SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 5
APORTES FREIREANOS AO ENSINO DE SOCIOLOGIA
NA UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL
Luís Fernando Santos Corrêa da Silva
Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)
Campus de Erechim – RS
E-mail: lfscorrea@gmail.com
PAULO FREIRE e a Educação Superior
Resumo: O ensino de Sociologia na educação superior tem se constituído em um
desafio para os professores da área, sobretudo nos cursos que não se propõem a formar
profissionais das ditas “humanidades”. Como reflexo disso, nos deparamos com a questão de
como transformar o conhecimento sociológico, sabidamente acadêmico, abstrato e complexo,
em um código semântico passível de compreensão por estudantes do ensino superior das
diversas áreas do conhecimento. Neste breve artigo, apresento as características curriculares
da Universidade Federal da Fronteira Sul, que estabelece que todos os cursos da instituição
contenham em suas grades curriculares disciplinas com viés sociológico, bem como procuro
sustentar que a pedagogia freireana se constitui em ferramenta pedagógica privilegiada para a
efetivação de uma prática docente capaz de dar conta dos desafios do ensino de Sociologia.
Dentre outros aspectos, a perspectiva pedagógica freireana nos auxilia a compreender a
importância do papel ativo do educador e do educando no processo de construção de uma
educação emancipatória.
Palavras-Chave: Ensino de Sociologia; Educação Emancipatória; Ensino Superior.
Introdução
Desde o projeto que propôs sua criação, a Universidade Federal da Fronteira Sul
(UFFS) foi pensada como uma instituição pública popular, que tem como objetivo a inclusão
no ensino superior de jovens e de adultos, sobretudo aqueles historicamente excluídos da
educação superior pública, ou seja, oriundos das classes populares. Como diferencial
curricular, no âmbito dos cursos de graduação, a UFFS optou por implantar um núcleo
comum de disciplinas que devem ser cursadas por todos os estudantes, de todos os cursos,
chamado domínio comum.
No contexto dos primeiros anos de funcionamento da instituição, o domínio comum
tem representado a formação inicial dos estudantes, visto que as disciplinas que o compõe
normalmente são oferecidas no início dos cursos. Em relação aos seus objetivos, a adoção de
disciplinas de domínio comum se propõe a assegurar que todos os estudantes recebam uma
formação comum no que se refere a determinadas habilidades e competências instrumentais,
2
2
assim como tenham a capacidade de desenvolver reflexão crítica sobre a realidade que os
cerca. No domínio comum reside um dos aspectos peculiares da universidade, visto que o
mesmo possibilita romper com o ensino estritamente direcionado para cada área específica do
conhecimento.
O quadro abaixo apresenta as disciplinas de domínio comum nos cursos, segundo o
tipo de orientação que cada uma possui:
Quadro 1 – Disciplinas de domínio comum
Nome da disciplina Orientação
- Leitura e Produção Textual I.
- Leitura e Produção Textual II.
- Introdução à Informática.
- Matemática Instrumental.
- Estatística Básica.
Habilidades e competências instrumentais.
- Iniciação à Prática Científica.
Habilidades e competências instrumentais
e competências crítico-reflexivas.
- Direitos e Cidadania.
- Introdução ao Pensamento Social.
- História da Fronteira Sul.
- Introdução à Filosofia.
- Meio Ambiente, Economia
e Sociedade.
Competências critico-reflexivas.
Fonte: Material institucional recebido por e-mail.
Ao romper com a supremacia da técnica no currículo universitário, a adoção do
domínio comum representa uma alternativa ao direcionamento na educação superior,
normalmente vinculado quase que integralmente à formação de mão de obra especializada
para o mercado de trabalho.
Como política institucional, o domínio comum contempla duas disciplinas ministradas
por professores da área de Sociologia: a) Introdução ao Pensamento Social; b) Direitos e
Cidadania.
1. Dimensão pedagógica
Como reflexo da introdução de disciplinas de caráter sociológico nos currículos dos
cursos, nos deparamos com a questão de como transformar o conhecimento sociológico,
sabidamente acadêmico, abstrato e complexo, em um código semântico passível de
compreensão por estudantes do ensino superior de diversas áreas do conhecimento. Para que o
3
3
ensino de Sociologia alcance seus objetivos no âmbito do domínio comum, sustento que a
pedagogia freireana se constitui em ferramenta pedagógica privilegiada para a efetivação de
uma prática docente capaz de dar conta dos desafios do ensino de Sociologia. Tal argumento
se fundamenta na ideia de que a aproximação com os conceitos sociológicos deve ocorrer em
diálogo com o conhecimento prévio da realidade social que o estudante possui, visto que o
mesmo é o ponto de partida da construção do saber nas Ciências Sociais.
Dentre outros aspectos, a perspectiva pedagógica freireana nos auxilia a compreender a
importância do papel ativo do educador e do educando no processo de construção de uma
educação emancipatória. A partir de tal premissa, é possível estabelecer os limites e as
potencialidades de ações institucionais como a adoção do domínio comum, na qual se situa o
ensino de Sociologia.
Freire argumenta que a educação emancipatória possui como pressuposto o engajamento
de dois sujeitos – o professor e o estudante – numa situação de construção do conhecimento
em que os dois aprendem. Apesar das diferenças entre professor e estudante, ambos são
considerados por Freire como sujeitos cognitivos críticos do ato de conhecer.
De acordo com Freire, o educador engajado na transformação emancipatória deve, antes
