SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 12
Downloaden Sie, um offline zu lesen
AUTO-ESTIMA NA ESCOLA: vivências e reflexões com
                        educadores

                                                                                                                   1
                                                                     Maria da Apresentação Barreto


                         Resumo

                         Este artigo relata uma experiência realizada com educadores,
                         a qual objetivou oportunizar a vivência e reflexão da auto-
                         estima como confiança em si mesmo, facilitando aos educado-
                         res o processo de auto conhecimento, auto-aceitação e melhoria
                         na qualidade de vida e no trabalho. O trabalho foi realizado
                         numa escola pública da região metropolitana de Natal e foi
                         utilizada uma metodologia dialógica baseada na participação
                         individual e grupai. Os resultados sinalizaram a abertura dos
                         educadores às vivências, necessidade de um acompanhamento
                         mais sistemático quanto ao desenvolvimento humano, limita-
                         ções referentes ao autocuidado e uma prevalência de preocu-
                         pação em relação ao cuidado com o outro/aluno. Concluiu-se
                         que a auto-estima do educador necessita de cuidado constan-
                         te, uma vez que suas ações têm interferência direta no desen-
                         volvimento e manutenção da auto-estima dos alunos.

                         Palavras-chave: auto-estima; educadores; alunos;                               melhoria
                         na qualidade de vida.

1     INTRODUÇÃO


1.1   DESENVOLVIMENTO DA AUTO-ESTIMA


           N a r r a u m a lenda africana q u e a idade de u m a p e s s o a não é c o n t a d a a partir
d o dia e m q u e nasceu, m a s d o dia e m q u e passou a existir no p e n s a m e n t o e nos
s o n h o s de sua m ã e . A l g u n s p o d e r ã o considerar e x c e s s o d e r o m a n t i s m o , outros
dirão q u e por ser lenda, é b o m q u e fique por aí m e s m o .


         P a r t i c u l a r m e n t e , a c r e d i t a m o s e d e f e n d e m o s a idéia d e q u e a experiência
de ser desejado, antes de c o n c e b i d o , c o n d u z forte energia d e acolhimento, atração
e desejo, c a p a z de nutrir p o s i t i v a m e n t e os q u e vão nascer. T a m b é m acreditamos
q u e nessas vivências de a c o l h i m e n t o e/ou rejeição, ainda no período gestacional,

1
 Mestra em Educação em Saúde pela Universidade de Fortaleza, graduada em psicologia pela UFRN professora da
                                                                                                    :


FARN e Universidade Potiguar - UNP (apresentacao@bol.com.br).


R. FARN. Natal, v.2, n.l. p.            1 1 5 - 125 . jul./dez. 2002.                                          115
c o m e ç a m a se configurar os s e n t i m e n t o s q u e alicerçarão o d e s e n v o l v i m e n t o da
a u t o - e s t i m a e tornarão as p e s s o a s capazes de e x p e r i e n c i a r vinculação e prazer
nas relações q u e e s t a b e l e c e m .


           A psicologia do d e s e n v o l v i m e n t o , especialmente no século X X , pesquisou
e b u s c o u explicar os efeitos n o c i v o s , d o p o n t o de vista e m o c i o n a l , de u m a gravi-
d e z rejeitada ou indesejada. A rejeição, no início da vida, p o d e r á d e s e n c a d e a r
sentimentos de insegurança, m e d o , dificuldades na v i n c u l a ç ã o e aceitação pesso-
al. P r o v a v e l m e n t e virá d a í a dificuldade futura referente à b a i x a auto-estima.


          A psicanálise, c o m o saber psicológico q u e e s t u d a aspectos d o d e s e n v o l v i -
m e n t o h u m a n o , b u s c a investigar a formação do sujeito, sem contentar-se apenas
c o m as experiências imediatas. B u s c a explicações m a i s remotas, tenta chegar aos
conteúdos d o inconsciente para m e l h o r compreender e ajudar as pessoas no alívio
dos seus sofrimentos psíquicos. T a m b é m contribui para desobstruir os canais de
passagem das potencialidades criativas, construtivas e realizadoras de cada ser.


        N a s idéias de indivíduo saudável defendidas pelo psicanalista Winnicott
(1986, p. 22), consideramos significativa a expressão segurar (holding) usada pelo
autor. Este faz referência à experiência do bebê na vida intra-uterina, e posterior-
mente q u a n d o depende dos cuidados de alguém que se identifica e percebe c o m o
ele eslá se sentindo. Sinaliza a importância do cuidado q u e propicia satisfação e
segurança.

                        Num ambiente que propicia um segurar satisfatório, o bebê é capaz de
                        realizar o desenvolvimento pessoal de acordo com suas tendências her-
                        dadas. O resultado é uma continuidade da existência que se transforma
                        num senso de self, e finalmente resulta em autonomia.


           A u t o n o m i a e auto-estima parecem identificar-se c o m o atributos do sujeito
que acredita na própria vida, na capacidade de se conduzir, fazer opções e buscar a
realização dos seus desejos. Fica implícita a importância da mãe, ou de u m a figura
substituta, que proporcione segurança, confiança e acolhimento. A presença desses
c o m p o n e n t e s é que dará consistência na posterior trajetória individual e grupai do
sujeito. N a ausência das situações facilitadoras, ou seja, n u m ambiente emocional
averso e rejeitador, p r o v a v e l m e n t e haverá u m a trajetória sinalizada pela fragilida-
de pessoal, dependência, desconfiança e m e d o .


       A i n d a na tentativa de melhor compreender esse processo, consideramos
pertinentes as idéias trazidas por M r u c k (1998, apud A M O R I M , 2001), ao consi-
derar que existem pelo m e n o s quatro tipos de auto-estima: a elevada, no âmbito da
qual a pessoa consegue ser crítica consigo m e s m a , e assim mais bem prepara-

116                                     R. FARN, Natal, v.2. n.l, p.         115-125      .jul./dez. 2002.
da p a r a enfrentar os desafios d a vida, pois v i v e n c i o u e x p e r i ê n c i a s associadas a
êxitos e u m g r a n d e sentido d e m e r e c i m e n t o ; a auto-estima baixa, e m q u e a pessoa
se a p r e s e n t a p r e d i s p o s t a ao fracasso, ficando susceptível a graus variáveis de
d e p r e s s ã o , níveis b a i x o s d e e n e r g i a e a n s i e d a d e crônica; a a u t o - e s t i m a narcisista,
no c o n t e x t o d a qual a p e s s o a vê a si m e s m a c o m o c o m p e t e n t e , m e s m o q u e isso
n ã o seja v e r d a d e i r o ; e, finalmente, a p s e u d o a u t o - e s t i m a q u e implica u m a defici-
ência no m e r e c i m e n t o , d i s t o r c e n d o assim a p e r c e p ç ã o . Nesta, a pessoa é incapaz
de e x p e r i m e n t a r satisfação c o m seus sucessos e luta c o n s t a n t e m e n t e por d e m o n s -
trar sua valia.

            D i f e r e n c i a n d o a u t ó - e s t i m a de autoconceito, j u l g a m o s pertinentes as expli-
c a ç õ e s de W O O O L F O L K ( 2 0 0 0 , apud A M O R I M , 2 0 0 1 , p . 127), ao considerar
q u e : (...) a u t o c o n c e i t o é u m a estrutura cognitiva, u m a c r e n ç a e m relação a q u e m
v o c ê é. A a u t o - e s t i m a é u m a r e a ç ã o afetiva, u m a avaliação de q u e m você é.

         E m b o r a esses c o n c e i t o s estejam interligados e se manifestem de certa for-
m a indiferenciados, no c a s o d a a u t o - e s t i m a fica e v i d e n t e o c o m p o n e n t e afetivo
c o m o deflagrador d o r e c o n h e c i m e n t o pessoal. E ainda é necessário ressaltar que
este c o m p o n e n t e se forma a partir d o r e c o n h e c i m e n t o e avaliação afetiva dispen-
sados pelas figuras significativas na vida de c a d a sujeito.


          D a d a a i m p o r t â n c i a q u e a a u t o - e t i m a e x e r c e na vida da pessoa, torna-se
imprescindível a a m p l i a ç ã o d o s e s t u d o s e projetos q u e b u s q u e m desenvolvê-la.
Tal d e s e n v o l v i m e n t o estará h a b i l i t a n d o as p e s s o a s p a r a o g e r e n c i a m e n t o da pró-
pria v i d a , p r o p i c i a n d o a s s i m u m a a t u a ç ã o i n d i v i d u a l e g r u p a i c r i a d o r a ou
viabilizadora d e m e l h o r e s c o n d i ç õ e s d e vida.


2     A U T O - E S T I M A NA E S C O L A


            A u t o - e s t i m a r e l a c i o n a d a c o m o fazer p e d a g ó g i c o e c o m o a m b i e n t e e s c o -
lar é u m t e m a q u e v e m s e n d o b a s t a n t e i n v e s t i g a d o e d i v u l g a d o pelos estudiosos
d o c o m p o r t a m e n t o h u m a n o e pela literatura m a i s p o p u l a r ou informal, tipo revis-
tas e j o r n a i s . A l é m d o material escrito q u e v e m s e n d o p u b l i c a d o , o t e m a e m foco
t a m b é m o c u p a as r o d a s e d i s c u s s õ e s dos gestores escolares, pais, psicólogos e
p o p u l a ç ã o e m geral. N o E s t a d o d o R i o G r a n d e do N o r t e , c o n h e c e m o s escolas
d a s redes particular, m u n i c i p a l e estadual de e n s i n o d e s e n v o l v e n d o projetos para
trabalhar a a u t o - e s t i m a de e d u c a d o r e s , alunos e d e m a i s e n v o l v i d o s no processo
pedagógico.

