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FREI LUÍS DE SOUSA
DE ALMEIDA GARRETT
Trabalho
realizado por:
Ana Gomes nº1
11ºA
História:
• D. Madalena de Vilhena casa com D. João de Portugal, que parte
para Alcácer Quibir integrado no exército do rei D. Sebastião.
• Depois dessa fatal batalhas, D. João desaparece e a esposa
manda procurá-lo, durante sete anos. Após essa busca
infrutífera, D. Madalena casa com Manuel de Sousa Coutinho de
quem tem uma filha, D. Maria de Noronha.
• Em 1599, D. João regressa e dá-se a destruição da família –
Maria morre e os pais professam a vida religiosa, ou seja,
renúncia à vida em comum, deixaram de ser marido e mulher, e
cada um deles opta por uma solução – ingressarem num
convento: D. Madalena entra no Convento do Sacramento e
Manuel de Sousa Coutinho no Convento de São Domingos de
Benfica.
D. Madalena de Vilhena:
Caracterização geral da personagem:
• É uma mulher nobre, uma personagem de elevada estirpe social,
apaixonada, pessimista, melancólica, desesperada, aterrorizada
pelo passado, sempre muito angustiada, vive num conflito
interior, ora são as vezes que está tranquila consigo mesma, em
paz, ora são as vezes que se sente com medo, culpando-se pela
tragédia de D. João de Portugal e a possibilidade da sua
existência.
• Sonha com a fuga para um mundo imaginário, sendo assim,
alguém muito instável, e o seu temperamento deve-se à
sequência de acontecimentos passados.
ACTO I (cena I)
• D. Madalena abre a obra com a leitura do episódio de
Inês de Castro, “Naquele engano d’alma ledo e cego //
Que a fortuna não deixa durar muito…” dos Lusíadas,
o que nos mostra que para além de ser uma dama
(pois apenas um determinado estatuto social é que
tinha a capacidade e o direito a ler este livro), também
nos mostra a relação de semelhança que existe entre
ambas: uma relação amorosa, trágica:
Inês de Castro D. Madalena de Vilhena
Inês de Castro conhece D. Pedro e
apaixona-se perdidamente por ele;
Conhece Manuel e apaixona-se
perdidamente por ele;
D. Pedro casa com Constança; Madalena estava casada com D. João;
Relação amorosa entre Inês de Castro e D.
Pedro, depois de Constança morrer;
Adultério “sentimental”: Madalena
casada com D. João, mas apaixonada por
Manuel;
Possibilidade de D. Pedro e Inês casarem; Casamento de Madalena e Manuel após a
“morte” de D. João;
Tragédia: aproveitando a ausência de D.
Pedro, Inês é morta.
Tragédia: morre como esposa e mãe.
• Madalena “acorda” de uma reflexão, apresentando-se
calma, em paz consigo mesma, mas quando reflecte
sobre o que se passa, ou com o que poderá acontecer,
nota-se o seu conflito interior, o quanto está
angustiada e confusa, pois não quer por em causa a
constrição da família e a morte da filha (é uma filha
ilegítima). A dúvida sobre a existência de D. João
mantêm-se no seu pensamento, atormentando-a.
• A utilização de interjeições (“oh!”), as expressões
(“engano d’alma”), que significa ilusão, as perguntas
retóricas (“E que importa que o não deixe durar muito
a fortuna?”), as frases exclamativas (“Mas eu!”), de
antíteses (“que amor, que felicidade… que desgraça a
minha!”), e as frases suspensas (“Com paz e alegria
d’alma…”) mostram um estado de profunda
meditação, de plena tristeza e perturbação
(preocupação).
• Madalena quer seguir em frente, quer ser feliz, mas o
terror que é o passado não a deixa, há então uma
emoção constrangedora.
ACTO I (cena II)
• A sua superstição em relação à possibilidade do
regresso de D. Sebastião garantia-lhe o regresso de D.
João também, o que lhe provocava medo e aflição. Um
mal destes seria a desgraça para a família que criou,
que tanto ama, e por saber que estaria a trair D. João
e Manuel ao mesmo tempo, sabia que era um pecado
maior. Sente-se então, culpada pelo “susto contínuo” e
por não puder provavelmente proteger a filha Maria.
ACTO I (cena III, IV)
• Madalena é uma pessoa muito preocupada, mais
preocupada com os outros do que com ela mesma, para
ela a família é tudo, e principalmente Maria, que é
uma menina fora do normal e que deve ter a sua
atenção.
ACTO I (cena VII)
• Assim que Madalena tem a certeza de que terá de
mudar de casa devido aos governadores, fica
espantada com tal ousadia, mas quando ouve das boca
de Manuel que a casa para onde terá de passar a viver
será a que anteriormente era sua, cai em sim e muda
totalmente o seu comportamento. Isto, porque passar
a viver na presença daquela dúvida que tanto a
atormentava não era bom nem para ela nem para
ninguém. Para ela, algo que era passado não devia de
ser remexido nem presenciado dia-a-dia, embora
recordar seja bom, voltar a relembrar o adultério que
acabou por cometer assustava-a.
• Assim que D. Madalena sabe que terá mesmo que ir
para a casa onde anteriormente viveu com D. João,
teme então pela vida dos seus e fica numa infelicidade
plena, numa insegurança tremenda, sem ânimo.
ACTO (cena VIII)
• Nesta época, as mulheres eram fieis aos seus maridos, no
sentido de respeitarem todas as decisões que estes
tomavam, obedecer às suas regras e manterem-se em casa
sendo apenas mães. Os homens eram os donos das casas e,
como tal, as suas esposas tinham sempre que exercer as
suas vontades com imparcialidade e veracidade. Elas não
tinham o direito de questioná-los.
• E nesta obra, também se verifica a fidelidade que D.
