PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
Revista Consciência Ampla nº10
1. ano 3 I outubro • novembro • dezembro 2011 I nº 10
R E V I S T A
A sua revista Ampla sobre
responsabilidade socioambiental
Ampla é a primeira empresa
brasileira a apoiar bancos
comunitários – págs. 8, 9 e 10
Joaquim Melo
Confira a entrevista exclusiva com o
fundador do Instituto Palmas, referência
de organização popular voltada para a
inclusão financeira no país – págs. 4, 5 e 6
2. diálogo programe-se
“Indico o @Conscienciampla Consciência Ampla na Tela
para quem quer viver melhor
usando de forma racional os
Consciência Outubro
Saquarema 28
recursos naturais!” (via Twitter)
Rafael Guimarães
Ampla na Maricá
Novembro
29
“Todos nós devemos bus-
Tela e sobre Teresópolis
Petrópolis
Santa Maria Madalena
11
12
18
car soluções para a reutili-
zação dos diversos mate- Rodas Consciência Ampla sobre Rodas
riais (valiosos) que jogamos Outubro
Quer aprender mais sobre cinema
fora. Tenho reutilizado as São Fidélis 3a7
e consumo consciente de energia?
garrafas PET, os rolos de Rio das Ostras 10 a 14
Confira então as datas do Consciência
Maricá 17 a 21
papel higiênico e as caixas Ampla na Tela e do Consciência Am- Rio Bonito 24 a 28
de papelão.” (via blog) pla sobre Rodas. Petrópolis 31
Eunice Batista
Novembro
Os demais projetos do Consciência Petrópolis 1a4
“Quero deixar aqui meus Ampla continuam percorrendo ci- Duque de Caxias 7 a 11
parabéns e registrar a ad- dades em 2011, levando cultura e Teresópolis 21 a 25
miração que tenho pelo educação para o consumo conscien- Itaboraí 28 a 30
trabalho da Ampla. Viverí- te. Acompanhe toda a programação Dezembro
amos em um mundo me- pelo blog e pelo twitter do Consciên- Cachoeiras de Macacu 5a9
lhor se a responsabilidade Niterói 12 a 16
cia Ampla.
social, hoje tão falada, ti-
vesse ações mais práticas
de todas as empresas. Que, transparência
além das lâmpadas, a Am-
pla consiga espalhar mais
luzes para todos!” (via blog)
Heloisa Vieira
Um semestre de realizações
Entre janeiro e junho de 2011, a maioria dos projetos do Consciência Ampla superou as expecta-
tivas e atingiu um número maior de beneficiados. No caso do Projeto Férias sem Risco, realizado
“@Conscienciampla por
em junho deste ano, a história não foi diferente. Um total de 26.712 alunos da rede pública rece-
um mundo melhor, sem-
beu orientação sobre o perigo de soltar pipas perto da rede elétrica. Os resultados obtidos com os
pre alerta.” (via Twitter)
programas nos dão mais ânimo para seguirmos com nosso trabalho. E esperamos contar sempre
Erivaldo Caico
com sua colaboração nessa jornada.
Projeto Número de beneficiados no 1º semestre META
Consciência Ampla Saber 64.080 64.159
Consciência Ampla Cidadania 10.951 6.670
Consciência Ampla com Arte 3.625 3.200
Consciência Ampla Futuro 58.154 31.111
Consciência Ampla sobre Rodas 28.149 19.600
Consciência Ampla Oportunidade 634 650
Consciência Ampla na Tela 5.879 19.500
Consciência EcoAmpla 863 1.000
Consciência Ampla Cultural 18.060 15.000
Consciência Ampla Eficiente 16.108 14.000
TOTAL 234.834 174.890
2 Papel reciclável de origem certificada
3. Cara a Cara ............................................. 4
índice Caso de Sucesso ...................................... 7
Capa ....................................................... 8
Fique por Dentro...................................11
Em Foco ................................................13
Rede do Saber .......................................14
Consciência Digital ................................15
Dicas .....................................................16
Divirta-se ...............................................16
editorial
Pela valorização do ser humano
Economia solidária: um conceito que tem se outro em Duque de Caxias – e contamos
traduzido em prática por meio de projetos que cada detalhe destas duas inciativas que pro-
se multiplicam como nunca. Um bom exem- metem desenvolver ainda mais as comuni-
plo são as ações desenvolvidas pela Secretaria dades onde estão instaladas.
Nacional de Economia Solidária (Senaes). Em
Rede do Saber, Paul Singer, titular do órgão, Na seara tecnológica, você vai ver em Fique
mostra que tem muito a dizer sobre esta forma por Dentro algumas novidades que a Ampla
de produção, consumo e distribuição de rique- vem pesquisando. Para o último 6º Citenel,
za centrada na valorização do ser humano. congresso de inovação em energia elétrica, le-
vamos produtos como um poste de luz mais
A sociedade civil também se movimenta leve – criado para garantir o restabelecimento
nesse sentido. É o que conta Joaquim Melo, rápido do fornecimento de energia – e uma
fundador do primeiro banco comunitário do luva que sinaliza a presença de tensão na rede.
Brasil. Em Cara a Cara, ele conta como uma
pergunta – “Por que somos pobres?” – foi res- Estes e outros assuntos foram escolhidos es-
ponsável por uma rede que já ultrapassa 60 pecialmente para você.
instituições do gênero país afora.
Em nossa reportagem de capa, é possível Boa leitura!
ver como a economia solidária pode tomar
uma forma concreta, e bem perto de nós.
Acompanhamos a inauguração dos dois pri- Marcelo Llévenes
meiros bancos comunitários do país apoia- Responsável pela Ampla
dos por uma empresa – um em Niterói e e pela Endesa Brasil
Você conhece a
Expediente
versão on-line
Publicação trimestral da Ampla. Criação e produção – Marketing Ampla: Denise Monteiro (Mb: 21.1407), da revista
Tatianna Togashi, Patrícia Gismonti e Pryscilla Civelli; Projetos Sociais Ampla: Aladia Guerino, Cristiane Baena, Consciência Ampla?