           E s t u d o s e p e s q u i s a s v ê m s e n d o feitas nessa área. C o n s i d e r a m o s relevante
a p e s q u i s a d e s e n v o l v i d a por B u r n s ( 1 9 9 0 , apud A M O R I M , 2 0 0 1 ) , que após rea-


R. FARN, Natal, v.2, n.l, p.               1 1 5 - 1 2 5 , jul./dez. 2002.                                              117
lizar estudos sistemáticos, a c o m p a n h a d o s de c u i d a d o s a investigação, concluiu
que os alunos c o m baixo r e n d i m e n t o escolar tinham c o n c e i t o s n e g a t i v o s de si
m e s m o s . E n q u a n t o isso, os q u e tinham b o m r e n d i m e n t o d e m o n s t r a v a m um con-
ceito m a i s positivo.

                     N o início deste m i l ê n i o , G o m i d e ( 2 0 0 1 , apud A M O R I M , 2 0 0 1 ) , pu-
blicou estudos c o r r e l a c i o n a n d o baixa auto-estima, fracasso a c a d ê m i c o e c o m p o r -
t a m e n t o s anti-sociais. C h e g o u à c o n c l u s ã o q u e o fracasso a c a d ê m i c o contribui
para baixar a auto-estima, g e r a n d o assim c o m p o r t a m e n t o s anti-sociais. E m b o r a
p a r c i a l m e n t e , d i s c o r d a m o s desse autor, pois t a m b é m t e m o s o b s e r v a d o q u e , na
escola, n e m s e m p r e u m a b a i x a auto-estima, n e c e s s a r i a m e n t e , estará a s s o c i a d a a
c o m p o r t a m e n t o s anti-sociais.


               C o n t r á r i o a esses resultados, B r a n d e n ( 1 9 9 8 ) afirma q u e m u i t a s ra-
zões p o d e m contribuir para q u e um aluno não apresente um bom d e s e m p e n h o
escolar, m o t i v o s que p o d e m oscilar d e s d e um p r o b l e m a de dislexia até a falta de
estímulos e desafios a d e q u a d o s para q u e a a p r e n d i z a g e m aconteça. S e g u n d o esse
autor, m e s m o c o m o d e s e m p e n h o escolar afetado, o a l u n o continuaria com u m a
boa auto-estima.


             Situando a importância da escola e do professor no d e s e n v o l v i m e n t o
da auto-estima dos alunos, B r a n d e n (1998) adverte para o fato de que o a m b i e n t e
escolar representa u m a s e g u n d a c h a n c e para se adquirir u m a visão de vida m e -
lhor da q u e m u i t o s alunos c o n s e g u i r a m construir no a m b i e n t e escolar.


                  Por outro lado, o m e s m o autor a i n d a sinaliza o perigo que representa
um grupo de alunos sob os c u i d a d o s d e professores c a r e n t e s de auto-estima.
N e s s a m e s m a linha de a b o r d a g e m d o tema, e refletindo a i m p o r t â n c i a d o profes-
sor na relação q u e estabelece c o m o a l u n o , os e s t u d o s realizados por Voli (1998)
c h a m a m a a t e n ç ã o d o leitor p a r a o s i g n i f i c a d o e i n t e r f e r ê n c i a d o s m o d e l o s
referenciais m o t i v a d o r e s , c o m visão positiva da vida c das relações h u m a n a s .
C o n s i d e r a m o s e x c e s s o de e x i g ê n c i a estabelecer s o m e n t e o professor c o m o m o -
delo referencial no a m b i e n t e escolar, pois além deste, outras p e s s o a s interagem c
p o d e m servir de m o d e l o para o a l u n o : c o o r d e n a d o r e s p e d a g ó g i c o s , funcionários,
diretores e os próprios colegas de sala.


          A c r e d i t a m o s na escola c o m o e s p a ç o p r i v i l e g i a d o para o d e s e n v o l v i m e n t o
saudável dos alunos. E nessa crença não p o d e m o s fechar os olhos para a necessi-
d a d e de um constante a c o m p a n h a m e n t o h u m a n o dos e d u c a d o r e s . É nossa meta
ultrapassar a formação tradicional, instrumental, p r e o c u p a d a c o m a t r a n s m i s s ã o
de c o n h e c i m e n t o s . B u s c a m o s ações e relações mais interativas. Q u e r e m o s ir mais



118                                         R. FARN, Natal, v.2, n. 1, p.              1 1 5 - 125 , jul./dez. 2002.
longe, c h e g a r m a i s perto d o ser h u m a n o , educador, gente q u e se relaciona, a m a e
sofre, se e n c a n t a , d e s e n c a n t a e r e e n c a n t a a vida e os trabalhos q u e d e s e n v o l v e .
Professor: u m profissional, s e m dúvida, m a r c a d o pelos interesses de políticas e
políticos q u e o o b r i g a m a exercer u m a tripla j o r n a d a de t r a b a l h o . O c a n s a ç o é
i n v e r s a m e n t e proporcional às o p o r t u n i d a d e s de capacitação, r e c i c l a g e m , r e m u -
n e r a ç ã o e d i á l o g o c o m outros e novos saberes.


            Enfim, essa experiência vivencial se constituiu n u m a oportunidade de apro-
x i m a ç ã o , reflexão grupai e tentativa de r e c o n s t r u ç ã o coletiva da a u t o - e s t i m a dos
q u e fazem d a e d u c a ç ã o u m ofício, u m a b u s c a constante de interação e c o n s t r u ç ã o
d e vida e d e c o n h e c i m e n t o s favoráveis à m e s m a .


2     OBJETIVO


          O p o r t u n i z a r a vivência e reflexão da auto-estima c o m o confiança e m si
m e s m o , facilitando aos e d u c a d o r e s o a u t o c o n h e c i m e n t o , a auto-aceitação e con-
tribuindo p a r a o d e s e n v o l v i m e n t o da a u t o - e s t i m a dos alunos.


3     METODOLOGIA


             F a z e r o p ç ã o m e t o d o l ó g i c a é dizer o c a m i n h o q u e d e s e j a m o s trilhar para
a l c a n ç a r m o s o objetivo proposto. E t a m b é m explicitar u m a c o n c e p ç ã o de reali-
d a d e q u e p a r a ser investigada necessitará de u m m é t o d o a d e q u a d o e c o m p a t í v e l
c o m a visão de c o n s t r u ç ã o d o c o n h e c i m e n t o , m u n d o , s o c i e d a d e e p e s s o a h u m a -
na, ou seja, é tentar situar a investigação dentro do universo e d o s referenciais
teóricos d o s p e s q u i s a d o r e s . Por tratar-se de u m a experiência vivencial d e s e n v o l -
vida c o m e d u c a d o r e s , o p t a m o s por u m a m e t o d o l o g i a dialógica b a s e a d a na e x p e -
riência p e d a g ó g i c a de Freire (1996).


         O c e n á r i o d o trabalho foi u m a E s c o l a pública da r e d e M u n i c i p a l de ensi-
no, situada n a região m e t r o p o l i t a n a de Natal, m u n i c í p i o de P a r n a m i r i m . O grupo
q u e vivenciou a experiência foi c o m p o s t o de 20 professores que trabalham c o m o
ensino fundamental.




R. FARN, Natal, v.2, n.l, p               115-125        J u l A l e / 2002                                        119
3.1   LEVANTAMENTO DE DADOS E RESULTADOS


          Inicialmente o grupo foi c o n v i d a d o a fazer u m a c o n s t r u ç ã o coletiva do
q u e seria o c o n c e i t o d e a u t o - e s t i m a :




                           •    é sentir-se b e m c o n s i g o m e s m o ;
                           •    é r e c o n h e c e r suas q u a l i d a d e s ;
                           •    é sentir-se de b e m c o m o m u n d o ;
                           •     auto-reconhecimento;
                           •     saber t o m a r d e c i s õ e s ;
                           •    ter valor.




                C o m base nesses conceitos o g r u p o foi c o n v i d a d o a aprofundar e siste-
matizar o c o n h e c i m e n t o q u e j á d i s p u n h a , fazendo para isso a leitura do texto de
B r a n d e n ( 1 9 9 8 , p . 2 4 9 - 2 5 4 ) a respeito da a u t o - e s t i m a nas escolas e destacou al-
guns pontos principais: a i m p o r t â n c i a da escola n o d e s e n v o l v i m e n t o da auto-
estima da criança, a n e c e s s i d a d e de tratar o a l u n o c o m o respeito q u e ele m e r e c e
e p r i n c i p a l m e n t e a i m p o r t â n c i a d o professor se m a n t e r c o m u m nível e l e v a d o de
auto-estima.


                Os e d u c a d o r e s ainda l e v a n t a r a m as p o s s i b i l i d a d e s de contribuir c o m o
d e s e n v o l v i m e n t o da auto-estima n o a m b i e n t e escolar: n o e n s i n o fundamental é
i m p o r t a n t e valorizar o aluno, incentivar o p e n s a m e n t o a u t ô n o m o e criativo, agir
de m a n e i r a saudável e s e m repressão, a u t o - a c e i t a ç ã o d o professor e aceitação do
outro do j e i t o que é, acreditar nas possibilidades e c a p a c i d a d e s d o aluno e orien-
tar as famílias a respeito d o d e s e n v o l v i m e n t o d a a u t o - e s t i m a dos alunos.


