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“A INFLUÊNCIA DO CINEMA HOLLYWOODIANO NO PROCESSO DE
EMANCIPAÇÃO DA MULHER BRASILEIRA”
Aline Rocha Bortoti
Prof. Ms. Roberto Marcelo Caresia
RESUMO: O cinema foi um elemento que favoreceu a propagação de ideias e de
um projeto de sociedade. Mais precisamente o cinema hollywoodiano levou o
American Way of Life para os países onde suas películas foram exibidas. Como
difusor de comportamentos, ele trouxe à tona questionamentos referentes à questão
da condição social da mulher, abordando os mais variados temas em seus filmes
como o casamento, o divórcio, a maternidade, o trabalho e a educação das
mulheres. Podemos observar que os filmes E o vento levou (1939), Gilda (1946),
Ardida como pimenta (1953) e Confidências à meia-noite (1959) atuam como
transmissores destes questionamentos, mesmo que em meio a diversas
contradições, favoreceram a naturalização de valores modernos, que serão
levantados como pauta nos anos 70 com a segunda onda feminista.
PALAVRAS-CHAVE: Cinema; Hollywood; Feminismo; Emancipação da Mulher
Brasileira;
ABSTRACT: The film was an element that favored the spread of ideas and a project
of society. More specifically the Hollywood cinema led the American Way of Life for
countries where his films were shown. As behaviors diffuser, he brought up questions
regarding the issue of social status of women, addressing various themes in his films
such as marriage, divorce, motherhood, work and education of women. We can see
that the film Gone with the Wind (1939), Gilda (1946), Calamity Jane (1953) and
Pillow Talk (1959) act as transmitters of these questions, even in the midst of many
contradictions, favored the naturalization modern values, which will be raised as an
subjects in the 70s with the second feminist wave.
KEY-WORDS: Film; Hollywood; Feminism; Emancipation of Brazilian Women;
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Introdução
O processo de emancipação da mulher brasileira foi uma longa trajetória. Ele
se deu por uma diversidade de influências que ainda está em processo. As mulheres
desde o século XIX lutavam por galgar mais espaço na sociedade, por conseguir
equiparar seus direitos aos masculinos. Nesta perspectiva o cinema, a música, a
modernização do Brasil, a influência americana foram importantes disseminadores
de novos valores.
O Brasil foi parte do projeto americano de reestruturação da sua economia,
após a crise de 1929. Com os olhos voltados para os brasileiros e seu mercado em
potencial, os Estados Unidos criaram ícones como a atriz e cantora portuguesa
Carmem Miranda, que fez sucesso entre os anos de 1928 e 1955, e a criação do
personagem Zé Carioca em 1943, no filme Alô, amigos, que revelam ainda mais
essa postura imperialista e cultural. A partir de então, a presença norte-americana
no Brasil somente aumentou, durante os governos de Dutra (1946-1950) e Juscelino
Kubitschek (1956-1960), principalmente.
A partir da década de 1930, o Brasil já sofria influência americana em outros
aspectos. O Feminismo no Brasil sofreu influência direta dos movimentos das
mulheres americanas e inglesas, os ideais de igualdade advindos do liberalismo
econômico americano e a divisão de métodos de luta feminista, herança inglesa
foram importantes para a organização teórica e prática do movimento feminista
brasileiro.
Após a vitória no Congresso, e finalmente conseguir o direito ao voto, a luta
feminina perde força, tornando mais lento o processo de emancipação da mulher,
que não necessitava apenas do direito ao voto, mas o direito ao respeito e
tratamento igual entre homens e mulheres. É neste momento que o cinema se torna
tão importante como grande difusor de comportamentos e valores, pois atingia
grande parte da população como iremos observar nos capítulos que seguem este
trabalho.
O cinema traz para o Brasil novas perspectivas femininas, temas
contraditórios, que ora estão alinhados com ideias modernas, de cunho feminista,
ora com ideias extremamente conservadoras, que traduzem bem o recorte temporal
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do final da década de 1930 até o início dos anos 60, mas que foram de extrema
importância, pois a contradição traz a tona discussões sobre os diferentes temas
que envolvem as mulheres e ainda lentamente vai naturalizando o que a sociedade
encarava com repúdio.
Uma Breve História de Hollywood
O cinema nasce em 1895, com o cinematógrafo, construído pelos irmãos
Lumiére, em Paris. Era caracterizado por fotografias que em sequência criavam
movimento, isso gerou o espanto e admiração do público parisiense, que participou
da primeira apresentação pública. Desde então, o que ficou conhecido como a
sétima arte, se espalhou pelo mundo e foi absorvendo novas tecnologias para o seu
aprimoramento, e, por consequência, seduziu o mundo por sua beleza em reproduzir
o “real”.
O cinema surge e se populariza nos Estados Unidos, segundo o artigo de
Angrisano, nos bairros operários americanos como Nova York e Chicago.
Curiosamente os estúdios americanos, não foram formados pela classe dominante
americana, mas sim por pequenos comerciantes, na maioria judeus, como Daryl
Zanuck, Samuel Bronston e Samuel Goldwyn, que controlavam os Estúdios Fox,
Universal e Paramount. (ANGRISANO, 2005: 14)
Após a Primeira Guerra Mundial o polo cinematográfico vai se mudando para
Los Angeles, na Califórnia, por conta até mesmo da maior possibilidade de gravarem
cenas fora dos estúdios, pois o clima no litoral era mais favorável. Com isso,
estabelece o que conhecemos como a cidade dos sonhos. Os Studios Metro-
Godwyn-Mayer, Columbia, Universal, Paramount, United Artists, que produziam
filmes mudos durante o início do século XX, iniciaram o que posteriormente foi
chamado de a era dos Estúdios de Hollywood.
Hollywood criou sua própria linguagem cinematográfica, com padrões de
câmera, recortando, focalizando ou expandindo imagens para passar sensações
específicas aos espectadores.
4
Filmar então pode ser visto como um ato de recortar o espaço, de
determinado ângulo, em imagens, com uma finalidade expressiva. Por isso,
diz-se que filmar é uma atividade de análise. Depois, na composição do filme,
as imagens filmadas são colocadas uma após as outras. Essa reunião das
imagens, a montagem, é então uma atividade de síntese.
(BERNARDET,1985: 36-7).
A montagem cria a linguagem de determinado diretor, é alma do filme e que
determina a sequência da narrativa. A ideia do “enquanto isso” da literatura demorou
um pouco para chegar ao cinema, pois é um conceito de linguagem mais
aprimorado, duas cenas acontecendo ao mesmo tempo sendo mostradas em
paralelo, uma após a outra, mas que dão a entender ao espectador que são
simultâneas.
O cineasta americano D.W. Griffith foi uns dos primeiros, se não o primeiro, a
utilizar uma linguagem mais aprimorada em seus filmes: Nascimento de uma Nação,
de 1915, e Intolerância, de 1916, pois, foi o primeiro que claramente recortava as
cenas e as selecionava em sequência temporal. Outros tipos de linguagens como a
do cinema Europeu e do Russo foram criadas, mas a de Hollywood foi a que mais foi
consumida pelo público comum.
Seguindo uma ordem cronológica e observando outros aspectos sobre os
Estados Unidos podemos perceber que eles saíram da Primeira Guerra como a
maior potência industrial dos anos 1920, atingindo, em 1929, a fatia de 42% da
produção industrial mundial. E saíram também como primeiro país credor do mundo.
Esses foram os chamados “Loucos anos 20”, no qual os EUA eram o símbolo do
desenvolvimento capitalista, porém com a quebra da Bolsa de Nova York em 1929,
toda essa prosperidade é freada, pois, a crise leva as indústrias americanas a
despedirem milhares de funcionários, e a mecanização da agricultura outros
milhares. Mas o cinema toma o caminho contrário, pois, com a inovação do som
junto as imagens, o cinema americano atinge novas proporções, torna-se então a
Indústria do entretenimento, o que ajuda no processo de reorganização da economia
norte-americana.
Em 1927, o nascimento de novas tecnologias permitiu a implantação do som
junto às produções cinematográficas. O filme The Jazz Singer (O cantor de Jazz) de
1927, foi um musical produzido pelo estúdio Warner (que entrará para o páreo dos
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grandes estúdios com a sincronização do som com a imagem), foi o primeiro filme
sonoro. Este filme não era inteiramente sonoro, mas continha alguns diálogos e
canções que eram sincronizadas com as imagens. Portanto, o cinema hollywoodiano
toma espaço no cenário mundial e torna-se a maior indústria cinematográfica do
mundo, passando a exportar suas películas por todos os continentes do globo.
Com o advento do som, muitos atores e atrizes de Hollywood perderam seus
empregos, afinal suas vozes não eram agradáveis ao público, o que gerou algumas
fofocas em revistas especializadas, mesmo depois de anos, e também filmes sobre
os artistas nos quais suas carreiras foram ceifadas com o advento das novas
tecnologias.
Ao passar dos anos Hollywood aprimora suas produções, com tecnologia,
linguagens mais elaboradas, criando e trabalhando com gêneros específicos, mas
acima de tudo, criando seu celeiro de estrelas. O star system é parte principal na
formação da Indústria cinematográfica, criando a imagem das estrelas de Hollywood,
criando fãs fiéis que assistiriam determinado filme, apenas por serem estrelados por
seus atores favoritos.
Segundo Meneguello, a utilização do modelo Star System, nas décadas de 40
e 50, criou-se as estrelas, principalmente atrizes, para vender suas imagens. Os
filmes lançavam atores, porém, na mídia, a vida das atrizes era esmiuçada, os
bastidores faziam tanto ou mais sucesso do que os próprios filmes. Os contratos já
estabeleciam qual seria a imagem que determinado ator ou atriz deveria ter em sua
vida particular, as revistas exploravam-nos até a exaustão. Os produtos das estrelas
de Hollywood eram usados em propagandas de revistas especializadas, o público de
cinema consumia muito mais que os filmes, consumiam todo o universo produzido e
veiculado por Hollywood. (MENEGUELLO, 1996: 97)
Contudo, o Brasil também foi influenciado por esse cinema, e por todo
universo criado por Hollywood. A mídia brasileira especializada em cinema sofreu
forte influencia do Star System e das grandes obras hollywoodianas. O Brasil
consumia tudo que vinha dos Estados Unidos, tecnologia, produtos alimentícios,
produtos de beleza, o cinema, e, por consequência a cultura, que foi importante no
processo de formação de valores da população.
6
O feminismo e o sufrágio na Inglaterra
Segundo o artigo, Luta das mulheres pelo direito de voto: movimentos
sufragistas na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, de Zina Abreu, a primeira
pensadora que se ateve a questão da mulher na Inglaterra foi Mary Wollstonecraft,
que com a obra A Vindication of the Rights of Woman (1792) expôs sua indignação,
sobretudo, a diferença da educação feminina para a masculina, e argumentava que
esta era a causa das diferenças políticas e sociais sobre os sexos. Fortemente
influenciada pelas teorias dos filósofos Francis Bacon e de John Locke, reivindicava
os mesmo avanços no âmbito da liberdade e direitos civis para as mulheres. Seu
livro influenciou mulheres inglesas e americanas a pensarem seus direitos e
reivindicarem mais espaço na política de seus países. (ABREU, 2002: 443)
Segundo Zina Abreu foi baseado na lógica protestante de seu período, de que
os cristãos deveriam resistir a qualquer forma de opressão e violação dos direitos
divinos, que as mulheres passaram a pensar em seus direitos, logo:
Foi a percepção da sua ‘igualdade cristã’ que levou as mulheres a se
consciencializarem da sua desigualdade civil: se como cristãs tinham ‘almas
iguais’, como cidadãs deveriam ser, tal como os homens, também detentoras
de direitos naturais e inalienáveis. Foi esse despertar de consciência cívica
que dotou as mulheres dessa geração revolucionária do estímulo e coragem
suficientes para intervirem no domínio público, desafiarem as autoridades
civis e eclesiásticas, desobedecerem ao pai, irmão ou marido, escreverem,
publicarem e expressarem publicamente e de viva voz as suas crenças e
opiniões, de teor político, civil e teológico. Foi dessa geração de mulheres
britânicas politicamente activas e alfabetizadas que, já nos fins do século
XVII, surgiram as primeiras escritoras proto-feministas, como Margaret
Cavendish, duquesa de Newcastle, Bathsua Makin e Mary Astell, cujo
discurso e consciencialização sócio-políticos prenunciam os das feministas,
sufragistas e sufragetes de gerações ainda remotas. (ABREU, 2002: 446)
Por consequência, destes questionamentos no século XVIII, e também da
maior abertura da importância da mulher, até mesmo dentro do próprio lar, que a
perspectiva da mulher em um âmbito público, vai aumentando, criando novos
espaços.
Peter Gay, em seu livro O Século de Schnitzler: A formação da cultura da
classe média (1815-1914), já analisava o aumento da importância social da mulher,
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que em seu lar participava das decisões, mesmo que ainda na esfera pública fosse
considerada inferior ao homem, dentro de casa, ela tomava as decisões juntamente
a seu marido, a exemplo disso, o controle de natalidade era assunto e certa decisão
da mulher, que por querer preservar sua família e seu bem estar, resolvia não ter
muitos filhos. (GAY, 2002: 68)
Em um artigo de seu livro póstumo, Tempos Fraturados, Eric Hobsbawm
aponta que no período da bella époque, as mulheres de classe média europeia já
frequentavam universidades e tomavam contato com ideias diferentes. Para ele,
esse contato com ideias novas e percepções de mundo facilitaria a organização dos
movimentos pela igualdade jurídica e emancipação feminina, a partir da década de
1920. (HOBSBAWM, 2013: 121-41) Sobretudo, a educação e um aumento nos
índices de instrução, podem ser observados, como importantes para os
questionamentos que as mulheres do século XIX promoveram, pois, a leitura, por
exemplo, possibilitava o contato com artigos e livros como o de Mary Wollstonecraft.