de tudo, dar seu testemunho sobre aspectos como o zelo à liberdade, a valorização da
democracia e o respeito às diferenças. Tal empreendimento, segundo o autor, implica assumir
a radicalidade da defesa dos valores acima citados, sem, entretanto, adotar uma postura
sectária. Deste modo, a educação libertadora se configura como processo de empoderamento
crítico, mediante o estímulo à organização e mobilização das pessoas.
Freire também se refere ao papel do educador libertador, o qual deve estar ciente de que
a transformação não emerge de métodos e de técnicas, mas do pensamento crítico sobre a
realidade social. Não obstante, o autor considera que a crítica deve ultrapassar os limites dos
espaços educacionais formais, de modo a desvendar o contexto no qual está inserida a
instituição de ensino.
Para Freire, a educação não criou as bases econômicas da sociedade; mas ao contrário, é
moldada pelo modelo sócio-econômico vigente. Portanto, a educação não é a alavanca de
transformação da sociedade. Seu papel é o de denunciar e atuar contra a reprodução da
ideologia dominante, cabendo ao educador ocupar o espaço da escola para desvendar a
realidade que está sendo ocultada, por meio do currículo escolar.
Por outro lado, Freire também argumenta que o desenvolvimento de uma cultura crítica
da sociedade, a partir da educação, só pode ser realizado no momento em que o educador
rompe com o que ele chama de educação bancária. Este tipo de educação está referenciado
4
4
na simples transferência de saberes e valores ao educando, num processo de via única, em que
o educador deposita seu conhecimento no estudante, que necessita ser iluminado. Em
contraposição à educação bancária, Freire considera que o ato de iluminar deve estar voltado
para a realidade e não para o educando e que os iluminadores são os dois agentes do processo
educacional: educador e educando.
Neste sentido, todo processo de mudança social é determinado por valores e fatores
comportamentais. Para o autor:
Uma determinada época histórica é constituída por determinados valores na busca
da plenitude, que determina a constante transformação da sociedade. Quando os
fatores comportamentais do ser humano rompem o equilíbrio, os valores começam a
decair, até que novos valores surgem para atender aos novos anseios da sociedade,
que, como não morre, continua na busca da plenitude agora baseada nestes novos
valores. A este período denomina-se transição (FREIRE, 1979:17).
Ainda segundo Freire, a consciência crítica é a matéria-prima da transformação social,
pois através da mesma os indivíduos reconhecem a realidade como mutável e se percebem
agentes ativos na história. O autor considera que o homem é consciente na medida em que
têm acesso ao conhecimento crítico.
No caso das possibilidades abertas pela adoção de currículos que contemplem
disciplinas de natureza crítico-reflexivas, a produção de conhecimento crítico não reside no
ato da decisão política a favor de tal empreendimento, mas na relação que se estabelece entre
educador e educando em sala de aula.
Portanto, o ensino de Sociologia na educação superior deve enfatizar o caráter
processual da construção da realidade social, bem como deve assumi-la como um objeto
socio-histórica, de modo a destacar o papel da mudança social na constituição do mundo
como o percebemos.
Considerações finais
A discussão que propus neste breve artigo não pretende esgotar o tema, mas apenas
iniciar o debate sobre as potencialidades do conhecimento sociológico como parte da
formação de estudantes das mais diversas áreas do conhecimento. Vejo a universidade como o
lócus da universalidade de conhecimentos, da formação técnica especializada, mas também
como da formação para a cidadania, capaz de preparar pessoas para (re)pensar a realidade
social. O próprio ambiente acadêmico, a partir da fragmentação e da especialização das áreas
5
5
de conhecimento, tratou de fomentar uma falsa oposição entre formação especializada e
formação par a vida. Isto explica porque muitos professores e estudantes reproduzem uma
concepção dualista de educação superior.
O papel da universidade é assumir a realidade social como processo aberto e
contingente, cabendo à educação superior a formação de cidadãos que não concebam a
realidade social como dada e natural. Desse modo, a adoção de disciplinas sociológicas nos
cursos de graduação pode contribuir para a desnaturalização da realidade como a conhecemos,
a partir do desenvolvimento da capacidade reflexiva dos estudantes, de modo a possibilitar a
transformação crítica da sociedade. O empoderamento resultante desse processo não está
relacionado a um potencial civilizador imanente ao conhecimento sociológico, mas,
sobretudo, às possibilidades de mudança que surgem em decorrência do desvendamento da
realidade.
Nesse processo, a pedagogia freireana nos auxilia a dotar de sentido o conhecimento que
se pretende construir em sala de aula, mediante a ruptura com a ideia de educação bancária,
que entende o estudante como mero depositário de conhecimentos, mas também contribuindo
para ressaltar a importância dos conhecimentos prévios dos estudantes sobre a realidade
social, matéria-prima fundamental do processo de desnaturalização do mundo como o
percebemos.
Referências bibliográficas
FREIRE, P.; SHOR, I. Medo e Ousadia: o cotidiano do professor. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1986.
FREIRE, P. Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
--------------. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL. Disponível em:
<http://www.uffs.edu.br>. Acessado em 19 de abril de 2013.

