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AGRONEGÓCIO



As exportAções brAsileirAs
     de cArne de cAvAlo




Este artigo apresenta um breve resumo dos resultados de uma ampla pesquisa realizada pelo
CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da ESALQ/USP), denominado
Estudo do Complexo do Agronegócio do Cavalo.




                R
                               ecentemente a Confederação da        complementado por pesquisas de Orsolini e de
                               Agricultura e Pecuária do Brasil     Lima & Tarasantchi.
                               (CNA) publicou os resultados de          Inicialmente, convém destacar que a explora-
                               uma ampla pesquisa realizada pelo    ção da carne de cavalo é um aproveitamento com-
                               CEPEA (Centro de Estudos Avan-       plementar do cavalo. Isto é, não há, no Brasil, cri-
                çados em Economia Aplicada, da ESALQ/USP),          ação de cavalo exclusivamente para o abate. Os
                denominado Estudo do Complexo do Agronegó-          frigoríficos trabalham com animais de descarte,
                cio do Cavalo. Dentre os temas discutidos, a car-   já utilizados em outras atividades, como na lida do
                ne de cavalo foi o que despertou maior interesse,   gado bovino. Exceção aos animais utilizados em
                principalmente devido ao desconhecimento do as-     atividades esportivas, que não são utilizados na
                sunto pelo público não especializado. Este artigo   produção de carne, pois podem apresentar resí-
                apresenta um breve resumo do que foi publicado,     duos de medicamentos.
A carne de cavalo possui aparência similar à
carne bovina (Figura 1), com uma cor um pouco
mais avermelhada, e possui um sabor mais adoci-
cado e menor teor de gordura (Tabela 1).
    Na Europa, a carne de cavalo era consumida
sem restrições até a Idade Média. Ela era, inclu-
sive, utilizada em cerimônias religiosas teutônicas
em adoração ao deus Odin (França, 2004). Para
combater os costumes pagãos, o papa Zacarias
(741-742) proibiu o consumo de carne cavalo.
Somente no início do século XIX, o preconceito
contra este tipo de carne começou a decrescer,             Figura 2: Participação percentual dos maiores países importadores
sendo seu consumo expandido durante períodos               no montante total, em US$, comercializado de carne de cavalo no
                                                           mundo, em 2004. (Fonte: FAO - 2006)
de guerra (Torres & Jardim, 1977). Atualmente,
a carne de cavalo é consumida principalmente na
Europa e na Ásia, inclusive na forma de embuti-
dos (muitas vezes misturada com carne de porco
ou outras carnes). O consumo no Brasil é inex-
pressivo.
    As importações de carne de cavalo estão con-
centradas em poucos países. França, Bélgica e
Itália responderam, em 2004, por 64,6% do volu-
me importado no mercado mundial (Figura 2).




                                                           Figura 3: Participação dos maiores importadores líquidos de carne de
                                                           cavalo em nível mundial, no ano de 2004. (Fonte: FAO - 2006)


                                                           Muitos países importam carne de cavalo para
                                                       processá-la e, com maior valor agregado, expor-
                                                       tarem. Se for considerada apenas as importações
                                                       líquidas (isto é, o valor das importações deduzido
                                                       do valor das exportações), nota-se que o merca-
Figura 1: Carne de cavalo - exemplos de al-            do é ainda mais concentrado. Quatro países (Fran-
guns cortes.                                           ça, Itália, Suíça e Rússia) responderam, em 2004,

         Tabela 1: Composição química (Koenig) da carne bovina e da carne eqüina.

                                                             Composição
  Classe
                                Água        Albuminóides        Graxas        Hid. Carb.       Cinzas

  Carne bovina gorda           56,2%           18,0%            25,0%             —            0,8%

  Carne bovina magra           75,5%           20,5%             2,8%             —            1,2%

  Carne eqüina                 74,7%           21,5%             2,5%           0,3%           1,0%

