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PATORREB 2015
RECOMENDAÇÕES PARA A REABILITAÇÃO DO
CONVENTO DE MADRE DE DEUS DA
VERDERENA – CASO DE ESTUDO
Andreia Valença Pires1
Apires.179@estbarreiro.ips.pt
Ana Brás2
ana.bras@estbarreiro.ips.pt
Resumo
O objetivo do presente trabalho é propor algumas soluções para a preservação do Conven-
to da Madre de Deus da Verderena, no Barreiro, Portugal.
Procurando promover a reabilitação do património da região de Setúbal, o Instituto Poli-
técnico de Setúbal (ESTBarreiro/IPS) tem vindo a apresentar recomendações de reabilita-
ção do edificado recente e antigo da região.
O convento da Madre de Deus da Verderena foi construído no século XVI pelos Francis-
canos Arrábidos. Foram realizadas obras para adaptar o edifício novas funções, nomeada-
mente uma biblioteca municipal e é usado ainda pela Universidade da Terceira Idade.
Assim como a maioria dos edifícios antigos construídos com parede autoportantes de al-
venaria e materiais muito porosos, é afetado por problemas de eflorescências que requerem
medidas apropriadas de intervenção. No entanto, os profissionais envolvidos na área da
conservação partilham a opinião que muitas dos problemas relacionados com cristalização
de sais tendem a agravar, ao invés de minimizar, após obras de conservação, mesmo quando
orientadas para resolver o problema. Esta afirmação refere-se essencialmente ao aumento
dos danos provocados na superfície.
Este artigo mostra dados de inspeção e de diagnóstico, bem como uma proposta de solu-
ção de reparação para as anomalias detetadas e danos agravados por obras realizadas ante-
riormente no edifício pela introdução de materiais e recurso a soluções construtivas que não
se revelaram eficientes.
O estudo tem vindo a ser desenvolvido desde 2012 com vista à promoção de algumas me-
didas para a reabilitação do monumento adaptado a novos usos, tendo em consideração fa-
tores históricos, arquitetónicos, aspetos da sua conceção e a sua integração urbana nos pa-
drões de vida modernos de conforto.
O principal desafio consiste em preservar a identidade do espaço permitindo que os edifí-
cios antigos sejam usufruídos de acordo com as necessidades contemporâneas e simultane-
amente desenvolver metodologias com vista à minimização dos custos de uma intervenção.
Palavras-chave: Conservação e Reabilitação do Património, Recomendações
Técnicas, Comportamento Higrotérmico.
1
Arquiteta, MSc Course “Mestrado em Conservação e Reabilitação do Edificado”,
ESTBarreiro – Instituto Politécnico de Setúbal
2
Professora Adjunta Convidada, Secção de Construção e Ambiente, ESTBarreiro – Institu-
to Politécnico de Setúbal, MSc Course ’’Mestrado em Conservação e Reabilitação do Edifica-
do”, Barreiro, Portugal
PATORREB 2015
1 Introdução
Este caso de estudo visa analisar as técnicas e princípios a aplicar na reabi-
litação do Convento de Madre de Deus da Verderena, Barreiro, construído no
século dezasseis pelos Franciscanos Arrábidos – Capuchos [9][10][11]. Atual-
mente comporta outras funções, tendo sido adaptado numa biblioteca munici-
pal e usado ainda pela Universidade da Terceira Idade. Durante as décadas de
1970 e 1990 foram feitas obras de adaptação do edifício a estes novos usos. No
entanto, estas intervenções foram inadequadas face ao estado de conservação
do edifício, nomeadamente no que diz respeito à envolvente opaca exterior [1].
O edifício é classificado como Interesse Municipal (Aviso n.º 18 805/2007,
DR, 2ª série, n.º 190, de 2-10-2007 (classificação camarária)) [9].
No que concerne a edifícios religiosos, a adaptação a novos usos é mais
sensível já que, por norma, acolhem outros significados. Permitir que estes
edifícios sejam usufruídos de acordo com as necessidades contemporâneas é
transportar o património arquitetónico, histórico e cultural para as gerações fu-
turas, prevenindo assim que os edifícios antigos sejam abandonados por não se
adaptarem à vida moderna[2][3][4][6][7][8].
2 Objetivos e motivação
Pretende-se propor soluções para a conservação do convento de Madre de
Deus da Verderena, sito no Barreiro. O estudo tem em consideração os fatores
históricos e arquitetónicos por detrás da sua conceção, a adaptação a novos
usos, a sua integração urbana e os requisitos contemporâneos relativamente ao
conforto no interior dos edifícios.
A metodologia adotada foi a seguinte:
— Caracterização histórica e arquitetónica no edifício, assim como os
princípios e valores por detrás da sua conceção;
— Estudo da tipologia, sistemas construtivos e materiais usados;
— Análise das obras de adaptação do edifício para fins culturais, refe-
renciando a documentação obtida com inspeção in situ;
— Análise e diagnóstico de anomalias;
— Estudo do comportamento higrotérmico na zona ocupada pela Uni-
versidade da Terceira Idade.
3 Análise e Diagnóstico do Estado de Conservação
3.1 Uso do edifício
Relativamente ao convento de Madre de Deus da Verderena, o principal
objetivo era preservar a espacialidade e volumetria da configuração original.