Madalena tem para com Manuel de Sousa Coutinho, uma
vez que quando este lhe conta que terão de mudar de casa,
D. Madalena impõe-se a ele, mas de uma forma gentil e
respeitosa, uma vez que nunca o tinha feito:
• “MADALENA: Pois sairemos, si: eu nunca me
opus ao teu querer, nunca soube que coisa era ter
outra vontade diferente da tua; estou pronta a
obedecer-te sempre, cegamente, em tudo. Mas oh!
Esposo da minha alma… Para aquela casa não,
não me leves para aquela casa! (Deitando-lhe os
braços ao pescoço.)”
• “MADALENA: Mas é que tu não sabes… Eu não sou melindrosa
nem de invenções; em tudo o mais sou mulher, e muito mulher,
querido; nisso não… Mas tu não sabes a violência, o
constrangimento de alma, o terror com que eu penso em ter de
entrar naquela casa. Parece-me que é voltar ao poder dele, que é
tirar-me dos teus braços, que o vou encontrar ali… - Oh, perdoa,
perdoa-me, não me sai esta ideia da cabeça… Que vou achar ali a
sombra despeitosa de D. João, que me está ameaçando com uma
espada de dois gumes. Que a atravessa no meio de nós, entre mim
e ti e a nossa filha, que nos vai separar para sempre. .. -Que
queres? Bem sei que é loucura; mas a ideia de tornar a morar ali,
de viver ali contigo e com Maria, não posso com ela. Sei decerto
que vou ser infeliz, que vou morrer naquela casa funesta, que não
estou ali três dias, três horas, sem que todas as calamidades do
mundo venham sobre nós. -Meu esposo, Manuel, marido da
minha alma, pelo nosso amor to peço, pela nossa filha. .. Vamos
seja para onde for, para a cabana de algum pobre pescador desses
contornos, mas para ali não, oh, não! “
ACTO I (cena XII)
• Ao ser queimada a casa e o retrato de Manuel de
Sousa Coutinho, D. Madalena aflige-se, fica
aterrorizada e angustiada pois ao ser queimado o
retrato, significava a morte do seu actual marido, e
não queria que tal como “aconteceu” a D. João,
também acontecesse com Manuel.
• Os gritos, a reacção de espanto e desgosto de D.
Madalena mostram o quanto está atormentada em
relação ao passado, o quanto se sente insegura, com
medo e a mulher desequilibrada em que se tornou.
ACTO II (cena V)
• D. Madalena encontra-se em estado de espírito
contraditório, há nela uma felicidade enorme pelo bem-
estar da filha Maria, e por finalmente poder voltar a
estar com Manuel de Sousa Coutinho, descansada, sem
se preocupar com os governadores. Mas apesar disso,
volta a tristeza quando se recorda do dia que é, sexta-
feira, o dia em que D. João partiu para a batalha de
Alcácer-Quibir e nunca mais voltou assim como D.
Sebastião.
• Sente então medo por ficar sozinha: (“Logo hoje! Este
dia de hoje é o pior. Se fosse amanhã, se fosse passado
hoje! E quando estarás de volta?”); (“Oh, Maria, Maria.
Também tu me queres deixar! Também tu me
desamparas. E hoje!”).
ACTO II (cena VI)
• (“Porque nunca assim estive. Vão, vão. Adeus! Adeus, esposo do
meu coração! Maria, minha filha, toma sentido no ar, não te
resfries. E o sol. Não saias debaixo do toldo no bergantim.“)
• Esta sua fala mostra que é amorosa por excelência, apresenta-
se como uma boa mãe, sempre preocupada com a filha, tem um
amor incondicional pela filha, embora esse amor materno
nunca supere o amor passional pelo marido, que em tudo vem
em primeiro do que Maria (“Adeus, esposo do meu coração”;
“Preocupações! Eu não tenho já preocupações. Tenho este
medo, este horror de ficar só… de vir a achar-me só no mundo.”
– cena VIII).
ACTO II (cena X)
• Madalena acaba por justificar todas as suas preocupações,
todas as suas tristezas, toda a sua revolta por ser sexta-
feira, por ter mudado de casa, por todo aquele agouro e
infelicidade, por regressar ao passado, por ser como é
actualmente:
– (“Conto. Este amor, que hoje está santificado e bendito no céu, porque
Manuel de Sousa é o meu marido, começou com um crime, porque eu
amei-o assim que o vi. E quando o vi, hoje, hoje. Foi em tal dia como
hoje, D. João de Portugal ainda era vivo! O pecado estava-me no
coração; a boca não o disse. Os olhos não sei o que fizeram, mas dentro
da alma eu já não tinha outra imagem senão a do amante. Já não
guardava ao meu marido, ao meu bom... Ao meu generoso marido.
Senão a grosseira fidelidade que uma mulher bem nascida quase que
mais deve a si do que ao esposo. Permitiu Deus… quem sabe se para
me tentar? Que naquela funesta batalha de Alcácer, entre tantos,
ficasse também D. João…”)
ACTO II (cena XIV)
• D. Madalena deixa-se dominar por agouros, crenças,
presságios e profecias que vão no fundo agudizar os seus
terrores quanto a um possível regresso de D. João. O
aparecimento do Romeiro trouxe com ele a desgraça de
Madalena e os seus, e quando sabe a noticia que ainda D.
João está vivo, D. Madalena fica apavorada, o seu pior
pesadelo tornara-se realidade e não havia mais nada que
pudesse fazer ou dizer, chegara o fim.
• Nesta altura, é capaz de assumir atitudes contraditórias, e
quando o Romeiro está diante dela, Madalena não
consegue perceber que é o seu primeiro marido. Só quando
as circunstâncias são irrefutáveis é que ela consegue
alcançar o sentido das palavras do Romeiro.
ACTO III (cena VI, VII, VIII)
• E por fim a sua dúvida fatal surgira e não havia volta
a dar, e é essa paixão avassaladora que vai arrastar
D. Madalena, e igualmente com ela, todos os que a
amam, até à perdição. Por amar cegamente Manuel,
esta arrasta-o para uma situação de adultério
inconsciente, que irá destruir os dois e destruir
igualmente o fruto desse amor.