Felipe Conti, Gislene Rodrigues e Katia Ramos; Colaboração – Comunicação Externa e Responsabilidade Acesse www.
Social Ampla: Janaína Vilella, Ana Paula Caporal e Beatriz Stutzel; Reportagem – Ana Clara Werneck,
Annie Nielsen, Carlos Vasconcellos, Carolina Silveira, Letícia Mota, Lissandra Torres e Maíra Gonçalves.
job360.com.br/
Coordenação Editorial – Ana Clara Werneck. Edição – Eliane Levy de Souza. Projeto Gráfico e Diagramação: conscienciaampla10 e
Casa do Cliente Comunicação 360º. Revisão: Juliana Carvalho. Fotos: Antonio Pinheiro, Banco de Imagem confira uma revista com
Casa do Cliente e Mazé Mixo. ainda mais conteúdo
para você!
Papel reciclável de origem certificada 3
4. cara a cara
Joaquim Melo
Um sonhador
com os pés no chão
Joaquim Melo é o nome que está por trás do primeiro banco comunitário no Brasil. Seminarista na
década de 1980, ele se mudou de Belém para Fortaleza com o objetivo de colaborar na prática para
tornar a vida das pessoas melhor. Morando na comunidade Conjunto Palmeira, criou uma associa-
ção de moradores e reuniu os vizinhos com uma pergunta: “Por que somos pobres?”. Noventa e
seis assembleias depois, nasceu o Banco Palmas, (praticamente) sem dinheiro e com 5 mil donos, o
número de moradores do bairro na época. A instituição fez sucesso e, totalmente envolvido com a
inclusão social, ele abandonou o plano de ser padre. Hoje, dá palestras em todo o país e sonha com
o dia em que os bancos comunitários serão legitimados pelo Estado. “Nunca estudei Economia,
tudo o que sei aprendi com o povo”, conta ele, com a certeza dos que acreditam em um mundo
melhor feito com as próprias mãos. É o que ele comprova nesta entrevista exclusiva que o coorde-
nador do Banco Palmas e do Instituto Palmas concedeu à Consciência Ampla.
Como surgiu a ideia de criar o Banco Palmas, o Foram 96 reuniões com os moradores para
primeiro banco comunitário do Brasil? definir como manter o dinheiro deles ali. Em
‘A maneira como Joaquim Melo – Na década de 1980, depois 1998, o Banco Palmas surgiu, com o objetivo
consumimos da urbanização da favela do Conjunto Pal- de estimular o desenvolvimento por meio da
define a sociedade meira, em Fortaleza, seus moradores ficaram produção e do consumo locais, e esta é a ló-
ainda mais pobres economicamente. Isso gica dos bancos comunitários até hoje. No úl-
que queremos
porque tiveram de passar a pagar contas de timo Mapa da Produção e do Consumo, feito
construir’ luz, água, IPTU etc. Como o povo não tinha este ano, vimos que 93% dos moradores do
dinheiro para isso, começou a ir embora do Conjunto Palmeira fazem compras lá.
bairro. A grande pergunta que fizemos neste
momento, e que originou o banco, foi “Por Na época, não havia iniciativas deste tipo
que somos pobres?”. As pessoas diziam “Por- no Brasil. Você teve alguma fonte de inspi-
que não temos dinheiro”. Mas não me con- ração externa?
formava com esta resposta. J. M. – Tinha a referência do Grameen Bank,
em Bangladesh [criado por Muhammad Yunus,
Nesta época, conduzi o primeiro Mapa da conhecido como o banqueiro dos pobres]. Mas
Produção e do Consumo – que até hoje é fei- era um banco bem diferente, pois só trabalhava
to no Conjunto Palmeira: fomos de casa em com crédito produtivo para aldeias rurais. A nos-
casa perguntando para as pessoas o que e sa ideia não era de apenas estimular a produção,
onde consumiam. Como resultado, descobri- mas também o consumo, por meio de uma mo-
mos que só 20% das pessoas faziam compras eda que só circulasse no bairro, para que as pes-
no bairro. Ou seja: não eram pobres, pois soas consumissem majoritariamente ali. A ideia
tinham algum dinheiro. A verdade é que se do Banco Palmas foi completamente endógena.
empobreciam, na medida em que perdiam
suas poupanças locais comprando fora do A inovação do nosso banco foi o estímulo
bairro produtos fabricados em outros lugares. ao consumo. Os pobres sempre produziram,
4 Papel reciclável de origem certificada
5. mas não tinham para quem vender. Na ver- mais forte que já passei. Foi ali que
dade, o problema é que historicamente só decidi que me comprometeria para
compram dos ricos. A grande tecnologia so- o resto da vida com os pobres e me
cial deste tipo de empreendimento é mos- dedicaria à superação da miséria. Em
trar que a solução para os pobres está com 1984, o cardeal da época solicitou que
eles mesmos. Cunhamos uma frase que usa- eu fosse morar no Conjunto Palmeira. Lá,
mos sempre: “A maneira como consumimos não havia água, luz nem saneamento básico.
define a sociedade que queremos construir”. Criei a associação de moradores e trabalhava
na comunidade. Em 1988, eu deveria me or-
As pessoas reclamam da violência juvenil, mas denar, mas já era presidente da associação e
não entendem que, quando alguém compra estava muito envolvido com a missão. Decidi
um produto de uma multinacional em um hiper- abandonar o futuro como padre e continuar
mercado, está estimulando o desemprego em morando no Conjunto Palmeira.
sua própria comunidade, e a violência advém ‘Em 1988, eu
daí. Queremos uma sociedade igualitária, que Quando reuniu as pessoas para fazer as assem-
distribui renda e dá oportunidade para os mais bleias antes de formar o banco, você tinha algum
deveria me
pobres. Quando a Ampla cria na comunidade conhecimento formal de Economia ou Finanças? ordenar, mas já
um fundo de crédito, como está fazendo no Pre- J. M. – Nunca estudei Economia. Tudo o que sei era presidente
ventório (Niterói), e em Saracuruna (Duque de sobre o assunto aprendi com o povo. As pesso-
da associação
Caxias), está apostando que a comunidade pode as têm a ideia de que Economia é para econo-
resolver seus problemas econômicos – e isso vai mistas, mas os mais pobres praticam Economia [de moradores]
muito além de pagar a conta de luz em dia. Doméstica com perfeição. Eles precisam de e estava muito
Educação Financeira para pensar em negócios, envolvido com
Já temos 64 bancos comunitários no Brasil – mas têm desejo de pagar suas contas em dia.