  Fonte: Torres & Jardim (1977)
AGRONEGÓCIO



                                                                           15 anos, entre 1990 e 2005, as exportações setu-
                                                                           plicaram, passando de menos de US$ 5 milhões
                                                                           para valores próximos a US$ 34 milhões, com
                                                                           crescimento médio anual de 13,8%. A Figura 4
                                                                           apresenta a evolução das exportações anuais bra-
                                                                           sileiras de carne eqüina, desde 1989.
                                                                               A carne de cavalo produzida no Brasil é ex-
                                                                           portada principalmente para a Europa, destacam-
                                                                           se Bélgica e Holanda que, juntas, respondem por
                                                                           50,5% das exportações (Figura 5).
                                                                               O Brasil tem aparecido como um dos princi-
                                                                           pais exportadores mundiais e tem apresentado
Figura 4: Brasil - evolução do valor das exportações anuais de carne       melhoria em diversos indicadores de competitivi-
de cavalo, 1989 a 2005, em US$ (FOB). (Fonte: MDIC - 2006)                 dade, tais como: elevação da sua participação no
                                                                           mercado mundial; e, vantagem comparativa com
                                                                           relação aos países do Mercosul. Entretanto, as
                                                                           vendas brasileiras estão concentradas em países
                                                                           também exportadores, como Holanda, Bélgica e
                                                                           Itália. Assim, percebe-se que há espaço para o
                                                                           crescimento das exportações brasileiras de car-
                                                                           ne de cavalo. Porém, para tanto, é necessário con-
                                                                           tinuar elevando a competitividade, buscando maior
                                                                           aproximação aos índices atingidos pelos demais
                                                                           países do Mercosul, assim como explorar melhor
                                                                           os principais mercados importadores, como, por
                                                                           exemplo, a Rússia (através da adequação sanitá-
                                                                           ria).
                                                                               A indústria de carne de cavalo é responsável
Figura 5: Brasil - principais destinos das exportações de carne de
cavalo no ano de 2005, em percentagem do valor total das exporta-          pela criação de milhares de empregos diretos e
ções. (Fonte: MDIC - 2006)                                                 indiretos no país. A demanda direta de trabalha-
                                                                           dores nos frigoríficos é de um funcionário para
                    por 77,1% do volume de importações líquidas no         cada animal abatido ao dia. Segundo informações
                    mercado mundial (Figura 3).                            do Sistema de Inspeção Federal (SIF), são abati-
                        No Brasil, apenas sete frigoríficos – distribuí-   dos cerca de 200.000 eqüideos anualmente. Con-
                    dos nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e         siderando que para atingir essa quantidade de
                    Minas Gerais – respondem pela totalidade do co-        abate os frigoríficos estejam operando com aba-
                    mércio externo de carne de cavalo. Além destes         te de 1.000 animais por dia, estima-se que este-
                    frigoríficos, apenas mais um apresentava autori-       jam sendo empregadas 1.000 pessoas nesse seg-
                    zação do SIF (Serviço de Inspeção Federal) para        mento.
                    o abate de eqüídeos, o Notaro Alimentos S.A., no                  Roberto A. de Souza Lima
                    município de Belo Jardim (PE), conforme infor-            Professor doutor da Escola Superior de
                    mações do Ministério da Agricultura, Pecuária e                 Agricultura “Luiz de Queiroz” da
                                                                            Universidade de São Paulo (ESALQ/USP)
                    Abastecimento (MAPA, 2006). Deve-se desta-                                 raslima@esalq.usp.br
                    car que a legislação brasileira não permite que                            Rudy Tarasantchi
                    um matadouro de bovinos ou outro animal tam-                         Graduando da ESALQ/USP
                    bém realize abate de eqüinos.
                                                                                O estudo completo está disponível no site
                        O volume de exportações brasileiras de carne
                                                                                         http://www.cna.org.br.
                    de cavalo tem crescido anualmente. Nos últimos

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Artigo equina 7 set out-2006