PATORREB 2015
Contudo, era necessário uma reorganização dos compartimentos em torno do
claustro, nomeadamente, a transformação dos dormitórios na Biblioteca Muni-
cipal (1º piso), enquanto o piso térreo seria ocupado pela Universidade da Ter-
ceira Idade (U3I). A Figura 1 e a Figura 2 mostram as áreas descritas.
Figura 1: Zona afeta à U3I (piso tér-
reo)
Figura 2: Zona afeta à Biblioteca Mu-
nicipal (1º piso)
3.2 Inspeção do edifício e diagnóstico de anomalias
A inspeção do Convento foi levada a cabo tendo em linha de conta diversos
fatores, nomeadamente, geometria, características estruturais, caracterização
física e química dos constituintes dos elementos de uma forma geral e, em par-
ticular, na zona afeta à biblioteca e U3I. A avaliação inclui ainda a análise do
caderno de encargos e das peças desenhadas de projeto das obras efetuadas nos
anos 70 e 90 [13][14]. Este estudo foi crucial no estabelecimento de um diag-
nóstico correto. Da revisão de projeto observou-se não conformidades entre as
peças desenhadas e o construído, como por exemplo a ausência de paredes
construídas, mas mencionadas em desenho. Foi prescrita em peças escritas do
projeto a aplicação de argamassas de reparação de base comentícia pelo que,
anteriormente à inspeção visual, era esperado encontrar um número significa-
tivo de anomalias associados ao seu emprego.
A avaliação do estado de conservação das envolventes do edifício (paredes
e coberturas), quer interiores, quer exteriores, foi feita baseada na investigação
histórica, inspeção visual in situ, análise laboratorial e ainda por entrevistas
aos gestores dos bens municipais e ao responsável pela gestão do edifício em
estudo. Dada a importância patrimonial do edifício, só foram usadas técnicas
de inspeção e diagnóstico pouco ou nada destrutivas.
PATORREB 2015
A análise histórica feita previamente permitiu aos autores perceber as téc-
nicas adotadas e as características dos materiais usados nos trabalhos de reabi-
litação do convento (nomeadamente no que diz respeito à aplicação de novos
materiais) e a sua compatibilidade com os existentes.
A Figura 3 mostra uma fotografia aérea do convento, bem como a sua ori-
entação solar.
Figura 3: Fotografia aérea do Convento de Madre de Deus da Verderena e orientação
solar. O retângulo azul marca a zona onde se desenvolvem a biblioteca (1ºpiso) e a
U3I (piso térreo) [15].
A Tabela 1sintetiza as principais anomalias observadas. A situação A, mostra
degradação generalizada nos recobrimentos das paredes de alvenaria. A análise
dos documentos relativos a obras efetuadas confirma a aplicação de argamas-
sas de base cimentícia, que são incompatíveis química, física e mecanicamente
com o substrato. No que diz respeito à aplicação de esquemas de pintura (situ-
ação A –Tabela 1), a aplicação de determinado tipo de tintas pode agravar os
danos na superfície da parede devido a sais solúveis. A acumulação de sal está
diretamente relacionado com a existência de uma camada de tinta [17][18] no
sentido em que a água transportada no interior da parede, que transporta sais
solúveis, deverá atingir a superfície externa do conjunto e depositar-se à super-
fície formando eflorescências. O uso de tintas que impedem a evaporação e o
funcionamento normal da parede, resultam em danos na superfí-
cie[17][19][20]. A situação A e B da Tabela 1 são exemplos desta anomalia.
As humidades ascensionais são difíceis de tratar. Há muitas técnicas de tra-
tamento, como por exemplo a criação de barreiras químicas ou físicas, criação
de um potencial oposto ao potencial capilar, criação de drenos atmosféricos ou
tubos de arejamento, aplicação de um revestimento com porosidade controla-
da, a criação de uma nova parede que esconda as anomalias e a ventilação da
base das paredes. A maior da parte das soluções mostra-se inadequada ou ine-
ficiente no tratamento de humidades ascensionais em edifícios históri-
cos[22][23]. No caso do edifício em estudo considera-se mais eficaz a aplica-
ção de camadas com porosidade e porometria controladas [27].
PATORREB 2015
Tabela 1: Principais danos observados no convento, especialmente perto da U3I e bi-
blioteca
A- Elementos afetados
Paredes, rebocos exteriores, pinturas e cantaria
Anomalias:
Degradação, fissuração e desagregação das ar-
gamassas;Empolamento das tin-
tas;Eflorescências;Colonizações biológicas;
Infiltrações de águas de origem pluvial nos pa-
ramentos;Gárgulas de escoamento disfuncionais;
Vandalismo.
B- Elementos afetados
Paredes, rebocos exteriores, pinturas
Anomalias
Humidades em paredes exteriores;
Degradação, fissuração e desagregação das ar-
gamassas;Empolamento das tintas;Humidades
ascensionais;Vandalismo.
C- Elementos afetados
Abóbada a descoberto pero da biblioteca
Anomalias
Degradação da abóbada, especialmente das ar-
gamassas das juntas entre os tijolos;Infiltrações
de águas provenientes da cobertura.
