O documento discute a perspectiva ecológica do desenvolvimento humano proposta por Urie Bronfenbrenner. Esta perspectiva defende que o desenvolvimento ocorre através das interações entre os indivíduos e seus diversos contextos de vida, incluindo a família, escola e grupos sociais. O documento descreve os diferentes níveis de contexto - microssistema, mesossistema, exossistema, macrossistema e cronossistema - e como eles influenciam o desenvolvimento ao longo da vida.
1. Escola 2,3/s Mestre Martins
Correia
Psicologia
Trabalho elaborado por:
Inês Severino nº8
12ºA
2. Urie Bronfenbrenner elaborou
o modelo ecológico do desenvolvimento
que defende que o desenvolvimento
humano é um processo que decorre ao
longo de toda a vida a partir de
interacções entre os indivíduos e os
seus contextos de vida. Os seres
humanos desenvolvem-se em múltiplos
contextos através de processos de
interacção continuada com os ambientes
onde vivem e também os transformam.
A perspectiva ecológica do
desenvolvimento é especialmente útil
para que se consiga ter uma imagem
mais abrangente dos vários factores,
pessoais ou do contexto, que
influenciam a trajectória
desenvolvimental de uma pessoa.
3. Contextos de Cada um de nós encontra uma série de
diferentes contextos, uns mais próximos, outros
Existência dos mais distantes, onde vivemos e que de um modo
Indivíduos mais ou menos directo influenciam a nossa vida.
Os contextos onde participamos e com
os quais temos relações, são concebidos como
uma série de sistemas inter-relacionados. A
determinação concreta de quais são os
componentes de cada um destes sistemas varia
conforme a pessoa que se coloca no centro. Os
componentes dos nossos contextos são
diferentes dos da nossa mãe ou do nosso pai, da
nossa professora ou do nosso colega do lado,
embora possam obter elementos semelhantes.
Cada um destes sistemas está contido
em sistemas mais abrangentes. Os contextos de
vida dos seres humanos são constituídos por
diferentes sistemas: o microssistema, o
mesossistema, o exossistema, o macrossistema e
o cronossistema.
4. Os microssistemas são contextos
mais imediatos, de maior proximidade, em
que os indivíduos participam directamente.
Destes fazem parte os contextos onde as
pessoas estabelecem relações face a face
como a família, a escola, etc.
As pessoas com quem
estabelecemos relações nestes contextos
têm uma poderosa influência na nossa forma
de ver o Mundo e de nos comportarmos. No
seio dessas relações, com as pessoas, mas
também com os objectos e os símbolos
presentes nesses ambientes, aprendemos a
reconhecer e a utilizar esses objectos e
símbolos, a construir significados, bem como
modos de estar e de fazer. Os ambientes do
microssistema não existem isolados uns dos
outros, nem a sua influência pode ser
compreendida sem se ter em conta a
influência de outros contextos. A relação
que se estabelece entre componentes do
microssistema constitui o mesossistema.
5. Fazem parte do mesossistema as interacções e os
processos que ocorrem entre dois ou mais contextos do
microssitemas.
As possibilidades de relação entre contextos que se
configuram como mesossistema são inúmeras para cada
pessoa. As experiências com o grupo de amigos podem
influenciar as experiências na escola ou na família,
nomeadamente nas actividades procuradas e evitadas. O que
aprendemos em casa pode influenciar a nossa forma de estar
e de nos relacionarmos na escola e vice-versa.
Os contextos em que participamos não são entidades
isoladas, estabelecem relações e comunicam através de
processos ao nível do mesossistema, os contextos onde nos
movemos (microssistema) e os contextos da sua inter-relação
(mesossistema) devem ser tidos em conta para se
compreender o nosso processo de desenvolvimento, a forma
como nos comportamos, o nosso modo de ver o mundo.
6. O exossistema é, tal como o mesossistema, um sistema
de ligação entre contextos em que a pessoa em desenvolvimento
participa directamente apenas num deles.
Do exossistema fazem parte os grupos religiosos,
centros de saúde, meios de comunicação social, instituições
autárquicas, familiares afastados, etc. A acção do exossistema
constitui um importante factor de desenvolvimento pelo
enquadramento que propicia ao indivíduo.