Além da luta intelectual e nas ruas das mulheres Inglesas, o apoio de alguns
homens, de influência, dos meios políticos e filosóficos, que possibilitou a formação
de instituições e debates sobre a importância social da mulher, o sufrágio e a
igualdade de direitos. John Stuart Mill foi um desses homens, que influenciado pelo
feminismo de sua esposa Harriet Taylor Mill escreveu um ensaio Enfranchisement of
Women (1851), no qual defendia o direito das mulheres ao sufrágio.
Portanto, na Inglaterra em meados do século XIX formou-se então a maior
organização pelo sufrágio feminino de até então, a ‘NUWSS—National Union of
Women’s Suffrage Societies’, que levou a luta a âmbito internacional, reforçou e
aprimorou as reivindicações na Grã-Bretanha e também nos Estados Unidos.
Em 1866, John Stuart Mill apresentou uma proposta, ao Parlamento Inglês, de
emenda que concederia o direito ao voto para a mulher. Apesar disso, a emenda
não foi aprovada por uma minoria de votos a favor.
Em 1884, uma nova emenda foi apresentada ao Parlamento e outra vez
derrotada, mas entre as derrotas, já existia a presença feminina nas eleições, pois,
desde que a mulher tivesse propriedades como os homens, poderiam votar. Mas
mesmo com o voto ligado as propriedades, as suffragettes (ativistas da causa
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feminista) continuaram em defesa ao voto para todas as mulheres, sem distinção de
renda, ou qualquer outra.
É importante salientar que nos Estados Unidos e na Inglaterra, Segundo Zina
Abreu, os movimentos pelo sufrágio tiveram duas facetas, uma constitucionalista, no
qual a luta era contida, com ordem, apenas no campo das ideias, tentando inserir
esses valores na sociedade e na política por meio do discurso, no qual as
integrantes eram conhecidas como sufragistas; e a faceta militante, que estabeleceu
uma luta agressiva, como a dos operários ingleses no século XIX, quebrando
literalmente instituições que representavam o poder, portanto, eram conhecidas por
suffragettes. (ABREU, 2002: 461-2)
A organização NUWSS—National Union of Women’s Suffrage Societies,
fundada em 1897, representava as Sufragistas e a WSPU—Women’s Social and
Political Union, fundada em 1903, representava as Suffragettes, mesmo as
instituições seguindo cada qual uma opinião acerca da ação feminista, todas foram
de extrema importância no processo de emancipação da mulher inglesa, não apenas
elas que eram mais expressivas, mas as pequenas instituições também.
Em 1913, a suffragette Emily Davison em um ato de loucura e bravura jogou-
se na frente do cavalo do Rei Jorge V, tentando atrair atenção para sua causa,
Emilly morreu, mas deixou ainda mais forte as reivindicações, pois, em seu enterro
os protestos foram violentos e causaram comoção.
Contudo, mesmo após muita luta das feministas, foi apenas após a Primeira
Guerra Mundial, no qual as mulheres participaram de diversas formas, e ajudaram a
definir o conflito, que finalmente foi dado o direito ao voto as inglesas com mais de
30 anos, só abaixando a idade mínima, em 1928, para 21 anos.
O feminismo e o sufrágio nos Estados Unidos
Junto ao movimento abolicionista no século XIX, mulheres americanas,
questionavam seu estatuto social, que era parecido com o dos negros escravos, elas
eram como parte da propriedade do marido. A luta contra a violência da escravidão
deu voz e impulsionou as americanas a reivindicarem seus direitos. Mas, é apenas
9
em 1866 com a conquista do direito ao voto dos Negros, que a luta feminista separa-
se do movimento abolicionista e sufragista negro.
As irmãs Sarah e Angelina Grimké, foram às primeiras mulheres a poder falar
em público, segundo Zina Abreu, isso trouxe voz às opiniões femininas, e trouxe o
espaço necessário à luta árdua que viria, pois, é apenas no século XX, que as
mulheres americanas conquistam o direito ao voto.
Na primeira metade do século XIX, mulheres como Hannah Mather Crocker,
Frances Wright e Margaret Fuller influenciadas por Mary Wollstonecraft, promovem
em alguns Estados, debates e palestras sobre a educação da mulher americana.
Fuller anos mais tarde escreve um livro Woman in the Nineteenth Century (1845),
em que questiona a situação do negro e da mulher na sociedade. Portanto, como já
abordado, nos Estados Unidos a questão da mulher é levantada juntamente a
questão do negro, ao movimento abolicionista.
Segundo Zina Abreu:
Foi esta tradição cultural e corrente ideológica — produto da evolução do
pensamento teológico, filosófico e constitucional britânico, sobretudo durante
o período entre a Reforma da Igreja do século XVI e a Revolução de
Independência da América (1776) — que constituiu a plataforma a partir da
qual surgiram os movimentos libertatários, entre os quais se incluem os
movimentos abolicionistas e os feministas. (ABREU, 2002: 453)
Foi baseado nos ideais de liberdade e de igualdade expressos na Declaração
de Independência da América, que mulheres como Seneca Falls, Elizabeth Cady
Stanton, Susan Anthony e outras figuras importantes para a luta feminista
americana, entre os séculos XVIII e XIX, baseavam seus discursos em prol da
emancipação da mulher americana e do sufrágio.
Alguns anos depois, em 1869 foi fundada a revista ‘National Woman Suffrage
Association’, pelas pró-sufragistas Elizabeth Stanton, Susan Anthony e Lucy Stone e
com o passar dos anos várias outras revistas e instituições seguiram no caminho ao
sufrágio universal como a ‘International Women’s Suffrage Alliance’, que tinha sua
sede em Londres, mas tinha como presidente a americana Susan Anthony.
Susan Anthony foi figura importantíssima no processo de abolição da
escravidão e na luta feminista pelo sufrágio. Durante a Guerra Civil Americana,
10
1861-1865, Susan foi incumbida de coletar assinaturas, e conscientizar os cidadãos
americanos de que a escravidão deveria chegar ao fim, pois, não fazia sentido com
os ideais americanos e com a Declaração de Independência, que pregava a
liberdade e igualdade. Em 1863 é declarada a abolição por Abraham Lincoln e mais
tarde em 1870 foi aprovada a emenda na constituição americana, que garantia o
direito ao voto, a todos os cidadãos independentemente da cor. Mas a luta pró-
sufrágio continuava, organizando passeatas, manifestações de rua, debates,
discursos, travando uma luta no congresso. Susan continuou defendendo o voto
feminino até a sua morte em 1906, no qual aumentou a violência e indignação nas
manifestações, portanto, Susan não viu seu sonho se realizar, mas em 1916
Jeannette Rankin torna-se a primeira deputada pelo Estado de Montana, e continuou
levantando sua bandeira.
Contudo, apenas em 1920, após longa luta de Susan Anthony e de várias
mulheres não apenas no mundo público, mas também do privado, que é
estabelecida a 19º emenda na Constituição Americana, no qual o direito ao voto e a
atuação política não pode ser mais restrita a nenhum sexo, ou seja, finalmente o
voto passa a ser um direito da mulher americana.
O feminismo e o sufrágio no Brasil
Desde a segunda metade do século XIX, juntamente a luta pró-abolição,
algumas mulheres, de classes sociais abastadas, questionavam a submissão da
mulher frente ao homem, e principalmente o direito de estudarem, no Brasil e
também no exterior. Aproveitando o momento de extrema agitação política, essas
mulheres fizeram barulho, principalmente nos grandes centros urbanos, como São
Paulo e Rio de Janeiro. Mas com o fim da escravidão a luta foi perdendo força,
retomando somente nos anos 20.
As mulheres dos anos 20 no Brasil já estavam inseridas nas fábricas, na vida
e no cotidiano que até então estava restrito ao universo masculino. Mulheres de
classes sociais mais altas já estudavam no exterior. As mulheres tomavam os
espaços públicos e expandiam suas oportunidades de emprego e carreira.
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Os movimentos em prol dos direitos da mulher no Brasil tomaram rumos
parecidos com a Inglaterra, pois se dividiam em grupos, as divisões mais distintas
eram as femininas e as feministas. A luta feminina estava mais alinhada à mulher
como mãe e esposa que exerce sua cidadania, buscando creches, união nas
famílias, paz e questionando problemas socioeconômicos. A luta feminista buscava
igualdade de direitos entre os sexos, buscava a educação igualitária, direitos
trabalhistas, salários iguais, melhores condições de trabalho, e um novo papel da
mulher na sociedade, não sendo apenas mãe e esposa. (SINGER, 1983: 109-39)
Havia militantes mais brandas como Bertha Lutz, que buscavam na política
um caminho para seus objetivos, que não debatiam profundamente alguns temas e
que feririam as grandes instituições da época. Já as feministas mais radicais, não
ponderavam, organizavam manifestações, apoiavam partidos de esquerda e greves
de operárias.
A luta feminista mais radical tomou forma, nos anos 20, junto às operárias nas
fábricas. Muitas mulheres eram contratadas para trabalharem em cargos iguais aos
masculinos, mas por salários menores e condições precárias, neste contexto, muitas
operárias feministas lutaram contra a exploração e o preconceito de que eram
vítimas, mobilizavam greves, manifestações, protestos e passeatas, mas nem
sempre eram apoiadas por um número significativo de trabalhadoras, pois eram
consideradas radicais e por isso, mal vistas pela sociedade da época.
Já no contexto da luta feminina muitos foram os argumentos levantados pelas
mulheres, durantes às primeiras décadas do que podemos chamar de reivindicação
das mulheres em vários setores, principalmente na educação. Um deles era que
uma mulher instruída poderia desenvolver melhor suas funções de esposa e mãe,
por sinal educaria melhor seus filhos, logo, seria parceira de seu marido e não serva.
Outro argumento das mulheres menos radicais era a questão da renda familiar, pois,
apenas os salários dos maridos não eram suficientes.
Bertha Lutz foi grande expoente do feminismo mais ameno do início do século
XX, pois, sua principal reivindicação era educação de qualidade e igualitária.
Segundo Macedo, Lutz nasceu em 1894, fez Biologia na França, foi casada e
separou anos depois, lutou pela emancipação da mulher, pelo voto e por direitos
12
trabalhistas como a licença maternidade. Em 1919, fundou a Liga para a
Emancipação Intelectual da Mulher, o que em 1922 se tornaria a Federação
Brasileira pelo Progresso Feminino, foi à segunda mulher a trabalhar no setor
público, foi a primeira suplente de deputado federal e participou da elaboração da
Constituição de 1934 que trouxe a igualdade de direitos políticos as mulheres
brasileiras. (MACEDO, 2003: 92)
Maria Lacerda de Moura foi outra importante militante do feminismo no Brasil.
Em 1918, publicou o livro chamado Em Torno da Educação, no qual já expressava
suas ideias de que a libertação da mulher se daria em torno da educação. Lutou
contra os ideais do totalitarismo fascista e do clericalismo. Defendia a mudança do
papel social da mulher, que se restringia a procriação e submissão ao homem. Foi
uma mulher de vanguarda, pois foi grande defensora da igualdade de direitos entre
homens e mulheres. (MACEDO, 2003: 93)
A luta pelo voto se deu neste contexto, mulheres como Lutz e Moura, de
classe burguesa, que tinham influência e prestigio no mundo dos homens, levaram
essas discussões até senadores e deputados. A Liga para Emancipação da Mulher
foi criada com esse intuito, de reunir um pequeno grupo de mulheres da alta
burguesia, que discutiriam questões como o sufrágio feminino, o papel social da
mulher, a educação feminina e outros assuntos ligados à emancipação da mulher
em vários âmbitos. Sobretudo, tentavam uma luta amena, que não atacasse
diretamente as grandes instituições, como a Igreja Católica.
A Liga, criada por Lutz e Moura foi ganhando espaço, e organizando em
vários Estados, reuniões a cerca dos direitos femininos, mais tarde A Liga para
Emancipação da Mulher tornou-se Liga para Emancipação Feminina, que ainda foi
sucedida pela Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, que organizou o I
Congresso Internacional Feminista no Rio de Janeiro, em 7 de setembro de 1922, no
qual reuniram grandes lideranças feministas e simpatizantes da causa.
Segundo Macedo, anos mais tarde a luta conseguiu apoio do deputado
Juvenal Lamartine, que foi eleito governador do Estado do Rio Grande do Norte,
após a vitória, Lamartine organizou uma nova legislação, que incluía o direito ao
voto feminino nas eleições estaduais e municipais. A lei vigorou em 25 de outubro de
13
1927, uma grande vitória para as feministas do Estado, mas os votos das mulheres
potiguares não foram computados na primeira votação, o que trouxe grande
desapontamento e levou as feministas a formularem o Manifesto Feminista,
declarando os direitos da mulher. (MACEDO, 2003: 98-9)
Em 1930, com o início do governo Vargas, a luta feminista tornou-se mais
difícil, mas a FBPF continuou sua abordagem de aproximação com as instituições de
poder. Tornando-se praticamente um movimento sufragista e não mais um
movimento em prol dos direitos da mulher, a FBPF foi ganhando apoio incluindo da
Igreja Católica, pois declaravam que o voto feminino não feriria as convicções da
Igreja. Com o apoio da Igreja e do Estado, em 24 de fevereiro de 1932 o voto
feminino tornou-se finalmente Lei pelo Decreto número 21.176.
Contudo, após a vitória feminina ao conseguir finalmente o direito de
igualdade política entre homens e mulheres, a luta feminista perdeu força, só
retomada com a segunda onda feminista nos anos 70, esse fenômeno aconteceu
em vários países, a exemplo a Inglaterra, no qual após o Sufrágio, os ânimos se
acalmaram, e os movimentos feministas foram se diluindo até desaparecem em
muitas regiões. Sobretudo, havia muito a alcançar no contexto dos direitos das
mulheres no Brasil, pois, o voto não era suficiente para acabar com a desigualdade
entre os sexos, ou mesmo para mudar o papel social da mulher, portanto, foram
necessários alguns anos de interiorização da sociedade sobre esses novos valores,
essas novas ideias, que de novas não tinham nada, mas que no inconsciente
coletivo foram durante anos repudiadas.