D- Elementos afetados
Terraço
Anomalias
Sistema de escoamento das águas pluviais dis-
funcional no terraço;Zonas de empoçamento e
acumulação de água devido a pequenas penden-
tes;Anomalias no sistema de impermeabilização
por baixo dos mosaicos cerâmicos;Anomalias em
pontos singulares como soleiras e platibandas
que levam à infiltração de água;Inexistência de
juntas de esquartelamento entre os mosaicos
E- Elementos afetados
Parede de alvenaria
Anomalias
Problema estrutural devido ao peso das abóba-
das. A fissura, ao abrir, facilita a entrada de água
para dentro das estruturas, comprometendo ainda
mais a estabilidade do elemento e acelerando a
sua degradação. A situação tende a agravar e, se
não for solucionada, prevê-se o desligamento to-
tal e colapso da mesma.
PATORREB 2015
A situação C- Tabela 1mostra o intradorso de uma abóbada a descoberto
onde se observou cristalização de sais e fenómenos de lixiviação nas argamas-
sas das juntas da alvenaria (Figura 4).
Figura 4: Cristalização de sais e fenómenos de lixiviação nas argamassas das juntas
dos tijolos na abóbada
O maior benefício de proteger o intradorso de uma abóbada é a redução da
presença de humidades dentro da estrutura de alvenaria que a constitui
[24][25]. A presença de água e a sua circulação dentro dos poros é uma das
causas de maior degradação das argamassas[24][26][27]. Dependendo das
condições de temperatura e humidade, a água, quer no estado líquido, quer no
estado gasoso, permite fenómenos de gelo/degelo, facilitando a entrada de sais
que cristalizam dentro da rede formada pelos poros, acabando por influenciar
na perda de resistência mecânica das argamassas e capacidade de aderência à
alvenaria. O fenómeno de lixiviação presente ocorre por duas vias: águas infil-
tradas pela cobertura em terraço por cima da abóbada (situação D- Tabela 1),
mas também devido à falta de proteção/ausência de reboco, no intradorso. Nes-
tas condições, as argamassas de cal das juntas entre os tijolos são diretamente
afetadas pelas condições ambientais higrotérmicas.
3.3 Comportamento higrotérmico na zona da U3I
Parte do piso térreo será ocupado pela U3I durante a primavera. Neste sen-
tido, efetuou-se um estudo higrotérmico com o objetivo de assegurar condições
de conforto.
Ambos os rebocos interiores dos espaços em estudo (U3I e biblioteca)
apresentam anomalias semelhantes: degradação, fendilhação e desagregação.
Foram recolhidas algumas amostras por forma a medir a humidade e higrosco-
picidade das argamassas, de modo a relacionar com as anomalias descritas an-
teriormente (Figura 5 e Figura 6).
PATORREB 2015
Figura 5: Área selecionada para a re-
colha das amostras na U3I.
Figura 6: Exemplo do aspeto visual da
parede na zona da U3I.
Foram recolhidas 6 amostras com 1 a 2 cm de profundidade da superfície
da parede. A Tabela 2 mostra os resultados do teor de humidade e da higrosco-
picidade para as 6 amostras colhidas a 35 e 60 cm do pavimento interior.
Tabela 2: Teor de humidade e higroscopicidade na zona da U3I.
Amostra Altura do chão (m) Teor de Humidade
(% peso)
Higroscopicidade
(% peso)
A 0,35 4,1 1,7
B 0,35 4,8 1,7
C 0,35 5,3 1,2
D 0,60 6,1 2
E 0,60 5,1 1,4
F 0,60 4,1 10,8
O aumento de massa das amostras indicia que se está na presença de mate-
riais higroscópicos, por norma sais solúveis, que têm a capacidade de absorver
o vapor de água presente na atmosfera, quando as condições ambientais de Hr
da zona da terceira idade são superiores a 65% [16].
A figura seguinte mostra a variação das condições higrotérmicas interiores
e exteriores da zona da U3I durante a campanha de monitorização in situ com
o auxílio de um termohigrometro (Figura 7).
PATORREB 2015
Figura 7: Variação de temperatura do ar e humidade relativa, interior e exterior, no
convento (zona da U3I) (de abril a maio de 2012).
De acordo com os resultados, é possível observar que as condições higro-
térmicas interiores e exteriores do convento (na zona a U3I):
— A temperatura do ar interior está compreendia dentre os 16ºC e os
22ºC;
— A temperatura exterior está compreendida entre os 9ºC e os 33ºC;
— A HR interior varia entre os 60% e os 90%.
4 Conclusões
O convento da Madre de Deus da Verderena, assim como a maioria dos
edifícios antigos construídos com parede autoportantes de alvenaria e materiais
muito porosos, é afetado por problemas de eflorescências que requerem medi-
das apropriadas de intervenção. Este estudo apresenta o diagnóstico efetuado e
algumas medidas de reparação para os danos agravados por obras realizadas
anteriormente no edifício.
