O poema descreve espelhos como almas perdidas e distorcidas que corrompem e deformam a imagem real. Eles fingem ser vivos ao refletir imagens invertidas e iludem o coração. Embora sejam formas esguias, espelhos são almas dispersas no tempo, perdidas da luz real e sugerem que a forma obscura se liberte do desmazelo.
1. ESPELHOS
Marcos Tobias
I
Espelhos são almas cadentes,
Transparentes e incoerentes,
Que teimam em roubar
E difamar nossa imagem.
São almas invertidas,
Que fingem ser almas vivas
E embotam nossa visão.
São almas empobrecidas
Que negam a própria vida,
Que iludem o coração.
II
Espelhos são formas esguias,
Carentes de bela aparência
São almas distorcidas e opostas
Que, dispersas, se transmutam
Em eternas e falsas bossas;
São almas perdidas no tempo,
No vácuo da imagem transposta.
São como tardes vazias ao vento
À luz do Sol escondidas e,
Num mero esboço refletidas.
III
Espelhos criam, deformam, enganam
Mais que o tempo em seu trajeto,
São almas perdidas da luz,
Imagens soltas, que não rimam versos.
Espelhos corrompem a imagem
E sugerem que a forma obscura
Liberte-se do desmazelo
Tornando a fantasia fatal,
Lembrando que a forma é impessoal.
IV
Espelhos são almas frágeis, cruas,
Empedernidas e desiguais,
A cometer incesto virtual.
São sombras de claro/escuro
A pretender o futuro ,
A esconder segredos fatais.
São simples informações que atraem ,
Nossa vida parca e nos conforta,
A dizer que são conceituais.
Premiada com 2º lugar no Concurso de Poesias realizado pela Prefeitura de Casimiro de Abreu, em novembro de 2012