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

Trabalho de mestrado prf. maria regina
Trabalho de mestrado   prf. maria reginaTrabalho de mestrado   prf. maria regina
Trabalho de mestrado prf. maria reginaURUBATAN1960
 
O estágio supervisionado na formação continuada docente
O estágio supervisionado na formação continuada docenteO estágio supervisionado na formação continuada docente
O estágio supervisionado na formação continuada docenteEberson Luz
 
Gestão da educação escolar unieubra
Gestão da educação escolar   unieubraGestão da educação escolar   unieubra
Gestão da educação escolar unieubraunieubra
 
06 gest edu_esc
06 gest edu_esc06 gest edu_esc
06 gest edu_escBricio29
 
formaçao pedagogica ensino superior
formaçao pedagogica ensino superiorformaçao pedagogica ensino superior
formaçao pedagogica ensino superiorFabríicio Sampaio
 
88040993 educacao-fisica-progressista-paulo-ghiraldelli-jr
88040993 educacao-fisica-progressista-paulo-ghiraldelli-jr88040993 educacao-fisica-progressista-paulo-ghiraldelli-jr
88040993 educacao-fisica-progressista-paulo-ghiraldelli-jrRaquel Pinheiro
 
Pcn +
Pcn +Pcn +
Pcn +wil
 
Práticas e tendências de evolução do trabalho pedagógico no ensino superior ...
Práticas e tendências de evolução do trabalho pedagógico no ensino superior  ...Práticas e tendências de evolução do trabalho pedagógico no ensino superior  ...
Práticas e tendências de evolução do trabalho pedagógico no ensino superior ...Bartolomeu Varela
 
Artigo a didática na formação pedagógica de professores
Artigo   a didática na formação pedagógica de professoresArtigo   a didática na formação pedagógica de professores
Artigo a didática na formação pedagógica de professoresRonilson de Souza Luiz
 
CONCEPÇÕES SOBRE A PRÁTICA EDUCATIVA DE DOCENTES EM EXERCÍCIO E EM FORMAÇÃO: ...
CONCEPÇÕES SOBRE A PRÁTICA EDUCATIVA DE DOCENTES EM EXERCÍCIO E EM FORMAÇÃO: ...CONCEPÇÕES SOBRE A PRÁTICA EDUCATIVA DE DOCENTES EM EXERCÍCIO E EM FORMAÇÃO: ...
CONCEPÇÕES SOBRE A PRÁTICA EDUCATIVA DE DOCENTES EM EXERCÍCIO E EM FORMAÇÃO: ...ProfessorPrincipiante
 
Tardif o trabalho docente resumido (1)
Tardif   o trabalho docente resumido (1)Tardif   o trabalho docente resumido (1)
Tardif o trabalho docente resumido (1)Eduardo Lopes
 
Pistrak
PistrakPistrak
Pistrakmauxa
 
APRENDIZAGEM DA DOCÊNCIA POR MEIO DE EXPERIÊNCIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM – ...
APRENDIZAGEM DA DOCÊNCIA POR MEIO DE EXPERIÊNCIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM – ...APRENDIZAGEM DA DOCÊNCIA POR MEIO DE EXPERIÊNCIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM – ...
APRENDIZAGEM DA DOCÊNCIA POR MEIO DE EXPERIÊNCIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM – ...ProfessorPrincipiante
 
Concurso Para Docentes Da See Sp Geografia E Historia
Concurso Para Docentes Da See Sp Geografia E HistoriaConcurso Para Docentes Da See Sp Geografia E Historia
Concurso Para Docentes Da See Sp Geografia E HistoriaFabio Santos
 
A educacão em valores no currículo escolar
A educacão em valores no currículo escolarA educacão em valores no currículo escolar
A educacão em valores no currículo escolarJackeline Ferreira
 

Was ist angesagt? (19)

Monografia Jeane Pedagogia 2009
Monografia Jeane Pedagogia 2009Monografia Jeane Pedagogia 2009
Monografia Jeane Pedagogia 2009
 
Artigo 7 saberes Andreucci
Artigo 7 saberes  AndreucciArtigo 7 saberes  Andreucci
Artigo 7 saberes Andreucci
 
Trabalho de mestrado prf. maria regina
Trabalho de mestrado   prf. maria reginaTrabalho de mestrado   prf. maria regina
Trabalho de mestrado prf. maria regina
 
didatica ensino superior
didatica ensino superiordidatica ensino superior
didatica ensino superior
 
O estágio supervisionado na formação continuada docente
O estágio supervisionado na formação continuada docenteO estágio supervisionado na formação continuada docente
O estágio supervisionado na formação continuada docente
 
Gestão da educação escolar unieubra
Gestão da educação escolar   unieubraGestão da educação escolar   unieubra
Gestão da educação escolar unieubra
 
06 gest edu_esc
06 gest edu_esc06 gest edu_esc
06 gest edu_esc
 
formaçao pedagogica ensino superior
formaçao pedagogica ensino superiorformaçao pedagogica ensino superior
formaçao pedagogica ensino superior
 
88040993 educacao-fisica-progressista-paulo-ghiraldelli-jr
88040993 educacao-fisica-progressista-paulo-ghiraldelli-jr88040993 educacao-fisica-progressista-paulo-ghiraldelli-jr
88040993 educacao-fisica-progressista-paulo-ghiraldelli-jr
 
Pcn +
Pcn +Pcn +
Pcn +
 
Práticas e tendências de evolução do trabalho pedagógico no ensino superior ...
Práticas e tendências de evolução do trabalho pedagógico no ensino superior  ...Práticas e tendências de evolução do trabalho pedagógico no ensino superior  ...
Práticas e tendências de evolução do trabalho pedagógico no ensino superior ...
 
Ciclosaprendizagem
CiclosaprendizagemCiclosaprendizagem
Ciclosaprendizagem
 
Artigo a didática na formação pedagógica de professores
Artigo   a didática na formação pedagógica de professoresArtigo   a didática na formação pedagógica de professores
Artigo a didática na formação pedagógica de professores
 
CONCEPÇÕES SOBRE A PRÁTICA EDUCATIVA DE DOCENTES EM EXERCÍCIO E EM FORMAÇÃO: ...
CONCEPÇÕES SOBRE A PRÁTICA EDUCATIVA DE DOCENTES EM EXERCÍCIO E EM FORMAÇÃO: ...CONCEPÇÕES SOBRE A PRÁTICA EDUCATIVA DE DOCENTES EM EXERCÍCIO E EM FORMAÇÃO: ...
CONCEPÇÕES SOBRE A PRÁTICA EDUCATIVA DE DOCENTES EM EXERCÍCIO E EM FORMAÇÃO: ...
 
