1. Albino Gomes, Desastre com Multivítimas 1
DESASTRE COM MULTIVÍTIMAS
Palavras-Chave: Triagem; Desastre; Acidente; Múltiplas vitimas
Albino Gomes
RESUMO
INTRODUÇÃO
ZONA DE IMPACTO
É o lugar no qual ocorre o evento catastrófico.
A organização desta zona deve contemplar
dois factores:
1) No lugar do incidente
2) A organização das instituições que
vão receber as vítimas
Isto significa o estabelecimento de um sistema
de assistência de vítimas em massa.
Este sistema estabelece-se para:
- uniformizar os procedimentos
quotidianos para aproveitar ao máximo os
recursos existentes
- Estabelecimento de uma cadeia de
socorro multissectorial bem coordenada
- restabelecer, com prontidão e
eficácia, as operações normais dos serviços
de emergência, depois do evento
ACTUAÇÃO NA ZONA DE IMPACTO
1. Avaliação da situação
2. Informar a Central
3. Pré identificar áreas de trabalho
(segundo a magnitude do desastre)
4. Determinar área de segurança
5. Montar Posto Médico Avançado (PMA)
6. Determinar os membros integrantes e
localização do Posto de Comando
(PC)
7. Utilização de radiocomunicações
8. Controlo do trânsito e dos curiosos
9. Accionar equipas de busca e resgate
10. Determinar vias de actuação
controladas e dirigidas
2. Albino Gomes, Desastre com Multivítimas 2
Posto de Comando
Unidade multisectorial de controle (INEM,
polícia, Bombeiros e Protecção Civil)
Funções
• Coordenação dos diversos sectores
participantes
• Supervisão da assistência às vítimas
• Ligação com os sistemas de apoio, com o
objectivo de informar sobre a situação e
mobilização dos recursos necessários
Características
• Sinalização do lugar com uma bandeira ou
outro elemento que permita identificá-lo
claramente, à distância
• Estar localizado num lugar com boa
visibilidade, sem interferir nas acções
operativas
• Devem usar linguagem comum para todas
as instituições, para que todos os elementos
que falem a mesma coisa
Sistema de comunicações adequado e
integrado em todas as instituições que o
compõem
Posto Médico Avançado (PMA)
Funções
• Triagem para identificar vítimas que
requerem actuação imediata
• Estabilizar as vítimas do sinistro
• Reclassificar as vítimas, dentro do possível
(1ª e 2ª zonas de triagem)
Características
O PMA deve estar numa área segura, com
acesso directo à zona de evacuação; numa
zona sem interferência das comunicações e
deve estar a uma curta distância da zona de
impacto (50 a 100 metros)
Zona de Evacuação
O movimento das vítimas nas macas deve ser
feito num sentido único, a fim de evitar
cruzamento.
Zona de
Evacuação
Área de
Transportes
P.M.A.
Zona de
Impacto
Posto de Comando
INEM
BOMBEIROS
CRUZ VERMELHA
PROTECÇÃO CIVIL
POLÍCIA
2ª Triagem 1ª Triagem
3. Albino Gomes, Desastre com Multivítimas 3
Resgate
Primeiros
Socorros
TRIAGEM
- Estabilização
- Evacuação
• Controlo do
trânsito
• Regulação da
evacuação
Serviço
Urgência
Geral
Hospital
Plano Hospitalar Desastre
Posto de Comando
ORGANIZAÇÃO PRÉ-HOSPITALAR ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR
ZONA DE IMPACTO
Características
• A evacuação faz-se de acordo com a
evolução da vítima.
REGRAS
Nenhuma vítima é transferida do PMA para os
hospitais antes de :
Ø Estar em condição mais estável
possível;
Ø Estar adequadamente equipado para
a sua transferência
Ø O hospital que a vai receber estar
informado da sua recepção
Ø Dispor do melhor veículo e tripulação
acessível
TRIAGEM
É uma palavra de origem francesa.
Quando há um evento com grande quantidade
de vítimas é primordial efectuar este
procedimento.
É o sistema que permite classificar e
hierarquizar vítimas em massa, sistema este
baseado, principalmente na sua maior
probabilidade de sobrevida, mais que a
gravidade das lesões.
Os seus objectivos gerais são diminuir a
morbilidade e mortalidade das vítimas e
optimizar a utilização de recursos.
A triagem deve ser efectuada pela pessoa com
mais experiência, que não deve efectuar
assistência às vítimas, para não retardar a
triagem.
