estão ansiosos para ouvir mais. "Vamos guardar o resto de nossas perguntas até depois que as crianças forem para a cama”, TJ diz , olhando para Anna. Ela acena com a cabeça. "Ok", eu digo. Eles são tão malditamente bons que isso me faz sentir ainda mais ferrado para o que eu vou dizer a eles. Eu perco meu apetite quando eu penso sobre como eles podem reagir, mas eu continuo comendo de qualquer maneira. É o mínimo que posso fazer. Depois do jantar, eu os assisti trabalhando juntos para limpar a mesa e carregar a máquina de lavar louça. Ofereço-me para ajudar, então Anna me entrega uma toalha molhada e aponta para as crianças. Eu sorrio e falo com eles em voz baixa, enquanto limpo rostos e mãos, e as crianças não parecem se importar, o bebê sorri e ri, virando o rosto como se fosse um jogo. "Você é bom com as crianças", T.J. diz. “Você tem alguma?” “Ainda não.” Tecnicamente eu tenho uma vila cheia, mas nenhum deles é meu, pelo menos não biologicamente. Quando me mudei para a minha vila eu não sabia nada sobre crianças. E isso me assustou um pouco, a maneira como eles olharam para mim como se eu tivesse vindo para salvá-los. Era assustador. Agora eu sei que amo qualquer coisa que eu possa fazer por eles, não importa o quão insignificante possa parecer. Quando você não tem nada, tudo parece algo.
  • 9. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 9 "O que é que vai ser? Caillou2 ou Dragon Tales3?” T.J. pergunta aos gêmeos. “Dragon Tales”, eles gritam. “Um episódio e, em seguida, é hora de dormir, ok?" "Ok", eles falam e em seguida, correm para fora da sala. "Eu vou ligar o DVD para eles”, diz Anna. Ela para em frente do TJ em seu caminho para fora da cozinha. “Eu vou colocar esta aqui para dormir em seu berço. Ela está prestes a cair no sono." O bebê sorri, os olhos pesados, e T.J. a beija. "Boa noite, bebê. Durma bem.” Ele se vira para mim quando eles saem. “Posso oferecer uma cerveja? Porque eu acho que eu poderia definitivamente precisar de uma.” Ele não sabe o quão verdadeira é essa declaração. Eu deveria apenas lhe dizer para pular a cerveja e pegar uma garrafa de qualquer coisa que tenha em seu arm|rio de bebidas, o que for mais forte. “Uma cerveja parece bom, na verdade. Obrigado.” "Eu vou buscar”, diz ele. “Por que você não se senta na sala de estar?” Eu ando por um corredor curto e o cão me segue. Os gêmeos estão deitados no chão em frente à TV, em uma grande pilha de travesseiros. Na tela, um menino e uma menina estão conversando com um dragão cor-de-rosa. Sento-me em uma cadeira grande e abaixo para brincar com o cachorro, coçando atrás de suas orelhas. Ele vira para os meus pés. Quando T.J. caminha de volta para a sala com a cerveja, ele diz: “Parece que Bo gostou de você. Ele provavelmente está muito contente que você ainda não experimentou montá-lo”. "Ele é um bom cão de guarda. Ele não gostou quando eu toquei sua campainha.” 2 Caillou é um desenho animado infantil sobre um garoto de quatro anos de idade dotado de uma imaginação extremamente fértil. 3 Dragon Tales é uma série de desenho animado americana-canadense que conta as aventuras de duas crianças Max e Emília que através de uma escama mágica são capazes de se teletransportarem para a Terra dos Dragões, um lugar mágico onde dragões existem.
  • 10. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 10 “Nós não temos um grande número de visitantes aqui. É bom saber que ele ainda est| fazendo seu trabalho.” TJ colocou uma garrafa de cerveja em cima da mesa, próxima a minha cadeira. "Obrigado", eu digo. Ele se senta no sofá de frente pra mim. "Eu não posso acreditar que você está aqui. Nós pensamos...” Sua voz falha quando ele olha para Mick e Josie. "Nós pensamos que estava M-O-R-T-O.” Fui atingido com uma imagem tão visceral que recuei. "Ei, você est| bem?” T.J. perguntou. "Eu estou bem.” Ele parecia como se quisesse me perguntar mil coisas, mas em seguida olha para as crianças novamente e não diz nada. Anna volta para a sala e lembra as crianças que será hora dos pijamas e livros, assim que o show acabar. Eles protestam, mas não muito alto. "Piper dormiu bem?" T.J. pergunta. "Apagada como uma luz", ela responde. "Eu abri uma garrafa de vinho. Est| em cima do balcão.” "Ah, eu sabia que havia uma razão para me casar com você", diz ela, inclinando-se para lhe dar um beijo. "Essa não é a única razão", T.J. disse, rindo quando ela foi embora. Ele chama por ela. "Havia muitas outras, você sabe." Anna caminha de volta para a sala, segurando uma taça de vinho. Ela se senta ao lado de T.J. e toma um gole. "Quanto tempo você vai ficar na cidade, Owen?" Anna pergunta. "Eu ainda não tenho certeza", eu digo. "Eu vou ficar em um hotel na cidade." Minha data de partida pode ser determinada por quão bem será essa conversa. Poderia ser imediatamente por tudo o que sei.
  • 11. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 11 Quando os créditos começaram a rolar no programa de TV, Anna pega o controle remoto e aperta um botão para desligar o show. "Hora de deitar", diz ela. "Nós voltaremos logo", T.J. diz. Ele me dá o controle remoto. "Vá em frente e assista algo, se quiser." Eu tomo o controle remoto dele, mas eu não ligo a TV novamente. Eu não tenho a menor ideia sobre o que assistir. Em vez disso, tomo outra bebida e olho ao redor da sala. É preenchido com mobiliário confortável. Há travesseiros e mantas e um grande vaso cheio de flores. Fotos de família e fotos individuais das crianças em molduras de prata são exibidas em mesas e prateleiras. Eu não posso imaginar estar naquela ilha por três anos e meio, do jeito que eles fizeram. Sem comida e água chegando regularmente via hidroavião. Não há livros ou jornais. Sem telefone por satélite. Sem viagens de fim de semana com os rapazes, quando me sentia aborrecido ou sentia necessidade de estar perto de outras pessoas. Nada, exceto o que já estava lá ou o que foi levado para terra pelo mar. Sua casa deve ser como um porto seguro depois do que passaram. Eu ainda estou sentado lá pensando no que eu vou dizer quando eles voltam para a sala quinze minutos depois. “Posso pegar mais uma cerveja?” T.J. pergunta. Eu começo a dizer que não, mas então eu percebi que a minha garrafa está vazia. "Tudo bem”, eu digo em seu lugar. “Obrigado.” Eu não tenho tido álcool por um longo tempo, e eu já posso sentir o efeito. Porém estou mais calmo, o que é uma coisa boa. T.J. leva a garrafa vazia para a cozinha e volta com uma gelada para nós dois. Anna se instala no sofá, colocando as pernas debaixo de sua saia. Ela pega o copo de vinho e T.J. se senta ao lado dela. "Eu nem sei por onde começar”, eu digo. “Comece pelo começo, Owen”, diz Anna. “Conte-nos tudo.”
  • 12. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 12 Capítulo 2 Owen Los Angeles Maio de 1999. Eu estacionei meu BMW na rampa do estacionamento de longo prazo no aeroporto. Professor Donahue iria buscá-lo mais tarde, usando a chave reserva que eu tinha dado a ele. "Eu vou dirigir o inferno fora desse carro enquanto você estiver fora”, disse ele. Eu olhei para ele e ri. "Eu espero que você faça.” Eu lutei com a minha grande mala no porta-malas e puxei-a para trás, carregando minha mochila em minha outra mão. Tentar encontrar o equilíbrio certo de coisas para levar comigo não tinha sido fácil. No final, eu decidi ser o mais prático possível, e minha mala continha principalmente roupas e produtos de higiene pessoal. Capitão Forrester foi o encarregado de comprar tudo o que eu precisaria. A mulher atraente por trás do balcão da Emirates4 sorriu para mim quando era a minha vez de fazer check-in. Ela colocou seu longo cabelo atrás das orelhas e levantou-se reta. Estufando o peito um pouco também. Em outras circunstâncias eu poderia ter me interessado, mas não naquele dia. Entreguei-lhe minha carteira de motorista e passaporte, observando em silêncio enquanto ela batia no teclado. “Quantas malas?”, ela perguntou. "Só uma”, eu disse. “As Maldivas é um lugar bonito”, disse ela. "Você j| esteve l|?” "Não." 4 Empresa Aérea.
  • 13. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 13 Ela olhou para mim e sorriu. “Você est| viajando a negócios ou lazer?” Peguei os cartões de embarque que ela estendeu para mim e meu sorriso foi enigm|tico na melhor das hipóteses, quando eu disse: “Nenhum dos dois.” *** Minha próxima parada foi na instalação de armazenamento com armários perto dos balcões. O homem baixo e gordo atrás do balcão me olhou desconfiado quando eu puxei um envelope grande da minha mochila. "Isso é tudo o que você deseja armazenar”, questionou. "Sim". “Conteúdo?” "Três chaves e vinte CDs”. As chaves eram para o meu carro, casa, e cofre, e os CDs continham informações do meu disco rígido. “Quanto tempo você quer que fique armazenado? Posso mantê-lo por até 60 dias.” "Eu quero que fique armazenado indefinidamente.” “Eu não faço por tempo indeterminado.” “Claro que faz”, eu disse, sorrindo educadamente e puxando uma pilha de notas da minha carteira. Contei dez notas de cem dólares e coloquei o dinheiro sobre o balcão. Os mil dólares mais fáceis que esse cara iria fazer. "Tudo bem”, disse ele, assim como eu sabia que ele faria. "Aqui est| o bilhete de reivindicação.” "Eu preciso de uma caneta.” Ele puxou uma do seu bolso da frente e entregou-a para mim. Eu rabisquei o número do bilhete de reivindicação e escrevi quatro números em seu lugar, os números que eu nunca teria problemas em me lembrar. Este não era o único lugar que eu estava armazenando os dados criptografados, mas se o cara cumprisse sua parte do acordo, seria o lugar mais fácil de recuperá-los.