Qualquer solução de reparação deverá ter em linha de conta não só melho-
rias no conforto ambiental no interior do edifício, mas também prevenir danos
causados por infiltrações. De acordo com esta linha orientadora, as recomen-
dações para a reabilitação são:
a) Restabelecer a integridade do envelope do edifício tendo em conta
os requesitos de conforto, resistência e estéticos. Neste sentido, tin-
tas e rebocos interiores e exteriores deverão ser removidos. Novos
rebocos deverão ser executados, tendo em conta questões de com-
patibilidade, de porosidade e porometria controladas, após ensaios
in situ;
b) Correção das pendentes e do sistema de impermeabilização da co-
bertura em terraço;
c) Novos arranjos exteriores por forma a prevenir ou minimizar que a
água proveniente da chuva se infiltre junto às fundações do edifí-
PATORREB 2015
cio. Acrescenta-se ainda que que se deve evitar qualquer arranjo
exterior que necessite de um sistema de irrigação, como por exem-
plo, uma zona relvada;
d) No que diz respeito às recomendações específicas para a ventilação
e controle da HR na área afeta à U3I, durante a estação de aqueci-
mento é necessário aquecer o ar interior sem exceder a amplitude
térmica de 3ºC. Na estação de arrefecimento, a renovação de ar de-
verá ser garantida durante a noite. Devido à fraca ventilação de ar
nesta zona, sugere-se que o uso de aparelhos de aquecimento e de-
sumidificação seja cuidadosamente agendado, por forma a prevenir
que a saúde dos utentes da U3I se agrave.
5 Agradecimentos
Os autores deste trabalho agradecem o acesso à informação relativa ao
convento disponibilizada pela Câmara Municipal do Barreiro.
6 Bibliografia
[1] Valença, A., et al. Convento de Madre de Deus da Verderena – Barreiro:
Proposta de Conservação e Consolidação. Trabalho de Pós- Graduação
em Conservação e Reabilitação do Edificado, ESTB – Instituto Politéc-
nico de Setúbal, 2013.
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ronment. Luxemburgo: Publications Office of the European Union,
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[3] Teller J.; Bond A. Review of present European environmental policies
and legislation involving cultural heritage. Environmental Impact As-
sessment Review 22, Novembro 2002: pp. 611– 632.
[4] Tanac¸ Z. M. Adaptive re-use of monuments “restoring religious build-
ings with different uses”. Journal of Cultural Heritage 14, Junho 2013:
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[5] Tavares, M. L.; Veiga, R. A conservação de rebocos antigos: restituir a
coesão perdida através da consolidação com materiais sustentáveis.
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lhoria das técnicas e materiais de reparação, 2004.
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rials 20, Maio 2006, pp. 239–251.
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in Lisbon, Energy and Buildings 68, Part A, Janeiro 2014: pp. 396–402.
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2007.http://www.igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimo
vel/detail/5534647/] (consult. 9-05-2013).
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Informação para o Património Arquitectónico, IHRU. 1999.
http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=6641(co
nsult. 9-05-2013).
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tuais Capuchos. KITS Património. 2010.
http://www.monumentos.pt/site/DATA_SYS/MEDIA/Estudos%20e%20
Documentos/KIT05.pdf (consult. 9-05-2013).
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toric Heritage Structures. Dordrecht, The Netherlands: Springer, 2010.
[13] Câmara Municipal do Barreiro. Projecto de alterações no convento da
Madre de Deus para instalações socio culturais (casa da Cultura),
1979.
[14] Câmara Municpal do Barreiro. Projecto de Recuperação e Reutilização
do Convento de N. Sra da Madre de Deus, 1995.
[15] Google earth image
[16] Brás, A. Estudo de avaliação dos problemas de humidade e de desempe-
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rio Técnico, ESTB – Instituto Politécnico de Setúbal, 2012.
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[18] Schaffer R.J. The weathering of natural building stones. London: His
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[20] Gonçalves T.D., et al. Drying of salt contaminated masonry: MRI la-
boratory monitoring. Environmental Geology 52, 2007, pp.249–58.
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15, Março-Abril 2014, pp. 121-127.
PATORREB 2015
[22] Franzoni, E. Rising damp removal from historical masonries: A still
open challenge. Construction and Building Materials 54, Março 2014,
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[23] Wood C. Understanding and controlling the movement of moisture
through solid stone masonry caused by driving rain. MSc Thesis, Uni-
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[24] Arizzi, A. et al, Experimental testing of the durability of lime-based
mortars used for rendering historic buildings. Construction and Build-
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[25] Hall, C.; Hoff, W.D. Rising damp: capillary rise dynamics in walls. Pro-
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[27] Faria, P., Argamassas de revestimento para alvenarias antigas – contri-
buição para o estudo da influência de ligantes, Tese de Doutoramento,
Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa,
2004.

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VALENCA, A.; BRAS, A.- Recomendações para a Reabilitação do Convento de Madre de Deus da Verderena, 2015.

