Rosa Lobato Faria foi uma escritora, poetisa e atriz portuguesa nascida em 1932. Ela trabalhou em vários campos como romancista, argumentista, cronista, atriz de teatro, cinema e televisão. Sua carreira literária começou mais tarde na vida, aos 63 anos, quando publicou seu primeiro livro. Ela escreveu vários romances, poemas e letras de música ao longo de sua carreira.
5. “Foi a mulher dos 7 ofícios”.poetisa .romancista.argumentista .cronista e actriz de teatro, cinema e televisão. Autora de canções e fados.locutora.guionista…
6. “E, um dia, quando eu tinha 63 anos, Deus quis que eu nascesse de novo. Contaram-me uma história e fiquei a pensar nela. Aquela história não me largava a cabeça. E eu dizia para mim. Isto é um conto, tenho que escrever este conto, senão não me vejo livre desta maçada. E escrevi. Quando reparei tinha 240 páginas A4 e pensei: Isto se calhar é um bocadinho mais que um conto. Efectivamente, era um romance”.
7. Foi uma escritora tardia pois estriou-se a escrever na década de 80 já com 63 anos.Publicou o seu 1º livro em 1995.
8. O 1º livro que escreveu foi “O Pranto de Lúcifer”.O último foi “As esquinas do tempo” em 2008.
10. Romances que escreveu Os Pássaros de Seda (1996); Os Três Casamentos de Camila (1997); Romance de Cordélia (1998); O Prenúncio das Águas (1999); A Trança de Inês (2001); O Sétimo Véu (2003); Os Linhos da Avó (2004; A Flor do Sal (2005).
11. Séries onde participou Humor de Predição;Anaosa Lobato Fariaumor de Perdição - Chegada de José Estebes.flv A minha sogra é uma bruxa;Anaosa Lobato FariaA Minha Sogra é uma Bruxa] Até Sempre, Rosa Lobato Faria.flv Palavras Cruzadas;Anaosa Lobato Fariaalavras Cruzadas - episódio 2 - Chegada do João e o Tráfico de joias.flv Aqui não há quem viva; A mala de cartão;
12. Filmes onde participou Tráfico A mulher que acreditava ser Presidente dos Estados Unidos da América Jogo de mão Paisagem sem barcos O vestido cor de fogo
13. Letras de Musicas que escreveu Amor d’água fresca (1992); Chamar a música (1994); Baunilha e chocolate (1995); Antes do Adeus (1997).
14. Amor d’água fresca Quando eu vi olhos de ameixa e a boca de amora silvestreTanto mel, tanto sol, nessa tua madeixa, perfil sumarento e agreste Foi a certeza que eras tu, o meu doce de uvaE nós sobre a mesa, o amor de morango e cajú Peguei, trinquei e meti-te na cesta, ris e dás-me a volta à cabeçaVem cá tenho sede, quero o teu amor d'água frescaPeguei, trinquei e meti-te na cesta, ris e dás-me a volta à cabeçaVem cá tenho sede, quero o teu amor d'água fresca, ohoh... Tens na pele travo a laranja e no beijo três gomos de risoTanto mel, tanto sol, fruta, sumo, água fresca, provei e perdi o juízo Foi na manhã acesa em ti, abacate, abrunhoE a pêra francesa, romã, framboesa, kiwi Peguei, trinquei e meti-te na cesta, ris e dás-me a volta à cabeçaVem cá tenho sede, quero o teu amor d'água frescaPeguei, trinquei e meti-te na cesta, ris e dás-me a volta à cabeçaVem... vem... vem cá, tenho sede, quero o teu amor d'água fresca Ah... foi na manhã acesa em ti, abacate, abrunhoE a pêra francesa, romã, framboesa, kiwi Peguei, trinquei e meti-te na cesta, ris e dás-me a volta à cabeçaVem cá, tenho sede, quero o teu amor d'água frescaPeguei, trinquei e meti-te na cesta, ris e dás-me a volta à cabeçaVem cá, tenho sede, quero o teu amor d'água fresca Peguei, trinquei e meti-te na cesta
15. Chamar a música Esta noite vou ficar assimPrisioneira desse olharDe mel pousado em mimVou chamar a músicaPôr à prova a minha vozNuma trova só p'ra nós Esta noite vou beber licorComo um filtro redentorDe amor, amor, amorVou chamar a músicaVou pegar na tua mãoVou compor uma canção Chamar a músicaA músicaTê-la aqui tão pertoComo o vento no desertoAcordado em mimChamar a músicaA músicaMusa dos meus temasNesta noite de açucenasAbraçar-te apenasÉ chamar a música Esta noite não quero a TVNem a folha do jornalBanal que ninguém lêVou chamar a músicaMurmurar um madrigalInventar um ritual Esta noite vou servir um cháFeito de ervas e jasmimE aromas que não háVou chamar a músicaEncontrar à flor de mimUm poema de cetim Chamar a músicaA músicaTê-la aqui tão perto
16. Poemas Quem me quiser; As pequenas palavras; Vimos chegar a andorinha; Quimera; Primeiro a tua mão; O teu amor absoluto; Quero dar-te; E de novo a armadilha dos braços; Imaginação; Tempo; Sorriso;
17. Quem me quiser Quem me quiser há-de saber as conchasa cantiga dos búzios e do mar.Quem me quiser há-de saber as ondase a verde tentação de naufragar. Quem me quiser há-de saber as fontes,a laranjeira em flor, a cor do feno,a saudade lilás que há nos poentes,o cheiro de maçãs que há no inverno. Quem me quiser há-de saber a chuvaque põe colares de pérolas nos ombroshá-de saber os beijos e as uvashá-de saber as asas e os pombos. Quem me quiser há-de saber os medosque passam nos abismos infinitosa nudez clamorosa dos meus dedoso salmo penitente dos meus gritos. Quem me quiser há-de saber a espumaem que sou turbilhão, subitamenteOu então não saber coisa nenhumae embalar-me ao peito, simplesmente.