contando com os do Preventório e de Saracu-
a missão. Decidi
runa. Estas instituições não têm filiais, nenhu- Essas pessoas são socioeconomistas popula- abandonar o futuro
ma é dona da outra, todas são organizadas res, pois o mais importante na relação eco- como padre e
em rede. Temos o projeto de um dia fazer um nômica é a sociedade, não a economia, o in-
ficar no Conjunto
corredor comercial, para que um banco pos- verso do capitalismo, em que se “topa tudo
sa vender para o outro os produtos que sua por dinheiro”. A lógica da economia solidária Palmeira’
comunidade fabrique. Hoje, temos uma rede é que o dinheiro está a serviço das pessoas,
de troca de tecnologia, mas queremos fazer e não o contrário. Não há donos no Banco
outra, de negócios. Mas o primeiro passo é Palmas, toda a comunidade é proprietária,
fortalecer o desenvolvimento regional. desde o bêbado que fica na praça ao homem
mais rico, que tem um pequeno comércio.
Como você chegou ao Conjunto Palmeira?
J. M. – Vim na década de 1980, como semina- Hoje você é uma autoridade em bancos comu-
rista. Morava em um seminário tradicional em nitários. Pessoas do Brasil inteiro lhe pedem
Belém, onde cheguei aos 11 anos de idade. consultoria. Como você vê esse retorno?
Mas me angustiava ficar longe das pessoas, J. M. – Quando o Banco Palmas começou a dar
queria colaborar na prática para uma sociedade resultados, recebemos convites de prefeituras e
melhor. Soube que em Fortaleza havia um pro- comunidades de várias partes do país, pedindo
jeto chamado Padres da Favela e, aos 22 anos, orientação. Por isso, criamos, em 2003, o Ins-
me mudei. No primeiro ano, morei na Rampa tituto Palmas, uma Organização da Sociedade
do Lixo, ao lado do lixão da cidade. Viver com Civil de Interesse Público (Oscip). E saímos pelo
os catadores foi uma experiência muito forte, a Brasil em uma cruzada, dizendo que as co-
Papel reciclável de origem certificada 5
6. munidades não precisam depender dos gran- falar das semelhanças entre esses bancos.
des bancos, pois eles não foram criados para Todos passaram pelo mesmo processo:
atender os pobres, não têm capilaridade para um seminário inicial de sensibilização,
isso. A grande tarefa do Instituto Palmas são as para saber da comunidade se ela quer ou
milhares de palestras que fazemos pelo país. não o banco comunitário – lembrando
Tanto nas comunidades quanto nos governos, que, nesse caso, ela terá de geri-lo. A dife-
nas universidades e nos próprios bancos. Nosso rença é a fonte do financiamento. Quan-
discurso é “não queremos competir com vocês, do o Banco Palmas começou, não tinha
queremos ser complementares”. E, felizmente, recursos. O pouco capital inicial veio do
os bancos comunitários são discutidos hoje em povo. Depois que a iniciativa provou ser
dia em todas as esferas do país. sustentável, governos e instituições passa-
ram a investir.
Há uma lei da deputada Luiza Erundina, que
está tramitando no Congresso, para regula- O fato de os recursos serem oriundos de
mentar os bancos comunitários como entes fi- fontes externas à comunidade não é proble-
nanceiros no Brasil. Seria um avanço o governo ma, desde que os moradores estejam cons-
reconhecer que, além dos bancos públicos e cientes e motivados a arcar com as respon-
dos privados, há os comunitários. Mas já avan- sabilidades do banco. No caso do Palmas,
‘O mais importante çamos nesse sentido: o Banco Central tem um erramos muito. A vantagem das comunida-
departamento para discutir o assunto. Além dis- des que começam agora é que houve mui-
na relação
so, há mais de 15 universidades no país – como tos testes, os erros não se repetem. O papel
econômica é a UFF, UFBA, FGV e USP – que criaram núcleos e da Ampla neste caso é importantíssimo. É
sociedade, não a formaram cursos para estudar esses bancos. a primeira vez que uma empresa privada
economia’ ajuda a criar um banco comunitário. E cer-
E temos orgulho de s
saber que essa ideia não tamente o do Preventório e o de Saracuruna
nasceu em um grande centro acadêmico nem serão observados de perto, como case.
na Europa. Veio da pe
periferia do Nordeste. Não
diria que sou uma au
autoridade, só estou cum- Um exemplo de aprendizado é com relação
prindo a missão de mostrar essa alternativa.
m à gestão do banco. Até hoje, no Palmas,
Segundo o Ipea, 52% da população brasilei- tudo é feito por meio de planilhas de Excel,
s
ra não têm acesso a serviços financeiros nem não temos softwares, o que passou a ser im-
bancários (crédito, co
conta corrente, poupan- perativo. Mas, com 3,8 mil clientes ativos, já
ça, banco próximo de casa etc.). O Brasil tem não há planilha que suporte.
um demanda enorme de
uma
p
pessoas que querem ser Por falta de dados consolidados, alguns in-
incluídas nesse sistema. vestidores em potencial ainda questionam os
resultados dos bancos comunitários. Até de-
Quais as diferenças en- zembro, implantaremos um software de ges-
tre o Banco Palmas, que tão de carteira, para contabilizar o número
nasceu da comunidade, de clientes, a porcentagem de inadimplência,
em relação aos associa- os empregos gerados, o percentual de cresci-
d a prefeituras e aos
dos mento de cada negócio, o aumento da renda
b
bancos do Preventório e de cada comunidade etc. Isso vai abrir portas
Sa
de Saracuruna, que estão sur- para nós. Para se ter uma ideia, há três anos
ap
gindo com o apoio de uma empresa? muitos bancos comunitários faziam a conta-
J. M. – Em primeiro lugar, devemos
pri bilidade em cadernos.