            E m níveis individual e grupai d u a s q u e s t õ e s f o r a m refletidas: a primeira
dizia respeito aos fatores que c o n t r i b u í a m para elevar a a u t o - e s t i m a dos e d u c a d o -
res e a s e g u n d a olhava o inverso d e s s a m o e d a , ou seja, os fatores que contribuíam
para baixar a auto-estima. R e s u l t a d o s coletados pelo g r u p o :




120                                         R. FARN, Natal, v.2, n.l, p.           115-125       , jul./dez. 2002.
CONTRIBUI PARA ELEVAR A                                 AUTO-ESTIMA:


                                 • A m o r d o s pais;
                                 • H a r m o n i a da família;
                                 • C o m p r e e n s ã o e a p o i o d o s familiares;
                                 • Vitória e m c o n c u r s o s ;
                                 • Ser a m a d o ;
                                 • Saber tomar decisões;
                                 • Elogios;
                                 • Carinho;
                                 • Receber palavras amigáveis;
                                 • B o a a p a r ê n c i a (estética).




                    CONTRIBUI PARA BAIXAR A                                  AUTO-ESTIMA:

                                 • Falta d e respeito de a l g u m a s p e s s o a s ;
                                 • N ã o r e c o n h e c i m e n t o das c a p a c i d a d e s ;
                                 • D e s c o m p r o m i s s o de alguns a l u n o s ;
                                 • F i n a n ç a s - b a i x o salário;
                                 • Traição de pessoas amigas;
                                 • T i m i d e z - d e s c o n f i a n ç a grupai;
                                 • D i f i c u l d a d e s cotidianas.




3 . 2 D I S C U S S Ã O DOS RESULTADOS


               R e f l e t i n d o os c o n c e i t o s f o r m u l a d o s , os p o n t o s d e s t a c a d o s no texto e as
respostas às d u a s q u e s t õ e s citadas, a l g u m a s idéias ficam e v i d e n c i a d a s : os educa-
d o r e s p o s s u e m u m a c o m p r e e n s ã o c o n c e i t u a i d o q u e v e m a ser auto-estima e re-
c o n h e c e m a i m p o r t â n c i a d o s u p o r t e familiar p a r a o saudável d e s e n v o l v i m e n t o da
p e s s o a . F a z e n d o referência ao a p o i o d i s p e n s a d o p e l a família, o psicanalista
W i n n i c o t t ( 1 9 8 6 ) fala d o q u a n t o é i m p o r t a n t e p a r a o d e s e n v o l v i m e n t o da auto-
e s t i m a a p e s s o a sentir-se olhada, tocada, r e c o n h e c i d a e a m a d a pela m ã e e pessoas
m a i s p r ó x i m a s . C h e g a a sugerir q u e a l e g i t i m a ç ã o da existência é construída a
partir dessas atitudes. E s s e m e s m o c o n t e ú d o p o d e ser e n c o n t r a d o no q u a d r o o n d e
os e d u c a d o r e s listaram os e l e m e n t o s q u e c o n t r i b u e m para elevar a auto-estima.




R. FARN, Natal, v.2, n. 1, p.               115 - 125 , jul./dez. 2002.                                                  121
D u r a n t e a realização do trabalho ficou ressaltada a p r e o c u p a ç ã o dos
e d u c a d o r e s c o m o b e m - e s t a r dos alunos, e p o u c o foi enfatizada a n e c e s s i d a d e
que sentem de estar b e m c o n s i g o m e s m o s para assim realizar um trabalho saudá-
vel. S a b e m o s q u e esses professores, l e v a d o s , na m a i o r i a das vezes, pela simples
e c o m p l e x a n e c e s s i d a d e de s o b r e v i v ê n c i a , t o r n a m - s e " d a d o r e s " de aulas e per-
d e m a o p o r t u n i d a d e de c o n q u i s t a r o e s p a ç o de c r e s c i m e n t o h u m a n o q u e tal
atividade enseja. A s ações e d u c a t i v a s além de interferir no d e s e n v o l v i m e n t o da
auto-estima de professores e alunos, t a m b é m p o d e r ã o abrir e s p a ç o s para a m a n i -
festação da a u t o n o m i a , q u e é u m c o m p o n e n t e de g r a n d e r e l e v â n c i a no p r o c e s s o
de a m a d u r e c i m e n t o h u m a n o . A a u t o n o m i a foi sinalizada q u a n d o falaram da im-
portância de saber t o m a r d e c i s õ e s . N o entanto, q u a n d o v i v e n c i a d a de m a n e i r a
i n a d e q u a d a p o d e r á fazer c o m q u e a p e s s o a m a n t e n h a relações de s i m b i o s e , de-
p e n d ê n c i a e total s u b m i s s ã o .


         A c r e d i t a m o s q u e ser Professor é m u i t o m a i s q u e r e p a s s a r informações,
professar ou e'nsinar algo. É p r o m o v e r ou incentivar u m a leitura de m u n d o e da
realidade q u e se nos apresenta. C o n c e b i d o dessa forma, o Professor precisa ter
um senso de a u t o n o m i a c a p a z de d e v o l v e r ao ser h u m a n o , e d u c a n d o ou c o m p a -
nheiro de profissão, a verdadeira c o n d i ç ã o de h u m a n o , c a p a z de limpar a sujeira
dos sentimentos destruidores da vida, c a p a z de i r m a n a r a todos c o m o m e m b r o s
da grande família h u m a n a e assim c o m p r o m e t i d o s c o m a transformação de tudo o
que não favorece a vida e o b e m - e s t a r das p e s s o a s .


              O r e c o n h e c i m e n t o c o n c r e t i z a d o nas m a n i f e s t a ç õ e s de carinho, elogios e
palavras amigáveis t a m b é m foram citados c o m o e l e m e n t o s q u e além de favorecer
a m a n u t e n ç ã o da auto-estima, ainda possibilitam o d e s a b r o c h a r das forças criati-
vas e transformadoras da realidade. O ser h u m a n o d e v e buscar, c o n s t a n t e m e n t e ,
o afastamento das situações adversas à vida pessoal e c o m u n i t á r i a , e a a p r o x i m a -
ção daquilo q u e se constitui o ideal de vida: prazer, satisfação, vida digna, realiza-
ção pessoal/coletiva e saúde. B u s c a r a p r o x i m a r o real d o ideal é u m a luta q u e só
p o d e ser travada p o r pessoas q u e t e n h a m um m í n i m o de confiança e m si m e s m a s ,
acreditam na c a u s a pela qual estão lutando e nas p o s s i b i l i d a d e s de m u d a n ç a s .


             A p e d a g o g i a freiriana d e s e n v o l v i d a e p r a t i c a d a no s é c u l o X X , d é c a d a
de 1960, priorizou o ser a u t ô n o m o e c o n s c i e n t e da r e a l i d a d e e m q u e vive. Foi por
isso tachada, durante m u i t o t e m p o , de " p e d a g o g i a e s q u e r d i s t a " , m a s continua
sendo legitimada e aprofundada pelo seu caráter r e v o l u c i o n á r i o e libertador. R e -
cebeu respaldo internacional n o final d o século X X , q u a n d o a U N E S C O , através
d o relatório e l a b o r a d o por D e l o r s (1999), exaltou a f o r m a ç ã o integral d o cidadão
e o a p r e n d i z a d o da c o n v i v ê n c i a e d o ser p e s s o a c o m o pilares a alicerçar a educa-
ção d o século X X I .



122                                         R. FARN, Natal, v.2, n. 1, p.              1 15 - 125 , jul./dez. 2002.
A s relações interpessoais e os conflitos q u e d a í d e c o r r e m constituem, na
visão d o s professores, os principais ingredientes destruidores da auto-estima: des-
respeito, traição, d e s c o m p r o m i s s o e falta de r e c o n h e c i m e n t o . E s t a c o n s t a t a ç ã o
sinaliza para a n e c e s s i d a d e d a escola priorizar m o m e n t o s e m q u e sejam trabalha-
das as r e l a ç õ e s h u m a n a s entre os educadores e a c o m u n i d a d e educativa. S o m e n t e
e s t a n d o b e m c o n s i g o m e s m o s é que os e d u c a d o r e s p o d e r ã o estabelecer relações
s a u d á v e i s c o m os a l u n o s .


                Os professores t a m b é m fizeram referência às políticas a d o t a d a s n o q u e
diz respeito à r e m u n e r a ç ã o da categoria. Esse item j á o c u p a lugar de d e s t a q u e nas
lutas desses profissionais por m e l h o r e s c o n d i ç õ e s de vida. E r e c o n h e c e m o s q u e o
b a i x o salário traduz o p o u c o r e c o n h e c i m e n t o e a p o u c a valorização d o trabalho,
t o r n a n d o - s e p o r isso u m fator que muito contribui para baixar a auto-estima. É
i m p r e s c i n d í v e l u m a u n i ã o crescente desses profissionais para q u e a luta não seja
apenas de u m p e q u e n o g r u p o , m a s de todos os interessados e m m e l h o r a r sua
c o n d i ç ã o de vida. E i m p o s s í v e l s e p a r a r m o s os fatores e c o n ô m i c o s d o s sociais, e
assim, q u a l i d a d e de v i d a tem íntima ligação c o m o salário q u e se r e c e b e pelo
trabalho d e s e n v o l v i d o .


CONSIDERAÇÕES F I N A I S


                 O m o m e n t o atual nos leva a defender que a instabilidade dos referenciais
de valores e confiabilidade presentes na s o c i e d a d e d e v e r á ser c o m b a t i d a pelo
d e s e n v o l v i m e n t o de referenciais internos e estáveis. E s t a m o s c o n v e n c i d o s de
q u e as p e s s o a s , q u a n d o têm u m a a u t o - e s t i m a b e m f o r m a d a , c o n s e g u e m se
p o s i c i o n a r na vida c o m m a i s assertividade, r e s p o n s a b i l i d a d e e autoconfiança.