O cinema e sua influência
Do final dos anos 30 até fins dos anos 60 o movimento feminista diminuiu sua
militância, mas os avanços no contexto da mulher continuaram caminhando, a
passos lentos, mas seguindo um caminho importante, de mudanças subjetivas nos
valores sociais. Os temas como divórcio, trabalho e carreira feminina, maternidade,
educação, comportamento e casamento foram sendo abordados com aspectos
diferentes das décadas anteriores. A sociedade passou a conviver com a
14
contradição das velhas e novas opiniões e visões sobre esses temas, a música, o
teatro, a moda e o cinema foram importantes propagadores de novas abordagens
sobre esses assuntos. Portanto, é de extrema importância analisar o papel do
cinema hollywoodiano no contexto da abordagem desses temas, para o gradual
avanço da perspectiva da mulher em sociedade.
Nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo durante a primeira metade do
século XX, o cinema foi o principal entretenimento da população.
Em cidades de grande porte, como Rio de Janeiro ou São
Paulo, 80% da população frequentava as salas de exibição
centrais ou as de bairro pelo menos uma vez por semana.
Parte considerável deste grupo consumia materiais midiáticos
relacionados a este cinema, fosse por meio de colunas de
jornais, de revistas de variedades, de revistas especializadas,
ou de álbuns de fotografias. (MENEGUELLO, 1996: 11)
Os cinemas eram elegantes, bem frequentados, era o novo teatro, os
espectadores estavam ali para ver e para serem vistos, mas acima de tudo, o
cinema era a arte do real, expressava desejos, conflitos, amores, geravam opiniões,
reflexões e repúdio a diversos temas. O cinema hollywoodiano foi a grande
preferência, pois, eram filmes feitos para a massa, mas que representavam as
grandes contradições da época, as ideias feministas coexistiam com ideias
extremamente conservadoras, de uma forma ou de outra alguns filmes consagrados,
durante a primeira metade do século XX, abordavam temas como o divórcio, o
desejo pelo trabalho, as mulheres se tornaram personagens centrais das obras, ou
seja, a mente dos brasileiros era constantemente influenciada por esses novos
valores.
As salas de cinema se tornaram locais de sociabilidade e de liberdade, os
jovens encontraram um espaço para namorar, os solteiros buscavam companhia, os
amigos se encontravam. A sociedade cresceu e se modificou em torno das salas de
cinema.
O cinema hollywoodiano no Brasil foi muito consumido e não apenas os
filmes, mas todo universo construído por Hollywood. Os filmes hollywoodianos
tinham um público fiel. A lógica de vida americana, os filmes de faroeste, os dramas,
as comédias, os romances chamavam a atenção de muitos brasileiros.
15
Na obra de Meneguello é possível analisar outro modelo hollywoodiano que
fez muito sucesso no Brasil, o Star System, que produzia a vida de seus artistas,
que criava padrões de personalidade, comportamento e vendia nas revistas de
fofocas e especializadas em cinema. Os brasileiros consumiam as histórias sobre
seus artistas preferidos, consumiam os produtos utilizados por eles, como produtos
de beleza, roupas, sapatos, penteados e comidas preferidas. (MENEGUELLO, 1996:
97; 100; 102-3)
A vida, o comportamento, as opiniões sobre diversos assuntos eram
influenciados pelos filmes, pelos comportamentos das atrizes, sobre as vidas fictícias
que viveram e sobre a vida real. O cinema tornou-se uma das artes mais
abrangentes, pois, era consumido em diferentes camadas sociais, e foi
homogeneizando as diferentes sociedades no padrão de vida americano, o american
way of life.
[...]Os filmes retratando o modo de vida americano, os dramas
e histórias de amor encarnados pelos artistas favoritos e os
seriados de aventura e suspense participaram da formação de
um público cativo e profundamente envolvido com as temáticas
hollywoodianas em sua estética peculiar. (MENEGUELLO,
1996: 12)
Sobretudo, a análise dos temas que envolvem as contradições sobre a mulher
e seu papel social, seus direitos, seu comportamento, é mais abrangente
observando os filmes que marcaram essas décadas conflitantes.
Sobre os filmes
No filme consagrado em 1939, E o vento levou, do diretor Vitor Flaming, o
papel principal é reservado a uma mulher, a atriz Vivien Leigh, que interpreta a
peculiar Scarlett O’Hara, garota mimada do Sul dos Estados Unidos. O filme é
ambientado nos anos em que ocorre a Guerra Civil Americana entre 1861 e 1865,
mas aborda também os anos prósperos do pós-guerra em que os Estados Unidos
tentam se erguer novamente. Scarlett é uma moça bonita, jovem, elegante e rica,
que se encontra na miséria, quando os homens vão para guerra, e o sul perde.
Apaixonada por um homem que não a ama, Ashley Wilkes, filho do fazendeiro
16
vizinho, se casa no inicio do filme com uma garota doce, oposto de Scarlett. Com
seu amor não correspondido, a ganância, coragem e determinação de Scarlett para
enriquecer novamente, ela se casa três vezes, a primeira por ciúmes, segunda por
interesse e terceira por conveniência. Scarlett é uma personagem forte, de
personalidade, que arrisca tudo para conseguir realizar seus desejos, que em muitas
situações não tem remorso de passar por cima de ninguém, e mesmo assim, não é
representada como vilã, mas sim como uma mulher complexa, que com todos os
defeitos, ainda cativa o público e chama a atenção com sua força.
Em Gilda, 1946, a personagem principal, estrelada por Rita Hayworth, dá
nome à obra. O filme criado por Charles Vidor tem como ambientação um Cassino
na Argentina. A obra é produzida em preto e branco, classificando o tipo de filme,
Gilda é considerado um filme Noir, que é caracterizado por filmes policiais, no qual
os personagens tem personalidade ambígua, não são exemplos da moral da época,
são produzidos em preto e branco, normalmente em meios urbanos, com narrativas
niilistas, cheios de paranoia, medo, conflitos morais e éticos, cinismo e
desconfiança. Herança do expressionismo alemão, os filmes Noir fizeram sucesso
durante o pós-guerra. Sobretudo, Gilda é um filme intenso, no qual a mulher está no
centro da obra, caracterizada como mulher fatal, a protagonista se casa com um
figurão argentino. Ao ir morar com seu marido e aproveitar o mundo proibido do
Cassino, ela encontra seu antigo caso, que se tornou braço direito de seu marido
nos negócios, a presença dela incomoda fortemente Johnny, que sofre percebendo
o amor que ainda sente por Gilda, mas que é totalmente proibido, causando-lhes
risco de morte pela traição iminente. Gilda é representada como uma mulher forte,
que brinca com o perigo enganando o marido em seus encontros com outros
homens para fazer ciúmes ao antigo amor, Gilda caminha entre a vanguarda
pretendendo o divórcio, e a submissão, apanhando de seu marido mafioso em
algumas cenas, portanto, Gilda é a representação das contradições de valores
presentes na sociedade do período.
Na Comédia Musical, Ardida como Pimenta, de 1953, a personagem principal
leva fama de durona, Calamity Jane, estrelada por Doris Day, é uma mulher
peculiar, pois, é uma aventureira, que luta com os índios, anda armada, utiliza uma
linguagem masculina e se veste como um Cowboy. A comédia western é
17
ambientada no Velho Oeste, retrata a luta por território, dos garimpeiros e Cowboys
da região contra os Índios. Calamity, ao tentar ajudar o amigo, dono do Saloon da
cidade, a encontrar uma cantora famosa para substituir a atração que não apareceu
no bar, e deixou os frequentadores irritados e insatisfeitos, vai á Chicago, onde
encontra a suposta cantora. Sonhando com a fama a camareira da famosa cantora,
se passa por ela, aceita o convite e vai a Deadwood Stage, fazer à apresentação.
Desmascarada, a falsa cantora vai embora, mas Calamity impede o retorno á
Chicago, e a leva para morar com ela. Calamity, então, toma contato, com o mundo
feminino, impressionando a cidade com trajes femininos em uma festa. Calamity se
envolve em um triângulo amoroso, pois sempre foi apaixonada por seu amigo Danny
Gilmartin, que deseja namorar a falsa cantora Katie Brown, agora amiga de
Calamity, logo, a protagonista se vê decepcionada com a amiga e com sua mudança
para agrada-lo, no desenrolar da história ela descobre que o amor estava ao lado, e
que não era necessário à mudança no seu visual e nem no seu comportamento para
encontrar o verdadeiro amor. Calamity muda razoavelmente sua roupa, mas não sua
personalidade. Como personagem central, ela aborda um tema importante na vida
das mulheres, a mudança pelo amor, de forma engraçada leva a reflexão, Calamity
como personagem de personalidade forte, que não desiste de ser quem é, encanta
os espectadores, e deixa claro os problemas com os padrões comportamentais
imposto ás mulheres.
Em Confidências á Meia Noite, a atriz Doris Day interpreta Jan, uma moça de
mais ou menos 30 anos, que mora sozinha, trabalha, tem uma carreira como
decoradora, e que sofre alguns preconceitos por ainda não ser casada. O filme de
Michael Gordon, de 1959, retrata os problemas enfrentados pelas mulheres
modernas do período, que queriam trabalhar, ter uma carreira, mas ainda
alimentavam o sonho do matrimônio. Jan, ao enfrentar problemas em sua linha
telefônica, que era dividida com seu vizinho Brad, um compositor musical, que ficava
pendurado ao telefone com suas namoradas, foi reclamar na companhia telefônica e
sofreu forte descriminação pela reclamação. Jan começa a sair com seu vizinho sem
saber, pois, ele quer conquista-la fingindo ser outra pessoa, um fazendeiro rico, que
conquista a atenção de Jan com galanteios românticos. Durante todo o filme, a
personagem de Jan condena a grosseria do vizinho Brad, e não dá importância as
investidas de um amigo, que aparentemente supre um carinho especial por ela. A
18
personagem de Day procura o verdadeiro amor, mas não se importa de permanecer
sozinha, caso não o encontre, pois, não acredita no casamento apenas para ser
bem vista na sociedade nem ao menos para ter uma vida estável, pois o próprio
trabalho já lhe dá. A personagem de Jan representa as mulheres de opinião, que ao
final dos anos 50, já não aceitavam relacionamentos apenas como base do seu
sustento, representa mulheres que ainda acreditavam no casamento, por influência
de uma sociedade patriarcal, mas que já não planejavam suas vidas para o lar.
Divórcio
Sobre o que versa então esse clichê? Usando como fio condutor o próprio
discurso difundido pela mídia, em sua banalização e velocidade
características, a reportagem da revista Manchete, “Os anos 50, a década do
sonho dourado”, começa a responder. Nas fotos, as normalistas do Instituto
de Educação fazem ginástica com sainhas, e depois tiram fotos em poses de
amizade bem-comportadas. Entrevistados vão desfilando seus relatos sobre a
época, ressaltando a autoridade que possuem para falar dela – pois, se afinal
estavam lá, é dado ao seu relato o estatuto de verdade, identificando a
memória á história. Nesse procedimento, esquece-se de que os entrevistados
criam e são produto da criação da imagem de uma época, não possuindo
nada que os redima de participar da revitalização dos clichês e de um
retrabalhar de imagens e ideias. (MENEGUELLO, 1996: 57)
Observando o fragmento de texto tirado do Livro Poeira de Estrelas, de
Cristina Meneguello, podemos observar que os anos 40 e 50 foram alvo de um
clichê, criado pela mídia e pela memória sobre o período. Logo as Mulheres
“certinhas”, que viviam para a família e para os filhos, não eram uma unanimidade
como as revistas e a memória sobre o período querem demonstrar. Os filmes
descritos acima servem como um parâmetro de que as mulheres eram complexas, e
que temas como o divórcio, um tabu extremamente mal visto no período, segundo o
estudo de Meneguello, eram pensados e debatidos pelas mulheres. Não apenas as
feministas nos anos 20, mas as mulheres que não estavam envolvidas nos
movimentos em prol dos direitos das mulheres, já estavam por dentro destes temas,
tomados como pautas nos filmes e nas revistas.
O divórcio em Gilda e E o vento Levou, são exemplos disso, pois, a
personagem Gilda, cansada de viver um amor proibido e de ser casada com um
19
homem que não amava, e que por vezes mostrou-se violento, passou a pensar em ir
para outro país atrás do divórcio e de se ver livre para viver a vida como quisesse e
com quem quisesse. É válido analisar que mulheres, nos países em que o filme foi
reproduzido, que se encontravam na mesma situação que a personagem Gilda,
levantasse a mesma questão que ela. Mulheres que não estavam vivendo este
drama hollywoodiano, provavelmente discutiriam a questão a cerca do divórcio.
Em E o Vento Levou, a personagem Scarlett também passa pela questão da
separação, mas de forma diferente, seu terceiro marido, o vigarista Rhett, cansado
de todos os problemas matrimoniais e de perceber que Scarlett não o ama, rompe o
relacionamento. Sentido a separação, Scarlett procura um jeito de recomeçar e
lembra-se de sua terra, sua fazenda herdada do pai, logo, encontra-se novamente, e
o trabalho, a terra se torna sua nova família. Portanto, pode-se analisar o divórcio,
ou a separação no filme, não apenas como o fim da vida social da mulher, mas sim
como um recomeço, um novo caminho, que não é apenas a vida de esposa que
compõe a complexidade da mulher.
Trabalho e Carreira
O trabalho feminino como já foi observado, começou ainda no final do século
XIX. As mulheres pobres tiveram mais cedo o contato com o universo do trabalho,
pois a renda de seus maridos não era suficiente. Mas o trabalho encarado como
libertador, como um caminho para a emancipação começou a ser levado em
consideração em torno dos anos 20, com as feministas, como Lutz. O cinema como
gerador e difusor de ideias e comportamentos, não deixou de abordar esse tema.