6 Leia mais sobre os próximos passos de Joaquim
Melo no endereço eletrônico: www.job360.com.br/
Papel reciclável de origem certificada
conscienciaampla10
7. caso de sucesso
Vida simples e um grande ideal
Na vida, todos nós temos um sonho. O de plano de defesa pela comunidade. Devemos
João Luiz Ramos, líder do quilombo Fazenda lutar por isso, essa forma de pensar nos ca-
Santa Rita do Bracuí, é conseguir a titulação racteriza e nos legitima. Conseguimos
das terras da comunidade, para que os legíti- tudo juntos.”, explica. Ele aponta o pro-
mos donos do território possam viver de for- jeto realizado com os jovens quilom-
ma digna e manter as tradições quilombolas. bolas de conservação da cultura negra
Só assim ele acredita que será possível pre- como uma ação que merece destaque.
servar a cultura negra em nosso país. Foi na “É importante mostrarmos para a ju-
Fazenda Santa Rita do Bracuí que João nasceu ventude o orgulho de ser quilombola.
e vive até hoje, criando seus dois filhos. Loca- Hoje, por conta dos exemplos de vio-
lizada na cidade de Angra dos Reis (RJ), a área lência social e preconceito vivenciados
de 1.380 hectares abriga cerca de 250 famí- desde a escravidão, alguns expressam
lias e vive da lavoura de subsistência. Desde resistência para assumir sua identidade. Por
maio deste ano, a comunidade de Seu João isso, trabalhamos para aumentar esse senso de
é atendida pela área de Projetos Sociais da pertencimento. Toda ação que promova bem-
Ampla. Os palestrantes ajudam os moradores estar e qualidade de vida para os moradores
a se cadastrarem na Tarifa Social Baixa Ren- de Santa Rita do Bracuí é bem-vinda”, enfatiza.
da e realizam palestras sobre educação para
o consumo consciente. (Saiba mais sobre este João conta que seu grupo tem profundo res-
trabalho na reportagem Em Foco) peito pela natureza. “Desejamos passar essa
os
noção de pai para filho. Hoje, por exemplo,
Depois de décadas trabalhando em favor da o palmito não faz parte de nossa alimenta-
ossa
comunidade – incluindo um período como ção. Considero essa atitude uma prova de
ma
presidente da Associação Quilombola, funda- que queremos viver em harmonia com toda a
nia
da em 2003 –, João se aposentou, deixando o sociedade e o meio ambiente”. João se define
filho Edson em seu lugar. “A associação com- como uma pessoa que preza a vida simples e
prova a constante luta do povo do quilombo diz que sabe viver com pouco. “Gosto de pes-
Gosto
pela legitimação do território de Santa Rita do car, andar pela mata, acampar e ‘tocar’ mi-
Brascuí”, conta. E emenda: “Temos de ser arti- nha lavoura. A única coisa que o quilombola
culadores e trabalhar pelos direitos conquista- consciente precisa é de seu espaço, de sua
aço,
dos com a Constituição Federal de 1988. Vou terra. Eu vou continuar minha luta para
sempre defender os interesses da comunidade cultivar as tradições e a cultura negra. Mi-
egra.
quilombola. Isso me orgulha e é a minha razão nha vida é trabalhar pela comunidade e
nidade
de viver”, confessa, emocionado. não medirei esforços para isso”, conclui.
Quilombo: expressivo
senso de coletividade
Quando perguntado se obteve alguma con-
quista significativa para os moradores do
quilombo, João responde: “Nenhum benefí-
cio alcançado pelo meu povo foi uma vitória
exclusivamente minha. Tudo faz parte de um
Papel reciclável de origem certificada 7
8. capa
Economia
centrada
no ser
humano
Qual é o papel de funciona assim: nos bancos comunitários, as
uma distribuidora pessoas trocam seus reais por moedas locais
de energia? Engana- – como o prevê, no Preventório, e o saracu-
se quem responde que é ra, em Saracuruna. No comércio da região,
apenas o de fornecer luz para as compras feitas em dinheiro social têm des-
seus clientes, pelo menos no caso da conto, que pode chegar a 20%.
Ampla. A grande prova foi dada nos
dias 13 e 14 de setembro, quando O projeto integra a plataforma Consciência
foram inaugurados os dois primeiros Ampla, em sua linha de atuação voltada para
bancos comunitários do Brasil apoia- geração de renda e desenvolvimento local,
dos por uma empresa privada. Um sempre com estímulo ao consumo consciente.
desses bancos foi aberto no Morro do Integrantes das redes de lideranças comunitá-
Preventório, em Niterói. O outro, em rias formadas pela empresa foram consultados
Saracuruna, bairro de Duque de Caxias. sobre a ação, sendo um deles diretamente en-
Com eles, as duas comunidades fluminen- volvido na implantação do Banco Saracuruna.
ses poderão crescer gerando renda, com li- “Nossa razão de ser é iluminar a vida das pes-
nha de microcrédito alternativo e moeda social soas. Ao apostarmos nesses projetos, colabo-
que só circula internamente. ramos para gerar empregos e oportunidades.
Também contribuímos para o progresso do
‘Nossa razão de ser Ao contrário dos bancos comuns, esse tipo de Preventório e de Saracuruna como um todo”,
é iluminar a vida das instituição financeira se caracteriza por não destaca Marcelo Llévenes, responsável pela
pessoas. Ao apostarmos ter um dono. Todos os moradores da área Ampla e pela Endesa Brasil.