  • 14. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 14 “Coloque isso em algum lugar seguro. Este é o número que eu vou te dar quando eu vier para pegar o envelope.” “O que você quiser”, disse ele enquanto pegava o bilhete de reivindicação de mim. "É o seu negócio.” “Tenha um bom dia”, eu disse, e então eu peguei minha bolsa e fui em direção ao meu portão de embarque. *** Eu pousei em Dubai 15 horas depois, oito das quais eu dormi graças ao Xanax5 que eu convenci meu médico a me receitar. Estresse, eu disse. Eu não tenho dormido bem. Fazendo meu caminho lentamente pelo corredor, eu bocejei, me espreguicei e segui as pessoas na minha frente para o terminal. Tive várias horas de intervalo antes do meu voo para Malé, então eu vagava sem rumo através do aeroporto lotado, ouvindo um amontoado de vozes tendo conversas em línguas que eu não falo. Quando eu cheguei à área de embarque no Terminal 1, parei em um restaurante que serve comida americana e pedi um hambúrguer e uma cerveja. Meu celular permaneceu no meu bolso, desligado. Eu não tinha vontade de ver quantas mensagens tinham acumuladas. Não era como se eu estivesse planejando responder a qualquer uma delas. Com cada milha que ficava para trás, eu me sentia menos estressado. Mais confiante na minha decisão. Talvez fosse extrema e completamente exagerado. Excêntrico, mesmo. Mas eu realmente não me importo, porque tudo o que eu queria fazer era me perder por um tempo, e esta parecia ser a melhor maneira de fazê-lo. Eu me tornei fascinado com as Maldivas depois de assistir uma palestra de negócios sobre a cadeia de ilhas. “Os resorts são incríveis,” ele disse. “Mas também h| ilhas que são completamente desabitadas. Você pode ir lá se quiser. Passar a noite, também. Eles irão voltar e buscar você." 5 Fármaco utilizado em distúrbios da ansiedade e em crises de agorafobia. É um medicamento de tarja preta no Brasil, psicotrópico do grupo B1, sujeito a notificação de receita tipo B. Trata-se de benzodiazepina que estimula os efeitos do GABA, reduzindo a ansiedade moderada e ansiedade associada a depressão. Também possui propriedades sedativas, hipnóticas, anticonvulsionantes e de relaxamento muscular.
  • 15. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 15 Nos dias que antecederam a abertura de capital da minha empresa, quando as coisas estavam realmente ficando fora de controle, eu não conseguia parar de pensar em quanto mais fácil a minha vida seria se eu ficasse longe de tudo. Meu celular tocava constantemente. Assim como o telefone que ficava estabelecido sobre a grande mesa de mogno de canto no meu escritório. O toque rangia em meus nervos e me fez sentir como se eu não pudesse respirar. Todos queriam algo de mim: tempo, dinheiro, ajuda. Em uma tarde particularmente estressante, eu peguei o telefone e usei para fazer algumas pesquisas. Ao longo das próximas semanas, obtive um visto, o que me permitiu entrar nas Maldivas e permanecer indefinidamente. Localizei um piloto disposto a me levar onde eu precisava ir e comprei os suprimentos que necessitava, com um mínimo de perguntas. Eu esperava encontrar um obstáculo em algum momento, o que teria impedido o meu plano em seguir em sua trilha, mas não encontrei. É fácil desaparecer se você tem dinheiro suficiente, e eu tinha muito. E era do meu interesse estar longe, muito longe, quando todos descobrissem que seu trem da alegria havia chegado a um ponto insuportável. *** Era de manhã quando cheguei a Malé, eu tinha viajado por tantas horas que eu já estava confuso sobre que dia era. Eu encontrei um banheiro e entrei em uma cabine para vestir um par de shorts e uma camiseta. A fila no balcão de hidroaviões no hall de entrada não foi longa. Esperei com paciência e quando chegou a minha vez eu puxei uma folha de papel com um número de confirmação sobre ele fora da minha carteira. "É um voo privado”, disse eu. “Capitão Forrester é o piloto.” A mulher atrás do balcão puxou minha reserva no computador. "Seu check- in está feito, está pronto pra sair, Sr. Sparks. Vou chamar o Capitão Forrester. Eu acredito que ele está esperando.” "Eu tenho certeza que ele est|”, disse eu. Eu lhe pago generosamente para estar esperando por mim, não importa quantos problemas de viagem encontrarei, ou que horas eu chegarei. Eu sabia com certeza absoluta que o hidroavião estaria em marcha lenta na doca. "Por favor, venha comigo”, disse um funcion|rio uniformizado da companhia aérea. Segui-o do lado de fora e parei no meio-fio. “O ônibus ir| lev|-lo para o terminal de hidroaviões. Chegará em um instante.”
  • 16. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 16 “Obrigado", eu disse. Sair do edifício climatizado fez o calor parecer muito mais opressivo. O ar estava pesado e úmido quando inalado, e eu comecei a suar quase que imediatamente. Quando a minivan chegou subi para o interior climatizado, dizendo a mim mesmo que era melhor não me acostumar com isso. Depois que o motorista estacionou em frente ao terminal de hidroaviões ele me levou através de um conjunto de portas duplas. Atravessamos outro conjunto de portas no lado oposto da sala e, em seguida, fomos para fora. Os hidroaviões estavam alinhados, amarrados a uma série de docas retangulares. Entreguei meu cartão de embarque ao motorista e ele olhou para o cartão e disse: “Por aqui, Sr. Sparks.” Eu o segui até o hidroavião e quando ele fez sinal para eu lhe entregar minha mala, eu dei a ele e vi como ele embarcou no avião. Olhando ao redor, eu reparei na água azul e o céu sem nuvens. Tudo já parecia muito mais simples, e eu senti o restante do meu estresse derretendo a distância. Um homem de meia-idade colocou a cabeça para fora da porta do avião. “Capitão Forrester?”, eu perguntei, dando um passo para frente e estendendo a mão para apertar sua mão. "Eu sou Owen Sparks.” Ele deu uma olhada para mim e balançou a cabeça. “Bem, eu vou ser amaldiçoado”, disse ele, rindo e apertando minha mão na sua. "Você não é o que eu estava esperando. Quantos anos você tem, meu filho?” “Vinte e três", eu disse. Eu não tomei a reação dele como algo pessoal, eu estava acostumado. Foi a maneira que eu conduzi os negócios que me fez parecer mais velho do que sou. Você não poderia conseguir o que eu tinha conseguido em uma idade tão jovem, agindo como um punk. As pessoas me tratam com respeito, ouvem o que eu tenho a dizer. Eu não tinha dúvida de que meu patrimônio também me separou da maioria dos meus colegas. E houve momentos - como a pouco tempo – que eu estava feliz por ter tanto dinheiro. Eu tinha merecido ganhá-lo, e foi bom usá-lo em algo que eu realmente queria, em vez de me sentir como se eu tivesse que dar a todos só porque eles tiveram sua participação. “Bem, vamos l|”, disse ele. O segui através da porta da cabine, e ele apontou para as fileiras de assentos atr|s dele. “Sente-se onde quiser. Apenas certifique-se de apertar o cinto de segurança.”
  • 17. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 17 Minha mochila tinha sido colocada em um assento na primeira fila, por isso sentei-me ao lado dela e a coloquei no chão aos meus pés. Eu vi quando o Capitão Forrester colocou um fone de ouvido na cabeça e começou a virar a chave. Ele falou brevemente no microfone perto de sua boca, e logo que ele obteve permissão, nós nos afastamos da plataforma. Pegamos velocidade e eu senti o impulso quando decolamos. Enquanto nós voávamos, eu olhei pela minha janela, espantado com a vista. Eu olhava contra a luz do sol que inundou a cabine e procurei meus óculos de sol da minha bolsa. O céu sem nuvens era tão azul como a água abaixo. Levamos quase duas horas para chegar ao nosso destino. Eu não tinha visto qualquer terra em um tempo, mas, finalmente, o avião desceu e eu dei o meu primeiro olhar para a ilha. Não era muito grande, talvez uma milha de comprimento. Primitiva, praia de areia branca. Vegetação muito verde. Palmeiras e coqueiros se destacavam altos na área densamente arborizada, perto do centro da massa terrestre. Eu me lembro de pensar que nada de ruim poderia acontecer em um lugar tão bonito. Nós pousamos bem na lagoa. "É melhor tirar os sapatos", disse ele. Sorri quando olhei para baixo, para seus pés e percebi que ele estava pilotando o hidroavião descalço. Depois que eu tirei os sapatos e os coloquei na minha bolsa, ele abriu a porta da cabine e pulou na água até os joelhos. Ele abriu o compartimento de carga do lado do avião e começamos a levar minha bagagem para a costa, fazendo várias viagens, a fim de descarregar tudo. Pequenos cardumes de peixes fugiram enquanto eu caminhava na água tão quente como de um banheiro. “Vamos olhar a lista e ter certeza que eu não perdi nada”, disse ele, depois que tinha colocado a última das caixas na areia. Do bolso da camisa, ele tirou um pedaço de papel dobrado que eu reconheci como um dos e-mails que eu tinha enviado para ele. O primeiro item foi um telefone via satélite Iridium. Ele me informou que meu telefone celular normal não iria funcionar porque a ilha era muito remota. "Meu número já está programado nele, então se você ficar em apuros, ou você precisar de mim, tudo que você precisa fazer é apertar esse botão”,
  • 18. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 18 disse ele, apontando para o botão e entregando o telefone para mim. Ele se inclinou e apontou para outro botão. “Se por algum motivo eu não responder, ligue para este número. É o aeroporto. A bateria deve durar meses, se você não começar a chamar as pessoas quando você se sentir só.” "Eu não vou ligar para ninguém", disse. Não havia uma única pessoa que eu tinha deixado para trás que eu queria falar. Ele estendeu a mão para o próximo item, uma grande mochila descansando na areia. Era do tipo que os alpinistas profissionais usavam quando eles queriam ir acampar sem depender de ninguém para carregar seus suprimentos. A última vez que eu tinha usado uma mochila como essa foi quando eu tinha doze anos de idade. No meu aniversário eu pedi ao meu pai para me inscrever em uma viagem de escalada, uma expedição de uma semana nas montanhas de Serra Nevada pela Outward Bound6. Meu pai e eu gostávamos de acampamento, e ele me levava com ele durante o tempo que eu conseguia me lembrar. Minha mãe não estava interessada e nem a minha irmã, mas eu nunca me senti mais feliz do que quando eu estava ao ar livre, e quanto mais remoto o local, melhor. Quando meu pai trouxe o folheto Outward Bound para lermos juntos, eu soube imediatamente que eu estava pronto para o desafio. Os sete dias que passei no deserto eram tudo que eu esperava, e isso me mudou de maneira que eu não entendia completamente na época. Mas o meu pai morreu de um aneurisma cerebral dois dias depois que voltei da minha expedição pela Outward Bound, e eu não tinha ido acampar desde então. Agora, de pé na praia, eu me perguntava se o meu desejo de viver na ilha, sozinho e em um lugar tão desolado, foi a minha tentativa de recriar a maneira que me senti naquela expedição. Eu era muito jovem naquela época para experimentar uma verdadeira epifania, mas eu sentia que algo maior existia. Algum tipo de despertar que poderia ser alcançado apenas por viver em um lugar praticamente intocado por outros seres humanos, na solidão total. Eu abri a mochila e tirei o conteúdo: saco de dormir, tapete de chão, e tenda. Eu não precisava necessariamente da mochila, mas ela manteve tudo guardado e tornou mais fácil para transportar os itens do hidroavião para a praia. Pode vir a calhar quando eu for explorar a ilha. 6 A Outward Bound é uma organização educacional, sem fins lucrativos, pioneira mundial em educação experiencial ao ar livre. Presente em mais de 30 países e com mais de 65 anos de história, promove o desenvolvimento humano através de experiências desafiadoras na natureza.