• Madalena ainda tenta demover Manuel, adiantando a
possibilidade do Romeiro ser um impostor e estar a
mentir. Até ao final, ela recusa-se a aceitar as
evidências e só se conforma com a solução do
sacerdócio, porque Manuel não recua, mantendo-se
nobre à sua decisão.
ACTO III (cena IX, X)
• Por fim, não tendo outra salvação, Maria morre de
desgosto (de ser filha ilegítima; de tuberculose) e os
pais (D. Madalena e D. Manuel) fazem uma renúncia
à vida em comum, deixando de ser esposa de Manuel e
Manuel deixando de ser marido de Madalena,
optando, assim, por uma solução – ingressar num
convento (a religião como consolação),. O amor louco
que D. Madalena tinha por Manuel levara ao “fim da
sua família”.
Caracterização final de D. Madalena de
Vilhena
• Madalena é a mulher-anjo, mas de natureza demoníaca, é uma
mulher tipicamente romântica e com um temperamento muito
conflituoso e complicado. Revela-se ao longo da obra, ser uma
mulher desequilibrada a nível emocional, irracional, os
sentimentos de culpa torturam-na, não a deixando viver o
presente, e vive um paralelismo com Inês de Castro (vitima de
uma tragedia semelhante).
• A sua emoção é:
– muito emotiva e sentimental;
– há um idealismo da felicidade pessoal e familiar;
– os sentimentos dominam a razão: tristeza, angustia, terror, culpa, medo e
frustração.
• A linguagem onde predomina a função emotiva de D. Madalena
ao longo da obra é cheia de interrogações, frases exclamativas, e
com o discurso espontâneo.
Manuel de Sousa Coutinho:
Caracterização geral da
personagem:
• É um homem nobre, honrado, fiel, corajoso, um marido
apaixonado e um pai devoto, preocupado e carinhoso. Comparado
com D. Madalena de Vilhena, Manuel é racional, no entanto, é
alguém dominado pela raiva, ódio e rancor pelos governadores do
reino, mostrando desagrado em relação ao Sebastianismo.
• O nome de “Manuel” é bíblico que significa “Deus connosco”,
significado que não fica mal a esta personagem, dado a boa fé
com que se casara com Madalena, a tranquilidade e paz de
consciência que daí se adivinha.
• Quando o seu coração e a cabeça são confrontados, é quase
sempre a cabeça que ganha, ou seja, a razão, o que mostra que,
não deixa os seus sentimentos apagarem a clareza do espírito,
actuando sempre de forma equilibrada, ao contrário de D.
Madalena.
ACTO I (cena II)
• Telmo caracteriza Manuel de Sousa Coutinho como sendo um
grande homem, muito culto por saber ler e escrever latim, um
cristão muito devoto à palavra de Deus e à fé. Um cavaleiro
diferente de todos os outros, é então um verdadeiro cavaleiro, um
fidalgo de boa linhagem, elegante, honrado, um bom português e
“um carácter inflexível” (certa rigidez em opiniões,
comportamentos e maneiras de proceder).
– (“Quero dizer como o Sr. Manuel de Sousa Coutinho — que, lá isso! Acabado
escolar é ele. E assim foi o seu pai antes dele, que muito bem o conheci:
grande homem! Muitas letras, e de muito galante prática, e não apenas as
outras partes de cavaleiro: uma gravidade! Já não há daquela gente”);
– (“senhor Manuel de Sousa Coutinho, fidalgo de tanto primor e de tão boa
linhagem como os que se têm por melhores neste reino, em toda a Espanha.”);
– (“O Senhor Manuel de Sousa Coutinho é um belo cavalheiro, honrado fidalgo,
bom português mas… mas não é, nunca há de ser aquele espelho de cavalaria
e gentileza, aquela flor dos bons.”);
– (“Aquele carácter inflexível de Manuel de Sousa traz-me num susto
contínuo.”).
ACTO I (cena VII)
• Manuel chega com más notícias para a família - uma mudança de
casa repentina devido aos governadores, que juntamente com as
aias, toda a família terá de sair daquela casa.
• Manuel mostra o ódio que tem pelos fidalgos portugueses, por
aquela gente espanhola, verificando-se o seu amor eterno à
pátria. (“Oh, que gente, que fidalgos portugueses!... Hei de lhes
dar uma lição, a eles e a este escravo deste povo que os sofre,
como não levam tiranos há muito tempo nesta terra.”)
• Madalena começa com as suas superstições, mas Manuel ri-se
dos receios de Madalena, porque agoiros e preocupações como
aquelas (regresso à casa de D. João e duvida da existência de D.
João) nada têm a ver com o seu espírito prático, livre e objectivo.
(“Para a única parte para onde podemos ir: a casa não é minha.
Mas é tua, Madalena.”)
ACTO I (cena VIII)
• Manuel fala com mais calma com D. Madalena acerca do
movimento da família do palácio para casa de D. João, pois
Manuel percebe que D. Madalena não se sente confortável com
aquela decisão de última hora.
• Manuel ri-se das superstições de D. Madalena mas mantêm-se
decisivo em fazer algo contra aquela gente, (“Há de saber-se no
mundo que ainda há um português em Portugal.”; “Vou, já te
disse, vou dar uma lição aos nossos tiranos que lhes há de
lembrar, vou dar um exemplo a este povo que os há de
iluminar.”), pois para ele, ver a sua casa “invadida” pelos
espanhóis era como se visse Portugal a ser invadido uma 2º vez.
Já que então não conseguiu evitar a invasão dos espanhóis e a
consequente perda da independência de Portugal, evitava a
“invasão” da sua casa e a perda da sua própria dignidade e
identidade como português.
ACTO I (cena IX,X,XI,XII)
• Os governadores anteciparam-se e Manuel vê-se obrigado a fazer
algo rápido - tirar a família daquele lugar. E, desprezando todos
os seus bens materiais, destruindo tudo aquilo que conseguira
juntar ao longo de toda uma vida, incendeia o palácio e também
um retrato seu (que simboliza o inicio da destruição da
família)Manuel mostra o grande amor que sente pela pátria e
pelo sebastianismo (símbolo de patriotismo).