  • 1. PATORREB 2015 RECOMENDAÇÕES PARA A REABILITAÇÃO DO CONVENTO DE MADRE DE DEUS DA VERDERENA – CASO DE ESTUDO Andreia Valença Pires1 Apires.179@estbarreiro.ips.pt Ana Brás2 ana.bras@estbarreiro.ips.pt Resumo O objetivo do presente trabalho é propor algumas soluções para a preservação do Conven- to da Madre de Deus da Verderena, no Barreiro, Portugal. Procurando promover a reabilitação do património da região de Setúbal, o Instituto Poli- técnico de Setúbal (ESTBarreiro/IPS) tem vindo a apresentar recomendações de reabilita- ção do edificado recente e antigo da região. O convento da Madre de Deus da Verderena foi construído no século XVI pelos Francis- canos Arrábidos. Foram realizadas obras para adaptar o edifício novas funções, nomeada- mente uma biblioteca municipal e é usado ainda pela Universidade da Terceira Idade. Assim como a maioria dos edifícios antigos construídos com parede autoportantes de al- venaria e materiais muito porosos, é afetado por problemas de eflorescências que requerem medidas apropriadas de intervenção. No entanto, os profissionais envolvidos na área da conservação partilham a opinião que muitas dos problemas relacionados com cristalização de sais tendem a agravar, ao invés de minimizar, após obras de conservação, mesmo quando orientadas para resolver o problema. Esta afirmação refere-se essencialmente ao aumento dos danos provocados na superfície. Este artigo mostra dados de inspeção e de diagnóstico, bem como uma proposta de solu- ção de reparação para as anomalias detetadas e danos agravados por obras realizadas ante- riormente no edifício pela introdução de materiais e recurso a soluções construtivas que não se revelaram eficientes. O estudo tem vindo a ser desenvolvido desde 2012 com vista à promoção de algumas me- didas para a reabilitação do monumento adaptado a novos usos, tendo em consideração fa- tores históricos, arquitetónicos, aspetos da sua conceção e a sua integração urbana nos pa- drões de vida modernos de conforto. O principal desafio consiste em preservar a identidade do espaço permitindo que os edifí- cios antigos sejam usufruídos de acordo com as necessidades contemporâneas e simultane- amente desenvolver metodologias com vista à minimização dos custos de uma intervenção. Palavras-chave: Conservação e Reabilitação do Património, Recomendações Técnicas, Comportamento Higrotérmico. 1 Arquiteta, MSc Course “Mestrado em Conservação e Reabilitação do Edificado”, ESTBarreiro – Instituto Politécnico de Setúbal 2 Professora Adjunta Convidada, Secção de Construção e Ambiente, ESTBarreiro – Institu- to Politécnico de Setúbal, MSc Course ’’Mestrado em Conservação e Reabilitação do Edifica- do”, Barreiro, Portugal
  • 2. PATORREB 2015 1 Introdução Este caso de estudo visa analisar as técnicas e princípios a aplicar na reabi- litação do Convento de Madre de Deus da Verderena, Barreiro, construído no século dezasseis pelos Franciscanos Arrábidos – Capuchos [9][10][11]. Atual- mente comporta outras funções, tendo sido adaptado numa biblioteca munici- pal e usado ainda pela Universidade da Terceira Idade. Durante as décadas de 1970 e 1990 foram feitas obras de adaptação do edifício a estes novos usos. No entanto, estas intervenções foram inadequadas face ao estado de conservação do edifício, nomeadamente no que diz respeito à envolvente opaca exterior [1]. O edifício é classificado como Interesse Municipal (Aviso n.º 18 805/2007, DR, 2ª série, n.º 190, de 2-10-2007 (classificação camarária)) [9]. No que concerne a edifícios religiosos, a adaptação a novos usos é mais sensível já que, por norma, acolhem outros significados. Permitir que estes edifícios sejam usufruídos de acordo com as necessidades contemporâneas é transportar o património arquitetónico, histórico e cultural para as gerações fu- turas, prevenindo assim que os edifícios antigos sejam abandonados por não se adaptarem à vida moderna[2][3][4][6][7][8]. 2 Objetivos e motivação Pretende-se propor soluções para a conservação do convento de Madre de Deus da Verderena, sito no Barreiro. O estudo tem em consideração os fatores históricos e arquitetónicos por detrás da sua conceção, a adaptação a novos usos, a sua integração urbana e os requisitos contemporâneos relativamente ao conforto no interior dos edifícios. A metodologia adotada foi a seguinte: — Caracterização histórica e arquitetónica no edifício, assim como os princípios e valores por detrás da sua conceção; — Estudo da tipologia, sistemas construtivos e materiais usados; — Análise das obras de adaptação do edifício para fins culturais, refe- renciando a documentação obtida com inspeção in situ; — Análise e diagnóstico de anomalias; — Estudo do comportamento higrotérmico na zona ocupada pela Uni- versidade da Terceira Idade. 3 Análise e Diagnóstico do Estado de Conservação 3.1 Uso do edifício Relativamente ao convento de Madre de Deus da Verderena, o principal objetivo era preservar a espacialidade e volumetria da configuração original.