  • 19. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 19 Ele pegou a lista e fez uma marca, assim como eu vasculhava o conteúdo de uma caixa de papelão grande e disse em voz alta. "Fogareiro, combustível, faca, isqueiro, lanterna, vara de pesca, caixa, uma panela e frigideira, kit de primeiros socorros, utensílios, repelente, protetor solar, chuveiro solar, pá, bacia de pl|stico, papel higiênico grande e sacos de lixo.” Os alimentos não perecíveis foram os próximos. Tudo estava desidratado ou em uma lata de metal embalada a vácuo. Havia uma abundância de frutos secos, cereais secos e frutas, carne seca, e uma mistura de bebida em pó que eu poderia acrescentar água. Latas de feijão verde e milho. "A lagoa está cheia de peixes. Há cocos e fruta-pão. Você vai ter muita coisa para comer.” Ele apontou para os três containers de sete galões que continham água potável. "Mantenha-os na sombra", disse ele. "A água não vai ser fria, mas vai ficar um pouco mais fresca. Não é o suficiente para durar por 30 dias, mas se você coletar a água da chuva neste, ele ergueu o recipiente plástico, você ficar| bem.” "Ok", eu disse. Certificar-me de que eu tinha bastante água me deixou nervoso. Quando eu comecei a me corresponder com ele, e expliquei o que eu queria fazer, ele disse que a falta de água doce era o maior obstáculo para viver em uma ilha desabitada. "Certifique-se de colocar tudo o que não pode ser queimado em um dos sacos de lixo. Você vai trazê-lo de volta com você para que possamos descartá-lo.” Eu planejava tratar a ilha como eu faria em um acampamento, respeitando do jeito que eu faria com qualquer pedaço de terra que estava habitando temporariamente. "Eu não vou deixar nenhum lixo para trás." Uma das primeiras perguntas que eu tinha feito era se era mesmo possível fazer o que eu queria fazer, e se ele concordava em ajudar-me a fazê-lo. "A maioria das pessoas visitam estas ilhas desabitadas para um dia ou dois, no máximo", ele disse. "Eles têm um piquenique e obtém sua dose de Robinson Crusoé, em seguida, eles estão prontos para voltar ao seu resort. Eu nunca conheci ninguém que quisesse se instalar em uma delas por tempo indeterminado. Mas se é isso que você realmente quer fazer, eu sei de um lugar que poderia funcionar. É longe, no extremo norte e não há nenhum tráfego aéreo para atrapalhar. O risco de um pouso de hidroaviões na lagoa com um casal de recém-casados a bordo é nulo, então eu não acho que você vai ter que se preocupar com alguém descobrindo você.”
  • 20. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 20 "Isso é exatamente o que eu quero", eu disse. Quando tudo foi desembalado olhei para ele, respirei fundo e disse: "Você deve pensar que eu sou louco." "Eu não vou mentir, filho. Esse pensamento passou pela minha cabeça. Ou isso, ou você quer ficar longe de tudo mais do que ninguém que eu já conheci.” Eu tinha minhas próprias reservas. Esta foi facilmente a coisa mais auto- indulgente que eu já tinha feito. "Talvez eu tire isso do meu sistema mais rápido do que eu planejava", eu disse. Ele limpou o suor do rosto com a cauda de sua camisa. "Agora ouça, a partir de agora até meados de novembro é quando você verá a maior parte da chuva. Você não deve ter nenhum problema para coleta de água para beber porque vai chover várias vezes ao dia. Apenas certifique-se que você sempre tem seu recipiente pronto. A desidratação é a sua maior ameaça aqui, então esteja muito consciente do seu abastecimento de |gua.” Eu sabia que as Maldivas tinham duas estações, a estação chuvosa, ou monções7 do sudoeste, que era a temporada que estávamos no momento, e a seca, ou monções do nordeste, que iria começar a sua transição em dezembro. "E as tempestades?", Perguntei. "Quão grave elas são?" "Elas não são como furacões, nós não temos eles aqui, mas algumas das tempestades poderiam ser muito fortes." "Eu serei capaz de suportar uma na minha barraca?" "Você deve ser capaz sim", disse ele, balançando a cabeça. "Eu vou olhar o radar e ouvir os boletins meteorológicos. Se eu perceber que há uma infusão que é demais para você lidar, eu venho te pegar." Ele colocou a mão no meu ombro. "Você tem que ter cuidado aqui, filho. Tenha cuidado na água e na 7 Monção (do árabe: ‫سم‬ ‫مو‬ [mausim], estação) é a designação dada aos ventos sazonais, em geral associados à alternância entre a estação das chuvas e a estação seca, que ocorrem em grandes áreas das regiões costeiras tropicais e subtropicais. A palavra tem a sua origem na monção do Oceano Índico e sudeste da Ásia, onde o fenómeno é particularmente intenso. A palavra também é usada como nome da estação climática na qual os ventos sopram de sudoeste na Índia e países próximos e que é caracterizada por chuva intensa. Embora também existam monções em regiões subtropicais, por extensão, a designação de climas de monção ou climas monçónicos (tipo AM na classificação climática de Köppen-Geiger), é utilizada para designar o clima das regiões tropicais onde o regime de pluviosidade, e a consequente alternância entre estações seca e chuvosa, é governado pela monção.
  • 21. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 21 terra. Esta ilha não é como um dos resorts." Ele apertou meu ombro e deixou cair sua mão. Eu achei incrível este homem que eu nem conhecia que se preocupava com o meu bem-estar, tendo em conta que a minha própria família não parece se preocupar com nada além deles. Isso me fez sentir bem, como se por uma vez o peso do mundo não estivesse apenas sobre os meus ombros. "Eu vou ficar bem," eu disse. "Mas eu aprecio sua preocupação. Obrigado por tudo.” Ele sorriu e estendeu a mão. "Você é bem-vindo. Chame-me se precisar de mim. Caso contr|rio, eu vou estar de volta em 30 dias.” "Tudo bem." Apertamos as mãos e eu o assisti ir embora, as caudas de sua camisa extragrande batendo na brisa. Ele entrou na água, e o som dos motores do hidroavião logo encheu o silêncio. Quando ele não era nada mais do que um pontinho no céu, eu me virei e comecei a viver a minha nova vida.
  • 22. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 22 Capítulo 3 Owen Anotação do diário 15 de maio de 1999 Cheguei na ilha hoje. Eu montei um acampamento na praia e no final da tarde, sem aviso, começou uma chuva torrencial, o que era estranho, porque o sol ainda brilhava. O calor é sufocante. Quando eu não estava na água eu ficava na sombra, mas os insetos eram terríveis. Eu mesmo pulverizado da cabeça aos pés com repelente de insetos, não mantive todos eles longe, mas a maioria. Notei algumas das maiores e mais arrepiantes aranhas que eu já vi. Elas são marrons com pernas realmente longas, e se eu alguma vez encontrar uma delas na minha barraca provavelmente vou gritar como a porra de uma garota. Quando o sol se pôs os morcegos saíram. Foi uma das coisas mais incríveis que eu já vi. Havia tantos deles, que encheram o céu e bloquearam a luz da lua. É calmo aqui, nada além do som das ondas. A maioria das pessoas provavelmente iria odiar, mas eu nunca me senti mais calmo ou mais em paz. *** 17 de maio de 1999 Passo a maior parte das horas do dia a explorar. Há escolas de peixes na lagoa, e eu gostaria de ter um snorkel para que eu pudesse vê-los melhor. Eu tenho visto caranguejos e tartarugas marinhas e ontem eu pensei que eu vi uma barbatana, mas caiu abaixo da superfície da água antes que eu pudesse dar uma boa olhada nela. Saí da água, apenas por precaução. Eu me esqueci de perguntar sobre os tubarões. Eu sei que eles estão aqui, mas eu não sei se eles vêm dentro da lagoa. Eu provavelmente deveria descobrir.
  • 23. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 23 *** 21 de maio de 1999 Eu não sei como ou por que, mas há galinhas aqui. Eu estava andando na parte mais densamente florestada da ilha ontem, onde a luz do sol só atinge o solo em feixes estreitos, e eu ouvi um som estranho. Em seguida, uma galinha voou para cima na minha frente, e eu quase me caguei. Ela fugiu como se estivesse com medo de que eu fosse atrás dela, o que foi hilário, considerando que eu estava congelado em minhas pernas esperando minha aorta explodir, porque o meu coração estava batendo muito rápido. Eu juro que demorou cinco minutos antes de todas as funções corporais voltarem ao normal. *** 24 de maio de 1999 Perguntas: Galinhas. Mas que diabos? Há algo na lagoa que pode me matar? Aranhas marrons gigantes são venenosas? Não demorou muito até que estabeleci uma espécie de rotina. Acordei cedo e todas as manhãs eu fui para um mergulho e, em seguida, fiz café no meu fogão de acampamento. Depois de um café da manhã com cereais e frutas secas eu costumo escrever em meu diário e depois exploro outra parte da ilha. Já não me sinto tão quente, e houve momentos em que eu fiquei estendido na areia, protegido por um FPS de 50, e deixei o sol bater diretamente em cima de mim. Quando sinto muito calor eu entro na água ou encontro alguma sombra. Eu trouxe o meu livro favorito comigo, um livro de bolso cheio de orelhas, The Stand de Stephen King. Eu abri em uma página aleatória e descobri como Frannie, Stu, Glen e Larry estavam lidando com o supérfluo. Estranhamente, eu não estava entediado. Havia sempre algo para fazer ou ver, e pelo tempo que eu estava na ilha, duas semanas, eu tinha coberto
  • 24. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 24 quase cada centímetro dela. Eu sempre encontrava uma galinha, talvez ela fosse a mesma e sempre batia asas quando me ouvia chegando. Eu também descobri que a ilha incrivelmente tinha uma grande população de ratos, mas eles vinham principalmente à noite, com os olhos brilhando no escuro como se eles afundassem ao longo do chão. Eu tinha visto a barbatana na lagoa de novo, mas desta vez haviam duas. Protegendo meus olhos com a mão, eu estava na praia e apertei os olhos. Eles não se pareciam com tubarões, mas eu não tinha certeza. Eu entrei alguns metros, mantendo um olhar atento sobre as barbatanas, mas sairam da água rápido desaparecendo abaixo da superfície. Eu comecei a tentar adivinhar a hora do dia, olhando para a posição do sol no céu. Várias vezes ao longo da manhã e tarde, eu dava um palpite e puxava meu relógio do bolso para ver se eu estava certo. Choveu com freqüência, o que foi bom para o meu abastecimento de água, mas até agora não havia chovido torrencialmente. Um dia, o céu ficou escuro e eu me sentei na minha barraca e ouvi como a chuva caiu em lençois torrenciais, mas o céu limpou depois de uma hora e eu dei um suspiro de alívio. Comecei a pensar se seria possível construir algum tipo de estrutura fixa na ilha, algo mais resistente em caso de o tempo ficar realmente ruim. A idéia me pegou e eu abri uma página em branco no meu diário e fiz alguns esboços. Quando criança, eu tinha sido obcecado com Legos e Lincoln Logs8, passava horas construindo estruturas elaboradas. Eu sempre quis uma casa na árvore, mas o meu quintal não tinha o tipo certo de árvores para apoiar qualquer coisa que fosse grande. Eu gostei da idéia de construir algo em grande escala, com as minhas próprias mãos. Algo que eu poderia usar como abrigo. Algo para me sentir um pouco mais em casa. 8 Lincoln Logs é um brinquedo infantil que consiste em troncos miniatura entalhados, usados para construir pequenas fortalezas e edifícios. Eles foram inventados por John Lloyd Wright, o segundo filho do arquiteto Frank Lloyd Wright.
