Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Amor e dor fortalecem luta antirracista
1. Amor e dor: Fortalecimento conjunto
Quando minha “irmã” de mestrado me perguntou se foi a dor ou o amor que está
me transformando (processo longo, mas assumido até a última gota de sangue) em uma
docente antirracista comecei a fazer um retorno a minha vida de adolescente e jovem,
quando comecei a perceber/identificar/sofrer racismo onde eu circulava.
E percebi que foi a junção do amor e da dor que me levou para o campo
antirracista.
O amor vem da minha ancestralidade, das histórias de meu pai e de meu avô pretos
que me levaram a ter orgulho de minha origem ligada à Bahia, as benzeduras, ao cuidado
com a terra e ao respeito as pessoas, meu pai só aprendeu a ler e escrever depois dos 18
anos e só cursou até a antiga 4ª série, assim como a minha mãe. Ela conheceu meu pai
aos 15 anos, criaram 3 filhos pretos que estudaram e conseguiram romper o racismo
através da educação.
Pela dor porque eu sempre estive protegida do racismo dentro da minha família,
entre meus amigos e até na escola, mas aos 17 anos quando entrei para a faculdade de
história na UERJ, não só me vi preta, como periférica, mulher e obesa, Veio tudo junto
provocando dor, desespero, baixa autoestima e vergonha. E foi novamente pelo amor que
eu busquei e conquistei meu espaço, tendo orgulho de meu passado, de meus ancestrais,
de minha figura. Através da pesquisa histórica em busca de minhas raízes. Apresentar
minha história ao meu povo era fácil, mas para os brancos e fazendo com que eles
entendessem a necessidade de mostrar nosso protagonismo como povo preto que
construiu a base econômica do país sempre foi muito difícil. Desconstruir o mito da
democracia racial para o povo preto se colocar em seu lugar de fala, não como escravos,
mas como resistentes, não como subalternos mas como agentes sociais na máquina feia
do racismo.
Então é pelo amor e pela dor que eu sigo na luta.