  • 3. PATORREB 2015 Contudo, era necessário uma reorganização dos compartimentos em torno do claustro, nomeadamente, a transformação dos dormitórios na Biblioteca Muni- cipal (1º piso), enquanto o piso térreo seria ocupado pela Universidade da Ter- ceira Idade (U3I). A Figura 1 e a Figura 2 mostram as áreas descritas. Figura 1: Zona afeta à U3I (piso tér- reo) Figura 2: Zona afeta à Biblioteca Mu- nicipal (1º piso) 3.2 Inspeção do edifício e diagnóstico de anomalias A inspeção do Convento foi levada a cabo tendo em linha de conta diversos fatores, nomeadamente, geometria, características estruturais, caracterização física e química dos constituintes dos elementos de uma forma geral e, em par- ticular, na zona afeta à biblioteca e U3I. A avaliação inclui ainda a análise do caderno de encargos e das peças desenhadas de projeto das obras efetuadas nos anos 70 e 90 [13][14]. Este estudo foi crucial no estabelecimento de um diag- nóstico correto. Da revisão de projeto observou-se não conformidades entre as peças desenhadas e o construído, como por exemplo a ausência de paredes construídas, mas mencionadas em desenho. Foi prescrita em peças escritas do projeto a aplicação de argamassas de reparação de base comentícia pelo que, anteriormente à inspeção visual, era esperado encontrar um número significa- tivo de anomalias associados ao seu emprego. A avaliação do estado de conservação das envolventes do edifício (paredes e coberturas), quer interiores, quer exteriores, foi feita baseada na investigação histórica, inspeção visual in situ, análise laboratorial e ainda por entrevistas aos gestores dos bens municipais e ao responsável pela gestão do edifício em estudo. Dada a importância patrimonial do edifício, só foram usadas técnicas de inspeção e diagnóstico pouco ou nada destrutivas.
  • 4. PATORREB 2015 A análise histórica feita previamente permitiu aos autores perceber as téc- nicas adotadas e as características dos materiais usados nos trabalhos de reabi- litação do convento (nomeadamente no que diz respeito à aplicação de novos materiais) e a sua compatibilidade com os existentes. A Figura 3 mostra uma fotografia aérea do convento, bem como a sua ori- entação solar. Figura 3: Fotografia aérea do Convento de Madre de Deus da Verderena e orientação solar. O retângulo azul marca a zona onde se desenvolvem a biblioteca (1ºpiso) e a U3I (piso térreo) [15]. A Tabela 1sintetiza as principais anomalias observadas. A situação A, mostra degradação generalizada nos recobrimentos das paredes de alvenaria. A análise dos documentos relativos a obras efetuadas confirma a aplicação de argamas- sas de base cimentícia, que são incompatíveis química, física e mecanicamente com o substrato. No que diz respeito à aplicação de esquemas de pintura (situ- ação A –Tabela 1), a aplicação de determinado tipo de tintas pode agravar os danos na superfície da parede devido a sais solúveis. A acumulação de sal está diretamente relacionado com a existência de uma camada de tinta [17][18] no sentido em que a água transportada no interior da parede, que transporta sais solúveis, deverá atingir a superfície externa do conjunto e depositar-se à super- fície formando eflorescências. O uso de tintas que impedem a evaporação e o funcionamento normal da parede, resultam em danos na superfí- cie[17][19][20]. A situação A e B da Tabela 1 são exemplos desta anomalia. As humidades ascensionais são difíceis de tratar. Há muitas técnicas de tra- tamento, como por exemplo a criação de barreiras químicas ou físicas, criação de um potencial oposto ao potencial capilar, criação de drenos atmosféricos ou tubos de arejamento, aplicação de um revestimento com porosidade controla- da, a criação de uma nova parede que esconda as anomalias e a ventilação da base das paredes. A maior da parte das soluções mostra-se inadequada ou ine- ficiente no tratamento de humidades ascensionais em edifícios históri- cos[22][23]. No caso do edifício em estudo considera-se mais eficaz a aplica- ção de camadas com porosidade e porometria controladas [27].
  • 5. PATORREB 2015 Tabela 1: Principais danos observados no convento, especialmente perto da U3I e bi- blioteca A- Elementos afetados Paredes, rebocos exteriores, pinturas e cantaria Anomalias: Degradação, fissuração e desagregação das ar- gamassas;Empolamento das tin- tas;Eflorescências;Colonizações biológicas; Infiltrações de águas de origem pluvial nos pa- ramentos;Gárgulas de escoamento disfuncionais; Vandalismo. B- Elementos afetados Paredes, rebocos exteriores, pinturas Anomalias Humidades em paredes exteriores; Degradação, fissuração e desagregação das ar- gamassas;Empolamento das tintas;Humidades ascensionais;Vandalismo. C- Elementos afetados Abóbada a descoberto pero da biblioteca Anomalias Degradação da abóbada, especialmente das ar- gamassas das juntas entre os tijolos;Infiltrações de águas provenientes da cobertura. D- Elementos afetados Terraço Anomalias Sistema de escoamento das águas pluviais dis- funcional no terraço;Zonas de empoçamento e acumulação de água devido a pequenas penden- tes;Anomalias no sistema de impermeabilização por baixo dos mosaicos cerâmicos;Anomalias em pontos singulares como soleiras e platibandas que levam à infiltração de água;Inexistência de juntas de esquartelamento entre os mosaicos E- Elementos afetados Parede de alvenaria Anomalias Problema estrutural devido ao peso das abóba- das. A fissura, ao abrir, facilita a entrada de água para dentro das estruturas, comprometendo ainda mais a estabilidade do elemento e acelerando a sua degradação. A situação tende a agravar e, se não for solucionada, prevê-se o desligamento to- tal e colapso da mesma.
