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FOME: UM CASO DE (IN) SUSTENTABILIDADE ALIMENTAR OU (IN) SEGURANÇA
POLÍTICA?
Paredes, Antonio Bento Pereira
1
; Gonzales, Fábio Durães
2
.
1
Professor Mestre em DL da Sed-MS e Semed-Campo Grande, abparedes@yahoo.com.br.
2
Biólogo da Semed-Campo Grande, duraezinho@yahoo.com.br.
Resumo: O Brasil é o quarto produtor mundial de alimentos, produzindo 25,7% a
mais do que necessita para alimentar a sua população. De um total de 851 milhões
de hectares, 62 milhões é destinados à produção de alimentos, podendo outros 106
milhões ter o mesmo destino, o que o torna incomparável, potencialmente falando.
No entanto, a fome e o desperdício de alimentos são dois dos maiores problemas que
o Brasil enfrenta. A produção anual de alimentos chega a 1 bilhão de toneladas,
porém, o país tem milhões de excluídos, sem acesso ao alimento em quantidade e/ou
qualidade. Um dos motivos é que 60% de todo o lixo domiciliar é constituído por
comida. Em números, 39 mil toneladas de comida em condições de serem
aproveitados vão para o lixo diariamente, em mercados, feiras, fábricas, restaurantes,
açougues, lavouras, hortas, pomares, pelo Brasil afora. Esta convivência diária com
as perdas e o desperdício de alimentos, que ainda poderiam ser consumidos, vem
provocando desconforto e indignação em determinados setores da sociedade, e é
cada vez maior o número de pessoas (e instituições) que se empenha em vencer o
desafio de transformar a indiferença política (para com o problema) e o desperdício
de poucos, no combustível necessário para amenizar o sofrimento muitos. Neste
artigo, pretende-se discutir as causas e os desafios na gestão do desperdício de
alimentos no Brasil e num bairro da periferia de Campo Grande, além de apresentar
alguns projetos governamentais e não governamentais no esforço para vencer esses
desafios.
Palavras-chave: Desperdício de alimentos, consumo consciente, aproveitamento
integral dos alimentos.
1- INTRODUÇÃO
1.1- A REALIDADE NO MUNDO
Uma cultura puramente consumista e o ritmo de desenvolvimento
acelerado da sociedade atual têm levado a humanidade a uma (in) sustentabilidade
(ou a uma sustentabilidade fictícia) e ao funcionamento desequilibrado das relações
socioambientais, manifestada na deterioração dos recursos naturais, na qualidade da
alimentação, da saúde, das relações familiares, das tradições culturais e da qualidade
de vida como um todo. Quanto mais rica e poderosa a sociedade, mais consumista
ela se apresenta e, por conseguinte, mais recursos ela utiliza e desperdiça.
Nos Estados Unidos da América, a prática de trocar bens duráveis a cada
ano pode parecer algo aceitável, pois seus cidadãos têm um alto poder aquisitivo.
2
Assim, eles podem comprar carros, eletrodomésticos e outros produtos que quiserem,
visto que, desta forma eles alimentam o mercado, geram empregos e salários.
Contudo, quando se fala em alimentos que são jogados fora num país
onde há fome e desnutrição, esse comportamento se torna inconcebível. Como é
caso dos países “subdesenvolvidos” (os pobres da América Central e da África) e
aqueles “em desenvolvimento”, no qual se encontra Índia e Brasil, por exemplo.
Segundo um estudo divulgado pela agência Food and Agriculture
Organization - FAO, órgão das Nações Unidas que cuida da Alimentação e
Agricultura, cerca de um terço dos alimentos produzidos por ano no mundo é
desperdiçado. De acordo com esse levantamento, que foi elaborado entre agosto de
2010 e janeiro de 2011, pelo instituto sueco SIK, 1,3 bilhão de toneladas de alimento
são desperdiçados por ano. A quantidade é superior à metade de toda a colheita de
grãos no mundo (FAO, 2011).
O estudo destaca ainda que esse desperdício vale 1 trilhão de dólares e
seria suficiente para alimentar 870 milhões de pessoas que passam fome. O mundo
vai precisar (em comparação com 2006), cerca de 60% a mais de alimentos em 2050.
A ONU prevê que até 2075 a população mundial chegue a 9,5 bilhões de pessoas,
um acréscimo de quase 3 bilhões em relação à população atual, o que reforça a
necessidade de se adotar uma estratégia para combater o desperdício de alimentos
e, assim, tentar evitar o aumento da fome no mundo.
O mundo emergente e os países desenvolvidos, conforme o referido
relatório, desperdiça, aproximadamente, a mesma quantidade de alimentos: 670
milhões de toneladas/ano (nos países ricos) e 630 milhões toneladas/ano (nos em
desenvolvimento). As médias de desperdício per capita também são maiores nos
países industrializados. Na Europa e América do Norte, cada pessoa desperdiça
entre 95 a 115 quilos de alimentos por ano. Na África Subsaariana, a média per
capita é de seis a 11 quilos.
Já a quantidade total de alimentos desperdiçados nos países
industrializados apenas pelos consumidores (222 milhões de toneladas) é quase igual
à quantidade total de alimentos produzidos na África Subsaariana (230 milhões de
toneladas).
Com relação às diversas formas de desperdício de alimentos existe
diferença entre os países ricos e pobres. Nos países desenvolvidos, o desperdício de
3
alimentos acontece porque parte da comida vai para o lixo antes do vencimento. Já
nos países emergentes, o desperdício acontece na produção, colheita, manuseio,
processamento, transporte, armazenamento e comercialização dos alimentos.
Outras perdas e desperdícios, de igual importância, ocorrem no interior das
residências, restaurantes e congêneres, especificamente, aqueles resultantes do
preparo dos alimentos e confecção de cardápios variados. É grande ainda, nestes
lugares, a quantidade de alimentos desperdiçada depois do cozimento.
A crise financeira e alimentar mundial de 2009 agravou ainda mais
situação da fome e da pobreza. A FAO divulgou que o número de desnutridos
ultrapassou, pela primeira vez, um bilhão de pessoas. Estes dados demonstram
claramente que o compromisso dos governos para com a erradicação da fome e da
pobreza está longe de ser atingido. Apesar de que a raiz destas mazelas que
assolam a humanidade está, principalmente, na falta de acessibilidade aos recursos
(naturais e materiais) e nos ínfimos rendimentos das famílias pobres. Neste contexto,
urge se encontrar meios de garantir o acesso aos alimentos por parte destas famílias
e ainda, uma melhor socialização das riquezas e outros recursos produzidos.
1.2- A REALIDADE NO BRASIL
O Brasil está entre os dez países que mais desperdiçam alimentos no
mundo, aproximadamente 35% da sua produção agrícola vai para o lixo, o que daria
para saciar mais de 10 milhões de pessoas. Calcula-se que, desde a área de
produção até o consumidor final, perde-se em torno de 30 a 40% de produtos como
verduras, folhas e frutas. Isto sem mencionar o que não passa pelo controle de
qualidade das indústrias, mas que poderia fazer parte da mesa de 54 milhões de
brasileiros que estão abaixo da linha da pobreza (LOUREIRO, 2003).
Toda esta perda corresponde a cerca de 1,4% do PIB, ou o equivalente a
US$ 8,4 bilhões é desperdiçado anualmente, segundo o pesquisador Sabetai
Calderoni, economista da USP e autor do livro "Os Bilhões Perdidos no Lixo”.
As perdas podem ser atribuídas a vários motivos, conforme Vilela et alii
(2003): no campo, ao ataque de pragas, à falta ou excesso de chuvas, colheita
descuidada, o não atendimento às especificações do mercado; no transporte, devem-
se às chuvas, à má conservação das rodovias brasileiras e às altas temperaturas.
Quando comparado com a fome e o desemprego, o desperdício pode
parecer um tema de pouca importância e menor atração, visto que sem trabalho, nem
4
salário, as famílias vivem no limiar da fome e da miséria. De acordo com dados da
FAO (2011), 10% dos brasileiros são desnutridos. São 17 milhões de pessoas
famintas ou que não comem o suficiente para sobreviver. Dentro desse contingente,
os que mais sofrem com a desnutrição, são os cinco milhões de crianças e idosos.
Segundo estudos do Centro da Agroindústria de Alimentos da Embrapa
(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o brasileiro joga fora mais do que
aquilo que come. Em hortaliças, por exemplo, o desperdício anual é de 37 quilos por
habitante. Estimativas recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) mostram que, nas dez maiores capitais do Brasil, o cidadão consome 35
quilos de alimentos ao ano — dois a menos do que o total que joga no lixo.
