SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 3
Downloaden Sie, um offline zu lesen
Química e Ensino                     25




Estrutura de Lewis
e Geometria Molecular...
...mas não necessariamente por essa ordem!


                                                                     Mário         Va l e n t e * ,    Helena          M ore i r a




Os alunos mostram frequentemente dificuldades na previ-                  prever a geometria molecular de uma molécula simples,
são de geometrias moleculares, até para moléculas muito                  envolvendo elementos representativos – constituida por
simples. Estas dificuldades estão, muitas vezes, ligadas                 um átomo central e vários átomos ou pares de electrões
com a determinação prévia da correspondente estrutura                    não partilhados em seu redor – e que serve de ponto de
de Lewis (ou da fórmula estrutural), que é usualmen-                     partida para a determinação posterior da correspondente
te tida como ponto de partida essencial para a referida                  fórmula estrutural da molécula, que auxiliará na previsão
previsão. Apresenta-se, neste artigo, um modo fácil de                   das ordens de ligação.




Introdução                                        riféricos pode-se, com vantagem, inver-     este se encontra no Quadro de Classifi-
                                                  ter o processo acima mencionado, de         cação Periódica.
A geometria molecular é um parâmetro
                                                  forma a prever a geometria molecular e,
de importância fundamental para a pre-                                                        (2) Define-se qual o átomo central,
                                                  posteriormente, tomar o resultado como
visão da polaridade de uma molécula.                                                          que é, usualmente, o menos electrone-
                                                  ponto de partida para a determinção
Esta, por sua vez, permite inferir sobre o                                                    gativo (à excepção do hidrogénio que,
tipo e intensidade das interacções inter-         da correspondente fórmula estrutural,       em circunstâncias normais, não pode
moleculares que se podem estabelecer              eliminando algumas das dificuldades         ser o átomo central). Podem surgir di-
entre moléculas no composto puro, ou              apresentadas pelos alunos.                  ficuldades quando todos os átomos são
com átomos, ou moléculas de outras                                                            iguais (por exemplo, no ozono, O3), e
substâncias. Contudo, a previsão da               Previsão de geometrias                      então qualquer um deles poderá ser
geometria molecular, até de moléculas             moleculares                                 considerado o central e os outros serão
simples, representa frequentemente um                                                         periféricos, ou em algumas excepções
problema que muitos alunos do ensino              A geometria de uma molécula pode ser        (por exemplo, no óxido de dicloro, Cl2O)
secundário e, por vezes do superior, não          determinada, de acordo com o método         para as quais o átomo (ligeiramente)
conseguem superar [1, 2, 3]. Estas difi-          proposto, da seguinte forma:                mais electronegativo é o central.
culdades estão usualmente relacionadas
                                                  (1) Procede-se à contagem do número         (3) Determina-se o número total de
com a suposta necessidade de determi-
                                                  total de electrões de valência presen-      electrões dos átomos periféricos, con-
nar, previamente, a estrutura de Lewis
                                                  tes numa molécula, que corresponde ao       siderando que têm a sua camada de va-
(ou a fórmula estrutural) para as molé-
                                                  número total dos electrões de valência      lência completamente preenchida. Na
culas. De facto, é frequente em livros
                                                  dos átomos participantes, tendo, no en-     prática, esta contagem resume-se sim-
de texto de todos os níveis, assumir-se
                                                  tanto, atenção à carga. Numa molécula       plesmente a dois electrões para cada
que a previsão da geometria molecular
                                                  catiónica (por exemplo, no nitrónio,        átomo de hidrogénio e oito electrões
é posterior à determinação da estrutura
                                                  NO2+), cada carga positiva corresponde      para cada átomo de qualquer outro ele-
de Lewis. Ora, não é necessariamente
                                                  à saida de um electrão de valência, e       mento.
assim [4]...
                                                  numa molécula aniónica (por exemplo,        (4) Calcula-se o número de electrões
Para o caso de moléculas pequenas                 no nitrito, NO2¯), cada carga negativa      não partilhados pertencentes ao átomo
(neutras ou iónicas), envolvendo ele-             corresponde à entrada de um electrão        central, que corresponde à diferença
mentos representativos, constituídas por
                                                  de valência na contagem. Este passo         entre o número total de electrões de
um átomo central e vários átomos pe-
                                                  não é difícil de dominar pelos alunos, na   valência presentes na molécula (deter-
                                                  medida em que se relaciona com facili-      minado no primeiro passo) e o número
Colégio D. Duarte, Rua Visconde de Setúbal, 86,
Porto, 4200-497, Portugal
                                                  dade o número de electrões de valência      total de electrões dos átomos periféricos,
(*E-mail: madmage1@yahoo.com)                     de cada átomo com o grupo em que se         considerando que têm a sua camada
26


     de valência completamente preenchida           Tabela 1 Geometrias adoptadas em função do número e tipo de domínios electrónicos que rodeiam
                                                    o átomo central (# DEL: n.º de domínios electrónicos ligantes; # DENL: n.º de domínios electrónicos
     (determinado no terceiro passo).
                                                    não ligantes; # TDE: n.º total de domínios electrónicos).