7. O macrossistema constitui o sistema mais alargado em
termos dos contextos de vida de qualquer indivíduo. Dele fazem
parte os padrões socioculturais, as instituições políticas e sociais, os
valores e significados partilhados, as crenças, os costumes e os
estilos de vida, os recursos materiais e simbólicos que se encontram
disponíveis num determinado contexto de desenvolvimento.
As histórias que nos contaram quando éramos crianças, as
crenças, os significados e valores que transmitiam, o momento social
ou político do país, as tendências da última moda, a cultura ou
subcultura dos grupos e comunidades onde nos movimentamos,
influenciam as experiências possíveis que temos noutros contexto,
assim como as acções e construções que realizamos a partir delas.
As influências são dinâmicas e retroagem continuamente. As
mudanças que ocorrem ao nível de um sistema podem ter
consequências variadas nos outros sistemas.
8. O cronossistema permite incorporar no contexto de
vida uma dimensão temporal. Esta dimensão inclui mudanças que
podem ser tanto graduais como abruptas. As mudanças ao nível
do cronossistema podem, ainda, ser centradas no ambiente ou
na pessoa em desenvolvimento, podem ter diferentes graus de
consistência.
Dada a passagem do tempo a configuração dos diversos
sistemas, as suas relações e influências podem ser alteradas.
As mudanças do nosso ambiente podem ter consequências
radicais para as possibilidades de desenvolvimento que a cada
um se oferecem.
Os contextos providenciam oportunidades, desafios e
recursos que influenciam a trajectória de desenvolvimento de
cada um de nós ao longo de toda a vida.
9. 1. A perspectiva ecológica do desenvolvimento humano procura
compreender e explicar o comportamento a partir:
A- do modo como os seres humanos se relacionam com os animais nos seus
contextos.
B- das relações que os seres humanos estabelecem com a família durante a
infância.
C- das relações e interpretações que os seres humanos estabelecem com os
seus contextos de vida.
D- do modo como os seres humanos se tornam mais conscientes da necessidade
de preservar o ambiente.
2. As influências dos contextos de vida nas pessoas são:
A- dinâmicas e dependem das configurações que assumem e do modo como
cada um se posiciona e age sobre os mesmos contextos.
B- as mesmas quando os contextos são os mesmos e ocorrem ao mesmo tempo.
C- dependentes apenas da forma como cada um os vê e os interpreta.
D- irrelevantes, só influenciando os indivíduos em determinados momentos da
vida.
10. 3. Os contextos de vida dos seres humanos são sistemas:
A- independentes. C- autónomos.
B- complementares. D- inter-relacionados.
4. O desenvolvimento da pessoa depende dos contextos em que está
interligada. Esta afirmação é:
A- verdadeira: os contextos são iguais no apoio ao desenvolvimento da pessoa.
B- falsa: o desenvolvimento da pessoa depende do seu património genético.
C- verdadeira: os contextos disponibilizam meios, recursos e relações.
D- falsa: a pessoa pode desenvolver-se fora dos contextos.
5. Os contextos em que as pessoas mantêm relações face a face
constituem o:
A- macrossistema. C- mesossistema. Soluções:
B- microssistema. D- cronossistema. 1. C 2. A
3. D 4. C
5. B
11. Inter-relações entre os
contextos
Quando pensamos nos diferentes contextos em que
vivemos é-nos fácil compreender que eles se encontram
profundamente interligados. Algumas das ligações são, antes de
mais, geográficas, outras são realizadas através da presença das
mesmas pessoas, ou através de valores, normas e ideias
partilhados entre os vários contextos.
Os sistemas em que se dividem os contextos de vida
reflectem essa interligação. Os contextos de vida de cada um
não só não existem separados como se influenciam mutuamente a
diversos níveis. Por exemplo, a separação de um casal vai afectar
os diferentes contextos dos membros da família de formas
diversas, mas, ainda assim, relacionadas.
O tipo de relações sociais que estabelecem podem
também mudar, tornando-se mais conflituosas ou mais próximas
em termos de apoio e intimidade.
12. Inter-relações entre os
contextos (continuação)
Todas estas alterações irão reflectir-se nas mudanças
que se operam ao nível das relações dos filhos com os pais,
relações estas em reajustamento pelo facto da separação.