  • 25. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 25 Capítulo 4 Owen Anotação do diário 4 de junho de 1999 O hidroavião retornará em 11 dias. Eu não estou solitário —realmente não estou— mas será bom ouvir outra voz humana e ter uma conversa com alguém. Eu descobri que eu gosto de pesca. Usando várias iscas que eu encontrei na caixa de equipamentos, eu fico na lagoa com água até a cintura, esperando para alguma coisa morder meu anzol. Eu peguei peixes variando em tamanho de seis a doze polegadas, mas eu pego apenas o que eu sou capaz de comer em minha próxima refeição. A primeira vez que eu tive que limpar um peixe, eu fiz uma bagunça assustadora nele e quase cortei meu dedo com a faca. Estou melhorando. Faz um longo tempo desde que eu pesquei e meu pai sempre foi aquele que os limpou, então eu estou aprendendo como fazer. Eu descobri que as barbatanas que eu ficava vendo na lagoa pertencem a golfinhos e não a tubarões. Três deles nadaram perto da costa um dia e eu me senti aliviado quando vi seus corpos romperem a superfície. Eu lentamente tenho ficado mais a vontade na água quando eles aparecem e eles estão começando a nadar mais perto de mim. Há geralmente dois ou três deles e no outro dia um deles soprou água pelo seu espiráculo9. Como se ele estivesse dizendo, oi Owen! Eu tenho nadado cada vez por mais longos períodos de tempo. Eu nado paralelamente à costa, em águas não muito profundas, e eu não paro até que meus ombros e peito doam e eu esteja muito sem fôlego para continuar. Eu me sinto incrível depois. 9 Local por onde respiram os golfinhos e as baleias.
  • 26. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 26 *** 7 de junho de 1999 Os golfinhos são fascinantes. Demorou um pouco, mas eles estão finalmente começando a confiar em mim. Eu peguei alguns peixes pequenos e os joguei na boca do golfinho que nadava o mais próximo, e agora ele? ela? não tem medo de mim. Eu converso com eles e é como se eles entendessem o que eu estou dizendo. *** 10 de junho de 1999 Eu passei mais de uma hora hoje alimentando os golfinhos na mão. Eu não acho que eu já tenha usado a palavra "divertimento" na minha vida, mas essa é a única coisa que descreve o que eu vejo quando os golfinhos aparecem e começam a nadar ao meu lado e dar saltos no ar. Eles viram em suas costas e me deixam esfregar suas barrigas e não se importam de modo algum quando eu agarro suas barbatanas e pego uma carona em torno da lagoa. Eu tenho começado a pensar neles como meus amigos. Espero que isso não signifique que eu comecei a perder a cabeça ou qualquer coisa. O hidroavião chega amanhã.
  • 27. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 27 Capítulo 5 Anna É tão difícil compreender o que Owen está nos dizendo. Enquanto eu escuto ele descrever seus primeiros dias eu não posso deixar de lembrar dos meus primeiros dias e os de TJ. Lembro-me de pensar que desde que eu era adulta era meu dever compreender tudo, e o conhecimento disso —o medo— quase me esmagou, porque eu não tinha nenhuma ideia do que fazer. Tudo o que eu sabia era que eu estava apavorada e certa de que nós iríamos morrer. Olhando de relance para TJ, eu paro. O homem sentado ao meu lado no sofá é o meu par, meu confidente. O amor da minha vida. Ele é forte em todos os sentidos da palavra. Mas eu penso no passado e me lembro dele aos dezesseis anos: magricela, inseguro de seu papel, aparelho ortodôntico em seus dentes. Assustado. Em minha mente eu posso ver os lábios rachados do TJ, os cortes em seu rosto, o olho que estava fechado pelo inchaço. Empurrado em outra situação de vida ou morte que ele não tinha escolha a não ser encarar de frente e lutar. Se não tivéssemos estado em uma situação tão extrema, teríamos apreciado a beleza da ilha do jeito que o Owen tinha? Poderíamos ter sentido a paz que ele sentiu? Não importa, porque não podemos comparar o nosso tempo na ilha com o de Owen. Eventualmente, nós tomávamos conhecimento da beleza existente, assim como Owen fez. Mas nós, nenhuma vez, esquecemos o quão vulnerável, o quão impotente nós estávamos. Para nós não havia hidroavião deixando suprimentos. Nenhum telefone por satélite. Nada que nos ligasse com o mundo exterior. Ninguém para nos ajudar. A única coisa que era real, uma constante durante o nosso tempo na ilha, a única coisa que poderíamos contar, era um com o outro. Eu dou uma olhada em TJ. Ele não mostra nenhuma emoção em seu rosto, e eu não sei o que ele está pensando. Ele está lembrando o quão diferente as nossas primeiras semanas foram? Eu estendo minha mão e agarro a sua,
  • 28. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 28 porque agora, neste momento, eu preciso sentir a nossa conexão. Quando ele aperta minha mão eu aperto de volta, do jeito que eu sempre faço. E então eu dirigo minha atenção de volta para Owen, porque por mais difícil que seja lidar com essas lembranças, eu quero ouvir o que ele veio aqui dizer.
  • 29. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 29 Capítulo 6 Owen Eu estava esperando na praia quando o hidroavião pousou na lagoa. Alívio inundou-me quando ouvi o som dos motores e avistei o avião no céu. Embora eu estivesse me acostumando com ela a cada dia, eu não tinha estado na ilha tempo suficiente para me sentir 100% confortável com o corte de laços com o mundo exterior. Eu ainda precisava saber que existia uma conexão com ele. Que ele estava lá para mim, e que eu poderia contar com ele se eu precisasse. Eu tinha enfiado minhas roupas sujas na minha mochila e fechei o resto. Armazenei tudo dentro da barraca e me certifiquei de cravar as estacas tão profundas na areia quanto eu poderia, então a coisa toda não seria soprada pelos ares caso caísse uma tempestade. Eu estava pensando em passar apenas uma noite no continente e voltar na manhã seguinte, uma vez que os meus suprimentos fossem carregados no avião. Eu coloquei todo o lixo que não poderia pôr fogo em um saco plástico e o ergui sobre meu ombro. Descalço, eu andei pela água para me encontrar com o capitão Forrester. Eu não tinha me preocupado com uma camisa, mas ele não pareceu ter prestado atenção. Lancei minha mochila e o saco de lixo primeiro, e ele sorriu para mim quando me arrastei pela porta da cabine. "Uau", disse ele. "Isso é um inferno de um bronzeado impressionante." Ele aproximou-se para apertar a minha mão e bater nas minhas costas. "Como você está, filho?" "Eu estou indo muito bem", eu disse, devolvendo o sorriso. "É bom vê-lo novamente." "Eu vou ser honesto, eu meio que esperava que me ligasse após a primeira semana para me pedir para vir e te pegar. Eu não o teria culpado se você tivesse desistido dessa sua merda. Fico feliz em ver que conduziu bem a solidão."
  • 30. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 30 "Sim. A solidão era exatamente o que eu estava procurando." "Eu acho que você a encontrou. Você pode sentar na frente, se quiser", disse ele, uma vez que ele fechou a porta e sentou de volta em sua cadeira. "Tudo bem." Sentei no assento ao lado dele e prendi o cinto de segurança. "Então, me diga o que você andou fazendo", disse ele, uma vez que tinha decolado. "Você está pronto para desistir de tudo e ir para casa para sempre?" "Ainda não", eu disse. "Eu meio que tenho uma rotina. Conheci alguns golfinhos." "Eu sempre pensei que os animais são a melhor companhia. Contanto que você não represente uma ameaça para eles, eles vão continuar chegando ao redor." "Sim. É incrível, na verdade. É como se eles entendessem o que estou dizendo." "Eu não ficaria surpreso se eles fizerem isso", disse ele. "Como os suprimentos estão indo?" "Estou com pouca água. Eu bebo mais do que eu pensei que eu iria, porque é muito quente. Alimentação está ok, apesar de tudo. Estive pescando muito." "Nada mais gostoso que o peixe que você mesmo pega. Pena que eu prefiro o meu frito e coberto de molho tártaro", disse ele, rindo. Eu ri. "Sim. Eu também. Mas eles ainda têm o gosto muito bom do jeito que eu os cozinho." "Já experimentou os cocos?" "Sim. Eles não são fáceis de abrir. Eu quase cortei a minha mão na primeira vez que tentei."