     (5) Por fim, usa-se o modelo de Repul-
     são dos Pares Electrónicos da Camada
                                                       # DEL      # DENL     # TDE           geometria de base                 geometria efectiva
     de Valência, de Gillespie [5,6,7] (ver
     Tabela 1 e Nota 1), tomando os pares                2           0          2                  linear                           linear
     electrónicos não partilhados pertencen-
                                                         2           1                                                        angular (~120º)
     tes ao átomo central como domínios
                                                                                3            triangular plana
     electrónicos não ligantes e o número de             3           0                                                        triangular plana
     ligações entre o átomo central e os áto-
     mos periféricos, independentemente da               2           2                                                        angular (~109º)
     sua ordem de ligação, como domínios
     ligantes (e igual ao número de átomos               3           1          4               tetraédrica                  piramidal trigonal
     periféricos).
                                                         4           0                                                           tetraédrica
     É apresentado, de seguida, um exemplo
     de aplicação para a espécie molecular               2           3                                                              linear
     aniónica NO2¯.
                                                         3           2                                                         em T distorcido
     (1) O número total de electrões de va-                                     5          bipiramidal trigonal
     lência é: 5 + 2 x 6 + 1 = 18,                       4           1                                                            bisfenóide
     (2) O átomo central é o de azoto,
                                                         5           0                                                      bipiramidal trigonal
     (3) O número total de electrões dos áto-
     mos periféricos (correspondente a dois              2           4                                                              linear
     átomos de oxigénio) é: 2 x 8 = 16 elec-
                                                         3           3                                                         em T distorcido
     trões,

     (4) O número de electrões não partilha-             4           2          6               octaédrica                    quadrada plana
     dos pertencentes ao átomo central é: 18
     – 16 = 2, isto é, um par electrónico não            5           1                                                      piramidal quadrada
     ligante, ou um domínio não ligante,
                                                         6           0                                                            octaédrica
     (5) Com dois átomos periféricos (dois
     domínios ligantes) e um par electrónico
     não ligante (domínio não ligante) a mo-
                                                    átomo central como sendo constituídos                anular-se, ou nessa impossibilidade,
     lécula apresenta uma geometria angular
                                                    por pares electrónicos.                              minimizar-se a carga formal do átomo
     (Figura 1).
                                                                                                         central [8] (ver Nota 2) ou seja, quando
                                                    Para obter a fórmula estrutural da molé-
                                                                                                         não for possível anular a carga formal do
                                                    cula procede-se da seguinte forma:
                                                                                                         átomo central por este não poder supor-
                                                    1.º Associam-se equitativamente os                   tar mais de quatro pares electrónicos em
                                                    electrões de valência ainda não distribu-            seu redor (como é o caso dos elementos
                                                    ídos, pelos átomos periféricos.                      carbono, azoto, oxigénio e flúor), deve-
                                                                                                         -se então reduzi-la ao mínimo permitido
                                                    2.º Determinam-se as cargas formais
                                                                                                         pela regra do octeto.
                                                    de todos os átomos presentes na molé-
                                                    cula, isto é, calcula-se a diferença entre           Quando o modo de minimizar a carga
     Figura 1 Esquema da molécula NO2¯, com a       o número de electrões que tornariam o                formal do átomo central se pode con-
     representação dos três domínios electrónicos   átomo neutro e o número de electrões                 seguir de várias formas equivalentes, a
     que lhe definem directamente a geometria.
                                                    que ele possui na presente estrutura,                molécula apresenta híbridos de resso-
                                                    que corresponde à soma de metade do                  nância, isto é, várias estruturas contri-
                                                    número de electrões envolvidos em do-                buíntes, e para as ligações cuja ordem
     Determinação da fórmula                        mínios ligantes com o número de elec-                pode variar teremos um carácter inter-
     estrutural                                     trões presentes nos seus domínios não                médio.
                                                    ligantes.
     Partindo da geometria molecular, de-                                                                Tomando como exemplo a espécie
     terminada pelo método acima descrito,          3.º Deslocam-se pares electrónicos de                NO2¯, cuja geometria molecular já foi
     consideram-se numa primeira fase               domínios não ligantes dos átomos peri-               acima determinada, passa-se à escrita
     todos os domínios ligantes rodeando o          féricos para domínios ligantes, tentando             da correspondente fórmula estrutural:
27


                                                                                               seando-se em cálculos teóricos que
                                                                                               apontam para uma muito baixa contri-
                                                                                               buição de orbitais d para a ligação em
                                                                                               moléculas onde o átomo central estaria
                                                                                               rodeado por mais do que oito electrões,
                                                                                               e para a possibilidade de se verificarem
                                                                                               ligações polielectrónicas, pluricêntricas
                                                                                               [11].



                                                                                               Referências

                                                                                                1.	 J.P. Birk, M.J. Kurtz, Journal of Chemi-
                                                                                                     cal Education, 76 (1999) 124-128