• Destrói o palácio onde fez o “ninho de amor” com D. Madalena,
onde foram muito felizes e criaram a sua filha Maria. E sem
olhar para trás, sem qualquer tipo de remorsos, mostra que o
amor que tem por Portugal é maior do que aquele que sente por
Madalena, movendo-se a família para o palácio de D. João de
Portugal (apesar dos agouros de D. Madalena).
ACTO II (cena I)
• O retrato queimado por Manuel, era ele mesmo. Com uma
cara que mostrava gentileza naquele homem, e vestido de
cavaleiro de Malta com uma cruz branca no peito
presenciava-se a sua fé na palavra de Deus e do seu país.
• Maria e Telmo caracterizam Manuel como sendo um “nobre
pai” e “um português às direitas” pelo seu acto de coragem
contra os espanhóis.
ACTO II (cena II, III, IV)
• Manuel explica um 3º retrato que existe naquela sala a
Maria, caracterizando D. João como sendo “um honrado
fidalgo, e um valente cavaleiro”, de “nobres qualidades
d’alma, a grandeza e a valentina de coração, e a fortaleza
daquela vontade, serena mas indomável, que nunca foi
vista mudar”. O que revela que apesar de D. João ser ou
ter sido marido de D. Madalena, Manuel o respeita, o
admira, o valoriza pelas suas capacidades e feitos,
mostrando-nos o seu verdadeiro carácter, a sua capacidade
de dar valor aos que merecem e têm o seu devido valor.
• Ao receber a noticia de Jorge, seu irmão, que diz a Manuel
que finalmente já não teria que se preocupar com os
governadores e que a peste acabara, Manuel fica
felicíssimo, afinal todo aquele esquema, aquela loucura
dera resultado ganhou a “guerra”.
ACTO II (cena V, VI, VII, VIII)
• Manuel ao ir para Lisboa e deixando Madalena para
trás dá a entender que apesar do amor que tem por
ela, há algo mais forte no seu coração, e tem que
agradecer obrigatoriamente ao Arcebispo, que tanto o
ajudou (mostra a sua intensa relação com a religião).
• Manuel por ser alguém determinado, decisivo e sem
interesse em histerias, ignora os agouros de D.
Madalena e leva consigo a sua filha, Maria.
• Maria para Manuel é tudo, ama-a muito e trata-a com
muito carinho, e é de salientar que o seu amor
paternal, o amor pela filha, é mais forte, desempenha
uma função mais importante do que o próprio amor de
homem, o amor que sente por D. Madalena
ACTO III (cena I)
• Manuel já sabe das noticias – D. João está vivo, e então cai em si,
pensa na sua bela filha e diz:
– (“Oh, minha filha, minha filha! (Silêncio longo.) Desgraçada filha, que ficas
órfã! Órfã de pai e de mãe. (pausa) e de família e de nome, que tudo perdeste
hoje.”), ou seja, a morte dela será certa;
– (“Uma filha bela, pura, adorada, sobre cuja cabeça — oh, porque não é na
minha! — vai cair essa desonra, toda a ignomínia, todo o opróbrio que a
injustiça do mundo, não sei porquê, não me quer lançar no rosto a mim, para
pôr tudo na testa branca e pura de um anjo, que não tem outra culpa senão a
da origem que eu lhe dei.”);
– (“Peço-te vida, meu Deus (ajoelha e põe as mãos), peço-te vida, vida, vida.
Para ela, vida para a minha filha! Saúde, vida para a minha querida filha! E
morra eu de vergonha, se é preciso; cubra-me o escárnio do mundo, desonre-
me o opróbrio dos homens, tape-me a sepultura uma loisa de ignomínia, um
epitáfio que fique a bradar por essas eras desonra e infâmia sobre mim !”), ou
seja, prefere morrer do que ver a sua filha morrer “por sua culpa”.
• Assim como a filha vai morrer, também ele decide “morrer” nesse
dia, não é vida para ele sem a sua querida filha. Manuel mete a
sua filha à sua frente, faria tudo por ela apesar de não conseguir
fazer mais nada para a proteger, assim como ele diz, está
entregue a Deus.
• A personagem forte e equilibrada de Manuel sofre então
alterações, torna-se num homem atormentado, cheio de remorsos,
que desabafa com seu irmão. Aqui toda a sua personalidade
quebra-se, assim como o seu coração, O seu discurso sofre
igualmente alterações: torna-se incoerente e confuso, com
repetições, com afirmações contraditórias, com frases suspensas.
É um homem desorientado que pede a morte da filha e a sua
sobrevivência simultaneamente.
ACTO III (cena VII, VIII)
• Manuel já não é o mesmo com D. Madalena, e decide por fim
dizer-lhe que para ele já não existe relação, não consegue estar
com uma pessoa que também está casada com outra
simultaneamente, mulher é de um só. Mas o principal motivo de
tal desorientação e infelicidade é a morte que est´para vir da sua
filha Maria, e portanto decide morrer para o mundo e ingressar-
se no convento para fazer aquilo que inicialmente gostava antes
de conhecer D. Madalena.
• D. Madalena ainda tenta dar a volta a Manuel, mas sendo ele um
homem tão determinado, não se deixa ir pelas palavras de
Madalena.
ACTO III (cena VII, VIII)
• Por fim, não tendo outra salvação, Maria morre de
desgosto (de ser filha ilegítima; de tuberculose) e os
pais (D. Madalena e D. Manuel) fazem uma renúncia
à vida em comum, deixando de ser marido de D.
Madalena e esta deixando de ser esposa de Manuel,
optando, assim, por uma solução – ingressar num
convento (a religião como consolação).
• O amor louco que D. Madalena tinha por Manuel
levara ao “fim da sua família”.
• E é então que altera o seu nome para Frei Luís de
Sousa.
Caracterização final de Manuel de
Sousa Coutinho:
• Manuel era alguém totalmente diferente de D.