Outros estudos brasileiros evidenciam que a média de desperdício de
alimentos no Brasil está entre 30% e 40%. Nos Estados Unidos, esse índice não
chega a 10%. Não existem estudos conclusivos sobre a perda nas casas e nos
restaurantes, mas calcula-se que o desperdício no setor de refeições coletivas
chegue a 15% e, nas residências, a 20%.
Uma parcela de 46% da população brasileira considera que a quantidade
de alimentos consumida pela família é insuficiente para satisfazer as necessidades
básicas. É o que revela a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE (2003).
No Brasil, de acordo com a última POF, os gastos com a alimentação, teve
uma grande queda entre o ENDEF 1974/75 (33,9%) e a POF 2002/03 (20,8%),
mantendo a redução até 2008/09 (19,8%). Em seis anos, a participação urbana da
alimentação fora do domicílio nos gastos com alimentação subiu de um quarto
(25,7%) para um terço (33,1%), e a rural subiu de 13,1% para 17,5%. Em reais, a
despesa com alimentação na área urbana em 2008-2009 foi 145,5% maior que o da
área rural.
Segundo ainda a POF, a renda familiar para 66% das residências
entrevistadas, é a principal razão das pessoas não se alimentarem
convenientemente. Outro dado informa que, apenas 26% das famílias brasileiras
comem sempre com a qualidade desejada, quando se leva em conta a composição
da dieta delas (NERI, 2005).
O Brasil é o quarto produtor mundial de alimentos (AKATU, 2003),
produzindo 25,7% a mais do que necessita para alimentar a sua população (FAO,
2005). De um total de 851 milhões de hectares, 62 milhões é destinado à produção
5
de alimentos, podendo outros 106 milhões terem a mesma finalidade, o que o torna
incomparável, potencialmente falando (ANDRADE, 2006). No entanto, a fome e o
desperdício de alimentos são dois dos maiores problemas que o Brasil enfrenta.
A produção anual de alimentos chega a 1 bilhão de toneladas, porém, o
país tem milhões de excluídos, sem acesso ao alimento em quantidade e/ou
qualidade. Um dos motivos é que 60% de todo o lixo domiciliar é constituído por
comida. Em números, 39 mil toneladas de comida em condições de ser aproveitada
vai para o lixo diariamente, em mercados, feiras, fábricas, restaurantes, açougues,
lavouras, hortas, pomares, pelo Brasil afora. Só 39% da produção agrícola vira
comida no prato de alguém, o resto fica pelo caminho (ANDRADE, 2006).
Em 2006, estudos do IBGE, já demonstravam que 10% da população
brasileira sofriam de fome crônica, ou seja, 50 milhões de brasileiros não tinham
comida suficiente para sobreviver. Em 2010, no mais recente levantamento do
CENSO - IBGE, o total de pessoas sem rendimento nos domicílios chegou a
6.840.156. Destes, cerca de 70,7%, ou 4.836.732 pessoas, se encontram na
condição de extrema pobreza. Se somado aos 11.429.110 com rendimento médio
domiciliar per capita entre R$ 1,00 e R$ 70,00, o contingente de pessoas em extrema
pobreza subiu para 16,27 milhões de pessoas, o que representa 8,5% da população
total. Sendo assim constituída: 46,7% residentes em áreas rurais, e 53,3% situam-se
em áreas urbanas.
O correspondente a 1,4% do produto interno bruto (PIB) brasileiro,
aproximadamente, U$ 8,4 bilhões é desperdiçado, por ano, em alimentos. De acordo
com o IBGE, o consumo do brasileiro é de 37 kg de alimentos ao ano/ habitante e o
desperdício é de 35 kg de alimentos ao ano/ habitante. Calcula-se que o desperdício
residencial alcance entre 15 a 20% do que se consome o que não é pouco para um
país com um grande número de miseráveis (IBGE, 2006).
1.3- A REALIDADE LOCAL
O bairro Estrela Dalva, onde se situa a Escola Municipal Consulesa
Margarida Maksoud Trad, está localizado na região norte da cidade de Campo
Grande. Como todo bairro da periferia dos grandes centros urbanos, apresenta uma
grande diversidade étnica, socioeconômica e cultural.
Sua população é constituída, na sua maioria, por famílias de baixa renda e
alto grau de pobreza. Muitas das quais dependentes (ou assistidas) de programas
6
sociais governamentais, que se utiliza (quase sempre) da estrutura escolar montada.
A força de trabalho é formada, basicamente, por profissionais da construção civil
(e/ou autônomos) e diaristas de serviços domésticos.
Apesar de todas as dificuldades e carências por serviços públicos
essenciais, a população segue lutando pelos seus ideais. Os moradores da região
não dispõem de boas quadras de esportes ou bons espaços públicos de lazer,
restando à escola e algumas feiras livre locais como opção de recreação e/ou
diversão.
O perfil dos alunos da escola em questão, não difere das realidades dos
alunos de outras escolas públicas, localizadas na periferia dos grandes centros
urbanos do país, onde se evidencia problemas como desestruturação familiar,
violência urbana, dependência econômica dos programas sociais, entre outras coisas.
Constata-se ainda que muitos destes alunos vêem a escola como o seu único
referencial cultural e social.
A região é dotada de um comércio dinâmico e variado, com uma ampla
oferta de gêneros alimentícios diversificados. Devido à proximidade de uma Central
de Distribuição e Abastecimento de Alimentos, e a realização periódica de feiras
livres, a oferta de alimentos fresquinhos é constante, bem como o grande desperdício
de produtos hortifrutigranjeiros.
Esta convivência diária com as perdas e o desperdício de alimentos, que
ainda poderiam ser consumidos, vem provocando desconforto e indignação em
determinados setores da sociedade, e é cada vez maior o número de pessoas (e
instituições) que se empenha em vencer o desafio de transformar a indiferença
política (para com o problema) e o desperdício de poucos, na motivação necessária
para amenizar o sofrimento muitos.
Neste artigo, pretende-se discutir as causas e os desafios na gestão do
desperdício de alimentos na região (local da escola) e no Brasil, além de apresentar
algumas propostas (públicas e privadas) no esforço para vencer esse problema.
2. METODOLOGIA
Foram realizadas pesquisas bibliográficas sobre o tema, a partir da qual se
estabeleceu um roteiro de trabalho. As palavras chave utilizadas na busca
bibliográfica foram: desperdício de alimentos, consumo consciente, aproveitamento
integral dos alimentos e fome.
7
Em seguida, o tema foi apresentado à coordenação e ao corpo docente da
escola, como forma de suscitar discussões e contribuições para melhoria do trabalho.
Num segundo momento, o assunto foi apresentado aos alunos a partir da exibição do
documentário “Ilha das Flores”, fazendo-se um paralelo com a realidade local.
Logo após, os alunos foram divididos em grupos de trabalho com a
finalidade de realizar o registro fotográfico das feiras livre da região, bem como da
Central de Abastecimento de Mato Grosso do Sul – CEASA/MS, localizada nas
imediações da região estudada.
Concluído esse levantamento, fez-se uma coletânea do material recolhido
pelos alunos, acompanhada de uma sucinta descrição dos fatos encontrados, para
uma posterior análise e discussão coletiva da realidade vivenciada por eles.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O documentário “Ilha das Flores” (que não tem nada de flores), de Jorge
Furtado, produzido em 1989, apresenta uma realidade que exprime toda a
banalização a que foi submetida o ser humano por uma sociedade essencialmente
consumista, por mais racional que isto seja. O processo de geração de riqueza e as
desigualdades sociais são relatados no decorrer da trajetória de um simples tomate,
desde a plantação até ser jogado fora. As condições subumanas dos habitantes da
Ilha das Flores escandalizam qualquer expectador insensível.
A proposta do documentário é mostrar que os seres humanos, numa
escala de prioridade, estão dispostos num patamar inferior aos porcos. A alimentação
diária de grupos de mulheres e crianças é retirada, durante cinco minutos, do que
sobra dos porcos. Estes, por conseguinte, são alimentados com a sobra de outras
pessoas com melhor poder aquisitivo e capaz de escolher o seu próprio alimento.