  • 6. PATORREB 2015 A situação C- Tabela 1mostra o intradorso de uma abóbada a descoberto onde se observou cristalização de sais e fenómenos de lixiviação nas argamas- sas das juntas da alvenaria (Figura 4). Figura 4: Cristalização de sais e fenómenos de lixiviação nas argamassas das juntas dos tijolos na abóbada O maior benefício de proteger o intradorso de uma abóbada é a redução da presença de humidades dentro da estrutura de alvenaria que a constitui [24][25]. A presença de água e a sua circulação dentro dos poros é uma das causas de maior degradação das argamassas[24][26][27]. Dependendo das condições de temperatura e humidade, a água, quer no estado líquido, quer no estado gasoso, permite fenómenos de gelo/degelo, facilitando a entrada de sais que cristalizam dentro da rede formada pelos poros, acabando por influenciar na perda de resistência mecânica das argamassas e capacidade de aderência à alvenaria. O fenómeno de lixiviação presente ocorre por duas vias: águas infil- tradas pela cobertura em terraço por cima da abóbada (situação D- Tabela 1), mas também devido à falta de proteção/ausência de reboco, no intradorso. Nes- tas condições, as argamassas de cal das juntas entre os tijolos são diretamente afetadas pelas condições ambientais higrotérmicas. 3.3 Comportamento higrotérmico na zona da U3I Parte do piso térreo será ocupado pela U3I durante a primavera. Neste sen- tido, efetuou-se um estudo higrotérmico com o objetivo de assegurar condições de conforto. Ambos os rebocos interiores dos espaços em estudo (U3I e biblioteca) apresentam anomalias semelhantes: degradação, fendilhação e desagregação. Foram recolhidas algumas amostras por forma a medir a humidade e higrosco- picidade das argamassas, de modo a relacionar com as anomalias descritas an- teriormente (Figura 5 e Figura 6).
  • 7. PATORREB 2015 Figura 5: Área selecionada para a re- colha das amostras na U3I. Figura 6: Exemplo do aspeto visual da parede na zona da U3I. Foram recolhidas 6 amostras com 1 a 2 cm de profundidade da superfície da parede. A Tabela 2 mostra os resultados do teor de humidade e da higrosco- picidade para as 6 amostras colhidas a 35 e 60 cm do pavimento interior. Tabela 2: Teor de humidade e higroscopicidade na zona da U3I. Amostra Altura do chão (m) Teor de Humidade (% peso) Higroscopicidade (% peso) A 0,35 4,1 1,7 B 0,35 4,8 1,7 C 0,35 5,3 1,2 D 0,60 6,1 2 E 0,60 5,1 1,4 F 0,60 4,1 10,8 O aumento de massa das amostras indicia que se está na presença de mate- riais higroscópicos, por norma sais solúveis, que têm a capacidade de absorver o vapor de água presente na atmosfera, quando as condições ambientais de Hr da zona da terceira idade são superiores a 65% [16]. A figura seguinte mostra a variação das condições higrotérmicas interiores e exteriores da zona da U3I durante a campanha de monitorização in situ com o auxílio de um termohigrometro (Figura 7).
  • 8. PATORREB 2015 Figura 7: Variação de temperatura do ar e humidade relativa, interior e exterior, no convento (zona da U3I) (de abril a maio de 2012). De acordo com os resultados, é possível observar que as condições higro- térmicas interiores e exteriores do convento (na zona a U3I): — A temperatura do ar interior está compreendia dentre os 16ºC e os 22ºC; — A temperatura exterior está compreendida entre os 9ºC e os 33ºC; — A HR interior varia entre os 60% e os 90%. 4 Conclusões O convento da Madre de Deus da Verderena, assim como a maioria dos edifícios antigos construídos com parede autoportantes de alvenaria e materiais muito porosos, é afetado por problemas de eflorescências que requerem medi- das apropriadas de intervenção. Este estudo apresenta o diagnóstico efetuado e algumas medidas de reparação para os danos agravados por obras realizadas anteriormente no edifício. Qualquer solução de reparação deverá ter em linha de conta não só melho- rias no conforto ambiental no interior do edifício, mas também prevenir danos causados por infiltrações. De acordo com esta linha orientadora, as recomen- dações para a reabilitação são: a) Restabelecer a integridade do envelope do edifício tendo em conta os requesitos de conforto, resistência e estéticos. Neste sentido, tin- tas e rebocos interiores e exteriores deverão ser removidos. Novos rebocos deverão ser executados, tendo em conta questões de com- patibilidade, de porosidade e porometria controladas, após ensaios in situ; b) Correção das pendentes e do sistema de impermeabilização da co- bertura em terraço; c) Novos arranjos exteriores por forma a prevenir ou minimizar que a água proveniente da chuva se infiltre junto às fundações do edifí-
  • 9. PATORREB 2015 cio. Acrescenta-se ainda que que se deve evitar qualquer arranjo exterior que necessite de um sistema de irrigação, como por exem- plo, uma zona relvada; d) No que diz respeito às recomendações específicas para a ventilação e controle da HR na área afeta à U3I, durante a estação de aqueci- mento é necessário aquecer o ar interior sem exceder a amplitude térmica de 3ºC. Na estação de arrefecimento, a renovação de ar de- verá ser garantida durante a noite. Devido à fraca ventilação de ar nesta zona, sugere-se que o uso de aparelhos de aquecimento e de- sumidificação seja cuidadosamente agendado, por forma a prevenir que a saúde dos utentes da U3I se agrave. 5 Agradecimentos Os autores deste trabalho agradecem o acesso à informação relativa ao convento disponibilizada pela Câmara Municipal do Barreiro. 6 Bibliografia [1] Valença, A., et al. Convento de Madre de Deus da Verderena – Barreiro: Proposta de Conservação e Consolidação. Trabalho de Pós- Graduação em Conservação e Reabilitação do Edificado, ESTB – Instituto Politéc- nico de Setúbal, 2013. [2] European Commission. Preserving our heritage, improving our envi- ronment. Luxemburgo: Publications Office of the European Union, 2009. [3] Teller J.; Bond A. Review of present European environmental policies and legislation involving cultural heritage. Environmental Impact As- sessment Review 22, Novembro 2002: pp. 611– 632. [4] Tanac¸ Z. M. Adaptive re-use of monuments “restoring religious build- ings with different uses”. Journal of Cultural Heritage 14, Junho 2013: pp.14–S19. [5] Tavares, M. L.; Veiga, R. A conservação de rebocos antigos: restituir a coesão perdida através da consolidação com materiais sustentáveis. Comunicação inserida no Projecto Conservação de rebocos de cal: me- lhoria das técnicas e materiais de reparação, 2004. http://conservarcal.lnec.pt/pdfs/Artigo%20Tavares%20Veiga%20VII%2 0SBTA%202a.pdf (consult. 12-05-2013). [6] Carbonara, G. An Italian contribution to architectural restoration. Fron- tiers of Architectural Research 1, Março 2012: pp. 2-9.