Madalena, tinham personalidades opostas, e apesar
dos diversos amores que cada um tinha, o destino não
era para Manuel viver com D. Madalena, pois o seu
sonho e dever era a religião.
Trabalho realizado por:
• Ana Gomes nº1 11º A

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Frei luís de sousa

  • 1. FREI LUÍS DE SOUSA DE ALMEIDA GARRETT Trabalho realizado por: Ana Gomes nº1 11ºA
  • 2. História: • D. Madalena de Vilhena casa com D. João de Portugal, que parte para Alcácer Quibir integrado no exército do rei D. Sebastião. • Depois dessa fatal batalhas, D. João desaparece e a esposa manda procurá-lo, durante sete anos. Após essa busca infrutífera, D. Madalena casa com Manuel de Sousa Coutinho de quem tem uma filha, D. Maria de Noronha. • Em 1599, D. João regressa e dá-se a destruição da família – Maria morre e os pais professam a vida religiosa, ou seja, renúncia à vida em comum, deixaram de ser marido e mulher, e cada um deles opta por uma solução – ingressarem num convento: D. Madalena entra no Convento do Sacramento e Manuel de Sousa Coutinho no Convento de São Domingos de Benfica.
  • 3. D. Madalena de Vilhena:
  • 4. Caracterização geral da personagem: • É uma mulher nobre, uma personagem de elevada estirpe social, apaixonada, pessimista, melancólica, desesperada, aterrorizada pelo passado, sempre muito angustiada, vive num conflito interior, ora são as vezes que está tranquila consigo mesma, em paz, ora são as vezes que se sente com medo, culpando-se pela tragédia de D. João de Portugal e a possibilidade da sua existência. • Sonha com a fuga para um mundo imaginário, sendo assim, alguém muito instável, e o seu temperamento deve-se à sequência de acontecimentos passados.
  • 5. ACTO I (cena I) • D. Madalena abre a obra com a leitura do episódio de Inês de Castro, “Naquele engano d’alma ledo e cego // Que a fortuna não deixa durar muito…” dos Lusíadas, o que nos mostra que para além de ser uma dama (pois apenas um determinado estatuto social é que tinha a capacidade e o direito a ler este livro), também nos mostra a relação de semelhança que existe entre ambas: uma relação amorosa, trágica:
  • 6. Inês de Castro D. Madalena de Vilhena Inês de Castro conhece D. Pedro e apaixona-se perdidamente por ele; Conhece Manuel e apaixona-se perdidamente por ele; D. Pedro casa com Constança; Madalena estava casada com D. João; Relação amorosa entre Inês de Castro e D. Pedro, depois de Constança morrer; Adultério “sentimental”: Madalena casada com D. João, mas apaixonada por Manuel; Possibilidade de D. Pedro e Inês casarem; Casamento de Madalena e Manuel após a “morte” de D. João; Tragédia: aproveitando a ausência de D. Pedro, Inês é morta. Tragédia: morre como esposa e mãe.
  • 7. • Madalena “acorda” de uma reflexão, apresentando-se calma, em paz consigo mesma, mas quando reflecte sobre o que se passa, ou com o que poderá acontecer, nota-se o seu conflito interior, o quanto está angustiada e confusa, pois não quer por em causa a constrição da família e a morte da filha (é uma filha ilegítima). A dúvida sobre a existência de D. João mantêm-se no seu pensamento, atormentando-a.
  • 8. • A utilização de interjeições (“oh!”), as expressões (“engano d’alma”), que significa ilusão, as perguntas retóricas (“E que importa que o não deixe durar muito a fortuna?”), as frases exclamativas (“Mas eu!”), de antíteses (“que amor, que felicidade… que desgraça a minha!”), e as frases suspensas (“Com paz e alegria d’alma…”) mostram um estado de profunda meditação, de plena tristeza e perturbação (preocupação). • Madalena quer seguir em frente, quer ser feliz, mas o terror que é o passado não a deixa, há então uma emoção constrangedora.
  • 9. ACTO I (cena II) • A sua superstição em relação à possibilidade do regresso de D. Sebastião garantia-lhe o regresso de D. João também, o que lhe provocava medo e aflição. Um mal destes seria a desgraça para a família que criou, que tanto ama, e por saber que estaria a trair D. João e Manuel ao mesmo tempo, sabia que era um pecado maior. Sente-se então, culpada pelo “susto contínuo” e por não puder provavelmente proteger a filha Maria.
  • 10. ACTO I (cena III, IV) • Madalena é uma pessoa muito preocupada, mais preocupada com os outros do que com ela mesma, para ela a família é tudo, e principalmente Maria, que é uma menina fora do normal e que deve ter a sua atenção.
  • 11. ACTO I (cena VII) • Assim que Madalena tem a certeza de que terá de mudar de casa devido aos governadores, fica espantada com tal ousadia, mas quando ouve das boca de Manuel que a casa para onde terá de passar a viver será a que anteriormente era sua, cai em sim e muda totalmente o seu comportamento. Isto, porque passar a viver na presença daquela dúvida que tanto a atormentava não era bom nem para ela nem para ninguém. Para ela, algo que era passado não devia de ser remexido nem presenciado dia-a-dia, embora recordar seja bom, voltar a relembrar o adultério que acabou por cometer assustava-a.
  • 12. • Assim que D. Madalena sabe que terá mesmo que ir para a casa onde anteriormente viveu com D. João, teme então pela vida dos seus e fica numa infelicidade plena, numa insegurança tremenda, sem ânimo.