                                                                                                2.	 C. Furio, M.L. Calatayud, Journal of
                                                                                                     Chemical Education, 73 (1996) 36-41
Figura 2 Passos seguidos para a escrita da fórmula estrutural correspondente à espécie NO2¯.
                                                                                                3.	 V.M.M. Lobo, Química (Boletim da So-
                                                                                                     ciedade Portuguesa de Química) 70
                                                                                                     (1998) 13-17
(1) Distribuem-se os 18 - 6 = 12 electrões         no cômputo geral, pode considerar-se
                                                                                               4.	   M. Valente e H. Moreira, Livro de Re-
pelos dois átomos periféricos de oxigé-            uma boa ferramenta inicial na previsão            sumos do 4.º Encontro da Divisão de
nio (Figura 2 a),                                  de geometrias moléculares (e, poste-              Educação e Ensino da Química (2005)
(2) Determinam-se as cargas formais de             riormente, das correspondentes fórmu-             79-80
todos os átomos (Figura 2 b),                      las estruturais) para a maioria das mo-
                                                                                                5.	 R.J. Gillespie, Journal of Chemical Edu-
                                                   léculas simples, envolvendo elementos
(3) Minimiza-se carga formal do átomo                                                                cation, 81 (2004) 298-304
                                                   representativos, o que auxilia na aquisi-
central (Figura 2 c).
                                                   ção e estabilização de conceitos impor-      6.	 R.J. Gillespie, E.A. Robinson, Angewan-
Verifica-se, neste exemplo, a existência           tantes como geometria molecular, mo-              dte Chemie International Edition in En-
de duas fórmulas estruturais equivalen-            delo de repulsão dos pares electrónicos           glish, 33 (1996) 495-514
tes (Figura 2 c) o que indica a existência         da camada de valência, carga formal e
                                                                                                7.	 R.J. Gillespie, Chemical Society Re-
de ressonância entre elas e, portanto,             ressonância.
                                                                                                     views, 21 (1992), 59-69
nesta espécie (anião nitrito) verifica-se
uma ligação azoto-oxigénio de ordem in-            Notas                                        8.	 G.H. Purser, Journal of Chemical Edu-
termédia entre a simples e a dupla.                                                                  cation, 78 (2001) 981-983; J.Q. Pardo,
                                                   1. O modelo de Gillespie nas suas ver-
                                                                                                     Journal of Chemical Education, 66
                                                   sões mais recentes envolve a noção
Conclusões                                                                                           (1989) 456-458; J.A. Carrol, Journal of
                                                   de domínio electrónico, que consiste
                                                                                                     Chemical Education, 63 (1986) 28-31
Este método apresenta a vantagem de                numa região do espaço onde há ele-
ser simples e sequencial, o que permite            vada probabilidade de encontrar um           9.	 G.L. Miessler e D.A. Tarr, Inorganic Che-
a um aluno prever a geometria de uma               ou mais pares de electrões. Também                mistry, 3.ª edição, Pearson Prentice Hall
molécula simples envolvendo elemen-                no presente método se pode conside-               (ed.), Nova Jérsia, 2004; D.F. Schriver,
tos representativos e, posteriormente, a           rar cada par de electrões não ligantes,           P.W. Atkins e C.H. Langford, Inorganic
respectiva fórmula estrutural. Saliente-           bem como cada ligação (independen-                Chemistry, 2.ª edição, Oxford University

-se ainda que se torna possível estimar            temente da sua ordem formal) entre o              Press (ed.), Oxónia, 1998; R. Chang,

ângulos de ligação a partir do número e            átomo central e um átomo periférico,              Química, 5.ª edição, McGraw Hill (ed.),
                                                                                                     Lisboa, 1994
tipo de domínios ligantes e não ligantes           como um domínio electrónico.
que rodeiam o átomo central. Ao longo                                                          10.	 L. Suidan, J.K. Badenhoop, E.D. Glen-
                                                   2. A minimização das diferenças de
do processo o aluno vê-se confrontado                                                                denring e F. Weinhold, Journal of Che-
                                                   cargas formais entre os átomos nas es-
com a noção de carga formal e com a                                                                  mical Education, 72 (1995) 583-586
                                                   truturas de Lewis (e fórmulas estrutu-
possibilidade de ocorrência de resso-
                                                   rais) tem sido considerada, em muitos       11.	 O.W. Curnow, Journal of Chemical Edu-
nância.
                                                   artigos [8] e livros de texto [9], como           cation, 75 (1998) 910-915
A desvantagem deste método centra-                 originando representações mais pró-
-se na dificuldade da aplicação a mo-              ximas da realidade da molécula. No
léculas com várias possibilidades de               entanto, também há quem privilegie a
escolha para átomos centrais. Contudo,             obediência à regra do octeto [10], ba-

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

Aula 4: Função de onda e Equação de Schrödinger
Aula 4: Função de onda e Equação de SchrödingerAula 4: Função de onda e Equação de Schrödinger
Aula 4: Função de onda e Equação de SchrödingerAdriano Silva
 
4 alternativas-para-resolver-a-equacao-de-schrodinger
4 alternativas-para-resolver-a-equacao-de-schrodinger4 alternativas-para-resolver-a-equacao-de-schrodinger
4 alternativas-para-resolver-a-equacao-de-schrodingerMarcelo de Souza
 
Aula 9: O degrau de potencial. Caso II: Energia maior que o degrau
Aula 9: O degrau de potencial. Caso II: Energia maior que o degrauAula 9: O degrau de potencial. Caso II: Energia maior que o degrau
Aula 9: O degrau de potencial. Caso II: Energia maior que o degrauAdriano Silva
 
Aula 7: A partícula livre
Aula 7: A partícula livreAula 7: A partícula livre
Aula 7: A partícula livreAdriano Silva
 
Aula 13: O poço de potencial finito
Aula 13: O poço de potencial finitoAula 13: O poço de potencial finito
Aula 13: O poço de potencial finitoAdriano Silva
 
Aula 16: Exercícios
Aula 16: ExercíciosAula 16: Exercícios
Aula 16: ExercíciosAdriano Silva
 
Quimica 001 modelos atomicos
Quimica  001 modelos atomicosQuimica  001 modelos atomicos
Quimica 001 modelos atomicoscon_seguir
 
Exercicios resolvidos quantica
Exercicios resolvidos   quanticaExercicios resolvidos   quantica
Exercicios resolvidos quanticaPedro Debossam
 
Resumo modelos-e-conceitos-fundamentais1
Resumo modelos-e-conceitos-fundamentais1Resumo modelos-e-conceitos-fundamentais1
Resumo modelos-e-conceitos-fundamentais1Emerson Assis
 