18. As pequenas palavras De todas as palavras escolhi água,porque lágrima, chuva, porque marporque saliva, bátega, nascenteporque rio, porque sede, porque fonte.De todas as palavras escolhi dar. De todas as palavras escolhi florporque terra, papoila, cor, sementeporque rosa, recado, porque peleporque pétala, pólen, porque vento.De todas as palavras escolhi mel. De todas as palavras escolhi vozporque cantiga, riso, porque amorporque partilha, boca, porque nósporque segredo, água, mel e flor. E porque poesia e porque adeusde todas as palavras escolhi dor.
19. Vimos chegar a andorinha Vimos chegar as andorinhas conjugarem-se as estrelas impacientarem-se os ventos Agora esperemos o verão do teu nascimento tranquilos, preguiçosos Tão inseparáveis as nossas fomes Tão emaranhadas as nossas veias Tão indestrutíveis os nossos sonhos Espera-te um nome breve como um beijo e o reino ilimitado dos meus braços Virás como a luz maior no solstício de Junho.
20. Quimera Eu quis um violino no telhado e uma arara exótica no banho. Eu quis uma toalha de brocado e um pavão real do meu tamanho. Eu quis todos os cheiros do pecado e toda a santidade que não tenho. Eu quis uma pintura aos pés da cama infinita de azul e perspectiva. Eu quis ouvir ouvir a história de Mira Burana na hora da orgia prometida. Eu quis uma opulência de sultana e a miséria amarga da mendiga. Eu quis um vinho feito de medronho de veneno, de beijos, de suspiros. Eu quis a morte de viver dum sonho eu quis a sorte de morrer dum tiro. Eu quis chorar por ti durante o sono eu quis ao acordar fugir contigo. Mas tudo o que é excessivo é muito pouco. Por isso fiquei só, com o meu corpo.
21. Primeiro a tua mão Primeiro a tua mão sobre o meu seio.Depois o pé – o meu – sobre o teu pé.Logo o roçar urgente do joelhoe o ventre mais à frente na maré. É a onda do ombro que se instalaÉ a linha do dorso que se inscreve.A mão agora impõe, já não embalamas o beijo é carícia, de tão leve. O corpo roda: quer mais pele, mais quente.A boca exige: quer mais sal, mais morno.Já não há gesto que se não invente,ímpeto que não ache um abandono. Então já a maré subiu de vez.É todo o mar que inunda a nossa cama.Afogados de amor e de nudezSomos a maré alta de quem ama. Por fim o sono calmo, que não ésenão ternura, intimidade, enleio:o meu pé descansando no teu pé,a tua mão dormindo no meu seio.
22. O teu amor absoluto O teu amor absoluto é como a hera que envolve as paredes da casa. Quero ser a casa e que arranhes a cal da minha pele e te aninhes nos meus ouvidos fendas e perturbes a porta minha boca. E por fim procures o perigo das janelas e enfrentes os meus olhos infinitos de mágoa noite e assombração.
23. Quero dar-te Quero dar-te a coisa mais pequenina que houver bago de arroz grão de areia semente de linho suspiro de pássaro pedra de sal som de regato a coisa mais pequena do mundo a sombra do meu nome o peso do meu coração na tua pele.
24. E de novo a armadilha dos braços E de novo a armadilha dos abraços. E de novo o enredo das delícias. O rouco da garganta, os pés descalços a pele alucinada de carícias. As preces, os segredos, as risadas no altar esplendoroso das ofertas. De novo beijo a beijo as madrugadas de novo seio a seio as descobertas. Alcandorada no teu corpo imenso teço um colar de gritos e silêncios a ecoar no som dos precipícios. E tudo o que me dás eu te devolvo. E fazemos de novo, sempre novo o amor total dos deuses e dos bichos.
25. Imaginação A imaginação é magia e é arte que nos faz inventar, sonhar e viajar. Com imaginação podemos ir a Marte ou ao centro da Terra, ou ao fundo do mar. Com imaginação nunca estamos sozinhos. A imaginação é um voo, um lugar onde temos amigos, onde há outros caminhos nos quais, sem te mexeres, podes ir passear. Inventa uma cantiga, um poema, um desenho um arco-íris, um rio por entre mal me queres; esse lugar é teu, sem limite ou tamanho. A esse teu lugar, só vai quem tu quiseres.
26. Tempo O tempo tem aspectos misteriosos: Um ano passa a toda a velocidade, E um minuto, se estamos ansiosos Parece, às vezes, uma eternidade. Um dia ou é veloz ou pachorrento -depende do que está a acontecer-me O tempo de estudar, pode ser lento. O tempo de brincar, passa a correr. E aquela terrível arrelia Que até te fez chorar, por ser tão má, deixa passar o tempo. Por magia, Quando olhamos para trás, já lá não está.
27. Sorriso O sorriso é uma chave Que abre portas e janelas. Entre muitas coisas mágicas O sorriso é uma delas. O sorriso é simpatia Também pode ser amor. O sorriso tem magia Tem ternura e calor. O sorriso dá carinho O sorriso faz amigos. Constrói tu, no teu caminho Uma ponte de sorrisos.