                 O e d u c a d o r está s e n d o instigado a ultrapassar da prática e d u c a c i o n a l
tradicional, instrumental, p r e o c u p a d a s o m e n t e c o m a aquisição de c o n c e i t o s e
o b t e n ç ã o de resultados quantitativos para u m a ação q u e leve e m conta a forma-
ção do ser h u m a n o m a i s consciente, crítico, reflexivo e feliz. E s s a n o v a c o n c e p -
ção d o q u e v e m a ser o papel do Professor j á foi c o m p r e e n d i d a por C e l a n o (1999),
q u a n d o q u e s t i o n o u a afirmação dos físicos de q u e , se tudo no universo está inter-
ligado, quais seriam as i m p l i c a ç õ e s disto nas ações e relações q u e o professor
e s t a b e l e c e no a m b i e n t e escolar? A m e s m a autora sinaliza o q u a n t o é necessário
aos gestores escolares u m a visão de ser h u m a n o q u e p r o p o r c i o n e a e d u c a d o r e s e
alunos e s p a ç o s de vivência do prazer e da s a ú d e e m o c i o n a l a partir d o d e s e n v o l -
v i m e n t o da sensibilidade e do a b a n d o n o das m á s c a r a s usadas no d e s e m p e n h o de
papéis.


              O trabalho realizado sinalizou alguns aspectos q u e exigem m a i o r cuida


R. FARN, Natal, v.2. n.l. p                115   125    iul./dez. 2002.                                         123
d o e a t e n ç ã o por parte dos que fazem da e d u c a ç ã o u m e s p a ç o de f o r m a ç ã o h u m a -
na: o g r u p o de professores se revelou bastante aberto às vivências p r o p o s t a s ,
p a r t i c i p a n d o e refletindo a t i v a m e n t e . É explícita a n e c e s s i d a d e de u m a c o m p a -
n h a m e n t o m a i s sistemático q u a n t o ao d e s e n v o l v i m e n t o h u m a n o d o s m e s m o s ,
p o i s a p r e s e n t a r a m limitações referentes ao a u t o c u i d a d o . D u r a n t e o trabalho, nos
d e p o i m e n t o s d a d o s e nas confidencias feitas, p a r e c e r a m mais p r e o c u p a d o s e vol-
tados ao c u i d a d o d o outro/aluno. A auto-estima d o professor precisa ser estimu-
lada p a r a q u e c o n s i g a m e l h o r a c o m p a n h a r os alunos. T a m b é m fica claro que
trabalhar c o m auto-estima na escola é fazer e d u c a ç ã o e m s a ú d e e m o c i o n a l , u m a
v e z q u e o professor, e s t a n d o b e m c o n s i g o , c o n s e g u e contribuir para o d e s e n v o l -
v i m e n t o da auto-estima dos alunos e assim estabelece relações e d e s e n v o l v e ações
s a u d á v e i s d o p o n t o de vista e m o c i o n a l . Enfim, a escola continua s e n d o e s p a ç o
p r o p í c i o e a m p l o p a r a se construir ações c o m p r o m e t i d a s c o m a q u a l i d a d e de vida
dos e d u c a d o r e s e e d u c a n d o s . R e s t a - n o s acreditar nessa possibilidade e viabilizar
a ç õ e s q u e façam do q u e ainda é s o n h o u m a realidade e m c o n s t r u ç ã o .


REFERÊNCIAS


A M O R I M . C l o v e s . O cotidiano e o d e s e n v o l v i m e n t o da auto-estima. In: C O N -
G R E S S O N A C I O N A L D A A E C , 17., 2 0 0 1 , P A R A N Á . A n a i s . . . Paraná: A E C ,
2 0 0 1 . p. 125-132.

B R A N D E N , N a t h a n i e l . A u t o - e s t i m a e os s e u s seis p i l a r e s . T r a d u ç ã o d e Vera
C a p u t o . 4. ed. São P a u l o : Saraiva, 1998.

C E L A N O . S. C o r p o e m e n t e n a e d u c a ç ã o : u m a saída de emergência. Petrópolis:
Vozes, 1999.

D E L O R S . J. E d u c a ç ã o : u m t e s o u r o a d e s c o b r i r : relatório para a U N E S C O da
C o m i s s ã o Internacional da E d u c a ç ã o para o Século X X I . São Paulo: Cortez, 1999.

F R E I R E . Paulo. P e d a g o g i a d a a u t o n o m i a : saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. ( C o l e ç ã o leitura)

V O L I , F r a n c o . A a u t o - e s t i m a d o p r o f e s s o r . T r a d u ç ã o Ivone M . C. T. Silva. São
P a u l o : L o y o l a , 1998.

W I N N I C O T T D.W. O s b e b ê s e s u a s m ã e s . São Paulo: Martins Fonte, 1986.




124                                       R. FARV, Natal,  2, n.l. p.            115-125        Jul./dez. 2002.
Abstract

                   This paper reports a human internetion experience carriedout
                   with educators from a public school in the city of Natal. The
                   idea was to provide them with an opportunity to experience
                   and exercise some reflection on issues involving self-esteem,
                   self-confidence and self-acceptance, promoting and enhancing
                   self- knowledge as well as furthering better quality of living
                   and working standards. A dialogic approach allowed individual
                   and group participation. Though results were demonstrative of
                   the great openness of educators to this type of experience, they
                   were also revealing of a general lack ofcare about their own
                   interests and a prevailing concern for the students' needs,
                   calling for a more consistent treatment of the educator's
                   personal development. The study concludes that educators' self-
                   esteem issues should be given further attention as it interferes
                   directly with the development and maintenance ofthe students'
                   own self-esteem.

                   Key words: self-esteem; educators; students; improvement in
                   quality of life.




R. FARN, Natal, v.2, n.l, p.   115 - 125 ,jul./dez. 2002.                      125
Pdf revista farn

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

Psicopedagogia fundamentos basicos
Psicopedagogia fundamentos basicosPsicopedagogia fundamentos basicos
Psicopedagogia fundamentos basicosLeide Antonino
 
Psicopedagogia clínica
Psicopedagogia clínicaPsicopedagogia clínica
Psicopedagogia clínicaDanielle Souza
 
Aula10 08-claudia
Aula10 08-claudiaAula10 08-claudia
Aula10 08-claudiaemerson130
 
Tcc elba godoy
Tcc elba godoyTcc elba godoy
Tcc elba godoyUNICEP
 
Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínico
Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínicoRelatório do diagnóstico psicopedagógico clínico
Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínicoDaniela Alencar
 
Psicopedagogia clinica e institucional
Psicopedagogia clinica e institucional Psicopedagogia clinica e institucional
Psicopedagogia clinica e institucional Luciene Oliveira
 
Dissertação_Ângela Cardoso
Dissertação_Ângela CardosoDissertação_Ângela Cardoso
Dissertação_Ângela CardosoÂngela Cardoso
 
Histório e contextualização da Psicopedagogia
Histório e contextualização da PsicopedagogiaHistório e contextualização da Psicopedagogia
Histório e contextualização da Psicopedagogiajanpsicoped
 
Monografia teoria e_clínica_psicanalítica_ masarela_ nov_ 2009
Monografia teoria e_clínica_psicanalítica_ masarela_ nov_ 2009Monografia teoria e_clínica_psicanalítica_ masarela_ nov_ 2009
Monografia teoria e_clínica_psicanalítica_ masarela_ nov_ 2009Maria Masarela Passos
 
Jean piaget os procedimentos da educação moral
Jean piaget   os procedimentos da educação moralJean piaget   os procedimentos da educação moral
Jean piaget os procedimentos da educação moralVeronica Mesquita
 

Was ist angesagt? (12)

Autoria De Pensamento
Autoria De PensamentoAutoria De Pensamento
Autoria De Pensamento
 
Psicopedagogia fundamentos basicos
Psicopedagogia fundamentos basicosPsicopedagogia fundamentos basicos
Psicopedagogia fundamentos basicos
 
Psicopedagogia clínica
Psicopedagogia clínicaPsicopedagogia clínica
Psicopedagogia clínica
 
Aula10 08-claudia
Aula10 08-claudiaAula10 08-claudia
Aula10 08-claudia
 
Tcc elba godoy
Tcc elba godoyTcc elba godoy
Tcc elba godoy
 
Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínico
Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínicoRelatório do diagnóstico psicopedagógico clínico
Relatório do diagnóstico psicopedagógico clínico
 
Psicopedagogia clinica e institucional
Psicopedagogia clinica e institucional Psicopedagogia clinica e institucional
Psicopedagogia clinica e institucional
 
Dissertação_Ângela Cardoso
Dissertação_Ângela CardosoDissertação_Ângela Cardoso
Dissertação_Ângela Cardoso
 
Histório e contextualização da Psicopedagogia
Histório e contextualização da PsicopedagogiaHistório e contextualização da Psicopedagogia
Histório e contextualização da Psicopedagogia
 
Monografia teoria e_clínica_psicanalítica_ masarela_ nov_ 2009
Monografia teoria e_clínica_psicanalítica_ masarela_ nov_ 2009Monografia teoria e_clínica_psicanalítica_ masarela_ nov_ 2009
Monografia teoria e_clínica_psicanalítica_ masarela_ nov_ 2009
 
Humanista
HumanistaHumanista
Humanista
 
Jean piaget os procedimentos da educação moral
Jean piaget   os procedimentos da educação moralJean piaget   os procedimentos da educação moral
Jean piaget os procedimentos da educação moral
 

Ähnlich wie Pdf revista farn

Texto aula 6 rinaldi curriculo emergente
Texto aula 6 rinaldi curriculo emergenteTexto aula 6 rinaldi curriculo emergente
Texto aula 6 rinaldi curriculo emergenteLiana Pereira Borba
 