Teorias de Gravitação Quântica
Teorias de Gravitação QuânticaTeorias de Gravitação Quântica
Teorias de Gravitação Quânticarauzis
 
Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...
Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...
Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...Adriano Silva
 

Was ist angesagt? (20)

Aula 4: Função de onda e Equação de Schrödinger
Aula 4: Função de onda e Equação de SchrödingerAula 4: Função de onda e Equação de Schrödinger
Aula 4: Função de onda e Equação de Schrödinger
 
326 td 01_p
326 td 01_p326 td 01_p
326 td 01_p
 
Aula física
Aula físicaAula física
Aula física
 
4 alternativas-para-resolver-a-equacao-de-schrodinger
4 alternativas-para-resolver-a-equacao-de-schrodinger4 alternativas-para-resolver-a-equacao-de-schrodinger
4 alternativas-para-resolver-a-equacao-de-schrodinger
 
Projeções de newman
Projeções de newmanProjeções de newman
Projeções de newman
 
Aula 9: O degrau de potencial. Caso II: Energia maior que o degrau
Aula 9: O degrau de potencial. Caso II: Energia maior que o degrauAula 9: O degrau de potencial. Caso II: Energia maior que o degrau
Aula 9: O degrau de potencial. Caso II: Energia maior que o degrau
 
Aula 7: A partícula livre
Aula 7: A partícula livreAula 7: A partícula livre
Aula 7: A partícula livre
 
Aula 13: O poço de potencial finito
Aula 13: O poço de potencial finitoAula 13: O poço de potencial finito
Aula 13: O poço de potencial finito
 
Física Nuclear: Modelos Nucleares
Física Nuclear: Modelos NuclearesFísica Nuclear: Modelos Nucleares
Física Nuclear: Modelos Nucleares
 
Aula 16: Exercícios
Aula 16: ExercíciosAula 16: Exercícios
Aula 16: Exercícios
 
Quimica 001 modelos atomicos
Quimica  001 modelos atomicosQuimica  001 modelos atomicos
Quimica 001 modelos atomicos
 
Estereoquimica - Pós-graduação
Estereoquimica - Pós-graduaçãoEstereoquimica - Pós-graduação
Estereoquimica - Pós-graduação
 
43260 1
43260 143260 1
43260 1
 
Campo cristalino-1
Campo cristalino-1Campo cristalino-1
Campo cristalino-1
 
Exercicios resolvidos quantica
Exercicios resolvidos   quanticaExercicios resolvidos   quantica
Exercicios resolvidos quantica
 
Resumo modelos-e-conceitos-fundamentais1
Resumo modelos-e-conceitos-fundamentais1Resumo modelos-e-conceitos-fundamentais1
Resumo modelos-e-conceitos-fundamentais1
 
Estereoquímica
EstereoquímicaEstereoquímica
Estereoquímica
 
Teorias de Gravitação Quântica
Teorias de Gravitação QuânticaTeorias de Gravitação Quântica
Teorias de Gravitação Quântica
 
Decaimento radioativo
Decaimento radioativoDecaimento radioativo
Decaimento radioativo
 
Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...
Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...
Aula 17: Separação da equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas. Part...
 

Andere mochten auch

Navistar Modec Press release
Navistar Modec Press releaseNavistar Modec Press release
Navistar Modec Press releaseRoger Atkins
 
Nomorg019stps93
Nomorg019stps93Nomorg019stps93
Nomorg019stps931991freaks
 
Microsoft Developer Day UNED-CR
Microsoft Developer Day UNED-CRMicrosoft Developer Day UNED-CR
Microsoft Developer Day UNED-CRJose Carlos Campos
 
Una cervesa, una alegria: elaboració d'una cervesa artesana
Una cervesa, una alegria: elaboració d'una cervesa artesanaUna cervesa, una alegria: elaboració d'una cervesa artesana
Una cervesa, una alegria: elaboració d'una cervesa artesanaCRP del Tarragonès
 
Ecodep presentazione
Ecodep presentazioneEcodep presentazione
Ecodep presentazioneecodep
 
Elena Granados-El sistema autonómico de asistencia integral a las víctimas de...
Elena Granados-El sistema autonómico de asistencia integral a las víctimas de...Elena Granados-El sistema autonómico de asistencia integral a las víctimas de...
Elena Granados-El sistema autonómico de asistencia integral a las víctimas de...Fundación Ramón Areces
 
Volkswagen unvels new engines at 36th International Vienna Motor Symposium - ...
Volkswagen unvels new engines at 36th International Vienna Motor Symposium - ...Volkswagen unvels new engines at 36th International Vienna Motor Symposium - ...
Volkswagen unvels new engines at 36th International Vienna Motor Symposium - ...RushLane
 
Almacenadores Web
Almacenadores WebAlmacenadores Web
Almacenadores Webcarivero93
 
Blogueros y marcas, el valor de la opinión
Blogueros y marcas, el valor de la opiniónBlogueros y marcas, el valor de la opinión
Blogueros y marcas, el valor de la opiniónCarlos Terrones Lizana
 
Water analysis manual spanish-manual de analisis de agua
Water analysis manual spanish-manual de analisis de aguaWater analysis manual spanish-manual de analisis de agua
Water analysis manual spanish-manual de analisis de aguaLuis Alberto Rolon Martínez
 

Andere mochten auch (20)