onde ela está instalada participam de alguma
nesses projetos, forma de seu gerenciamento, e os lucros com Entre 2011 e 2012, a Ampla investirá R$ 1
colaboramos para as transações vão para a própria comunida- milhão neste projeto, que pode beneficiar
gerar empregos e de. Seu ponto forte é dar acesso a serviços cerca de 130 mil pessoas. “A ideia surgiu por
bancários para pessoas que estão excluídas meio de um funcionário, pelo Programa de
oportunidades’
Marcelo Llévenes do sistema financeiro tradicional. Na prática, Inovação da empresa. Vimos a coerência com
8 Papel reciclável de origem certificada
9. ‘Somos, de fato,
uma comunidade,
no sentido de
comungar dos
mesmos ideais’
Marcos Rodrigo Ferreira
uma responsabilidade muito grande. Só acei-
tei porque somos, de fato, uma comunidade,
no sentido de comungar dos mesmos ideais”,
afirma. (leia mais sobre economia solidária em
Rede do Saber, na página 14)
os objetivos do Consciência Ampla e avalia-
mos o projeto com as comunidades e a UFF. Em Duque de Caxias, a iniciativa já é conside-
É uma parceria que vem dando certo”, afirma rada bem-sucedida por Maria da Penha dos
Gislene Rodrigues, responsável pela área de Santos, de 31 anos. Ela, que tinha o sonho de
Projetos Sociais da Ampla. Além de patroci- trabalhar como bancária, agora faz parte da
nar e acompanhar o projeto, a Ampla avança equipe do Banco Saracuruna. “Este é meu pri-
ainda mais ao estabelecer também relações meiro emprego com carteira assinada. Já há
de negócio com os bancos. “O pagamento bastante gente frequentando o banco, o des-
de contas de luz nos bancos comunitários po- conto vale a pena. É uma grande oportunida-
tencializa ainda mais a sustentabilidade des- de para Saracuruna”, destaca. O aposentado
tas instituições”, completa Gislene. Julio Cesar Miguel faz coro. Ele é o presidente
da Associação para Desenvolvimento Solidá-
Em Niterói, a família Ferreira é uma das mais rio de Saracuruna, que administra o banco
engajadas. Seu Antônio é o dono do Maloca comunitário. “O projeto está se desenvolven-
Bar, um dos estabelecimentos mais tradicio- do melhor do que imaginávamos. Para garan-
nais do Preventório, e cedeu uma parte do tir que tudo continue indo bem, a associação
local para a sede do banco. Já no primeiro realiza reuniões quinzenais para avaliar os re-
dia de funcionamento da instituição, Seu sultados e mudar o que for preciso”, conta.
Antônio aceitava os prevês, concedendo
10% de desconto a quem pagava na nova Além da Ampla, participam do projeto a Uni-
moeda. Questionado sobre uma possível per- versidade Federal Fluminense (UFF) e o Ins-
da, ele nega: “Não nos prejudica de forma tituto Palmas – organização ligada ao Banco
alguma. Pelo contrário: acredito que agora as Palmas, o primeiro banco comunitário do
vendas vão aumentar”, conta, empolgado. país, que dá consultoria a instituições deste
tipo em todo o Brasil. Ao todo, já existem 63
Marcos Rodrigo, o filho de Seu Antônio, é o em todo o país. “Há 13 anos, muita gente
primeiro presidente do Banco Preventório. disse que nosso projeto não sobreviveria. ‘Fico feliz em ver que,
Ele foi escolhido pela Associação Preventório Mas existe até hoje, e está se multiplicando. pela primeira vez,
Solidário – criada especialmente para gerir Fico feliz em ver que, pela primeira vez, uma uma empresa acredita
o banco – por já ter experiência na área de empresa acredita nesse sonho e vê a comuni-
Economia Solidária. Ele trouxe a administra- dade como empreendedora”, conta Joaquim
nesse sonho e vê a
ção participativa para o Banco Preventório, o Melo, coordenador do Banco Palmas e do comunidade como
que considera o grande trunfo do empreen- Instituto Palmas. (leia uma entrevista exclusiva empreendedora’
dimento social. “Ser presidente do banco é com Joaquim Melo na página 4) Joaquim Melo
Papel reciclável de origem certificada 9
10. capa
União que faz o banco
Na Mídia
A UFF atuou na mobilização das duas comu- ras Bárbara França e Maria Lúcia Pontual, além
Mais de 40 reportagens na te- nidades, além de ceder material de pesquisa e de 12 bolsistas – das áreas de Ciências Sociais,
levisão, em jornais impressos, um espaço no Preventório, que se transformou Antropologia, Economia e até Psicologia – se
sites e rádios deram destaque em anexo da instituição, que servirá para a re- reúne semanalmente com os representantes
a inauguração dos bancos co- alização de oficinas, como de consumo cons- das associações comunitárias para dividir co-
munitários em Saracuruna e ciente do programa Consciência Ampla, por nhecimento. Ultimamente os encontros têm
no Preventório. No Bom Dia exemplo. Fábio Passos, pró-reitor de Extensão acontecido três vezes por semana.
Rio, da TV Globo, uma matéria da UFF, acredita que, com este projeto, a uni-
de mais de dez minutos abor- versidade cumpre seu papel. “Aproximamos a Por meio de atividades teóricas e práticas,
dou cada detalhe do assunto, UFF da comunidade, com o objetivo de criar moradores de Saracuruna e do Preventório
inclusive com uma entrevista uma parceria de conhecimento de mão dupla. desenvolveram, pouco a pouco, bancos co-
do diretor de Comunicação Da mesma forma que ensinamos, aprendemos munitários para chamar de seus. “Estes pro-
da Ampla, André Moragas. muito com essas pessoas”, acredita. jetos só existem porque foram aceitos pelas
Na mídia impressa, o projeto comunidades. É um processo que possibilita o
foi assunto nos jornais O Glo- A Incubadora de Empreendimentos em Eco- empoderamento da população, com ganhos
bo, Extra, O Dia, O Fluminen- nomia Solidária da UFF faz a ligação entre a não só econômicos, mas também políticos e
se e A Tribuna, entre outros. universidade e os bancos comunitários. Desde organizativos, na medida em que isso aumen-
Na rádio CBN, a reportagem janeiro, a equipe comandada pelas professo- ta a autoestima da população”, frisa Bárbara.
do Jornal da CBN destacava
a parceria da Ampla. E, entre
os portais que abordaram o
assunto, estavam Yahoo! e
Agência Brasil.