  • 31. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 31 "Os cocos fazem você trabalhar por sua carne, não há nenhuma dúvida sobre isso." "Você sabia que há galinhas selvagens na ilha?" "Sim. A maioria das ilhas tem algumas correndo por aí." "Você sabe se as aranhas são venenosas? As marrons grandes?" "Aquelas são caçadoras marrons. Elas são assustadoras, mas inofensivas." “E os tubarões?” "O tubarão baleia é o mais comum, mas eles não representam ameaça. Há tubarões martelo aqui, o que poderia causar algum dano, eu suponho. Tubarões de recife, com certeza, mas eles não costumam incomodar ninguém. Imagino que a maioria dos tubarões fica do outro lado do recife, então a lagoa deve ser segura", disse ele. "Mas não é como se houvesse qualquer coisa para mantê-los distante se eles decidirem que querem entrar, então tome cuidado." "Você acha que seria possível eu construir algo na ilha? Livre de perigo? Eu poderia usá-lo para abrigo durante as tempestades." "Depende de quão grande você quer que seja", disse ele. "Não é muito grande", disse eu. "Eu realmente não sei o que quero fazer, então eu terei que descobrir enquanto faço. Materiais como madeira serrada poderiam ser transportados? Haveria espaço no avião?" "Claro, há espaço. Eu posso não ser capaz de trazer tudo de uma vez, mas eu poderia trazer o suficiente para você começar", disse ele. "Não é uma má ideia se você acha que vai ficar por um tempo. Vai mantê-lo ocupado, pelo menos." "Eu vou", eu disse. "Eu definitivamente acho que ficarei lá por um tempo." ***
  • 32. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 32 Depois que nós pousamos, eu tirei minha camisa e sapatos da minha bolsa. Sapatos foi estranho, eu raramente usava-os a menos que eu estivesse na área arborizada da ilha. Puxei minha camiseta sobre a minha cabeça e segui o capitão Forrester através da porta da cabine. "Você tem a sua lista de suprimentos?", questionou. "Sim." Enfiei a mão no bolso e entreguei-lhe a lista que eu tinha feito. "O telegrama chegou ok?" Eu perguntei. "Ele chegou muito bem. Vou comprar tudo em sua lista e deixar a sua espera no avião." "Ok", eu disse. "Obrigado." "Claro", disse ele, e sorriu. "Eu estarei pronto para ir às nove amanhã de manhã, se isso funcionar bem para você." "Funciona bem", disse ele. "Aproveite a noite." *** Ele tinha reservado para mim um quarto com o seu nome no Hulhule Island Hotel perto do aeroporto. Eu peguei um ônibus e em menos de cinco minutos eu estava em pé em frente ao balcão do check-in. A mulher que me atendeu sorriu e me entregou um cartão-chave. "Aproveite a sua estadia", disse ela . "Eu vou. Obrigado." Quando cheguei ao meu quarto eu joguei minha bolsa em cima da cama e imediatamente desliguei o ar condicionado. Abri a janela para deixar entrar o calor, que agora era preferível ao ar frio . No banheiro, eu tive que me examinar mais de perto quando eu peguei o primeiro vislumbre do meu reflexo no espelho. Minha pele nunca foi tão
  • 33. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 33 escura antes. Apesar de ter vivido na ensolarada Califórnia, eu estava pálido como um fantasma quando cheguei na ilha, devido a ficar sentado de doze a quinze horas por dia em frente a um computador. Minha principal fonte de luz tinha sido as lâmpadas fluorescentes do meu escritório. Um mês de pêlos faciais cobriram o rosto. Eu tinha embalado um barbeador descartável e uma lata de creme de barbear, e eu poderia ter raspado se eu quisesse, mas isso não parecia tão importante, então eu os ignorei. Meu cabelo tinha crescido muito, mas estava tão curto, no início, que eu provavelmente poderia adiar o corte de cabelo até o próximo mês. Tirei minhas roupas e tomei um banho longo e quente . Parecia estranho retornar a tais conveniências modernas depois do meu tempo na ilha. Tudo parecia tão possível, como se não houvesse nada que eu não pudesse ter se eu quisesse. Eu quase me senti culpado, embora eu não tivesse ideia do porquê. Quando terminei o banho me sequei e, em seguida, enrolei uma toalha ao redor da minha cintura, enquanto me barbeava. O hotel oferecia serviços de lavanderia, por isso juntei toda a minha roupa suja e chamei a recepção. Eles prometeram enviar uma pessoa para pegá-la imediatamente, então eu coloquei o roupão que eu achei no armário e me estendi sobre a cama . Pensei em ligar o meu celular , mas eu realmente não tinha vontade de verificar para ver quem tinha chamado. Se a minha família e amigos examinaram o conteúdo de meu antigo diário —que eu tinha deixado à vista na mesa de cabeceira no meu apartamento— eles sabiam da minha intenção de vir aqui. Se eles eram tão preocupados com meu bem-estar, e não apenas o meu dinheiro, eles sabiam onde me encontrar. O triste é que eu realmente não acho que eles tinham se incomodado em fazer o esforço. *** Eu pedi almoço no serviço de quarto e, em seguida, tirei um cochilo enquanto eu esperava que as minhas roupas retornassem da lavanderia. Uma batida na porta me despertou do sono e quando eu a abri um
  • 34. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 34 funcionário do hotel me entregou minhas roupas. Elas cheiravam muito melhor do que quando eu cheguei. "Obrigado", eu disse, e eu dei-lhe uma gorjeta generosa. Depois que eu vesti uma camiseta e bermuda, deslizei meus pés em meu tênis, peguei meu cartão e minha carteira, e caminhei para o saguão. Peguei o ônibus de volta para o aeroporto e, em seguida, embarquei em uma balsa chamada de Dhoni para a curta viagem para Malé. Era pintado em tons de azul claro e laranja e estava lotado de turistas. Uma vez que eu cheguei ao continente eu decidi caminhar até o meu destino. Eu poderia ter alugado uma moto ou tomado um táxi, mas eu queria ver a cidade. O folheto turístico em meu quarto no hotel, dizia que quase qualquer lugar em Malé era alcançável a pé em 10 minutos. Eu fiz meu caminho pelas ruas da cidade, parando para observar o mercado local, vendo como os nativos se misturavam com os turistas. Cachos de brilhantes bananas amarelas pendurados no alto, e comerciantes parados ao lado de mesas vendendo produtos locais e frutas frescas. Eu encontrei o mercado de peixe a alguns quarteirões de distância, eu senti o cheiro antes de vê-lo. Uma multidão agitada composta de pescadores e clientes enchiam a área, e eu parei e assisti aos homens cortando os peixes, seu modo de fatiar mais preciso do que qualquer coisa que eu seria capaz. Eu tinha me tornado muito melhor, no entanto, e agora eu perdia quase nada dos peixes quando eu os limpava. Avistei um cartaz que dizia LIVRARIA NOVELTY. Essa foi a principal razão de eu ter feito esta viagem a Malé. Depois de atravessar a rua, eu abri a porta e entrei no espaço com ar condicionado. Prateleiras de papelaria e material de escritório cobriam as paredes. Havia filas e filas de romances e livros, e eu passei por eles lentamente, lendo os títulos nas lombadas, procurando. O ar cheirava um pouco a mofo, do jeito que sempre era quando tantos livros eram armazenados juntos, mas era um cheiro familiar e lembrou-me de todo o tempo que passei na biblioteca da faculdade. Eu finalmente encontrei o que eu estava procurando na seção de não ficção, perto dos livros de autoajuda. A seleção era limitada, mas havia vários livros
  • 35. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 35 sobre construção de casas. Peguei um e abri para ver o índice. Havia capítulos sobre os materiais e ferramentas que eu precisaria, e também as várias técnicas de construção. Eu fiquei lá por 15 minutos folheando os livros, finalmente, escolhi o que tinha mais informações sobre tudo o que eu precisava saber. Eu acrescentei todas as edições atuais de todas as revistas de negócios que eles vendiam, e a edição daquele dia do USA Today. Eu não me arrependia da minha decisão de deixar o mundo dos negócios, nem por um minuto, mas eu ainda sentia o desejo de saber como as tendências atuais estavam se esgotando. Quando deixei a livraria eu estava assoviando, porque eu nunca me sentia melhor do que quando eu tinha um plano. *** Naquela noite eu jantei no bar do meu hotel. Sentei-me no deck e pedi uma cerveja, um cheeseburger e batatas fritas, que tiveram o melhor sabor que qualquer hambúrguer e batatas fritas que já tive. Eu pedi outra cerveja depois que o meu prato esvaziou e bebi enquanto observa o pôr do sol sobre o Oceano Índico. Quando estava totalmente escuro as luzes de Malé iluminaram o céu. Eu andei para dentro e sentei no bar. Muitos dos clientes estavam jogando sinuca ou dardos. Eles pareciam ser uma mistura de empresários de terno e pilotos de hidroavião vestindo camisas de manga curta com nomes e logotipos de suas companhias aéreas. Havia uma clara escassez de mulheres, o que me desapontou, porque depois de trinta dias sozinho, eu teria ficado mais do que feliz em localizar uma garota sentada no bar. Eu tive mais uma cerveja e, em seguida, encerrei a noite e segui para o meu quarto. Antes de ir dormir, abri o livro de construção de casas e fiz uma longa e detalhada lista de tudo o que eu iria precisar. *** Na manhã seguinte, tomei banho e pedi o café da manhã no serviço de quarto. Eu precisava estar no cais em quinze minutos, então eu amontoei minhas compras da livraria na minha bolsa e fiz o check-out.
  • 36. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 36 Capitão Forrester estava esperando por mim. "Bom dia", disse ele. "Pronto para ir?" "Sim". Segui-o através da porta da cabine e mais uma vez me afivelei no assento ao lado dele e vi quando ele passou por sua rotina de inspeção da aeronave antes de iniciar o vôo. "Eu fiz algumas ligações", disse ele. "Eu posso conseguir a madeira que você queria. O homem com quem falei disse que vai cortá-la para você. Você pode me dar uma lista do que você quer? Provavelmente não será até a próxima semana, no entanto. Isso está ok?" "Claro." Eu pesquei um pedaço de papel do bolso da minha bermuda. "Aqui está uma lista de tudo o que irei precisar. Basta enviar a fatura para o meu endereço de e-mail. Você deve receber um pagamento do telegrama dentro de vinte e quatro horas." Ele me olhou estranhamente e disse: "Exatamente em que tipo de negócio você está, meu filho?" "Dot-com10," eu disse, respondendo-lhe rapidamente. Por alguma razão— talvez por ele estar sendo tão útil e tão agradável— era importante para mim que ele não achasse que eu tinha ganho o meu dinheiro com tráfico de drogas ou alguma outra atividade ilegal. "Mas eu não estou mais no negócio. Eu vendi a minha participação na empresa bem antes de vir para cá." "Então você teve parceiros?" "Eu tive três." Scott e eu crescemos juntos, ele se mudou para a casa do outro lado da minha rua quando estávamos na primeira série. Conheci Tim e Andrew no meu primeiro ano na UCLA. Nós quatro criamos uma empresa on-line após a graduação, para vender espaço publicitário na Internet. Nós registramos o nosso nome de domínio e nos aproveitamos dos juros baixos e da confiança do mercado. Todos nós sabíamos que estávamos nos 10 Uma empresa que adota a internet como componente chave para o seu negócio. Dotcom são assim chamados por causa das URL que os clientes visitam para fazer negócios com a empresa, por exemplo, www.Amazon.com. O "com" significa "comercial".