Por ser cheio de informações reais, o documentário “Ilha das Flores”
apresenta, nas entrelinhas, um conteúdo extremamente didático. O seu enredo segue
o caminho fictício de um tomate: que é plantado, colhido, vendido a um
supermercado, comprado por uma dona-de-casa (que rejeita parte do seu conteúdo
na hora de preparar a refeição); e, depois de ser descartado, é conduzido até a Ilha
das Flores, onde é rejeitado pelos porcos, e finalmente, apanhado por uma criança
faminta.
A fome e a miséria apresentada no filme é fruto do egoísmo e da ganância
do homem que, sob a égide de um capitalismo selvagem, explora o meio ambiente e
8
seu semelhante a todo e qualquer custo. Daí a insinuação da não existência de Deus,
no princípio do filme. A exploração da miséria humana, infelizmente, faz parte desse
sistema perverso, que mais destrói do que constrói.
Uma relação conflituosa na sociedade capitalista é estabelecida a partir de
uma ideia distorcida de progresso. Os diferentes aspectos que envolvem a vida em
sociedade são conjugados com a capacidade criativa e o decorrente progresso. A
necessidade de sobreviver a partir do lixo disponível, é o que une as pessoas,
confirmando-se assim, uma incompatibilidade entre progresso e desenvolvimento
humano. O expectador é levado a uma reflexão sobre a função social da propriedade
privada, do lucro, do trabalho, da exploração, da relação entre progresso
criativo/tecnológico e o desenvolvimento social/humano. Mesmo tendo passado mais
de duas décadas após a sua produção, o enredo do filme ainda é bastante atual.
As questões apresentadas no documentário suscitam um novo conceito no
que tange aos direitos individuais e coletivos, previstos na Declaração Universal dos
Direitos Humanos (da ONU) e na Constituição do Brasil de 1988, que é a Segurança
Alimentar. Define-se como tal, a garantia do direito de todos ao acesso a alimentos de
qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente, com base em práticas
alimentares saudáveis e respeitando-se as características culturais de cada povo,
manifestadas no ato de se alimentar. Este conceito surgiu logo após a segunda
guerra mundial e foi sendo difundido pelo aumento crescente da fome e da miséria
que atinge, implacavelmente, a população dos países mais pobres, os quais (sobre)
vivem enquanto outra parte do mundo convive com o desperdício de alimentos.
Outro conceito de igual importância, criado a partir das discussões sobre a
fome e a miséria no mundo, foi o IDR (Ingestão Diária Recomendada). Denomina-se
IDR, a quantidade de vitaminas, minerais e proteínas que deve ser ingerida, no dia a
dia, para atender às necessidades nutricionais de grande parte das pessoas e grupos
de indivíduos de uma dada população sadia (GONDIM, 2005).
Dessa forma, são necessárias informações sobre a composição dos
alimentos para que esta população possa consumir em equilíbrio os nutrientes, de
acordo com o seu IDR. A composição alimentar é fundamental para diversas
atividades, tais como: verificar o estado nutricional das pessoas; para se estabelecer
o suprimento e o consumo alimentar de uma região ou país; avaliar a adequação
nutricional da dieta de indivíduos e de populações; implementar pesquisas sobre as
9
relações entre dieta e doença; na elaboração de projetos agropecuários e na indústria
de alimentos; dentre outras.
Uma alimentação sadia, rica em nutrientes, é uma necessidade de todo ser
humano e isto pode ser alcançado, de qualquer modo, com partes de alimentos que
são desprezadas corriqueiramente, pelas pessoas. Assim, com o aproveitamento
integral dos alimentos (através da utilização de cascas, talos e folhas), além de
reduzir os gastos com alimentação e melhorar a qualidade nutricional do cardápio,
diminui o desperdício de alimentos, tornando possível a criação de novas receitas,
tais como sucos, doces, geleias e farinhas. A utilização do alimento em sua
integralidade significa economia e usar os recursos disponíveis sem desperdício.
Significa ainda, reciclar, respeitar a natureza e alimentar-se bem.
O Instituto Akatu pelo Consumo Consciente realizou, por meio da Internet,
uma pesquisa na qual foi constatado que o uso integral dos alimentos ainda está
distante da realidade dos domicílios brasileiros. Quando os internautas responderam
à pergunta "O que você faz com restos de comida (cascas, sementes, etc.)?", 57,3%
responderam que normalmente jogam no lixo e somente, 8,3% disseram aproveitar
talos, cascas e folhas em outras receitas.
O resultado do levantamento realizado pelos alunos não foi muito diferente
dessa pesquisa, visto que o registro fotográfico e os depoimentos realizados por eles
demonstram claramente, o desconhecimento sobre o valor nutricional dos talos,
cascas, folhas e sementes. E o que mais chocou a todos, foi a grande quantidade de
frutas, verduras e legumes perdidos (ou desperdiçados) durante a realização das
feiras. Muitas das quais sendo pisoteadas pelas pessoas que ali passavam.
Por serem de origem humilde e constituírem famílias de baixa renda, a
grande maioria deles, já passou (ou ainda passa) por algum tipo de privação (ou
necessidade). E por residirem num bairro de periferia, a região supracitada é cercada
por inúmeras famílias carentes, “morando” em pequenos “assentamentos urbanos”,
resultantes da invasão de “sem tetos” em áreas não regularizadas. Em outras
palavras, a área onde está localizada a escola em questão, é alvo de constantes
conflitos sociais, sem dizer no grande número de famílias desestruturadas e de
dependentes químicos aí situados.
10
O poder público deixa muito a desejar em relação às políticas sociais. Em
muitos casos, ele está ausente ou é ineficiente na gestão de recursos que atendam,
minimamente, as necessidades da população carente de tudo.
Diante dessa realidade vivenciada pela comunidade local, fez-se o
seguinte questionamento aos alunos: “como pode existir fome e miséria, num país
rico em recursos naturais e alta produtividade agroindustrial?”.
Foram apresentadas várias opiniões, das quais se destacam: a ganância
de alguns, não deixa ver a necessidade de outros; o acúmulo de grandes extensões
terras nas mãos de poucos; a ausência (ou ineficiência) de políticas que estimulem a
agricultura familiar; o alto custo do crédito para os micros e pequenos produtores
rurais; e a falta de campanhas educativas que estimulem o aproveitamento completo
dos alimentos em geral.
Na medida em que aproveitamento integral dos alimentos cresce, aumenta
também a economia e a sustentabilidade. É o que acontece na indústria
sucroalcooreira em que a cana plantada é aproveitada em sua totalidade, produzindo
álcool/açúcar e o bagaço aproveitado como fonte de energia, oferecendo economia
no processo produtivo. Os órgãos de controle devem incentivar estudos nesta área, a
fim de se obter o aproveitamento integral de todos os alimentos aqui cultivados.
Na área residencial, podem virar diversão e despertar o espírito criativo
das pessoas, as partes não (ou menos) convencionais dos alimentos. Várias receitas
com aproveitamento integral dos alimentos podem ser realizadas sem grandes
dificuldades, em preparações seguras e com maior rendimento. Como é o caso de
bolo com casca de banana, carnes assadas como croquetes com restos de cascas,
bolinhos verdes preparados com talos e folhas dos vegetais, molhos com entrecasca
de melancia, saladas com folhas não convencionais, cubos de entrecasca de melão
cozida, rolinhos recheados com casca de berinjela, farofas, panquecas e sopas. A
casca da beterraba pode cobrir docinhos de festas que adquirem cores diferenciadas,
e chás aromáticos podem ser preparados com uso de algumas folhas e cascas.
A cozinha da escola foi usada, pela professora de ciências, como
laboratório experimental na elaboração de algumas destas receitas. Foram feitos
bolos, doces e chás, a partir de cascas, folhas, talos e demais ingredientes trazidos
pelos alunos. Ao final da atividade, todos puderam se deliciar com os quitutes e
guloseimas por eles elaboradas.
11
Já em sala de aula, procedeu-se a elaboração de um pequeno código de
conduta (ou procedimento) para o momento de utilização e/ou manuseio de frutas,
verduras e legumes, seja em casa ou na labuta, visto que alguns dos alunos
trabalham com hortifrutigranjeiros.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
No contexto da busca de comportamentos sustentáveis, o desenvolvimento
local é um dos muitos caminhos alternativos rumo à construção de um novo
paradigma para a humanidade. É no local onde as pessoas vivem, trabalham,
estudam e se divertem. É no local, que acontece toda sorte de conflitos
socioeconômicos e ambientais. É no local, onde há pessoas sem emprego (ou
subempregadas), que vivem (ou sobrevivem) sustentadas por suas famílias, sem teto,
sem terra e sem comida. É no local, onde os abatidos pela fome e a miséria deixam
de ser (apenas) dados estatísticos, para recuperar o pouco da dignidade que lhes
resta. É no local que decisões políticas podem salvar ou transformar a vida de um
indivíduo, de uma família e mesmo de uma comunidade.