Em E o Vento Levou, a personagem Scarlett é gananciosa, e quando perde toda sua
fortuna por conta da guerra se encontra desesperada, mas mesmo sendo uma
garota mimada, organiza as mulheres da região, e alguns homens que não foram
para a guerra, para trabalharem nas terras de Tara, sua fazenda, pois, estavam
praticamente sem alimentos. Mais tarde, em seu segundo casamento, toma conta de
todo o patrimônio de seu marido e gerencia seus negócios. Scarlett foi retratada no
filme como uma mulher forte, que se reestrutura em qualquer situação, uma mulher
20
que trabalha e que mesmo muitas vezes passando por cima da ética, encontra um
caminho para seu sustento e prosperidade.
No filme Ardida como Pimenta, a questão do trabalho também está presente,
a protagonista Calamity, é uma Cowgirl, que aparentemente ganha seu sustento
guerreando contra índios para tomar posse das terras locais. Seu trabalho é
equiparado, no filme, ao dos homens, sem grandes distinções, gerando até a sua
masculinidade, mas Calamity não encontra nenhum problema em manusear armas,
e era extremamente respeitada no mundo masculino no que diz respeito a sua
pontaria.
Mas é no filme Confidências á Meia Noite, que a questão do trabalho é
significativa, na perspectiva de trabalho emancipador, pois, a personagem Jan é
uma moça independente, que trabalha como decoradora e tinha uma vida
confortável. Jan vivia em um prédio bonito, tinha uma empregada doméstica e era
muito competente em seu trabalho. Mas sua postura independente incomodava a
sociedade ao seu redor, como podemos perceber na cena em que ela vai à empresa
de telefonia e é mal tratada pelo atendente por reclamar do seu vizinho namorador.
Uma mulher solteira, beirando os 30, que mora sozinha e não tem namorado era
muito mal vista socialmente. Esta cena fictícia de Jan foi à realidade durante muitas
décadas do século XX, mas que o cinema já questionava.
Maternidade
A História da mulher sempre esteve relacionada à maternidade. Desde os
anos 20, como já foi observado, as feministas lutavam contra o papel social da
mulher de mãe e esposa. Um grande tabu, durante a primeira metade do século XX,
foram às mulheres que não se identificavam com a maternidade.
No filme E o Vento Levou, a protagonista Scarlett conviveu com essa
realidade. Scarlett foi casada três vezes, durante os dois primeiros casamentos, nos
quais ficou viúva, não teve filhos, mas no terceiro casamento com o vigarista Rhett
Butler, teve uma filha e na segunda gravidez perdeu o bebê. Nas cenas em que
Scarlett e Rhett estão com a filha é possível perceber a falta de afinidade dela com a
maternidade, os cuidados e carinhos com a criança são deixados a cargo do pai,
21
pois ela não é muito atenciosa ou amável. Quando descobre a segunda gravidez a
protagonista fica enfurecida, questiona o marido o que acontecerá com seu corpo,
culpa o marido e reflete que terá de amamentar novamente e que engordará, mas
seu marido ao contrário fica extremamente feliz com a novidade. No acidente em
que perde o bebê caindo da escada, Scarlett fica triste, mas fica evidente que seu
marido sofreu mais com a notícia. No segundo acidente em que sua filha cai do
cavalo e morre, seu marido beira a insanidade, e não quer ao menos enterrá-la,
Scarlet fica profundamente triste, mas mantém a calma para ajudar o marido.
Mulheres durante toda a história sofreram e porque não dizer que ainda
sofrem por não desejarem a maternidade. Com o filme recorde de bilheteria, E o
Vento Levou em 1939, a sociedade passou a ter contato com esse tema tão
polêmico, que foi sendo assimilado paulatinamente, mas que ainda hoje vemos
reflexos em nossa sociedade.
No filme Confidências á Meia Noite, outro tema polêmico é abordado quase
que subjetivamente, a maternidade fora do matrimônio. A protagonista, Jan, após
ser enganada por seu vizinho Brad descobre que o ama, mesmo com toda a mentira
contada por ele. Quando o casal se une pela primeira vez, a cena quase ao final do
filme mostra Jan grávida, deixando subjetiva a ideia de que os dois se uniram, mas
não oficialmente com o matrimônio, que relevante mesmo é o amor dos dois, logo,
gerou uma criança.
A gravidez fora do casamento foi outro tabu da primeira metade do século XX,
mas que também foi sendo assimilada pela sociedade durante as décadas que se
seguiram, até os anos 70, que com a nova onda do feminismo no Brasil, passou a
ser pauta de reivindicação. Contudo, podemos perceber que a questão da
maternidade fora do casamento, foi se desmistificando, que a sociedade passou a
encará-la com mais naturalidade, e o cinema como um difusor de comportamentos,
certamente influenciou durante as décadas do século XX na diminuição de padrões
morais tão enraizados como esse.
Educação
22
A Educação feminina foi outra pauta da luta feminista no Brasil. Segundo Lutz
e Moura, a emancipação da mulher só aconteceria por meio da educação. O Ensino
Básico em meados do século XX apenas existia para famílias de classes mais
abastadas. Com o advento da modernização do Brasil, no governo de Getúlio
Vargas, torna-se necessário inserir a classe popular na escola, pois a nascente
Indústria precisava de mão-de-obra minimamente instruída, precisava, então, de
trabalhadores especializados, de uma educação técnica. A escola pública, gratuita e
laica apenas será pensada por intelectuais do movimento denominado Escola Nova,
que por influência do filósofo estadunidense John Dewey (1859-1952), passou-se a
pensar a educação desligada da pedagogia tradicional, no qual o professor é centro
do ensino-aprendizagem, pois o aluno também está inserido neste processo.
As mulheres, que estavam inserindo-se no mercado de trabalho,
principalmente no setor industrial, foram beneficiadas por essa nova realidade, a
realidade escolar, mas claramente recebendo um ensino tecnicista, como fora
projetado pelo governo vigente. As mulheres da elite já estavam inseridas no
contexto escolar básico e também no ensino superior, como Bertha Lutz, que foi
para Paris estudar Biologia, mas para as mulheres da classe média, a educação
ainda era uma realidade distante, pois, não precisavam trabalhar, e não eram ricas o
suficiente para se graduarem fora do Brasil, e também estavam ainda enraizadas no
papel de mãe e esposa.
No filme Confidências á Meia Noite a protagonista Jan está inserida no
contexto das mulheres instruídas, pois, como decoradora, que mora sozinha e tem
uma carreira já estabelecida, é provável que tenha passado pela escola. Podemos
supor que se a personagem trabalha em uma loja de móveis e decoração, e faz
projetos para diferentes casas, visita os clientes, supostamente deva ter uma boa
dicção, deve ter estudado os modelos de decoração que estavam em voga no
período, e que saiba ler, escrever, interpretar, e que tenha um bom raciocínio lógico.
O mesmo acontece com Scarlett em E o Vento Levou, pois, o filme também
não deixa claro o processo educacional em que a personagem foi inserida, mas
analisando a classe social da personagem e sua habilidade em gerenciar os
negócios de seu segundo marido, podemos perceber que era instruída.
23
É correto então analisar que, mulheres que após assistir filmes como os
citados, que desejassem sua emancipação como Jan, ou desejassem a perspicácia
de Scarlett nos negócios, certamente relacionariam a educação como meio para
realizarem seus desejos.
Casamento
Em Poeira de Estrelas, a autora analisa que o casamento é abordado nas
revistas brasileiras como um rumo pros desajustados, como sonho que se realiza
para as moças solteiras, ou seja, como um ideal de vida, mas os filmes retratavam
também o mau casamento, a tristeza da infidelidade e da falta de amor entre os
cônjuges. (MENEGUELLO, 1997: 147-64)
Em Gilda, o casamento da protagonista e o dono do Cassino Ballin Mundson
não era feliz, ela aparentemente não o amava, casou-se para mudar de vida, e ainda
guardava sentimentos por seu ex caso, que tornou-se seu amante. Seu marido com
ciúmes tornou-se violento, transformando sua vida em sofrimento constante.
Em E o Vento Levou, a personagem principal também não foi feliz em seus
casamentos, pois, amava Ashley Wilkes, mas não era correspondida. Quase ao fim
de seu terceiro casamento, Scarlett descobre que já tinha esquecido Ashley e que
gostava de Rhett seu parceiro, mas já era tarde demais.
Más há também retratado nos filmes os amores clássicos, o Happy end, que
não estava necessariamente ligado ao casamento, mas a felicidade, a encontrar o
parceiro certo e seguir a vida.
Em Confidências a Meia Noite, o casal Jan e Brad, depois de toda confusão,
finalmente chegam ao happy end, ficam juntos e não fica claro que oficializaram a
união, mas o amor supera tudo, até mesmo os padrões morais, os preconceitos.
Em Ardida Como Pimenta, o amor chega até Calamity e lhe ensina uma lição,
que não é necessário mudar de vida e/ou personalidade para encontrar o amor, que
quem te ama terá que amar por ser quem é, e não tentar mudá-la.
24
O casamento, como todos os aspectos observados, é contraditório. Foi
durante muitos séculos a única realidade feminina, foi idealizado e corria o risco de
ser o martírio de uma vida. Os filmes românticos, com o final feliz entre os casais,
foram muito bem aceitos entre as mulheres brasileiras, que choravam e idealizavam
o casamento perfeito, se de um lado era ruim esse parâmetro tão alto para um
casamento feliz, por outro foi certamente positivo, pois o casamento por amor, a
procura pela felicidade, deixou as mulheres cada vez mais exigentes, procurando o
parceiro perfeito e tornando cada vez mais ultrapassada a ideia do casamento
arranjado.
Contudo, com as mulheres se inserindo no mercado de trabalho, estudando,
tomando o espaço público, observando no cinema que o casamento não é mais
necessário para garantir sua sobrevivência e conforto, que casar por comodidade
pode ser um martírio, que o homem certo deve lhe aceitar e caminhar ao seu lado, a
mentalidade feminina sobre seu papel social, sobre sua realidade, vai mudando e
por consequência mudando lentamente a sociedade.
Considerações Finais
O avanço cultural é muito significativo em qualquer processo de mudança,
mas o avanço se forma em meio a contradições. Sempre existe um período de
transição e este recorte é um deles, é o período de maturação de novos valores.
Trabalhar com cinema que é uma expressão artística e cultural nos permite observar
as contradições, mas também nos permite analisar os avanços, as formas de
abordagens de certos temas, mas devemos levar em consideração que a arte é
subjetiva, que as análises sobre a cultura de determinado período e lugar são
complexas de serem analisadas.
Com os filmes podemos observar como os temas foram sendo retratados,
como o divórcio, que nos filmes analisados, não era retratado necessariamente
como o fim da vida social da mulher, que a educação e a carreira feminina eram
meios para sua emancipação, que a maternidade não era o único futuro feminino,
que existiam mulheres que não desejavam ser mães, que o casamento nem sempre
25
era o melhor caminho, que era necessário procurar um parceiro pela afetividade,
pois o casamento para o sustento não era mais necessário.
Mas não podemos afirmar categoricamente que essas abordagens chegaram
a todas as mulheres, e que chegaram da mesma forma, que foram aceitas ou bem
vistas, pois não estamos tratando de política, de certo ou errado, mas sim de
sentimentos, sensações, opiniões e comportamentos, mas podemos analisar que se
o cinema fora tão bem aceito nas sociedades urbanas brasileiras, certamente esses
temas foram abordados, que esses filmes foram assistidos e refletidos por seus
expectadores.
Na década seguinte ao período analisado, as feministas dos anos 70 vão
abordar exatamente estes temas, vão reivindicar direitos, mas principalmente
reivindicar a mudança da mentalidade a cerca da mulher, logo, esse período de 30
anos que antecede o movimento não pode ser ignorado, pois foi ali que o debate
começou não no Congresso, não em passeatas, não em manifestações, mas nos
bares, nas casas, nos cinemas, nas janelas, nas conversas.
Para a História das mentalidades, 94 anos é pouco tempo, logo, ainda
podemos refletir sobre os reflexos desses temas até os dias atuais, pois como foi
observado algumas opiniões não mudaram, alguns comportamentos não se
modificaram, como a questão da mulher que não quer ser mãe, ela ainda é mal vista
e cobrada pela sociedade por um desejo que ela não tem, e não precisamos ir tão
longe para essa análise, pois está na casa do vizinho, no trabalho e até em nós
mesmos.