  • 37. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 37 esforçando para avançar com o próximo grande sucesso e nós estávamos muito ansiosos para nos juntar à corrida do ouro da Internet. "Deve ter sido uma empresa muito bem sucedida." "Nós fizemos tudo muito bem", eu disse. A empresa não tinha sido o meu primeiro empreendimento online. Eu já tinha tido grande sucesso vendendo coisas no eBay, antes do site de leilões realmente atingir o grande público. Uma das primeiras coisas que eu vendi foi a velha coleção de bonecas Barbie da minha irmã. Ofereci-lhe uma divisão 60-40 e vendi todo o lote por quinhentos dólares. Tinha sido tão fácil— nada mais que alguns cliques no mouse— e depois daquilo eu estava viciado. Passei meus fins de semana vasculhando anúncios de jornal e conduzindo venda de imóveis, comprando qualquer coisa que eu achasse que poderia ter lucro com a venda. Eu não tinha espaço suficiente no meu dormitório, então eu transportei tudo de volta para a casa da minha mãe e guardei no meu antigo quarto ou na garagem ou em qualquer outro lugar que eu pudesse encontrar para colocar. Minha mãe se casou novamente três anos após a morte do meu pai— algum aproveitador que eu não tinha gostado ou confiado desde o primeiro dia— e minhas pilhas de estoque o deixaram louco. Eu lhe disse que iria pagar a sua hipoteca se ele parasse de reclamar, e desde que ele estava frequentemente desempregado, sabiamente concordou. Ele calou-se depois disso. Eu não podia acreditar em quanto dinheiro eu fiz durante o meu último ano de faculdade. Na maioria dos meses eu ganhava mais de vinte mil dólares, e a única razão pelo qual eu não ganhei mais foi porque havia apenas vinte e quatro horas em um dia. Eu sempre fui bem na escola, mas eu tinha que virar noites constantemente a fim de equilibrar as minhas demandas de negócios com a carga horária do curso e minhas atribuições. Após eu me formar com meu grau em negócios eu decidi que eu queria expandir, fazer algo em uma escala maior. Algo que não exigisse coleta e armazenamento de uma grande quantidade de estoque. Venda de espaço de publicidade online parecia ser a solução perfeita, e eu juntei forças com
  • 38. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 38 Scott, Tim e Andrew, que estavam igualmente entusiasmados. Esse foi o primeiro erro que cometi. Como em muitas empresas recém-formadas, passamos 90% dos nossos dias de trabalho de quinze horas naquele primeiro ano tentando gerar publicidade para a empresa. Publicidade para uma empresa que ainda tinha que produzir qualquer coisa. Nós fomos atrás de capital de risco de forma agressiva, e os investidores não podiam esperar para nos dar. Eles pareciam não se importar assumindo um risco por nós, e por que eles não se preocupavam? Éramos quatro confiantes, bem formados estrelas em ascensão com um inteligente plano de negócios. Não feriu quando uma publicação empresarial nacional nos apelidou de "quatro a observar." Nós tínhamos derramado muito do nosso capital inicial no nosso espaço de escritório, e foi ideia de Scott nós nunca mais sermos vistos em qualquer coisa que não fosse terno e gravata, mesmo nos fins de semana. Eu odiava aquilo, e protestei em voz alta, mas fui voto vencido, e de repente estávamos todos nos vestindo como banqueiros. Os bons carros e os almoços e jantares com reembolso de despesas vieram em seguida. Eu odiava aquilo também. Eu queria estar na frente do meu computador trabalhando. Criando. Não dizendo a todos o quão grande nós iríamos ser. Mais uma vez eu estava em minoria, e eu comprei uma BMW e estacionei minha caminhonete na garagem da minha mãe. Para mim, tudo parecia como fumaça e espelhos. Começamos a ter um monte de calorosos desentendimentos, e, finalmente, pedi a eles para comprarem minha parte. Nós tínhamos levantado uma quantidade impressionante de capital de empresas até então, e eu pedi três milhões de dólares. Em troca, eu abria mão do meu direito a algum lucro futuro. Eles pensaram que eu estava louco, e Scott ainda me puxou de lado e tentou me convencer do contrário, eu acho que ele se sentiu culpado. Mas eu tive um mau pressentimento sobre o rumo da empresa e só queria sair. Eu já tinha muito no banco, e três milhões além do que já tinha significava que eu poderia ir a qualquer lugar e fazer qualquer coisa que eu quisesse. A voz de Capitão Forrester interrompeu meus pensamentos. "Será que esses seus ex-parceiros sabem onde você está?", Questionou.
  • 39. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 39 "Não", eu disse, porque eu não tinha me dado ao trabalho de dizer-lhes. Eu não sabia se alguma vez eu veria aqueles caras novamente. Nem mesmo Scott, meu amigo de infância. Ele tinha sido o que mais mudou, e era a sua insistência que geralmente resultava nas decisões de negócios mais arriscadas. Ele tinha grandes objetivos, mas eu duvidava da sua capacidade de executá-los. "Parece que a empresa estava indo muito bem", disse ele. "Algum arrependimento?" Às vezes eu pensava nos milhões que eu tinha me afastado. Um jornal local fez uma reportagem sobre nós, e eles listaram tudo em detalhes: os nossos salários, bens, ganhos projetados. Parecia que tínhamos dinheiro para queimar. Não ajudou que eles tiraram fotos de nossos escritórios e uma de Scott ao lado de seu Range Rover . De repente, todo mundo sabia do nosso negócio. E era engraçado como as pessoas mudavam quando descobriam que você tinha dinheiro. Como eles agiam como se você lhes devesse algo, e não merecesse ficar com tudo, simplesmente porque era muito. Minha irmã tinha sido a primeira a perguntar. Ela disse que se não fosse por ela ter me permitido vender suas bonecas Barbie, eu nunca teria sido bem-sucedido. Era uma besteira, e nós dois sabíamos disso, mas eu dei-lhe o dinheiro de qualquer maneira, pensando que o pedido seria feito uma só vez. Esse foi o segundo erro que cometi. "Não. Não me arrependo de modo algum", disse eu. Quando chegamos à ilha nós carregamos os novos suprimentos para a praia, principalmente comida, água e combustível para o fogão. Sorri quando abri uma caixa que continha enlatados e produtos de higiene pessoal e notei a máscara de snorkel e nadadeiras dobradas no lado deles. "Hey," eu disse. "Eu queria te pedir isto. Você deve ter lido minha mente." "Eu achei que você poderia dar-lhes um bom uso. Alguns dos melhores mergulhos do mundo estão aqui." Eu não conseguia me lembrar da última vez que alguém tinha feito algo pensando em mim, e eu me senti estranhamente emocionado. "Sim. Isso é ótimo."
  • 40. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 40 Ele olhou em volta para as caixas e disse: "Bem. Isso é tudo. Eu estarei de volta em cerca de uma semana com o sua madeira e ferramentas. Vou trazer o que eu posso e voo com o restante conforme sua necessidade." "Obrigado", eu disse. "Eu realmente aprecio tudo que você fez por mim." Ele sorriu e disse: "Por nada, meu filho." Apertamos as mãos e depois que ele decolou eu o assisti até que ele não era mais que um pontinho no céu.
  • 41. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 41 Capítulo 7 Owen Anotação do diário 18 de junho de 1999 Nos últimos dois dias passei a maior parte do tempo mergulhando na lagoa, parando apenas quando os golfinhos se juntavam a mim. Tudo parece tão claro quando vejo através da máscara. As cores dos peixes são mais brilhantes e eu posso ver coisas que eu não podia ver antes, como suas listras ou outras marcas. Eu me aventurei a sair do recife algumas vezes. A cor da água fica cada vez mais escura, e uma vez que ela não é mais azul clara, eu sei que estou no profundo mar aberto. Isso me deixa nervoso, porque eu me lembro do alerta sobre tubarões. Eu li os cinco primeiros capítulos do livro de construção de casa que comprei em Malé e fiz alguns esboços. Estou ansioso para começar. Amanhã eu vou escolher um local para construir. *** 19 jun 1999 Eu não posso esperar para ter os meus materiais de construção, porque eu encontrei um ótimo local na floresta. Não é muito longe do meu acampamento na praia, e as árvores deveriam me dar alguma proteção extra contra as tempestades, já que nenhuma delas caiu na minha casa. Eu vou ter que limpar a vegetação próxima, o que será um trabalho pesado, mas eu já usei a pá para cavar um pouco da vegetação rasteira. *** 20 de junho de 1999 Eu vi um tubarão hoje. Fui mergulhar depois do almoço e passei mais de uma hora perto do recife. Eu estava tão fascinado por tudo o que eu vi que eu não percebi o tubarão até que ele nadou ao meu lado. Acho que era um tubarão de recife. Levou tudo que eu tinha para não entrar em pânico.
  • 42. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 42 *** Eu pulei quando o telefone por satélite tocou. A única razão de eu ter conseguido ouvir foi porque eu entrei na barraca para pegar uma camisa na minha mochila quando ele tocou. Eu não estava acostumado a ouvir o som de um telefone – eu não estava acostumado a ouvir qualquer outro som além do bater das ondas, e demorou um segundo para eu descobrir o que estava acontecendo. Eu consegui encontrar o telefone, enterrado sob a minha roupa, e agarrei-o antes de desligar. No display lia-se FORRESTER. "Olá," eu disse. "Ah, bom. Ele funciona", ele respondeu. "Uh, você achou que não funcionava?", Perguntei. "O cara que me vendeu disse que poderia ser um pouco temperamental." "Oh. Ok. Eu vou manter isso em mente". Isso do telefone nem sempre poder funcionar, realmente não me incomodou. As viagens de volta para o continente eram a minha rede de segurança. Mesmo se algo acontecesse, se eu ficasse doente ou ferido, eu sabia que o hidroavião voltaria, eventualmente. Troquei o volumoso telefone para a minha outra orelha. "O que está acontecendo?" "A pressão está caindo. Haverá uma tempestade esta noite. Nada grave, nada que você não possa lidar. Só não quero que você se estresse e acho que vou deixá-lo aí para lidar do seu jeito. Você vai lidar com muita chuva. Algum vento. Nada muito terrível, no entanto". "Obrigado por me avisar." "Sem problemas. Sua madeira e ferramentas estarão prontas amanhã. Levarei na parte da manhã". “Deu tudo certo com o envio do telegrama?” Eu esperava que a minha voz não soasse muito ansiosa para ele como soou para mim. “Seu telegrama sempre d| certo”, disse ele. "Não precisa se preocupar. Nos vemos amanhã. Tome cuidado esta noite". "Obrigado. Eu vou".