Tardif o trabalho docente resumido (1)
Tardif   o trabalho docente resumido (1)Tardif   o trabalho docente resumido (1)
Tardif o trabalho docente resumido (1)
 
Pistrak
PistrakPistrak
Pistrak
 
APRENDIZAGEM DA DOCÊNCIA POR MEIO DE EXPERIÊNCIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM – ...
APRENDIZAGEM DA DOCÊNCIA POR MEIO DE EXPERIÊNCIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM – ...APRENDIZAGEM DA DOCÊNCIA POR MEIO DE EXPERIÊNCIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM – ...
APRENDIZAGEM DA DOCÊNCIA POR MEIO DE EXPERIÊNCIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM – ...
 
Concurso Para Docentes Da See Sp Geografia E Historia
Concurso Para Docentes Da See Sp Geografia E HistoriaConcurso Para Docentes Da See Sp Geografia E Historia
Concurso Para Docentes Da See Sp Geografia E Historia
 
A educacão em valores no currículo escolar
A educacão em valores no currículo escolarA educacão em valores no currículo escolar
A educacão em valores no currículo escolar
 

Andere mochten auch

Latest design projects
Latest design projectsLatest design projects
Latest design projectslmoriconi
 
Os planetas
Os planetasOs planetas
Os planetasmarmfig
 
October 28 photos
October 28 photosOctober 28 photos
October 28 photoswwf_brasil
 
Fotos de 1º de novembro
Fotos de 1º de novembroFotos de 1º de novembro
Fotos de 1º de novembrowwf_brasil
 
Fotos de 03 de novembro
Fotos de 03 de novembroFotos de 03 de novembro
Fotos de 03 de novembrowwf_brasil
 
Expresso120
Expresso120Expresso120
Expresso120rbsapple
 
A terra no semiárido segundo censo agropecuário (apres. antonio barbosa asa-b...
A terra no semiárido segundo censo agropecuário (apres. antonio barbosa asa-b...A terra no semiárido segundo censo agropecuário (apres. antonio barbosa asa-b...
A terra no semiárido segundo censo agropecuário (apres. antonio barbosa asa-b...Projeto Redesan
 
Quem Sabe Mais Sobre
Quem Sabe Mais SobreQuem Sabe Mais Sobre
Quem Sabe Mais Sobremduartefranco
 
Leitura E Producao De Texto
Leitura E Producao De TextoLeitura E Producao De Texto
Leitura E Producao De TextoGislei da Silva
 
Manual de classificacao de citros de mesa
Manual de classificacao de citros de mesaManual de classificacao de citros de mesa
Manual de classificacao de citros de mesaAgricultura Sao Paulo
 
Amazonia
AmazoniaAmazonia
Amazoniahrgra
 
Modéliser les systèmes complexes pour synchroniser les équipes multidisciplin...
Modéliser les systèmes complexes pour synchroniser les équipes multidisciplin...Modéliser les systèmes complexes pour synchroniser les équipes multidisciplin...
Modéliser les systèmes complexes pour synchroniser les équipes multidisciplin...Knowledge Inside
 
Apresentação1
Apresentação1Apresentação1
Apresentação1jheymer
 

Andere mochten auch (20)

Latest design projects
Latest design projectsLatest design projects
Latest design projects
 
Feliz metadedoano (3)
Feliz metadedoano (3)Feliz metadedoano (3)
Feliz metadedoano (3)
 
Os planetas
Os planetasOs planetas
Os planetas
 
October 28 photos
October 28 photosOctober 28 photos
October 28 photos
 
Fotos de 1º de novembro
Fotos de 1º de novembroFotos de 1º de novembro
Fotos de 1º de novembro
 
Equipe EAA
Equipe EAAEquipe EAA
Equipe EAA
 
Fotos de 03 de novembro
Fotos de 03 de novembroFotos de 03 de novembro
Fotos de 03 de novembro
 
Expresso120
Expresso120Expresso120
Expresso120
 
A terra no semiárido segundo censo agropecuário (apres. antonio barbosa asa-b...
A terra no semiárido segundo censo agropecuário (apres. antonio barbosa asa-b...A terra no semiárido segundo censo agropecuário (apres. antonio barbosa asa-b...
A terra no semiárido segundo censo agropecuário (apres. antonio barbosa asa-b...
 
Quem Sabe Mais Sobre
Quem Sabe Mais SobreQuem Sabe Mais Sobre
Quem Sabe Mais Sobre
 
Leitura E Producao De Texto
Leitura E Producao De TextoLeitura E Producao De Texto
Leitura E Producao De Texto
 
Los Leones
Los LeonesLos Leones
Los Leones
 
Manual de classificacao de citros de mesa
Manual de classificacao de citros de mesaManual de classificacao de citros de mesa
Manual de classificacao de citros de mesa
 
Estilos de musica 1
Estilos de musica 1Estilos de musica 1
Estilos de musica 1
 
Rima
RimaRima
Rima
 
Flix
FlixFlix
Flix
 
Projeto integrado de aprendizage1 sociologia em ação
Projeto integrado de aprendizage1 sociologia em açãoProjeto integrado de aprendizage1 sociologia em ação
Projeto integrado de aprendizage1 sociologia em ação
 
Amazonia
AmazoniaAmazonia
Amazonia
 
Modéliser les systèmes complexes pour synchroniser les équipes multidisciplin...
Modéliser les systèmes complexes pour synchroniser les équipes multidisciplin...Modéliser les systèmes complexes pour synchroniser les équipes multidisciplin...
Modéliser les systèmes complexes pour synchroniser les équipes multidisciplin...
 