  • 13. ACTO (cena VIII) • Nesta época, as mulheres eram fieis aos seus maridos, no sentido de respeitarem todas as decisões que estes tomavam, obedecer às suas regras e manterem-se em casa sendo apenas mães. Os homens eram os donos das casas e, como tal, as suas esposas tinham sempre que exercer as suas vontades com imparcialidade e veracidade. Elas não tinham o direito de questioná-los. • E nesta obra, também se verifica a fidelidade que D. Madalena tem para com Manuel de Sousa Coutinho, uma vez que quando este lhe conta que terão de mudar de casa, D. Madalena impõe-se a ele, mas de uma forma gentil e respeitosa, uma vez que nunca o tinha feito:
  • 14. • “MADALENA: Pois sairemos, si: eu nunca me opus ao teu querer, nunca soube que coisa era ter outra vontade diferente da tua; estou pronta a obedecer-te sempre, cegamente, em tudo. Mas oh! Esposo da minha alma… Para aquela casa não, não me leves para aquela casa! (Deitando-lhe os braços ao pescoço.)”
  • 15. • “MADALENA: Mas é que tu não sabes… Eu não sou melindrosa nem de invenções; em tudo o mais sou mulher, e muito mulher, querido; nisso não… Mas tu não sabes a violência, o constrangimento de alma, o terror com que eu penso em ter de entrar naquela casa. Parece-me que é voltar ao poder dele, que é tirar-me dos teus braços, que o vou encontrar ali… - Oh, perdoa, perdoa-me, não me sai esta ideia da cabeça… Que vou achar ali a sombra despeitosa de D. João, que me está ameaçando com uma espada de dois gumes. Que a atravessa no meio de nós, entre mim e ti e a nossa filha, que nos vai separar para sempre. .. -Que queres? Bem sei que é loucura; mas a ideia de tornar a morar ali, de viver ali contigo e com Maria, não posso com ela. Sei decerto que vou ser infeliz, que vou morrer naquela casa funesta, que não estou ali três dias, três horas, sem que todas as calamidades do mundo venham sobre nós. -Meu esposo, Manuel, marido da minha alma, pelo nosso amor to peço, pela nossa filha. .. Vamos seja para onde for, para a cabana de algum pobre pescador desses contornos, mas para ali não, oh, não! “
  • 16. ACTO I (cena XII) • Ao ser queimada a casa e o retrato de Manuel de Sousa Coutinho, D. Madalena aflige-se, fica aterrorizada e angustiada pois ao ser queimado o retrato, significava a morte do seu actual marido, e não queria que tal como “aconteceu” a D. João, também acontecesse com Manuel. • Os gritos, a reacção de espanto e desgosto de D. Madalena mostram o quanto está atormentada em relação ao passado, o quanto se sente insegura, com medo e a mulher desequilibrada em que se tornou.
  • 17. ACTO II (cena V) • D. Madalena encontra-se em estado de espírito contraditório, há nela uma felicidade enorme pelo bem- estar da filha Maria, e por finalmente poder voltar a estar com Manuel de Sousa Coutinho, descansada, sem se preocupar com os governadores. Mas apesar disso, volta a tristeza quando se recorda do dia que é, sexta- feira, o dia em que D. João partiu para a batalha de Alcácer-Quibir e nunca mais voltou assim como D. Sebastião. • Sente então medo por ficar sozinha: (“Logo hoje! Este dia de hoje é o pior. Se fosse amanhã, se fosse passado hoje! E quando estarás de volta?”); (“Oh, Maria, Maria. Também tu me queres deixar! Também tu me desamparas. E hoje!”).
  • 18. ACTO II (cena VI) • (“Porque nunca assim estive. Vão, vão. Adeus! Adeus, esposo do meu coração! Maria, minha filha, toma sentido no ar, não te resfries. E o sol. Não saias debaixo do toldo no bergantim.“) • Esta sua fala mostra que é amorosa por excelência, apresenta- se como uma boa mãe, sempre preocupada com a filha, tem um amor incondicional pela filha, embora esse amor materno nunca supere o amor passional pelo marido, que em tudo vem em primeiro do que Maria (“Adeus, esposo do meu coração”; “Preocupações! Eu não tenho já preocupações. Tenho este medo, este horror de ficar só… de vir a achar-me só no mundo.” – cena VIII).
  • 19. ACTO II (cena X) • Madalena acaba por justificar todas as suas preocupações, todas as suas tristezas, toda a sua revolta por ser sexta- feira, por ter mudado de casa, por todo aquele agouro e infelicidade, por regressar ao passado, por ser como é actualmente: – (“Conto. Este amor, que hoje está santificado e bendito no céu, porque Manuel de Sousa é o meu marido, começou com um crime, porque eu amei-o assim que o vi. E quando o vi, hoje, hoje. Foi em tal dia como hoje, D. João de Portugal ainda era vivo! O pecado estava-me no coração; a boca não o disse. Os olhos não sei o que fizeram, mas dentro da alma eu já não tinha outra imagem senão a do amante. Já não guardava ao meu marido, ao meu bom... Ao meu generoso marido. Senão a grosseira fidelidade que uma mulher bem nascida quase que mais deve a si do que ao esposo. Permitiu Deus… quem sabe se para me tentar? Que naquela funesta batalha de Alcácer, entre tantos, ficasse também D. João…”)
  • 20. ACTO II (cena XIV) • D. Madalena deixa-se dominar por agouros, crenças, presságios e profecias que vão no fundo agudizar os seus terrores quanto a um possível regresso de D. João. O aparecimento do Romeiro trouxe com ele a desgraça de Madalena e os seus, e quando sabe a noticia que ainda D. João está vivo, D. Madalena fica apavorada, o seu pior pesadelo tornara-se realidade e não havia mais nada que pudesse fazer ou dizer, chegara o fim. • Nesta altura, é capaz de assumir atitudes contraditórias, e quando o Romeiro está diante dela, Madalena não consegue perceber que é o seu primeiro marido. Só quando as circunstâncias são irrefutáveis é que ela consegue alcançar o sentido das palavras do Romeiro.
  • 21. ACTO III (cena VI, VII, VIII) • E por fim a sua dúvida fatal surgira e não havia volta a dar, e é essa paixão avassaladora que vai arrastar D. Madalena, e igualmente com ela, todos os que a amam, até à perdição. Por amar cegamente Manuel, esta arrasta-o para uma situação de adultério inconsciente, que irá destruir os dois e destruir igualmente o fruto desse amor. • Madalena ainda tenta demover Manuel, adiantando a possibilidade do Romeiro ser um impostor e estar a mentir. Até ao final, ela recusa-se a aceitar as evidências e só se conforma com a solução do sacerdócio, porque Manuel não recua, mantendo-se nobre à sua decisão.