  • 43. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 43 *** Naquela noite, pouco antes do por do sol, os ventos chegaram e a água se agitou na lagoa. Relâmpagos iluminaram o céu e eu quase podia sentir a queda na pressão barométrica. Esperei nervosamente, e quando todo o peso da tempestade chegou, eu assisti os lados de nylon da minha tenda serem onduladas e tensionadas nas emendas, mas felizmente tudo foi salvo e depois de várias horas a tempestade cessou. Esta foi a pior noite desde que eu tinha chegado à ilha, porque eu me senti vulnerável e completamente à mercê dos acontecimentos. Talvez na próxima eu esteja bem no meu caminho para a construção de algo melhor equipado para resistir a tudo o que a Mãe Natureza tinha reservado para mim. *** Eu estava sentado na praia, comendo meu café da manhã, quando ouvi o zumbido dos motores. Quando o hidroavião pousou na lagoa eu fui até ele e passamos a próxima meia hora descarregando do porão de carga todos os materiais de construção. Uma vez que tínhamos levado tudo para a praia, ele perguntou: "Como, exatamente, você vai construir esta casa sozinho?". "Aos poucos, e com um monte de tentativas e erros", eu disse. "Eu comprei um livro. Isso deve me ajudar um pouco, eu espero". "Por quanto tempo você está pensando em ficar aqui? Eu vou ser honesto, eu não achei que você faria isso por tanto tempo. Mas parece que você gosta daqui", disse ele, rindo. "Então agora eu estou curioso." "Eu não sei. Há algum problema se eu ficar? Meu visto está em aberto. Você acha que alguém se importaria de eu ainda estar aqui?" "Bem, acho que eles teriam que encontrá-lo primeiro. A maioria dos hidroaviões toma rotas mais diretas no caminho para os resorts. Qualquer pessoa voando nesta vizinhança teria que ter um motivo para estar tão longe da borda norte. Então, se eles se depararem com você, eles ainda terão que decidir se valeria a pena parar para você. A maioria dos pilotos provavelmente não dá uma segunda olhada, para ser honesto. Não é incomum turistas que visitam as ilhas desabitadas. Eles apenas não ficam o tempo que você precisa ficar. A menos que você esteja em pé na praia com um sinal de fogo e um SOS gigante desenhado na areia, um piloto, provavelmente, não se preocuparia em investigar".
  • 44. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 44 Eu balancei a cabeça. "Tudo bem." "Você não respondeu a minha pergunta", disse ele. "Eu acho que eu vou ficar aqui até que eu tenha uma razão suficiente para ir para outro lugar".
  • 45. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 45 Capítulo 8 Owen Construir uma casa sozinho não era fácil. Parei com frequência para consultar o livro que estava aberto em todos os momentos, às vezes literalmente coçando a cabeça enquanto eu tentava descobrir o que fazer em seguida. Eu não tinha ninguém para segurar as placas fixas, por isso tive que utilizar um sistema que utiliza tocos de árvores apoiados ao lado das seções moldadas para mantê-los no lugar. Eu perdi a conta de quantas lesões menores me atingiram quando alguns bateram na minha cabeça ou caíram no meu pé. Era tedioso e trabalhoso, mas isso realmente não me incomodava. Enquanto eu trabalhava, deixei minha mente vagar, e às vezes, quando eu puxava o meu relógio do bolso, eu não podia acreditar em quanto tempo tinha passado. Eu nunca tinha feito nada tão físico antes, e meus músculos doíam em lugares novos a cada dia. Um dia eu estava tão dolorido, que mal conseguia levantar os braços acima da minha cabeça quando fiz uma pausa para nadar. Mas a dor muscular logo diminuiu gradualmente, e eu fiz um progresso lento e constante. À medida que as semanas passavam, eu passava cada vez mais tempo na floresta. Eu já não notava os mosquitos, as aranhas e o calor. Muitas vezes eu ia trabalhar até que estivesse totalmente escuro e os ratos saiam, mas mesmo eles não me incomodavam muito. Lembro de me surpreender na primeira vez que eu percebi que, de alguma forma, eu tinha transformado uma pilha de madeira que eu havia levado para a floresta, uma de cada vez, em algo parecido com uma casa. *** Em meados de outubro, eu peguei o telefone por satélite e apertei o botão que dizia FORRESTER. Quando ele atendeu a primeira coisa que ele disse foi: "Está tudo bem?". "Sim", eu respondi. "Tudo está bem. Ótimo, na verdade. Eu só queria te dizer que eu não quero visitar o continente neste mês. Eu estava esperando que eu pudesse lhe passar minha lista por telefone e você pode trazer tudo para mim. Talvez ficar por uma hora mais ou menos".
  • 46. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 46 "Claro", disse ele. "Me diga o que você precisa". "Preciso de mais madeira serrada, com certeza. Tenho poucos pregos e parafusos, também. Ah, e cola de madeira. Eu deveria ter usado desde o início. Quanto ao resto, basta trazer as mesmas coisas que você está trazendo. Talvez um pouco mais de comida. Eu estive realmente com fome recentemente". "Tudo bem", disse ele. "Madeira serrada e comida. Eu posso fazer isso". "Obrigado. Vejo você em breve". *** Quando o hidroavião pousou na lagoa, alguns dias depois, eu mal podia conter a minha emoção. Não era porque eu tinha um visitante – não realmente - porque naquele momento estar sozinho parecia natural. Claro, era confortável saber que estar na ilha por cinco meses não havia me transformado em algum recluso estranho ou qualquer coisa. Eu ainda desejava companhia e conversa. Mas eu queria mostrar a alguém o que eu tinha construído com as minhas próprias mãos. Eu sentia orgulho do que eu tinha feito até agora, apesar de todos os cálculos, a estrutura de madeira não era tão impressionante. Mas foi a primeira vez que eu criei algo que era tangível. Que eu podia ver em todas as suas dimensões. Caminhando em torno dela. Entrar nela e estar cercado por quatro paredes reais. Eu caminhei até o avião. Ele apertou minha mão e me deu um tapinha nas costas. "Deveria ter me dito para trazer algumas tesouras, filho", disse ele, rindo. "Parece que você poderia usar para um corte de cabelo." Eu desisti do corte de cabelo na última noite que passei no continente. Eu tinha toda a intenção de visitar o barbeiro, mas depois decidi que preferia passar a tarde bebendo no bar do hotel com alguns turistas da Alemanha. Minha saída com eles resultou comigo desmaiado no meu quarto de hotel, dormindo até o início da manhã seguinte. Quando acordei com uma cabeça latejando eu jurei que nunca beberia novamente. Corri minhas mãos pelo meu cabelo desgrenhado. Eu tinha pegado um pequeno espelho na loja de presentes do hotel, e eu estava me esforçando para fazer a barba, mas eu tinha pelo menos uma semana de barba no meu rosto. "Sim, eu não tenho estado tão bem preparado nos dias de hoje." "É, e quem se importa", disse ele.
  • 47. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 47 "Obviamente, não eu," eu disse, rindo. "Será que o telegrama...". “... foi enviado ok? Foi entregue, tudo certo”, disse ele. "Vamos. Vamos pegar esse material que ainda não foi descarregado. Eu quero ver o que você tem feito desde que estive aqui pela última vez". *** Quando tudo estava empilhado na praia eu liderei o caminho em direção ao centro da ilha. Eu me virei e olhei a cara dele quando chegamos a casa. Seus olhos se arregalaram, e eu poderia dizer que o que eu tinha feito tinha superado suas expectativas. Ele caminhou ao redor de toda a casa. "Eu não posso acreditar que você fez isso tudo sozinho", disse ele. "Estou muito impressionado". "Foi muito devagar no início, mas eu estou ficando mais rápido. Levantar as paredes foi a parte mais difícil. Eu coloquei-as juntas no chão, mas não tinha ninguém para me ajudar a levantá-las no lugar. Eu percebi isso, no entanto". "Você fez um ótimo trabalho", disse ele, usando seu antebraço para limpar o suor de seu rosto. "Você construiu sua própria fortaleza na floresta". "Bem, um forte de qualquer maneira", eu disse, rindo. "Eu não acho que os homens jamais superam o desejo de ter um...”. "Não. Eu acho que não". *** Eu decidi pescar para o nosso jantar. Não demorou muito para pegar e limpar três peixes de tamanho decente, e logo estavam chiando na frigideira. "Posso te ajudar com alguma coisa?", ele perguntou, baixando a grande moldura ao chão próximo ao fogareiro do acampamento. "Não, obrigado. Deixa comigo”. Percebendo que ele não parecia tão confortável, eu disse: "Talvez eu devesse lhe pedir para trazer algumas cadeiras de jardim. Desculpe por isso". "Está tudo bem", disse ele. "Eu só tenho cerca de trinta anos a mais que você. Minhas juntas não são tão fortes como elas costumavam ser".