Apresentação1
Apresentação1Apresentação1
Apresentação1
 

Ähnlich wie Ensino Sociologia UFFS

O pedagogo e sua práxis: desafios e possibilidades na sociedade contemporânea
O pedagogo e sua práxis: desafios e possibilidades na sociedade contemporâneaO pedagogo e sua práxis: desafios e possibilidades na sociedade contemporânea
O pedagogo e sua práxis: desafios e possibilidades na sociedade contemporâneaMirianne Almeida
 
A IMPORTÂNCIA DA DIDÁTICA HISTÓRICO-CRITICA NA ATUALIDADE O DESAFIO DA APLICA...
A IMPORTÂNCIA DA DIDÁTICA HISTÓRICO-CRITICA NA ATUALIDADE O DESAFIO DA APLICA...A IMPORTÂNCIA DA DIDÁTICA HISTÓRICO-CRITICA NA ATUALIDADE O DESAFIO DA APLICA...
A IMPORTÂNCIA DA DIDÁTICA HISTÓRICO-CRITICA NA ATUALIDADE O DESAFIO DA APLICA...Jandresson Soares de Araújo
 
Artigo Docência no Ensino Superior
Artigo Docência no Ensino SuperiorArtigo Docência no Ensino Superior
Artigo Docência no Ensino SuperiorVALERIAOLIVEIRAAMORI
 
Didática
DidáticaDidática
Didáticagadea
 
O uso responsável do celular na sala de aula
O uso responsável do celular na sala de aulaO uso responsável do celular na sala de aula
O uso responsável do celular na sala de aulaEdison Paulo
 
FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO SUPERIOR: ASPECTOS RELEVANTES PARA ATUAÇÃO...
FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO SUPERIOR:  ASPECTOS RELEVANTES PARA ATUAÇÃO...FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO SUPERIOR:  ASPECTOS RELEVANTES PARA ATUAÇÃO...
FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO SUPERIOR: ASPECTOS RELEVANTES PARA ATUAÇÃO...christianceapcursos
 
EDUCAÇÃO EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES APOSTILA 1.pdf
EDUCAÇÃO EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES APOSTILA 1.pdfEDUCAÇÃO EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES APOSTILA 1.pdf
EDUCAÇÃO EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES APOSTILA 1.pdf4444444444ada
 
1. programa mais educação sp
1. programa mais educação sp1. programa mais educação sp
1. programa mais educação spUlisses Vakirtzis
 
FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO SUPERIOR: ASPECTOS RELEVANTES PARA ATUAÇÃO...
FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO SUPERIOR:  ASPECTOS RELEVANTES PARA ATUAÇÃO...FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO SUPERIOR:  ASPECTOS RELEVANTES PARA ATUAÇÃO...
FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO SUPERIOR: ASPECTOS RELEVANTES PARA ATUAÇÃO...christianceapcursos
 
1. programa mais educação sp
1. programa mais educação sp1. programa mais educação sp
1. programa mais educação spUlisses Vakirtzis
 
Slide 1 Universidade_ciencia_formação Severino.pdf
Slide 1 Universidade_ciencia_formação Severino.pdfSlide 1 Universidade_ciencia_formação Severino.pdf
Slide 1 Universidade_ciencia_formação Severino.pdfuabsjpeixe
 
AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NUMA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA
AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NUMA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVAAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NUMA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA
AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NUMA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVAMaryanne Monteiro
 

Ähnlich wie Ensino Sociologia UFFS (20)

O pedagogo e sua práxis: desafios e possibilidades na sociedade contemporânea
O pedagogo e sua práxis: desafios e possibilidades na sociedade contemporâneaO pedagogo e sua práxis: desafios e possibilidades na sociedade contemporânea
O pedagogo e sua práxis: desafios e possibilidades na sociedade contemporânea
 
Atitude critica
Atitude criticaAtitude critica
Atitude critica
 
A IMPORTÂNCIA DA DIDÁTICA HISTÓRICO-CRITICA NA ATUALIDADE O DESAFIO DA APLICA...
A IMPORTÂNCIA DA DIDÁTICA HISTÓRICO-CRITICA NA ATUALIDADE O DESAFIO DA APLICA...A IMPORTÂNCIA DA DIDÁTICA HISTÓRICO-CRITICA NA ATUALIDADE O DESAFIO DA APLICA...
A IMPORTÂNCIA DA DIDÁTICA HISTÓRICO-CRITICA NA ATUALIDADE O DESAFIO DA APLICA...
 
Artigo Docência no Ensino Superior
Artigo Docência no Ensino SuperiorArtigo Docência no Ensino Superior
Artigo Docência no Ensino Superior
 
Livro didática
Livro didáticaLivro didática
Livro didática
 
Ciencias humanas
Ciencias humanasCiencias humanas
Ciencias humanas
 
Didática
DidáticaDidática
Didática
 
Caderno3
Caderno3Caderno3
Caderno3
 
Caderno 3 Sismédio
Caderno 3 SismédioCaderno 3 Sismédio
Caderno 3 Sismédio
 
Caderno 3 versao preliminar
Caderno 3 versao preliminarCaderno 3 versao preliminar
Caderno 3 versao preliminar
 
O uso responsável do celular na sala de aula
O uso responsável do celular na sala de aulaO uso responsável do celular na sala de aula
O uso responsável do celular na sala de aula
 
FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO SUPERIOR: ASPECTOS RELEVANTES PARA ATUAÇÃO...
FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO SUPERIOR:  ASPECTOS RELEVANTES PARA ATUAÇÃO...FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO SUPERIOR:  ASPECTOS RELEVANTES PARA ATUAÇÃO...
FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO SUPERIOR: ASPECTOS RELEVANTES PARA ATUAÇÃO...
 