  • 22. ACTO III (cena IX, X) • Por fim, não tendo outra salvação, Maria morre de desgosto (de ser filha ilegítima; de tuberculose) e os pais (D. Madalena e D. Manuel) fazem uma renúncia à vida em comum, deixando de ser esposa de Manuel e Manuel deixando de ser marido de Madalena, optando, assim, por uma solução – ingressar num convento (a religião como consolação),. O amor louco que D. Madalena tinha por Manuel levara ao “fim da sua família”.
  • 23. Caracterização final de D. Madalena de Vilhena • Madalena é a mulher-anjo, mas de natureza demoníaca, é uma mulher tipicamente romântica e com um temperamento muito conflituoso e complicado. Revela-se ao longo da obra, ser uma mulher desequilibrada a nível emocional, irracional, os sentimentos de culpa torturam-na, não a deixando viver o presente, e vive um paralelismo com Inês de Castro (vitima de uma tragedia semelhante). • A sua emoção é: – muito emotiva e sentimental; – há um idealismo da felicidade pessoal e familiar; – os sentimentos dominam a razão: tristeza, angustia, terror, culpa, medo e frustração. • A linguagem onde predomina a função emotiva de D. Madalena ao longo da obra é cheia de interrogações, frases exclamativas, e com o discurso espontâneo.
  • 24. Manuel de Sousa Coutinho:
  • 25. Caracterização geral da personagem: • É um homem nobre, honrado, fiel, corajoso, um marido apaixonado e um pai devoto, preocupado e carinhoso. Comparado com D. Madalena de Vilhena, Manuel é racional, no entanto, é alguém dominado pela raiva, ódio e rancor pelos governadores do reino, mostrando desagrado em relação ao Sebastianismo. • O nome de “Manuel” é bíblico que significa “Deus connosco”, significado que não fica mal a esta personagem, dado a boa fé com que se casara com Madalena, a tranquilidade e paz de consciência que daí se adivinha. • Quando o seu coração e a cabeça são confrontados, é quase sempre a cabeça que ganha, ou seja, a razão, o que mostra que, não deixa os seus sentimentos apagarem a clareza do espírito, actuando sempre de forma equilibrada, ao contrário de D. Madalena.
  • 26. ACTO I (cena II) • Telmo caracteriza Manuel de Sousa Coutinho como sendo um grande homem, muito culto por saber ler e escrever latim, um cristão muito devoto à palavra de Deus e à fé. Um cavaleiro diferente de todos os outros, é então um verdadeiro cavaleiro, um fidalgo de boa linhagem, elegante, honrado, um bom português e “um carácter inflexível” (certa rigidez em opiniões, comportamentos e maneiras de proceder). – (“Quero dizer como o Sr. Manuel de Sousa Coutinho — que, lá isso! Acabado escolar é ele. E assim foi o seu pai antes dele, que muito bem o conheci: grande homem! Muitas letras, e de muito galante prática, e não apenas as outras partes de cavaleiro: uma gravidade! Já não há daquela gente”); – (“senhor Manuel de Sousa Coutinho, fidalgo de tanto primor e de tão boa linhagem como os que se têm por melhores neste reino, em toda a Espanha.”); – (“O Senhor Manuel de Sousa Coutinho é um belo cavalheiro, honrado fidalgo, bom português mas… mas não é, nunca há de ser aquele espelho de cavalaria e gentileza, aquela flor dos bons.”); – (“Aquele carácter inflexível de Manuel de Sousa traz-me num susto contínuo.”).
  • 27. ACTO I (cena VII) • Manuel chega com más notícias para a família - uma mudança de casa repentina devido aos governadores, que juntamente com as aias, toda a família terá de sair daquela casa. • Manuel mostra o ódio que tem pelos fidalgos portugueses, por aquela gente espanhola, verificando-se o seu amor eterno à pátria. (“Oh, que gente, que fidalgos portugueses!... Hei de lhes dar uma lição, a eles e a este escravo deste povo que os sofre, como não levam tiranos há muito tempo nesta terra.”) • Madalena começa com as suas superstições, mas Manuel ri-se dos receios de Madalena, porque agoiros e preocupações como aquelas (regresso à casa de D. João e duvida da existência de D. João) nada têm a ver com o seu espírito prático, livre e objectivo. (“Para a única parte para onde podemos ir: a casa não é minha. Mas é tua, Madalena.”)
  • 28. ACTO I (cena VIII) • Manuel fala com mais calma com D. Madalena acerca do movimento da família do palácio para casa de D. João, pois Manuel percebe que D. Madalena não se sente confortável com aquela decisão de última hora. • Manuel ri-se das superstições de D. Madalena mas mantêm-se decisivo em fazer algo contra aquela gente, (“Há de saber-se no mundo que ainda há um português em Portugal.”; “Vou, já te disse, vou dar uma lição aos nossos tiranos que lhes há de lembrar, vou dar um exemplo a este povo que os há de iluminar.”), pois para ele, ver a sua casa “invadida” pelos espanhóis era como se visse Portugal a ser invadido uma 2º vez. Já que então não conseguiu evitar a invasão dos espanhóis e a consequente perda da independência de Portugal, evitava a “invasão” da sua casa e a perda da sua própria dignidade e identidade como português.
  • 29. ACTO I (cena IX,X,XI,XII) • Os governadores anteciparam-se e Manuel vê-se obrigado a fazer algo rápido - tirar a família daquele lugar. E, desprezando todos os seus bens materiais, destruindo tudo aquilo que conseguira juntar ao longo de toda uma vida, incendeia o palácio e também um retrato seu (que simboliza o inicio da destruição da família)Manuel mostra o grande amor que sente pela pátria e pelo sebastianismo (símbolo de patriotismo). • Destrói o palácio onde fez o “ninho de amor” com D. Madalena, onde foram muito felizes e criaram a sua filha Maria. E sem olhar para trás, sem qualquer tipo de remorsos, mostra que o amor que tem por Portugal é maior do que aquele que sente por Madalena, movendo-se a família para o palácio de D. João de Portugal (apesar dos agouros de D. Madalena).