Capacitação em
busca do sucesso
Em agosto, a Ampla participou da 3ª Oficina
Nacional de Multiplicadores na Meto-
dologia de Bancos Comunitários. O
evento, sediado em Fortaleza (CE),
durou três dias e reuniu representan-
tes de nove estados, da Caixa Econô-
mica Federal (CEF) e do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Na ocasião, grupos
envolvidos na gestão de bancos comunitários participaram de uma
oficina de capacitação em atividades bancárias, aprendendo na
prática sobre assuntos como sistema de crédito, abertura e fecha-
mento de caixas etc.
Ricardo Bomfim, analista de Projetos Sociais, visitou o Banco Palmas,
com os demais participantes, para conhecer sua metodologia e estu-
dar a expansão do projeto de apoio a bancos comunitários. A Ampla
foi a única apoiar esse tipo de iniciativa no encontro, e coube a Ricardo
apresentá-lo na abertura. “Foram três dias de grande troca de experiências.
Ter visto o Banco Palmas de perto foi benéfico, pois todos lá tratam a economia
solidária com seriedade e têm muito a contribuir”, atesta.
Assista a um vídeo exclusivo das inaugurações dos bancos
10 comunitários no endereço eletrônico: www.job360.com.br/ Papel reciclável de origem certificada
conscienciaampla10
11. fique por dentro
Nasce a Cidade Inteligente
Projeto investirá cerca de R$ 30 milhões para transformar
balneário em modelo de eficiência energética
“A Ampla marcou um golaço.” Foi assim que O projeto vai consumir cerca
o governador Sérgio Cabral definiu o lança- de R$31 milhões e inclui
mento da Cidade Inteligente – Búzios, no úl- mudanças na ilumi-
timo dia 11 de julho, no Palácio Guanabara. nação pública, uso
Na ocasião, foram assinados convênios entre de carros elétricos e
o Governo do Estado do Rio de Janeiro, a melhorias na distri-
Prefeitura de Búzios e a Endesa, controladora buição de energia.
da Ampla, para a realização do projeto. A ini- Marcelo Llevénes,
ciativa visa transformar o município em um presidente da En-
exemplo de cidade do futuro: sustentável, desa Brasil, lem-
racional e eficiente. brou que, além de
diminuir os impactos
O balneário da Região dos Lagos será a ambientais, a iniciati-
primeira Cidade Inteligente do país. “Essa va deve reduzir o preço
é uma conquista muito importante”, disse da energia na cidade, pois
Cabral. “Vivemos uma situação em que nin- permitirá a cobrança de tarifas
guém sabe qual será o valor do petróleo em diferenciadas por horário. “Os testes
10 ou 15 anos, e o esforço na busca por realizados na Europa indicam que o preço
novas fontes de energia é mundial”, com- pode cair entre 30% e 40%. Esse também é o
“A Ampla marcou
pletou o governador. nosso objetivo aqui”, disse.
um golaço”
Sergio Cabral
Para o secretário de Desenvolvimento do André Moragas, diretor de Relações Insti-
Rio, Júlio Bueno, a iniciativa se soma aos es- tucionais e Comunicação da Ampla, por
forços para transformar o Estado na Capital sua vez, observa que o projeto cria mais
da Energia no país. “O Rio tem uma econo- um fator de atração em uma cidade que
mia fortemente ligada ao setor energético, já é referência cultural e turística no país.
que tem a obrigação de apontar para o fu- “A transformação de Búzios em Cidade In-
turo”, explicou. “Com o projeto, temos o teligente ajudará a sustentar a economia
embrião para o desenvolvimento de novas da cidade além do período do verão, dan-
tecnologias em Búzios.” do visibilidade ao município como polo de
tecnologia”, disse.
Para Mario Santos, presidente do Conselho
de Administração da Endesa Brasil, o Estado Na prática, a Cidade Inteligente começa-
do Rio de Janeiro sai na frente com o pionei- rá no próximo verão. Segundo Llévenes,
rismo da Cidade Inteligente – Búzios. “Esse o primeiro passo é aprimorar a gestão de
projeto marcará o país. É um privilégio tra- distribuição em Búzios, o que se refletirá
zer para cá a experiência da Endesa e da Enel na melhoria da qualidade do serviço. Na
[empresas controladoras da Ampla] nessa sequência, o projeto ficará mais visível para
área”, afirmou, lembrando projetos seme- a população, com a instalação de um novo
lhantes desenvolvidos pelas duas empresas sistema de iluminação pública de LED, que
na Itália e na Espanha. consome 80% menos energia.
Papel reciclável de origem certificada 11
12. fique por dentro
Carros e motos elétricas começam a circu- nova geração de medidores inteligentes, que
lar na cidade já no fim deste ano. “Também virão da Europa. Esses aparelhos vão permitir
Assista a um vídeo exclusivo do
lançamento do projeto Cidade teremos painéis solares para alimentar a ilu- a cobrança de tarifas diferenciadas. “Essa eta-
Inteligente – Búzios e leia mais
sobre as inovações apresentadas minação pública e sistemas eólicos com ar- pa ainda depende da homologação dos me-
no Citenel no endereço
eletrônico: www.job360.com.br/ mazenamento de energia”, contou Llévenes. didores, que devem ser instalados no começo
conscienciaampla10 Outro passo importante será a instalação da de 2012”, concluiu.
Ampla apresenta inovações tecnológicas
Um poste de luz com apenas 25 quilos, para ser usado em zonas de desastre, para restabelecimento rápido do fornecimento de ener-
gia. Uma luva capaz de salvar vidas ao sinalizar para o técnico que existe tensão na rede. Um sistema que impede o roubo de energia
por meio de ligações clandestinas. Essas são algumas das inovações tecnológicas apresentadas pela Ampla no 6º Citenel, Congresso de
Inovação Tecnológica em Energia Elétrica, realizado em Fortaleza, entre 17 e 19 de agosto. “O evento foi uma prestação de contas do
setor para a agência reguladora e a sociedade”, diz Victor Gomes, responsável por Investimentos em Eficiência Energética da Ampla.
Algumas inovações apresentadas no evento serão aplicadas ao projeto Cidade Inteligente – Búzios. É o caso do aerogerador vertical,
especialmente projetado para funcionar em ambientes urbanos. “Esse equipamento permite produzir energia em escala menor,
com menos ruído, em áreas residenciais. Essa tecnologia não era fabricada no Brasil”, explica Gomes.