O Instituto Polis, num estudo desenvolvido recentemente (MALUF et alii,
2000), identifica cinco grandes diretrizes para o desenvolvimento da segurança
alimentar e nutricional no local:
1) promover a produção rural e urbana e a comercialização de alimentos, realizadas
em bases socialmente equitativas;
2) ampliar o acesso a uma alimentação de qualidade e regular as condições em que
os alimentos são disponibilizados à população;
3) promover a educação alimentar e a organização dos consumidores na defesa dos
seus direitos;
4) universalizar e assegurar a qualidade dos programas alimentares com caráter
suplementar ou emergencial dirigidos a grupos populacionais específicos;
5) estimular a participação da sociedade civil na formulação e na implementação da
política de segurança alimentar e apoiar as iniciativas não-governamentais.
A temática sobre o aproveitamento integral de alimentos inclui frentes na
educação tanto ambiental quanto nutricional. A abordagem desse tema contribuiu
para: a conscientização e sensibilização da comunidade escolar em geral; a
diminuição da utilização dos recursos ambientais; a visão ampliada de que saúde
12
pessoal tem relação direta com alimentação e meio ambiente; promover o interesse
na adoção de práticas alimentares mais saudáveis.
A educação multidisciplinar oferecida pela participação em projetos, como
as oficinas de alimentos, promove a difusão da cultura do respeito ao meio ambiente
e à saúde como um todo, tanto nas esferas individual e coletiva da sociedade.
Com a quantidade de alimentos desperdiçada diariamente no Brasil, seria
possível alimentar um número expressivo de pessoas que não têm acesso à
alimentação. Dessa forma surge a necessidade da implantação de projetos que
busquem a redução desse desperdício e estimulem o uso consciente do alimento de
forma integral. As instituições de ensino e pesquisa (governamentais ou não) devem
conduzir estudos no sentido de se determinar o conteúdo nutritivo das partes não
convencionais dos alimentos, bem como sua utilização de forma industrial e em
"soluções caseiras", no intuito de permitir o aproveitamento integral do alimento.
Oferecendo assim, um aporte nutricional à dieta, à economia e a minimização na
geração de resíduos.
A Organização Não governamental Banco de Alimentos é um belo
exemplo nesta área. Ela tem como matéria-prima o alimento que cujo destino era o
lixo. É como se a Organização colhesse pela segunda vez esse alimento, no que se
denomina de “Colheita Urbana”. O Banco de Alimentos distribui mantimentos
fornecidos pelas empresas doadoras entre instituições beneficentes cadastradas a
pessoas assistidas por eles. Além de oferecer alimentos, a ONG também auxilia as
instituições a fazerem o uso adequado destes produtos. Por meio de workshops,
palestras, treinamentos e oficinas permanentes, a Instituição ensina a manipular,
armazenar e aproveitar integralmente os alimentos, tanto para que não haja sobras,
quanto para que todo seu valor nutricional seja aproveitado.
O MESA BRASIL SESC é outro Programa de Segurança Alimentar e
Nutricional voltado para a inclusão social, constituindo-se numa rede Nacional de
Solidariedade contra a fome e o desperdício. É um trabalho de cunho social e tem
na parceria, que envolve diversos segmentos da sociedade, a base de sustentação
de todas suas ações. Demonstra, na prática, que a união de vários organismos
sociais pode responder de maneira eficaz às dificuldades que afligem o país.
Do ponto de vista micro: se uma família de cinco pessoas deixar de
desperdiçar, no preparo e consumo de alimentos — preparo, restos no prato ou
13
sobras da refeição — a décima parte do que consome (pedagogia do cotidiano), ao
longo do ano (ou 365 dias), economizará o suficiente para alimentar a família por
pouco mais de um mês (ou 36 dias). Na visão macro: se uma comunidade deixar de
desperdiçar cerca de 10% dos alimentos que consome, ocorrerá uma diminuição da
demanda e, concomitantemente, os preços serão reduzidos para todos (pedagogia
da interdependência). Se o combate ao desperdício de alimentos se disseminar por
toda a população (pedagogia da cidadania) de um Estado ou país, a disponibilidade
de alimentos para exportação aumentará, o que poderá trazer melhoria da qualidade
de vida da população (AKATU, 2003).
Um projeto de lei, chamado de “Lei do Bom Samaritano”, que tramita no
Congresso Nacional desde 1998 poderia ajudar a evitar o desperdício. Ele prevê que
doadores, pessoas físicas ou jurídicas, sejam isentos de responsabilidade civil e
penal se agir de boa fé. O texto já aprovado no Senado, ainda tramita na Câmara
dos Deputados. Desde que as comissões do Congresso apresentaram seus
pareceres, em 2005, o referido projeto está parado para apreciação e votação dos
deputados. Até então, o projeto não tem previsão para ser votado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALTERIO, Andréa Almeida - Aproveitamento Integral dos alimentos: Uma
oportunidade para a redução do desperdício e fome no Brasil – Disponível em:
http://www.webartigos.com/artigos/aproveitamento-integral-dos-alimentos-uma-
oportunidade-para-a-reducao-do-desperdicio-e-fome-no-
brasil/73592/#ixzz1xEtOQOWE - Publicado em 08/08/2011 - Acessado 06/06/2012.
ANDRADE, Maria Ângela Girioli de - Os desafios da gestão do desperdício de
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FOME: UM CASO DE (IN) SUSTENTABILIDADE ALIMENTAR OU (IN) SEGURANÇA POLÍTICA? - ANTONIO BENTO PEREIRA PAREDES, FÁBIO DURÃES GONZALES

  • 1. FOME: UM CASO DE (IN) SUSTENTABILIDADE ALIMENTAR OU (IN) SEGURANÇA POLÍTICA? Paredes, Antonio Bento Pereira 1 ; Gonzales, Fábio Durães 2 . 1 Professor Mestre em DL da Sed-MS e Semed-Campo Grande, abparedes@yahoo.com.br. 2 Biólogo da Semed-Campo Grande, duraezinho@yahoo.com.br. Resumo: O Brasil é o quarto produtor mundial de alimentos, produzindo 25,7% a mais do que necessita para alimentar a sua população. De um total de 851 milhões de hectares, 62 milhões é destinados à produção de alimentos, podendo outros 106 milhões ter o mesmo destino, o que o torna incomparável, potencialmente falando. No entanto, a fome e o desperdício de alimentos são dois dos maiores problemas que o Brasil enfrenta. A produção anual de alimentos chega a 1 bilhão de toneladas, porém, o país tem milhões de excluídos, sem acesso ao alimento em quantidade e/ou qualidade. Um dos motivos é que 60% de todo o lixo domiciliar é constituído por comida. Em números, 39 mil toneladas de comida em condições de serem aproveitados vão para o lixo diariamente, em mercados, feiras, fábricas, restaurantes, açougues, lavouras, hortas, pomares, pelo Brasil afora. Esta convivência diária com as perdas e o desperdício de alimentos, que ainda poderiam ser consumidos, vem provocando desconforto e indignação em determinados setores da sociedade, e é cada vez maior o número de pessoas (e instituições) que se empenha em vencer o desafio de transformar a indiferença política (para com o problema) e o desperdício de poucos, no combustível necessário para amenizar o sofrimento muitos. Neste artigo, pretende-se discutir as causas e os desafios na gestão do desperdício de alimentos no Brasil e num bairro da periferia de Campo Grande, além de apresentar alguns projetos governamentais e não governamentais no esforço para vencer esses desafios. Palavras-chave: Desperdício de alimentos, consumo consciente, aproveitamento integral dos alimentos. 1- INTRODUÇÃO 1.1- A REALIDADE NO MUNDO Uma cultura puramente consumista e o ritmo de desenvolvimento acelerado da sociedade atual têm levado a humanidade a uma (in) sustentabilidade (ou a uma sustentabilidade fictícia) e ao funcionamento desequilibrado das relações socioambientais, manifestada na deterioração dos recursos naturais, na qualidade da alimentação, da saúde, das relações familiares, das tradições culturais e da qualidade de vida como um todo. Quanto mais rica e poderosa a sociedade, mais consumista ela se apresenta e, por conseguinte, mais recursos ela utiliza e desperdiça. Nos Estados Unidos da América, a prática de trocar bens duráveis a cada ano pode parecer algo aceitável, pois seus cidadãos têm um alto poder aquisitivo.
