2. Quanto piores as condições do ambiente, maior a
presença de doenças (Sylvia Carolina Aranha, 2006).
A pobreza e a miséria atingem grande parte da população
brasileira e, com isso, doenças simples de se prevenirem ou de
se curarem ainda possuem elevados índices de incidência e
prevalência. Isso se deve ao fato de que o organismo humano é
particularmente vulnerável às agressões do meio ambiente.
As moradias precárias ou densamente ocupadas e a inexistência
de água tratada ou rede de esgoto encontram-se relacionadas a
enfermidades respiratórias e gastrointestinais, respectivamente.
(ESREY et al., 1991; GOMES, 2002; GRAHAM, 1990)
3. A aglomeração é extremamente comum nas famílias de baixa
renda, devido à elevada taxa de natalidade. Esse fator, aliado às
precárias condições de moradia, leva a um aumento na incidência
de doenças respiratórias, em especial a asma brônquica
(GOMES, 2002; VICTORA et al., 1988; ZAMAN et al., 1997).
4. O estado do Rio de Janeiro registrou, em 2008, a maior incidência de
tuberculose no Brasil, com 68,64 casos por 100 mil habitantes.
O Brasil é um dos 22 países priorizados pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) nas ações de prevenção à
doença, porque está no grupo de nações que concentram cerca
de 80% dos casos de tuberculose em todo o mundo.
A tuberculose é uma doença com
determinantes sociais bem
marcados, sendo possível estabelecer
uma estreita relação com as
condições de moradia, acesso aos
serviços de saúde e alimentação
adequada. Talvez esta seja uma das
faces mais perversas da epidemia de
tuberculose: a situação de extrema
vulnerabilidade social que permeia as
comunidades mais
afetadas, sobretudo aquelas
dominadas pelo poder do tráfico e
que, por isso, não conseguem receber
as ações de saúde pública para a
prevenção.
A incidência da doença na Rocinha em
2010 foi de 386,7 casos por cem mil
habitantes. Isto reforça a tese de que o
controle da tuberculose deve englobar
necessariamente a correção das
desigualdades decorrentes das condições
sociais em que as pessoas vivem e
trabalham.
5. Como a questão habitacional encontra-se intimamente ligada
aos problemas de saúde, as abordagens e as intervenções nos
ambientes domiciliar e peridomiciliar tornaram-se um
importante meio de combate a
doenças, contribuindo, assim, para a melhoria do padrão de
vida dessas pessoas (RAHMAN; RAHMAN, 1997;
VICTORA, 1996).
6. As preocupações com a problemática ambiental estão inseridas na
Saúde Pública desde seus primórdios, apesar de só na segunda
metade do século XX ter se estruturado uma área específica para
tratar dessas questões. Essa área que trata da inter-relação entre
saúde e meio ambiente foi denominada de Saúde Ambiental.
Saúde, Meio Ambiente e Saúde Ambiental
Segundo definição estabelecida pela OMS:
“Saúde Ambiental é o campo de atuação da saúde
pública que se ocupa das formas de vida, das substâncias e
das condições em torno do ser humano, que podem exercer
alguma influência sobre a sua saúde e
o seu bem-estar” (Brasil-MS, 1999).
7. Em 1993, uma definição de Saúde Ambiental, que insere
também os aspectos de atuação prática, foi apresentada na
Carta de Sofia, produzida no encontro da Organização Mundial
de Saúde, realizado na cidade de Sofia:
“Saúde ambiental são todos aqueles aspectos da saúde
humana, incluindo a qualidade de vida, que estão
determinados por fatores físicos, químicos, bioló-
gicos, sociais e psicológicos no meio ambiente. Também se
refere à teoria e prática de valorar, corrigir, controlar e evitar
aqueles fatores do meio ambiente
que, potencialmente, possam prejudicar a saúde de gerações
atuais e futuras” (OMS, 1993).
8. 8
Definições importantes
Poluição
O novo paradigma das sociedades modernas.
No início do século XXI, a sociedade depara-se com alguns problemas inexistentes para
as gerações anteriores. Um deles é a poluição ambiental.
Conceito de Poluição:
É toda alteração das propriedades naturais do meio ambiente que seja prejudicial à
saúde, à segurança ou ao bem-estar das populações sujeitas aos seus efeitos, causada
por agentes de qualquer espécie.