Outra tecnologia sem similar nacional, a ser usada em Búzios, é a Rede Mash, para otimizar a comunicação em smartgrids (redes de
energia inteligentes). O equipamento é importante para o gerenciamento do novo modelo de distribuição. Gomes ressalta: “Nosso
protótipo conseguiu um alcance de 400 a 1.000 metros, com custo abaixo do valor de mercado”.
Além disso, a Ampla também apresentou um projeto de faturamento para clientes provisórios. “Ele serve, por exemplo, para cobrar
a energia utilizada em um evento em local público”, diz Gomes. Ou para cobrar do motorista que reabastecer seu carro elétrico
em um poste da Cidade Inteligente – uma novidade mais próxima do que se imagina. “Essas inovações geram patentes para a
empresa, benefícios para os clientes e melhoram a qualidade da energia”, conclui Gomes.
12 Papel reciclável de origem certificada
13. em foco
Energia a favor da diversidade
Abordar a importância do consumo cons- mos esse trabalho junto à concessionária para
ciente em diferentes comunidades tem sido melhorar nosso fornecimento de energia e ga-
o grande desafio do Consciência Ampla. O nhamos em troca um rico aprendizado. Temos
programa, que já passou por todas as regi- pouco conhecimento sobre o tema, e as ins-
ões da área de concessão da distribuidora, truções estão sendo vantajosas para a comuni-
chega agora a Angra dos Reis. O objetivo dade”, afirma. Segundo ele, o grupo não tinha
principal é apresentar à Aldeia Indígena de consciência, por exemplo, de que uma fiação
Sapucaí e ao Quilombo Santa Rita, ambos emendada causa maior gasto de energia.
Moradores da Ilha da Marambaia
localizados em Bracuí, o benefício da Tarifa
Social Baixa Renda e facilitar o atendimento Na Aldeia Indígena de Sapucaí, em que a
a essas duas comunidades. energia elétrica chegou em 2008, por meio
do programa Luz Para Todos, a cons-
De acordo com Katia Ramos, especialista da cientização tem sido prioridade.
Área de Projetos Sociais, as ações foram inicia- “Chegávamos a gastar R$ 8 com
das em maio, a partir de uma parceria da Ampla querosene por noite. Agora que
com a prefeitura de Angra dos Reis. A comu- temos eletricidade, queremos
nidade quilombola, formada por cerca de 150 aprender mais sobre o tema.
famílias, e a aldeia indígena, com 87 casas regis- As palestras foram ótimas, en-
tradas, foram auxiliadas pela equipe do Consci- tretanto precisamos de mais
ência Ampla a se cadastrarem na Tarifa Social. orientações para que as famí-
“Começamos o trabalho-piloto com esses gru- lias modifiquem seus hábitos”,
pos porque queríamos alertá-los sobre o consu- ressalta Domingos Karai Tataen-
mo consciente. O objetivo principal é fazer com dy, vice-cacique da aldeia.
que eles reduzam o valor da tarifa, a ponto de
não precisarem pagar pela conta, e aprendam a
lidar com a energia elétrica”, explica. Eletricidade eficiente
A Ampla, em parceria com o Governo Federal e o Governo do Estado do Rio
A especialista acrescenta que, segundo a lei de Janeiro, inaugurou no dia 8 de setembro as obras de iluminação das Ilhas da
12.212/10, indígenas e quilombolas inscritos Marambaia e de Jaguanum, em Mangaratiba, pelo projeto Luz Para Todos. Na
no CadÚnico têm direito de receber o bene- ocasião, que ocorreu no Centro de Avaliação da Ilha da Marambaia (Cadim), o
fício na conta de luz. Além disso, podem fi- presidente da Endesa Brasil, Marcelo Llévenes, falou sobre a importância da ele-
car isentos do pagamento se consumirem até tricidade para as comunidades das ilhas. “Essa energia pode ser usada em muitos
50 kWh mensais. “Em dois meses de projeto, casos, mas o essencial é iluminar um lar, como estamos fazendo neste momento”.
conseguimos uma redução de 65% na conta Ao todo foram beneficiadas 425 famílias e mais de 2 mil pessoas.
de luz desses grupos por meio de palestras e
troca de lâmpadas convencionais por mode- Nascido na Ilha da Marambaia, Dionato de Lima Eugênio comemora a ligação
los mais eficientes”, resume Katia. da energia elétrica. “Os gastos eram grandes com uso de lampião e vela e, sem
energia, estávamos excluídos da sociedade. Enxergamos esse momento como a
Mudança de hábitos realização de um sonho”, comenta. Patrícia Macedo Mattos, moradora da Ilha
Presidente de Associação dos Moradores do de Jaguanum, também ressalta a importância da iluminação. “Agora todos vão
Quilombo Santa Rita, Emerson Luís Ramos, poder ter uma geladeira para guardar pescados, a principal fonte de renda dos
conhecido como Mec, aprova a parceria e moradores. Além disso, a obra preservou a natureza: não foram construídos pos-
elogia a equipe do Consciência Ampla. “Inicia- tes no caminho das praias, nosso maior receio”, completa.
Papel reciclável de origem certificada 13
14. rede do saber
Solidariedade na
economia do dia a dia
A economia solidária Essa forma de fazer economia surgiu na déca-
cresce no Brasil de ma- da de 1980, como uma defesa dos cidadãos
neira cada vez mais or- contra a exclusão social, buscando uma inser-
ganizada. Além de ge- ção produtiva por meio de variadas formas de
rar renda, forma redes trabalho autônomo, individual e coletivo. No
para transformar os Brasil, essa alternativa para a geração de em-
paradigmas do desen- prego e renda assumiu proporções notáveis,
volvimento econômico a ponto de tornar a economia solidária uma
e da relação das pessoas opção adotada por movimentos sociais e im-
com o meio ambiente. Em portantes entidades da sociedade civil, como
resposta a essa demanda, igrejas, sindicatos, universidades e partidos
o Governo Federal criou, em políticos. Na passagem do século, políticas
2003, a Secretaria Nacional de públicas de fomento e apoio à economia so-
Economia Solidária (Senaes), vincula- lidária foram adotadas por muitos governos
da ao Ministério do Trabalho e Emprego. municipais e estaduais.