Tem como objectivos específicos:
1) Facilitar a assistência médica aos
pacientes que obtenham maior
beneficio na assistência médica
2) Orientar a evacuação das vítimas em
estado crítico para os centros de
referência
3) Detecção de lesões graves com risco
de morte, que necessitam de
reanimação imediata
Realizar a triagem num lugar estratégico é
fundamental para o sucesso da assistência às
vítimas.
Sistema de Assistência de Vítimas em Massa
– Cadeia de Socorro Multisectorial –
4. Albino Gomes, Desastre com Multivítimas 4
ASSISTÊNCIA MÉDICA NA ZONA DE
IMPACTO
A assistência médica deve basear-se segundo
os parâmetros vitais: ventilação, perfusão e
consciência.
1. Os doentes podem esperar para ser
atendidos
2. Outros devem ser atendidos no
local e, posteriormente, transportados (ex. um
problema da via aérea não pode esperar)
3. Os doentes devem ser conduzidos
às unidades médicas com melhor
equipamento
4. Os doentes não têm possibilidades
de sobrevivência.
A triagem é um processo contínuo que se
inicia no local do desastre, sendo aí que se
decide a prioridade a dar à sua assistência.
Pode haver um terceiro nível dentro do
hospital, nas áreas de tratamento.
IDENTIFICAÇÃO DAS VÍTIMAS
Sempre que seja possível deve-se identificar
as vítimas com etiquetas com cores, segundo
a classificação feita pela equipa da triagem.
Etiqueta Vermelha – Primeira
Prioridade de evacuação – Necessita de
cuidados imediatos.
v Problemas respiratórios não
corrigidos no local
v Hemorragia superior a 1 litro
v Inconsciência
v Perfurações do tórax e abdómen
v Fracturas graves (pélvis, tórax,
vértebras cervicais)
v Queimaduras complicadas com lesão
das vias respiratórias superiores
A PCR é tratada no local do impacto, se
existirem condições que o permitam, caso
contrário, abandona-se a vítima.
Etiqueta Amarela – Prioridade
Secundária – Lesões que não implicam perigo
de morte.
v Outras queimaduras
v Hemorragia moderada (500 a 1000cc)
v Lesões da coluna dorsal
v TCE com vítima consciente
Etiqueta Verde – Terceira Prioridade-
lesões menores que podem esperar sem
grande perigo e lesões mortais que tornam
difícil decidir a magnitude das lesões. A sua
prioridade de transporte pode dar-se em caso
de existirem poucos classificados e
identificados com a etiqueta vermelha.
Etiqueta Preta – corresponde aos
falecidos, sem pulso ou sem respiração por
mais de 20 minutos, ou cujas lesões
impossibilitam as medidas de reanimação.
EVACUAÇÃO DAS VÍTIMAS
CLASSIFICADAS:
As vítimas classificam-se da seguinte ordem:
1) Etiqueta vermelha
2) Etiqueta amarelas
3) Etiqueta verde
As vítimas transportam-se da seguinte forma:
1) Vítima com etiqueta vermelha
2) Vítima com etiqueta amarela
3) Vítima com etiqueta verde
4) Vítima com etiqueta preta
ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR
A prioridade é atender o maior número
possível de vítimas, com a maior prontidão,
eficácia, a fim de reduzir a morbilidade e
mortalidade do desastre e, lucrar com a
recuperação das vítimas.
O hospital, entra em plano de emergência
quando a procura supera a oferta. A
5. Albino Gomes, Desastre com Multivítimas 5
planificação intra hospitalar para enfrentar o
desastre, distingue-se em três áreas bem
definidas:
a) Triagem intra hospitalar eficiente e
eficaz
b) Sistema de alerta e accionamento de
pessoal
c) Um comando único que tenha o
controle de informação e das
comunicações
Cada funcionário deve realizar a função que
lhe corresponde, de acordo com o plano
previamente estabelecido.
COE – Comando de Operações de Emergência
Área de Recepção das Vítimas
‚ Identificação e Classificação das Vítimas
(Triagem)
ƒ Área de Tratamento
CONCLUSÃO
O Chefe de equipa deve ter a capacidade de
observar e avaliar com a devida rapidez, todas
as vítimas de desastres multivitimas. Cada
elemento deve saber qual a sua função. A
Triagem deve ser realizada pela pessoa com
mais experiência, e num lugar estratégico.
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Vermelha
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ÁREA DE
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Vermelho
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