EDUCAÇÃO EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES APOSTILA 1.pdf
EDUCAÇÃO EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES APOSTILA 1.pdfEDUCAÇÃO EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES APOSTILA 1.pdf
EDUCAÇÃO EM ESPAÇOS NÃO ESCOLARES APOSTILA 1.pdf
 
1. programa mais educação sp
1. programa mais educação sp1. programa mais educação sp
1. programa mais educação sp
 
programa mais educação sp
programa mais educação spprograma mais educação sp
programa mais educação sp
 
15 fernanda may
15 fernanda may15 fernanda may
15 fernanda may
 
FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO SUPERIOR: ASPECTOS RELEVANTES PARA ATUAÇÃO...
FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO SUPERIOR:  ASPECTOS RELEVANTES PARA ATUAÇÃO...FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO SUPERIOR:  ASPECTOS RELEVANTES PARA ATUAÇÃO...
FORMAÇÃO CONTINUADA PARA O ENSINO SUPERIOR: ASPECTOS RELEVANTES PARA ATUAÇÃO...
 
1. programa mais educação sp
1. programa mais educação sp1. programa mais educação sp
1. programa mais educação sp
 
Slide 1 Universidade_ciencia_formação Severino.pdf
Slide 1 Universidade_ciencia_formação Severino.pdfSlide 1 Universidade_ciencia_formação Severino.pdf
Slide 1 Universidade_ciencia_formação Severino.pdf
 
AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NUMA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA
AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NUMA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVAAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NUMA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA
AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NUMA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA
 

Mehr von Joviana Vedana da Rosa

Relatório xix enapet_2014_-_práxis_erechim
Relatório xix enapet_2014_-_práxis_erechimRelatório xix enapet_2014_-_práxis_erechim
Relatório xix enapet_2014_-_práxis_erechimJoviana Vedana da Rosa
 
Homologação das inscrições pet 22 ago 14
Homologação das inscrições pet 22 ago 14Homologação das inscrições pet 22 ago 14
Homologação das inscrições pet 22 ago 14Joviana Vedana da Rosa
 
Edital nº 460_uffs2014_-_retifica_o_edital_nº_430uffs2014
Edital nº 460_uffs2014_-_retifica_o_edital_nº_430uffs2014Edital nº 460_uffs2014_-_retifica_o_edital_nº_430uffs2014
Edital nº 460_uffs2014_-_retifica_o_edital_nº_430uffs2014Joviana Vedana da Rosa
 
Edital nº 430_uffs2014_-_seleção_de_bolsistas_para_o_pet _do_grupo_práxis_do_...
Edital nº 430_uffs2014_-_seleção_de_bolsistas_para_o_pet _do_grupo_práxis_do_...Edital nº 430_uffs2014_-_seleção_de_bolsistas_para_o_pet _do_grupo_práxis_do_...
Edital nº 430_uffs2014_-_seleção_de_bolsistas_para_o_pet _do_grupo_práxis_do_...Joviana Vedana da Rosa
 
Universidade publica em tempos de expansao (2) (1)
Universidade publica em tempos de expansao (2) (1)Universidade publica em tempos de expansao (2) (1)
Universidade publica em tempos de expansao (2) (1)Joviana Vedana da Rosa
 
Há uma universidade no meio do caminho
Há uma universidade no meio do caminhoHá uma universidade no meio do caminho
Há uma universidade no meio do caminhoJoviana Vedana da Rosa
 

Mehr von Joviana Vedana da Rosa (20)

Claudia e joviana sepe
Claudia e joviana sepeClaudia e joviana sepe
Claudia e joviana sepe
 
Adriel Trabalho SEPE
Adriel Trabalho SEPEAdriel Trabalho SEPE
Adriel Trabalho SEPE
 
Programao -v_sepe_-_erechim
Programao  -v_sepe_-_erechimProgramao  -v_sepe_-_erechim
Programao -v_sepe_-_erechim
 
Marjorie sozo
Marjorie sozoMarjorie sozo
Marjorie sozo
 
Maikon sepe
Maikon sepeMaikon sepe
Maikon sepe
 
Texto para o blog jose saramago
Texto para o blog jose saramagoTexto para o blog jose saramago
Texto para o blog jose saramago
 
Edital 2015
Edital 2015Edital 2015
Edital 2015
 
Seleção de bolsistas
Seleção de bolsistasSeleção de bolsistas
Seleção de bolsistas
 
Relatório xix enapet_2014_-_práxis_erechim
Relatório xix enapet_2014_-_práxis_erechimRelatório xix enapet_2014_-_práxis_erechim
Relatório xix enapet_2014_-_práxis_erechim
 
Homologação das inscrições pet 22 ago 14
Homologação das inscrições pet 22 ago 14Homologação das inscrições pet 22 ago 14
Homologação das inscrições pet 22 ago 14
 
Edital nº 460_uffs2014_-_retifica_o_edital_nº_430uffs2014
Edital nº 460_uffs2014_-_retifica_o_edital_nº_430uffs2014Edital nº 460_uffs2014_-_retifica_o_edital_nº_430uffs2014
Edital nº 460_uffs2014_-_retifica_o_edital_nº_430uffs2014
 
Edital nº 430_uffs2014_-_seleção_de_bolsistas_para_o_pet _do_grupo_práxis_do_...
Edital nº 430_uffs2014_-_seleção_de_bolsistas_para_o_pet _do_grupo_práxis_do_...Edital nº 430_uffs2014_-_seleção_de_bolsistas_para_o_pet _do_grupo_práxis_do_...
Edital nº 430_uffs2014_-_seleção_de_bolsistas_para_o_pet _do_grupo_práxis_do_...
 