Projeto carrossel atual
Projeto carrossel atualProjeto carrossel atual
Projeto carrossel atualVera Kovalski
 
Entrevista com Carlos Byngton - Revista da ESPM (setembro/outubro 2011)
Entrevista com Carlos Byngton - Revista da ESPM (setembro/outubro 2011)Entrevista com Carlos Byngton - Revista da ESPM (setembro/outubro 2011)
Entrevista com Carlos Byngton - Revista da ESPM (setembro/outubro 2011)ESPM
 
Monografiateoriaeclnicapsicanalticamasarelanov2009 100626072146-phpapp02
Monografiateoriaeclnicapsicanalticamasarelanov2009 100626072146-phpapp02Monografiateoriaeclnicapsicanalticamasarelanov2009 100626072146-phpapp02
Monografiateoriaeclnicapsicanalticamasarelanov2009 100626072146-phpapp02L R
 
Minhas virtudes projeto de vida .pptx
Minhas virtudes projeto de vida    .pptxMinhas virtudes projeto de vida    .pptx
Minhas virtudes projeto de vida .pptxkeissyperes
 
Tenho 9 anos e estou no 2º ano. E agora? O papel da psicologia clínica na tra...
Tenho 9 anos e estou no 2º ano. E agora? O papel da psicologia clínica na tra...Tenho 9 anos e estou no 2º ano. E agora? O papel da psicologia clínica na tra...
Tenho 9 anos e estou no 2º ano. E agora? O papel da psicologia clínica na tra...Mauro Paulino
 
Vigotsky pensamento e linguagem
Vigotsky pensamento e linguagemVigotsky pensamento e linguagem
Vigotsky pensamento e linguagemlidysara
 
Psicologia escolar e Educacional
Psicologia escolar e EducacionalPsicologia escolar e Educacional
Psicologia escolar e Educacionalmluisavalente
 

Ähnlich wie Pdf revista farn (20)

Texto aula 6 rinaldi curriculo emergente
Texto aula 6 rinaldi curriculo emergenteTexto aula 6 rinaldi curriculo emergente
Texto aula 6 rinaldi curriculo emergente
 
Artigo carolinakopschina
Artigo carolinakopschinaArtigo carolinakopschina
Artigo carolinakopschina
 
Autoestima no exercício do magistério
Autoestima no exercício do magistérioAutoestima no exercício do magistério
Autoestima no exercício do magistério
 
Nb m07t11 adriana_m_machado
Nb m07t11 adriana_m_machadoNb m07t11 adriana_m_machado
Nb m07t11 adriana_m_machado
 
2003 21
2003 212003 21
2003 21
 
Projeto carrossel atual
Projeto carrossel atualProjeto carrossel atual
Projeto carrossel atual
 
1. O Amor Conjugal.pdf
1. O Amor Conjugal.pdf1. O Amor Conjugal.pdf
1. O Amor Conjugal.pdf
 
Entrevista com Carlos Byngton - Revista da ESPM (setembro/outubro 2011)
Entrevista com Carlos Byngton - Revista da ESPM (setembro/outubro 2011)Entrevista com Carlos Byngton - Revista da ESPM (setembro/outubro 2011)
Entrevista com Carlos Byngton - Revista da ESPM (setembro/outubro 2011)
 
Monografiateoriaeclnicapsicanalticamasarelanov2009 100626072146-phpapp02
Monografiateoriaeclnicapsicanalticamasarelanov2009 100626072146-phpapp02Monografiateoriaeclnicapsicanalticamasarelanov2009 100626072146-phpapp02
Monografiateoriaeclnicapsicanalticamasarelanov2009 100626072146-phpapp02
 
Luis gonzalez
Luis gonzalezLuis gonzalez
Luis gonzalez
 
Bullying na adolescência
Bullying na adolescênciaBullying na adolescência
Bullying na adolescência
 
Minhas virtudes projeto de vida .pptx
Minhas virtudes projeto de vida    .pptxMinhas virtudes projeto de vida    .pptx
Minhas virtudes projeto de vida .pptx
 
Grupos
GruposGrupos
Grupos
 
Grupos
GruposGrupos
Grupos
 
Tenho 9 anos e estou no 2º ano. E agora? O papel da psicologia clínica na tra...
Tenho 9 anos e estou no 2º ano. E agora? O papel da psicologia clínica na tra...Tenho 9 anos e estou no 2º ano. E agora? O papel da psicologia clínica na tra...
Tenho 9 anos e estou no 2º ano. E agora? O papel da psicologia clínica na tra...
 
Psicopedagogia clinica pratica especifica
Psicopedagogia clinica  pratica especificaPsicopedagogia clinica  pratica especifica
Psicopedagogia clinica pratica especifica
 
Vigotsky pensamento e linguagem
Vigotsky pensamento e linguagemVigotsky pensamento e linguagem
Vigotsky pensamento e linguagem
 
OrientaçãO Sexual
OrientaçãO SexualOrientaçãO Sexual
OrientaçãO Sexual
 
Psicologia escolar e Educacional
Psicologia escolar e EducacionalPsicologia escolar e Educacional
Psicologia escolar e Educacional
 