  • 2. 2 Assim, eles podem comprar carros, eletrodomésticos e outros produtos que quiserem, visto que, desta forma eles alimentam o mercado, geram empregos e salários. Contudo, quando se fala em alimentos que são jogados fora num país onde há fome e desnutrição, esse comportamento se torna inconcebível. Como é caso dos países “subdesenvolvidos” (os pobres da América Central e da África) e aqueles “em desenvolvimento”, no qual se encontra Índia e Brasil, por exemplo. Segundo um estudo divulgado pela agência Food and Agriculture Organization - FAO, órgão das Nações Unidas que cuida da Alimentação e Agricultura, cerca de um terço dos alimentos produzidos por ano no mundo é desperdiçado. De acordo com esse levantamento, que foi elaborado entre agosto de 2010 e janeiro de 2011, pelo instituto sueco SIK, 1,3 bilhão de toneladas de alimento são desperdiçados por ano. A quantidade é superior à metade de toda a colheita de grãos no mundo (FAO, 2011). O estudo destaca ainda que esse desperdício vale 1 trilhão de dólares e seria suficiente para alimentar 870 milhões de pessoas que passam fome. O mundo vai precisar (em comparação com 2006), cerca de 60% a mais de alimentos em 2050. A ONU prevê que até 2075 a população mundial chegue a 9,5 bilhões de pessoas, um acréscimo de quase 3 bilhões em relação à população atual, o que reforça a necessidade de se adotar uma estratégia para combater o desperdício de alimentos e, assim, tentar evitar o aumento da fome no mundo. O mundo emergente e os países desenvolvidos, conforme o referido relatório, desperdiça, aproximadamente, a mesma quantidade de alimentos: 670 milhões de toneladas/ano (nos países ricos) e 630 milhões toneladas/ano (nos em desenvolvimento). As médias de desperdício per capita também são maiores nos países industrializados. Na Europa e América do Norte, cada pessoa desperdiça entre 95 a 115 quilos de alimentos por ano. Na África Subsaariana, a média per capita é de seis a 11 quilos. Já a quantidade total de alimentos desperdiçados nos países industrializados apenas pelos consumidores (222 milhões de toneladas) é quase igual à quantidade total de alimentos produzidos na África Subsaariana (230 milhões de toneladas). Com relação às diversas formas de desperdício de alimentos existe diferença entre os países ricos e pobres. Nos países desenvolvidos, o desperdício de
  • 3. 3 alimentos acontece porque parte da comida vai para o lixo antes do vencimento. Já nos países emergentes, o desperdício acontece na produção, colheita, manuseio, processamento, transporte, armazenamento e comercialização dos alimentos. Outras perdas e desperdícios, de igual importância, ocorrem no interior das residências, restaurantes e congêneres, especificamente, aqueles resultantes do preparo dos alimentos e confecção de cardápios variados. É grande ainda, nestes lugares, a quantidade de alimentos desperdiçada depois do cozimento. A crise financeira e alimentar mundial de 2009 agravou ainda mais situação da fome e da pobreza. A FAO divulgou que o número de desnutridos ultrapassou, pela primeira vez, um bilhão de pessoas. Estes dados demonstram claramente que o compromisso dos governos para com a erradicação da fome e da pobreza está longe de ser atingido. Apesar de que a raiz destas mazelas que assolam a humanidade está, principalmente, na falta de acessibilidade aos recursos (naturais e materiais) e nos ínfimos rendimentos das famílias pobres. Neste contexto, urge se encontrar meios de garantir o acesso aos alimentos por parte destas famílias e ainda, uma melhor socialização das riquezas e outros recursos produzidos. 1.2- A REALIDADE NO BRASIL O Brasil está entre os dez países que mais desperdiçam alimentos no mundo, aproximadamente 35% da sua produção agrícola vai para o lixo, o que daria para saciar mais de 10 milhões de pessoas. Calcula-se que, desde a área de produção até o consumidor final, perde-se em torno de 30 a 40% de produtos como verduras, folhas e frutas. Isto sem mencionar o que não passa pelo controle de qualidade das indústrias, mas que poderia fazer parte da mesa de 54 milhões de brasileiros que estão abaixo da linha da pobreza (LOUREIRO, 2003). Toda esta perda corresponde a cerca de 1,4% do PIB, ou o equivalente a US$ 8,4 bilhões é desperdiçado anualmente, segundo o pesquisador Sabetai Calderoni, economista da USP e autor do livro "Os Bilhões Perdidos no Lixo”. As perdas podem ser atribuídas a vários motivos, conforme Vilela et alii (2003): no campo, ao ataque de pragas, à falta ou excesso de chuvas, colheita descuidada, o não atendimento às especificações do mercado; no transporte, devem- se às chuvas, à má conservação das rodovias brasileiras e às altas temperaturas. Quando comparado com a fome e o desemprego, o desperdício pode parecer um tema de pouca importância e menor atração, visto que sem trabalho, nem
  • 4. 4 salário, as famílias vivem no limiar da fome e da miséria. De acordo com dados da FAO (2011), 10% dos brasileiros são desnutridos. São 17 milhões de pessoas famintas ou que não comem o suficiente para sobreviver. Dentro desse contingente, os que mais sofrem com a desnutrição, são os cinco milhões de crianças e idosos. Segundo estudos do Centro da Agroindústria de Alimentos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o brasileiro joga fora mais do que aquilo que come. Em hortaliças, por exemplo, o desperdício anual é de 37 quilos por habitante. Estimativas recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que, nas dez maiores capitais do Brasil, o cidadão consome 35 quilos de alimentos ao ano — dois a menos do que o total que joga no lixo. Outros estudos brasileiros evidenciam que a média de desperdício de alimentos no Brasil está entre 30% e 40%. Nos Estados Unidos, esse índice não chega a 10%. Não existem estudos conclusivos sobre a perda nas casas e nos restaurantes, mas calcula-se que o desperdício no setor de refeições coletivas chegue a 15% e, nas residências, a 20%. Uma parcela de 46% da população brasileira considera que a quantidade de alimentos consumida pela família é insuficiente para satisfazer as necessidades básicas. É o que revela a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE (2003). No Brasil, de acordo com a última POF, os gastos com a alimentação, teve uma grande queda entre o ENDEF 1974/75 (33,9%) e a POF 2002/03 (20,8%), mantendo a redução até 2008/09 (19,8%). Em seis anos, a participação urbana da alimentação fora do domicílio nos gastos com alimentação subiu de um quarto (25,7%) para um terço (33,1%), e a rural subiu de 13,1% para 17,5%. Em reais, a despesa com alimentação na área urbana em 2008-2009 foi 145,5% maior que o da área rural. Segundo ainda a POF, a renda familiar para 66% das residências entrevistadas, é a principal razão das pessoas não se alimentarem convenientemente. Outro dado informa que, apenas 26% das famílias brasileiras comem sempre com a qualidade desejada, quando se leva em conta a composição da dieta delas (NERI, 2005). O Brasil é o quarto produtor mundial de alimentos (AKATU, 2003), produzindo 25,7% a mais do que necessita para alimentar a sua população (FAO, 2005). De um total de 851 milhões de hectares, 62 milhões é destinado à produção
  • 5. 5 de alimentos, podendo outros 106 milhões terem a mesma finalidade, o que o torna incomparável, potencialmente falando (ANDRADE, 2006). No entanto, a fome e o desperdício de alimentos são dois dos maiores problemas que o Brasil enfrenta. A produção anual de alimentos chega a 1 bilhão de toneladas, porém, o país tem milhões de excluídos, sem acesso ao alimento em quantidade e/ou qualidade. Um dos motivos é que 60% de todo o lixo domiciliar é constituído por comida. Em números, 39 mil toneladas de comida em condições de ser aproveitada vai para o lixo diariamente, em mercados, feiras, fábricas, restaurantes, açougues, lavouras, hortas, pomares, pelo Brasil afora. Só 39% da produção agrícola vira comida no prato de alguém, o resto fica pelo caminho (ANDRADE, 2006). Em 2006, estudos do IBGE, já demonstravam que 10% da população brasileira sofriam de fome crônica, ou seja, 50 milhões de brasileiros não tinham comida suficiente para sobreviver. Em 2010, no mais recente levantamento do CENSO - IBGE, o total de pessoas sem rendimento nos domicílios chegou a 6.840.156. Destes, cerca de 70,7%, ou 4.836.732 pessoas, se encontram na condição de extrema pobreza. Se somado aos 11.429.110 com rendimento médio domiciliar per capita entre R$ 1,00 e R$ 70,00, o contingente de pessoas em extrema pobreza subiu para 16,27 milhões de pessoas, o que representa 8,5% da população total. Sendo assim constituída: 46,7% residentes em áreas rurais, e 53,3% situam-se em áreas urbanas. O correspondente a 1,4% do produto interno bruto (PIB) brasileiro, aproximadamente, U$ 8,4 bilhões é desperdiçado, por ano, em alimentos. De acordo com o IBGE, o consumo do brasileiro é de 37 kg de alimentos ao ano/ habitante e o desperdício é de 35 kg de alimentos ao ano/ habitante. Calcula-se que o desperdício residencial alcance entre 15 a 20% do que se consome o que não é pouco para um país com um grande número de miseráveis (IBGE, 2006). 1.3- A REALIDADE LOCAL O bairro Estrela Dalva, onde se situa a Escola Municipal Consulesa Margarida Maksoud Trad, está localizado na região norte da cidade de Campo Grande. Como todo bairro da periferia dos grandes centros urbanos, apresenta uma grande diversidade étnica, socioeconômica e cultural. Sua população é constituída, na sua maioria, por famílias de baixa renda e alto grau de pobreza. Muitas das quais dependentes (ou assistidas) de programas