Causas principais da poluição ambiental:
1. O contínuo aumento da população
2. O vertiginoso desenvolvimento industrial
9. 9
Crescimento da população mundial:
No ano de 1750 a população mundial era de 750 milhões de habitantes;
Em 1900 atinge 1,5 bilhão
Em 1950 alcançamos 2,5 bilhões
Em 1990 passamos de 5,5 bilhões
Atualmente o número de seres humanos habitando a Terra já ultrapassa 7 bilhões
Conseqüências do crescimento
acelerado da população:
1. Crescente produção de
alimentos, o que exige
fertilizantes e agrotóxicos, uns
dos principais componentes
responsáveis pela poluição
ambiental.
Agrotóxicos são os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao
uso nos setores de produção... cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de
preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos (Lei Federal 7.802 de 11.07.89).
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2. Esgotos humanos: além dos detritos orgânicos, contêm também resíduos de sabões e
detergentes.
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Contaminação
Definição: introdução de microrganismos, substâncias químicas e/ou resíduos no meio
ambiente (água, ar ou solo) em quantidade suficiente para desequilibrar as propriedades
do meio e torná-lo prejudicial à saúde e à preservação ambiental.
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Diferença entre água poluída e água contaminada
Água poluída – é a água que apresenta alterações físicas, como: cheiro, turbidez, cor ou
sabor. Normalmente, a alteração física é conseqüência da contaminação
química, geralmente devido à presença de substâncias, como: elementos estranhos ou
tóxicos.
A alteração das características naturais da água a torna inadequada para o
consumo humano.
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Água contaminada – é a água que contém agentes patogênicos vivos, sejam
bactérias, vermes, protozoários ou vírus. Essa água não é potável, logo não deve ser
utilizada.
Protesto de moradores de São Paulo contra a invasão de água contaminada nos domicílios após as fortes chuvas.
Na amostra foram encontrados larvas de insetos e até cobras, aumentando seriamente os riscos da população
local,
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Principais doenças causadas pela água
contaminada:
Disenteria - Pode ser causada pela ameba ou
por bacilo.
Amebíase - É uma forma de disenteria
provocada por um organismo microscópico
chamado ameba. Uma das formas de
transmissão se faz pela água contaminada com
as fezes de indivíduo doente.
Cólera - A cólera é uma doença que
provoca, nas pessoas, vômitos, diarréia e
desidratação. É causada por uma bactéria
chamada vibrião colérico. Não se deve
confundir esta doença com a raiva. Ela causa
cólicas e, às vezes, o doente evacua sangue
com as fezes. Ela provoca, também, a
desidratação e o doente precisa tomar soro.
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Efeito Estufa
Chama-se efeito estufa o mecanismo de aquecimento natural do planeta, com elevação da
temperatura da atmosfera; esse efeito vem sendo observado há mais de um século.
A atmosfera permite a entrada de uma
grande quantidade das radiações oriundas do
sol. A maior parte dessas radiações sofre
reflexão pela superfície terrestre ou pela
atmosfera e retorna para o espaço.
Uma pequena parte, porém, é absorvida por
gases atmosféricos, pelo solo e pelos
oceanos. A energia luminosa é finalmente
retransmitida na forma de calor.
A maior parte desse calor perde-se no espaço
exterior, enquanto uma certa quantidade é
absorvida nas baixas camadas
atmosféricas, principalmente pelo gás
carbônico (CO2), pelo metano (CH4) e pelo
vapor de água. A radiação solar que atinge a Terra consiste de três
componentes: luz visível, e dois componentes invisíveis, ondas
curtas ultravioleta e ondas longas infravermelhas.
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O aumento substancial nas liberações de gás carbônico tem alterado o comportamento
atmosférico, pois, à medida que aumenta o teor de CO2, intensifica também a retenção de
calor pelo efeito estufa e, conseqüentemente, mais elevada a temperatura média do globo
terrestre.
Principais emissores de CO2
Indústrias:
A industrialização estimula muito o aumento dos
gases de efeito estufa na atmosfera, como o gás
carbônico, em virtude da queima de combustível
fóssil.
Queimadas: As queimadas das florestas também
produzem CO2 para a atmosfera.
Automóveis: A poluição provocada pela excesso
de veículos nas cidades muito populosas faz com
que o CO2 se acumule no ar, absorvendo muito
mais calor.
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Destruição da Camada de Ozônio -
Histórico
No século XX, em meados da década de 80, confirmou-se que o ozônio estava sendo
progressivamente destruído, com a conseqüente rarefação da camada. Parece que essa
destruição foi provocada por produtos químicos liberados pela atividade
humana, especialmente os que contêm átomos de cloro como os cloroflúor-carbonetos
(CFC).
A energia de ligação entre átomos de
carbono e o cloro é de 93
kcal/mol, mais fraca do que as
ligações carbono-flúor e carbono-
hidrogênio.