Leucicitosis
LeucicitosisLeucicitosis
Leucicitosis
 
Navistar Modec Press release
Navistar Modec Press releaseNavistar Modec Press release
Navistar Modec Press release
 
spa jessanddy
spa jessanddyspa jessanddy
spa jessanddy
 
Nomorg019stps93
Nomorg019stps93Nomorg019stps93
Nomorg019stps93
 
Microsoft Developer Day UNED-CR
Microsoft Developer Day UNED-CRMicrosoft Developer Day UNED-CR
Microsoft Developer Day UNED-CR
 
Una cervesa, una alegria: elaboració d'una cervesa artesana
Una cervesa, una alegria: elaboració d'una cervesa artesanaUna cervesa, una alegria: elaboració d'una cervesa artesana
Una cervesa, una alegria: elaboració d'una cervesa artesana
 
nestle
nestle nestle
nestle
 
Disponibilidade de aula semanal tecnologos 01
Disponibilidade de aula semanal tecnologos 01Disponibilidade de aula semanal tecnologos 01
Disponibilidade de aula semanal tecnologos 01
 
Biblioteca escolar
Biblioteca escolarBiblioteca escolar
Biblioteca escolar
 
Ecodep presentazione
Ecodep presentazioneEcodep presentazione
Ecodep presentazione
 
Internet y Firewall MGA-NIC 2007
Internet y Firewall MGA-NIC 2007Internet y Firewall MGA-NIC 2007
Internet y Firewall MGA-NIC 2007
 
Elena Granados-El sistema autonómico de asistencia integral a las víctimas de...
Elena Granados-El sistema autonómico de asistencia integral a las víctimas de...Elena Granados-El sistema autonómico de asistencia integral a las víctimas de...
Elena Granados-El sistema autonómico de asistencia integral a las víctimas de...
 
Boletín Tierra nº 226
Boletín Tierra nº 226Boletín Tierra nº 226
Boletín Tierra nº 226
 
Volkswagen unvels new engines at 36th International Vienna Motor Symposium - ...
Volkswagen unvels new engines at 36th International Vienna Motor Symposium - ...Volkswagen unvels new engines at 36th International Vienna Motor Symposium - ...
Volkswagen unvels new engines at 36th International Vienna Motor Symposium - ...
 
Almacenadores Web
Almacenadores WebAlmacenadores Web
Almacenadores Web
 
Memoria fusai 2011
Memoria fusai 2011Memoria fusai 2011
Memoria fusai 2011
 
Salesforce Bilbao Elevate '15 - 1st developer workshop
Salesforce Bilbao Elevate '15 - 1st developer workshopSalesforce Bilbao Elevate '15 - 1st developer workshop
Salesforce Bilbao Elevate '15 - 1st developer workshop
 
Blogueros y marcas, el valor de la opinión
Blogueros y marcas, el valor de la opiniónBlogueros y marcas, el valor de la opinión
Blogueros y marcas, el valor de la opinión
 
Water analysis manual spanish-manual de analisis de agua
Water analysis manual spanish-manual de analisis de aguaWater analysis manual spanish-manual de analisis de agua
Water analysis manual spanish-manual de analisis de agua
 
Social Recruiting
Social RecruitingSocial Recruiting
Social Recruiting
 

Ähnlich wie Geometria molecular simples

Aula 09 Química Geral (Ligações Químicas)
Aula 09 Química Geral (Ligações Químicas)Aula 09 Química Geral (Ligações Químicas)
Aula 09 Química Geral (Ligações Químicas)Tiago da Silva
 
Aula 07 Química Geral
Aula 07 Química GeralAula 07 Química Geral
Aula 07 Química GeralTiago da Silva
 
Introducao e conteudo_ceramicos_v02
Introducao e conteudo_ceramicos_v02Introducao e conteudo_ceramicos_v02
Introducao e conteudo_ceramicos_v02Priscila Praxedes
 
Estrutura atômica v09.03.2015.ppt para o nono ano x
Estrutura atômica v09.03.2015.ppt para o nono ano xEstrutura atômica v09.03.2015.ppt para o nono ano x
Estrutura atômica v09.03.2015.ppt para o nono ano xThiagoAlmeida458596
 
Geometria molecular e TLV- slide IFBA.pdf
Geometria molecular e TLV- slide IFBA.pdfGeometria molecular e TLV- slide IFBA.pdf
Geometria molecular e TLV- slide IFBA.pdfThePowerfulGirl
 
Tópico 3 estrutura atomica parte 2
Tópico 3   estrutura atomica parte 2Tópico 3   estrutura atomica parte 2
Tópico 3 estrutura atomica parte 2estead2011
 
geometria molecular geometria molecula.pptx
geometria molecular geometria molecula.pptxgeometria molecular geometria molecula.pptx
geometria molecular geometria molecula.pptxRobbinStroschOne
 
Ligação covalente e geometria molecular
Ligação covalente e geometria molecularLigação covalente e geometria molecular
Ligação covalente e geometria molecularAntónio Gonçalves
 
Livro de q.i.teórica corrigido
Livro de q.i.teórica corrigidoLivro de q.i.teórica corrigido
Livro de q.i.teórica corrigidoCarlos Barbosa
 
Química Inorgânica
Química Inorgânica Química Inorgânica
Química Inorgânica Alex Junior
 
Naftal Naftal-Tema I-Palestra I-Estrutura Atomica-Tabela Periodica-Quimica Ge...
Naftal Naftal-Tema I-Palestra I-Estrutura Atomica-Tabela Periodica-Quimica Ge...Naftal Naftal-Tema I-Palestra I-Estrutura Atomica-Tabela Periodica-Quimica Ge...
Naftal Naftal-Tema I-Palestra I-Estrutura Atomica-Tabela Periodica-Quimica Ge...samuelsoaresvasco202
 