  • 6. 6 sociais governamentais, que se utiliza (quase sempre) da estrutura escolar montada. A força de trabalho é formada, basicamente, por profissionais da construção civil (e/ou autônomos) e diaristas de serviços domésticos. Apesar de todas as dificuldades e carências por serviços públicos essenciais, a população segue lutando pelos seus ideais. Os moradores da região não dispõem de boas quadras de esportes ou bons espaços públicos de lazer, restando à escola e algumas feiras livre locais como opção de recreação e/ou diversão. O perfil dos alunos da escola em questão, não difere das realidades dos alunos de outras escolas públicas, localizadas na periferia dos grandes centros urbanos do país, onde se evidencia problemas como desestruturação familiar, violência urbana, dependência econômica dos programas sociais, entre outras coisas. Constata-se ainda que muitos destes alunos vêem a escola como o seu único referencial cultural e social. A região é dotada de um comércio dinâmico e variado, com uma ampla oferta de gêneros alimentícios diversificados. Devido à proximidade de uma Central de Distribuição e Abastecimento de Alimentos, e a realização periódica de feiras livres, a oferta de alimentos fresquinhos é constante, bem como o grande desperdício de produtos hortifrutigranjeiros. Esta convivência diária com as perdas e o desperdício de alimentos, que ainda poderiam ser consumidos, vem provocando desconforto e indignação em determinados setores da sociedade, e é cada vez maior o número de pessoas (e instituições) que se empenha em vencer o desafio de transformar a indiferença política (para com o problema) e o desperdício de poucos, na motivação necessária para amenizar o sofrimento muitos. Neste artigo, pretende-se discutir as causas e os desafios na gestão do desperdício de alimentos na região (local da escola) e no Brasil, além de apresentar algumas propostas (públicas e privadas) no esforço para vencer esse problema. 2. METODOLOGIA Foram realizadas pesquisas bibliográficas sobre o tema, a partir da qual se estabeleceu um roteiro de trabalho. As palavras chave utilizadas na busca bibliográfica foram: desperdício de alimentos, consumo consciente, aproveitamento integral dos alimentos e fome.
  • 7. 7 Em seguida, o tema foi apresentado à coordenação e ao corpo docente da escola, como forma de suscitar discussões e contribuições para melhoria do trabalho. Num segundo momento, o assunto foi apresentado aos alunos a partir da exibição do documentário “Ilha das Flores”, fazendo-se um paralelo com a realidade local. Logo após, os alunos foram divididos em grupos de trabalho com a finalidade de realizar o registro fotográfico das feiras livre da região, bem como da Central de Abastecimento de Mato Grosso do Sul – CEASA/MS, localizada nas imediações da região estudada. Concluído esse levantamento, fez-se uma coletânea do material recolhido pelos alunos, acompanhada de uma sucinta descrição dos fatos encontrados, para uma posterior análise e discussão coletiva da realidade vivenciada por eles. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O documentário “Ilha das Flores” (que não tem nada de flores), de Jorge Furtado, produzido em 1989, apresenta uma realidade que exprime toda a banalização a que foi submetida o ser humano por uma sociedade essencialmente consumista, por mais racional que isto seja. O processo de geração de riqueza e as desigualdades sociais são relatados no decorrer da trajetória de um simples tomate, desde a plantação até ser jogado fora. As condições subumanas dos habitantes da Ilha das Flores escandalizam qualquer expectador insensível. A proposta do documentário é mostrar que os seres humanos, numa escala de prioridade, estão dispostos num patamar inferior aos porcos. A alimentação diária de grupos de mulheres e crianças é retirada, durante cinco minutos, do que sobra dos porcos. Estes, por conseguinte, são alimentados com a sobra de outras pessoas com melhor poder aquisitivo e capaz de escolher o seu próprio alimento. Por ser cheio de informações reais, o documentário “Ilha das Flores” apresenta, nas entrelinhas, um conteúdo extremamente didático. O seu enredo segue o caminho fictício de um tomate: que é plantado, colhido, vendido a um supermercado, comprado por uma dona-de-casa (que rejeita parte do seu conteúdo na hora de preparar a refeição); e, depois de ser descartado, é conduzido até a Ilha das Flores, onde é rejeitado pelos porcos, e finalmente, apanhado por uma criança faminta. A fome e a miséria apresentada no filme é fruto do egoísmo e da ganância do homem que, sob a égide de um capitalismo selvagem, explora o meio ambiente e
  • 8. 8 seu semelhante a todo e qualquer custo. Daí a insinuação da não existência de Deus, no princípio do filme. A exploração da miséria humana, infelizmente, faz parte desse sistema perverso, que mais destrói do que constrói. Uma relação conflituosa na sociedade capitalista é estabelecida a partir de uma ideia distorcida de progresso. Os diferentes aspectos que envolvem a vida em sociedade são conjugados com a capacidade criativa e o decorrente progresso. A necessidade de sobreviver a partir do lixo disponível, é o que une as pessoas, confirmando-se assim, uma incompatibilidade entre progresso e desenvolvimento humano. O expectador é levado a uma reflexão sobre a função social da propriedade privada, do lucro, do trabalho, da exploração, da relação entre progresso criativo/tecnológico e o desenvolvimento social/humano. Mesmo tendo passado mais de duas décadas após a sua produção, o enredo do filme ainda é bastante atual. As questões apresentadas no documentário suscitam um novo conceito no que tange aos direitos individuais e coletivos, previstos na Declaração Universal dos Direitos Humanos (da ONU) e na Constituição do Brasil de 1988, que é a Segurança Alimentar. Define-se como tal, a garantia do direito de todos ao acesso a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente, com base em práticas alimentares saudáveis e respeitando-se as características culturais de cada povo, manifestadas no ato de se alimentar. Este conceito surgiu logo após a segunda guerra mundial e foi sendo difundido pelo aumento crescente da fome e da miséria que atinge, implacavelmente, a população dos países mais pobres, os quais (sobre) vivem enquanto outra parte do mundo convive com o desperdício de alimentos. Outro conceito de igual importância, criado a partir das discussões sobre a fome e a miséria no mundo, foi o IDR (Ingestão Diária Recomendada). Denomina-se IDR, a quantidade de vitaminas, minerais e proteínas que deve ser ingerida, no dia a dia, para atender às necessidades nutricionais de grande parte das pessoas e grupos de indivíduos de uma dada população sadia (GONDIM, 2005). Dessa forma, são necessárias informações sobre a composição dos alimentos para que esta população possa consumir em equilíbrio os nutrientes, de acordo com o seu IDR. A composição alimentar é fundamental para diversas atividades, tais como: verificar o estado nutricional das pessoas; para se estabelecer o suprimento e o consumo alimentar de uma região ou país; avaliar a adequação nutricional da dieta de indivíduos e de populações; implementar pesquisas sobre as
  • 9. 9 relações entre dieta e doença; na elaboração de projetos agropecuários e na indústria de alimentos; dentre outras. Uma alimentação sadia, rica em nutrientes, é uma necessidade de todo ser humano e isto pode ser alcançado, de qualquer modo, com partes de alimentos que são desprezadas corriqueiramente, pelas pessoas. Assim, com o aproveitamento integral dos alimentos (através da utilização de cascas, talos e folhas), além de reduzir os gastos com alimentação e melhorar a qualidade nutricional do cardápio, diminui o desperdício de alimentos, tornando possível a criação de novas receitas, tais como sucos, doces, geleias e farinhas. A utilização do alimento em sua integralidade significa economia e usar os recursos disponíveis sem desperdício. Significa ainda, reciclar, respeitar a natureza e alimentar-se bem. O Instituto Akatu pelo Consumo Consciente realizou, por meio da Internet, uma pesquisa na qual foi constatado que o uso integral dos alimentos ainda está distante da realidade dos domicílios brasileiros. Quando os internautas responderam à pergunta "O que você faz com restos de comida (cascas, sementes, etc.)?", 57,3% responderam que normalmente jogam no lixo e somente, 8,3% disseram aproveitar talos, cascas e folhas em outras receitas. O resultado do levantamento realizado pelos alunos não foi muito diferente dessa pesquisa, visto que o registro fotográfico e os depoimentos realizados por eles demonstram claramente, o desconhecimento sobre o valor nutricional dos talos, cascas, folhas e sementes. E o que mais chocou a todos, foi a grande quantidade de frutas, verduras e legumes perdidos (ou desperdiçados) durante a realização das feiras. Muitas das quais sendo pisoteadas pelas pessoas que ali passavam. Por serem de origem humilde e constituírem famílias de baixa renda, a grande maioria deles, já passou (ou ainda passa) por algum tipo de privação (ou necessidade). E por residirem num bairro de periferia, a região supracitada é cercada por inúmeras famílias carentes, “morando” em pequenos “assentamentos urbanos”, resultantes da invasão de “sem tetos” em áreas não regularizadas. Em outras palavras, a área onde está localizada a escola em questão, é alvo de constantes conflitos sociais, sem dizer no grande número de famílias desestruturadas e de dependentes químicos aí situados.