  • 30. ACTO II (cena I) • O retrato queimado por Manuel, era ele mesmo. Com uma cara que mostrava gentileza naquele homem, e vestido de cavaleiro de Malta com uma cruz branca no peito presenciava-se a sua fé na palavra de Deus e do seu país. • Maria e Telmo caracterizam Manuel como sendo um “nobre pai” e “um português às direitas” pelo seu acto de coragem contra os espanhóis.
  • 31. ACTO II (cena II, III, IV) • Manuel explica um 3º retrato que existe naquela sala a Maria, caracterizando D. João como sendo “um honrado fidalgo, e um valente cavaleiro”, de “nobres qualidades d’alma, a grandeza e a valentina de coração, e a fortaleza daquela vontade, serena mas indomável, que nunca foi vista mudar”. O que revela que apesar de D. João ser ou ter sido marido de D. Madalena, Manuel o respeita, o admira, o valoriza pelas suas capacidades e feitos, mostrando-nos o seu verdadeiro carácter, a sua capacidade de dar valor aos que merecem e têm o seu devido valor. • Ao receber a noticia de Jorge, seu irmão, que diz a Manuel que finalmente já não teria que se preocupar com os governadores e que a peste acabara, Manuel fica felicíssimo, afinal todo aquele esquema, aquela loucura dera resultado ganhou a “guerra”.
  • 32. ACTO II (cena V, VI, VII, VIII) • Manuel ao ir para Lisboa e deixando Madalena para trás dá a entender que apesar do amor que tem por ela, há algo mais forte no seu coração, e tem que agradecer obrigatoriamente ao Arcebispo, que tanto o ajudou (mostra a sua intensa relação com a religião). • Manuel por ser alguém determinado, decisivo e sem interesse em histerias, ignora os agouros de D. Madalena e leva consigo a sua filha, Maria. • Maria para Manuel é tudo, ama-a muito e trata-a com muito carinho, e é de salientar que o seu amor paternal, o amor pela filha, é mais forte, desempenha uma função mais importante do que o próprio amor de homem, o amor que sente por D. Madalena
  • 33. ACTO III (cena I) • Manuel já sabe das noticias – D. João está vivo, e então cai em si, pensa na sua bela filha e diz: – (“Oh, minha filha, minha filha! (Silêncio longo.) Desgraçada filha, que ficas órfã! Órfã de pai e de mãe. (pausa) e de família e de nome, que tudo perdeste hoje.”), ou seja, a morte dela será certa; – (“Uma filha bela, pura, adorada, sobre cuja cabeça — oh, porque não é na minha! — vai cair essa desonra, toda a ignomínia, todo o opróbrio que a injustiça do mundo, não sei porquê, não me quer lançar no rosto a mim, para pôr tudo na testa branca e pura de um anjo, que não tem outra culpa senão a da origem que eu lhe dei.”); – (“Peço-te vida, meu Deus (ajoelha e põe as mãos), peço-te vida, vida, vida. Para ela, vida para a minha filha! Saúde, vida para a minha querida filha! E morra eu de vergonha, se é preciso; cubra-me o escárnio do mundo, desonre- me o opróbrio dos homens, tape-me a sepultura uma loisa de ignomínia, um epitáfio que fique a bradar por essas eras desonra e infâmia sobre mim !”), ou seja, prefere morrer do que ver a sua filha morrer “por sua culpa”.
  • 34. • Assim como a filha vai morrer, também ele decide “morrer” nesse dia, não é vida para ele sem a sua querida filha. Manuel mete a sua filha à sua frente, faria tudo por ela apesar de não conseguir fazer mais nada para a proteger, assim como ele diz, está entregue a Deus. • A personagem forte e equilibrada de Manuel sofre então alterações, torna-se num homem atormentado, cheio de remorsos, que desabafa com seu irmão. Aqui toda a sua personalidade quebra-se, assim como o seu coração, O seu discurso sofre igualmente alterações: torna-se incoerente e confuso, com repetições, com afirmações contraditórias, com frases suspensas. É um homem desorientado que pede a morte da filha e a sua sobrevivência simultaneamente.
  • 35. ACTO III (cena VII, VIII) • Manuel já não é o mesmo com D. Madalena, e decide por fim dizer-lhe que para ele já não existe relação, não consegue estar com uma pessoa que também está casada com outra simultaneamente, mulher é de um só. Mas o principal motivo de tal desorientação e infelicidade é a morte que est´para vir da sua filha Maria, e portanto decide morrer para o mundo e ingressar- se no convento para fazer aquilo que inicialmente gostava antes de conhecer D. Madalena. • D. Madalena ainda tenta dar a volta a Manuel, mas sendo ele um homem tão determinado, não se deixa ir pelas palavras de Madalena.
  • 36. ACTO III (cena VII, VIII) • Por fim, não tendo outra salvação, Maria morre de desgosto (de ser filha ilegítima; de tuberculose) e os pais (D. Madalena e D. Manuel) fazem uma renúncia à vida em comum, deixando de ser marido de D. Madalena e esta deixando de ser esposa de Manuel, optando, assim, por uma solução – ingressar num convento (a religião como consolação). • O amor louco que D. Madalena tinha por Manuel levara ao “fim da sua família”. • E é então que altera o seu nome para Frei Luís de Sousa.
  • 37. Caracterização final de Manuel de Sousa Coutinho: • Manuel era alguém totalmente diferente de D. Madalena, tinham personalidades opostas, e apesar dos diversos amores que cada um tinha, o destino não era para Manuel viver com D. Madalena, pois o seu sonho e dever era a religião.
  • 38. Trabalho realizado por: • Ana Gomes nº1 11º A