Aula 08 química geral
Aula 08 química geralAula 08 química geral
Aula 08 química geralTiago da Silva
 
Aula 2022 01 Fisica 1- Estrutura da Materia.pptx
Aula 2022 01 Fisica 1- Estrutura da Materia.pptxAula 2022 01 Fisica 1- Estrutura da Materia.pptx
Aula 2022 01 Fisica 1- Estrutura da Materia.pptxMatiasPugaSanches
 
teoria do campo cristalino
teoria do campo cristalinoteoria do campo cristalino
teoria do campo cristalinonathykl
 

Ähnlich wie Geometria molecular simples (20)

Aula 09 Química Geral (Ligações Químicas)
Aula 09 Química Geral (Ligações Químicas)Aula 09 Química Geral (Ligações Químicas)
Aula 09 Química Geral (Ligações Químicas)
 
Aula 07 Química Geral
Aula 07 Química GeralAula 07 Química Geral
Aula 07 Química Geral
 
Sandrogreco Carga Nuclear Efetiva
Sandrogreco Carga Nuclear EfetivaSandrogreco Carga Nuclear Efetiva
Sandrogreco Carga Nuclear Efetiva
 
Introducao e conteudo_ceramicos_v02
Introducao e conteudo_ceramicos_v02Introducao e conteudo_ceramicos_v02
Introducao e conteudo_ceramicos_v02
 
126
126126
126
 
2 Estrutura atômica v09.03.2015.pptx
2 Estrutura atômica v09.03.2015.pptx2 Estrutura atômica v09.03.2015.pptx
2 Estrutura atômica v09.03.2015.pptx
 
Estrutura atômica v09.03.2015.ppt para o nono ano x
Estrutura atômica v09.03.2015.ppt para o nono ano xEstrutura atômica v09.03.2015.ppt para o nono ano x
Estrutura atômica v09.03.2015.ppt para o nono ano x
 
Geometria molecular e TLV- slide IFBA.pdf
Geometria molecular e TLV- slide IFBA.pdfGeometria molecular e TLV- slide IFBA.pdf
Geometria molecular e TLV- slide IFBA.pdf
 
Tópico 3 estrutura atomica parte 2
Tópico 3   estrutura atomica parte 2Tópico 3   estrutura atomica parte 2
Tópico 3 estrutura atomica parte 2
 
geometria molecular geometria molecula.pptx
geometria molecular geometria molecula.pptxgeometria molecular geometria molecula.pptx
geometria molecular geometria molecula.pptx
 
Atomistica
Atomistica Atomistica
Atomistica
 
2012 cap01 estrutura e ligação
2012 cap01  estrutura e ligação2012 cap01  estrutura e ligação
2012 cap01 estrutura e ligação
 
Ligação covalente e geometria molecular
Ligação covalente e geometria molecularLigação covalente e geometria molecular
Ligação covalente e geometria molecular
 
Livro de q.i.teórica corrigido
Livro de q.i.teórica corrigidoLivro de q.i.teórica corrigido
Livro de q.i.teórica corrigido
 
Química Inorgânica
Química Inorgânica Química Inorgânica
Química Inorgânica
 
239
239239
239
 
Naftal Naftal-Tema I-Palestra I-Estrutura Atomica-Tabela Periodica-Quimica Ge...
Naftal Naftal-Tema I-Palestra I-Estrutura Atomica-Tabela Periodica-Quimica Ge...Naftal Naftal-Tema I-Palestra I-Estrutura Atomica-Tabela Periodica-Quimica Ge...
Naftal Naftal-Tema I-Palestra I-Estrutura Atomica-Tabela Periodica-Quimica Ge...
 
Aula 08 química geral
Aula 08 química geralAula 08 química geral
Aula 08 química geral
 
Aula 2022 01 Fisica 1- Estrutura da Materia.pptx
Aula 2022 01 Fisica 1- Estrutura da Materia.pptxAula 2022 01 Fisica 1- Estrutura da Materia.pptx
Aula 2022 01 Fisica 1- Estrutura da Materia.pptx
 
teoria do campo cristalino
teoria do campo cristalinoteoria do campo cristalino
teoria do campo cristalino
 