Psicóloga em Moema
Psicóloga em MoemaPsicóloga em Moema
Psicóloga em Moema
 

Pdf revista farn

  • 1. AUTO-ESTIMA NA ESCOLA: vivências e reflexões com educadores 1 Maria da Apresentação Barreto Resumo Este artigo relata uma experiência realizada com educadores, a qual objetivou oportunizar a vivência e reflexão da auto- estima como confiança em si mesmo, facilitando aos educado- res o processo de auto conhecimento, auto-aceitação e melhoria na qualidade de vida e no trabalho. O trabalho foi realizado numa escola pública da região metropolitana de Natal e foi utilizada uma metodologia dialógica baseada na participação individual e grupai. Os resultados sinalizaram a abertura dos educadores às vivências, necessidade de um acompanhamento mais sistemático quanto ao desenvolvimento humano, limita- ções referentes ao autocuidado e uma prevalência de preocu- pação em relação ao cuidado com o outro/aluno. Concluiu-se que a auto-estima do educador necessita de cuidado constan- te, uma vez que suas ações têm interferência direta no desen- volvimento e manutenção da auto-estima dos alunos. Palavras-chave: auto-estima; educadores; alunos; melhoria na qualidade de vida. 1 INTRODUÇÃO 1.1 DESENVOLVIMENTO DA AUTO-ESTIMA N a r r a u m a lenda africana q u e a idade de u m a p e s s o a não é c o n t a d a a partir d o dia e m q u e nasceu, m a s d o dia e m q u e passou a existir no p e n s a m e n t o e nos s o n h o s de sua m ã e . A l g u n s p o d e r ã o considerar e x c e s s o d e r o m a n t i s m o , outros dirão q u e por ser lenda, é b o m q u e fique por aí m e s m o . P a r t i c u l a r m e n t e , a c r e d i t a m o s e d e f e n d e m o s a idéia d e q u e a experiência de ser desejado, antes de c o n c e b i d o , c o n d u z forte energia d e acolhimento, atração e desejo, c a p a z de nutrir p o s i t i v a m e n t e os q u e vão nascer. T a m b é m acreditamos q u e nessas vivências de a c o l h i m e n t o e/ou rejeição, ainda no período gestacional, 1 Mestra em Educação em Saúde pela Universidade de Fortaleza, graduada em psicologia pela UFRN professora da : FARN e Universidade Potiguar - UNP (apresentacao@bol.com.br). R. FARN. Natal, v.2, n.l. p. 1 1 5 - 125 . jul./dez. 2002. 115
  • 2. c o m e ç a m a se configurar os s e n t i m e n t o s q u e alicerçarão o d e s e n v o l v i m e n t o da a u t o - e s t i m a e tornarão as p e s s o a s capazes de e x p e r i e n c i a r vinculação e prazer nas relações q u e e s t a b e l e c e m . A psicologia do d e s e n v o l v i m e n t o , especialmente no século X X , pesquisou e b u s c o u explicar os efeitos n o c i v o s , d o p o n t o de vista e m o c i o n a l , de u m a gravi- d e z rejeitada ou indesejada. A rejeição, no início da vida, p o d e r á d e s e n c a d e a r sentimentos de insegurança, m e d o , dificuldades na v i n c u l a ç ã o e aceitação pesso- al. P r o v a v e l m e n t e virá d a í a dificuldade futura referente à b a i x a auto-estima. A psicanálise, c o m o saber psicológico q u e e s t u d a aspectos d o d e s e n v o l v i - m e n t o h u m a n o , b u s c a investigar a formação do sujeito, sem contentar-se apenas c o m as experiências imediatas. B u s c a explicações m a i s remotas, tenta chegar aos conteúdos d o inconsciente para m e l h o r compreender e ajudar as pessoas no alívio dos seus sofrimentos psíquicos. T a m b é m contribui para desobstruir os canais de passagem das potencialidades criativas, construtivas e realizadoras de cada ser. N a s idéias de indivíduo saudável defendidas pelo psicanalista Winnicott (1986, p. 22), consideramos significativa a expressão segurar (holding) usada pelo autor. Este faz referência à experiência do bebê na vida intra-uterina, e posterior- mente q u a n d o depende dos cuidados de alguém que se identifica e percebe c o m o ele eslá se sentindo. Sinaliza a importância do cuidado q u e propicia satisfação e segurança. Num ambiente que propicia um segurar satisfatório, o bebê é capaz de realizar o desenvolvimento pessoal de acordo com suas tendências her- dadas. O resultado é uma continuidade da existência que se transforma num senso de self, e finalmente resulta em autonomia. A u t o n o m i a e auto-estima parecem identificar-se c o m o atributos do sujeito que acredita na própria vida, na capacidade de se conduzir, fazer opções e buscar a realização dos seus desejos. Fica implícita a importância da mãe, ou de u m a figura substituta, que proporcione segurança, confiança e acolhimento. A presença desses c o m p o n e n t e s é que dará consistência na posterior trajetória individual e grupai do sujeito. N a ausência das situações facilitadoras, ou seja, n u m ambiente emocional averso e rejeitador, p r o v a v e l m e n t e haverá u m a trajetória sinalizada pela fragilida- de pessoal, dependência, desconfiança e m e d o . A i n d a na tentativa de melhor compreender esse processo, consideramos pertinentes as idéias trazidas por M r u c k (1998, apud A M O R I M , 2001), ao consi- derar que existem pelo m e n o s quatro tipos de auto-estima: a elevada, no âmbito da qual a pessoa consegue ser crítica consigo m e s m a , e assim mais bem prepara- 116 R. FARN, Natal, v.2. n.l, p. 115-125 .jul./dez. 2002.
  • 3. da p a r a enfrentar os desafios d a vida, pois v i v e n c i o u e x p e r i ê n c i a s associadas a êxitos e u m g r a n d e sentido d e m e r e c i m e n t o ; a auto-estima baixa, e m q u e a pessoa se a p r e s e n t a p r e d i s p o s t a ao fracasso, ficando susceptível a graus variáveis de d e p r e s s ã o , níveis b a i x o s d e e n e r g i a e a n s i e d a d e crônica; a a u t o - e s t i m a narcisista, no c o n t e x t o d a qual a p e s s o a vê a si m e s m a c o m o c o m p e t e n t e , m e s m o q u e isso n ã o seja v e r d a d e i r o ; e, finalmente, a p s e u d o a u t o - e s t i m a q u e implica u m a defici- ência no m e r e c i m e n t o , d i s t o r c e n d o assim a p e r c e p ç ã o . Nesta, a pessoa é incapaz de e x p e r i m e n t a r satisfação c o m seus sucessos e luta c o n s t a n t e m e n t e por d e m o n s - trar sua valia. D i f e r e n c i a n d o a u t ó - e s t i m a de autoconceito, j u l g a m o s pertinentes as expli- c a ç õ e s de W O O O L F O L K ( 2 0 0 0 , apud A M O R I M , 2 0 0 1 , p . 127), ao considerar q u e : (...) a u t o c o n c e i t o é u m a estrutura cognitiva, u m a c r e n ç a e m relação a q u e m v o c ê é. A a u t o - e s t i m a é u m a r e a ç ã o afetiva, u m a avaliação de q u e m você é. E m b o r a esses c o n c e i t o s estejam interligados e se manifestem de certa for- m a indiferenciados, no c a s o d a a u t o - e s t i m a fica e v i d e n t e o c o m p o n e n t e afetivo c o m o deflagrador d o r e c o n h e c i m e n t o pessoal. E ainda é necessário ressaltar que este c o m p o n e n t e se forma a partir d o r e c o n h e c i m e n t o e avaliação afetiva dispen- sados pelas figuras significativas na vida de c a d a sujeito. D a d a a i m p o r t â n c i a q u e a a u t o - e t i m a e x e r c e na vida da pessoa, torna-se imprescindível a a m p l i a ç ã o d o s e s t u d o s e projetos q u e b u s q u e m desenvolvê-la. Tal d e s e n v o l v i m e n t o estará h a b i l i t a n d o as p e s s o a s p a r a o g e r e n c i a m e n t o da pró- pria v i d a , p r o p i c i a n d o a s s i m u m a a t u a ç ã o i n d i v i d u a l e g r u p a i c r i a d o r a ou viabilizadora d e m e l h o r e s c o n d i ç õ e s d e vida. 2 A U T O - E S T I M A NA E S C O L A A u t o - e s t i m a r e l a c i o n a d a c o m o fazer p e d a g ó g i c o e c o m o a m b i e n t e e s c o - lar é u m t e m a q u e v e m s e n d o b a s t a n t e i n v e s t i g a d o e d i v u l g a d o pelos estudiosos d o c o m p o r t a m e n t o h u m a n o e pela literatura m a i s p o p u l a r ou informal, tipo revis- tas e j o r n a i s . A l é m d o material escrito q u e v e m s e n d o p u b l i c a d o , o t e m a e m foco t a m b é m o c u p a as r o d a s e d i s c u s s õ e s dos gestores escolares, pais, psicólogos e p o p u l a ç ã o e m geral. N o E s t a d o d o R i o G r a n d e do N o r t e , c o n h e c e m o s escolas d a s redes particular, m u n i c i p a l e estadual de e n s i n o d e s e n v o l v e n d o projetos para trabalhar a a u t o - e s t i m a de e d u c a d o r e s , alunos e d e m a i s e n v o l v i d o s no processo pedagógico. E s t u d o s e p e s q u i s a s v ê m s e n d o feitas nessa área. C o n s i d e r a m o s relevante a p e s q u i s a d e s e n v o l v i d a por B u r n s ( 1 9 9 0 , apud A M O R I M , 2 0 0 1 ) , que após rea- R. FARN, Natal, v.2, n.l, p. 1 1 5 - 1 2 5 , jul./dez. 2002. 117