  • 10. 10 O poder público deixa muito a desejar em relação às políticas sociais. Em muitos casos, ele está ausente ou é ineficiente na gestão de recursos que atendam, minimamente, as necessidades da população carente de tudo. Diante dessa realidade vivenciada pela comunidade local, fez-se o seguinte questionamento aos alunos: “como pode existir fome e miséria, num país rico em recursos naturais e alta produtividade agroindustrial?”. Foram apresentadas várias opiniões, das quais se destacam: a ganância de alguns, não deixa ver a necessidade de outros; o acúmulo de grandes extensões terras nas mãos de poucos; a ausência (ou ineficiência) de políticas que estimulem a agricultura familiar; o alto custo do crédito para os micros e pequenos produtores rurais; e a falta de campanhas educativas que estimulem o aproveitamento completo dos alimentos em geral. Na medida em que aproveitamento integral dos alimentos cresce, aumenta também a economia e a sustentabilidade. É o que acontece na indústria sucroalcooreira em que a cana plantada é aproveitada em sua totalidade, produzindo álcool/açúcar e o bagaço aproveitado como fonte de energia, oferecendo economia no processo produtivo. Os órgãos de controle devem incentivar estudos nesta área, a fim de se obter o aproveitamento integral de todos os alimentos aqui cultivados. Na área residencial, podem virar diversão e despertar o espírito criativo das pessoas, as partes não (ou menos) convencionais dos alimentos. Várias receitas com aproveitamento integral dos alimentos podem ser realizadas sem grandes dificuldades, em preparações seguras e com maior rendimento. Como é o caso de bolo com casca de banana, carnes assadas como croquetes com restos de cascas, bolinhos verdes preparados com talos e folhas dos vegetais, molhos com entrecasca de melancia, saladas com folhas não convencionais, cubos de entrecasca de melão cozida, rolinhos recheados com casca de berinjela, farofas, panquecas e sopas. A casca da beterraba pode cobrir docinhos de festas que adquirem cores diferenciadas, e chás aromáticos podem ser preparados com uso de algumas folhas e cascas. A cozinha da escola foi usada, pela professora de ciências, como laboratório experimental na elaboração de algumas destas receitas. Foram feitos bolos, doces e chás, a partir de cascas, folhas, talos e demais ingredientes trazidos pelos alunos. Ao final da atividade, todos puderam se deliciar com os quitutes e guloseimas por eles elaboradas.
  • 11. 11 Já em sala de aula, procedeu-se a elaboração de um pequeno código de conduta (ou procedimento) para o momento de utilização e/ou manuseio de frutas, verduras e legumes, seja em casa ou na labuta, visto que alguns dos alunos trabalham com hortifrutigranjeiros. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS No contexto da busca de comportamentos sustentáveis, o desenvolvimento local é um dos muitos caminhos alternativos rumo à construção de um novo paradigma para a humanidade. É no local onde as pessoas vivem, trabalham, estudam e se divertem. É no local, que acontece toda sorte de conflitos socioeconômicos e ambientais. É no local, onde há pessoas sem emprego (ou subempregadas), que vivem (ou sobrevivem) sustentadas por suas famílias, sem teto, sem terra e sem comida. É no local, onde os abatidos pela fome e a miséria deixam de ser (apenas) dados estatísticos, para recuperar o pouco da dignidade que lhes resta. É no local que decisões políticas podem salvar ou transformar a vida de um indivíduo, de uma família e mesmo de uma comunidade. O Instituto Polis, num estudo desenvolvido recentemente (MALUF et alii, 2000), identifica cinco grandes diretrizes para o desenvolvimento da segurança alimentar e nutricional no local: 1) promover a produção rural e urbana e a comercialização de alimentos, realizadas em bases socialmente equitativas; 2) ampliar o acesso a uma alimentação de qualidade e regular as condições em que os alimentos são disponibilizados à população; 3) promover a educação alimentar e a organização dos consumidores na defesa dos seus direitos; 4) universalizar e assegurar a qualidade dos programas alimentares com caráter suplementar ou emergencial dirigidos a grupos populacionais específicos; 5) estimular a participação da sociedade civil na formulação e na implementação da política de segurança alimentar e apoiar as iniciativas não-governamentais. A temática sobre o aproveitamento integral de alimentos inclui frentes na educação tanto ambiental quanto nutricional. A abordagem desse tema contribuiu para: a conscientização e sensibilização da comunidade escolar em geral; a diminuição da utilização dos recursos ambientais; a visão ampliada de que saúde
  • 12. 12 pessoal tem relação direta com alimentação e meio ambiente; promover o interesse na adoção de práticas alimentares mais saudáveis. A educação multidisciplinar oferecida pela participação em projetos, como as oficinas de alimentos, promove a difusão da cultura do respeito ao meio ambiente e à saúde como um todo, tanto nas esferas individual e coletiva da sociedade. Com a quantidade de alimentos desperdiçada diariamente no Brasil, seria possível alimentar um número expressivo de pessoas que não têm acesso à alimentação. Dessa forma surge a necessidade da implantação de projetos que busquem a redução desse desperdício e estimulem o uso consciente do alimento de forma integral. As instituições de ensino e pesquisa (governamentais ou não) devem conduzir estudos no sentido de se determinar o conteúdo nutritivo das partes não convencionais dos alimentos, bem como sua utilização de forma industrial e em "soluções caseiras", no intuito de permitir o aproveitamento integral do alimento. Oferecendo assim, um aporte nutricional à dieta, à economia e a minimização na geração de resíduos. A Organização Não governamental Banco de Alimentos é um belo exemplo nesta área. Ela tem como matéria-prima o alimento que cujo destino era o lixo. É como se a Organização colhesse pela segunda vez esse alimento, no que se denomina de “Colheita Urbana”. O Banco de Alimentos distribui mantimentos fornecidos pelas empresas doadoras entre instituições beneficentes cadastradas a pessoas assistidas por eles. Além de oferecer alimentos, a ONG também auxilia as instituições a fazerem o uso adequado destes produtos. Por meio de workshops, palestras, treinamentos e oficinas permanentes, a Instituição ensina a manipular, armazenar e aproveitar integralmente os alimentos, tanto para que não haja sobras, quanto para que todo seu valor nutricional seja aproveitado. O MESA BRASIL SESC é outro Programa de Segurança Alimentar e Nutricional voltado para a inclusão social, constituindo-se numa rede Nacional de Solidariedade contra a fome e o desperdício. É um trabalho de cunho social e tem na parceria, que envolve diversos segmentos da sociedade, a base de sustentação de todas suas ações. Demonstra, na prática, que a união de vários organismos sociais pode responder de maneira eficaz às dificuldades que afligem o país. Do ponto de vista micro: se uma família de cinco pessoas deixar de desperdiçar, no preparo e consumo de alimentos — preparo, restos no prato ou