Geometria molecular simples

  • 1. Química e Ensino 25 Estrutura de Lewis e Geometria Molecular... ...mas não necessariamente por essa ordem! Mário Va l e n t e * , Helena M ore i r a Os alunos mostram frequentemente dificuldades na previ- prever a geometria molecular de uma molécula simples, são de geometrias moleculares, até para moléculas muito envolvendo elementos representativos – constituida por simples. Estas dificuldades estão, muitas vezes, ligadas um átomo central e vários átomos ou pares de electrões com a determinação prévia da correspondente estrutura não partilhados em seu redor – e que serve de ponto de de Lewis (ou da fórmula estrutural), que é usualmen- partida para a determinação posterior da correspondente te tida como ponto de partida essencial para a referida fórmula estrutural da molécula, que auxiliará na previsão previsão. Apresenta-se, neste artigo, um modo fácil de das ordens de ligação. Introdução riféricos pode-se, com vantagem, inver- este se encontra no Quadro de Classifi- ter o processo acima mencionado, de cação Periódica. A geometria molecular é um parâmetro forma a prever a geometria molecular e, de importância fundamental para a pre- (2) Define-se qual o átomo central, posteriormente, tomar o resultado como visão da polaridade de uma molécula. que é, usualmente, o menos electrone- ponto de partida para a determinção Esta, por sua vez, permite inferir sobre o gativo (à excepção do hidrogénio que, tipo e intensidade das interacções inter- da correspondente fórmula estrutural, em circunstâncias normais, não pode moleculares que se podem estabelecer eliminando algumas das dificuldades ser o átomo central). Podem surgir di- entre moléculas no composto puro, ou apresentadas pelos alunos. ficuldades quando todos os átomos são com átomos, ou moléculas de outras iguais (por exemplo, no ozono, O3), e substâncias. Contudo, a previsão da Previsão de geometrias então qualquer um deles poderá ser geometria molecular, até de moléculas moleculares considerado o central e os outros serão simples, representa frequentemente um periféricos, ou em algumas excepções problema que muitos alunos do ensino A geometria de uma molécula pode ser (por exemplo, no óxido de dicloro, Cl2O) secundário e, por vezes do superior, não determinada, de acordo com o método para as quais o átomo (ligeiramente) conseguem superar [1, 2, 3]. Estas difi- proposto, da seguinte forma: mais electronegativo é o central. culdades estão usualmente relacionadas (1) Procede-se à contagem do número (3) Determina-se o número total de com a suposta necessidade de determi- total de electrões de valência presen- electrões dos átomos periféricos, con- nar, previamente, a estrutura de Lewis tes numa molécula, que corresponde ao siderando que têm a sua camada de va- (ou a fórmula estrutural) para as molé- número total dos electrões de valência lência completamente preenchida. Na culas. De facto, é frequente em livros dos átomos participantes, tendo, no en- prática, esta contagem resume-se sim- de texto de todos os níveis, assumir-se tanto, atenção à carga. Numa molécula plesmente a dois electrões para cada que a previsão da geometria molecular catiónica (por exemplo, no nitrónio, átomo de hidrogénio e oito electrões é posterior à determinação da estrutura NO2+), cada carga positiva corresponde para cada átomo de qualquer outro ele- de Lewis. Ora, não é necessariamente à saida de um electrão de valência, e mento. assim [4]... numa molécula aniónica (por exemplo, (4) Calcula-se o número de electrões Para o caso de moléculas pequenas no nitrito, NO2¯), cada carga negativa não partilhados pertencentes ao átomo (neutras ou iónicas), envolvendo ele- corresponde à entrada de um electrão central, que corresponde à diferença mentos representativos, constituídas por de valência na contagem. Este passo entre o número total de electrões de um átomo central e vários átomos pe- não é difícil de dominar pelos alunos, na valência presentes na molécula (deter- medida em que se relaciona com facili- minado no primeiro passo) e o número Colégio D. Duarte, Rua Visconde de Setúbal, 86, Porto, 4200-497, Portugal dade o número de electrões de valência total de electrões dos átomos periféricos, (*E-mail: madmage1@yahoo.com) de cada átomo com o grupo em que se considerando que têm a sua camada
  • 2. 26 de valência completamente preenchida Tabela 1 Geometrias adoptadas em função do número e tipo de domínios electrónicos que rodeiam o átomo central (# DEL: n.º de domínios electrónicos ligantes; # DENL: n.º de domínios electrónicos (determinado no terceiro passo). não ligantes; # TDE: n.º total de domínios electrónicos). (5) Por fim, usa-se o modelo de Repul- são dos Pares Electrónicos da Camada # DEL # DENL # TDE geometria de base geometria efectiva de Valência, de Gillespie [5,6,7] (ver Tabela 1 e Nota 1), tomando os pares 2 0 2 linear linear electrónicos não partilhados pertencen- 2 1 angular (~120º) tes ao átomo central como domínios 3 triangular plana electrónicos não ligantes e o número de 3 0 triangular plana ligações entre o átomo central e os áto- mos periféricos, independentemente da 2 2 angular (~109º) sua ordem de ligação, como domínios ligantes (e igual ao número de átomos 3 1 4 tetraédrica piramidal trigonal periféricos). 4 0 tetraédrica É apresentado, de seguida, um exemplo de aplicação para a espécie molecular 2 3 linear aniónica NO2¯. 3 2 em T distorcido (1) O número total de electrões de va- 5 bipiramidal trigonal lência é: 5 + 2 x 6 + 1 = 18, 4 1 bisfenóide (2) O átomo central é o de azoto, 5 0 bipiramidal trigonal (3) O número total de electrões dos áto- mos periféricos (correspondente a dois 2 4 linear átomos de oxigénio) é: 2 x 8 = 16 elec- 3 3 em T distorcido trões, (4) O número de electrões não partilha- 4 2 6 octaédrica quadrada plana dos pertencentes ao átomo central é: 18 – 16 = 2, isto é, um par electrónico não 5 1 piramidal quadrada ligante, ou um domínio não ligante, 6 0 octaédrica (5) Com dois átomos periféricos (dois domínios ligantes) e um par electrónico não ligante (domínio não ligante) a mo- átomo central como sendo constituídos anular-se, ou nessa impossibilidade, lécula apresenta uma geometria angular por pares electrónicos. minimizar-se a carga formal do átomo (Figura 1). central [8] (ver Nota 2) ou seja, quando Para obter a fórmula estrutural da molé- não for possível anular a carga formal do cula procede-se da seguinte forma: átomo central por este não poder supor- 1.