  • 1. AGRONEGÓCIO As exportAções brAsileirAs de cArne de cAvAlo Este artigo apresenta um breve resumo dos resultados de uma ampla pesquisa realizada pelo CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da ESALQ/USP), denominado Estudo do Complexo do Agronegócio do Cavalo. R ecentemente a Confederação da complementado por pesquisas de Orsolini e de Agricultura e Pecuária do Brasil Lima & Tarasantchi. (CNA) publicou os resultados de Inicialmente, convém destacar que a explora- uma ampla pesquisa realizada pelo ção da carne de cavalo é um aproveitamento com- CEPEA (Centro de Estudos Avan- plementar do cavalo. Isto é, não há, no Brasil, cri- çados em Economia Aplicada, da ESALQ/USP), ação de cavalo exclusivamente para o abate. Os denominado Estudo do Complexo do Agronegó- frigoríficos trabalham com animais de descarte, cio do Cavalo. Dentre os temas discutidos, a car- já utilizados em outras atividades, como na lida do ne de cavalo foi o que despertou maior interesse, gado bovino. Exceção aos animais utilizados em principalmente devido ao desconhecimento do as- atividades esportivas, que não são utilizados na sunto pelo público não especializado. Este artigo produção de carne, pois podem apresentar resí- apresenta um breve resumo do que foi publicado, duos de medicamentos.
  • 2. A carne de cavalo possui aparência similar à carne bovina (Figura 1), com uma cor um pouco mais avermelhada, e possui um sabor mais adoci- cado e menor teor de gordura (Tabela 1). Na Europa, a carne de cavalo era consumida sem restrições até a Idade Média. Ela era, inclu- sive, utilizada em cerimônias religiosas teutônicas em adoração ao deus Odin (França, 2004). Para combater os costumes pagãos, o papa Zacarias (741-742) proibiu o consumo de carne cavalo. Somente no início do século XIX, o preconceito contra este tipo de carne começou a decrescer, Figura 2: Participação percentual dos maiores países importadores sendo seu consumo expandido durante períodos no montante total, em US$, comercializado de carne de cavalo no mundo, em 2004. (Fonte: FAO - 2006) de guerra (Torres & Jardim, 1977). Atualmente, a carne de cavalo é consumida principalmente na Europa e na Ásia, inclusive na forma de embuti- dos (muitas vezes misturada com carne de porco ou outras carnes). O consumo no Brasil é inex- pressivo. As importações de carne de cavalo estão con- centradas em poucos países. França, Bélgica e Itália responderam, em 2004, por 64,6% do volu- me importado no mercado mundial (Figura 2). Figura 3: Participação dos maiores importadores líquidos de carne de cavalo em nível mundial, no ano de 2004. (Fonte: FAO - 2006) Muitos países importam carne de cavalo para processá-la e, com maior valor agregado, expor- tarem. Se for considerada apenas as importações líquidas (isto é, o valor das importações deduzido do valor das exportações), nota-se que o merca- Figura 1: Carne de cavalo - exemplos de al- do é ainda mais concentrado. Quatro países (Fran- guns cortes. ça, Itália, Suíça e Rússia) responderam, em 2004, Tabela 1: Composição química (Koenig) da carne bovina e da carne eqüina. Composição Classe Água Albuminóides Graxas Hid. Carb. Cinzas Carne bovina gorda 56,2% 18,0% 25,0% — 0,8% Carne bovina magra 75,5% 20,5% 2,8% — 1,2% Carne eqüina 74,7% 21,5% 2,5% 0,3% 1,0% Fonte: Torres & Jardim (1977)
  • 3. AGRONEGÓCIO 15 anos, entre 1990 e 2005, as exportações setu- plicaram, passando de menos de US$ 5 milhões para valores próximos a US$ 34 milhões, com crescimento médio anual de 13,8%. A Figura 4 apresenta a evolução das exportações anuais bra- sileiras de carne eqüina, desde 1989. A carne de cavalo produzida no Brasil é ex- portada principalmente para a Europa, destacam- se Bélgica e Holanda que, juntas, respondem por 50,5% das exportações (Figura 5). O Brasil tem aparecido como um dos princi- pais exportadores mundiais e tem apresentado Figura 4: Brasil - evolução do valor das exportações anuais de carne melhoria em diversos indicadores de competitivi- de cavalo, 1989 a 2005, em US$ (FOB). (Fonte: MDIC - 2006) dade, tais como: elevação da sua participação no mercado mundial; e, vantagem comparativa com relação aos países do Mercosul. Entretanto, as vendas brasileiras estão concentradas em países também exportadores, como Holanda, Bélgica e Itália. Assim, percebe-se que há espaço para o crescimento das exportações brasileiras de car- ne de cavalo. Porém, para tanto, é necessário con- tinuar elevando a competitividade, buscando maior aproximação aos índices atingidos pelos demais países do Mercosul, assim como explorar melhor os principais mercados importadores, como, por exemplo, a Rússia (através da adequação sanitá- ria). A indústria de carne de cavalo é responsável Figura 5: Brasil - principais destinos das exportações de carne de cavalo no ano de 2005, em percentagem do valor total das exporta- pela criação de milhares de empregos diretos e ções. (Fonte: MDIC - 2006) indiretos no país. A demanda direta de trabalha- dores nos frigoríficos é de um funcionário para por 77,1% do volume de importações líquidas no cada animal abatido ao dia. Segundo informações mercado mundial (Figura 3). do Sistema de Inspeção Federal (SIF), são abati- No Brasil, apenas sete frigoríficos – distribuí- dos cerca de 200.000 eqüideos anualmente. Con- dos nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná e siderando que para atingir essa quantidade de Minas Gerais – respondem pela totalidade do co- abate os frigoríficos estejam operando com aba- mércio externo de carne de cavalo. Além destes te de 1.000 animais por dia, estima-se que este- frigoríficos, apenas mais um apresentava autori- jam sendo empregadas 1.000 pessoas nesse seg- zação do SIF (Serviço de Inspeção Federal) para mento. o abate de eqüídeos, o Notaro Alimentos S.A., no Roberto A. de Souza Lima município de Belo Jardim (PE), conforme infor- Professor doutor da Escola Superior de mações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP) Abastecimento (MAPA, 2006). Deve-se desta- raslima@esalq.usp.br car que a legislação brasileira não permite que Rudy Tarasantchi um matadouro de bovinos ou outro animal tam- Graduando da ESALQ/USP bém realize abate de eqüinos. O estudo completo está disponível no site O volume de exportações brasileiras de carne http://www.cna.org.br. de cavalo tem crescido anualmente. Nos últimos