O microssistema e o mesossistema podem convergir ou estar
em conflito no que diz respeito às suas influências
desenvolvimentais.
A maneira como cada um resolve as convergências e os
conflitos é muito variada. Cada um traz consigo diferentes
experiências e características pessoais, pode aceder a
diferentes recursos e apoios, pode encontrar diferentes
sentidos para o conflito.
O resultado final vai depender de todos estes
factores, dos processos de auto-organização do sujeito e das
características do contexto-sujeito em relação.
13. O contexto de cada um é um sistema muito amplo, que é
afectado pelo que se passa em cada um dos seus lugares,
elementos e subsistemas. As influências que o contexto tem em
cada um de nós são profundamente dinâmicas.
A cada momento, uma configuração de influências mútuas
é exercida em cada pessoa. Compreender como se processam
estas influências é importante quando se pretende explicar o
comportamento dos indivíduos de forma situada e contextualizada
e quando se pretende agir sobre os indivíduos e os contextos para
que se tornem agentes de maior desenvolvimento pessoal.
14. Podemos distinguir:
Inter-relações no interior de cada
contexto – cada contexto é
constituído por subsistemas que
interagem entre si.
Inter-relações entre contextos –
os contextos não estão isolados uns
dos outros: interagem, afectando-
se mutuamente.
Inter-relações entre o indivíduo e
os contextos – o indivíduo é activo,
não sofre passivamente a influência
dos contextos.
15. Cada indivíduo possui uma rede social a quem está ligado e
com quem se relaciona. Liga-se a elas através de comportamentos ou
interacções particulares. O conjunto de ligações de uma ou mais redes
pessoais ligadas forma uma rede social. A rede social é essencialmente
o conjunto de ligações, relações e interacções particulares entre
diferentes pessoas.
As redes sociais podem ser mais estreitas ou mais alargadas,
mais ou menos coesas, mais ou menos capazes de providenciar apoio e
mais ou menos necessitadas, elas mesmas, de suporte. Todas as
pessoas têm diferentes redes sociais.
16. O efeito dos contextos sociais
Os membros da rede social de uma pessoa podem ter um impacto
negativo na redução de determinados problemas e situações a diversos níveis:
podem fornecer modelos de relações menos problemáticos entre membros das
famílias, podem providenciar contextos onde novas situações para os problemas
ou onde novas alternativas de adaptação possam emergir.
Os membros das redes sociais podem exercer a sua influência a
diferentes níveis, podem afectar os diferentes níveis de contexto. As redes
sociais têm uma poderosa influência no desenvolvimento e comportamento dos
indivíduos que vai para além da sua possibilidade de providenciar ou necessitar
de apoio material instrumental ou apoio emocional ou afectivo.
As redes sociais são fontes muito importantes de informação sobre o
contexto. As interacções entre os membros das redes sociais ocorrem em
contextos sociais informais como um grupo de amigos que jogam cartas em
torno de uma mesa ou formais como uma reunião de trabalho ou uma reunião
com o director de turma.
17. 1. A influência que um contexto exerce no desenvolvimento dos seres
humanos depende apenas das características desse contexto. Esta
afirmação é:
A- verdadeira: os contextos exercem a sua influência própria sobre todas as pessoas que
neles participam.
B- falsa: a influência exercida por um contexto de vida depende apenas das
características da pessoa que o integra.
C- verdadeira: as pessoas só integram um contexto e por isso não dependem das
características dos outros contextos.
D- falsa: depende das características dos outros contextos em que a pessoa participa e
das suas características pessoais.
2. A rede social é constituída pelo conjunto:
A- ligações entre as pessoas, o macrossistema e o cronossistema.
B- ligações entre as pessoas e as relações e interacções que estabelecem entre si.
C- ligações entre as pessoas e as relações entre os contextos.
D- ligações entre as pessoas e as relações que estabelecem com os microssistemas.
18. 3. Analisa as afirmações que se seguem sobre as redes sociais.
Selecciona, depois, a alternativa correcta.
1. As redes sociais providenciam e/ou requerem maiores ou menores
quantidades de apoio material ou afectivo.
2. As redes sociais influenciam a regulação dos comportamentos dos indivíduos a
partir da informação contextual que disponibilizam.