Relatório final ces (1)
Relatório final ces (1)Relatório final ces (1)
Relatório final ces (1)
 
Relatório final 2013
Relatório final   2013Relatório final   2013
Relatório final 2013
 
Capa universidade pública (2) (1)
Capa universidade pública (2) (1)Capa universidade pública (2) (1)
Capa universidade pública (2) (1)
 
Universidade publica em tempos de expansao (2) (1)
Universidade publica em tempos de expansao (2) (1)Universidade publica em tempos de expansao (2) (1)
Universidade publica em tempos de expansao (2) (1)
 
Capa
CapaCapa
Capa
 
Há uma universidade no meio do caminho
Há uma universidade no meio do caminhoHá uma universidade no meio do caminho
Há uma universidade no meio do caminho
 
Joviana vedana da rosa uffs
Joviana vedana da rosa uffsJoviana vedana da rosa uffs
Joviana vedana da rosa uffs
 
Thiago ingrassia pereira uffs
Thiago ingrassia pereira  uffsThiago ingrassia pereira  uffs
Thiago ingrassia pereira uffs
 

Ensino Sociologia UFFS

  • 1. APORTES FREIREANOS AO ENSINO DE SOCIOLOGIA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL Luís Fernando Santos Corrêa da Silva Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus de Erechim – RS E-mail: lfscorrea@gmail.com PAULO FREIRE e a Educação Superior Resumo: O ensino de Sociologia na educação superior tem se constituído em um desafio para os professores da área, sobretudo nos cursos que não se propõem a formar profissionais das ditas “humanidades”. Como reflexo disso, nos deparamos com a questão de como transformar o conhecimento sociológico, sabidamente acadêmico, abstrato e complexo, em um código semântico passível de compreensão por estudantes do ensino superior das diversas áreas do conhecimento. Neste breve artigo, apresento as características curriculares da Universidade Federal da Fronteira Sul, que estabelece que todos os cursos da instituição contenham em suas grades curriculares disciplinas com viés sociológico, bem como procuro sustentar que a pedagogia freireana se constitui em ferramenta pedagógica privilegiada para a efetivação de uma prática docente capaz de dar conta dos desafios do ensino de Sociologia. Dentre outros aspectos, a perspectiva pedagógica freireana nos auxilia a compreender a importância do papel ativo do educador e do educando no processo de construção de uma educação emancipatória. Palavras-Chave: Ensino de Sociologia; Educação Emancipatória; Ensino Superior. Introdução Desde o projeto que propôs sua criação, a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) foi pensada como uma instituição pública popular, que tem como objetivo a inclusão no ensino superior de jovens e de adultos, sobretudo aqueles historicamente excluídos da educação superior pública, ou seja, oriundos das classes populares. Como diferencial curricular, no âmbito dos cursos de graduação, a UFFS optou por implantar um núcleo comum de disciplinas que devem ser cursadas por todos os estudantes, de todos os cursos, chamado domínio comum. No contexto dos primeiros anos de funcionamento da instituição, o domínio comum tem representado a formação inicial dos estudantes, visto que as disciplinas que o compõe normalmente são oferecidas no início dos cursos. Em relação aos seus objetivos, a adoção de disciplinas de domínio comum se propõe a assegurar que todos os estudantes recebam uma formação comum no que se refere a determinadas habilidades e competências instrumentais,
  • 2. 2 2 assim como tenham a capacidade de desenvolver reflexão crítica sobre a realidade que os cerca. No domínio comum reside um dos aspectos peculiares da universidade, visto que o mesmo possibilita romper com o ensino estritamente direcionado para cada área específica do conhecimento. O quadro abaixo apresenta as disciplinas de domínio comum nos cursos, segundo o tipo de orientação que cada uma possui: Quadro 1 – Disciplinas de domínio comum Nome da disciplina Orientação - Leitura e Produção Textual I. - Leitura e Produção Textual II. - Introdução à Informática. - Matemática Instrumental. - Estatística Básica. Habilidades e competências instrumentais. - Iniciação à Prática Científica. Habilidades e competências instrumentais e competências crítico-reflexivas. - Direitos e Cidadania. - Introdução ao Pensamento Social. - História da Fronteira Sul. - Introdução à Filosofia. - Meio Ambiente, Economia e Sociedade. Competências critico-reflexivas. Fonte: Material institucional recebido por e-mail. Ao romper com a supremacia da técnica no currículo universitário, a adoção do domínio comum representa uma alternativa ao direcionamento na educação superior, normalmente vinculado quase que integralmente à formação de mão de obra especializada para o mercado de trabalho. Como política institucional, o domínio comum contempla duas disciplinas ministradas por professores da área de Sociologia: a) Introdução ao Pensamento Social; b) Direitos e Cidadania. 1. Dimensão pedagógica Como reflexo da introdução de disciplinas de caráter sociológico nos currículos dos cursos, nos deparamos com a questão de como transformar o conhecimento sociológico, sabidamente acadêmico, abstrato e complexo, em um código semântico passível de compreensão por estudantes do ensino superior de diversas áreas do conhecimento. Para que o