Lista de Fontes
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26
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A influência do cinema hollywoodiano na emancipação feminina brasileira

  • 1. 1 “A INFLUÊNCIA DO CINEMA HOLLYWOODIANO NO PROCESSO DE EMANCIPAÇÃO DA MULHER BRASILEIRA” Aline Rocha Bortoti Prof. Ms. Roberto Marcelo Caresia RESUMO: O cinema foi um elemento que favoreceu a propagação de ideias e de um projeto de sociedade. Mais precisamente o cinema hollywoodiano levou o American Way of Life para os países onde suas películas foram exibidas. Como difusor de comportamentos, ele trouxe à tona questionamentos referentes à questão da condição social da mulher, abordando os mais variados temas em seus filmes como o casamento, o divórcio, a maternidade, o trabalho e a educação das mulheres. Podemos observar que os filmes E o vento levou (1939), Gilda (1946), Ardida como pimenta (1953) e Confidências à meia-noite (1959) atuam como transmissores destes questionamentos, mesmo que em meio a diversas contradições, favoreceram a naturalização de valores modernos, que serão levantados como pauta nos anos 70 com a segunda onda feminista. PALAVRAS-CHAVE: Cinema; Hollywood; Feminismo; Emancipação da Mulher Brasileira; ABSTRACT: The film was an element that favored the spread of ideas and a project of society. More specifically the Hollywood cinema led the American Way of Life for countries where his films were shown. As behaviors diffuser, he brought up questions regarding the issue of social status of women, addressing various themes in his films such as marriage, divorce, motherhood, work and education of women. We can see that the film Gone with the Wind (1939), Gilda (1946), Calamity Jane (1953) and Pillow Talk (1959) act as transmitters of these questions, even in the midst of many contradictions, favored the naturalization modern values, which will be raised as an subjects in the 70s with the second feminist wave. KEY-WORDS: Film; Hollywood; Feminism; Emancipation of Brazilian Women;
  • 2. 2 Introdução O processo de emancipação da mulher brasileira foi uma longa trajetória. Ele se deu por uma diversidade de influências que ainda está em processo. As mulheres desde o século XIX lutavam por galgar mais espaço na sociedade, por conseguir equiparar seus direitos aos masculinos. Nesta perspectiva o cinema, a música, a modernização do Brasil, a influência americana foram importantes disseminadores de novos valores. O Brasil foi parte do projeto americano de reestruturação da sua economia, após a crise de 1929. Com os olhos voltados para os brasileiros e seu mercado em potencial, os Estados Unidos criaram ícones como a atriz e cantora portuguesa Carmem Miranda, que fez sucesso entre os anos de 1928 e 1955, e a criação do personagem Zé Carioca em 1943, no filme Alô, amigos, que revelam ainda mais essa postura imperialista e cultural. A partir de então, a presença norte-americana no Brasil somente aumentou, durante os governos de Dutra (1946-1950) e Juscelino Kubitschek (1956-1960), principalmente. A partir da década de 1930, o Brasil já sofria influência americana em outros aspectos. O Feminismo no Brasil sofreu influência direta dos movimentos das mulheres americanas e inglesas, os ideais de igualdade advindos do liberalismo econômico americano e a divisão de métodos de luta feminista, herança inglesa foram importantes para a organização teórica e prática do movimento feminista brasileiro. Após a vitória no Congresso, e finalmente conseguir o direito ao voto, a luta feminina perde força, tornando mais lento o processo de emancipação da mulher, que não necessitava apenas do direito ao voto, mas o direito ao respeito e tratamento igual entre homens e mulheres. É neste momento que o cinema se torna tão importante como grande difusor de comportamentos e valores, pois atingia grande parte da população como iremos observar nos capítulos que seguem este trabalho. O cinema traz para o Brasil novas perspectivas femininas, temas contraditórios, que ora estão alinhados com ideias modernas, de cunho feminista, ora com ideias extremamente conservadoras, que traduzem bem o recorte temporal
  • 3. 3 do final da década de 1930 até o início dos anos 60, mas que foram de extrema importância, pois a contradição traz a tona discussões sobre os diferentes temas que envolvem as mulheres e ainda lentamente vai naturalizando o que a sociedade encarava com repúdio. Uma Breve História de Hollywood O cinema nasce em 1895, com o cinematógrafo, construído pelos irmãos Lumiére, em Paris. Era caracterizado por fotografias que em sequência criavam movimento, isso gerou o espanto e admiração do público parisiense, que participou da primeira apresentação pública. Desde então, o que ficou conhecido como a sétima arte, se espalhou pelo mundo e foi absorvendo novas tecnologias para o seu aprimoramento, e, por consequência, seduziu o mundo por sua beleza em reproduzir o “real”. O cinema surge e se populariza nos Estados Unidos, segundo o artigo de Angrisano, nos bairros operários americanos como Nova York e Chicago. Curiosamente os estúdios americanos, não foram formados pela classe dominante americana, mas sim por pequenos comerciantes, na maioria judeus, como Daryl Zanuck, Samuel Bronston e Samuel Goldwyn, que controlavam os Estúdios Fox, Universal e Paramount. (ANGRISANO, 2005: 14) Após a Primeira Guerra Mundial o polo cinematográfico vai se mudando para Los Angeles, na Califórnia, por conta até mesmo da maior possibilidade de gravarem cenas fora dos estúdios, pois o clima no litoral era mais favorável. Com isso, estabelece o que conhecemos como a cidade dos sonhos. Os Studios Metro- Godwyn-Mayer, Columbia, Universal, Paramount, United Artists, que produziam filmes mudos durante o início do século XX, iniciaram o que posteriormente foi chamado de a era dos Estúdios de Hollywood. Hollywood criou sua própria linguagem cinematográfica, com padrões de câmera, recortando, focalizando ou expandindo imagens para passar sensações específicas aos espectadores.
  • 4. 4 Filmar então pode ser visto como um ato de recortar o espaço, de determinado ângulo, em imagens, com uma finalidade expressiva. Por isso, diz-se que filmar é uma atividade de análise. Depois, na composição do filme, as imagens filmadas são colocadas uma após as outras. Essa reunião das imagens, a montagem, é então uma atividade de síntese. (BERNARDET,1985: 36-7). A montagem cria a linguagem de determinado diretor, é alma do filme e que determina a sequência da narrativa. A ideia do “enquanto isso” da literatura demorou um pouco para chegar ao cinema, pois é um conceito de linguagem mais aprimorado, duas cenas acontecendo ao mesmo tempo sendo mostradas em paralelo, uma após a outra, mas que dão a entender ao espectador que são simultâneas. O cineasta americano D.W. Griffith foi uns dos primeiros, se não o primeiro, a utilizar uma linguagem mais aprimorada em seus filmes: Nascimento de uma Nação, de 1915, e Intolerância, de 1916, pois, foi o primeiro que claramente recortava as cenas e as selecionava em sequência temporal. Outros tipos de linguagens como a do cinema Europeu e do Russo foram criadas, mas a de Hollywood foi a que mais foi consumida pelo público comum. Seguindo uma ordem cronológica e observando outros aspectos sobre os Estados Unidos podemos perceber que eles saíram da Primeira Guerra como a maior potência industrial dos anos 1920, atingindo, em 1929, a fatia de 42% da produção industrial mundial. E saíram também como primeiro país credor do mundo. Esses foram os chamados “Loucos anos 20”, no qual os EUA eram o símbolo do desenvolvimento capitalista, porém com a quebra da Bolsa de Nova York em 1929, toda essa prosperidade é freada, pois, a crise leva as indústrias americanas a despedirem milhares de funcionários, e a mecanização da agricultura outros milhares. Mas o cinema toma o caminho contrário, pois, com a inovação do som junto as imagens, o cinema americano atinge novas proporções, torna-se então a Indústria do entretenimento, o que ajuda no processo de reorganização da economia norte-americana. Em 1927, o nascimento de novas tecnologias permitiu a implantação do som junto às produções cinematográficas. O filme The Jazz Singer (O cantor de Jazz) de 1927, foi um musical produzido pelo estúdio Warner (que entrará para o páreo dos
  • 5. 5 grandes estúdios com a sincronização do som com a imagem), foi o primeiro filme sonoro. Este filme não era inteiramente sonoro, mas continha alguns diálogos e canções que eram sincronizadas com as imagens. Portanto, o cinema hollywoodiano toma espaço no cenário mundial e torna-se a maior indústria cinematográfica do mundo, passando a exportar suas películas por todos os continentes do globo. Com o advento do som, muitos atores e atrizes de Hollywood perderam seus empregos, afinal suas vozes não eram agradáveis ao público, o que gerou algumas fofocas em revistas especializadas, mesmo depois de anos, e também filmes sobre os artistas nos quais suas carreiras foram ceifadas com o advento das novas tecnologias. Ao passar dos anos Hollywood aprimora suas produções, com tecnologia, linguagens mais elaboradas, criando e trabalhando com gêneros específicos, mas acima de tudo, criando seu celeiro de estrelas. O star system é parte principal na formação da Indústria cinematográfica, criando a imagem das estrelas de Hollywood, criando fãs fiéis que assistiriam determinado filme, apenas por serem estrelados por seus atores favoritos. Segundo Meneguello, a utilização do modelo Star System, nas décadas de 40 e 50, criou-se as estrelas, principalmente atrizes, para vender suas imagens. Os filmes lançavam atores, porém, na mídia, a vida das atrizes era esmiuçada, os bastidores faziam tanto ou mais sucesso do que os próprios filmes. Os contratos já estabeleciam qual seria a imagem que determinado ator ou atriz deveria ter em sua vida particular, as revistas exploravam-nos até a exaustão. Os produtos das estrelas de Hollywood eram usados em propagandas de revistas especializadas, o público de cinema consumia muito mais que os filmes, consumiam todo o universo produzido e veiculado por Hollywood. (MENEGUELLO, 1996: 97) Contudo, o Brasil também foi influenciado por esse cinema, e por todo universo criado por Hollywood. A mídia brasileira especializada em cinema sofreu forte influencia do Star System e das grandes obras hollywoodianas. O Brasil consumia tudo que vinha dos Estados Unidos, tecnologia, produtos alimentícios, produtos de beleza, o cinema, e, por consequência a cultura, que foi importante no processo de formação de valores da população.
  • 6. 6 O feminismo e o sufrágio na Inglaterra Segundo o artigo, Luta das mulheres pelo direito de voto: movimentos sufragistas na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, de Zina Abreu, a primeira pensadora que se ateve a questão da mulher na Inglaterra foi Mary Wollstonecraft, que com a obra A Vindication of the Rights of Woman (1792) expôs sua indignação, sobretudo, a diferença da educação feminina para a masculina, e argumentava que esta era a causa das diferenças políticas e sociais sobre os sexos. Fortemente influenciada pelas teorias dos filósofos Francis Bacon e de John Locke, reivindicava os mesmo avanços no âmbito da liberdade e direitos civis para as mulheres. Seu livro influenciou mulheres inglesas e americanas a pensarem seus direitos e reivindicarem mais espaço na política de seus países. (ABREU, 2002: 443) Segundo Zina Abreu foi baseado na lógica protestante de seu período, de que os cristãos deveriam resistir a qualquer forma de opressão e violação dos direitos divinos, que as mulheres passaram a pensar em seus direitos, logo: Foi a percepção da sua ‘igualdade cristã’ que levou as mulheres a se consciencializarem da sua desigualdade civil: se como cristãs tinham ‘almas iguais’, como cidadãs deveriam ser, tal como os homens, também detentoras de direitos naturais e inalienáveis. Foi esse despertar de consciência cívica que dotou as mulheres dessa geração revolucionária do estímulo e coragem suficientes para intervirem no domínio público, desafiarem as autoridades civis e eclesiásticas, desobedecerem ao pai, irmão ou marido, escreverem, publicarem e expressarem publicamente e de viva voz as suas crenças e opiniões, de teor político, civil e teológico. Foi dessa geração de mulheres britânicas politicamente activas e alfabetizadas que, já nos fins do século XVII, surgiram as primeiras escritoras proto-feministas, como Margaret Cavendish, duquesa de Newcastle, Bathsua Makin e Mary Astell, cujo discurso e consciencialização sócio-políticos prenunciam os das feministas, sufragistas e sufragetes de gerações ainda remotas. (ABREU, 2002: 446) Por consequência, destes questionamentos no século XVIII, e também da maior abertura da importância da mulher, até mesmo dentro do próprio lar, que a perspectiva da mulher em um âmbito público, vai aumentando, criando novos espaços. Peter Gay, em seu livro O Século de Schnitzler: A formação da cultura da classe média (1815-1914), já analisava o aumento da importância social da mulher,
  • 7. 7 que em seu lar participava das decisões, mesmo que ainda na esfera pública fosse considerada inferior ao homem, dentro de casa, ela tomava as decisões juntamente a seu marido, a exemplo disso, o controle de natalidade era assunto e certa decisão da mulher, que por querer preservar sua família e seu bem estar, resolvia não ter muitos filhos. (GAY, 2002: 68) Em um artigo de seu livro póstumo, Tempos Fraturados, Eric Hobsbawm aponta que no período da bella époque, as mulheres de classe média europeia já frequentavam universidades e tomavam contato com ideias diferentes. Para ele, esse contato com ideias novas e percepções de mundo facilitaria a organização dos movimentos pela igualdade jurídica e emancipação feminina, a partir da década de 1920. (HOBSBAWM, 2013: 121-41) Sobretudo, a educação e um aumento nos índices de instrução, podem ser observados, como importantes para os questionamentos que as mulheres do século XIX promoveram, pois, a leitura, por exemplo, possibilitava o contato com artigos e livros como o de Mary Wollstonecraft. Além da luta intelectual e nas ruas das mulheres Inglesas, o apoio de alguns homens, de influência, dos meios políticos e filosóficos, que possibilitou a formação de instituições e debates sobre a importância social da mulher, o sufrágio e a igualdade de direitos. John Stuart Mill foi um desses homens, que influenciado pelo feminismo de sua esposa Harriet Taylor Mill escreveu um ensaio Enfranchisement of Women (1851), no qual defendia o direito das mulheres ao sufrágio. Portanto, na Inglaterra em meados do século XIX formou-se então a maior organização pelo sufrágio feminino de até então, a ‘NUWSS—National Union of Women’s Suffrage Societies’, que levou a luta a âmbito internacional, reforçou e aprimorou as reivindicações na Grã-Bretanha e também nos Estados Unidos. Em 1866, John Stuart Mill apresentou uma proposta, ao Parlamento Inglês, de emenda que concederia o direito ao voto para a mulher. Apesar disso, a emenda não foi aprovada por uma minoria de votos a favor. Em 1884, uma nova emenda foi apresentada ao Parlamento e outra vez derrotada, mas entre as derrotas, já existia a presença feminina nas eleições, pois, desde que a mulher tivesse propriedades como os homens, poderiam votar. Mas mesmo com o voto ligado as propriedades, as suffragettes (ativistas da causa