º Associam-se equitativamente os tar mais de quatro pares electrónicos em electrões de valência ainda não distribu- seu redor (como é o caso dos elementos ídos, pelos átomos periféricos. carbono, azoto, oxigénio e flúor), deve- -se então reduzi-la ao mínimo permitido 2.º Determinam-se as cargas formais pela regra do octeto. de todos os átomos presentes na molé- cula, isto é, calcula-se a diferença entre Quando o modo de minimizar a carga Figura 1 Esquema da molécula NO2¯, com a o número de electrões que tornariam o formal do átomo central se pode con- representação dos três domínios electrónicos átomo neutro e o número de electrões seguir de várias formas equivalentes, a que lhe definem directamente a geometria. que ele possui na presente estrutura, molécula apresenta híbridos de resso- que corresponde à soma de metade do nância, isto é, várias estruturas contri- número de electrões envolvidos em do- buíntes, e para as ligações cuja ordem Determinação da fórmula mínios ligantes com o número de elec- pode variar teremos um carácter inter- estrutural trões presentes nos seus domínios não médio. ligantes. Partindo da geometria molecular, de- Tomando como exemplo a espécie terminada pelo método acima descrito, 3.º Deslocam-se pares electrónicos de NO2¯, cuja geometria molecular já foi consideram-se numa primeira fase domínios não ligantes dos átomos peri- acima determinada, passa-se à escrita todos os domínios ligantes rodeando o féricos para domínios ligantes, tentando da correspondente fórmula estrutural:
  • 3. 27 seando-se em cálculos teóricos que apontam para uma muito baixa contri- buição de orbitais d para a ligação em moléculas onde o átomo central estaria rodeado por mais do que oito electrões, e para a possibilidade de se verificarem ligações polielectrónicas, pluricêntricas [11]. Referências 1. J.P. Birk, M.J. Kurtz, Journal of Chemi- cal Education, 76 (1999) 124-128 2. C. Furio, M.L. Calatayud, Journal of Chemical Education, 73 (1996) 36-41 Figura 2 Passos seguidos para a escrita da fórmula estrutural correspondente à espécie NO2¯. 3. V.M.M. Lobo, Química (Boletim da So- ciedade Portuguesa de Química) 70 (1998) 13-17 (1) Distribuem-se os 18 - 6 = 12 electrões no cômputo geral, pode considerar-se 4. M. Valente e H. Moreira, Livro de Re- pelos dois átomos periféricos de oxigé- uma boa ferramenta inicial na previsão sumos do 4.º Encontro da Divisão de nio (Figura 2 a), de geometrias moléculares (e, poste- Educação e Ensino da Química (2005) (2) Determinam-se as cargas formais de riormente, das correspondentes fórmu- 79-80 todos os átomos (Figura 2 b), las estruturais) para a maioria das mo- 5. R.J. Gillespie, Journal of Chemical Edu- léculas simples, envolvendo elementos (3) Minimiza-se carga formal do átomo cation, 81 (2004) 298-304 representativos, o que auxilia na aquisi- central (Figura 2 c). ção e estabilização de conceitos impor- 6. R.J. Gillespie, E.A. Robinson, Angewan- Verifica-se, neste exemplo, a existência tantes como geometria molecular, mo- dte Chemie International Edition in En- de duas fórmulas estruturais equivalen- delo de repulsão dos pares electrónicos glish, 33 (1996) 495-514 tes (Figura 2 c) o que indica a existência da camada de valência, carga formal e 7. R.J. Gillespie, Chemical Society Re- de ressonância entre elas e, portanto, ressonância. views, 21 (1992), 59-69 nesta espécie (anião nitrito) verifica-se uma ligação azoto-oxigénio de ordem in- Notas 8. G.H. Purser, Journal of Chemical Edu- termédia entre a simples e a dupla. cation, 78 (2001) 981-983; J.Q. Pardo, 1. O modelo de Gillespie nas suas ver- Journal of Chemical Education, 66 sões mais recentes envolve a noção Conclusões (1989) 456-458; J.A. Carrol, Journal of de domínio electrónico, que consiste Chemical Education, 63 (1986) 28-31 Este método apresenta a vantagem de numa região do espaço onde há ele- ser simples e sequencial, o que permite vada probabilidade de encontrar um 9. G.L. Miessler e D.A. Tarr, Inorganic Che- a um aluno prever a geometria de uma ou mais pares de electrões. Também mistry, 3.ª edição, Pearson Prentice Hall molécula simples envolvendo elemen- no presente método se pode conside- (ed.), Nova Jérsia, 2004; D.F. Schriver, tos representativos e, posteriormente, a rar cada par de electrões não ligantes, P.W. Atkins e C.H. Langford, Inorganic respectiva fórmula estrutural. Saliente- bem como cada ligação (independen- Chemistry, 2.ª edição, Oxford University -se ainda que se torna possível estimar temente da sua ordem formal) entre o Press (ed.), Oxónia, 1998; R. Chang, ângulos de ligação a partir do número e átomo central e um átomo periférico, Química, 5.ª edição, McGraw Hill (ed.), Lisboa, 1994 tipo de domínios ligantes e não ligantes como um domínio electrónico. que rodeiam o átomo central. Ao longo 10. L. Suidan, J.K. Badenhoop, E.D. Glen- 2. A minimização das diferenças de do processo o aluno vê-se confrontado denring e F. Weinhold, Journal of Che- cargas formais entre os átomos nas es- com a noção de carga formal e com a mical Education, 72 (1995) 583-586 truturas de Lewis (e fórmulas estrutu- possibilidade de ocorrência de resso- rais) tem sido considerada, em muitos 11. O.W. Curnow, Journal of Chemical Edu- nância. artigos [8] e livros de texto [9], como cation, 75 (1998) 910-915 A desvantagem deste método centra- originando representações mais pró- -se na dificuldade da aplicação a mo- ximas da realidade da molécula. No léculas com várias possibilidades de entanto, também há quem privilegie a escolha para átomos centrais. Contudo, obediência à regra do octeto [10], ba-