1. TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE
Edyleine Bellini Peroni Benczik
Dicas úteis para o professor manejar os sintomas de TDAH em sala de aula:
Manter contato com os pais da criança regularmente. Evitar de se reunir
com os pais somente nos momentos de crise ou de problemas.
Tentar acordos, perguntar à criança como ela acha que pode aprender
melhor. Como são intuitivas, elas podem dar dicas úteis.
Monitorar as tarefas, marcando tempo, ajuda a criança a se programar e se
orientar dentro de um prazo preestabelecido.
Orientar o aluno previamente sobre o que é esperado dele, em termos de
comportamento e aprendizagem.
Usar recursos especiais, como gravador, retroprojetor, etc. Como a criança
tem um apelo intrínseco a novidades, todos os recursos disponíveis podem
ajudar na manutenção da atenção e, conseqüentemente, no processo de
aprendizagem. Essa criança aprende melhor visualmente, pois dessa
maneira ela pode por as idéias no lugar e se estruturar.
Discutir, precisamente, quando necessárias, mudanças no cronograma, no
currículo e na didática e realizar alterações até a criança conseguir se
ajustar no processo educacional.
Tentar entender as necessidades e as dificuldades temperamentais e
educacionais da criança. Por exemplo, a criança com TDAH necessita de
algo para fazê-la lembrar das coisas, de previsões, de repetições, de
diretrizes, de limites e de organização.
Ser tolerante para que o aluno possa sentir-se aceito, tal como é.
Geralmente, a criança com TDAH necessita se sentir “enturmada” e
“motivada”.
Ser flexível para lançar mão de uma série de recursos e estratégias de
ensino até descobrir o estilo de aprendizagem da criança.
Incentivar e recompensar todo o bom comportamento e o desempenho.
Essa criança funciona melhor por meio de elogios, firmeza, aprovação e
encorajamento, pois esses incentivos são suprimentos de sentimentos
positivos.
Dar o conteúdo passo-a-passo, verificando se houve aprendizagem a cada
etapa.
Apresentar tarefas em pequena quantidade para não assustar e desanimar
a criança. Uma grande quantia de tarefas faz com que a criança sinta que
não conseguirá dar conta de terminá-las e com isso ela desiste, antes
mesmo de começá-las.
Reduzir os estímulos que possa distrair o aluno, como, por exemplo, sentar-
se próximo da porta ou da janela. Pode-se colocá-la sentada próxima à
mesa do professor.
Manter a sala de aula organizada e bem estruturada. Isso pode ajudar a
criança a se organizar internamente e no ambiente e, dessa forma,
corresponder melhor no processo de aprendizagem.
2. Estabelecer regras claras e consistentes. Deixar claro o que é esperado
dela. A criança poderá se sentir mais segura sabendo o que é esperado
dela naquele momento.
Estabelecer uma rotina escolar previsível (horário para as atividades de
matemática, de artes, etc).
Alternar atividades de alto e baixo interesses durante a aula. Deve alternar-
se as atividades mais interessantes com tarefas menos brilhantes.
Permitir alguns movimentos em sala de aula, ou mesmo fora (ir ao
banheiro, tomar água, ir buscar material, dar recados, etc). Pedir para que o
aluno seja o assistente do professor, de uma outra criança.
Preparar o aluno par qualquer mudança que quebre a rotina escolar
(excursões, provas, festas, etc). Alterações sem aviso prévio são muito
difíceis para essa criança, pois perdem a noção das coisas. Deve ter-se um
cuidado especial para avisá-la e prepará-la com maior antecedência
possível sobre as mudanças. Avisar o que vai acontecer e repetir os avisos
à medida que a hora for se aproximando.
Evitar tarefas repetitivas próximas umas das outras. Como essa criança
responde bem às novidades, deve evitar-se tarefas monótonas e repetitivas
que podem levar à distração e à falta de interesse.
Fornecer instruções diretas, orientações curtas e claras, em um nível que a
criança possa compreender e corresponder. Simplifique as instruções, as
opções, a programação. O palavreado mais simples e objetivo será mais
facilmente compreendido pela criança.
Focalizar mais o processo (compreensão de um conceito) do que o produto
(concluir 20 problemas). Enfatizar mais a qualidade do que a quantidade.
Separar o aluno dos pares que estimulam ou encorajam o comportamento
inadequado dela.
Colocar a criança em um par tutor para que esta tenha um modelo
adequado de desempenho e comportamento, e que ela possa ter como um
ponto de referência.
Envolver-se mais com o aluno para despertar nele a motivação, o interesse
e a responsabilidade.
Olhar nos olhos para “Trazê-lo de volta”; isto ajuda a tirar a criança de seu
devaneio ou dar-lhe liberdade para fazer uma pergunta ou apenas dar-lhe
segurança silenciosamente.
Desenvolver alternativas. Fornecer dicas de como a criança pode lidar com
as suas dificuldade; por exemplo, ensiná-la a fazer resumos, usar rimas,
códigos para facilitar a memorização de conteúdos. Auxiliar a criança a
fazer listas, anotações, uma programação depois da aula, um calendário de
compromissos, etc.
Dar supervisão adicional, sempre que necessário. Estar aberto para discutir
e auxiliar, diariamente, nas principais dificuldades, no final de cada aula ou
nos intervalos.
Estabelecer limites e fronteiras, devagar e com calma, não de modo
punitivo. Ser firme e direto.
Deve enfatizar-se o aspecto emocional do aprendizado. Lidar com as
emoções e descobrir o prazer na sala de aula e no processo de
3. aprendizagem são itens necessários para se ter um bom desempenho
escolar. Em vez de falhas e frustrações deve ter-se domínio e controle, em
vez de medo e tédio, o melhor é a excitação.
Não enfatizar o fracasso. Essa criança necessita de tudo o que for positivo
que o professor puder oferecer. Sem encorajamento e elogios, elas
murcham e retrocedem. O prejuízo à auto-estima é mais devastador do que
o TDAH em si.
Dar retorno constante e imediato. Isto ajuda a criança a ter uma noção de
como está se saindo e a desenvolver a auto-observação. Deve-se informá-
la de modo positivo e construtivo.
Monitorar, freqüentemente o progresso da criança, auxiliando-a a alcançar
as suas metas.
Incentivar a leitura em voz alta, recontar histórias, falar por tópicos. Essas
atividades ajudam a criança a organizar as idéias.
Deve-se repetir, repetir e repetir.
Permitir brincadeiras, diversão e criar um ambiente informal. Não
incentivando, entretanto, a superestimulação. Essa criança adora
brincadeiras e é, geralmente cheia de vida, mas a melhor maneira de evitar
o caos na sala de aula é prevenindo.
Estar atento no talento da criança, na criatividade, na alegria, na
espontaneidade e no bom humor que ela manifesta. Geralmente, é também
generosa e apresenta algo especial que enriquece e engrandece o
ambiente onde está inserida.
O professor deve considerar que não há uma solução fácil para lidar com a
criança com TDAH na sala de aula e tampouco há uma receita pronta para
isso. Essas sugestões podem ser mais adequadas às crianças menores,
outras às mais velhas, mas, em termos de estrutura, educação e
encorajamento, são pertinentes a qualquer um, pois, no meio do barulho
existe uma sinfonia, uma sinfonia que precisa ser escrita.