  • 8. 8 feminista) continuaram em defesa ao voto para todas as mulheres, sem distinção de renda, ou qualquer outra. É importante salientar que nos Estados Unidos e na Inglaterra, Segundo Zina Abreu, os movimentos pelo sufrágio tiveram duas facetas, uma constitucionalista, no qual a luta era contida, com ordem, apenas no campo das ideias, tentando inserir esses valores na sociedade e na política por meio do discurso, no qual as integrantes eram conhecidas como sufragistas; e a faceta militante, que estabeleceu uma luta agressiva, como a dos operários ingleses no século XIX, quebrando literalmente instituições que representavam o poder, portanto, eram conhecidas por suffragettes. (ABREU, 2002: 461-2) A organização NUWSS—National Union of Women’s Suffrage Societies, fundada em 1897, representava as Sufragistas e a WSPU—Women’s Social and Political Union, fundada em 1903, representava as Suffragettes, mesmo as instituições seguindo cada qual uma opinião acerca da ação feminista, todas foram de extrema importância no processo de emancipação da mulher inglesa, não apenas elas que eram mais expressivas, mas as pequenas instituições também. Em 1913, a suffragette Emily Davison em um ato de loucura e bravura jogou- se na frente do cavalo do Rei Jorge V, tentando atrair atenção para sua causa, Emilly morreu, mas deixou ainda mais forte as reivindicações, pois, em seu enterro os protestos foram violentos e causaram comoção. Contudo, mesmo após muita luta das feministas, foi apenas após a Primeira Guerra Mundial, no qual as mulheres participaram de diversas formas, e ajudaram a definir o conflito, que finalmente foi dado o direito ao voto as inglesas com mais de 30 anos, só abaixando a idade mínima, em 1928, para 21 anos. O feminismo e o sufrágio nos Estados Unidos Junto ao movimento abolicionista no século XIX, mulheres americanas, questionavam seu estatuto social, que era parecido com o dos negros escravos, elas eram como parte da propriedade do marido. A luta contra a violência da escravidão deu voz e impulsionou as americanas a reivindicarem seus direitos. Mas, é apenas
  • 9. 9 em 1866 com a conquista do direito ao voto dos Negros, que a luta feminista separa- se do movimento abolicionista e sufragista negro. As irmãs Sarah e Angelina Grimké, foram às primeiras mulheres a poder falar em público, segundo Zina Abreu, isso trouxe voz às opiniões femininas, e trouxe o espaço necessário à luta árdua que viria, pois, é apenas no século XX, que as mulheres americanas conquistam o direito ao voto. Na primeira metade do século XIX, mulheres como Hannah Mather Crocker, Frances Wright e Margaret Fuller influenciadas por Mary Wollstonecraft, promovem em alguns Estados, debates e palestras sobre a educação da mulher americana. Fuller anos mais tarde escreve um livro Woman in the Nineteenth Century (1845), em que questiona a situação do negro e da mulher na sociedade. Portanto, como já abordado, nos Estados Unidos a questão da mulher é levantada juntamente a questão do negro, ao movimento abolicionista. Segundo Zina Abreu: Foi esta tradição cultural e corrente ideológica — produto da evolução do pensamento teológico, filosófico e constitucional britânico, sobretudo durante o período entre a Reforma da Igreja do século XVI e a Revolução de Independência da América (1776) — que constituiu a plataforma a partir da qual surgiram os movimentos libertatários, entre os quais se incluem os movimentos abolicionistas e os feministas. (ABREU, 2002: 453) Foi baseado nos ideais de liberdade e de igualdade expressos na Declaração de Independência da América, que mulheres como Seneca Falls, Elizabeth Cady Stanton, Susan Anthony e outras figuras importantes para a luta feminista americana, entre os séculos XVIII e XIX, baseavam seus discursos em prol da emancipação da mulher americana e do sufrágio. Alguns anos depois, em 1869 foi fundada a revista ‘National Woman Suffrage Association’, pelas pró-sufragistas Elizabeth Stanton, Susan Anthony e Lucy Stone e com o passar dos anos várias outras revistas e instituições seguiram no caminho ao sufrágio universal como a ‘International Women’s Suffrage Alliance’, que tinha sua sede em Londres, mas tinha como presidente a americana Susan Anthony. Susan Anthony foi figura importantíssima no processo de abolição da escravidão e na luta feminista pelo sufrágio. Durante a Guerra Civil Americana,
  • 10. 10 1861-1865, Susan foi incumbida de coletar assinaturas, e conscientizar os cidadãos americanos de que a escravidão deveria chegar ao fim, pois, não fazia sentido com os ideais americanos e com a Declaração de Independência, que pregava a liberdade e igualdade. Em 1863 é declarada a abolição por Abraham Lincoln e mais tarde em 1870 foi aprovada a emenda na constituição americana, que garantia o direito ao voto, a todos os cidadãos independentemente da cor. Mas a luta pró- sufrágio continuava, organizando passeatas, manifestações de rua, debates, discursos, travando uma luta no congresso. Susan continuou defendendo o voto feminino até a sua morte em 1906, no qual aumentou a violência e indignação nas manifestações, portanto, Susan não viu seu sonho se realizar, mas em 1916 Jeannette Rankin torna-se a primeira deputada pelo Estado de Montana, e continuou levantando sua bandeira. Contudo, apenas em 1920, após longa luta de Susan Anthony e de várias mulheres não apenas no mundo público, mas também do privado, que é estabelecida a 19º emenda na Constituição Americana, no qual o direito ao voto e a atuação política não pode ser mais restrita a nenhum sexo, ou seja, finalmente o voto passa a ser um direito da mulher americana. O feminismo e o sufrágio no Brasil Desde a segunda metade do século XIX, juntamente a luta pró-abolição, algumas mulheres, de classes sociais abastadas, questionavam a submissão da mulher frente ao homem, e principalmente o direito de estudarem, no Brasil e também no exterior. Aproveitando o momento de extrema agitação política, essas mulheres fizeram barulho, principalmente nos grandes centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro. Mas com o fim da escravidão a luta foi perdendo força, retomando somente nos anos 20. As mulheres dos anos 20 no Brasil já estavam inseridas nas fábricas, na vida e no cotidiano que até então estava restrito ao universo masculino. Mulheres de classes sociais mais altas já estudavam no exterior. As mulheres tomavam os espaços públicos e expandiam suas oportunidades de emprego e carreira.
  • 11. 11 Os movimentos em prol dos direitos da mulher no Brasil tomaram rumos parecidos com a Inglaterra, pois se dividiam em grupos, as divisões mais distintas eram as femininas e as feministas. A luta feminina estava mais alinhada à mulher como mãe e esposa que exerce sua cidadania, buscando creches, união nas famílias, paz e questionando problemas socioeconômicos. A luta feminista buscava igualdade de direitos entre os sexos, buscava a educação igualitária, direitos trabalhistas, salários iguais, melhores condições de trabalho, e um novo papel da mulher na sociedade, não sendo apenas mãe e esposa. (SINGER, 1983: 109-39) Havia militantes mais brandas como Bertha Lutz, que buscavam na política um caminho para seus objetivos, que não debatiam profundamente alguns temas e que feririam as grandes instituições da época. Já as feministas mais radicais, não ponderavam, organizavam manifestações, apoiavam partidos de esquerda e greves de operárias. A luta feminista mais radical tomou forma, nos anos 20, junto às operárias nas fábricas. Muitas mulheres eram contratadas para trabalharem em cargos iguais aos masculinos, mas por salários menores e condições precárias, neste contexto, muitas operárias feministas lutaram contra a exploração e o preconceito de que eram vítimas, mobilizavam greves, manifestações, protestos e passeatas, mas nem sempre eram apoiadas por um número significativo de trabalhadoras, pois eram consideradas radicais e por isso, mal vistas pela sociedade da época. Já no contexto da luta feminina muitos foram os argumentos levantados pelas mulheres, durantes às primeiras décadas do que podemos chamar de reivindicação das mulheres em vários setores, principalmente na educação. Um deles era que uma mulher instruída poderia desenvolver melhor suas funções de esposa e mãe, por sinal educaria melhor seus filhos, logo, seria parceira de seu marido e não serva. Outro argumento das mulheres menos radicais era a questão da renda familiar, pois, apenas os salários dos maridos não eram suficientes. Bertha Lutz foi grande expoente do feminismo mais ameno do início do século XX, pois, sua principal reivindicação era educação de qualidade e igualitária. Segundo Macedo, Lutz nasceu em 1894, fez Biologia na França, foi casada e separou anos depois, lutou pela emancipação da mulher, pelo voto e por direitos
  • 12. 12 trabalhistas como a licença maternidade. Em 1919, fundou a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher, o que em 1922 se tornaria a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, foi à segunda mulher a trabalhar no setor público, foi a primeira suplente de deputado federal e participou da elaboração da Constituição de 1934 que trouxe a igualdade de direitos políticos as mulheres brasileiras. (MACEDO, 2003: 92) Maria Lacerda de Moura foi outra importante militante do feminismo no Brasil. Em 1918, publicou o livro chamado Em Torno da Educação, no qual já expressava suas ideias de que a libertação da mulher se daria em torno da educação. Lutou contra os ideais do totalitarismo fascista e do clericalismo. Defendia a mudança do papel social da mulher, que se restringia a procriação e submissão ao homem. Foi uma mulher de vanguarda, pois foi grande defensora da igualdade de direitos entre homens e mulheres. (MACEDO, 2003: 93) A luta pelo voto se deu neste contexto, mulheres como Lutz e Moura, de classe burguesa, que tinham influência e prestigio no mundo dos homens, levaram essas discussões até senadores e deputados. A Liga para Emancipação da Mulher foi criada com esse intuito, de reunir um pequeno grupo de mulheres da alta burguesia, que discutiriam questões como o sufrágio feminino, o papel social da mulher, a educação feminina e outros assuntos ligados à emancipação da mulher em vários âmbitos. Sobretudo, tentavam uma luta amena, que não atacasse diretamente as grandes instituições, como a Igreja Católica. A Liga, criada por Lutz e Moura foi ganhando espaço, e organizando em vários Estados, reuniões a cerca dos direitos femininos, mais tarde A Liga para Emancipação da Mulher tornou-se Liga para Emancipação Feminina, que ainda foi sucedida pela Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, que organizou o I Congresso Internacional Feminista no Rio de Janeiro, em 7 de setembro de 1922, no qual reuniram grandes lideranças feministas e simpatizantes da causa. Segundo Macedo, anos mais tarde a luta conseguiu apoio do deputado Juvenal Lamartine, que foi eleito governador do Estado do Rio Grande do Norte, após a vitória, Lamartine organizou uma nova legislação, que incluía o direito ao voto feminino nas eleições estaduais e municipais. A lei vigorou em 25 de outubro de
  • 13. 13 1927, uma grande vitória para as feministas do Estado, mas os votos das mulheres potiguares não foram computados na primeira votação, o que trouxe grande desapontamento e levou as feministas a formularem o Manifesto Feminista, declarando os direitos da mulher. (MACEDO, 2003: 98-9) Em 1930, com o início do governo Vargas, a luta feminista tornou-se mais difícil, mas a FBPF continuou sua abordagem de aproximação com as instituições de poder. Tornando-se praticamente um movimento sufragista e não mais um movimento em prol dos direitos da mulher, a FBPF foi ganhando apoio incluindo da Igreja Católica, pois declaravam que o voto feminino não feriria as convicções da Igreja. Com o apoio da Igreja e do Estado, em 24 de fevereiro de 1932 o voto feminino tornou-se finalmente Lei pelo Decreto número 21.176. Contudo, após a vitória feminina ao conseguir finalmente o direito de igualdade política entre homens e mulheres, a luta feminista perdeu força, só retomada com a segunda onda feminista nos anos 70, esse fenômeno aconteceu em vários países, a exemplo a Inglaterra, no qual após o Sufrágio, os ânimos se acalmaram, e os movimentos feministas foram se diluindo até desaparecem em muitas regiões. Sobretudo, havia muito a alcançar no contexto dos direitos das mulheres no Brasil, pois, o voto não era suficiente para acabar com a desigualdade entre os sexos, ou mesmo para mudar o papel social da mulher, portanto, foram necessários alguns anos de interiorização da sociedade sobre esses novos valores, essas novas ideias, que de novas não tinham nada, mas que no inconsciente coletivo foram durante anos repudiadas. O cinema e sua influência Do final dos anos 30 até fins dos anos 60 o movimento feminista diminuiu sua militância, mas os avanços no contexto da mulher continuaram caminhando, a passos lentos, mas seguindo um caminho importante, de mudanças subjetivas nos valores sociais. Os temas como divórcio, trabalho e carreira feminina, maternidade, educação, comportamento e casamento foram sendo abordados com aspectos diferentes das décadas anteriores. A sociedade passou a conviver com a
  • 14. 14 contradição das velhas e novas opiniões e visões sobre esses temas, a música, o teatro, a moda e o cinema foram importantes propagadores de novas abordagens sobre esses assuntos. Portanto, é de extrema importância analisar o papel do cinema hollywoodiano no contexto da abordagem desses temas, para o gradual avanço da perspectiva da mulher em sociedade. Nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo durante a primeira metade do século XX, o cinema foi o principal entretenimento da população. Em cidades de grande porte, como Rio de Janeiro ou São Paulo, 80% da população frequentava as salas de exibição centrais ou as de bairro pelo menos uma vez por semana. Parte considerável deste grupo consumia materiais midiáticos relacionados a este cinema, fosse por meio de colunas de jornais, de revistas de variedades, de revistas especializadas, ou de álbuns de fotografias. (MENEGUELLO, 1996: 11) Os cinemas eram elegantes, bem frequentados, era o novo teatro, os espectadores estavam ali para ver e para serem vistos, mas acima de tudo, o cinema era a arte do real, expressava desejos, conflitos, amores, geravam opiniões, reflexões e repúdio a diversos temas. O cinema hollywoodiano foi a grande preferência, pois, eram filmes feitos para a massa, mas que representavam as grandes contradições da época, as ideias feministas coexistiam com ideias extremamente conservadoras, de uma forma ou de outra alguns filmes consagrados, durante a primeira metade do século XX, abordavam temas como o divórcio, o desejo pelo trabalho, as mulheres se tornaram personagens centrais das obras, ou seja, a mente dos brasileiros era constantemente influenciada por esses novos valores. As salas de cinema se tornaram locais de sociabilidade e de liberdade, os jovens encontraram um espaço para namorar, os solteiros buscavam companhia, os amigos se encontravam. A sociedade cresceu e se modificou em torno das salas de cinema. O cinema hollywoodiano no Brasil foi muito consumido e não apenas os filmes, mas todo universo construído por Hollywood. Os filmes hollywoodianos tinham um público fiel. A lógica de vida americana, os filmes de faroeste, os dramas, as comédias, os romances chamavam a atenção de muitos brasileiros.