3. As redes sociais de pessoas da mesma idade são muito semelhantes.
A- 1 é falsa: 2 e 3 são verdadeiras.
B- 1,2 e 3 são verdadeiras.
C- 1 é verdadeira; 2 e 3 são falsas.
D – 1 e 2 são verdadeiras; 3 é falsa.
Soluções:
1. D 2. B
3. D
19. Só é possível compreender as trajectórias de O papel
desenvolvimento e os comportamentos dos seres
humanos se tivermos em conta o contexto de vida de
contextos no
cada um, o conjunto dos seus sistemas – comportamento
microssistema, mesossistema, exossistema,
macrossistema e cronossistema – assim como as
dos indivíduos
relações que estabelecem entre si e a sua
configuração global.
O modo como as pessoas se posicionam nos
contextos vai depender da forma como interpretam
as normas, os valores e os significados que
circunscrevem as possíveis experiências e
comportamentos.
A posição que cada um ocupa é, portanto,
específica para cada indivíduo, dependendo de como
se configuram globalmente os diversos sistemas, o
padrão de relações que estabelecem, os valores e as
normas sociais presentes na sua comunidade e nas
redes sociais, as práticas e significados culturais com
que entra em contacto ao longo da sua vida, assim
como a maneira como interage com eles e os
significados que a partir deles constrói.
20. O papel contextos no
comportamento dos Mesmo quando os elementos
indivíduos (continuação) do contexto se repetem, a
configuração não é a mesma para cada
um.
Dada a diversidade dos
elementos do contexto e das relações
e interacções que cada um pode
estabelecer no seu seio, mesmo
quando se assemelham, a sua
configuração global, a sua influência
particular em cada indivíduo é sempre
diferente e particular. Cada pessoa
vive no seu ambiente, que partilha com
outros, mas que se configura único na
influência que tem para cada um.
21. Posicionamo-nos no nosso contexto de
vida, construímos significados para as
diversas situações que experienciamos,
interpretamos as múltiplas informações
contextuais que permanentemente
recolhemos. Em tudo isto, participamos,
em tudo isto se tornam relevantes as
nossas características pessoais. A
relação entre indivíduo e contexto é ela
própria dinâmica, porque depende,
sobretudo, da forma como as suas
características interagem.
22. As características pessoais
O resultado final em termos do
desenvolvimento pessoal vai depender das
características pessoais dos indivíduos, do
modo como estes encontram formas de
interpretar e agir que favoreçam sentidos e
dinâmicas mais ou menos benéficos em termos
de desenvolvimento. O conceito de resiliência
descreve a capacidade de encontrar, na
interacção entre as características pessoais e
as dos contextos, trajectórias de
desenvolvimento positivas e adaptativas, mesmo
em condições adversas de privação e risco.
A resiliência é um processo activo. As
pessoas resilientes são pessoas que conseguem
agir no e sobre os seus contextos de forma a
protegerem-se das consequências adversas que
a presença de determinados factores poderiam
trazer consigo. O fenómeno da resiliência
mostra que é importante ter em conta o
contexto assim como o indivíduo situado.
23. 1. Bronfenbrenner reformula a sua teoria:
A- dando mais ênfase ao papel do indivíduo no desenvolvimento.
B- atribuindo mais importância aos contextos do macrossistema.
C- relacionando o macrossistema com o microssistema.
D- excluindo da sua teoria o efeito das características do indivíduo.
2. No modelo bioecológico, Bronfenbrenner considera que o
desenvolvimento depende de quatro dimensões que interagem:
A- microssistema, macrossistema, cronossistema e exossistema.
B- pessoa, microssistema, processos proximais e mesossistema.
C- processo, contexto, ecologia e biologia.
D- pessoa, processo, contexto e tempo.
24. 3. O conceito de resiliência diz respeito:
A- ao conjunto de pessoas presentes nos contextos com as quais cada
um estabelece relações, às quais se encontra ligado.
B- à possibilidade de os indivíduos encontrarem trajectórias de
desenvolvimento positivas, em situações de privação ou risco.
C- aos factores que influenciam negativamente o desenvolvimento
pessoal e social.
D- aos factores que facilitam o desenvolvimento de trajectórias
positivas de vida.
Soluções:
1. A 2. B
3. B