  • 3. 3 3 ensino de Sociologia alcance seus objetivos no âmbito do domínio comum, sustento que a pedagogia freireana se constitui em ferramenta pedagógica privilegiada para a efetivação de uma prática docente capaz de dar conta dos desafios do ensino de Sociologia. Tal argumento se fundamenta na ideia de que a aproximação com os conceitos sociológicos deve ocorrer em diálogo com o conhecimento prévio da realidade social que o estudante possui, visto que o mesmo é o ponto de partida da construção do saber nas Ciências Sociais. Dentre outros aspectos, a perspectiva pedagógica freireana nos auxilia a compreender a importância do papel ativo do educador e do educando no processo de construção de uma educação emancipatória. A partir de tal premissa, é possível estabelecer os limites e as potencialidades de ações institucionais como a adoção do domínio comum, na qual se situa o ensino de Sociologia. Freire argumenta que a educação emancipatória possui como pressuposto o engajamento de dois sujeitos – o professor e o estudante – numa situação de construção do conhecimento em que os dois aprendem. Apesar das diferenças entre professor e estudante, ambos são considerados por Freire como sujeitos cognitivos críticos do ato de conhecer. De acordo com Freire, o educador engajado na transformação emancipatória deve, antes de tudo, dar seu testemunho sobre aspectos como o zelo à liberdade, a valorização da democracia e o respeito às diferenças. Tal empreendimento, segundo o autor, implica assumir a radicalidade da defesa dos valores acima citados, sem, entretanto, adotar uma postura sectária. Deste modo, a educação libertadora se configura como processo de empoderamento crítico, mediante o estímulo à organização e mobilização das pessoas. Freire também se refere ao papel do educador libertador, o qual deve estar ciente de que a transformação não emerge de métodos e de técnicas, mas do pensamento crítico sobre a realidade social. Não obstante, o autor considera que a crítica deve ultrapassar os limites dos espaços educacionais formais, de modo a desvendar o contexto no qual está inserida a instituição de ensino. Para Freire, a educação não criou as bases econômicas da sociedade; mas ao contrário, é moldada pelo modelo sócio-econômico vigente. Portanto, a educação não é a alavanca de transformação da sociedade. Seu papel é o de denunciar e atuar contra a reprodução da ideologia dominante, cabendo ao educador ocupar o espaço da escola para desvendar a realidade que está sendo ocultada, por meio do currículo escolar. Por outro lado, Freire também argumenta que o desenvolvimento de uma cultura crítica da sociedade, a partir da educação, só pode ser realizado no momento em que o educador rompe com o que ele chama de educação bancária. Este tipo de educação está referenciado
  • 4. 4 4 na simples transferência de saberes e valores ao educando, num processo de via única, em que o educador deposita seu conhecimento no estudante, que necessita ser iluminado. Em contraposição à educação bancária, Freire considera que o ato de iluminar deve estar voltado para a realidade e não para o educando e que os iluminadores são os dois agentes do processo educacional: educador e educando. Neste sentido, todo processo de mudança social é determinado por valores e fatores comportamentais. Para o autor: Uma determinada época histórica é constituída por determinados valores na busca da plenitude, que determina a constante transformação da sociedade. Quando os fatores comportamentais do ser humano rompem o equilíbrio, os valores começam a decair, até que novos valores surgem para atender aos novos anseios da sociedade, que, como não morre, continua na busca da plenitude agora baseada nestes novos valores. A este período denomina-se transição (FREIRE, 1979:17). Ainda segundo Freire, a consciência crítica é a matéria-prima da transformação social, pois através da mesma os indivíduos reconhecem a realidade como mutável e se percebem agentes ativos na história. O autor considera que o homem é consciente na medida em que têm acesso ao conhecimento crítico. No caso das possibilidades abertas pela adoção de currículos que contemplem disciplinas de natureza crítico-reflexivas, a produção de conhecimento crítico não reside no ato da decisão política a favor de tal empreendimento, mas na relação que se estabelece entre educador e educando em sala de aula. Portanto, o ensino de Sociologia na educação superior deve enfatizar o caráter processual da construção da realidade social, bem como deve assumi-la como um objeto socio-histórica, de modo a destacar o papel da mudança social na constituição do mundo como o percebemos. Considerações finais A discussão que propus neste breve artigo não pretende esgotar o tema, mas apenas iniciar o debate sobre as potencialidades do conhecimento sociológico como parte da formação de estudantes das mais diversas áreas do conhecimento. Vejo a universidade como o lócus da universalidade de conhecimentos, da formação técnica especializada, mas também como da formação para a cidadania, capaz de preparar pessoas para (re)pensar a realidade social. O próprio ambiente acadêmico, a partir da fragmentação e da especialização das áreas
  • 5. 5 5 de conhecimento, tratou de fomentar uma falsa oposição entre formação especializada e formação par a vida. Isto explica porque muitos professores e estudantes reproduzem uma concepção dualista de educação superior. O papel da universidade é assumir a realidade social como processo aberto e contingente, cabendo à educação superior a formação de cidadãos que não concebam a realidade social como dada e natural. Desse modo, a adoção de disciplinas sociológicas nos cursos de graduação pode contribuir para a desnaturalização da realidade como a conhecemos, a partir do desenvolvimento da capacidade reflexiva dos estudantes, de modo a possibilitar a transformação crítica da sociedade. O empoderamento resultante desse processo não está relacionado a um potencial civilizador imanente ao conhecimento sociológico, mas, sobretudo, às possibilidades de mudança que surgem em decorrência do desvendamento da realidade. Nesse processo, a pedagogia freireana nos auxilia a dotar de sentido o conhecimento que se pretende construir em sala de aula, mediante a ruptura com a ideia de educação bancária, que entende o estudante como mero depositário de conhecimentos, mas também contribuindo para ressaltar a importância dos conhecimentos prévios dos estudantes sobre a realidade social, matéria-prima fundamental do processo de desnaturalização do mundo como o percebemos. Referências bibliográficas FREIRE, P.; SHOR, I. Medo e Ousadia: o cotidiano do professor. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. FREIRE, P. Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. --------------. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996. UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL. Disponível em: <http://www.uffs.edu.br>. Acessado em 19 de abril de 2013.