  • 48. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 48 Eu enchi uma panela pequena com água e quando começou a ferver eu abri um pequeno saco plástico e derramei algumas batatas desidratadas. Quando os peixes cozinharam, tirei-os da panela, abri uma lata de feijão verde, e joguei na panela, adicionando um pouco de água. No momento em que as batatas terminaram de cozinhar, os grãos estavam aquecidos. "Com certeza é tranquilo aqui", disse ele. "Eu estou acostumado com os resorts, e todo o movimento de pessoas ao redor. O barulho". "Eu me acostumei com isso", eu disse. "Eu gosto de não ouvir qualquer som que não sejam as ondas". Eu mexi as batatas, tirei do fogo, e coloquei a tampa sobre elas. Os feijões também já estavam fervendo, então eu desliguei o fogão e fiz nossos pratos, entregando um para ele. "Obrigado", ele disse. Sentei-me ao lado dele e nós comemos. "Você falou com sua família recentemente?", ele perguntou. Eu balancei minha cabeça. "Eu não falo com eles desde que eu saí de casa." "Isso deve ter sido algum desentendimento que você teve com eles" "Não desentendimento... Eles simplesmente não se importam”. Eu parecia um adolescente mimado quando eu disse isso, e ele foi direito ao ponto. "Eu tenho certeza que eles se importam." Larguei o meu prato e limpei a boca com as costas da minha mão, guardanapos nunca estavam na minha lista de suprimentos. "Em março de 1999 a minha empresa doou dinheiro para comprar computadores recondicionados para uma escola pública em um bairro de baixa renda. Recebemos pedidos de doações o tempo todo, mas ninguém quis conceder este. Meus parceiros de negócios disseram que não era de alto perfil o bastante. Eu batalhei o bastante para isso e eles finalmente concordaram, provavelmente porque se cansaram de me ouvir falar sobre isso". Ele largou o prato vazio. "Você quer um pouco mais?", Perguntei. "Ainda sobrou algum"
  • 49. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 49 "Não, obrigado", disse ele. "Vá em frente." "O diretor e os professores da escola estavam mais do que agradecidos e queriam que a apresentação do cheque fosse feita para toda a escola. Eu providenciei um repórter e um fotógrafo para a apresentação. Imaginei que as crianças ficariam extasiadas ao ver sua foto no jornal e isso tiraria meus parceiros das minhas costas porque iria gerar um pouco de publicidade”. "Como minha mãe foi quem me comprou o meu primeiro computador, eu pensei que ela e meu padrasto gostariam de participar. Eu estava orgulhoso do que a nossa empresa havia feito. Eu esperava que a doação pudesse inspirar outra criança a se interessar por computadores, assim como eu na mesma idade. Deixei um recado na secretária eletrônica da minha mãe, dando-lhe os detalhes sobre quando e onde a apresentação seria realizada, mas ela nunca retornou. Ela e meu padrasto viajavam muito, então eu não tinha certeza de que ela chegou a receber a mensagem. Eu estava trabalhando muito, por longas horas, e já fazia algum tempo desde que eu tinha visto ela". Eu hesitei por um segundo, porque eu não tinha certeza que eu queria dizer a ele o restante, mas por algum motivo eu achei fácil conversar com ele. "Eu não ligo para o meu padrasto. Ele se casou com a minha mãe cerca de três anos depois que meu pai morreu, e nós realmente nunca demos certo”. "De qualquer forma, eu não recebi qualquer retorno da minha mãe, mas no dia da apresentação na escola eu a vi e meu padrasto na arquibancada. E eu me senti muito bem, sabe?" Ele acenou com a cabeça. "Quando a multidão se espalhou e os alunos começaram a voltar para suas salas de aula, eu fui até eles. Eu finalmente me senti como se eu tivesse feito algo de valor e vê-los lá fez eu me sentir ainda melhor. Eu deveria saber que algo estava acontecendo, no entanto. Meu padrasto não estava sorrindo e minha mãe parecia preocupada. Eles estavam indo para o aeroporto, para pegar um voo para o Havaí. Mas havia um problema com o dinheiro que eu enviava todos os meses. O problema era que ele não havia chegado". "Você lhes enviava dinheiro todos os meses?" Eu balancei a cabeça. "Meu padrasto estava desempregado há dois anos. Ele não conseguia encontrar um emprego que se ajustava bem, disse ele. Eu já havia pagado sua hipoteca, mas ele chamou e disse que seria melhor se eu apenas transferisse um valor definido para sua conta conjunta todo mês e
  • 50. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 50 eles pagariam a hipoteca e as outras contas. ‘Melhor para você’, eu disse a ele. Eu não queria fazer isso, mas eu me preocupava com a minha mãe. Ela era gerente de atendimento ao cliente e trabalhava muito. Eu descobri pela minha irmã que minha mãe estava fazendo horas extras. Se o dinheiro ainda estava apertado para eles, mesmo sem uma hipoteca para pagar, isso me fez pensar que meu padrasto estava gastando tudo. Eu odiava pensar que ela estava fazendo horas extras e ainda não era capaz de sobreviver, então eu disse que faria, mesmo o valor mensal sugerido por ele sendo ridículo”. "Era o primeiro dia do mês e eu não sei o que aconteceu, mas a transferência automática que eu configurei não funcionou. Isso sempre havia funcionado antes, então minha mãe e meu padrasto estavam lá naquele ginásio vazio e esperaram enquanto eu ligava para o banco. Aparentemente houve algum tipo de falha e resolveram pelo telefone”. "Ah", disse ele. "Agora eu entendo porque você sempre pergunta". "Meu padrasto foi embora, mas minha mãe ficou para trás. Ela me agradeceu pelo dinheiro e me disse que estava orgulhosa do que minha empresa tinha feito para a escola, e orgulhosa de mim. Ela me abraçou e quando se afastou, tinha lágrimas nos olhos. Então ela disse adeus e se apressou para alcançar o meu padrasto." "Eu sinto muito." "Eles não tinham vindo à apresentação por mim. Foi para eles mesmos e para o dinheiro. Isso é tudo que eu realmente era para eles, uma fonte de renda”. “As pessoas vão continuar pegando enquanto você continuar dando. Foi a mesma coisa com a minha irmã. No começo todo mundo estava grato pelos presentes. Em seguida, eles começaram a esperá-los. E então eles pareciam ficar com raiva quando eu não dava. Como se eles merecessem e se ressentiam por ainda ter que pedir. Poucos dias antes de eu sair da Califórnia cancelei as transferências automáticas. Eu paguei a hipoteca, assim minha mãe sempre terá um teto sobre sua cabeça" . "Será que ela sabe que você está aqui?", Questionou. "Sim. Mas ela é a única que sabe. Eu teria me sentido uma merda por preocupá-la. Eu a encontrei depois do trabalho pouco antes de vir pra cá e disse a ela sobre meus planos. Eu disse que estava deixando o meu diário para trás e se alguém quisesse, seria capaz de me seguir para as Maldivas.
  • 51. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 51 Depois disso, eu sabia que eles provavelmente não seriam capazes de me encontrar. Eu disse a ela que o dinheiro que costumava enviar todo mês seria depositado em uma conta no nome dela e no meu, e ele estaria lá se ela algum dia resolver deixar o marido. A conta exige duas assinaturas para a retirada, o dela e de um homem chamado Brian Donahue, que é um dos meus professores da faculdade. Ele era a única pessoa que eu podia confiar. Liguei para o banco do meu quarto de hotel na nossa última saída para compras de suprimentos. Até agora não houve qualquer retirada, de modo que ela ainda está escolhendo ele, o que está tudo bem. Amor por dinheiro, certo?" "Isso é como deve ser", disse ele. "Mas se ela quiser desistir, ela pode”. Minha irmã – que nunca parou de pedir dinheiro – recebeu montante final, e eu não me senti nem um pouco culpado por acabar com isso. Foi um valor alto o suficiente para que se ela acabar com tudo não terá ninguém para culpar além de si mesma. Ela se casou tão bem quanto a minha mãe, e eu teria gostado de ver o olhar no rosto do seu marido quando ele percebeu que não haveria mais dinheiro. "O que você fez é muito admirável", disse ele. "Mas você não sente como se fosse o único que saiu perdendo? Você é o único que teve que se afastar de tudo". Dei de ombros. "Talvez. Mas isto parece o suficiente, no entanto. Pelo menos por enquanto”.
  • 52. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 52 Capítulo 9 Owen Eu encontrei a caverna em janeiro. Estranhamente, nos oito meses que eu estive na ilha eu nunca tinha notado. Aconteceu de eu estar olhando para baixo quando eu andava, e uma pilha de gravetos e folhas em decomposição que tinha se amontoado contra a abertura chamou minha atenção. Afastei para o lado e cautelosamente enfiei a mão, tentando sentir ao redor. Caminhei até a praia e voltei com uma lanterna, em seguida, arrastei para frente o suficiente para colocar minha cabeça dentro da caverna. Cheirava a mofo e eu percebi o quão pequeno o espaço era. Eu tinha que colocar a lanterna debaixo do braço e me contorcer através do meu estômago. A área não era muito maior do que a minha barraca para duas pessoas. Não havia nada de interessante lá dentro, apenas mais folhas. Algo correu lentamente pelo chão, mas quando eu apontei a lanterna, ele saiu correndo. Eu apontei a luz para o teto da caverna, esperando não ver centenas de morcegos pendurados de cabeça para baixo. Felizmente, não havia nada acima de mim a não ser algumas dessas aranhas marrons gigantes que eu ainda não tinha me acostumado tive sorte não havia morcegos, porque se a caverna era onde eles se penduravam, eu provavelmente teria rastejado direto para uma grande pilha de sua merda. Saí da caverna e me levantei, respirando profundamente para limpar o cheiro de mofo do meu nariz. Não há razão para voltar lá, pensei. Nenhuma razão mesmo. *** Nos quatro meses seguintes eu me concentrei em terminar a casa. Eu nunca me achei um grande carpinteiro, mas como a casa tomou forma eu senti que havia feito um ótimo trabalho, considerando a minha falta de treinamento. A casa tinha dois quartos, com uma porta entre eles. Achei o piso de madeira muito áspero para andar com os pés descalços, então eu passei horas lixando à mão, usando folha após folha de lixa. Fiz o telhado de palha, porque eu queria economizar a madeira para as paredes e o chão, mas eu tinha o suficiente para construir uma estrutura de vigas de madeira, que, em seguida, foi coberto com camadas de folhas de palmeira. Eu transportei todos os meus pertences para a casa, e tentei dormir nela por algumas
  • 53. Tracey Garvis Graves – On The Island 1,5 – Uncharted An On The Island Novella 53 noites, mas eu preferia minha barraca na praia e o som das ondas quebrando. Os sons eram muito diferentes à noite, quando eu dormia na casa. Havia um zumbido constante dos insetos e o som dos ratos correndo. Montes e montes de ratos. Não era horrível, mas eu ainda preferia o som do oceano. Era a estação seca e o clima estava ameno, então eu não sei o quão bem a casa iria enfrentar uma tempestade. Por não ter chovido tanto, eu dependia da água que acabou mais rápido que nos meses anteriores. E a cada trinta dias ou mais, quando eu ouvia os motores do hidroavião, eu sorria, porque isso significava que eu teria companhia para o jantar. Quando eu não estava trabalhando na casa eu estava na água, nadando. Eu não tinha dúvida de que eu estava em ótima forma, como nunca estive. Eu poderia nadar por um longo tempo sem ficar sem fôlego, e eu me sentia mais forte como nunca. Eu sabia que tinha ganhado peso, mas era puro músculo. Quando eu não estava nadando eu estava mergulhando. Eu finalmente me sentia mais confortável em mar aberto. Havia tanta coisa para ver que às vezes, quando eu me aventurava para as profundezas do oceano, onde a água azul claro fica escura, eu esquecia o quão baixo na cadeia alimentar eu realmente estava. Foi em um desses dias que eu experimentei um encontro verdadeiramente incrível, embora quando eu peguei pela primeira vez um vislumbre com o canto do meu olho, eu congelei de terror, certo de que eu iria ser engolido inteiro por esta criatura enorme. Percebi de repente que era um tubarão-baleia, assustadoramente grande, mas que não estava interessado em comer qualquer coisa além de um plâncton. Devia ter quarenta ou cinquenta metros de comprimento, e eu nadava ao lado dele, com uma mão ao seu lado. Ele deslizou pela água, sua boca aberta até que ele virou-se e nadou para longe. Eu assisti ele ir, com a certeza de que eu tinha acabado de ver algo que poucas pessoas teriam oportunidade. *** Em maio, um pouco antes da estação das chuvas começar novamente, eu decidi que queria visitar o continente. Eu realmente precisava de um corte de cabelo, eu não me importava de usar o meu cabelo comprido, mas tinha chegado ao ponto em que ele estava constantemente em meus olhos e fazia a parte de trás do meu pescoço suar. Além disso, eu desejava um cheeseburger e uma cerveja, e eu senti que seria bom tomar um banho de verdade e dormir em uma cama.