  • 15. 15 Na obra de Meneguello é possível analisar outro modelo hollywoodiano que fez muito sucesso no Brasil, o Star System, que produzia a vida de seus artistas, que criava padrões de personalidade, comportamento e vendia nas revistas de fofocas e especializadas em cinema. Os brasileiros consumiam as histórias sobre seus artistas preferidos, consumiam os produtos utilizados por eles, como produtos de beleza, roupas, sapatos, penteados e comidas preferidas. (MENEGUELLO, 1996: 97; 100; 102-3) A vida, o comportamento, as opiniões sobre diversos assuntos eram influenciados pelos filmes, pelos comportamentos das atrizes, sobre as vidas fictícias que viveram e sobre a vida real. O cinema tornou-se uma das artes mais abrangentes, pois, era consumido em diferentes camadas sociais, e foi homogeneizando as diferentes sociedades no padrão de vida americano, o american way of life. [...]Os filmes retratando o modo de vida americano, os dramas e histórias de amor encarnados pelos artistas favoritos e os seriados de aventura e suspense participaram da formação de um público cativo e profundamente envolvido com as temáticas hollywoodianas em sua estética peculiar. (MENEGUELLO, 1996: 12) Sobretudo, a análise dos temas que envolvem as contradições sobre a mulher e seu papel social, seus direitos, seu comportamento, é mais abrangente observando os filmes que marcaram essas décadas conflitantes. Sobre os filmes No filme consagrado em 1939, E o vento levou, do diretor Vitor Flaming, o papel principal é reservado a uma mulher, a atriz Vivien Leigh, que interpreta a peculiar Scarlett O’Hara, garota mimada do Sul dos Estados Unidos. O filme é ambientado nos anos em que ocorre a Guerra Civil Americana entre 1861 e 1865, mas aborda também os anos prósperos do pós-guerra em que os Estados Unidos tentam se erguer novamente. Scarlett é uma moça bonita, jovem, elegante e rica, que se encontra na miséria, quando os homens vão para guerra, e o sul perde. Apaixonada por um homem que não a ama, Ashley Wilkes, filho do fazendeiro
  • 16. 16 vizinho, se casa no inicio do filme com uma garota doce, oposto de Scarlett. Com seu amor não correspondido, a ganância, coragem e determinação de Scarlett para enriquecer novamente, ela se casa três vezes, a primeira por ciúmes, segunda por interesse e terceira por conveniência. Scarlett é uma personagem forte, de personalidade, que arrisca tudo para conseguir realizar seus desejos, que em muitas situações não tem remorso de passar por cima de ninguém, e mesmo assim, não é representada como vilã, mas sim como uma mulher complexa, que com todos os defeitos, ainda cativa o público e chama a atenção com sua força. Em Gilda, 1946, a personagem principal, estrelada por Rita Hayworth, dá nome à obra. O filme criado por Charles Vidor tem como ambientação um Cassino na Argentina. A obra é produzida em preto e branco, classificando o tipo de filme, Gilda é considerado um filme Noir, que é caracterizado por filmes policiais, no qual os personagens tem personalidade ambígua, não são exemplos da moral da época, são produzidos em preto e branco, normalmente em meios urbanos, com narrativas niilistas, cheios de paranoia, medo, conflitos morais e éticos, cinismo e desconfiança. Herança do expressionismo alemão, os filmes Noir fizeram sucesso durante o pós-guerra. Sobretudo, Gilda é um filme intenso, no qual a mulher está no centro da obra, caracterizada como mulher fatal, a protagonista se casa com um figurão argentino. Ao ir morar com seu marido e aproveitar o mundo proibido do Cassino, ela encontra seu antigo caso, que se tornou braço direito de seu marido nos negócios, a presença dela incomoda fortemente Johnny, que sofre percebendo o amor que ainda sente por Gilda, mas que é totalmente proibido, causando-lhes risco de morte pela traição iminente. Gilda é representada como uma mulher forte, que brinca com o perigo enganando o marido em seus encontros com outros homens para fazer ciúmes ao antigo amor, Gilda caminha entre a vanguarda pretendendo o divórcio, e a submissão, apanhando de seu marido mafioso em algumas cenas, portanto, Gilda é a representação das contradições de valores presentes na sociedade do período. Na Comédia Musical, Ardida como Pimenta, de 1953, a personagem principal leva fama de durona, Calamity Jane, estrelada por Doris Day, é uma mulher peculiar, pois, é uma aventureira, que luta com os índios, anda armada, utiliza uma linguagem masculina e se veste como um Cowboy. A comédia western é
  • 17. 17 ambientada no Velho Oeste, retrata a luta por território, dos garimpeiros e Cowboys da região contra os Índios. Calamity, ao tentar ajudar o amigo, dono do Saloon da cidade, a encontrar uma cantora famosa para substituir a atração que não apareceu no bar, e deixou os frequentadores irritados e insatisfeitos, vai á Chicago, onde encontra a suposta cantora. Sonhando com a fama a camareira da famosa cantora, se passa por ela, aceita o convite e vai a Deadwood Stage, fazer à apresentação. Desmascarada, a falsa cantora vai embora, mas Calamity impede o retorno á Chicago, e a leva para morar com ela. Calamity, então, toma contato, com o mundo feminino, impressionando a cidade com trajes femininos em uma festa. Calamity se envolve em um triângulo amoroso, pois sempre foi apaixonada por seu amigo Danny Gilmartin, que deseja namorar a falsa cantora Katie Brown, agora amiga de Calamity, logo, a protagonista se vê decepcionada com a amiga e com sua mudança para agrada-lo, no desenrolar da história ela descobre que o amor estava ao lado, e que não era necessário à mudança no seu visual e nem no seu comportamento para encontrar o verdadeiro amor. Calamity muda razoavelmente sua roupa, mas não sua personalidade. Como personagem central, ela aborda um tema importante na vida das mulheres, a mudança pelo amor, de forma engraçada leva a reflexão, Calamity como personagem de personalidade forte, que não desiste de ser quem é, encanta os espectadores, e deixa claro os problemas com os padrões comportamentais imposto ás mulheres. Em Confidências á Meia Noite, a atriz Doris Day interpreta Jan, uma moça de mais ou menos 30 anos, que mora sozinha, trabalha, tem uma carreira como decoradora, e que sofre alguns preconceitos por ainda não ser casada. O filme de Michael Gordon, de 1959, retrata os problemas enfrentados pelas mulheres modernas do período, que queriam trabalhar, ter uma carreira, mas ainda alimentavam o sonho do matrimônio. Jan, ao enfrentar problemas em sua linha telefônica, que era dividida com seu vizinho Brad, um compositor musical, que ficava pendurado ao telefone com suas namoradas, foi reclamar na companhia telefônica e sofreu forte descriminação pela reclamação. Jan começa a sair com seu vizinho sem saber, pois, ele quer conquista-la fingindo ser outra pessoa, um fazendeiro rico, que conquista a atenção de Jan com galanteios românticos. Durante todo o filme, a personagem de Jan condena a grosseria do vizinho Brad, e não dá importância as investidas de um amigo, que aparentemente supre um carinho especial por ela. A
  • 18. 18 personagem de Day procura o verdadeiro amor, mas não se importa de permanecer sozinha, caso não o encontre, pois, não acredita no casamento apenas para ser bem vista na sociedade nem ao menos para ter uma vida estável, pois o próprio trabalho já lhe dá. A personagem de Jan representa as mulheres de opinião, que ao final dos anos 50, já não aceitavam relacionamentos apenas como base do seu sustento, representa mulheres que ainda acreditavam no casamento, por influência de uma sociedade patriarcal, mas que já não planejavam suas vidas para o lar. Divórcio Sobre o que versa então esse clichê? Usando como fio condutor o próprio discurso difundido pela mídia, em sua banalização e velocidade características, a reportagem da revista Manchete, “Os anos 50, a década do sonho dourado”, começa a responder. Nas fotos, as normalistas do Instituto de Educação fazem ginástica com sainhas, e depois tiram fotos em poses de amizade bem-comportadas. Entrevistados vão desfilando seus relatos sobre a época, ressaltando a autoridade que possuem para falar dela – pois, se afinal estavam lá, é dado ao seu relato o estatuto de verdade, identificando a memória á história. Nesse procedimento, esquece-se de que os entrevistados criam e são produto da criação da imagem de uma época, não possuindo nada que os redima de participar da revitalização dos clichês e de um retrabalhar de imagens e ideias. (MENEGUELLO, 1996: 57) Observando o fragmento de texto tirado do Livro Poeira de Estrelas, de Cristina Meneguello, podemos observar que os anos 40 e 50 foram alvo de um clichê, criado pela mídia e pela memória sobre o período. Logo as Mulheres “certinhas”, que viviam para a família e para os filhos, não eram uma unanimidade como as revistas e a memória sobre o período querem demonstrar. Os filmes descritos acima servem como um parâmetro de que as mulheres eram complexas, e que temas como o divórcio, um tabu extremamente mal visto no período, segundo o estudo de Meneguello, eram pensados e debatidos pelas mulheres. Não apenas as feministas nos anos 20, mas as mulheres que não estavam envolvidas nos movimentos em prol dos direitos das mulheres, já estavam por dentro destes temas, tomados como pautas nos filmes e nas revistas. O divórcio em Gilda e E o vento Levou, são exemplos disso, pois, a personagem Gilda, cansada de viver um amor proibido e de ser casada com um
  • 19. 19 homem que não amava, e que por vezes mostrou-se violento, passou a pensar em ir para outro país atrás do divórcio e de se ver livre para viver a vida como quisesse e com quem quisesse. É válido analisar que mulheres, nos países em que o filme foi reproduzido, que se encontravam na mesma situação que a personagem Gilda, levantasse a mesma questão que ela. Mulheres que não estavam vivendo este drama hollywoodiano, provavelmente discutiriam a questão a cerca do divórcio. Em E o Vento Levou, a personagem Scarlett também passa pela questão da separação, mas de forma diferente, seu terceiro marido, o vigarista Rhett, cansado de todos os problemas matrimoniais e de perceber que Scarlett não o ama, rompe o relacionamento. Sentido a separação, Scarlett procura um jeito de recomeçar e lembra-se de sua terra, sua fazenda herdada do pai, logo, encontra-se novamente, e o trabalho, a terra se torna sua nova família. Portanto, pode-se analisar o divórcio, ou a separação no filme, não apenas como o fim da vida social da mulher, mas sim como um recomeço, um novo caminho, que não é apenas a vida de esposa que compõe a complexidade da mulher. Trabalho e Carreira O trabalho feminino como já foi observado, começou ainda no final do século XIX. As mulheres pobres tiveram mais cedo o contato com o universo do trabalho, pois a renda de seus maridos não era suficiente. Mas o trabalho encarado como libertador, como um caminho para a emancipação começou a ser levado em consideração em torno dos anos 20, com as feministas, como Lutz. O cinema como gerador e difusor de ideias e comportamentos, não deixou de abordar esse tema. Em E o Vento Levou, a personagem Scarlett é gananciosa, e quando perde toda sua fortuna por conta da guerra se encontra desesperada, mas mesmo sendo uma garota mimada, organiza as mulheres da região, e alguns homens que não foram para a guerra, para trabalharem nas terras de Tara, sua fazenda, pois, estavam praticamente sem alimentos. Mais tarde, em seu segundo casamento, toma conta de todo o patrimônio de seu marido e gerencia seus negócios. Scarlett foi retratada no filme como uma mulher forte, que se reestrutura em qualquer situação, uma mulher
  • 20. 20 que trabalha e que mesmo muitas vezes passando por cima da ética, encontra um caminho para seu sustento e prosperidade. No filme Ardida como Pimenta, a questão do trabalho também está presente, a protagonista Calamity, é uma Cowgirl, que aparentemente ganha seu sustento guerreando contra índios para tomar posse das terras locais. Seu trabalho é equiparado, no filme, ao dos homens, sem grandes distinções, gerando até a sua masculinidade, mas Calamity não encontra nenhum problema em manusear armas, e era extremamente respeitada no mundo masculino no que diz respeito a sua pontaria. Mas é no filme Confidências á Meia Noite, que a questão do trabalho é significativa, na perspectiva de trabalho emancipador, pois, a personagem Jan é uma moça independente, que trabalha como decoradora e tinha uma vida confortável. Jan vivia em um prédio bonito, tinha uma empregada doméstica e era muito competente em seu trabalho. Mas sua postura independente incomodava a sociedade ao seu redor, como podemos perceber na cena em que ela vai à empresa de telefonia e é mal tratada pelo atendente por reclamar do seu vizinho namorador. Uma mulher solteira, beirando os 30, que mora sozinha e não tem namorado era muito mal vista socialmente. Esta cena fictícia de Jan foi à realidade durante muitas décadas do século XX, mas que o cinema já questionava. Maternidade A História da mulher sempre esteve relacionada à maternidade. Desde os anos 20, como já foi observado, as feministas lutavam contra o papel social da mulher de mãe e esposa. Um grande tabu, durante a primeira metade do século XX, foram às mulheres que não se identificavam com a maternidade. No filme E o Vento Levou, a protagonista Scarlett conviveu com essa realidade. Scarlett foi casada três vezes, durante os dois primeiros casamentos, nos quais ficou viúva, não teve filhos, mas no terceiro casamento com o vigarista Rhett Butler, teve uma filha e na segunda gravidez perdeu o bebê. Nas cenas em que Scarlett e Rhett estão com a filha é possível perceber a falta de afinidade dela com a maternidade, os cuidados e carinhos com a criança são deixados a cargo do pai,