Paul Singer (esq.) e
Marcos Rodrigo Ferreira, Nosso objetivo é viabilizar e coordenar ativi-
presidente do Banco
Preventório dades de apoio ao setor em todo o territó- Como Secretário Nacional de Economia Soli-
rio nacional, visando a geração de trabalho dária, percebo vários movimentos desse tipo
e renda, a inclusão social e a promoção do no país. Um exemplo de que esse tipo de eco-
desenvolvimento justo e solidário. nomia contribui para erradicar a miséria é a
criação de bancos comunitários, como os que
Obedecendo a alguns princípios básicos, a Ampla lançou em comunidades de Niterói
como posse coletiva dos meios de produção e Duque de Caxias, em parceria com a UFF
e autogestão dos negócios, a economia soli- e o Banco Palmas. Geridos por associações
dária cria relações de trabalho em que não há de moradores, eles dispõem de uma moeda
empregados ou empregadores, mas sócios, social e oferecem empréstimos sem cobrar
que visam o bem comum. juros, fomentando, assim, empreendimentos
nos bairros em que atuam, criando um finan-
ciamento solidário.
A economia solidária não é um receituário.
Paul Singer e grupo
da Incubadora de
Ela resulta de formação específica e/ou de um
Empreendimentos aprendizado mediante sua prática. E, quem
em Economia
Solidária da UFF quiser saber mais sobre o assunto, pode
procurar orientação nas superintendên-
cias regionais do Ministério do Trabalho
e Emprego ou nos foros municipais e
estaduais de Economia Solidária.
Paul Singer é Secretário Nacional
de Economia Solidária
14 Papel reciclável de origem certificada
15. consciência digital
Ampliando os horizontes
Para expandir os meios de comunicação com riódicas, nas quais são definidos os con-
os clientes, a Ampla lançou sua página oficial teúdos, linguagens e condutas ado-
no Facebook. A rede de relacionamento per- tadas pela empresa. Os gestores
mite compartilhar informações, arquivos de também monitoram mensal-
vídeo, links e fotografias, o que aproxima a con- mente os índices de aces-
cessionária do público em geral. Interatividade sos à página. “Atualiza-
é a palavra de ordem no espaço, que integra mos as informações
outros canais de relacionamento da empresa, diariamente. Assim
como Twitter, Flickr e YouTube. No ar desde ju- esperamos divulgar
lho, o ambiente traz publicações sobre projetos de uma maneira
sociais, ações, investimentos e inovações. mais abrangente
os projetos da
Em apenas dois meses, a página recebeu Ampla. É impor-
18.405 visitas e foi “curtida” por mais de 250 tante pensarmos
pessoas, registrando crescimento de 54% entre em todos os usu-
julho e agosto. “Na página do Facebook, não ários: clientes,
pretendemos realizar atendimento ao cliente, colaboradores e
até porque para isso temos outros canais dispo- internautas em ge-
níveis. Nosso foco é a interação com o público, ral”, avalia Manuela
queremos estar cada vez mais próximos, inte- Oliveira, estagiária de
ragindo diretamente com os usuários. Muitos Marketing e integrante da
colaboradores também participam e é uma for- equipe do Facebook.
ma oficial de contato com eles”, explica Erika
Millan, especialista em Marketing da Ampla.
O layout foi customizado com grafismos e
com a logomarca da empresa, padrão já ado-
tado nos anúncios institucionais. Por meio
do canal, os internautas têm a oportunida-
de de ficar informados sobre o consumo
eficiente de energia, projetos inovado-
res – como o carro elétrico e o poste
de fibra de carbono –, além de inicia-
tivas como EcoAmpla, Ampla em Ação
e Cidade Inteligente. “O diferencial da
nossa página está na integração entre
as redes, proporcionando melhor nave-
gabilidade e divulgação dos nossos meios
de comunicação”, ressalta Erika.
O Facebook da Ampla é administrado por uma
equipe multidisciplinar, que realiza reuniões pe-
Papel reciclável de origem certificada 15
16. Criatividade
dicas e consciência
• Vilão da economia, o ar-condicionado
é responsável por cerca de um terço do
gasto doméstico. Ligue o aparelho com
Verão com antecedência: a troca de calor é grada-
tiva e evita o uso da potência máxima.
economia Verifique se as portas e janelas estão
bem vedadas e instale o equipamen-
to em um local alto, para que o ar frio
Dias ensolarados, praias lotadas e muita desça e refrigere todo o ambiente;
energia consumida para manter as • Evite passar muito tempo no banho e
bebidas geladas, o ar-condiciona- use sempre a posição ‘verão’ ou ‘mor-
do ligado e o banho prolonga- no’. O chuveiro elétrico consome qua-
do. Esse é o cenário do verão, se 25% da energia de uma casa;
estação mais quente do ano, • Abrir a porta da geladeira toda hora faz
em que o consumo de ener- com que o motor do aparelho trabalhe
gia bate recordes considerá- mais, aumentando o consumo. Guar-
veis. No mês de dezembro, dar alimentos quentes e colocar plásti-
período em que acontecem cos nas prateleiras também prejudica o
os festejos do Natal, os pis- funcionamento;
ca-piscas deixam as árvores, • As lâmpadas, atração indispensável no
casas, fachadas e cidades ilu- Natal, devem ser de baixo consumo.
minadas, em clima natalino. Procure desligá-las sempre que possível;
Tudo isso agrada aos olhos, mas • Aproveite a ornamentação do ano pas-
desperdiça recursos. Para apro- sado e use a criatividade para reinven-
veitar as festas e evitar os excessos, tar a tradicional árvore. Enfeites con-
apostar na reciclagem e em itens eco- feccionados em garrafas PET, jornais e
nômicos pode render bons frutos. Aprovei- revistas antigas são opções originais.
te as dicas para economizar!
divirta-se
16 Papel reciclável de origem certificada