  • 13. 13 sobras da refeição — a décima parte do que consome (pedagogia do cotidiano), ao longo do ano (ou 365 dias), economizará o suficiente para alimentar a família por pouco mais de um mês (ou 36 dias). Na visão macro: se uma comunidade deixar de desperdiçar cerca de 10% dos alimentos que consome, ocorrerá uma diminuição da demanda e, concomitantemente, os preços serão reduzidos para todos (pedagogia da interdependência). Se o combate ao desperdício de alimentos se disseminar por toda a população (pedagogia da cidadania) de um Estado ou país, a disponibilidade de alimentos para exportação aumentará, o que poderá trazer melhoria da qualidade de vida da população (AKATU, 2003). Um projeto de lei, chamado de “Lei do Bom Samaritano”, que tramita no Congresso Nacional desde 1998 poderia ajudar a evitar o desperdício. Ele prevê que doadores, pessoas físicas ou jurídicas, sejam isentos de responsabilidade civil e penal se agir de boa fé. O texto já aprovado no Senado, ainda tramita na Câmara dos Deputados. Desde que as comissões do Congresso apresentaram seus pareceres, em 2005, o referido projeto está parado para apreciação e votação dos deputados. Até então, o projeto não tem previsão para ser votado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALTERIO, Andréa Almeida - Aproveitamento Integral dos alimentos: Uma oportunidade para a redução do desperdício e fome no Brasil – Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/aproveitamento-integral-dos-alimentos-uma- oportunidade-para-a-reducao-do-desperdicio-e-fome-no- brasil/73592/#ixzz1xEtOQOWE - Publicado em 08/08/2011 - Acessado 06/06/2012. ANDRADE, Maria Ângela Girioli de - Os desafios da gestão do desperdício de alimentos - Rev. Pensar BH/Política Social - Dezembro de 2005/Fevereiro de 2006. BRASIL, Ministério da Agricultura Agropecuária e Abastecimento. EMBRAPA. [acesso em 2010 nov. 30 e 2013 set. 03]; [aproximadamente 2 telas]. Disponível em: http://www.embrapa.br/. BRASIL, Ministério da Agricultura Agropecuária e Abastecimento, Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios - CODEAGRO e o Centro de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável. CESANS. Programa Diga não ao Desperdício. Brasília, DF; 2007 Jul. [acesso em 2010 nov. 29]; 3:. Disponível em: http://www.codeagro.sp.gov.br/. BRASIL, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF). Brasil, 2002-2003. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/população/condição Acessado em 07/11/05
  • 14. 14 BRASIL, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Indicadores Agropecuários 1996-2003. Rio de Janeiro, 2004 [acesso em 2011 abr. 18]: 1-67. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/agropecuaria/indicadoresagro_199 62003/agro.pdf BRASIL, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009. Rio de Janeiro, 2010 Ago. [acesso em 2010 nov. 29]: 1-222. Disponível em: www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2008_2009/POFpu blicacao.pdf. BRASIL, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. O perfil da Extrema Pobreza no Brasil com base nos dados preliminares do universo do Censo 2010. Brasília, 2011 Mai, [acesso em 2011 mai 05]: 1-7. Disponível em: http://www.brasilsemmiseria.gov.br. BRASIL, SESC. Banco de Alimentos e Colheita Urbana: Aproveitamento Integral dos Alimentos; Mesa Brasil SESC - Segurança Alimentar e Nutricional. Programa Alimentos Seguros. Convênio CNC/CNI/SEBRAE/ANVISA. Rio de Janeiro, 2003 [acesso em 2010 nov. 30]: 1-47. Disponível em: http://www.sescsp.org.br/sesc/mesabrasilsp/biblioteca/aproveitamento.pdf CALDERONI, Sabetai. Os bilhões perdidos no lixo. Ed. Humanitas, USP. São Paulo, 1997. CALHEIROS, Rafael - Resenha do curta-metragem Ilha das Flores - Publicado: 11 de agosto de 2007 – Disponível em: http://cabecadedoido.wordpress.com/2007/08/11/resenha-ilha-das-flores/ - Acessado em 06/06/2012. CASA DE CINEMA - Ilha das Flores – Documentário. Direção e Roteiro: Jorge Furtado - Produtor: Mônica Schmiedt, Giba Assis Brasil e Nôra Gulart – 1989. CRUZ, Ivan Dionizio da - Desperdícios e reaproveitamento alimentar - Publicado em: 15/08/2010 – Disponível em: http://www.artigonal.com/ensino-superior- artigos/desperdicios-e-reaproveitamento-alimentar-3047418.html - Acesso: 06/06/12. DIAS, Maria Clarice - Comida jogada fora - Correio Braziliense, 31 de agosto, 2003. FRAN - Desperdício de alimentos no Brasil – Publicado em 22/07/11 – Disponível em: http://www.zun.com.br/desperdicio-de-alimentos-no-brasil/ - Acessado 06/06/12. FAO. It's our common heritage. Disp. em http://w.w.w.fao.org./. Aces. em 04/11/05. _________. Perdas alimentares globais e desperdício alimentar. Disponível em http://w.w.w.fao.org./. BBC Brasil | - http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/meioambiente/um+terco+dos+alimentos+prod uzidos+no+mundo+e+desperdicado/n1596945263745.html - 11/05/11 - Acessado em 03/09/13. GONDIM, Jussara A. Melo et alii. - Composição centesimal e de minerais em cascas de frutas - Ciênc. Tecn. Alimº., Campinas, 25(4): 825-827, out.-dez. 2005.
  • 15. 15 GOULART, Rita Maria Monteiro. Desperdício de Alimentos: um problema de saúde pública. Integração - Ano XIV, Nº 54, Jul/ago/set, 2008, p. 285-288. IEH - Instituto de Estudios Del Hambre - Tema 6: Perdas e Desperdício de Alimentos - Nº. 6, Dezembro de 2009. IME. Institution of Mechanical Engineers - Global Food; Waste not, Want not. London, 2013. BBC Brasil | 10/01/2013 - http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/bbc/2013-01-10/metade-da-comida-do- mundo-vai-parar-no-lixo-diz-relatorio.html - Acessado em 03/09/2013. INSTITUTO AKATU - A nutrição e o consumo consciente – cad. temático - 2003. LOUREIRO, Márcia. A solução para o desperdício. Disponível: http://www.jbonline.terra.com.br. Publicado: em 11/10/03. Acessado em 03/09/2013. MALUF, Renato S. et alii. Ações Públicas Locais de Segurança Alimentar Nutricional - Diretrizes para uma Política Municipal. POLIS. São Paulo, 2000. NERI, Marcelo. Os números da miséria. Rev. Conj. Econômica. Jan/2005, p.40-41. ONU - O direito à Alimentação Adequada. Comissão de Direitos Humanos. Comentário Geral número 12. UNHCHR, Genebra, 2000. RODRIGUES, Tammy Gerbasi - Projeto de Segurança Alimentar — Centro de Formação e Aperfeiçoamento em Ciências da Saúde – Cefacs - Curso Técnico em Nutrição e Dietética – Disponível em: http://www.slideshare.net/tammygerbasi/projeto-de-segurana-alimentar - Acessado em 06/06/2012. SALGADO, Jocelem. - O Desperdício dos Alimentos - Disponível em: http://www.via6.com/topico/63863/o-desperdicio-dos-alimentos. - Acesso 06/06/12. UMSP – Universidade Metodista de São Paulo - Evitar o desperdício de alimentos: um ato de cidadania – Publicado em 20/01/2009 - http://www.metodista.br/maiscidadania/sustentabilidade/evitar-o-desperdicio-de- alimentos-um-ato-de-cidadania - Acessado 06/06/2012. VILELA, Nirlene J. Et al. O peso da perda de alimentos para a sociedade: o caso das hortaliças. Horticultura Brasileira; volume 21, número 2, páginas 142-144. Junho 2003. ZUN - O Desperdício de Alimentos no Brasil – Disponível em: http://portal.zun.com.br/?u=http://www.bancodealimentos.org.br/o-desperdicio-de- alimentos-no-brasil/ - Acessado 06/06/2012.