Assim, a molécula dos CFCs e de
outros compostos clorados voláteis é
mais facilmente decomposta pelas
radiações solares e irá contribuir para
a destruição da camada de ozônio.
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Os CFCs podem subir à estratosfera sem se modificar. Porém, acima de 12 km de altitude, a
radiação ultravioleta emitida pelo Sol rompe a ligação química entre o átomo de carbono e o
átomo de cloro, liberando este sob a forma de radical livre, que ataca o ozônio e o
destrói, formando oxigênio.
O enfraquecimento da camada de ozônio favorece a passagem dos raios ultravioleta, que
assim chegam à superfície da Terra em maior quantidade.
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Estima-se que a redução de 1% na espessura da camada de
ozônio seja suficiente para que a radiação UV cause a
cegueira por catarata em 100 000 pessoas e aumente em
3% os casos de câncer de pele.
Em pequenas quantidades, porém, essas radiações são
úteis à vida, contribuindo para a produção de vitamina
D, indispensável ao desenvolvimento normal dos ossos.
A catarata é uma patologia dos olhos que
consiste na opacidade parcial ou total do
cristalino (lente do olho) ou de sua cápsula.
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Os CFCs são muito empregados em refrigeradores, aparelhos de ar
condicionado, acolchoados para estofamento de carros e móveis, espumas sintéticas usadas
no combate a incêndio, e aerossol utilizados em vários produtos (laquês de
cabelo, desodorantes, tintas, etc.).
Produção de CFC em alguns países entre 1986 e 1996
21. Indicadores de saúde ambiental
Prof. Waldemiro Romanha
http://microsintonias.blogspot.com
22. Discute o atual modelo de desenvolvimento mundial
(crescimento econômico e urbanização):
– Urbanização rápida e desordenada;
– Concentração de renda;
– Degradação ambiental;
– Degradação qualidade de vida.
Ecologia Social
Gênese dos problemas de meio ambiente e
saúde:
processo de produção e consumo
• OMS – A OMS tem promovido estudos para
um melhor entendimento da relação ambiente
– saúde, de forma a subsidiar a definição de
políticas e estratégias para estes setores.
23. O perfil de saúde da população brasileira e o cenário
socioambiental
1. doenças cardiovasculares e neoplásicas (respectivamente primeira e terceira
causas de óbito);
2. doenças infecto-parasitárias;
3. causas externas (acidentes e violências) .
Risco à saúde relacionado ao ambiente
• A OMS estima que 30% dos danos a saúde estão relacionados aos fatores
ambientais decorrentes de inadequação do saneamento básico
(água, lixo, esgoto), poluição atmosférica, exposição a substâncias químicas e
físicas, desastres naturais, fatores biológicos (vetores, hospedeiros e reservatórios)
entre outros.
24. Área da saúde pública que envolve conhecimento científico e formulação de políticas
públicas relacionadas à interação entre a saúde humana e os fatores do meio ambiente
natural e antrópico que a determinam, condicionam e influenciam a qualidade de vida do
ser humano, sob o ponto de vista da sustentabilidade.
SAÚDE AMBIENTAL
• Instrumentos da VSA
– Epidemiologia ambiental
– Avaliação e gerenciamento de riscos
– Indicadores de Saúde Ambiental
– Sistema de informação em saúde ambiental
– Estudos e Pesquisas
– Atenção Primária
VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL
Conjunto de ações que proporciona o conhecimento, e a detecção de qualquer
mudança nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que
interferem na saúde humana.
Finalidade
Recomendar e adotar medidas de prevenção e controle dos fatores de riscos
relacionados às doenças e outros agravos à saúde
25. Indicador de saúde ambiental
• OMS
• OPAS
• MS/DATASUS
• SVS/MS
• CGVAM/SVS/MS
INDICADOR DE SAÚDE AMBIENTAL
O ISA demonstra a vinculação entre o ambiente e saúde direcionando-a para um
aspecto concreto de uma política ou gerenciamento. É apresentado de uma forma
que facilite sua interpretação, permitindo a tomada de decisão eficaz e efetiva
(Briggs e Corvalan, 1996).
Um indicador de saúde ambiental pode ser visto como uma medida que
sintetiza, em termos facilmente compreensíveis e relevantes, alguns aspectos da
relação entre o meio ambiente e a saúde, de forma a auxiliar tomadores de
decisão a fazer escolhas mais apropriadas, fundamentadas em informações
(Villardi et al, 2005)
26. B A C
Meio
Ambiente Saúde
A: Indicadores de saúde ambiental
B: Indicadores ambientais com possível impacto na saúde
C: Indicadores de saúde com possível causa ambiental
Indicadores de Saúde Ambiental
Relação com outros indicadores