  • 21. 21 pois ela não é muito atenciosa ou amável. Quando descobre a segunda gravidez a protagonista fica enfurecida, questiona o marido o que acontecerá com seu corpo, culpa o marido e reflete que terá de amamentar novamente e que engordará, mas seu marido ao contrário fica extremamente feliz com a novidade. No acidente em que perde o bebê caindo da escada, Scarlett fica triste, mas fica evidente que seu marido sofreu mais com a notícia. No segundo acidente em que sua filha cai do cavalo e morre, seu marido beira a insanidade, e não quer ao menos enterrá-la, Scarlet fica profundamente triste, mas mantém a calma para ajudar o marido. Mulheres durante toda a história sofreram e porque não dizer que ainda sofrem por não desejarem a maternidade. Com o filme recorde de bilheteria, E o Vento Levou em 1939, a sociedade passou a ter contato com esse tema tão polêmico, que foi sendo assimilado paulatinamente, mas que ainda hoje vemos reflexos em nossa sociedade. No filme Confidências á Meia Noite, outro tema polêmico é abordado quase que subjetivamente, a maternidade fora do matrimônio. A protagonista, Jan, após ser enganada por seu vizinho Brad descobre que o ama, mesmo com toda a mentira contada por ele. Quando o casal se une pela primeira vez, a cena quase ao final do filme mostra Jan grávida, deixando subjetiva a ideia de que os dois se uniram, mas não oficialmente com o matrimônio, que relevante mesmo é o amor dos dois, logo, gerou uma criança. A gravidez fora do casamento foi outro tabu da primeira metade do século XX, mas que também foi sendo assimilada pela sociedade durante as décadas que se seguiram, até os anos 70, que com a nova onda do feminismo no Brasil, passou a ser pauta de reivindicação. Contudo, podemos perceber que a questão da maternidade fora do casamento, foi se desmistificando, que a sociedade passou a encará-la com mais naturalidade, e o cinema como um difusor de comportamentos, certamente influenciou durante as décadas do século XX na diminuição de padrões morais tão enraizados como esse. Educação
  • 22. 22 A Educação feminina foi outra pauta da luta feminista no Brasil. Segundo Lutz e Moura, a emancipação da mulher só aconteceria por meio da educação. O Ensino Básico em meados do século XX apenas existia para famílias de classes mais abastadas. Com o advento da modernização do Brasil, no governo de Getúlio Vargas, torna-se necessário inserir a classe popular na escola, pois a nascente Indústria precisava de mão-de-obra minimamente instruída, precisava, então, de trabalhadores especializados, de uma educação técnica. A escola pública, gratuita e laica apenas será pensada por intelectuais do movimento denominado Escola Nova, que por influência do filósofo estadunidense John Dewey (1859-1952), passou-se a pensar a educação desligada da pedagogia tradicional, no qual o professor é centro do ensino-aprendizagem, pois o aluno também está inserido neste processo. As mulheres, que estavam inserindo-se no mercado de trabalho, principalmente no setor industrial, foram beneficiadas por essa nova realidade, a realidade escolar, mas claramente recebendo um ensino tecnicista, como fora projetado pelo governo vigente. As mulheres da elite já estavam inseridas no contexto escolar básico e também no ensino superior, como Bertha Lutz, que foi para Paris estudar Biologia, mas para as mulheres da classe média, a educação ainda era uma realidade distante, pois, não precisavam trabalhar, e não eram ricas o suficiente para se graduarem fora do Brasil, e também estavam ainda enraizadas no papel de mãe e esposa. No filme Confidências á Meia Noite a protagonista Jan está inserida no contexto das mulheres instruídas, pois, como decoradora, que mora sozinha e tem uma carreira já estabelecida, é provável que tenha passado pela escola. Podemos supor que se a personagem trabalha em uma loja de móveis e decoração, e faz projetos para diferentes casas, visita os clientes, supostamente deva ter uma boa dicção, deve ter estudado os modelos de decoração que estavam em voga no período, e que saiba ler, escrever, interpretar, e que tenha um bom raciocínio lógico. O mesmo acontece com Scarlett em E o Vento Levou, pois, o filme também não deixa claro o processo educacional em que a personagem foi inserida, mas analisando a classe social da personagem e sua habilidade em gerenciar os negócios de seu segundo marido, podemos perceber que era instruída.
  • 23. 23 É correto então analisar que, mulheres que após assistir filmes como os citados, que desejassem sua emancipação como Jan, ou desejassem a perspicácia de Scarlett nos negócios, certamente relacionariam a educação como meio para realizarem seus desejos. Casamento Em Poeira de Estrelas, a autora analisa que o casamento é abordado nas revistas brasileiras como um rumo pros desajustados, como sonho que se realiza para as moças solteiras, ou seja, como um ideal de vida, mas os filmes retratavam também o mau casamento, a tristeza da infidelidade e da falta de amor entre os cônjuges. (MENEGUELLO, 1997: 147-64) Em Gilda, o casamento da protagonista e o dono do Cassino Ballin Mundson não era feliz, ela aparentemente não o amava, casou-se para mudar de vida, e ainda guardava sentimentos por seu ex caso, que tornou-se seu amante. Seu marido com ciúmes tornou-se violento, transformando sua vida em sofrimento constante. Em E o Vento Levou, a personagem principal também não foi feliz em seus casamentos, pois, amava Ashley Wilkes, mas não era correspondida. Quase ao fim de seu terceiro casamento, Scarlett descobre que já tinha esquecido Ashley e que gostava de Rhett seu parceiro, mas já era tarde demais. Más há também retratado nos filmes os amores clássicos, o Happy end, que não estava necessariamente ligado ao casamento, mas a felicidade, a encontrar o parceiro certo e seguir a vida. Em Confidências a Meia Noite, o casal Jan e Brad, depois de toda confusão, finalmente chegam ao happy end, ficam juntos e não fica claro que oficializaram a união, mas o amor supera tudo, até mesmo os padrões morais, os preconceitos. Em Ardida Como Pimenta, o amor chega até Calamity e lhe ensina uma lição, que não é necessário mudar de vida e/ou personalidade para encontrar o amor, que quem te ama terá que amar por ser quem é, e não tentar mudá-la.
  • 24. 24 O casamento, como todos os aspectos observados, é contraditório. Foi durante muitos séculos a única realidade feminina, foi idealizado e corria o risco de ser o martírio de uma vida. Os filmes românticos, com o final feliz entre os casais, foram muito bem aceitos entre as mulheres brasileiras, que choravam e idealizavam o casamento perfeito, se de um lado era ruim esse parâmetro tão alto para um casamento feliz, por outro foi certamente positivo, pois o casamento por amor, a procura pela felicidade, deixou as mulheres cada vez mais exigentes, procurando o parceiro perfeito e tornando cada vez mais ultrapassada a ideia do casamento arranjado. Contudo, com as mulheres se inserindo no mercado de trabalho, estudando, tomando o espaço público, observando no cinema que o casamento não é mais necessário para garantir sua sobrevivência e conforto, que casar por comodidade pode ser um martírio, que o homem certo deve lhe aceitar e caminhar ao seu lado, a mentalidade feminina sobre seu papel social, sobre sua realidade, vai mudando e por consequência mudando lentamente a sociedade. Considerações Finais O avanço cultural é muito significativo em qualquer processo de mudança, mas o avanço se forma em meio a contradições. Sempre existe um período de transição e este recorte é um deles, é o período de maturação de novos valores. Trabalhar com cinema que é uma expressão artística e cultural nos permite observar as contradições, mas também nos permite analisar os avanços, as formas de abordagens de certos temas, mas devemos levar em consideração que a arte é subjetiva, que as análises sobre a cultura de determinado período e lugar são complexas de serem analisadas. Com os filmes podemos observar como os temas foram sendo retratados, como o divórcio, que nos filmes analisados, não era retratado necessariamente como o fim da vida social da mulher, que a educação e a carreira feminina eram meios para sua emancipação, que a maternidade não era o único futuro feminino, que existiam mulheres que não desejavam ser mães, que o casamento nem sempre
  • 25. 25 era o melhor caminho, que era necessário procurar um parceiro pela afetividade, pois o casamento para o sustento não era mais necessário. Mas não podemos afirmar categoricamente que essas abordagens chegaram a todas as mulheres, e que chegaram da mesma forma, que foram aceitas ou bem vistas, pois não estamos tratando de política, de certo ou errado, mas sim de sentimentos, sensações, opiniões e comportamentos, mas podemos analisar que se o cinema fora tão bem aceito nas sociedades urbanas brasileiras, certamente esses temas foram abordados, que esses filmes foram assistidos e refletidos por seus expectadores. Na década seguinte ao período analisado, as feministas dos anos 70 vão abordar exatamente estes temas, vão reivindicar direitos, mas principalmente reivindicar a mudança da mentalidade a cerca da mulher, logo, esse período de 30 anos que antecede o movimento não pode ser ignorado, pois foi ali que o debate começou não no Congresso, não em passeatas, não em manifestações, mas nos bares, nas casas, nos cinemas, nas janelas, nas conversas. Para a História das mentalidades, 94 anos é pouco tempo, logo, ainda podemos refletir sobre os reflexos desses temas até os dias atuais, pois como foi observado algumas opiniões não mudaram, alguns comportamentos não se modificaram, como a questão da mulher que não quer ser mãe, ela ainda é mal vista e cobrada pela sociedade por um desejo que ela não tem, e não precisamos ir tão longe para essa análise, pois está na casa do vizinho, no trabalho e até em nós mesmos. Lista de Fontes FLEMING, Vitor. E O Vento Levou. USA, MGM, 1939. VIDOR. Charles. Gilda. USA, Columbia Pictures, 1946. BUTLER. David. Ardida Como Pimenta. USA, Warner Bros, 1953. GORDON. Michael. Confidências á Meia Noite. USA, Universal Studios, 1959.
  • 26. 26 Bibliografia ABREU, Zina. Luta das mulheres pelo direito de voto - movimentos sufragistas na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos. Açores-Portugal: História Arquipélago, 2 ª série, v. 6, 2002. pp. 443-469. ANGRASIANO, Leonardo. Hollywood – raízes da influência cultural na sociedade brasileira e belo-horizontina de 1930 à 1960. (Artigo) Minas Gerais: UFOP, 2005. BERNADET, Jean-Claude. O Que é Cinema? São Paulo: Brasiliense,1985. CARDOSO, Tatiana Cristina & FREITAS JUNIOR, Edson Ferreira de. Cinema Hollywoodiano: A imagem da mulher sob o olhar da lente masculina. Goiás: Anais do II Congresso Internacional de História da UFG/Jataí, 2011. CARVALHO, Cesar Augusto de. Cineclube e cinema no Brasil: traços de uma história. PR: Universidade Estadual de Londrina – UEL, 2010. COSTA, Maria Helena Braga e Vaz da. Mulheres partidas: poética e política das imagens fílmicas da mulher. RN: Bagoas, n. 03, 2009. pp. 97-114. DEL PRIORE, Mary & PINSKY, Carla Bassanezi (Orgs.). História das Mulheres no Brasil. São Paulo, Contexto, 2012. GAY, Peter. O Século de Schnitzler - A formação da Cultura da Classe Média (1815-1914). São Paulo, Companhia das Letras, 2002. GONÇALVES, Maurício Reinaldo. O American way of life no cinema de Hollywood, na imprensa e na sociedade brasileiras dos anos trinta. Sorocaba – SP: Universidade de Sorocaba, 2000. GUBERNIKOFF, Giselle. A imagem: representação da mulher no cinema. Caxias do Sul – RS: UCS, 2009. HIME, Gisely Valentim Vaz Coelho. A influência da cultura norte-americana na condição feminina no Brasil. São Paulo: USP, 2013. HOBSBAWM, Eric. Tempos Fraturados – Cultura e sociedade no século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
  • 27. 27 MACEDO, Elza Dely Veloso. Uma luta justa... e elegante: os feminismos conflitantes de Bertha Lurz e Maria Lacerda de Moura na década de 1920. Niterói – RJ: Niterói, v. 3, n. 2, 2003. p. 91-104. MASCARELLO, Fernando. (Org.) História do cinema mundial. Campinas – SP: Papirus, 2006. MENEGELLO, Cristina. Poeira de Estrelas: O cinema Hollywoodiano na Mídia Brasileira das Décadas de 40 e 50. Campinas – São Paulo: Unicamp, 1996. MILL, John Stuart. A Sujeição das Mulheres. São Paulo: Scala, 2006. PEDRO, Joana Maria. Narrativas Fundadoras do Feminismo: Poderes e Conflitos (1970-1978). SC: UFSC, 2006. PERROT, Michelle. Minha História das mulheres. São Paulo: Contexto, 2007. PINA, Neila Renara Silva. A representação social da mulher no cinema brasileiro. Montes Claros – MG: UNIMONTES, 2013. PINTO, Céli Regina Jardim. Feminismo, história e poder. Rev. Sociol. Polít., Curitiba, v. 18, n. 36, p. 15-23. SARTI, Cynthia. Feminismo no Brasil: Uma trajetória Particular. São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 1988. SCHPUN, Mônica Raisa. Maria Lacerda de Moura: trajetória de uma rebelde. UNICAMP: Cadernos Pagu. n. 22, 2004. pp. 329-342. FFLCH-USP. Cadernos Pagu, n. 22, 2004: pp.329-342. SINGER, Paul. O feminino e o feminismo. IN: SINGER, Paul & BRANT, Vinícius Caldeira (Org.) São Paulo: o povo em movimento. Rio de Janeiro: Petrópolis, Vozes & CEBRAP, 1983. pp. 109-139.