  • 4. lizar estudos sistemáticos, a c o m p a n h a d o s de c u i d a d o s a investigação, concluiu que os alunos c o m baixo r e n d i m e n t o escolar tinham c o n c e i t o s n e g a t i v o s de si m e s m o s . E n q u a n t o isso, os q u e tinham b o m r e n d i m e n t o d e m o n s t r a v a m um con- ceito m a i s positivo. N o início deste m i l ê n i o , G o m i d e ( 2 0 0 1 , apud A M O R I M , 2 0 0 1 ) , pu- blicou estudos c o r r e l a c i o n a n d o baixa auto-estima, fracasso a c a d ê m i c o e c o m p o r - t a m e n t o s anti-sociais. C h e g o u à c o n c l u s ã o q u e o fracasso a c a d ê m i c o contribui para baixar a auto-estima, g e r a n d o assim c o m p o r t a m e n t o s anti-sociais. E m b o r a p a r c i a l m e n t e , d i s c o r d a m o s desse autor, pois t a m b é m t e m o s o b s e r v a d o q u e , na escola, n e m s e m p r e u m a b a i x a auto-estima, n e c e s s a r i a m e n t e , estará a s s o c i a d a a c o m p o r t a m e n t o s anti-sociais. C o n t r á r i o a esses resultados, B r a n d e n ( 1 9 9 8 ) afirma q u e m u i t a s ra- zões p o d e m contribuir para q u e um aluno não apresente um bom d e s e m p e n h o escolar, m o t i v o s que p o d e m oscilar d e s d e um p r o b l e m a de dislexia até a falta de estímulos e desafios a d e q u a d o s para q u e a a p r e n d i z a g e m aconteça. S e g u n d o esse autor, m e s m o c o m o d e s e m p e n h o escolar afetado, o a l u n o continuaria com u m a boa auto-estima. Situando a importância da escola e do professor no d e s e n v o l v i m e n t o da auto-estima dos alunos, B r a n d e n (1998) adverte para o fato de que o a m b i e n t e escolar representa u m a s e g u n d a c h a n c e para se adquirir u m a visão de vida m e - lhor da q u e m u i t o s alunos c o n s e g u i r a m construir no a m b i e n t e escolar. Por outro lado, o m e s m o autor a i n d a sinaliza o perigo que representa um grupo de alunos sob os c u i d a d o s d e professores c a r e n t e s de auto-estima. N e s s a m e s m a linha de a b o r d a g e m d o tema, e refletindo a i m p o r t â n c i a d o profes- sor na relação q u e estabelece c o m o a l u n o , os e s t u d o s realizados por Voli (1998) c h a m a m a a t e n ç ã o d o leitor p a r a o s i g n i f i c a d o e i n t e r f e r ê n c i a d o s m o d e l o s referenciais m o t i v a d o r e s , c o m visão positiva da vida c das relações h u m a n a s . C o n s i d e r a m o s e x c e s s o de e x i g ê n c i a estabelecer s o m e n t e o professor c o m o m o - delo referencial no a m b i e n t e escolar, pois além deste, outras p e s s o a s interagem c p o d e m servir de m o d e l o para o a l u n o : c o o r d e n a d o r e s p e d a g ó g i c o s , funcionários, diretores e os próprios colegas de sala. A c r e d i t a m o s na escola c o m o e s p a ç o p r i v i l e g i a d o para o d e s e n v o l v i m e n t o saudável dos alunos. E nessa crença não p o d e m o s fechar os olhos para a necessi- d a d e de um constante a c o m p a n h a m e n t o h u m a n o dos e d u c a d o r e s . É nossa meta ultrapassar a formação tradicional, instrumental, p r e o c u p a d a c o m a t r a n s m i s s ã o de c o n h e c i m e n t o s . B u s c a m o s ações e relações mais interativas. Q u e r e m o s ir mais 118 R. FARN, Natal, v.2, n. 1, p. 1 1 5 - 125 , jul./dez. 2002.
  • 5. longe, c h e g a r m a i s perto d o ser h u m a n o , educador, gente q u e se relaciona, a m a e sofre, se e n c a n t a , d e s e n c a n t a e r e e n c a n t a a vida e os trabalhos q u e d e s e n v o l v e . Professor: u m profissional, s e m dúvida, m a r c a d o pelos interesses de políticas e políticos q u e o o b r i g a m a exercer u m a tripla j o r n a d a de t r a b a l h o . O c a n s a ç o é i n v e r s a m e n t e proporcional às o p o r t u n i d a d e s de capacitação, r e c i c l a g e m , r e m u - n e r a ç ã o e d i á l o g o c o m outros e novos saberes. Enfim, essa experiência vivencial se constituiu n u m a oportunidade de apro- x i m a ç ã o , reflexão grupai e tentativa de r e c o n s t r u ç ã o coletiva da a u t o - e s t i m a dos q u e fazem d a e d u c a ç ã o u m ofício, u m a b u s c a constante de interação e c o n s t r u ç ã o d e vida e d e c o n h e c i m e n t o s favoráveis à m e s m a . 2 OBJETIVO O p o r t u n i z a r a vivência e reflexão da auto-estima c o m o confiança e m si m e s m o , facilitando aos e d u c a d o r e s o a u t o c o n h e c i m e n t o , a auto-aceitação e con- tribuindo p a r a o d e s e n v o l v i m e n t o da a u t o - e s t i m a dos alunos. 3 METODOLOGIA F a z e r o p ç ã o m e t o d o l ó g i c a é dizer o c a m i n h o q u e d e s e j a m o s trilhar para a l c a n ç a r m o s o objetivo proposto. E t a m b é m explicitar u m a c o n c e p ç ã o de reali- d a d e q u e p a r a ser investigada necessitará de u m m é t o d o a d e q u a d o e c o m p a t í v e l c o m a visão de c o n s t r u ç ã o d o c o n h e c i m e n t o , m u n d o , s o c i e d a d e e p e s s o a h u m a - na, ou seja, é tentar situar a investigação dentro do universo e d o s referenciais teóricos d o s p e s q u i s a d o r e s . Por tratar-se de u m a experiência vivencial d e s e n v o l - vida c o m e d u c a d o r e s , o p t a m o s por u m a m e t o d o l o g i a dialógica b a s e a d a na e x p e - riência p e d a g ó g i c a de Freire (1996). O c e n á r i o d o trabalho foi u m a E s c o l a pública da r e d e M u n i c i p a l de ensi- no, situada n a região m e t r o p o l i t a n a de Natal, m u n i c í p i o de P a r n a m i r i m . O grupo q u e vivenciou a experiência foi c o m p o s t o de 20 professores que trabalham c o m o ensino fundamental. R. FARN, Natal, v.2, n.l, p 115-125 J u l A l e / 2002 119
  • 6. 3.1 LEVANTAMENTO DE DADOS E RESULTADOS Inicialmente o grupo foi c o n v i d a d o a fazer u m a c o n s t r u ç ã o coletiva do q u e seria o c o n c e i t o d e a u t o - e s t i m a : • é sentir-se b e m c o n s i g o m e s m o ; • é r e c o n h e c e r suas q u a l i d a d e s ; • é sentir-se de b e m c o m o m u n d o ; • auto-reconhecimento; • saber t o m a r d e c i s õ e s ; • ter valor. C o m base nesses conceitos o g r u p o foi c o n v i d a d o a aprofundar e siste- matizar o c o n h e c i m e n t o q u e j á d i s p u n h a , fazendo para isso a leitura do texto de B r a n d e n ( 1 9 9 8 , p . 2 4 9 - 2 5 4 ) a respeito da a u t o - e s t i m a nas escolas e destacou al- guns pontos principais: a i m p o r t â n c i a da escola n o d e s e n v o l v i m e n t o da auto- estima da criança, a n e c e s s i d a d e de tratar o a l u n o c o m o respeito q u e ele m e r e c e e p r i n c i p a l m e n t e a i m p o r t â n c i a d o professor se m a n t e r c o m u m nível e l e v a d o de auto-estima. Os e d u c a d o r e s ainda l e v a n t a r a m as p o s s i b i l i d a d e s de contribuir c o m o d e s e n v o l v i m e n t o da auto-estima n o a m b i e n t e escolar: n o e n s i n o fundamental é i m p o r t a n t e valorizar o aluno, incentivar o p e n s a m e n t o a u t ô n o m o e criativo, agir de m a n e i r a saudável e s e m repressão, a u t o - a c e i t a ç ã o d o professor e aceitação do outro do j e i t o que é, acreditar nas possibilidades e c a p a c i d a d e s d o aluno e orien- tar as famílias a respeito d o d e s e n v o l v i m e n t o d a a u t o - e s t i m a dos alunos. E m níveis individual e grupai d u a s q u e s t õ e s f o r a m refletidas: a primeira dizia respeito aos fatores que c o n t r i b u í a m para elevar a a u t o - e s t i m a dos e d u c a d o - res e a s e g u n d a olhava o inverso d e s s a m o e d a , ou seja, os fatores que contribuíam para baixar a auto-estima. R e s u l t a d o s coletados pelo g r u p o : 120 R. FARN, Natal, v.2, n.l, p. 115-125 , jul./dez. 2002.
  • 7. CONTRIBUI PARA ELEVAR A AUTO-ESTIMA: • A m o r d o s pais; • H a r m o n i a da família; • C o m p r e e n s ã o e a p o i o d o s familiares; • Vitória e m c o n c u r s o s ; • Ser a m a d o ; • Saber tomar decisões; • Elogios; • Carinho; • Receber palavras amigáveis; • B o a a p a r ê n c i a (estética). CONTRIBUI PARA BAIXAR A AUTO-ESTIMA: • Falta d e respeito de a l g u m a s p e s s o a s ; • N ã o r e c o n h e c i m e n t o das c a p a c i d a d e s ; • D e s c o m p r o m i s s o de alguns a l u n o s ; • F i n a n ç a s - b a i x o salário; • Traição de pessoas amigas; • T i m i d e z - d e s c o n f i a n ç a grupai; • D i f i c u l d a d e s cotidianas. 3 . 2 D I S C U S S Ã O DOS RESULTADOS R e f l e t i n d o os c o n c e i t o s f o r m u l a d o s , os p o n t o s d e s t a c a d o s no texto e as respostas às d u a s q u e s t õ e s citadas, a l g u m a s idéias ficam e v i d e n c i a d a s : os educa- d o r e s p o s s u e m u m a c o m p r e e n s ã o c o n c e i t u a i d o q u e v e m a ser auto-estima e re- c o n h e c e m a i m p o r t â n c i a d o s u p o r t e familiar p a r a o saudável d e s e n v o l v i m e n t o da p e s s o a . F a z e n d o referência ao a p o i o d i s p e n s a d o p e l a família, o psicanalista W i n n i c o t t ( 1 9 8 6 ) fala d o q u a n t o é i m p o r t a n t e p a r a o d e s e n v o l v i m e n t o da auto- e s t i m a a p e s s o a sentir-se olhada, tocada, r e c o n h e c i d a e a m a d a pela m ã e e pessoas m a i s p r ó x i m a s . C h e g a a sugerir q u e a l e g i t i m a ç ã o da existência é construída a partir dessas atitudes. E s s e m e s m o c o n t e ú d o p o d e ser e n c o n t r a d o no q u a d r o o n d e os e d u c a d o r e s listaram os e l e m e n t o s q u e c o n t r i b u e m para elevar a auto-estima. R. FARN, Natal, v.2, n. 1, p. 115 - 125 , jul./dez. 2002. 121