  • 10. PATORREB 2015 [7] Lourenço, P.B. Recommendations for restoration of ancient buildings and the survival of a masonry chimney. Construction and Building Mate- rials 20, Maio 2006, pp. 239–251. [8] Martins, A.M.T., Carlos, J.S., The retrofitting of the Bernardas’ Convent in Lisbon, Energy and Buildings 68, Part A, Janeiro 2014: pp. 396–402. [9] Leite, S.; DIDA/IGESPAR. Convento da Madre de Deus da Verderena. 2007.http://www.igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimo vel/detail/5534647/] (consult. 9-05-2013). [10] Belo, A. Convento da Madre de Deus da Verderena. In SIPA- Sistema de Informação para o Património Arquitectónico, IHRU. 1999. http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=6641(co nsult. 9-05-2013). [11] IHRU/IGESPAR. KIT05 – Património arquitectónico: Edifícios Conven- tuais Capuchos. KITS Património. 2010. http://www.monumentos.pt/site/DATA_SYS/MEDIA/Estudos%20e%20 Documentos/KIT05.pdf (consult. 9-05-2013). [12] Dan, M.B., ed. lit. (etc.). Materials, Technologies and Practice in His- toric Heritage Structures. Dordrecht, The Netherlands: Springer, 2010. [13] Câmara Municipal do Barreiro. Projecto de alterações no convento da Madre de Deus para instalações socio culturais (casa da Cultura), 1979. [14] Câmara Municpal do Barreiro. Projecto de Recuperação e Reutilização do Convento de N. Sra da Madre de Deus, 1995. [15] Google earth image [16] Brás, A. Estudo de avaliação dos problemas de humidade e de desempe- nho higrotérmico do Convento da Madre de Deus da Verderena. Relató- rio Técnico, ESTB – Instituto Politécnico de Setúbal, 2012. [17] Gonçalves T.D., et al. Influence of paints on drying and salt distribu- tion processes in porous building materials. Construction and Building Materials 23, Maio 2009, pp. 1751–1759. [18] Schaffer R.J. The weathering of natural building stones. London: His Majesty’s Stationery Office, 1932. [Reprinted, with slight amendments, 1933]. [19] Gonçalves T.D. Salt crystallization in plastered or rendered walls. Tese de Doutoramento, Instituto Superior Técnico, 2007. [20] Gonçalves T.D., et al. Drying of salt contaminated masonry: MRI la- boratory monitoring. Environmental Geology 52, 2007, pp.249–58. [21] Torres, I.M., Wall base ventilation system to treat rising damp: The in- fluence of the size of the channels. Journal of Cultural Heritage 15, Março-Abril 2014, pp. 121-127.
  • 11. PATORREB 2015 [22] Franzoni, E. Rising damp removal from historical masonries: A still open challenge. Construction and Building Materials 54, Março 2014, pp. 123–136. [23] Wood C. Understanding and controlling the movement of moisture through solid stone masonry caused by driving rain. MSc Thesis, Uni- versity of Oxford, 2010. [24] Arizzi, A. et al, Experimental testing of the durability of lime-based mortars used for rendering historic buildings. Construction and Build- ing Materials 28, Março 2012, pp. 807–818. [25] Hall, C.; Hoff, W.D. Rising damp: capillary rise dynamics in walls. Pro- ceedings of The Royal Society A 463, Maio 2007, pp. 1871–1884. [26] Groot, C.; Gunneweg, J.T.M. The influence of materials characteristics and workmanship on rain penetration in historic fired clay brick mason- ry. Heron 55, 2010, pp.141–54. [27] Faria, P., Argamassas de revestimento para alvenarias antigas – contri- buição para o estudo da influência de ligantes, Tese de Doutoramento, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, 2004.