  • 8. D u r a n t e a realização do trabalho ficou ressaltada a p r e o c u p a ç ã o dos e d u c a d o r e s c o m o b e m - e s t a r dos alunos, e p o u c o foi enfatizada a n e c e s s i d a d e que sentem de estar b e m c o n s i g o m e s m o s para assim realizar um trabalho saudá- vel. S a b e m o s q u e esses professores, l e v a d o s , na m a i o r i a das vezes, pela simples e c o m p l e x a n e c e s s i d a d e de s o b r e v i v ê n c i a , t o r n a m - s e " d a d o r e s " de aulas e per- d e m a o p o r t u n i d a d e de c o n q u i s t a r o e s p a ç o de c r e s c i m e n t o h u m a n o q u e tal atividade enseja. A s ações e d u c a t i v a s além de interferir no d e s e n v o l v i m e n t o da auto-estima de professores e alunos, t a m b é m p o d e r ã o abrir e s p a ç o s para a m a n i - festação da a u t o n o m i a , q u e é u m c o m p o n e n t e de g r a n d e r e l e v â n c i a no p r o c e s s o de a m a d u r e c i m e n t o h u m a n o . A a u t o n o m i a foi sinalizada q u a n d o falaram da im- portância de saber t o m a r d e c i s õ e s . N o entanto, q u a n d o v i v e n c i a d a de m a n e i r a i n a d e q u a d a p o d e r á fazer c o m q u e a p e s s o a m a n t e n h a relações de s i m b i o s e , de- p e n d ê n c i a e total s u b m i s s ã o . A c r e d i t a m o s q u e ser Professor é m u i t o m a i s q u e r e p a s s a r informações, professar ou e'nsinar algo. É p r o m o v e r ou incentivar u m a leitura de m u n d o e da realidade q u e se nos apresenta. C o n c e b i d o dessa forma, o Professor precisa ter um senso de a u t o n o m i a c a p a z de d e v o l v e r ao ser h u m a n o , e d u c a n d o ou c o m p a - nheiro de profissão, a verdadeira c o n d i ç ã o de h u m a n o , c a p a z de limpar a sujeira dos sentimentos destruidores da vida, c a p a z de i r m a n a r a todos c o m o m e m b r o s da grande família h u m a n a e assim c o m p r o m e t i d o s c o m a transformação de tudo o que não favorece a vida e o b e m - e s t a r das p e s s o a s . O r e c o n h e c i m e n t o c o n c r e t i z a d o nas m a n i f e s t a ç õ e s de carinho, elogios e palavras amigáveis t a m b é m foram citados c o m o e l e m e n t o s q u e além de favorecer a m a n u t e n ç ã o da auto-estima, ainda possibilitam o d e s a b r o c h a r das forças criati- vas e transformadoras da realidade. O ser h u m a n o d e v e buscar, c o n s t a n t e m e n t e , o afastamento das situações adversas à vida pessoal e c o m u n i t á r i a , e a a p r o x i m a - ção daquilo q u e se constitui o ideal de vida: prazer, satisfação, vida digna, realiza- ção pessoal/coletiva e saúde. B u s c a r a p r o x i m a r o real d o ideal é u m a luta q u e só p o d e ser travada p o r pessoas q u e t e n h a m um m í n i m o de confiança e m si m e s m a s , acreditam na c a u s a pela qual estão lutando e nas p o s s i b i l i d a d e s de m u d a n ç a s . A p e d a g o g i a freiriana d e s e n v o l v i d a e p r a t i c a d a no s é c u l o X X , d é c a d a de 1960, priorizou o ser a u t ô n o m o e c o n s c i e n t e da r e a l i d a d e e m q u e vive. Foi por isso tachada, durante m u i t o t e m p o , de " p e d a g o g i a e s q u e r d i s t a " , m a s continua sendo legitimada e aprofundada pelo seu caráter r e v o l u c i o n á r i o e libertador. R e - cebeu respaldo internacional n o final d o século X X , q u a n d o a U N E S C O , através d o relatório e l a b o r a d o por D e l o r s (1999), exaltou a f o r m a ç ã o integral d o cidadão e o a p r e n d i z a d o da c o n v i v ê n c i a e d o ser p e s s o a c o m o pilares a alicerçar a educa- ção d o século X X I . 122 R. FARN, Natal, v.2, n. 1, p. 1 15 - 125 , jul./dez. 2002.
  • 9. A s relações interpessoais e os conflitos q u e d a í d e c o r r e m constituem, na visão d o s professores, os principais ingredientes destruidores da auto-estima: des- respeito, traição, d e s c o m p r o m i s s o e falta de r e c o n h e c i m e n t o . E s t a c o n s t a t a ç ã o sinaliza para a n e c e s s i d a d e d a escola priorizar m o m e n t o s e m q u e sejam trabalha- das as r e l a ç õ e s h u m a n a s entre os educadores e a c o m u n i d a d e educativa. S o m e n t e e s t a n d o b e m c o n s i g o m e s m o s é que os e d u c a d o r e s p o d e r ã o estabelecer relações s a u d á v e i s c o m os a l u n o s . Os professores t a m b é m fizeram referência às políticas a d o t a d a s n o q u e diz respeito à r e m u n e r a ç ã o da categoria. Esse item j á o c u p a lugar de d e s t a q u e nas lutas desses profissionais por m e l h o r e s c o n d i ç õ e s de vida. E r e c o n h e c e m o s q u e o b a i x o salário traduz o p o u c o r e c o n h e c i m e n t o e a p o u c a valorização d o trabalho, t o r n a n d o - s e p o r isso u m fator que muito contribui para baixar a auto-estima. É i m p r e s c i n d í v e l u m a u n i ã o crescente desses profissionais para q u e a luta não seja apenas de u m p e q u e n o g r u p o , m a s de todos os interessados e m m e l h o r a r sua c o n d i ç ã o de vida. E i m p o s s í v e l s e p a r a r m o s os fatores e c o n ô m i c o s d o s sociais, e assim, q u a l i d a d e de v i d a tem íntima ligação c o m o salário q u e se r e c e b e pelo trabalho d e s e n v o l v i d o . CONSIDERAÇÕES F I N A I S O m o m e n t o atual nos leva a defender que a instabilidade dos referenciais de valores e confiabilidade presentes na s o c i e d a d e d e v e r á ser c o m b a t i d a pelo d e s e n v o l v i m e n t o de referenciais internos e estáveis. E s t a m o s c o n v e n c i d o s de q u e as p e s s o a s , q u a n d o têm u m a a u t o - e s t i m a b e m f o r m a d a , c o n s e g u e m se p o s i c i o n a r na vida c o m m a i s assertividade, r e s p o n s a b i l i d a d e e autoconfiança. O e d u c a d o r está s e n d o instigado a ultrapassar da prática e d u c a c i o n a l tradicional, instrumental, p r e o c u p a d a s o m e n t e c o m a aquisição de c o n c e i t o s e o b t e n ç ã o de resultados quantitativos para u m a ação q u e leve e m conta a forma- ção do ser h u m a n o m a i s consciente, crítico, reflexivo e feliz. E s s a n o v a c o n c e p - ção d o q u e v e m a ser o papel do Professor j á foi c o m p r e e n d i d a por C e l a n o (1999), q u a n d o q u e s t i o n o u a afirmação dos físicos de q u e , se tudo no universo está inter- ligado, quais seriam as i m p l i c a ç õ e s disto nas ações e relações q u e o professor e s t a b e l e c e no a m b i e n t e escolar? A m e s m a autora sinaliza o q u a n t o é necessário aos gestores escolares u m a visão de ser h u m a n o q u e p r o p o r c i o n e a e d u c a d o r e s e alunos e s p a ç o s de vivência do prazer e da s a ú d e e m o c i o n a l a partir d o d e s e n v o l - v i m e n t o da sensibilidade e do a b a n d o n o das m á s c a r a s usadas no d e s e m p e n h o de papéis. O trabalho realizado sinalizou alguns aspectos q u e exigem m a i o r cuida R. FARN, Natal, v.2. n.l. p 115 125 iul./dez. 2002. 123
  • 10. d o e a t e n ç ã o por parte dos que fazem da e d u c a ç ã o u m e s p a ç o de f o r m a ç ã o h u m a - na: o g r u p o de professores se revelou bastante aberto às vivências p r o p o s t a s , p a r t i c i p a n d o e refletindo a t i v a m e n t e . É explícita a n e c e s s i d a d e de u m a c o m p a - n h a m e n t o m a i s sistemático q u a n t o ao d e s e n v o l v i m e n t o h u m a n o d o s m e s m o s , p o i s a p r e s e n t a r a m limitações referentes ao a u t o c u i d a d o . D u r a n t e o trabalho, nos d e p o i m e n t o s d a d o s e nas confidencias feitas, p a r e c e r a m mais p r e o c u p a d o s e vol- tados ao c u i d a d o d o outro/aluno. A auto-estima d o professor precisa ser estimu- lada p a r a q u e c o n s i g a m e l h o r a c o m p a n h a r os alunos. T a m b é m fica claro que trabalhar c o m auto-estima na escola é fazer e d u c a ç ã o e m s a ú d e e m o c i o n a l , u m a v e z q u e o professor, e s t a n d o b e m c o n s i g o , c o n s e g u e contribuir para o d e s e n v o l - v i m e n t o da auto-estima dos alunos e assim estabelece relações e d e s e n v o l v e ações s a u d á v e i s d o p o n t o de vista e m o c i o n a l . Enfim, a escola continua s e n d o e s p a ç o p r o p í c i o e a m p l o p a r a se construir ações c o m p r o m e t i d a s c o m a q u a l i d a d e de vida dos e d u c a d o r e s e e d u c a n d o s . R e s t a - n o s acreditar nessa possibilidade e viabilizar a ç õ e s q u e façam do q u e ainda é s o n h o u m a realidade e m c o n s t r u ç ã o . REFERÊNCIAS A M O R I M . C l o v e s . O cotidiano e o d e s e n v o l v i m e n t o da auto-estima. In: C O N - G R E S S O N A C I O N A L D A A E C , 17., 2 0 0 1 , P A R A N Á . A n a i s . . . Paraná: A E C , 2 0 0 1 . p. 125-132. B R A N D E N , N a t h a n i e l . A u t o - e s t i m a e os s e u s seis p i l a r e s . T r a d u ç ã o d e Vera C a p u t o . 4. ed. São P a u l o : Saraiva, 1998. C E L A N O . S. C o r p o e m e n t e n a e d u c a ç ã o : u m a saída de emergência. Petrópolis: Vozes, 1999. D E L O R S . J. E d u c a ç ã o : u m t e s o u r o a d e s c o b r i r : relatório para a U N E S C O da C o m i s s ã o Internacional da E d u c a ç ã o para o Século X X I . São Paulo: Cortez, 1999. F R E I R E . Paulo. P e d a g o g i a d a a u t o n o m i a : saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. ( C o l e ç ã o leitura) V O L I , F r a n c o . A a u t o - e s t i m a d o p r o f e s s o r . T r a d u ç ã o Ivone M . C. T. Silva. São P a u l o : L o y o l a , 1998. W I N N I C O T T D.W. O s b e b ê s e s u a s m ã e s . São Paulo: Martins Fonte, 1986. 124 R. FARV, Natal, 2, n.l. p. 115-125 Jul./dez. 2002.
  • 11. Abstract This paper reports a human internetion experience carriedout with educators from a public school in the city of Natal. The idea was to provide them with an opportunity to experience and exercise some reflection on issues involving self-esteem, self-confidence and self-acceptance, promoting and enhancing self- knowledge as well as furthering better quality of living and working standards. A dialogic approach allowed individual and group participation. Though results were demonstrative of the great openness of educators to this type of experience, they were also revealing of a general lack ofcare about their own interests and a prevailing concern for the students' needs, calling for a more consistent treatment of the educator's personal development. The study concludes that educators' self- esteem issues should be given further attention as it interferes directly with the development and maintenance ofthe students' own self-esteem. Key words: self-esteem; educators; students; improvement in quality of life. R. FARN, Natal, v.2, n.l, p. 115 - 125 ,jul./dez. 2002. 125